Concurso de Redação 2017 Ensino Fundamental II
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Concurso de Redação 2017 Ensino Fundamental II
Professoras Elis Spyker e Evelin Augusto Coordenação Heloize Charret Direção Pedagógica Thelma Polon
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6°ano
Conto de Fadas / Fábula
Textos de Alice Guerchon Carolina Campos Leite Spiewak Luiza Angelina Viotti Chveid Felipe Ptak e Sofia Kauffman Sierra Rafael Najman e Tom Lopes
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Théo e Carlos ALICE GUERCHON ILUSTRADO POR ALICE GUERCHON
ERA UMA VEZ UMA ONÇA MACHO CHAMADA THÉO. Ele era muito preguiçoso, não queria estudar, arrumar um emprego, já tinha 35 anos e ainda não era formado (não por falta de oportunidades). Seu amigo, Carlos, um macaco, sempre dizia para ele: - Théo, você tem que ter determinação, para com essa preguiça! A onça nunca levava em consideração os conselhos de seu amigo e continuava a não ter nenhum pingo de determinação. Carlos tentava, de qualquer maneira, animá-lo. Um dia, o macaco bolou um plano e achou que com certeza funcionaria. Comprou para Théo um curso de culinária que era um dos melhores do
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Chile, adquiriu passagem aérea, hospedagem, tudo que era preciso para que ele tivesse uma viagem fantástica e pediu para que entregassem tudo por correio. Quando o carteiro tocou a campainha, Théo foi atender com preguiça, como sempre. A onça viu tudo a respeito do curso. Decidiu ir para o Chile, ficou três meses lá e, quando voltou, recebeu esta pergunta: - E aí,Théo? Como foram as aulas de culinária? - Aulas de culinária? Eu não fui à aula nenhuma! Fiquei no hotel assistindo televisão. - disse a onça. O macaco ficou muito chateado, e eles acabaram se afastando, após tantas decepções. Um tempo depois, Carlos decidiu escrever as seguinte carta: “Querido amigo, fiquei muito chateado com a sua atitude em relação ao curso. Comprei tudo com tanto carinho, esperando que você fosse gostar muito. Não teria me decepcionado se você não tivesse gostado, mas você nem foi para experimentar. Fique sabendo que mesmo depois disso tudo ainda te adoro. Siga os passos do nosso amigo elefante, tenha determinação. Estou com saudades. Temos que marcar de ir ao Starbucks.” O preguiçoso ficou tocado com a carta, mas também feliz por não ter perdido seu melhor amigo. Refletiu sobre suas atitudes e começou a estudar mais e ser menos preguiçoso, seguiu os passos do elefante. Podemos dizer que Théo mudou, mas sua parte preguiçosa não foi embora totalmente, ele ainda tinha bastante preguiça de atender a porta de casa quando alguém chegava.
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O elefante solidário CAROLINA CAMPOS LEITE SPIEWAK ILUSTRADO POR ANA RITA KAUFFMAN PINHEIRO MACHADO, CAROLINA CAMPOS LEITE SPIEWAK E GIOVANNA GUERCHON
TODA A VILA ESTAVA TRISTE NAQUELA MANHÃ. O coelho havia avisado que estava com leucemia, todos estavam fazendo testes de sangue para saber quem poderia doar. Porém, o sangue do coelho era raro e quase nenhum animal o tinha. O coelho ficava cada vez mais triste e doente, e a busca por um doador continuava. Numa certa manhã, a vila recebeu um visitante. Era um elefante que, naquela vila, significava boa sorte. O elefante percebeu que as pessoas lá estavam muito tristes então resolveu perguntar a uma coelha que estava por perto: - Olá! Por que estão todos tristes? Aqui sempre foi tão feliz, há alguma
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coisa que eu possa fazer ?
A coelha respondeu, com alguma esperança : - Sim, há sim!! Tem um coelho aqui na vila com leucemia. O senhor
pode fazer um exame de sangue para ver se o seu é compatível?
