TFG Mackenzie - Senior Cohousing - Nova visão do modo de morar do idoso

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Elora Ventura de Góes Cavalcanti

. . Há jovens velhos e velhos jovens.. – Senior Cohousing Trabalho Final de Graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como exigência para obtenção de grau bacharelado em Arquitetura e Urbanismo.

“.... Há jovens velhos e velhos jovens...” Salvador Allende

Orientador: Ph.d Arquiteto Urbanista Carlos Andrés Hernández Arriagada

São Paulo 2019


Banca Examinadora Ph.d Arq. Urb. Carlos Andrés Hernández Arriagada Universidade Presbiteriana Mackenzie Dr. Arq. Urb. Marcio Lupion Gomes Silva Universidade Presbiteriana Mackenzie Arq. Urb. Claudia Garcia Lima Universidad de Concepción


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“A juventude é o momento de estudar a sabedoria; a velhice é o momento de praticá-la.”

Jean-Jacques Rousseau (1712-78)


Agradecimento A minha família, por acreditar em mim, pela paciência, cuidado, dedicação e por terem sido a base em todos os momentos de dificuldade, transmitindo segurança e certeza de que não estou sozinha nessa caminhada. Aos amigos, sempre presentes no meu dia a dia, compartilhando alegrias, tristezas e medos. Com vocês cada etapa se fez mais leve e juntos chegamos até aqui. Aos professores, que ao longo de toda essa jornada se fizeram presentes com dedicação e suporte ao meu aprendizado. Ao meu orientador de monografia, Carlos Andrés Hernández Arriagada, e ao meu orientador de projeto, Carlos Henrique Heck, pelo conhecimento transmitido, por não me deixarem desistir e pelo apoio incondicional ao longo desse ano. E a todos que de alguma outra maneira estiveram presentes na minha trajetória, em diferentes momentos. O meu sincero:

Muito obrigada!

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Resumo Estabelecer vínculos, atribuir significados e identificar-se com o mundo a nossa volta tem se tornado tarefa cada vez mais difícil no século XXI. A velocidade da transformação destaca-se no cenário mundial atual e está refletida diretamente em nosso cotidiano. Antigas construções dão lugar a novos empreendimentos, o permanecer é substituído pelo percorrer e o que havia ontem possivelmente amanhã já estará diferente. Todavia, garantir um paralelo entre as permanências e as transformações é fundamental na relação entre cidadão e cidade. Conservar marcas do passado garantem viva, a memória fundamental na construção da identidade do indivíduo e da imagem que este tem da cidade. Este trabalho trata como a figura do idoso se estabelece no meio urbano de sociedades ocidentais, suas necessidades físico-psico-sociais e aborda como a arquitetura contribui, ou não, para o seu amparo. Após o estudo foi possível entender um pouco da verdadeira dimensão do idoso, e a complexidade do processo de envelhecimento. Palavras-chave: idoso, envelhecimento, sociedade, habitar, arquitetura e ubanismo.

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Abstract Stablish links, assign meanings and identify ourselves with the world around us has become an increasingly difficult task in the 21st century. The speed of transformation stands out in the current world scenario and is reflected directly in our daily lives. Old buildings give way to new developments, the remain is replaced by the scroll and what was yesterday maybe tomorrow will be different. However, ensuring a parallel between permanence and transformation is fundamental in the relationship between citizen and city. Preserving traces from the past keeps alive the fundamental memory in the construction of the identity of the individual and the image that thid has from the city. This work deals with how the elderly person establishes himself in the urban environment of Western societies, their physical-psychosocial needs and discusses how architecture contributes, or not, to their protection. After the study it was possible to understand a little of the true dimension of the elderly, and the complexity of the aging process. Keywords: eldery, aging, society, dwell, architecture and urbanism.

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Introdução

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Capítulo I

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Crescimento Demográfico 20 O envelhecer ao longo da história 24 Envelhecer 29 Idoso Oriental vs. Idoso Ocidental 34 A mulher idosa 36 O idoso na sociedade e na cidade 41

Capítulo II

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Surgimento do Asilo 52 O morar em uma ILPI 55 Reorganização das instituições 59 Cohousing 63 Senior Cohousing 71

Capítulo III 77 Referencias Projetuais 79 Lar Residencial Tórre Senior 79 Hogeweik 85 Quimper Village Senior Cohousing 89

Capítulo IV 93 Projeto 94 História do bairro 94 Terreno e condicionantes 97 Conceito 99 Partido 100 Programa 102 Desenhos Técnicos 103

Considerações Finais 127 Bibliografia 131 Apêndices Lista de Imagens Lista de gráficos e esquemas Lista de Siglas

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Figura 1: Life Expectancy Globally and by world regions since 1770.

