Cinema: a estetica de tim burton

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Cinema: a estĂŠtica de




Cinema

O exato momento da sua criação ainda é discutível, mas a maioria dos estudiosos concorda que foi em 1895: o ano que os irmãos Louis e Auguste Lumiére fizeram uma demonstração pública dos seus filmes. Em duas décadas os filmes passaram a ser assistidos por grandes plateias em todo o mundo. Tão imediato era o apelo do cinema que Charlie Chaplin postou-se diante de uma câmera pela primeira vez em janeiro de 1914, e, em apenas um ano, tinha se tornado uma pessoa mundialmente reconhecida. Um dos principais fatores para a rápida universalidade foi o fato dos filmes serem mudos, a custo baixo, e exibido para plateias diversificadas. Se o cinema tivesse nascido no modo falado, não haveria essa evolução na admiração pela arte. Logo surgiram os gêneros cinematográficos. Terror, fantasia, ficção científica, comedia, drama, romances, ação e muitos outros. Quase todos os gêneros que conhecemos hoje já tinham se estabelecido em 1910, mesmo que de forma primitiva. Nos anos de 1920, Hollywood, com recursos financeiros e técnicas inigualáveis, tinha assegurado o papel principal no mundo do cinema e se tornado um imã irresistível para os talentos do mundo todo. No cinema, como em tantas outras atividades, o mito gerado prossegue: aquela era lendária quando clássicos e mais clássicos e os padrões criativos eram elevados. O cinema se tornou cada vez mais conduzido pela tecnologia. Nos filmes de live-action não são apenas enormes monstros e vastos exércitos, mas os atores podem aparecer em paisagens complexas sem nunca as terem visto. Com tanta tecnologia aplicada nos filmes, é possível acreditar que o século XXI seja uma espécie de era de ouro para os cinéfilos.

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Tim Burton

Atualmente um dos principais diretores é Tim Burton, que de certa forma sempre se interessou em cinema. Os principais aspectos de sua obra envolvem uma profunda reflexão em relação às difíceis situações da vida, como a morte, o estranho, o medo, a loucura. Mas abordados numa perspectiva infantil, despertando nos adultos sua criança interior. Sempre se interessou por animação, pintura e em filmes de monstros e de terror. Burton entrou no programa de animação da Disney em seu segundo ano, interessado apenas em ganhar a vida. Em 1979, ele foi convocado para se juntar aos animadores da Disney. Ele decidiu criar suas próprias obras e trabalhar de forma mais livre. Foi assim que se originou a obra “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e os dois curtas de animação “Vincent” (1982) e “Frankenweenie” (1984), rendendo sua entrada nos estúdios da Warner Brothers. Foi oferecido a Burton o roteiro para “Os Fantasmas se Divertem” (1988), onde ele encontrou um projeto adequado à sua visão única. O filme levou a Warner oferecer a Burton a direção de uma adaptação de quadrinhos, guardado por anos de planejamento. “Batman” (1989) não era apenas um filme, era um evento. Apesar de toda a inovação e interferência no estúdio, Burton ainda conseguiu colocar sua própria marca sobre o filme. Em meio a todo esse sucesso, Burton realizou uma obra extremamente pessoal, “Edward Mãos de Tesoura” (1990). O filme foi um sucesso para os críticos e espectadores, marcando assim a sua entrada no mundo cinematográfico como um verdadeiro artista.