O elefante, muito solidário, se ofereceu para fazer o exame. A vila
toda agradeceu. Horas depois, o exame saiu e deu que era positivo. Todos se alegraram e pularam de alegria. Então, no dia seguinte o coelho operou e deu tudo certo. A partir daquele momento, o elefante, além de demonstrar boa sorte, demonstra amor ao próximo e solidariedade. Aquele ato marcou a vila .
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Gabriella e o gato LUIZA ANGELINA VIOTTI CHVEID ILUSTRADO POR GABRIELA ORENBUCH GOMES
SEMPRE QUE GABRIELLA BRIGA COM SUA MÃE, ela vai para o quarto e depois pede desculpa. Dessa vez, não foi assim. A menina ficou muito chateada quando sua mãe a interrompeu sem pedir desculpas e não a deixou terminar. Então, Gabriella resolveu fugir. Com dez anos, um salgadinho e uma garrafinha de água, ela se foi.
Assim que deu 22h, a corajosa Gabriella estava ficando cansada e,
quanto mais o tempo passava, mais o sono aumentava, até que ela dormiu. No dia seguinte, acordou com um lindo gato bem na sua frente, que logo falou: - Olá, Gabriella! Sou o Prince, a observei durante a noite e conclui que você não é independente o suficiente para morar sozinha.
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- Nossa! E você concluiu isso só me observando dormir? - Disse Gabriella, surpresa. - Não, também olhei sua bolsa. Com um salgadinho e água, você não sobrevive. Depois que os dois começaram a conversar e pegaram intimidade, o gato, por ser um animal muito independente, ensinou à Gabriella coisas básicas de morar sozinha. Como na noite anterior ela se sentiu muito desconfortável dormindo no chão, se mudou para a casa da piscina e, de vez em quando, roubava umas comidas de casa. O gato até pode ser um animal independente, mas, nessa situação , ele teve que tomar outro rumo. - Gabriella, você não pode morar sozinha para sempre, pelo menos não com 10 anos. Então, volte para casa e tenha uma boa conversa com sua mãe. Lembre-se de sempre conversar. Moral: Antes de tomar medidas drásticas, converse, e as coisas vão se resolver mais facilmente.
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Os três porquinhos FELIPE PTAK E SOFIA KAUFFMAN SIERRA ILUSTRADO POR SOFIA KAUFFMAN SIERRA
ERA UMA VEZ TRÊS PORQUINHOS chamados Gabriel, que era o mais velho, Daniel, que era o do meio, e Rafael, que era o mais novo. Certo dia, a mãe deles os expulsou de casa, pois faziam muito barulho, tocando bateria, guitarra e baixo. Eles nem deram bola, pois estavam grandinhos e teriam um apartamento só para eles. Durante alguns dias, eles procuraram, procuraram, mas não acharam nada, então resolveram que cada um ia construir sua própria moradia. Um construiu de cimento, outro construiu de tijolos, e o outro de vidro. Só tinha um problema: o vizinho deles, um lobo muito mal-educado, que gostava de dar festas até altas horas. Certo dia, o lobo estava dando uma festa com muito barulho, então os porquinhos resolveram bater à sua porta:
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- TOC TOC… - Quem é? - Seus vizinhos, os porquinhos. - Podem entrar. - Nós não queremos entrar, só queremos que você abaixe um pouco o som. - Tudo bem, vou aumentar o som. - NÃO!!!! Depois disso, voltaram pra casa, pois não havia solução. Infelizmente, a festa não acabou, e, mais tarde, Gabriel estava tentando assistir Netflix, quando, de repente, ouviu um barulho: era o vidro de sua casa se quebrando. Ele saiu correndo, pegou tudo que conseguiu (celular, chave de casa, sua pipoca, roupas limpas e um par de tênis) e foi para casa de seu irmão Daniel. Lá eles tentaram ver “A Bela e a Fera”, mas ouviram o mesmo barulho que Gabriel ouvira em sua casa. Os dois, então, correram para a casa do irmão mais novo, Rafael. Lá eles jantaram uma lasanha e, no meio do jantar, ouviram novamente o barulho, mas nada aconteceu, pois o cimento era muito forte. O pobre do lobo, que estava bêbado, acabou batendo de cara no cimento de tanto que queria invadir a casa. A partir daquele dia, o lobo não deu mais nenhuma festa, e os porquinhos viveram com tranquilidade para sempre.
