PERCURSO INFANTIL CIDADE TIRADENTES
TFG I - Elizabete Menezes Fideles - Prof. Dr. Eduardo Pizarro - FAUUSJT - 2021
PERCURSO INFANTIL CIDADE TIRADENTES
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ELIZABETE MENEZES FIDELES
Percurso infantil Cidade Tiradentes.
Trabalho Final de Graduação I apresentado à Universidade São Judas Tadeu - USJT como requisito parcial para obtenção do título de graduação em Arquitetura e Urbanismo.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Pizarro.
São Paulo 2021
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As criancas que me motivaram a tornar o meio urbano um lugar de constante aprendizado, nutrido de curiosidade e coragem, em especial as pequenas: Mariana e Cielo.
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AGRADECIMENTOS A minha mãe, mulher guerreira que me motiva a seguir este caminho com persistência, por todo apoio e amorosidade que transmite. Aos familiares que mesmo de longe me incentivaram a estudar, em especial meus tios Everaldo e Itamara por me encorajar. A minha segunda família, Mamani Herrera que me acolheu durante parte dos meus estudos, em especial ao Gustavo Herrera por todo amor e suporte. Ao meu orientador, Eduardo Pizarro, por embarcar comigo neste trabalho trazendo pontos de discussão relevantes com muita gentileza, entusiasmo e sabedoria, por seus direcionamentos fundamentais para a conclusão deste trabalho, me sinto grata por ter tido a chance de tê-lo como orientador. A todos os professores que passaram por minha graduação e me fizeram enxergar o mundo de forma insigne, em especial à Alejandra Devecchi, Rogério Akamine e Luís Pompeo, ambos com discursos e aulas que me inspiraram a seguir este caminho. Aos amigos, por toda compreensão e apoio, em especial Diego Moretto, Fernando Romano, Tainá Grade e Ana Carolina Neves. Aos amigos de formação, por todas conversas e conselhos, em especial Pietra Kurgan, Barbara Santis e Clara Holtz. Por fim, a todos que contribuíram de alguma forma durante o período de graduação, o meu muito obrigado! 5
RESUMO O presente trabalho introduz o tema dos percursos infantis e espaços lúdicos que objetivam proporcionar segurança ao caminhar e ao brincar infantil, inserido no bairro Santa Etelvina no distrito Cidade Tiradentes - Zona Leste de São Paulo. Visando uma melhor compreensão do tema, serão apresentadas leituras, análises e diretrizes que justifiquem o estudo preliminar. A proposta visa conferir segurança na mobilidade e integração com os espaços públicos inseridos no meio urbano, com o objetivo de potencializar a participação das crianças na cidade.
PALAVRAS- CHAVE Mobilidade infantil - Percurso infantil - Espaços lúdicos - Brincar - Trajeto casa-escola - Urbanismo - Caminhar.
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MOTIVAÇÕES A motivação para fazer o trabalho surgiu através do contato com crianças, que indiferentes a minha influência tem o desejo de se aventurar pela cidade, mais especificamente a criança curiosa que questiona a todo momento tudo o que acha pertinente saber, querer entender como o mundo funciona. Justamente por serem indivíduos dotados de curiosidade que são frequentemente silenciados, mesmo em ambientes feitos especialmente para crianças. A liberdade se opõe a essa repressão, liberdade de se expressar, de se relacionar com o meio e com os demais. Desta forma, acho pertinente questionar: Como criar territórios onde crianças possam ter mais liberdade expressiva? Como fazer da cidade um local mais amigável para as crianças? Se elas conseguem se expressar também podem desenvolver maior senso de autonomia. Autonomia é uma palavra que segundo a descrição de Kant significa a “capacidade da vontade humana de se auto determinar”, ou seja, vontade de seguir seus próprios princípios, a fim de propiciar o pensamento crítico. Sendo assim, o ambiente tem poder de construir a identidade, ele gera no indivíduo o desejo de ver a cidade como uma extensão de si. Motivação que fundamenta o presente trabalho: Despertar na criança a identificação e o senso de pertencimento do local. O senso de pertencer encoraja a participação ativa dela na concepção da cidade. 7
INTRODUCAO
01
1.1 Contexto e problemática
11
1.2 Objeto
12
1.3 Objetivos
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1.4 Método
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INTERACAO COM O MEIO URBANO 2.1 A cidade e a criança 2.1.1 Mobilidade
15 16
2.2 A criança e os espaços públicos
18
2.2.1 Caminho escolar de Paraisópolis
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2.2.2 Área 40 São Miguel Paulista
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02
O LUGAR 3.1 Justificativa de escolha do projeto
03 8
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3.1.1 Inserção
28
3.1.2 Acidentes + escola
29
3.1.3 Densidade demográfica
29
3.2 O lugar
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3.2.1 Mapas históricos
31
3.2.2 Localização
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3.2.3 Recorte da área de intervenção
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3.2.4 Cheios e vazios + gabarito
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3.2.5 Declividade+ condicionantes físicos 35 3.2.6 Zoneamento
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3.2.7 Uso do solo + setores
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3.2.8 Transporte público + equipamentos 39 3.2.9 Hierarquia viária + conflitos
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PROPOSTA DE INTERVENCAO 4.1 Diretrizes e estratégias 4.1.1 Áreas passíveis de transformação
41 43
4.2 Áreas de intervenção
44
4.3 Conceito
46
4.4 Proposta
47
4.4.1 Audição
48
4.4.2 Tato
50
4.4.3 Vias compartilhadas
52
4.4.4 Olfato
54
4.4.5 Visão
56
4.4.6 Paladar
58
4.4.7 Cruzamentos
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CONSIDERACOES FINAIS REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
04
05 06 9
1. INTRODUCAO
1. Introdução 1.1 CONTEXTO E PROBLEMÁTICA
Com o crescimento das cidades pósrevolução industrial, o planejamento urbano se fez mais presente, logo surgiram os automóveis ocupando grande parte da cidade, as vias por sua vez foram roubando o lugar dos pedestres uma vez que se tornaram mais largas e compridas. À medida que o bairro se desenvolve acabase gerando nas crianças uma desconexão com os espaços públicos da cidade, a chegada dos condomínios também não permite que as crianças circulem pela cidade, ou seja, favorecem a reclusão. A prática recorrente desse processo de distanciamento parece ter resultados que levam ao seguinte questionamento: Qual o senso de pertencimento de cidade que essas crianças terão? Aldo Van Eyck (1946), dizia que a cidade sem o movimento da criança é um “paradoxo maligno” o qual a criança deixa de descobrir o seu verdadeiro potencial, sem vivenciar parte da cidade ela apenas “sobrevive como um quantum improdutivo” ou seja, não é capaz de desenvolver plenamente sua capacidade. A abordagem de Van Eyck nasce a partir do pós guerra, pois ele acredita que o meio é capaz de transformar as crianças, atualmente a Cidade Tiradentes é um local que retrata a reclusão.
Submeter as crianças a permanecerem dentro de casa gera consequências no desempenho delas fora de casa. Os jovens da Cidade Tiradentes possuem apenas ensino fundamental completo ou médio incompleto, de acordo com o Mapa da juventude da cidade de São Paulo a taxa de 36,5% é a maior do Município (UNICAMP apud. IBGE, 2014. p.138). Segundo FARIA (2016. p.104) “a crise da educação no ensino escolar vem perdendo seu monopólio pois o conjunto de práticas educativas sofre o impacto da massificação crescente das cidades, com isso a escola pública já não consegue dar conta da educação de crianças, adolescentes e jovens sozinha.” Sendo assim, a escola não é capaz de lidar sozinha com a educação, ainda mais fomentada pelo processo de reclusão. Quando autonomia e liberdade forem elementos que estruturam o comportamento das crianças, elas poderão se tornar mais criativas e proativas em todas as áreas da vida, incluindo a conduta dentro nas escolas e a participação ativa na configuração da cidade.
