LITERATURA PEDREIRENSE

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LITERATURA PEDREIRENSE: uma visão dos registros literários a partir da poesia de Kleber Lago da Academia Pedreirense de Letras

Francisca Daynne Brito de Moraes¹ Luciléia de Melo Rocha² Maria Célia Abreu Lago³

RESUMO: A Academia Pedreirense de Letras é um lugar dotado de poetas natos, onde de uma forma aprimorada consegue resgatar a memória literária de seus membros, desenvolvendo e divulgando seus trabalhos literários para a sociedade. Com grandes riquezas poéticas que a compõe, destacamos o poeta Kleber Lago, membro fundador da referida academia, por suas obras, com registros indispensáveis de uma cultura resgatada e repassada com modéstia, sua vida, seus escritos e sua admiração pela literatura. Palavras-chave: Literatura, Poesia, Sociedade.

ABSTRACT: The Academia Pedreirense de Letras is a place dowered of innate poets, where in an improved way it can ransom the literary memory of its members, developing and divulging their literary works to the society. With great poetic richness which composes it, we detached poet Kleber Lago, founder member of referred academy, for his works, with indispensable registers of a ransomed and reparsed culture with modesty, his life, his written text and his admiration for literature. Key-words: Literature, Poetries, Society 1- INTRODUÇÃO

A proposta do presente artigo é resgatar a memória literária a partir de poetas de grande importância para a cultura pedreirense. De que forma essa literatura é divulgada para o público em geral e como esse mesmo público assimila tais registros. Pedreiras é uma cidade de grandes artistas, cantores, compositores, poetas. Diante da riqueza poética regional, destaca-se a poesia de Kleber Lago, membro fundador da Academia Pedreirense de Letras, que soube tão bem transformar em belíssimos versos fatos que vivenciou desde sua infância e tem _________________ 1 - Graduada em historia - UEMA e pós-graduada em Docência do Ensino Superior - FAESF 2 - Graduada em historia - UVA e pós-graduada em Docência do Ensino Superior - FAESF 3 - Graduada em letras - UEMA e pós-graduada em Docência do Ensino Superior - FAESF


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observado ao longo de sua vida. Segundo o poeta José Chagas (Academia Maranhense de Letras), Kleber Lago tem seu universo particular, o seu mundo próprio, que é Pedreiras, a sua terra. Nele a paixão bairrista transcende os limites da razão, pois para este poeta que ama a sua terra: “Exaltá-la é dever de que não fujo, / no que me vejo igual a João do Vale / e ao magistral Corrêa de Araújo”. Para o mestre, seu talento singular e sua capacidade admirável deixam-nos a impressão de que ele brinca de sonetear, pela facilidade com que se expressa através do soneto, sempre achando uma boa solução para rimas, sem prejudicar a tessitura dos versos, sendo assim um artesão perfeito desse tipo de estrutura poemática. A tendência romântica de seus versos não deixa escapar a realidade pedreirense. Sua nítida percepção consegue transpor para as linhas poéticas alegria, dor, saudade, fé, encantos, desencantos, angústia, toda uma mistura desses sentimentos que envolvem o cotidiano de sua cidade e que ele incorpora à sua poesia, enquanto exalta personagens e registras outros elementos que fizeram e fazem parte dos acontecimentos históricos locais. Uma das mais marcantes características da obra de Kleber Lago é a objetividade em relatar os fatos, a realidade, o cotidiano, temperando os escritos com a dose apropriada de lirismo romântico, que torna o verso leve e agradável, a par do estilo requintado, herdado tanto da formação acadêmica quanto das horas dedicada à leitura e ao estudo da literatura e da língua. Ressalte-se, porém, que seus escritos não requerem uma condição especial. É na natureza, nas ruas, no recôndito dos lares, nos bares que ele encontra os cenários por onde transitam, livres e sem complicação, os protagonistas de seus poemas – geralmente pessoas reais da vida passada e presente de Pedreiras. Assim ele vai tornando tudo o que sente em algo de grande dimensão poética, na medida em que enaltece a natureza, fala das tradições de seu povo, revela sua religiosidade e dá prova de sua consciência social, mantendo sempre viva a memória daqueles que deixaram seus nomes na história da Princesa do Mearim, sem esquecer de exaltar os que hoje estão integrados ao processo de desenvolvimento material, social, artístico e cultural de sua terra. É dizer que Kleber Lago, mergulhado nas lembranças ou vivenciando as realidades do momento atual,


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se sensibiliza e as transforma em poesia, com pleno domínio de composição, rima e, essencialmente, de sentimentos.