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A bela adormecida RAFAEL NAJMAN E TOM LOPES ILUSTRADO POR RAFAEL NAJMAN
ERA UMA VEZ UMA FAMÍLIA ABENÇOADA E FELIZ que vivia perfeitamente em seu castelo. Até que, certo dia, a rainha, que estava grávida, andava pelo bosque quando começou a sentir uma dor muito forte. Então, pegou seu celular e ligou para seu marido: - Amor, não estou me sentindo muito bem, acho que o bebê vai nascer!!! - Não se preocupe, querida, nosso mordomo já está chegando aí para levá-la ao hospital. - disse o marido. Foi nesse dia que uma adorável menina, chamada Aurora, nasceu, espalhando alegria pelo reino inteiro. Porém, isso era bom demais para ser verdade… No dia seguinte, eles celebraram seu nascimento com uma grande festa, convidando seu príncipe prometido (Felipe) e todo o reino, menos uma pessoa que era conhecida como Malévola (a “Fada Má”), pelo seu jeito maléfico e cruel. Quando soube disso, ela resolveu se vingar… Chamou um Uber e partiu para o castelo. Enquanto isso, na festa, as três fadas boas presenteavam Aurora. A primeira, concedeu-lhe bondade, a segunda, beleza, e a terceira fada não conseguiu presenteá-la, pois Malévola entrou inesperadamente dentro do castelo após pagar o Uber. O rei logo perguntou enfurecido: - O que você está fazendo aqui?! Ninguém a chamou!!! - Calma! Por que não me convidaram? Eu só vim aqui para presentear a princesa também! - disse Malévola - O presente que eu vim trazer é uma maldição! Ha, Ha, Ha!!! É o seguinte: Quando ela completar 18 anos, receberá uma surpresa que já deixei encomendada pela internet, a maldição estará nela. Então, ela desapareceu, deixando o salão no mais puro silêncio… Até que o rei disse: - Me desculpem, acabou a festa, podem voltar para suas casas.
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Depois disso, as três fadas boas foram consolar o rei e a rainha: - Não se preocupem, ela não morrerá, vai apenas desmaiar - disse a terceira fada. O tempo passou, e Aurora completou 18 anos. Nesse dia, chegou a surpresa amaldiçoada, um lindo colar de diamantes. Ela colocou e foi para um restaurante comemorar seu aniversário. No caminho, o colar começou a apertar seu pescoço e, sem tempo para se defender, desmaiou. Por sorte de seu destino, ela caiu nos braços de Felipe, que passava por lá. O príncipe sentiu que era o amor de sua vida e, para acordá-la, deu-lhe um beijo. Ao despertar, Aurora sentiu o mesmo que Felipe. Os dois foram juntos ao castelo contar a novidade aos pais da princesa. Eles ficaram tão felizes em ver Aurora bem, que logo marcaram uma festa com o melhor DJ do reino.
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7°ano
Poema
Textos de Alice Spielmann Grosman Leticia Gorberg Valdetaro Manuela Malafaia Estevez Mel Spatz Mirela Balassiano Vitória Macedo Durão Nisenbaum Sofia Rabello Zohar
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O animal perfeito ALICE SPIELMANN GROSMAN ILUSTRADO POR ALICE SPIELMANN GROSMAN E HANNAH FRAJMAN
Eu adoro animais. Eu adoro cachorros, adoro gatos também, são espertos, engraçados e zen. Tem um que mais me impressiona, que acho o perfeito animal, não é pônei nem jumento é o cavalo e ponto final. Quando ele anda e galopa, parece um arco-íris, rápido por cima das nuvens, é um lindo animal. O cavalo começa a correr, meu coração começa a acelerar, o vento começa bater, um momento depois me sinto livre. Parece que estou sonhando, cavalgando muito rápido por cima das nuvens junto ao arco-íris, com um perfeito animal!