11
1.2 OBJETO
1.3 OBJETIVOS
A proposta de intervenção pauta questões urbanas como a mobilidade e o uso dos espaços livres da cidade, fatores que contribuem para a autonomia da criança.
Se objetiva a proposta de percurso infantil associado a espaços lúdicos, a fim de desenvolver diretrizes e parâmetros que venham a ser boas práticas que potencializam a participação das crianças na cidade. Em vista dos argumentos apresentados, alguns dos objetivos específicos são:
A questão da cidade para as crianças é um tema recente do urbanismo e traz alguns questionamentos sobre o papel e a influência das crianças na cidade. O incentivo a independência também é dever da cidade, estimular o caminhar pode acarretar em novas diretrizes que assegurem a independência das crianças. Como dito anteriormente, os territórios são capazes de ensinar, locais como parques e praças permitem o aprendizado independente, o saber colocado em prática. Os espaços livres da região são locais passíveis de transformação urbana, pois eles têm a capacidade de gerir novos territórios. A criação do território pedagógico gera uma cidade que incentiva as crianças a serem indivíduos ativos e que participam do contexto da cidade. Desta forma, o trabalho visa criar rotas com territórios lúdicos que direcionam as crianças às escolas através com segurança e ludicidade durante o percurso casa-escola.
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Promover e ampliar o conceito atribuído a “Cidade para pessoas (2013)” de Jan Gehl, tornando a cidade mais inclusiva para as crianças; Favorecer o desenvolvimento infantil mental e fisicamente, através de diretrizes e parâmetros urbanos que incentivem o deslocamento e aprendizagem das crianças na cidade; Incitar o senso de pertencimento à cidade, através de programas e cursos em parceria com escolas e participação popular; Gerar proposta de intervenção que propicie a sociabilidade e interação; Considerar o contexto pandêmico na relação das crianças com o meio urbano; Proporcionar experiências através dos espaços compartilhados com outras crianças.
1.4 MÉTODO
O método consiste em fazer análises teóricas e projetuais, apresentação de análise territorial multiescalar a partir do levantamento de bases cartográficas e dados, além de pesquisas de campo com intuito de compreender as problemáticas e dinâmicas do território escolhido. A elaboração de diretrizes e a proposta projetual consistem em analisar referências teóricas que direcionam e confiram valor ao trabalho desenvolvido. As propostas desenvolvidas no Trabalho Final de Graduação 1 estão em nível de estudo preliminar e serão apresentadas e desenvolvidas a fundo no Trabalho Final de Graduação 2. Básica
Aplicada
1. Finalidade Aplicada: Estudo do assunto para aplicação prática. 2. Objetivo Descritiva | Exploratória: Pesquisa bibliográfica; Coleta de dados sobre algum fato ou fenômeno (pesquisa de campo). 3. Abordagem Quali-quantitativa: Análise crítica a partir de bases teóricas; Verdade a partir de estatísticas. 4. Método Hipotético Dedutivo: Estabelecer hipóteses para solucionar o problema; Pesquisa por confirmação da hipótese.
Descritiva
Explicativa
Exploratória
Objetivo
Finalidade
METODOLOGIA Abordagem Qualiquantitavia
Qualitativa
Método Quantitativa
Inclusivo Dedutivo Dialético
[1] Diagrama elaborado pela autora. Fonte: Metodologia do Trabalho Científico
Hipotético Dedutivo
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2. INTERACAO O COM O MEIO URBANO
2.1 A CIDADE E A CRIANÇA
Os carros tem protagonismo na cidade desde 1960, de acordo com Gehl (2013. p. 5), a inclusão dos carros na cidade leva ao que ele denomina o “flerte com os engenheiros de tráfego”, ou seja, condicionamos a construção de mais e mais vias, o que ocasiona na mudança da escala da cidade. O planejamento urbano se faz mais presente, logo a cidade deixa de ser feita para as pessoas e passa a ser pensada em uma escala maior, com sinalizações e espaços grandes. (Gehl, 2013. p. 5) A “cidade a sessenta quilômetros por hora”, é o termo que o autor atribui a cidade que deixou de ser feita em uma escala humana, na altura do olhar do pedestre e passa a “ignorar” a presença do pedestre na cidade. Com os automóveis ocupando grande parte da cidade, as ruas foram roubando o lugar dos pedestres uma vez que se tornaram cada vez mais largas e compridas. O livro Cidade para pessoas (Jan Gehl, 2013) é uma ferramenta de estudo importante que abre espaço para reflexão do urbanismo, ao mesmo tempo que retoma o protagonismo do pedestre na cidade, fala-se mais sobre tornar a cidade um local feito para pessoas. Apesar da repercussão, pouco se discute sobre o lugar da criança na cidade, a pauta do caminhar e a criança como indivíduo na cidade é um tema atual.
De acordo com Goulart (2017. p. 58) as áreas urbanas da cidade tornam o contato com a infância mais privado, ou seja, as crianças passam a ter menos contato com os espaços públicos da cidade. O contato menor com os espaços públicos resulta em uma série de danos à saúde das crianças além de afetar o desenvolvimento pessoal, o “não viver” a cidade pode desencadear nas crianças um crescente sentimento de não pertencimento da cidade, logo, discutir sobre a cidade acaba não sendo visto como um dever comum delas. “Considerar a cidade é nos encontrarmos. Encontrar a cidade é redescobrir a criança. Se a criança redescobrir a cidade. A cidade vai redescobrir a criança - nós mesmos. “ Van Eyck, 1962/2008, p. 25 (tradução nossa)
Para a criança poder redescobrir a cidade é necessário compreender as dificuldades que ela encara enquanto ser que descobre e participa ativamente da cidade. Assim, é imprescindível pontuar dois questionamentos importantes que baseiam o projeto: os desafios que as crianças 1. Quais enfrentam ao caminhar nas ruas? A cidade é um lugar seguro 2. para as crianças? 15
2.1 A cidade e a criança 2.1.1 MOBILIDADE
Alguns temas estão diretamente relacionados com a questão da mobilidade infantil na cidade: a ocorrência de acidentes de trânsito, a questão da segurança nas ruas e a obesidade infantil são fatores indispensáveis que serão abordados brevemente a fim de compreender e embasar aspectos que rondam o tema dos percursos infantis. O primeiro questionamento a ser levantado é:
As ruas da cidade são perigosas para as crianças? De acordo com a Organização Mundial da Saúde os acidentes de trânsito são a oitava causa de morte no mundo, também é a principal causa de morte entre crianças e jovens de 5-19 anos de idade. No recorte do Brasil, o estado de São Paulo ocupa o primeiro lugar em número de mortes por acidentes de trânsito (2013-2018) de crianças de 1 a 14 anos. Os acidentes de trânsito também são a maior preocupação dos pais quanto a liberdade das crianças nas ruas.
16
De acordo com pesquisa de campo realizada pela autora com 54 pais e crianças (com faixa etária de 2 a 15 anos) na Cidade de São Paulo, cerca de 95,2% dos pais acham perigoso a criança sair sozinha na rua. As condições inseguras descritas pelos pais foram principalmente: perigos no trânsito, atropelamentos, violência de um modo geral e os desníveis nas calçadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde o aumento da motorização é um dos fatores responsáveis por acarretar outros problemas físicos nas crianças, em casos mais extremos pode levar à morte. “Condições inseguras tem influência em outros tipos de morte [...] o aumento da motorização também tem sido associada a doenças respiratórias “ Fonte: World Health Organization 2018. p.5 (tradução nossa)
Sendo assim, variadas condicionantes se relacionam à mobilidade infantil, a abordagem revela o meio urbano como dificultador da locomoção das crianças na cidade.