2- HISTÓRICO DA ACADEMIA PEDREIRENSE DE LETRAS

A Academia Pedreirense de Letras foi fundada no dia 30 de Maio de 2006, pelos poetas Filemon Krause, Joaquim Filho, Samuel Barreto, Nonato Matos, Darlan Pereira, Edivaldo Santos, Florisa Lima, João Barreto, Expedito Costa, Wescley Brito, Allan Roberto, Moisés Abílio e Kleber Lago, da associação de poetas e escritores de Pedreiras, médico Kleber Branco, Pastor Obadias Batista, Desembargador Joaquim Feitosa, da Academia de Magistratura Piauiense, Promotor de Justiça Washington Cantanhede, da Academia Arariense-Vitoriense de Letras, Desembargador Milson Coutinho e o poeta José Chagas, da Academia Maranhense de Letras, segundo consta na Ata de fundação da referida Academia, onde primeiramente foi feita a leitura do esboço do Estatuto e sendo aprovado por unanimidade, ficou oficializada a fundação da Academia Pedreirense de Letras, com 40 cadeiras efetivas. A Academia é administrada por uma diretoria composta de presidente, vice-presidente, 1º e 2º secretários, 1º e 2º tesoureiros, cujo mandato tem duração de um biênio, a contar da posse de cada administração, com direito a reeleições. Eleita em votação por escrutínio secreto, foi empossada, para o período de 31 de maio de 2006 a 31 de dezembro de 2008, a primeira diretoria assim composta: presidente: Filemon Krause; vice-presidente: Darlan Pereira; 1º secretário: Florisa Lima; 2º secretário: Samuel Barreto; 1º tesoureiro: Joaquim Filho; e 2º tesoureiro: Expedito Costa. A posse dos dezenove membros fundadores ocorreu no dia 19 de julho de 2006, em sessão solene realizada no auditório João do Vale. Na ocasião, cada acadêmico recebeu o diploma de sócio fundador da Academia Pedreirense de Letras, com formato retangular, fundo branco, encimado pelo brasão da Academia e ladeado por uma moldura em vermelho, branco e preto, com cantoneiras, contendo o número da cadeira, o nome do patrono (pessoa falecida e de merecido destaque no passado de Pedreiras), o nome do acadêmico e, na parta inferior, as assinaturas do presidente e do secretário.


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A Academia está inscrita no Cadastro nacional da Pessoa Jurídica sob o número de ordem 08.078.874/0001-73. A mesma foi considerada de Utilidade Pública através do Projeto de Lei nº 010/2006, datado de 14 de setembro de 2006, da Câmara municipal de pedreiras, de autoria do Vereador Rogério Medeiros; e do Projeto de Lei nº 186/07 de 7 de agosto de 2007, da Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão, de autoria do Deputado Estadual Marcos Caldas. Consta no art. 3º do seu Estatuto: Art. 3º) A Academia Pedreirense de Letras , na concretização de seus fins, poderá: a) manter sede social, biblioteca, museu histórico, artístico e folclórico; b) promover conferências, concursos, seminários, congressos e simpósios; c) incentivar a realização de saraus artísticos; d) promover cursos de aperfeiçoamento e capacitação profissional; e) promover a publicação e divulgação e divulgação de livros e trabalhos literários; f) assessorar entidades literárias na escolha e seleção de obras literárias; g) incentivar pesquisas históricas, folclóricas, científicas e ecológicas; h) apoiar as atividades e promoções artístico-culturais de outras áreas, tais como: peças teatrais, concertos, recitais, artes plásticas, artesanato e outras; i) preservar os valores culturais, obras artísticas, monumentos históricos.