O processo de envelhecimento é algo inevitável, que acontece dia após dia. As transformações são intrínsecas ao viver do ser humano. Cidades envelhecem. Arquiteturas envelhecem. Pessoas envelhecem. As referências do passado são fundamentais, criam memórias e auxiliam na identificação do cidadão com o lugar. O desenvolvimento acelerado das cidades atropela muitas vezes vestígios e marcas deixadas pelo passado. Podemos observar no Brasil o processo de envelhecimento, olhando para a inversão que vem ocorrendo na pirâmide etária nos últimos anos, e que se completará até o ano de 2030, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O crescimento demográfico, a economia, os avanços na medicina e as mudanças tecnológicas da sociedade atual favorecem para que a população tenha uma vida mais longeva e ativa. Cabe a nós sabermos conciliar esse enorme desenvolvimento que as cidades vêm sofrendo, com a preservação da memória e com a habitabilidade da mesma. São Paulo, a cidade mais populosa do país, com 12,2 milhões de habitantes, conforme dados do IBGE, sofre mudanças constantes. Isto posto se torna um desafio encontrar um local que abrangesse os três pontos citados acima.

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Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br (10.03.2019)

Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br (10.03.2019)

Figura 2: Residência de Ângela e Eduardo Jaffet - Patrimônios Históricos no bairro do Ipiranga.

O bairro do Ipiranga pode ser usado como exemplo neste caso, por possuir uma trajetória histórica ilustrada pelos antigos casarões e pelo Parque da Independência que conta com o Museu Paulista, e com isso ter uma população residente de longa data, e por esse fator, ser um dos bairros da cidade com maior índice de moradores idosos. Juntamente a isso é um bairro com plena infraestrutura de transporte, saúde, lazer e cultura de qualidade, atraindo novos olhares, com surgimento de empreendimentos e lançamentos do mercado imobiliário. Vivemos em uma sociedade que valoriza a independência e a autossuficiência, e muitas vezes se utiliza do trabalho como meio para isso, portanto qualquer um que não possa se dar esses méritos não é considerado útil, com isso percebermos o quanto nossa sociedade é ainda focada no jovem, e em que o jovem pode alcançar1. Com essa reflexão percebemos existe uma população idosa que precisa ser ‘vista’ por nós nesse momento. Como trazer essa população para a sociedade novamente, não mais deixando-a de lado, unicamente por não serem o grupo de trabalho mais ativo. As possíveis respostas são o objetivo deste trabalho.

Figura 3: Palácio dos Cedros - Patrimônios Históricos no bairro do Ipiranga 1

JARED Diamond: How societies can grow old better. S.i.: Ted, 2013. Son. Color. Legendado. Disponível em: https://www.ted.com/talks/jared_diamond_how_societies_can_grow_old_better. Acesso em: 20 fev. 2019.

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Crescimento Demográfico O envelhecimento não possui um único significado, um único entendimento ou uma única visão. Existe uma dualidade, interesse e rejeição, em relação ao tema velhice. Ao lado do receio do envelhecimento biológico, com suas perdas e limitações naturais e a ideia da proximidade da morte, sentimos também angústia ao pensar nessa fase da vida, em função das dificuldades econômicas e desigualdades sociais de um grande número de idosos brasileiros, e da existência de preconceito relacionado ao processo de envelhecimento, à fase da velhice e aos idosos.1 “O envelhecimento da população é, antes de tudo, uma estória de sucesso para as políticas de saúde pública, assim como para o desenvolvimento social e econômico”. Gro Harlem Brundtland, Diretor-Geral, OMS, 1999

Gráfico 1: Pirâmide Etária do Brasil. https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/

Diante de tal diversidade de pensamentos, começamos a perceber que também existem muitas maneiras de encarar e de vivenciar o processo de envelhecimento. Em nosso país devemos nos atentar cada vez mais ao tema velhice, diante do aumento da expectativa de vida e diminuição da taxa de natalidade, havendo assim um crescimento do número de idosos na população brasileira.

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MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997. 93 p. (Coleção Primeiros Passos; 310).