8ª
#1
1º
95,2%
CAUSA DE MORTE EM PESSOAS DE TODAS AS IDADES
A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE DE CRIANÇAS E JOVENS DE 5 A 19 ANOS
COLOCADO EM MORTES POR ACIDENTES DE TRÂNSITO
DOS RESPONSÁVEIS NÃO ACHAM AS RUAS UM LUGAR SEGURO PARA OS FILHOS
Fonte: World Health Organization
Fonte: World Health Organization
Fonte: Criança segura Org (IBGE)
Fonte: Pesquisa online elaborada pela autora.
“A violência no tráfego é talvez a explicação mais usada para explicar o afastamento de crianças de experiências ao ar livre e justificar seu confinamento no transporte para a escola dentro de veículos privados (transporte escolar privado e carros particulares). “ Quintáns, 2017. p. 58 (tradução nossa)
Em virtude do que foi mencionado, Irene Quintáns (2017) aponta como consequência do meio urbano violento, maior deslocamento em meios de transporte motorizados. Diante desta afirmação é essencial fomentar alguns questionamentos quanto à relação direta das crianças com o caminhar:
Ainda de acordo com o Atlas da Obesidade Infantil e dados do Ministério da Saúde (2019), três a cada dez crianças entre cinco e nove anos de idade estão acima do peso no país. Segundo artigo elaborado pela revista The Lancet Child & Adolescent Health em colaboração com a World Health Organization (2019), no Brasil 83,6% dos jovens possuem insuficiência física por inatividade, ou seja, não fazem atividades físicas recomendadas pela WHO de 60 minutos diários. Desta forma, é possível dizer que o sedentarismo tem relação direta com as atividades físicas que a criança exerce ou não. Ainda assim ela precisa se locomover dentro da cidade, levantando a seguinte questão:
As crianças da cidade estão se tornando mais sedentárias?
Qual a motivação por trás do deslocamento das crianças?
Segundo Machado (2011. p. 26) a obesidade se torna um problema grave porque está mais relacionada à inatividade física do que com a alimentação. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade e a World Health Organization, até 2030 o Brasil estará ocupando o quinto lugar no ranking de países com maior número de crianças e adolescentes com obesidade.
De acordo com a Pesquisa Origem Destino (2017) a principal motivação por trás do deslocamento das crianças de 4 a 10 anos de idade é em direção às escolas.
5º
3
a cada
10
Ainda de acordo com a fonte, o trajeto feito pelas crianças até a escola é prioritariamente a pé, o que reforça a necessidade de adaptar as ruas para o percurso infantil.
83,6%
LUGAR NO RANKING DE PAÍSES COM MAIOR OBESIDADE INFANTIL
CRIANÇAS DE 5 A 9 ANOS ESTÃO ACIMA DO PESO NO BRASIL
DOS JOVENS POSSUEM INSUFICIÊNCIA DE ATIVIDADES FÍSICAS
ESCOLA É O PRINCIPAL MOTIVO DE DESLOCAMENTO
Fonte: Atlas Mundial da Obesidade e World Health Organization
Fonte: Atlas da Obesidade Infantil e Ministério da Saúde
Fonte: The Lancet Child & Adolescent e World Health Organization
Fonte: Atlas da Obesidade Infantil e Ministério da Saúde
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2.2 A CRIANÇA E OS ESPAÇOS PÚBLICOS
Após entender algumas condicionantes que envolvem a caminhabilidade infantil, é necessário entrar em outro tópico específico que tem relação direta com a cidade e a criança: os espaços livres da cidade. A partir desse tópico é pertinente questionar:
Qual a relação da criança com os espaços públicos da cidade? De acordo com Guinea (2019, pg. 88) Aldo Van Eyck foi o precursor da discussão sobre a apropriação dos espaços livres da cidade. É preciso entender melhor o contexto em que Van Eyck se encontrava na época. Pós Segunda Guerra Mundial Amsterdã estava devastado, o que gerou impacto principalmente nas crianças, que durante esse cenário utilizavam locais abandonados e em ruínas para brincar. Ainda de acordo com o autor, Aldo Van Eyck via a rua como lugar de contato e troca, no qual os moradores devem estabelecer mais conexão com os espaços públicos da cidade. Esse pensamento condicionou Eyck a transformar praças e espaços ociosos em locais de diversão e encontro, ou seja, criar parques infantis para as crianças. Desta forma, é possível levantar a próxima questão a ser abordada:
É possível gerar conexão entre a cidade e a criança? 18
De acordo com Santana (2015. pg. 15) os parques infantis têm papel fundamental em reconfigurar o relacionamento da criança com a cidade, no qual as crianças se apropriam dos espaços livres e readaptam eles a sua própria realidade. Dessa forma, os espaços públicos projetados têm o poder de motivar a imaginação das crianças e reconectar elas com a cidade, ou seja, tem o poder de gerar senso de pertencimento da cidade nas crianças. “O que eles concebem não deve ser algo isolado, ou um grupo de coisas isoladas, mas algo que pode ser repetido em diferentes lugares da cidade. Deve ser capaz de absorvê-los estética e fisicamente, formando parte do tecido urbano. Deve ser tão elementar que corresponda à disposição e aos movimentos das crianças, e ative sua imaginação. “ Van Eyck, 1947/2008 p. 112 (tradução nossa)
Van Eyck acreditava que os novos espaços públicos deveriam ser lugares que estão integrados à cidade, que fortaleçam as relações com a cidade e que instiguem a imaginação das crianças, levando ao próximo questionamento:
Os espaços têm poder de ensinar as crianças? Segundo Santana (2015. p. 09) paralelo aos acontecimentos de Eyck, Maria Montessori concebe um modelo educacional baseado na autonomia das crianças.
O modelo educacional desenvolvido por Maria Montessori é baseado na afirmação de que não se aprende por imposição, mas por experimentação, destaque a alguns dos princípios desenvolvidos por ela:
O campo de visão das crianças é mais fechado, enquanto o dos adultos é mais amplo, enxerga-se principalmente por onde andam (figura 1).
6.0m
• Experimentação com novos materiais e espaços didáticos; • Trocas com o educador e os colegas de turma.
1. Olhar da criança 2.Olhar do adulto [2] Percepção da criança e do adulto. Fonte: Designing child-friendly, editado pela autora.
A partir dessas afirmações é necessário entender um pouco como é a relação da criança com a cidade, do ponto de vista da criança, levantando a seguinte questão:
A sinalização fica distante do olhar da criança, já que a altura média dos semáforos é de 6 metros (CET, 2020) a visão da criança fica obstruída (figura 2).
Como as crianças enxergam a cidade?
Campo visual: adulto
Percepção real
Campo visual: criança
[1] Campo de visão de crianças e adultos. Fonte: Designing child-friendly, editado pela autora.
Após discorrer sobre os tópicos do tema “Percursos infantis” abordados neste capítulo, conclui-se que a cidade não é adaptada para as crianças, que enfrentam diversos desafios ao sair nas ruas e estão desconectadas com os espaços livres da cidade.
Tradução fotográfica
O estudo a seguir foi desenvolvido pela Radaelli et al. Designing child-friendly urban environments se trata de um método de investigação com base em simulação visual que mostra de forma gráfica como as crianças enxergam os espaços urbanos.
Entende-se que é necessária uma proposta de intervenção que considere a presença da criança da cidade, após análises feitas se objetiva um percurso infantil.
O que é um percurso infantil? O percurso infantil pode ser definido como o trajeto que a criança faz de casa até a escola, ele deve ser adaptado às crianças, com sinalização e espaços lúdicos que sejam seguros e promovam a interação das crianças entre si e com a cidade. 19
2.2 A criança e os espaços públicos 2.2.1 CAMINHO ESCOLAR DE PARAISÓPOLIS
A partir dos conceitos e questionamentos levantados nos capítulos anteriores, os estudos de caso visam auxiliar no entendimento da problemática. Serão feitas leituras dos projetos correlacionando a problemática e as questões territoriais do trabalho apresentado. Realizado na segunda maior favela de São Paulo, situado em Paraisópolis, o projeto teve início em 2011 e terminou em 2013, tendo a participação de 8500 crianças residentes da comunidade. De acordo com a Rede Nacional da Primeira Infância (2016), o projeto foi idealizado pela Irene Quintáns (arquiteta e urbanista) com a Secretaria Municipal de Habitação. Uma pesquisa de campo que foi realizada pela autora, indica que cerca de 85% das crianças da comunidade vão às escolas prioritariamente a pé, parte do problema de mobilidade das crianças surge em decorrência do desconhecimento das regras de trânsito. Principais objetivos adotados pelo projeto: • Apropriação e zelo dos espaços públicos da cidade; • Melhorar a segurança viária da região; • Garantir o poder à cidade, por parte das crianças.