A entidade tem por finalidade promover o cultivo das letras no seio da sociedade do Município de Pedreiras, congregando poetas, escritores, autodidatas, literatos e afins,descobrindo, incentivando e apoiando valores, pugnando por espaço cultural e uma maior participação dos órgãos públicos e da iniciativa privada para que a cultura pedreirense, seja ainda mais conhecida no cenário nacional.

3- BIOGRAFIA DE KLEBER LAGO

O maranhense Kleber Cantanhede Lago nasceu na cidade de Pedreiras, em 21 de fevereiro de 1942. Fez seus primeiros estudos no Grupo Escolar Oscar Galvão, Ateneu Pedreirense e Instituto Rui Barbosa em Pedreiras, tendo concluído o antigo curso primário em São Luís. Fez exame de admissão ao ginásio no Colégio Marista, onde estudou até a terceira série, transferindo-se para o Correia de Araújo (Pedreiras), para ali completar o curso ginasial. No Rio de Janeiro estudou o segundo grau na Escola Técnica de Comércio da MABE e iniciou, na Faculdade de Economia e


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Finanças do Rio de Janeiro, o curso de Ciências Contábeis que veio a concluir na Federal do Piauí. Nos primeiros anos da idade adulta, caracterizou-se como jovem boêmio, que tanto amava o romantismo das serenatas quanto o fervor das noitadas de farras, partilhadas com os amigos mais próximos. Contudo, em nenhum momento de sua vida deixou que tais arroubos afastassem o seu senso de responsabilidade para com sua família, sua profissão e a sociedade. Em 1964 regressou a sua terra natal, onde participou de campanhas político-eleitorais e, em 1968, fundou em Pedreiras o diretório municipal do Movimento Democrático Brasileiro – MDB. Foi candidato a prefeito de Pedreiras em 1969, apoiado pela maioria contingente estudantil e obreiro, mas tachado de comunista, com poucos recursos e sem estrutura logística de campanha, foi fragorosamente derrotado pela união das forças da situação. Eleito vereador em 1970, com expressiva votação que somou mais uma vaga para o seu partido, transformou a tribuna da Câmara numa trincheira de luta, dali proferindo eloqüentes discursos contra inércia administrativas reinante no município e a falta de consciência política de alguns de seus pares. Depois de um único mandato de vereador, não mais concorreu a cargo eletivo e, abandonando definitivamente as atividades políticas em seu município, passou a se dedicar apenas à contabilidade e ao magistério. Em 1975 foi novamente morar no Rio de Janeiro, ali permanecendo até 1982, quando mudou com sua família para Teresina. Na Capital piauiense trabalhou 9 anos na Universidade Federal do Piauí, como técnico responsável pela contabilidade específica da SUESP – Subunidade de Execução do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para o Nordeste. Em Teresina também exerceu o magistério, como professor de língua portuguesa no Instituto Dom Barreto. Transferiu-se para a Universidade Federal do Maranhão em 1991, ficando lotado inicialmente no Departamento Financeiro da Pró-Reitoria de Administração. No final de 1993 mudou para a Pró-Reitoria de Planejamento, setor em que exerceu a função de Coordenador do Núcleo de Apoio Gerencial até maio de 1995, quando foi nomeado Diretor de departamento de Convênios. Aposentou-se do serviço público em 1996, mas foi mantido no cargo de direção até março de 2002.


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Kleber Lago é fundador e ocupante da cadeira nº 07 da Academia Pedreirense de Letras, cujo patrono é seu tio Benu Lago, personagem que muito se destacou na história maranhense como empresário, advogado, político e orador.

4 - DA OBRA POÉTICA DE KLEBER LAGO

Na parte introdutória já se evidencia que Pedreiras é uma constante na obra de Kleber Lago. Não há trabalho seu em que não esteja presente a terra que lhe serviu de berço, sua natureza, sua história e seus habitantes. Ora é o sentimento de amor que vem à tona de forma tão exuberante que o próprio poeta reconhece os seus limites para expressá-lo, como se vê no poema Louvação a Pedreiras: (...) Pedreiras, o amor Que te tenho é tanto! Mas dele, Deus sabe, Só consigo expor A parte que cabe Dentro do meu canto. (...)