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La La Land - escrevendo estações LETICIA GORBERG VALDETARO ILUSTRADO POR LETICIA GORBERG VALDETARO
Mais um dia de Sol
O final
Sabia o que queria
Até que foi feliz
Me joguei na multidão
O pianista e a atriz
O mundo em uma tela
Se encontraram então
Era perfeito pra mim
Depois de um tempão
Sei que era pra ser assim
E a saudade pediu bis
Foi pra isso que eu vim Um cara chega então Se achando o maioral Mas é mais um na multidão “Te amo” ou “Te odeio” Tanto faz, não sinto nada Que bela noite desperdiçada Coisa mais gozada Tempo passou E eu gostei Naquele cara Eu gamei A cidade das estrelas Brilhava só pra nós Mas pelo visto Não rolou O casal Se separou E isso é aos que sonham E não têm mais voz
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O caminho da felicidade MANUELA MALAFAIA ESTEVEZ ILUSTRADO POR NINA E CAROLINA GORBERG
Certo dia, a felicidade dizia: “Quando a dificuldade bate na porta é para arruinar minha moradia”. A dificuldade não para, põe pedras sem fim. A felicidade dispara, tentando chegar ao fim. Ela para, respira e fala: “Você outra vez no caminho?”. E a dificuldade fala: “Eu existo para que vença, para formar seu caminho, e não para atrapalhá-lo”. A estrada pode ficar complicada, mas não significa que é o fim, pois ele não é assim.
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Vó MEL SPATZ ILUSTRADO POR MEL SPATZ E HANNAH FRAJMAN
É difícil te esquecer, não consigo entender, eu não era muito próxima de você. Mas há algo dentro de mim que não consigo dizer. Após sua cirurgia cuidei de ti, fiquei mais próxima, cresci. Você vinha me buscar para almoçar, a saudade vai me matar. Chorei noites após noites por ti, que de algum lugar há de ouvir, rezo para que esteja em paz e que suas piadas nunca acabem, porque eu te amo e nada vai mudar isso.
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Voar MIRELA BALASSIANO ILUSTRADO POR CLARICE NUNES FIGUEIREDO DOS SANTOS E LUNA ARKADER CASSARO
Todos sabem andar, mas eu quero voar. Alcançar as estrelas e o sol, que parece um farol. Será que tudo que eu penso é realidade? Ou é minha imaginação tomando conta da minha idade? Posso descobrir como é voar? Me deixe, deixe tentar. Mesmo se eu não voar literalmente, voarei em minha mente…
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Bela Ela SOFIA RABELLO ZOHAR ILUSTRADO POR DANIEL MOISE YADID E SOFIA RABELLO ZOHAR
Uma flor nasce bela, bela como o sol, brilha tanto com sua cor que reflete meu amor. Faz a paz do canteiro onde a vida ganhou. Traz a harmonia para o viver que agora comeรงou. Ontem era assim, uma simples semente, diferente de hoje que jรก cresce como a gente. Agora com mais poder de aumentar o amor que criou, nasce, refloresce, cresce e dรก vida a uma nova flor.
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Cheiro de Jardim VITÓRIA MACEDO DURÃO NISENBAUM ILUSTRADO POR VITÓRIA MACEDO DURÃO NISENBAUM
Acordar de manhã com a janela aberta, com afã de comer ovo frito da panela. Me sento do lado de fora, bem isento fico lá por uma hora. É como vento de chuva que traz cheiro de jardim, eu me sinto inspirada do início até o fim.