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Ainda de acordo com a Rede Nacional da Primeira Infância (2016), a iniciativa “Caminho escolar de Paraisópolis” foi a vencedora do prêmio “Mobilidade Minuto” no quesito qualidade do espaço público da mobilidade. Principais estratégias adotadas no projeto: • Incentivo a autonomia das crianças e direito à cidade; • Tratar o espaço público como um espaço de brincadeiras e aprendizagem; • Conscientizar a comunidade sobre manter o trajeto em boas condições; • Desenvolver experiências educativas relacionados aos espaços públicos da cidade; • Melhorar condições de infraestrutura e trânsito nos trajetos. De acordo com a Rede Nacional da Primeira Infância (2016), o projeto foi apresentado em diversos congressos internacionais: o Cidades Educadoras (na Coréia do Sul), Transporte Sustentável (Cidade do México), e o Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico em São Paulo. Também teve parceria com instituições públicas e privadas, além de participação de professores e alunos residentes do local.
Localização dos principais pontos de referência da região (figura 3), a leitura serve para entender como os fluxos se dão a partir desses locais mais pontuais, comuns de chegada e saída de crianças.
O projeto foi realizado em duas fases, o perímetro envolve duas grandes áreas com nove escolas da região. 1. Apresentação do projeto, pesquisa de campo e atividades a serem desenvolvidas pelos alunos. 2. Produzir projetos sociais de conscientização para a população e reuniões com entidades parceiras.
Também é importante entender esses locais como guias e pontos de segurança onde as crianças podem ser acolhidas.
A1
Programa Einstein e Casas Bahia Depósito promoção
Travessa da Rua da Feira Ferro velho
Casa Estevão “Gaudí”
Mercadinho do Vasco
União de moradores
Padaria do Vasco Padaria Damião União de moradores
A2 [3] Pontos de referência da comunidade. Fonte: Paraisópolis Org: caderno de apresentações, editado pela autora.
21
2310
1992
[4] Entrada às 7:00. Fonte: Paraisópolis Org, editado pela autora.
2558
2310
38
3.438 Crianças
2450
176
7.172 Crianças
7.038 Crianças
286
340
2494
2128
[5] Saída às 12:00 |Entrada às 13:00. Fonte: Paraisópolis Org, editado pela autora.
566
[6] Saída às 17:40 e 18:30. Fonte: Paraisópolis Org, editado pela autora.
O trajeto escolar foi traçado a partir dos pontos de referência apontados pelas crianças, pela rota comum e pela localização das escolas da região (figura 7). O período em que as crianças mais se locomovem até a escola é o vespertino, pois as crianças do período matutino saem das aulas e as crianças do vespertino chegam às escolas. O período que menos tem alunos é o noturno, pois às dezoito horas os alunos já estão voltando para suas casas. Principais diretrizes do projeto: Pontos de referência Caminho escolar
Escolas
[7] Pontos de origem, rotas caminho escolar. Fonte: Paraisópolis Org, editado pela autora.
22
• Priorizar o caminhar da criança; • Restringir o acesso de automóveis; • Implementar novos lugares de convívio e acessibilidade; • Participação popular; • Gerir parceria com outras instituições.
2.2 A criança e o espaço público 2.2.2 ÁREA 40 SÃO MIGUEL PAULISTA
O projeto “Área 40 São Miguel Paulista” foi o vencedor do concurso de requalificação urbana e segurança viária, proposto pela Bloomberg de Segurança no Trânsito com a Prefeitura do Município de São Paulo. Localizado na quarta cidade que mais mata pessoas no trânsito, a área de intervenção fica na Zona Leste de São Paulo, dentro do distrito de São Miguel Paulista. O perímetro de expansão regula a velocidade máxima de 40km/h, ou seja, é previsto para a área a redução da velocidade com o objetivo de diminuir as mortes por trânsito e promover a segurança viária. Principais objetivos adotados pelo projeto: • Melhorar a segurança viária de modo a proteger o pedestre e o ciclista; • Expansão dos sistemas de transporte sustentável; • Promover melhores comportamentos em relação a redução de velocidade. A leitura urbana foi desenvolvida previamente pela equipe do “Cidade Ativa”. As informações foram sintetizadas em forma de mapas e gráficos, diagramas e desenhos. O fluxo de pedestres e as poucas condições urbanísticas favoráveis em que se encontram reforçam a necessidade de requalificação urbana na região.
As estratégias de intervenção foram categorizadas em 3 fases: A. Intervenções fundamentais: prioriza os pontos mais importantes. B. Intervenções complementares: propõese a intervenção em pontos secundários. C. Diretrizes futuras: possibilidade de intervenções futuras. Principais estratégias adotadas no projeto: • Sistema em rede dividido em 3 etapas de execução; • Criar conexões entre quadras através de fruição, faixas de pedestre nas ruas; • Inserir sistema de drenagem nas vias e arborização/ iluminação; • Vias compartilhadas com tráfego intenso de veículos; • Melhora a visibilidade e a acessibilidade na transposição de calçadas. Através de mapas, o estudo detalha algumas das diretrizes em pontos mais estratégicos do projeto, resultado de uma boa compreensão de leitura do território e domínio das soluções que cercam o tema de segurança viária. Os pontos das áreas de intervenção são nomeados pela ordem de prioridade (A, B ou C) e a numeração da área. 23
Áreas de intervenção
As calçadas que serão modificadas ficam em destaque
1
2
Os pins enquadram os tipos de transformação
A (classificação de prioridade) + 12 (número da área)
[8] Áreas de intervenção. Fonte: ArchDaily, editado pela autora.
Os principais pontos de modificação, as vias e calçadas ficam em destaque, fica visível também o tipo de intervenção que será feita e a ordem de execução do projeto (figura 8). Houve preocupação quanto as classificações do projeto, separados inclusive por tipo de obra: 1. Obras de revitalização; 2. Obras de sinalização; 3. Obras civis. 24
Principais diretrizes do projeto: • Priorizar a segurança do pedestre; • Promover sinalizações que orientem o pedestre; • Priorizar o uso de transporte coletivo e sustentável; • Restringir o acesso de carros; • Proporcionar mobiliários urbanos de uso coletivo.
1
1
[9] Cruzamento da Rua Pedro Soares de Andrade. Fonte: 23 Sul, editado pela autora.
No cruzamento da R. Pedro Soares, além da ampliação das calçadas, barras de proteção foram inseridas. A sinalização das faixas de pedestre também foi modificada.
2 [10] Av. Marechal Tito com Mercado municipal. Fonte: 23 Sul, editado pela autora.
Principal área de equipamentos públicos com quiosques perto do Mercado Municipal, ampliação das calçadas, arborização e nova sinalização para os pedestres.
[11] Detalhamento do cruzamento. Fonte: 23 Sul, editado pela autora.
Outro detalhe importante a ser mostrado é a área dentro do cruzamento, ela é elevada para diminuir a velocidade do carro dentro do perímetro de travessia.
2 [12] Detalhamento da Av. Marechal. Fonte: 23 Sul, editado pela autora.