Ora é o espírito regionalista que se mostra e o faz exaltar a natureza de sua terra, suscitando-lhe a dúvida quanto ao nome que deva dar à sensação de ver passarem as água barrentas do Mearim, a exemplo desse trecho de O Rio de Minha Terra: (...) Se o simples passar de um rio Pela terra de um poeta É poesia, Que nome devo dar A um rio passando Pela Minha terra E pela minha vida? (Um Pouco de Cada Momento, p.22)

Ora é o impulso da religiosidade que o leva a descrever, como no soneto Procissão de São Benedito, um dos acontecimentos mais notáveis e tradicionais do culto que os pedreirenses prestam ao seu santo padroeiro: (..) Em seu trajeto a procissão se expande. Quando retorna ao largo, a fé lampeja Na massa humana imensamente grande Que ouve a missa campal e cumpre o rito De conduzir o andor de volta à igreja, Cantando o “Salve, Salve, Benedito!” (Caderno de Sonetos, p. 42)


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E não lhe falta também a disposição de homenagear, em versos, diferentes personagens da vida e da história pedreirense, uns não tão ilustres como os protagonistas de Os Loucos de Minha Terra e outros consagrados nacionalmente como o compositor João do Vale, a quem In memoriam foi dedicado este poema: Baiões e xotes puxados no fole de botão do Pedro Flor, folia nos rala-buchos do Zota e no terreiro do Pedro Tamanco... Tudo lembra João, moleque de rua, jogador de pelada, vendedor de pirulito, ajudante de pedreiro, poeta, compositor, bebedor de cachaça... João que viu o carcará pegar, matar e comer, que olhou onça no lajeiro e ouviu a ema gemer; João que deixou de plantar pra não ter que dividir, que não pôde ser doutor, mas soube fazer baião e fez o Brasil dançar seu Pisa na Fulô. João do Lago da Onça, João da Golada, João de Pedreiras, João do Maranhão, João do Brasil, João do Mundo... João que pouco ligou às glórias terrenas e resolveu pegar carona num raio de luz para ir compor com os anjos lá onde agora se chama João do Vale de Deus. (Um Pouco de Cada Momento, p.68)

Muito embora Kleber Lago tenha escolhido Pedreiras por universo poético predileto, observa Cláudia Arôso, ao prefaciar o poema Tempo e Distância, que sua produção literária não está direcionada apenas para ali, porquanto giram em torno desse universo tantos outros, por onde também se manifesta o talento do poeta, “deixando transparecer sua visão ampliada de mundo, sua consciência social e a força de um lirismo romântico em que amor e saudade sobrevivem sem melancolia e o jocoso se impõe sem os apelos da expressão vulgar”.


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A obra de Kleber Lago é de reconhecida qualidade, mas faz pouco tempo que vem sendo mais amplamente divulgada. Alguns de seus poemas foram publicados em periódicos e coletâneas de sua cidade natal. Em 1988 publicou por conta própria Palavras, folheto com diversas composições, entre sonetos, trovas, haicais e outros tipos de poemas. Nesse mesmo ano reeditou Pedreiras, poema cuja primeira publicação é de 1970, no qual o autor descreve em trinta estrofes a face romântica da Pedreiras de sua infância e juventude. Com o Poema da Vida participou, em 2003, do Concurso Banco Real Talentos da Maturidade – 5ª edição. No ano de 2006 lançou Da Cidade e do Rio, com textos poéticos alusivos a Pedreiras e ao rio Mearim, e o poema Louvação a Pedreiras, uma homenagem ao 76° aniversário de sua cidade. É com a coletânea Um Pouco de Cada Momento (2006), apresentada pelo escritor e acadêmico Jomar Moraes, que começa a ser mostrado além das fronteiras da terra natal o talento do poeta na arte de versejar e de expressar a poesia nos mais diferentes tipos de composição, onde o verso medido e rimado convive com formas livres e brancas, num conjunto de poemas em que senso estético e lirismo se misturam e se completam. Quanto ao Caderno de Sonetos (2007), reunindo sonetos escritos ao longo de sua vida, basta citar aqui o comentário do grande mestre José Chagas, que assim se refere a Kleber Lago e a este seu trabalho: “(...) Porque ele, sem nenhuma dúvida, é o artesão perfeito do soneto tecnicamente perfeito. (...) Se nesse seu caderno, alguns sonetos são resultado mais de habilidade do que propriamente de emoção estética, o que importa é que em sua grande maioria, temos belos artefatos poéticos, legitimados por um sadio fluxo de natureza lírica, na linha de um sonetista dos melhores que temos”. (O Caderno do Poeta/José Chagas, in Caderno de Sonetos, p.12)