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´ Estetica

Melancólico e sombrio, os filmes de Tim Burton, na maioria das vezes, refletem um lado gótico, mesclando a loucura com a moral humana. Criador de aspectos próprios, ele aplica em suas obras um contexto aparentemente sem sentido para os leigos, mas com uma real intenção por trás. Repleto de contrastes, como o que é futurístico e o que remete ao passado, suas obras possuem uma linguagem própria, envolvendo obscuridade com harmonia, fazendo com que os espectadores quase sempre identifiquem Burton como o autor. Os personagens com alguma alteração psicológica,

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os cenários que não buscam a ordem, trilha sonora que mistura o clássico com som ambiente, cenas que usam basicamente o branco e o preto, justamente para contrastar com o mundo real colorido, perspectivas distorcidas mostrando personagens que não são compreendidos e que não se encaixam naquele mundo, caracterizam seu estilo peculiar e único. O fato do diretor não ter tanta preocupação no retorno financeiro, mas sim na qualidade final de sua obra, deve ser o segredo para seus filmes serem atemporais, não seguirem a moda e fazerem tanto sucesso.


Filmografia

2012 - Frankenweenie 2012 - Sombras da Noite 2010 - Alice no País das Maravilhas 2007 - Sweeney Todd 2005 - A Fantástica Fábrica de Chocolate 2004 - A Noiva-Cadáver 2003 - Peixe Grande 2001 - Planeta dos Macacos 1999 - A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça 1996 - Marte Ataca! 1994 - Ed Wood 1991 - Batman - O Retorno 1990 - Edward Mãos de Tesoura 1989 - Batman 1988 - Os Fantasmas Se Divertem 1985 - As Grandes Aventuras de Pee-Wee

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Helena Bonham Carter A parceria com Helena começou em 2001, em Planeta dos Macacos e já são 7 filmes, no total, que ambos fizeram juntos: Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas, A Noiva Cadáver, A Fantástica Fábrica de Chocolate, Sweeney Todd, Alice no País das Maravilhas e Sombras da Noite. E essa parceria não rendeu só ótimos filmes. Tim é casado com Helena e tem dois filhos, Billy (2003) e Nell (2007). Nenhum casal é como eles em Hollywood. Eles formam a dupla mais exótica, que não se importa com a roupa que estão vestindo e, muito menos, com o ‘ajeitar o cabelo’. Essa peculiaridade dos dois reflete não só nos filmes, mas também na vida real. Eles não moram na mesma casa, cada um tem seu lugar, mesmo sendo um do lado do outro. Há um certo equilíbrio na relação TimHelena, que faz durar tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Declarações do casal afirmam que Helena transformou Tim em uma pessoa mais aberta, e ela ficou mais consciente por influência dele. Sobre a relação Helena diz “na vida particular, ele é um parceiro, mas, quando está dirigindo, é o chefe”. Em 2012 o casal recebeu uma homenagem, com um prêmio, no Festival de Cinema de Londres, sendo reconhecidos por “sua excepcional contribuição para a cultura do cinema e da televisão”.

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Danny Elfman Essa parceria também acontece com a trilha sonora. Com Danny Elfman ela se inicio na produção do filme A Grande Aventura de Pee-Wee. O resultado desse encontro está nas trilhas de: Os Fantasmas se Divertem, Batman, Batman - O Retorno, Edward Mãos de Tesoura, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, Marte Ataca!, Peixe Grande, A Fantástica Fábrica de Chocolate, O Estranho Mundo de Jack, A Noiva Cadáver, Alice no País das Maravilhas. O estilo musical de Elfman traz um clima sombrio, gótico, típico dos filmes de Burton. Em Os Fantasmas de Divertem, é uma das poucas vezes que Elfman utilizou músicas de outro artista, Harry Belafonte. Mesmo assim, a trilha inclui criações próprias. “Eu nunca sei o que esperar quando trabalho com Tim, então é melhor nem me preparar, eu espero as cenas e a partir delas eu componho.” (Danny Elfman em Extras DVD Batman Returns, 1992). Elfman se tornou um renomado compositor e tem várias indicações devido essa parceria: foi premiado com um Grammy, pelo tema de Batman, e tem mais nove estatuetas em diversas premiações. Foi indicado ao Grammy por Batman, Edward Mãos de Tesoura, Peixe Grande, A Fantástica Fábrica de Chocolate e Alice, ao Globo de Ouro por O Estranho Mundo de Jack, ao Oscar por Peixe Grande, ao BAFTA por Alice, dentre muitos outros. 9