O detalhamento mostra onde estão inseridos os balizadores ao redor da área de ampliação das calçadas. Estreitamento das vias no perímetro de passagem dos pedestres. 25
3. LEITURA TERRITORIAL
3.1 JUSTIFICATIVA DE ESCOLHA DO DISTRITO
De acordo com a Rede Nossa São Paulo apud IBGE, a Cidade de São Paulo é o estado da região sudeste que abriga o maior número de nascimentos registrados. Segundo a fonte, a Zona Leste da capital concentra o maior número de nascimentos registrados (figura 13). Dentro do perímetro é possível entender as relações dos distritos com o tema abordado. Zona Leste Zona Sul Zona Oeste Zona Norte [13] Nascimento registrado por zona (2019). Fonte: IBGE CENSO 2010, editado pela autora.
De acordo com o Rede Nossa São Paulo apud IBGE (Censo 2010) o extremo leste possui o pior percentual de crianças plenamente alfabetizadas de 5 a 8 anos (figura 14). A figura 15 identifica a população infantil por distrito, onde principalmente nas zonas periféricas, é possível constatar maior número de crianças de faixa etária de 0 a 6 anos. Apesar deste dado, de acordo com o Mapa da Desigualdade da Primeira Infância (2020) poucos distritos possuem ruas de lazer (ruas fechadas aos domingos para atividades recreativas) para crianças, a Cidade Tiradentes possui nenhuma (figura 16).
Alta/ Melhor 5.5 a 7.7 Acima da média 7.7 a 8.9 Média 8.9 a 10.3 Abaixo da média 10.3 a 11.8 Baixa/ Pior [14] Crianças plenamente [15] População infantil (de 0 a 6 alfabetizadas até 8 anos. anos) Fonte: IBGE CENSO 2010, apud Fonte: IBGE CENSO 2010, apud Rede Nossa São Paulo, editado Rede Nossa São Paulo, editado pela autora. pela autora.
0 1 2 4 [16] Ruas de lazer. Fonte: IBGE CENSO 2010, apud Rede Nossa São Paulo, editado pela autora.
27
3.1.1 INSERÇÃO
Baseado nas análises anteriores foi escolhido para desenvolvimento do Trabalho Final de Graduação I o distrito localizado no extremo Leste da cidade de São Paulo, a Cidade Tiradentes. A Cidade Tiradentes possui uma população de 211.501 mil habitantes segundo Censo IBGE 2010, cerca de 8.064 famílias se encontram em situação de muita ou alta vulnerabilidade social na região. O diagrama a seguir indica algumas escalas que serão vistas no trabalho (figura 17).
De acordo com a Prefeitura de São Paulo (2021) o distrito Cidade Tiradentes possui o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina, segundo o IBGE (2010) são cerca de 40 mil unidades habitacionais, construídas em 1980 pela COHAB e CDHU com financiamento do BNH. O processo de aquisição de glebas começou em 1970 com a demanda de moradia pelas companhias habitacionais, onde os principais complexos habitacionais são: Santa Etelvina, Inácio Monteiro e Castro Alves.
Zona Leste
Município de São Paulo
Conexões Urbanas [17] Diagrama de visualização da área de intervenção em diferentes escalas. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
28
Distrito Cidade Tiradentes
Ponto Nodal
3. Leitura Territorial
3. Leitura Territorial
3.1.2 ACIDENTES + ESCOLAS
3.1.3 DENSIDADE DEMOGRÁFICA / HA
Escolas Acidentes Limite Município Viário Quadras Recorte territorial [18] Mapa de acidentes. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
0-72 72-116 116-153 153-196 196-266 266-462 462-3011 [19] Mapa densidade demográfica por hectare. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
Os acidentes de trânsito ocorrem em proximidade às áreas escolares (figura 18), principalmente ao decorrer da Avenida dos Metalúrgicos. Elemento estrutural de suma importância, pois é uma das primeiras vias a serem construídas no bairro (figura 20).
[20] Avenida dos Metalúrgicos, 1988. Fonte: Fotos antigas da Cidade Tiradentes.
As áreas adensadas se encontram principalmente em zonas mais afastadas das vias coletoras e arteriais. Os principais pontos de densidades geram grandes manchas, que configuram os extensos conjuntos habitacionais (figura 19). 29
3.2 O LUGAR
3.2 O lugar 3.2.1 MAPAS HISTÓRICOS
Vias Hidrografia Fazenda Santa Etelvina [21] Mapa SARA 1930. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
Vegetação Fazenda Santa Etelvina [22] Mapa Vegetação 1988. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
Em 1930 as principais vias arteriais e coletoras foram construídas a partir da formação das bacias hidrográficas (figura 21). As vegetações em 1988 se encontram principalmente ao redor das bacias hidrográficas e nas extremidades do município (figura 22). As principais vias coletoras e arteriais se mantiveram, entre a tripartição das vias e em cima da hidrografia se encontra o Terminal Cidade Tiradentes. Em algumas extremidades do município a vegetação continua intacta (figura 23).
Vias Hidrografia Vegetação Fazenda Santa Etelvina [23] Ortofoto 2004. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
31
Av.
Rag
ueb
Cho
hfi
3.2 O lugar 3.2.2 LOCALIZAÇÃO
1 Avenida dos Metalúrgicos
EMEI
EMEF
Av. Sara Kubitscheck
EMEI
CEI
EMEI CEI Avenida dos Têxteis
EMEF EMEF EMEFM
1
Terminal Cidade Tiradentes
2
Parque da Ciência
3
Secretaria da Educação Escolas 32
CEU
2
3
[24] Localização. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
200
3.2 O lugar 3.2.3 JUSTIFICATIVA DO RECORTE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO
A
B
1
2 [25] Mapa raio de influência + vias. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
[26] Diagrama raio de influência. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
O recorte da área de intervenção foi definido por duas principais condicionantes:
1. De acordo com o “Índices Urbanísticos
EMEI Prof. Elisário Rodrigues de Sousa
dos equipamentos comunitários (GeoEduc, 2019), fica denominado para equipamentos de educação: Centros de Educação Infantil e Fundamental o raio de influência de 300 metros (figura 25).
EMEI Margarida Maria Alves
2. A Avenida dos Metalúrgicos como principal articulador entre os setores A e B (figura 26). As manchas ficam mais claras ou escuras de acordo com o grau de proximidade das escolas. E.M.E.I - Escola Municipal de Educação Infantil C.E.U - Centro Educacional Unificado E.M.E.F - Escola Municipal Educação Fundamental
CÉU EMEF Água Azul
3 [27] Diagrama recorte da área de intervenção. Fonte: Elaborado pela autora.
33
3.2 O lugar 3.2.4 CHEIOS E VAZIOS + GABARITO
[28] Mapa Cheios e vazios + Gabarito. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
34
0-3
Ocupações irregulares
3-6
Imagem Satélite
6 - 12
Cheios
12 - 28
Vazios
18 - 30
Área de intervenção
O gabarito mais alto pertence aos conjuntos habitacionais (12 a-30 metros). As residências tem média de 3 a 6 metros de altura e correspondem a grande parte dos cheios. Os vazios correspondem ás áreas de ocupações irregulares e áreas de preservação ambiental.
3.2 O lugar 3.2.5 DECLIVIDADE + HIDROGRAFIA
[29] Mapa Declividade + Hidrografia. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora. 737
874
Malha viária
764
901
Destaque
792
928
819
956
Área de intervenção
846
Massa D’Água
A hidrografia determina a declividade, os pontos mais baixos são onde estão localizados os rios e córregos da região. Ruas de menor declive (destaque em branco) são mais confortáveis para as crianças exercerem atividades: Jogar bola, pular corda, andar de bicicleta, pega-pega, etc. 35
3.2 O lugar 3.2.6 ZONEAMENTO
[30] Mapa Zoneamento. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora. ZEIS- 1
Zona de Estruturação Urbana (ZEU)
ZMIS- A
Zona Mista- A
ZEPAM
Vias
Área de intervenção
O zoneamento de maior predominância é o de Uso Misto. Zonas de uso misto geralmente estão associadas às fachadas ativas, o que influencia no fluxo de pessoas e crianças que andam pelas ruas da região. Maior caminhabilidade em ruas de uso misto.