Em análise a pirâmide etária, gráfico que apresenta a quantidade da população em relação as faixas etárias separadas por gênero, é possível perceber a diminuição da base da pirâmide, o que indica baixa taxa de natalidade, e um aumento no topo, revelando a elevação na expectativa de vida. O gradativo aumento da expectativa de vida, indica por consequente o aumento da população idosa. Esse resultado foi obtido devido os progressos da ciência e da medicina. Atualmente, essa parcela da população, ainda que considerada aposentada e, portanto, dependente da economia do país, mostra-se cada vez mais ativa. Segundo artigo da OMS, “Envelhecimento Ativo: Uma política de Saúde”: “Em todo mundo a proporção de pessoas com 60 anos ou mais, está crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária. Entre 1970 e 2025, espera-se um crescimento de 233%, ou em torno de 694 milhões, no número de pessoas mais velhas. Em 2025, existirá um total de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos. Até 2050 haverá dois bilhões, sendo 80% nos países em desenvolvimento. ”

Nunca houve uma expectativa de vida tão grande, desde a metade do século XX até hoje, a expectativa de vida deu um salto, em que enquanto no início do século XX a expectativa média mundial era de 34,11 anos e, portanto, os agravantes de uma pessoa idosa, no caso alguém, hoje, considerado acima de 60 anos, pouco foram levados em consideração, por questões culturais e sociais, ou até mesmo não foram considerados necessários, pela baixa estatística.2 No Brasil a expectativa de vida, no início do século XX, ano de 1900, era de apenas 29 anos, e em 2000, era estimada em 70,5 anos, são 41,5 anos de aumento na expectativa de vida, em um século, um número significativo, principalmente se levarmos em conta que a expectativa de vida mundial se manteve quase que estável, entre 1770 e 1870, variando de 29 a 29,7 anos.3 2

ROSER, Max. Life Expectancy: Our World in Data. Disponível em: <https://ourworldindata.org/life-expectancy/#it-is-not-only-about-child-mortality-life-expectancy-by-age>. Acesso em: 08 mar. 2019.

3 Ibid

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80

Europe Oceania Americas Asia World Former Soviet Union

70 60

Africa

50 40 30 20 10 0 1900

1920

1940

1960

1980

2000

2015

Esses são apenas indicativos do aumento da longevidade da população, não é revelada a qualidade em que essa população está envelhecendo. Isso acontece por conta do debate quase inexistente do assunto, devido à falta de uma cultura que valorize nossos idosos, vendo eles como uma parte importante da sociedade e que pode sim trazer inúmeras atribuições, sendo relevante e afetando outros âmbitos da sociedade, como o político, o econômico, e o educacional.4 No entanto, no mundo em que vivemos hoje, que exalta a individualidade e tudo o que é novo, jovem e irreverente, tornar-se velho é uma realidade desinteressante e incômoda. A velhice é vista como um tempo trágico, no qual enfraquecemos enquanto ser humano seja na capacidade de produção ou na independência. Mas não seria essa uma visão ultrapassada? Por que ao se tornar idoso, o papel social é considerado encerrado? Este não poderia trazer contribuições? 5 Aprofundando este pensamento, a visão dada pela Teoria do Desengajamento Social, em que Cumming e Henry, afirma que o idoso e o 4

MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997. 93 p. (Coleção Primeiros Passos; 310).

5

Ibid

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Gráfico 2: Life Expectancy Globally and by world regions since 1770.

Fonte: Life expectancy – James Riley for data 1990 and earlier: who and world bank for later data (by Max Roser)Disponível em: <ourworldindata.org/life-expectancy/>

Expectativa de vida


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Figura 4

sistema social iniciam um desengajamento inevitável com a sociedade, afim de dar espaço para os mais jovens, que não possuem as mesmas limitações, e preparar tanto a si, quanto aos membros do seu convívio para a sua morte.6 Humberto Maturana, neurobiólogo indicado ao Premio Nacional de Ciencias, no Chile, afirmou em uma de suas palestras que o jovem não é o futuro, e sim o idoso. Contrariando a crença da maioria das pessoas, ele afirma que os mais jovens irão se transformar a partir da vivência com aqueles que os cercam, adultos e idosos. Afirma que estes irão refletir aquilo que lhes for ensinado e mostrado, neste caso, não apenas como uma questão de conhecimento, mas também de educação na formação do indivíduo.7

6

A teoria do desengajamento foi formulada por Cumming e Henry, no livro Growing Old (1961).

7

“El futuro de la humanidad no son los niños, son los mayores” (Maturana in JARA, Alejandra, 2017).