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Conto
Textos de Bruna Amorim Carolina Pines Daniel Saboya Guili Svartman Julia Brafman Luísa Nigri
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Não mexa comigo. Nem com o meu celular. BRUNA AMORIM ILUSTRADO POR BRUNA AMORIM
JÁ ESTAVA INDO LONGE DEMAIS. Eu, Aisha, a garota mais popular da escola, e meu namorado me troca pra ficar estudando com a nerd ridícula da vizinha dele? Absurdo. Fui reclamar disso no Twitter e minhas amigas responderam: – Ai, ele deve estar precisando de ponto nas matérias, amiga! A garota é nerd, e você é muito mais bonita do que ela! - Disse a Poliana, tentando me confortar. – Relaxa, ela deve ser lésbica, usando o cabelo daquele jeito… Eu tenho uma ideia: posta uma foto bem zoada dela, que ele nunca vai querer olhar na cara dela! - Sugeriu a Isis. Não era a toa que ela era a minha melhor ami-
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ga, me deu uma ótima ideia: eu faria pior. Postaria uma foto muito mais do que zoada. A garota aprenderia a nunca mais mexer com o meu namorado, ou melhor, nunca mexer comigo. Eu tenho um celular e não tenho medo de usar.
Peguei uma foto aleatória do instagram da nerd (muito feia por si-
nal) e fiz uma montagem com a cara dela no corpo de uma mulher pelada. Fiquei bem orgulhosa de mim: estava muito real. Não perdi tempo. Mandei a foto para todos os meus contatos do Whatsapp (que não eram poucos) e ainda postei no Instagram. Consegui o que queria: a garota estava sendo xingada de todos os palavrões do mundo. “Assim ela aprende a lição”, pensei. Outro dia na escola, vi uns garotos rindo dela. No dia seguinte, ela estava chorando. Na semana seguinte, ela já não estava mais conosco: pediu para ser transferida de escola. Estava saindo da aula até que vi meu namorado se aproximando para falar comigo. Fui mais rápida: – Já até sei o que você veio falar. Não estava dando, você passava mais tempo com ela do que comigo! Como você faz uma coisa dessas na semana do meu aniversário? – O único motivo pelo qual eu passava tempo com ela era porque os pais dela são donos de uma loja de decoração de aniversário. Ela estava me ajudando a organizar a sua festa surpresa, que, pelo visto, não vai acontecer mais.
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A vida por fora das telas CAROLINA PINES ILUSTRADO POR TATIANA PINES
EU SEMPRE FUI VICIADA EM MEU CELULAR, não o largava de jeito nenhum. Ia para escola com ele, comia vendo vídeos no YouTube e passava o resto do dia utilizando todas as funções que um celular desta nova era nos proporciona: postava fotos no Instagram, retweetava posts no Twitter, via vídeos dos meus YouTubers favoritos e conversava com meus amigos pelo WhatsApp, como uma “aborrescente” normal de treze anos. Certo dia, o satélite que fazia todos os instrumentos digitais funcionarem se desconectou da Terra, e todos notebooks, tablets e outros meios de comunicação online ficaram 48 horas sem funcionar mundialmente. O
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mundo entrou em colapso (ok, exagerei). No entanto, a grande pergunta era: o que eu faria por 48 horas se não tinha meu celular? Então, para passar o tempo, eu comprei um livro antiestresse de colorir mandalas e fiquei a tarde toda colorindo e rezando para o pesadelo acabar. Quando eu estava acabando a última mandala do meu livro, comecei a ouvir uma barulhada na rua e desci para ver o que estava acontecendo. Para minha surpresa, havia crianças brincando, adultos dançando… Todos estavam se divertindo, se comunicando de verdade, sem uma tela de celular no meio. O que fazer primeiro? Conversar com meus vizinhos, jogar jogos com algumas crianças ou dançar? Foi uma “difícil” decisão, mas resolvi jogar jogos primeiro, depois jogar e, em seguida, dançar… Quando voltei para casa, já eram 4 da manhã, e nem tinha visto o tempo passar! Foi muito divertido! Nunca pensei que conheceria tanta gente em apenas um dia… Quem diria que eu passaria tanto tempo sem meu celular e sem, ao menos, sentir sua falta? Essas 48 horas mudaram minha visão de mundo! A internet é sim muito importante e facilita muito nossas vidas, mas virou um vício, e nada em demasia faz bem! A vida por fora das telas é muito boa também, não?