36
3.2 O lugar 3.2.7 USO DO SOLO + SETORES
[31] Mapa Uso do solo + Setores. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora. Conj. Hab. 4 Pavimentos
Santa Etelvina VII
Residencial
Santa Etelvina II A
Habitação Irregular
Santa Etelvina II B
Comercial
Castro Alves
Áreas Verdes
Santa Etelvina IV
Os bairros são setorizados pelos conjuntos habitacionais, cada conjunto leva o nome do setor + a numeração do conjunto de quadras. Há predominância dos conjuntos habitacionais principalmente nos miolos de setor. As APP’s possuem ocupações irregulares. 37
3.2 O lugar 3.2.8 TRANSPORTE PÚBLICO + ESCOLAS
[32] Mapa Transporte público + Escolas. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora. CEU EMEF Água Azul EMEI Margarida Maria EMEI Prof. Elisário Edificações Escolas Calçadas > 2 m
38
Pontos de ônibus Linha de ônibus sentido bairro / Leste Linha de ônibus sentido bairro Linha de ônibus sentido Zona Leste Linha de ônibus sentido Centro
As linhas de ônibus são locais (de distribuição interna do bairro), sentido Zona Leste e sentido centro da cidade (Sé). Algumas linhas de ônibus circulam dentro da área de intervenção, em vias passíveis de transformação. As escolas estão associadas aos pontos de ônibus.
3.2 O lugar 3.2.9 HIERARQUIA VIÁRIA + PONTOS DE CONFLITO + VEGETAÇÃO
Parque Ciência
[33] Mapa Hierarquia viária + Vegetação. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora. EMEI Margarida Maria CEU EMEF Água Azul EMEI Prof. Elisário
Pontos de conflito Fluxos e sentido Vias de segunda categoria Vias de terceira categoria
Raio de influência
Vias de quarta categoria
Acidentes
Vegetação
Os pontos de conflito consistem no fluxo de pessoas e sentido da rota, pontos de acidente e nas travessias entre quadras. Conflitos acontecem principalmente em vias secundárias e terciárias (perto do Terminal) por conta do alto tráfego de veículos. Cobertura vegetal densa no limite do distrito. 39
4. PROPOSTA DE PROJETO
SOBRE A PROPOSTA
A proposta foi elaborada a partir de análises territoriais e das referências teórico-práticas e projetuais abordadas nos capítulos anteriores a este, as diretrizes foram desenvolvidas especificamente para a implementação do Percurso Infantil Cidade Tiradentes. Desta forma, é importante ressaltar que as situações existentes do território sejam os aspectos positivos ou negativos, foram encarados como oportunidades, ou seja, as mudanças ocorrem principalmente em locais passíveis de transformação urbana. A proposta apresentada neste capítulo se trata de um estudo preliminar que servirá como ferramenta para o desenvolvimento do Trabalho Final de Graduação II.
As diretrizes seguem cinco categorias gerais divididas por três temas descritos abaixo: 1. DIRETRIZES DE MOBILIDADE:
1.1 Bairro sem Carros; 1.2 Rotas Seguras. As diretrizes de mobilidade visam assegurar segurança durante o trajeto feito pelas crianças até a escola. 2. DIRETRIZES PARA OS ESPAÇOS LÚDICOS:
2.1 Ruas de brincar; 2.2 Compartilhar experiências. As diretrizes dos espaços lúdicos visam conectar as crianças com a cidade, através de experiências desenvolvidas dentro dos espaços públicos apropriados. 3. DIRETRIZES PARA AS ESCOLAS:
4.1 Diretrizes e estratégias DIRETRIZES
O processo de construção das diretrizes foi baseado na análise das referências projetuais e em 4 Guias de desenho urbano, apresentados a seguir:
3.1 Escola como meio articulador; As diretrizes das escolas visam instruir e orientar as crianças, de forma a facilitar a comunicação e conscientização das crianças dentro da cidade.
2. Cities Alive: Designing for Urban Childhoods;
As diretrizes gerais e específicas serão abrangidas e detalhadas ao decorrer do processo de desenvolvimento do estudo preliminar.
3. Guia de Boas Práticas para os Espaços Públicos da Cidade de São Paulo; 4. Manual de Desenho Urbano e Obras Viárias.
A proposta está subdividida em três tópicos: diretrizes, programas e o estudo preliminar. Serão apresentadas em formato de imagens, colagens, cortes de sessão e diagramas para melhor compreensão do estudo preliminar.
1. Designing Streets for Kids;
41
42
DIRETRIZES [34] Diretrizes gerais. Fonte: Elaborado pela autora.
4.1 Diretrizes e estratégias 4.1.1 ÁREAS PASSÍVEIS DE TRANSFORMAÇÃO + DIRETRIZES
EMEI Prof. Elisário Rodrigues de Sousa
EMEI Margarida Maria Alves
CÉU EMEF Água Azul
[35] Mapa Diretrizes. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora. Locais passíveis de transformação Conexão entre áreas
Perímetro área de intervenção Escolas
Linhas de chamada
Vegetação e espaços livres
Icones com as diretrizes gerais
Edificações Percurso infantil ( 1ºestudo)
Localização das áreas passíveis de transformação e aplicação das diretrizes. O critério de avaliação foi baseado em áreas que estão subutilizadas ou em más condições, com grande potencial de transformação urbana. 43
4.2 ÁREAS DE INTERVENÇÃO (SITUAÇÃO ATUAL)
1 R. Dona Eloá do Valle
2
R. Edson Danillo 3
R. Igarapé da missão
2
[36] Mapa localização. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
Demarcação das principais vistas (ponto de vista do pedestre) das áreas de transformação.
Área predominantemente escolar. Apesar de ter estacionamento para carros dentro da escola eles ficam estacionados na porta.
1 [38] Vista Rua Seriguela. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
Área de retorno com fruição pública interligada por essa praça. Praça pouco atrativa, com calçadas estreitas e predominância de carros no local. 44
[37] Vista Rua Edson Danillo Dotto. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
3 [39] Vista Rua Igarapé do Frade. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
Dentro da praça existe um acesso (por escada) para a escola CEI Maria Elisabete. Calçadas extremamente estreitas e estacionamento para carros na praça.
4.2 ÁREAS DE INTERVENÇÃO (SITUAÇÃO ATUAL)
4
R. Dona Eloá do Valle
5
6
5
[40] Mapa localização. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
[41] Vista Av. dos Metarlúgicos. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
Transeuntes saem da zona comercial em direção aos conjuntos habitacionais, faltam faixas de pedestres na região.
Demarcação das principais vistas (ponto de vista do pedestre) das áreas de transformação.
4 [42] Vista Rua Dona Eloá do Valle. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
Área subutilizada, a calçada fica mais estreita por conta do fluxo de pessoas que vêm e vão ao ponto de ônibus. Via terciária, fluxo moderado de veículos.
6 [43] Vista Av. dos Metalúrgicos. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
Espaço entre duas áreas comerciais ativas com grande fluxo de pessoas. Empenas cegas em grande parte da área de intervenção. 45
4. Proposta 4.3 CONCEITO
01
02
Criar percursos infantis seguros (casa-escola)
Brincar nos espaços públicos (apropriação dos espaços livres)
03
Conscientização ambiental (cuidar do espaço público)
04
Colaboração com comércio e escolas locais
[44] Diagrama do conceito. Fonte: Elaborado pela autora. OS ESPAÇOS LÚDICOS
Os espaços lúdicos propostos são resultado da apropriação de espaços livres inutilizados ou em mal estado de conservação. Partindo do pressuposto de que os espaços geram experiências de aprendizado e desenvolvimento, o estudo preliminar consiste em cinco áreas de intervenção: 1
2
Os espaços lúdicos fazem alusão aos 5 sentidos relacionados ao sistema sensorial das crianças, ou seja, a percepção do interior e exterior, neste caso inserido no meio urbano, a cidade.