Os Loucos de Minha Terra (2007) é um bem elaborado conjunto de sextilhas que, em linguagem primorosa e próxima à do cordel, traz das margens da história para dentro dela interessantes personagens da vida pedreirense, as quais são tratadas de forma verdadeiramente humana, sem que a narrativa do pitoresco daquele outro lado da realidade ridicularize os protagonistas das 13 histórias contadas no livro.


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Água e Pedra (2008), além de trazer novos poemas sobre Pedreiras e o rio Mearim, incorpora os que compuseram Da Cidade e do Rio. Segundo o autor, dá continuidade a um projeto editorial cujo objetivo é manter um álbum atualizado de quadros poéticos de sua cidade berço. A última publicação de Kleber é Tempo e Distância. Recentemente entregue ao público, em edição com 52 páginas, este poema é mais um canto de louvor a Pedreiras. E nele a criatividade e a arte de compor se revelam com tamanha intensidade, que chegam a convencer que no amor tudo se torna possível, inclusive a formação de dimensões especiais para onde se traslada o poeta, a fim de se fazer partícipe de momentos históricos de sua terra, mesmo estando longe dela e fora do tempo de ocorrência desses momentos.

5- DISCURSO DE ELOGIO AO PATRONO DA CADEIRA Nº 07, BENU LAGO

Sentindo-se privilegiado e orgulhoso ao assumir a referida cadeira em 29 de Julho de 2006, homenageia seu patrono, conforme pode ser constatado no “Discurso de Elogios ao Patrono” Benu Lago: “(...) me senti privilegiado, por ocasião da escolha do patrono da cadeira que seria por mim ocupada nesta casa. Isso, porque, num universo de 40 nomes, era de 6 a minha probabilidade de sortear o nome de um parente (...) Mentiria eu, se procurasse esconder a satisfação de poder estar sob seu patronato, tanto pelo que significou para a história econômica, social, política e cultural de nossa terra, quanto pelo que representou para a sua família, onde exerceu a maior de todas (...)” (Discurso de elogios ao patrono, p.3)

Ainda no discurso de Elogios ao Patrono Benu Lago, Kleber Lago o considera: (...) Educado, fino, inteligente por natureza e sábio por vocação, ele conseguiu juntar todos esses seus atributos para se tornar o conselheiro, o orientador e patrocinador dos estudos de seus irmãos deixando a todos bem encaminhados na vida pessoal e profissional. (...) (Discurso de elogios ao patrono, p.7)

E ainda demonstrando uma profunda admiração ao mesmo continua enfatizando que:


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(...) Benu Lago era um homem sensato, refinado no trato com as pessoas. Não falava alto, não gritava nem se mostrava irritado diante de qualquer situação. (...) Não tinha hábitos de beber e fumar. Seu grande vício era a leitura ao qual se entregava de todo, quando podia estar em casa, nos momentos que lhe sobravam entre os compromissos profissionais e sociais a que lhe sujeitava a vida. Foi dessa forma que ele pôde acumular em si alguns universos de conhecimentos diversificados e constantemente reciclados, que fizeram dele um homem sempre atual. (...) (Discurso de elogios ao patrono, p.9)

