Renascimento_e_Manuelino_-_síntese E 2 – O RENASCIMENTO (pág. 60 a 65)
O Renascimento no espaço e no tempo (pág. 60) O Renascimento (ou Humanismo) foi um movimento cultural europeu dos séc. XV-XVI que surgiu em Itália (Florença, Génova, Milão, Veneza, Roma) e se espalhou ao resto da Europa, sobretudo às cidades ricas da Flandres, à Inglaterra, à França, à Alemanha e à Espanha.
Fatores do aparecimento do Renascimento em Itália (pág. 60-61)
A rivalidade cultural entre os Estados italianos
O apoio à cultura (ciência, literatura, arquitetura, escultura, pintura...), ou mecenato, por nobres, alto clero1 e burgueses ricos2 (mecenas), facilitado pela prosperidade comercial de várias cidades italianas
A abundância em Itália de vestígios da Antiguidade greco-romana (obras de arte e livros)
A divisão da Itália em Estados
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ex.: papas Júlio II e Leão X ex.: Lourenço de Médicis
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Novos valores e atitudes do Renascimento (ou Humanismo3) (pág. 62 a 65)
classicismo – valorização e imitação do estilo e dos temas da arquitetura, escultura e literatura da Antiguidade Clássica ou greco-romana (da Grécia Antiga e do Império Romano); desta imitação vem o nome Renascimento
curiosidade científica (Anatomia, Astronomia, Geografia, Botânica, Matemática), com base na experiência (observação) e na razão (compreensão, inteligência, capacidade de compreender as relações entre as coisas)
espírito crítico (só se aceita como verdadeiro o que a observação comprovasse ou a razão entendesse 4)
individualismo – valorização e afirmação das realizações do indivíduo
O valor da razão
A difusão do Renascimento (a invenção da imprensa) (pág. 62-63) A invenção da imprensa5 pelo alemão Gutenberg, em meados do séc. XV possibilitou a reprodução de livros mais rapidamente, em maiores quantidades e por consequência a preços mais baixos do que os manuscritos.
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Os humanistas eram os intelectuais dos séc. XV-XVI, admiradores da cultura clássica e adeptos dos valores do Humanismo (ou Renascimento) 4 O polaco Nicolau Copérnico demonstrou a teoria heliocêntrica, segundo a qual a Terra e todos os outros planetas giram à volta do Sol (movimento de translação) e em torno do seu próprio eixo (movimento de rotação), contrariando a teoria geocêntrica do geógrafo e astrónomo grego Ptolomeu (séc. II), segundo a qual a Terra se encontrava no centro do mundo; Erasmo de Roterdão critica a sociedade do seu tempo na sua obra “O elogio da loucura”. 5 A reprodução dos textos era feita pela pressão de caracteres metálicos móveis (tipos) cobertos de tinta, sobre papel
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Renascimento_e_Manuelino_-_síntese Características da arquitectura6renascentista (renascença)
elementos de construção clássicos (de Roma imperial e da Grécia clássica)
arcos de volta perfeita
cúpulas
abóbadas de berço (forma semicilíndrica)
frontões triangulares
ordens arquitectónicas7 gregas (dórica, jónica e coríntia) e romanas
horizontalidade definida pelas longas linhas horizontais das cornijas e balaustradas (mais longas do que as linhas verticais)
harmonia geométrica – os elementos de construção têm formas geométricas regulares (rectângulos, quadrados, triângulos, arcos de circunferência...)
harmonia rítmica – os elementos de construção sucedem-se com regularidade (ex.: alternância entre frontões triangulares e curvos sobre as janelas, sucessão de formas semelhantes com espaços iguais)
harmonia simétrica - dividindo a planta da construção por um eixo central, as formas de cada um dos lados são iguais e equidistantes relativamente a esse eixo
Basílica de S. Pedro, em Roma (séc. XV-XVII)
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A arquitectura renascentista desenvolveu-se em Portugal apenas no séc. XVI devido à persistência do estilo gótico Ordem arquitectónica – elemento básico da arquitectura clássica e renascentista compreendendo a coluna e o entablamento (arquitrave, friso e cornija) que assenta sobre a coluna 7
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Antonio da Sangallo e Miguel Ângelo, Palácio Farnese, Roma, 1515-89 (harmonia rítmica, geométrica e simétrica, horizontalidade e elementos de construção clássicos)
Características da escultura renascentista
realismo ou naturalismo (representação da realidade tal como a vemos)
composição em pirâmide (harmonia)
temas de estátuas: figuras religiosas, laicas8 (algumas a cavalo – equestres) e mitológicas
materiais: mármore e bronze9
Miguel Ângelo, Pietà , Basílica de S.Pedro, Vaticano, 1499, mármore (Virgem Maria com Jesus Cristo morto nos braços, 174 cm × 195 cm)
Donatello, David , 1440, bronze, Museu Nacional do Bargello, Florença (2º rei hebreu de Israel, que matou em combate o gigante guerreiro filisteu Golias, tendo o pé sobre a sua cabeça; representa a razão que triunfa sobre a força bruta)
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Laico – não pertencente ao clero ou à religião O bronze (liga metálica normalmente constituída de aproximadamente 85% de cobre, 10% de estanho e o restante de chumbo) é fundido e despejado dentro de um molde de barro ou gesso. 9
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Características inovadoras da pintura renascentista
pintura a óleo sobre tela
perspetiva (o pintor pinta como vê) – a ilusão da profundidade é dada de várias formas: diminuindo o tamanho das formas (e por consequência a sua definição), alterando as formas geométricas à medida que a distância a que se encontram do observador aumenta ou pintando os efeitos de luz e sombra
composição em pirâmide (equilíbrio, harmonia) realismo (representação da realidade tal como a vemos) Temas: mitologia greco-romana, figuras religiosas e laicas (muitos retratos)
Rafael, O casamento da Virgem, 1504, Pinacoteca (museu de pintura) de Brera, em Milão
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Renascimento_e_Manuelino_-_síntese E 2 - A ARQUITECTURA GÓTICA-MANUELINA (Portugal) (pág. 70) Situação no tempo: final do séc. XV e 1º quartel do séc. XVI (reinados de D. Manuel I e D. João III) Características:
estrutura gótica: abóbada sobre cruzamento de arcos de ogiva, na qual o peso da cobertura de pedra recai apenas sobre os pilares de suporte, permitindo a existência de muitas janelas cobertas de vitrais coloridos
decoração manuelina: elementos naturalistas (troncos, raízes, folhagens) e marítimos (bóias, redes, conchas, cordas) e símbolos portugueses (cruz da Ordem de Cristo10, escudo real e esfera armilar11), refletindo a expansão ultramarina
Principais monumentos: Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém e Casa do Capítulo (Janela manuelina) do Convento de Cristo (Tomar)
Mosteiro dos Jerónimos
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O cargo de mestre da Ordem de Cristo passara após 1417 a ser exercido por membros da Casa Real; o primeiro foi o infante D. Henrique que investiu os rendimentos da Ordem na exploração marítima. O emblema da ordem, a Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das caravelas 11 Esfera armilar - instrumento de astronomia aplicado em navegação que representa a esfera celeste com o observador no centro. O adjectivo armilar deriva do latim armilla (anel de ferro). Os anéis de ferro representam os pólos celestiais, o Equador celeste, meridianos celestes e a Eclíptica
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Mosteiro dos Jer贸nimos
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