Tato: Toque do corpo, sentir.
Paladar: Reconhecer os gostos, degustar.
Visão: Percepção do ambiente, ver.
Olfato: Reconhecer os cheiros, cheirar.
Audição: Reconhecer os sons, ouvir.
Todas as descrições foram baseados no “Projetar Sentidos: A Arquitetura e a Manisfestação Sensorial” (Alisson Dias e Marcelo dos Anjos, 2017).
5 4
3
[45] Diagrama Espaços Lúdicos. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
46
4.4 PROPOSTA
A1+ V1
A2+ V2
V3 A3
V5
V4
V6
A4
V7
V8
A5
[46] Proposta preliminar. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora. Áreas de intervenção
Calçadas não modificadas
Raio de influência
Percurso Infantil (1º estudo)
Linha de chamada
Vegetação e espaços livres
Escolas
Edificações
Modificações vias
Rua de brincar
Localização do percurso infantil dentro do raio de influência determinado. Implementação configurada por: A- Áreas de transformação (apropriação do espaço público) V- Vias que serão modificadas. 47
4.4.1 SENTIDO: AUDIÇÃO | A1 Área (espaço lúdico) : 1.288 m²
1 R. Cereja do Rio Grande
6
A Rua Seriguela possui fruição pública, encontra a Rua Cereja do Rio Grande, que conecta os conjuntos habitacionais da região. Existem fachadas ativas dentro do retorno, a rua é compartilhada com transposição para a Rua Cereja do Rio Grande e Rua Fruta do Conde (figura 47). Principais atividades relacionadas à audição dentro do espaço lúdico:
3
Rua Fruta do Conde
5
4
4
Rua Seriguela
1
5
10
20m
Elevação do nível em áreas do percurso infantil.
[47] Proposta preliminar - A1. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
48
2. Tocar Tocar/ bater em objetos.
3. Elementos naturais Escutar sons da natureza.
4. Materiais Materiais que reverberem sons.
5. Circuito Circuito de atividades.
6. Fruição Incitar a transposição
LEGENDA:
2
6
0
1.Corpo Sons com o próprio corpo.
Edificações
Áreas de brincar
Calçadas
Entrada/ saída
Calçada proposta
Circulação
Vias existentes
Áreas permeáveis
Elevação da via
Arborização
A Rua Seriguela possui fachadas ativas dentro do retorno, a rua é compartilhada.
V1 + GOOGLE EARTH Rua Dona Eloá Valle Quadros
Rua Dona Eloá Valle Quadros
Fachada ativa
1.13
8.07
2.34
3.20
[48] V1- Sessão da via, atual. Fonte: Elaborado pela autora.
6.00
2.34
[49] V1- Sessão da via, proposta. Fonte: Elaborado pela autora.
Edifício misto com gabarito maior que o conjunto habitacional, calçadas estreitas, pouca arborização e iluminação. Rua Seriguela
Ampliação das calçadas nas áreas comerciais por conta do fluxo de pessoas e inserção de novos canteiros. Rua Seriguela
1 [50] A1- Vista aérea, atual. Fonte:Google Earth, editado pela autora.
Desnível acentuado em uma das entradas da praça, empena cega na lateral direita próximo aos conjuntos habitacionais.
1 [51] A1 - Vista aérea, proposta. Fonte: Elaborado pela autora.
Saída pelos três lados da praça, conexão com mais vias locais, mudança na empena cega, valorização do comércio local (fachada ativa). 49
d cer
Rua do Ar
Rua
Na
s
Área (espaço lúdico) : 567 m²
oS
ol
4.4.2 SENTIDO: TATO | A2
1 4 3 4
2
Ponto de ônibus 1
Rua Nascer do Sol
Elevação do nível em áreas do percurso infantil.
[52] Proposta preliminar - A2. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
50
Edificações
Áreas de brincar
Calçadas
Pátios internos
Calçada proposta
Circulação interna (espaço lúdico)
Vias existentes
Áreas permeáveis
Elevação da via
Arborização
0
5
10
20m
Principais atividades relacionadas ao tato dentro do espaço lúdico: 1.Segurar 3. Puxar Elementos Elementos para segurar. para puxar. 2.Toque Diferentes texturas.
4. Encontro Espaços de sociabilidade.
V2 + VISTA AÉREA Rua Dona Eloá Valle Quadros
Rua Dona Eloá Valle Quadros
Fachada ativa
2.25
8.20
1.50
2.30
[53] V2- Sessão da via, atual. Fonte: Elaborado pela autora.
6.00
3.15
[54] V2- Sessão da via, proposta. Fonte: Elaborado pela autora.
Vias largas e calçadas estreitas, mais ainda no sentido de passagem com fachada ativa, pouca arborização e iluminação.
Ampliação das calçadas das áreas comerciais por conta do fluxo, iluminação nos dois sentidos e novos canteiros. Rua Dona Eloá Valle Quadros
Rua Dona Eloá Valle Quadros
Aterro
1 [55] A2 - Vista aérea, atual. Fonte:Google Earth, editado pela autora.
O retorno é utilizado por caminhões de coleta por conta do aterro atrás do terreno. A calçada do ponto de ônibus não comporta o fluxo.
1 [56] A2 - Vista aérea, proposta. Fonte: Elaborado pela autora.
Sinalização com faixa de pedestres, espaços para o brincar livre, ampliação da área do ponto de ônibus, distanciamento do aterro vizinho. 51
VIAS COMPARTILHADAS
V3=V6
EMEF Profa. Maria Aparecida do Nascimento
EMEI Prof. Elisário Rodrigues
CEI Santa Rita
Rua de brincar + A3 Via elevada
V4 = V7
A4
V7 = V4
CEI Indir. Maria Elisabete Lima Mota
Via sem alterações [57] Diagrama localização - proposta. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
Sentido do percurso infantil + localização das áreas que serão modificadas.
52
Edificações
Espaço lúdico
Escolas
Via sem alterações
Vias compartilhadas
Via elevada
0
5
10
20m
Aos domingos a rua de brincar fica fechada para passagem de carros. O perímetro é elevado e as vias são compartilhadas, a fim de assegurar menor velocidade para os automóveis e maior segurança durante o percurso das crianças.
R. Florentino
RUAS COMPARTILHADAS: V3 = V6
V3 R. dos Cogumelos
Comércio
Comércio
Escola
V6
Comércio
Comércio
Praça
Praça
Entrada Rua de brincar [58] V3 - Rua dos Cogumelos , proposta. Fonte: Geosampa, editado pela autora.
[59] V6 - Rua Florentino de Carvalho, proposta. Fonte: Geosampa, editado pela autora.
A Rua dos Cogumelos tem conjuntos habitacionais com fachada ativa, eixo que conecta as áreas do percurso infantil.
A Rua Florentino de Carvalho é utilizada pelos residentes locais envolta da área comercial na Avenida dos Metalúrgicos, acesso a praça.
Rua Florentino de Carvalho
Rua Florentino de Carvalho
1.15
3.45
1.05
[60] V6 - Sessão da via, atual. Fonte: Elaborado pela autora.
A Rua Florentino de Carvalho é utilizada pelos residentes locais com dificuldade, as calçadas são estreitas, além de carros estacionados.
5.65 3.45 [61] V6 - Sessão da via, proposta. Fonte: Elaborado pela autora.
Via compartilhada com sinalização através de piso e faixa de pedestres, aproximação com a área comercial local. 53
4.4.4 SENTIDO: OLFATO | A3+ RUA DE BRINCAR Área: 1.266 m²
CEI Santa Rita
5 6 4
EMEF Profa. Maria Aparecida do Nascimento
Estreitamento da via para redução de velocidade.