Johnny Depp A parceria mais conhecida pelo público é com o ator Johnny Depp, com quem ele já fez oito filmes. Essa combinação é perfeita para a criação de personagens bizarros e universos únicos, que acabou tornando-os amigos próximos. O diretor pode mudar muito de personagens e histórias, mas ele gosta de manter a mesma equipe de trabalho. Sombras da Noite é uma adaptação da série de sucesso americana exibida até 1971, e apresenta uma família que convive com seres mitológicos. Johnny Depp interpreta Barnabas Collins, vampiro enfeitiçado por uma bruxa, até conseguir se liberar e voltar à sua querida família, que mudou muito durante seus 200 anos enterrado. A adaptação cinematográfica de Alice no País das Maravilhas é o maior sucesso da carreira de Tim Burton. Embora a personagem principal seja Alice, o roteiro aumentou a importância do Chapeleiro Maluco, trazendo mais cenas para Johnny Depp, que deu uma personalidade mais sombria e ambígua ao personagem. Um musical que envolve o barbeiro assassino do título, um açougue com carne humana e uma vingança implacável. Johnny tem a oportunidade de ser Sweeney Todd, papel principal, com uma lâmina na mão e uma cara de psicopata. Teve um resultado modesto com relação aos demais sucessos da dupla Burton-Depp. A versão original de A Fantástica Fábrica de Chocolate tinha foco nas crianças, mas no universo de Tim Burton, a história vira um show de Willy Wonka, o proprietário da fábrica, que tem uma relação bastante perversa com os acontecimentos trágicos ao seu redor. Para compor seu personagem, o ator inspirou-se no cantor Michael Jackson. 10


Mais uma investida de Tim em filmes de animação, A Noiva Cadáver mostra a história de Victor Van Dorst (Depp), que se casa por engano com uma noiva fantasma. Enquanto tenta desfazer o mal-entendido, ele acaba descobrindo que o mundo dos mortos é muito mais divertido do que ele imaginava. Seria a interpretação de um simples investigador de crimes, se o filme não fosse A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, que envolve mortes espetaculares, seres sobrenaturais e um ambiente gótico assustador, onde Johnny Depp dá vida a um investigador criminal com técnicas peculiares. Para acrescentar aos gêneros na carreira de Burton, ele criou uma versão da vida de Ed Wood, considerado por muitos como o “pior diretor da história do cinema”, autor de obras mal feitas. Johnny Depp fez uma atuação admiradora no papel do diretor, e ousada, como quando aparece nos sets de filmagem vestido de mulher. Edward Mãos de Tesoura foi o primeiro filme da dupla Burton-Depp e é um dos mais queridos pelos fãs. Isso se dá pela incrível atuação de Depp como personagem principal, um jovem tímido, criado por um inventor que morreu antes de lhe dar mãos, deixando-o apenas com as lâminas.

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Edward maos de tesoura ~

Em ambos os cartazes do filme Edward Mãos de Tesoura, o personagem principal aparece com uma expressão de tristeza, rosto com alguns cortes mostrando o lado mais “depressivo” de sua imagem e ao mesmo tempo seu olhar passa uma ideia de inocência. Nos dois cartazes do filme, Edward (protagonista), se encontra à margem, nos levando a entender como se ele estivesse se escondendo, e as lâminas das tesouras no lugar onde deveriam estar suas mãos estão mais centralizadas, dando mais foco a elas. No primeiro cartaz temos a presença de cores frias reforçando a ideia de um sujeito solitário. Já no segundo se tem bastante contraste do fundo branco com Edward, uma criatura pálida com roupas onde o preto predomina, as tesouras novamente em foco e na ponta de uma delas uma borboleta amarela que é o maior elemento de contraste na imagem, podendo assim simbolizar Kim (jovem que ganha o amor de Edward). Essa borboleta e o olhar do protagonista direcionado a ela se opondo as tesouras nos passa a idéia de fragilidade, pois as mesmas poderiam feri-la facilmente, assim como a personagem.