Podemos evidenciar que Kleber Lago encerra seu discurso formal a Benú Lago prestando-lhe uma bela homenagem: (...) tenho plena certeza de que, em todas as dimensões da vida, à minha voz se somam a tantas outras vozes de reconhecimento de Louvor a Benedito de Carvalho Lago – o benu Lago – pessoa que soube dignificar a sua condição humana, como cidadão, político, empresário e, principalmente, como filho, irmão e pai.(...)Benu Lago, o Padroeiro da Princesa do Mearim, de nome igual ao teu, te abençoou quando disseste ser adotado por Pedreiras. E chego a perceber que a sua santa voz também se junta a esta nossa homenagem, dizendo-te que as honras que recebes agora são tão merecidas quanto foram às glórias que conquistaste em vida. (...) (Discurso de elogios ao patrono, p.14)

6- CONCLUSÃO Durante anos, falar em literatura pedreirense praticamente se limitava a citar o nome de seu representante maior: o magistral poeta Corrêa de Araújo. Não havia nenhum movimento, mesmo informal, no sentido de incentivar o cultivo das letras em nossa comunidade, muito embora existissem pessoas com talento para escrever em prosa e verso, tendo estas publicado alguns artigos e poemas em periódicos locais e jornais da Capital. Isso perdurou por muito tempo, em face da carência de serviços gráficos, da inexistência de instituições de fomento e da falta apoio por parte dos órgãos públicos. Dessa forma, não obstante outros fatores que interferiram positivamente para a formação de uma consciência capaz de priorizar o aproveitamento do potencial literário da terra pedreirense, pode-se afirmar que aquela situação só veio a se modificar de forma efetiva, a partir do momento em que os cultores das letras passaram a buscar patrocínio de fontes públicas e privadas e a se organizar em uma associação, onde tivessem oportunidade de mostrar seus escritos, trocar idéias, fazer e receber críticas construtivas, imprescindíveis ao


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aprimoramento de seus talentos e, paralelamente, juntar forças para exigir o apoio que lhes faltava. Assim, nasceu a Associação de Poetas e Escritores de Pedreiras e, como fato conseqüente, a Academia Pedreirense de Letras. Instrumentos de valorização e divulgação, pelas letras, da vida, costumes e tradições locais, tais entidades propiciam a consolidação da literatura pedreirense, enquanto congregam prosadores e poetas que, ao lado de Kleber Lago e tão bem quanto ele, dedicam seus talentos à nobre missão de fazer esses valores conhecidos, dentro e fora das fronteiras de sua terra.


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REFERÊNCIAS

ACADEMIA PEDREIRENSE DE LETRAS. Ata de fundação, eleição e posse da primeira diretoria da Academia Pedreirense de Letras,30 de maio de 2006 _______________. Estatuto da Academia Pedreirense de letras, 30 de maio de 2006 Coletânea Poética. Pedreiras 85 anos, Gráfica Coringa, 2005 _______________. Pedreiras 86 anos, Gráfica Coringa, 2006 _______________. Pedreiras 87 anos, Gráfica Coringa, 2007 LAGO, Kleber. Um pouco de cada momento: uma coletânea poética / Kleber Cantanhede Lago. São Luís: EDUFMA, 2006 ___________. Louvação a Pedreiras / Kleber Cantanhede Lago. São Luís, KCL, 2006 ___________. Da cidade e do rio (texto alusivo a pedreiras e ao Mearim na obra do poeta) / Kleber cantanhede Lago. São Luis: KCL, 2006 ___________. Os loucos de minha terra / Kleber Cantanhede Lago. São Luís: KCL, 2007 ___________. Sonetos / Kleber Cantanhede Lago. São Luis: KCL, 2007 ___________. Discurso de elogios ao patrono / Kleber Lago. São Luis: KCL, 2007 ___________. Água e Pedra ( Seleção de textos do autor, alusivos a Pedreiras, a sua gente e ao rio Mearim) / Kleber Lago. São Luis: KCL, 2008 ___________. Tempo e Distância / Kleber Lago. São Luis: KCL, 2008


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