Elevação do nível em áreas do percurso infantil.
Estacionamento da escola
3
A Rua Edson Danillo Dotto é uma rua sem saída que dá acesso às escolas CEI Santa Rita e a EMEF Profª Maria Aparecida. Possui caráter residencial, com várias empenas cegas e entradas estacionamento ao longo da rua. A rua de brincar tem declive de 2m e extensão máxima de 100m. Principais atividades relacionados ao olfato dentro da Rua de brincar: 1. Painéis interativos Cheiros associados à cores. 2. Percepção dos sentidos
2
Através de frutas, flores e árvores.
4. Compartilhar experiências Caixa de brinquedos/ livraria comunitária. 5. Conectar os espaços Locais de encontros e brincadeiras.
6. Incentivo a cuidar (coletividade) Melhor visualização Horta comunitária dos cuidadores e pais. associada à escola. 3. Local de permanência
2
LEGENDA:
Escolas
Calçadas existentes Percurso
Áreas de brincar
Quadras
Pátios internos
Áreas permeáveis
Via compartilhada
Arborização
Edificações
1 0
5
10
20m
[62] Proposta preliminar - A3. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
54
V4 + VISTA AÉREA Rua Edson Danillo Dotto
1.13
8.07
Rua Edson Danilo Dotto
2.34
3.20
[63] V4 - Sessão da via, atual. Fonte: Elaborado pela autora.
Conjuntos habitacionais murados, empena cega nos dois lados e calçadas estreitas, pouca arborização e iluminação.
Rua Edson Danillo Dotto
6.00
2.34
[64] V4 - Sessão da via, proposta. Fonte: Elaborado pela autora.
Canteiros e iluminação nas calçadas, diminuição do tráfego de veículos e jardim vertical nas empenas cegas dos conjuntos habitacionais.
Rua Edson Danilo Dotto
1 [65] A3 - Vista aérea, atual. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
A divisão dos conjuntos habitacionais com as vias (muros) geram extensos paredões que “fecham” as ruas para quem caminha.
1 [66] A3 - Vista aérea, proposta. Fonte: Elaborado pela autora.
Mais arborização, espaços para o brincar livre, ampliação da área de caminhar, mudança nas empenas cegas da vizinhança. 55
4.4.5 SENTIDO: VISÃO | A4 EMEI Prof. Elisário Rodrigues
Ig
ar
ap
é
do
Fr
ad
e
Rua Edson Danillo Dotto
Ru
a
1 2
Rua compartilhada com elevação.
Área (espaço lúdico) : 1.368 m² 0
5
10
Conjunto habitacional em construção
20m
[67] Proposta preliminar - A4. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
56
Edificações
Calçadas existentes
Escola
Via elevada
Áreas de brincar
Quadras
Pátios internos
Áreas permeáveis
Via compartilhada
Arborização
4 3 CEI Indir. Maria Elisabete Lima Mota
Acesso a quadra esportiva
Principais atividades relacionadas a visão dentro do espaço lúdico: 1. Imagens 3. Cores Reconhecer Distinguir imagens. cores. 4. Profundi2. Desenhar dade Pintar e Noção desenhar. espacial.
V4 = V7 + VISTA AÉREA
V4 = V7 EMEI Prof. Elisário Rodrigues
Rua de brincar
Rua Edson Danillo Dotto
Espaço Lúdico A4 -Visão [68] V4 E V7 - Proposta de via compartilhada. Fonte: Elaborado pela autora.
Planta típica das áreas de intervenção V4 (Rua Danillo Dotto) e V7 (Rua Igarapé da Missão), ponto de entrada para o percurso infantil. Rua Igarapé do Frade
Ampliação das quinas das áreas comerciais por conta do fluxo, novos canteiros, sinalização das vias com faixa de pedestre e balizadores. Rua Igarapé do Frade
1 [69] A4 - Vista aérea, atual. Fonte: Elaborado pela autora.
A associação das fachadas ativas com abertura para a praça incita maior interação das pessoas com o espaço público.
1 [70] A4 - Vista aérea, proposta. Fonte: Elaborado pela autora.
Via compartilhada no trecho de passagem do pedestre nos três sentidos das vias, criando um sistema que conecta os espaços. 57
4.4.6 SENTIDO: PALADAR | A5
Estr. Sta Etelvina
Área (espaço lúdico) : 575 m² +faixas de pedestre Praça os gic lúr eta
er
do
So
4
sM
asc
Co
do
aN
l
en Av
2 1
Co Co
4 Rua compartilhada com elevação.
o
mé
4 mé
rci
rci
o
o
mé
Parque Ciência
rci
o
3
EMEFM Oswaldo Aranha Bandeira de Mello
20m
[71] Proposta preliminar - A4. Fonte: Dados do Geosampa, editado pela autora.
58
rci
4 Co
Praça
mé
4
ida
Ru
0 5 10
EMEI Margarida Maria Alves
CEI Diret. Cidade Tiradentes
Edificações
Percurso infantil
Escolas
Pátios internos
Áreas de andar/ brincar
Circulação interna (espaço lúdico)
Pátios internos Calçadas existentes
Áreas permeáveis Arborização
Principais atividades relacionadas ao paladar dentro do espaço lúdico: 1. Colher 3. Plantar Árvores Colher/ plantar com frutas. na horta. 2. Cuidar
4. Expansão
Árvores e seus frutos.
Espaços de interação.
VISTA AÉREA
4.4.7 CRUZAMENTOS
Parque Ciência
De acordo com a Prefeitura de São Paulo (2013), a Rua Nascer do Sol tem feira-livre aos domingos e possui extensão de 620m. DIRETRIZES
Ficam estabelecidas as seguintes diretrizes para os dias de feira-livre na região:
V5 [72] A5- Vista aérea, atual. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
A Avenida dos Metalúrgicos corta as áreas entre as escolas, os transeuntes costumam passar fora da faixa de pedestres, pouca sinalização.
V8
1. Desestimular o estacionamento de caminhões atrás das barracas de feira. 2. Limitar a dimensão máxima das barracas para 6 metros de comprimento.
Com o objetivo de melhorar a circulação dos pedestres na rua durante os dias de feira-livre. V5 = V8
Rua Nascer do Sol
Escola
Rua Nascer do Sol [74] A5 - Vista aérea, proposta. Fonte: Google Earth, editado pela autora.
Ampliação das áreas comerciais para áreas de brincar, inserção de faixa de pedestre elevada, conexão com as áreas escolares.
[73] V5- Cruzamento típico, proposta. Fonte: Elaborado pela autora.
Diminuição da velocidade no cruzamento com elevação da travessia de pedestres, sinalização (faixa pedestre) e arborização. 59
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo do semestre foi desenvolvido o estudo preliminar apresentado, levando em consideração as análises e leituras territoriais apontadas nos capítulos anteriores, o estudo preliminar tem como objetivo proporcionar através de estratégias projetuais, mais segurança ao caminhar e maior interação das crianças com o espaço urbano. O conceito do projeto tem como finalidade propor melhorias a longo prazo para as crianças e para a cidade, através de diretrizes e principalmente da proposta projetual apresentada. Alguns pontos serão melhorados projetualmente, a clareza do percurso e sinalização, o detalhamento do programa e a inserção de elementos em outras escalas do percurso infantil. Diante da análise concluída é possível afirmar que a Cidade Tiradentes é um espaço urbano de reclusão que tem enorme potencial de transformação urbana. Desta forma o percurso infantil Cidade Tiradentes tem como intuito restabelecer a conexão com os espaços livres da cidade através de espaços lúdicos e viabilizar o percurso seguro das crianças até a escola. Conclui-se o presente trabalho com a pretensão de modificar os espaços urbanos pontuados, considerando a problemática local a fim de incitar o senso de pertencimento nas crianças da região. Desta forma, o trabalho terá continuidade e será melhor desenvolvido e detalhado durante o TFG II.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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