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Peixe Grande

e suas historias maravilhoas

Podemos ver um homem (protagonista) caminhando em direção ao horizonte em meio a uma estrada estreita. Seguindo a lógica da história do filme, podemos entender que a estrada faz uma alusão a vida e que o protagonista está indo para o final, o horizonte, o por do sol, nos trazendo essa ideia do Ed no caminho final da vida (já que ele falece no fim). No filme, Ed Bloom, interpretado por Albert Finney, é um contador de histórias nato que passa toda a sua vida contando-as a seu filho Will. Ao crescer, Will percebe que tudo é uma grande mentira, e passamos todo o filme achando tudo fantasia, fantástico. Uma das grandes sacadas foi ter usado um elemento visual na imagem (a árvore) para formar o título. Os galhos formam as letras do titulo. Vendo a imagem como um todo, temos titulo e protagonista centralizados, levando assim toda atenção a eles. A luz do sol ilumina todo o horizonte e parte da estrada deixando a mostra só a silhueta, tanto do Edward Bloom quanto da árvore/titulo. Os galhos secos da árvore e alguns bens contorcidos são mais uma característica direta da estética do Tim Burton.

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Sweeney Todd É um musical em que Johnny Depp interpreta um homem que perdeu sua mulher e filha, e volta para se vingar matando seus clientes ao fazer suas barbas. Assim como no filme, o cartaz tem uma atmosfera bastante sombria. No próprio filme as cores são bastante “mortas” e descoloridas, sendo um dos elementos mais chamativos o sangue, bastante vermelho, entrando em contraste com os tons de cinza. No cartaz se observa Todd com uma expressão de rancor misturado a ódio, sentado na cadeira em que atende seus clientes, segurando sua navalha. O ambiente e o personagem estão quase todo em tons acinzentados, se não fosse pela cadeira de barbeiro, em cor vermelha puxada para o vinho, contrastando, e no próprio assoalho alguns preenchimentos vermelhos representando o sangue. O personagem localiza-se centralizado chamando a atenção mais para si e para sua expressão de ódio, deixando todo o cenário em segundo plano. Da janela também se observa o Big Ben, retratando o cenário onde se passa a história, Londres. No título se tem a fonte cinza e uma mancha vermelha fazendo alusão direta ao sangue, que é bastante característico da história em si.

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Influencia

Podemos notar muita influência nos seus cartazes, filmes e ilustrações, para muitos dos fiéis de seus seguidores fica claro que ele expressa parte de sua infância (onde era um garoto nada sociável que preferia ficar trancado em seu quarto a sair para brincar com os garotos na rua) um exemplo claro é o seu primeiro curta “oficial” (Vincente), que de certa forma estava retratando sua própria infância. Burton quando criança fugia da realidade do dia a dia lendo livros sombrios de Edgar Allan Poe – um mestre do mistério e do suspense, com um gosto especial pelo sombrio e o macabro - e assistindo a filmes de terror de baixo-orçamento. Uma figura cinematográfica de importância na infância de Burton é Vincent Price, cuja filmografia influenciaria a carreira do diretor. Vincent começou no teatro, depois passou ao cinema onde ficou conhecido em todo o mundo por contracenar em filmes de suspense e terror, o que lhe rendeu o nome de Mestre do Macabro. A obra de Burton que mais exemplifica suas influências é “Vincent” (1982), estrelado por um garotinho que sonha ser Vincent Price e tem Edgar Allan Poe como seu autor favorito. 18


CST Design GrĂĄfico Universidade Potiguar - UnP 2013.2 Amauri de Oliveira Neto Caio Fernando Medeiros Guedes Eliza Maria de Oliveira Souza HeloĂ­sa da Cruz Barbalho Lucas de Christo Alves Warllan Gomes Soares de Lima



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