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Que mundo é esse? DANIEL SABOYA ILUSTRADO POR MANUELA MANDEBLATT
UM SILÊNCIO CALMO. Uma praia quase deserta com o sol quente e as ondas do mar, formando uma calma trilha sonora e refrescando o corpo e a alma. Esse pode ser o cenário perfeito para as férias de muitos, a tão renomada praia do Havaí. É realmente um paraíso, porém sem o requisito básico de Pedro para ficar em qualquer lugar por mais de algumas horas: wi-fi. Ele era um garoto muito conectado às redes sociais e já estava planejando as fotos que publicaria. Assim que chegou no hotel, viu um chafariz que ia render-lhe muitas curtidas. Já preparou o pau-de-selfie, sorriu e fez uma pose. A foto ficou ótima, era só compartilhar, mas estava sem wi-fi, então deveria usar seu 3g.
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Porém, havia um problema. Esse havia esgotado, e ainda faltavam semanas para renovação. Assim que detectou o erro, veio à sua cabeça tudo que não poderia fazer. Conversa com os amigos e a namorada, acompanhar as partidas do clube que torcia etc. Pedro sentiu tudo isso quase que como um nocaute, então ele iniciou a contagem regressiva para voltar para casa. Nessa noite, não conseguiu dormir direito. No dia seguinte, estava muito cansado, mas a família estava animadíssima para ir à praia. O jovem foi arrastado e ficou o dia todo emburrado. A família percebeu, depois de um tempo, o desconforto de garoto, que disse que era apenas uma dor de cabeça. Isso era parcialmente verdade, mas estava com vergonha do motivo. Foi consultar um médico no dia seguinte, ansioso para o resultado. O diagnóstico apresentou que o cérebro estava funcionando um pouco fora do padrão, pela falta de algo em que ele era “viciado”. Moral da história: de tanto se apegar ao mundo virtual, esqueceu de, simplesmente, viver. Como teve que desconectar, ficou meio perdido com esse choque de realidades entre o mundo de dentro do telefone e o de fora dele.
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Uma noite de natal GUILI SVARTMAN ILUSTRADO POR GUILI SVARTMAN
ERA UMA NOITE NATALINA, a família estava reunida em um jantar na casa dos mais experientes entre os parentes. Primeiro chegaram Renata, Mário e seus filhos de três e cinco anos, Jorge e Matheus, respectivamente. Depois, quem apareceu na porta da casa dos avós foi Luan, um jovem de quatorze anos, com eu novo telefone na mão. Para completar a família, Carolina e Guili, pais de Luan, que vieram depois, em outro elevador. Um grande banquete acontecia ali, mas Carolina estava olhando apenas para o velho piano que se localizava entre dois grandes armários de madeira. Não resistiu, foi até o piano e colocou em prática tudo que aprendeu em suas aulas. Foi uma coisa linda, todos da família cantando e dançando juntos. Menos Luan. O garoto não saía do telefone, nem um segundo sequer.
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Os pais ficaram furiosos. Sabiam que o celular era seu único companheiro; ele era um menino muito rico, os dois eram presidentes de uma empresa e não paravam em casa, mas em uma noite de natal?! Aí não. Então veio o castigo. As famosas 24 horas sem celular. O menino estava aos prantos, berrava, esperneava, e todos pararam para encarar. O garoto parou quando os outros começaram a rir dele. Aos poucos, ele foi se acostumando e se divertindo com a família. Foi uma experiência que ele nunca tinha vivenciado. Os tios o divertiram muito, era amigo oculto para cá, um inimigo oculto para lá, e, claro, os presentes à parte. Ele adorou a noite, para falar a verdade, ele a amou. Passaram-se 24 horas desde o castigo, e aí veio a surpresa: o garoto disse que não queria mais o celular. Aquele que não saía do aparelho, agora não o queria mais. Luan descobriu o melhor da vida, que era brincar e correr por aí e descobriu também o esporte da sua vida, o tênis.
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Resultado do aprendizado de uma nova língua LUÍSA NIGRI ILUSTRADO POR FLORA VAISMAN PIMENTA
CHAMO-ME ANA JULIA E TENHO 25 ANOS. Minha mãe sempre quis que eu fosse morar uns anos com o meu tio, em Miami, nos Estados Unidos. Quase todos os dias, ela vinha com o seguinte discurso: “Ana Julia, vai ser melhor para você, vai ser uma experiência nova, uma chance de aprender um inglês fluente.” No entanto, nunca quis ir pelos seguintes motivos: 1- Não sabia nada de inglês; 2- Não tinha muito contato com o meu tio; 3- Sou muito envergonhada, seria difícil arranjar novos amigos. Apesar disso, a escolha estava nas minha mãos, minha mãe sempre afirmava isso. Depois de cinco meses escutando o pedido da minha mãe, resolvi ir. Pensei que teria mais chances de conseguir um emprego com um salário bom, quando mais velha, por conta do inglês. Seriam só três meses para eu aprender tudo da língua. Após esse tempo, eu retornaria. Os três meses passaram voando, e eu amei. Lá a vida era muito boa, e, em pouco tempo, eu já sabia falar quase tudo, tinha amigos, e a violência era mínima. Aproximei-me do meu tio e me apeguei àquele lugar. Eu não queria voltar, queria mais tempo. Três anos talvez. Falei com a minha mãe, e ela concordou. Seria melhor para mim. Voltei para a minha casa no Brasil para pegar as coisas que eu tinha deixado e depois retornei a Miami. Fiquei por lá dos quinze aos dezoito anos. Agora que sou mais velha, tenho vinte e cinco anos, consegui oportunidades melhores. Trabalho em uma empresa e tenho um salário bom. Daqui a um tempo, meu cargo poderá melhorar. Ainda bem que eu passei um tempo por lá, pois foi graças ao meu inglês que eu estou onde estou.
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Sonho ou realidade JULIA BRAFMAN ILUSTRADO POR NICOLE KESSOUS
MEU PAI ME CONTOU UMA HISTÓRIA que é sobre o meu bisavô, Arnaldo, um homem incrível e admirável, de grande bravura. Desde o Ensino Fundamental 2, quando começamos a entender as coisas, meu bisavô simplesmente se apaixonou por história, achava surpreendente como uma matéria podia contar a vida de pessoas antes de nós. Desde aquele momento, já sabia que era o que ele gostaria de fazer quando crescesse. Os anos se passaram, e ele se interessava cada vez mais e mais, até que, no último ano, foi discutir com seu pai o que seria quando acabasse a escola. Ele disse: - Eu amo história, e é isso que vou querer fazer para o resto da minha vida! Porém, nossa família era muito rica, e seu pai não aceitava que ele iria ser professor, um emprego que não é muito valorizado. Ele queria que seu filho fosse empresário, assim como ele, e trabalhasse na empresa da família. Eles ficaram discutindo por horas. Arnaldo defendia seu ponto de vista, dizendo que devemos fazer o que amamos, e seu pai dizia que o mais importante é o dinheiro. Isso se estendeu, até que meu tataravô disse: Se você seguir com essa carreira, não terá a minha ajuda. Não me peça um centavo! Para meu bisavô, óbvio que a decisão foi difícil, queria realizar seu sonho, mas também queria que seu pai o apoiasse. Ele se formou como professor de história e saiu de casa. Um ano depois, achou um emprego fixo em uma escola. Depois começou a trabalhar em outras escolas também e, por trabalhar em várias, ganhava o dinheiro necessário. Um tempo depois, ganhou um emprego em uma escola pública, porque queria ajudar crianças que não
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tinham condiçþes de estudar em uma escola melhor. Nunca se casou, porque dizia que seu amor era seu trabalho, e seus alunos o agradecem atÊ hoje por ter mudado as suas vidas e por ter ensinado de um jeito que nenhum professor tinha feito antes. Ele reafirma sempre que nunca se arrependeu da escolha que fez quando era adolescente.
Composto na fonte Benton Sans Impresso no Rio de Janeiro em Novembro de 2017 pela Escola Eliezer Steinbarg Max Nordau Capa: The Krank Copyright dos autores. Todos os direitos reservados.
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Escola Eliezer Steinbarg Max Nordau www.eliezermax.com.br
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