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Se torna então, necessário discutir como se dá a inserção do idoso em nossa sociedade, quebrar os estigmas relacionados ao envelhecimento e a velhice como algo negativo, e introduzir como uma fase da vida, em que se dão outros acontecimentos, diferentes dos ocorridos até o momento e que é uma parte da construção da vida. Isso não é apenas uma questão de conscientização da população e uma mudança cultural, mas da aplicação de políticas públicas que possam suprir as necessidades, tanto pessoais quanto ambientais e potencializar, um grupo que em breve será a maior parcela da população brasileira.8 Há (a) necessidade de uma nova experiência de envelhecer, na qual as pessoas tenham contato com o novo, desempenhem atividades, aprendam coisas diferentes, mantenham papéis sociais e se integrem em contextos sociais que lhes sejam significativos, de modo a manterem o sentido de vida. 9

O envelhecer ao longo da história As informações sobre o idoso nas antigas civilizações ou na história são poucas de uma forma geral. De certa maneira um aspecto compreensível, pois morria-se cedo antigamente. As poucas informações disponíveis reportam-se mais aos idosos das classes abastadas, com registros esparsos encontrados em poemas, peças teatrais ou crônicas da época. Mais raras ainda são informações sobre idosos de classes menos favorecidas. Entretanto, nos poucos documentos encontrados está sempre presente, dependendo da civilização, a forma diferenciada de se tratar os idosos e o que tais documentos nos ensinam para compreender a situação de hoje.10 8

GARCIA, Letícia Akemi. Chronus Vetus: Arquitetura, sociedade e o processo de envelhecimento. 2017. 115 f. TCC (Graduação). Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo. 2017.

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OKUMA, 2002, p.1092 in ROLIM, FORTI, 2004, p.71

10 BEAUVOIR, Simone. 2007

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Figuras 5 e 6

Em sociedades, dependendo do período histórico, onde o trabalho árduo era exigido, os idosos eram deixados de lado e, até mesmo, eliminados, pois não tinham como contribuir para o grupo a que pertenciam. Se pensarmos em uma linha do tempo, é possível entender a trajetória e motivos das formas de tratar o idoso até os dias atuais. Na Antiguidade, as pessoas tinham um tempo diferente. Por causa da baixa longevidade, apenas pessoas muito resistentes chegavam a idades avançadas, pois os cuidados com a saúde eram um privilégio dos mais abastados. Então, era normal que a idade adulta se iniciasse rápido, apesar de variar de acordo com o sexo e a classe social. Filhos de comerciantes, camponeses e artesãos iniciavam seus trabalhos e/ou aprendiam o ofício a partir dos 12 anos; meninas romanas se casavam por volta dos 15 anos e meio e a incorporação de jovens a milícia se iniciava aos 16-17 anos.11 Era normal, independentemente da idade, o cidadão não cessar suas atividades, não havia uma idade limite para isso, como nos dias de hoje temos a aposentadoria, tanto para aqueles que participavam da vida pública e cultural, quanto para trabalhadores manuais e principalmente os intelectuais, que tinham como condição para encerrar suas atividades, seu estado fisiológico, psicológico e social; apenas a doença, a invalidez e a morte faziam seus trabalhos encerrarem.12 Apesar da baixa expectativa de vida, na Grécia, aqueles que atuavam no setor público nunca eram jovens. Em Esparta, a Gerúsia, um conselho que funcionava como tribunal supremo e cumpria funções ad11 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997. 93 p. 29-30 (Coleção Primeiros Passos; 310) 12 Ibid

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ministrativas era composto apenas de pessoas com mais de 60 anos. E em Atenas, para se tornar funcionário público ou parte do Conselho, o mínimo era 30 anos, e fazer parte da Assembleia num tribunal, 60 anos.13 Em relação a família na Antiguidade, a hierarquia era muito clara e respeitada. Os filhos tinham a obrigação de cuidar de seus pais idosos sob pena de multa e prisão, mesmo sendo pouco numerosos e pouco prestigiados se não de famílias nobres e abastadas. É importante ressaltar, que não é possível estimar a proporção dos idosos na Antiguidade, pela falta de fontes documentais que representem a maioria da população, e além disso, mulheres e escravos não eram contados nos cálculos populacionais.14 Durante a Idade Média, tanto quanto na Antiguidade, a parcela da população idosa também era pequena e muitas vezes encontrada em camadas mais bastadas. Isso porque, na Alta Idade Média, para o estabelecimento e manutenção dos feudos as tarefas do campo eram muito árduas, exigindo muita força de trabalho e boa condição física, que muitas vezes os idosos não tinham. Além disso as guerras eram constantes, tanto religiosas, quanto territoriais, e principalmente nesse caso, homens jovens ou adultos, saudáveis e fortes defendiam o feudo, deixando o idoso em segundo plano.15 Outro papel importante dos idosos, era o de transmitir informações, pois como poucos tinham acesso à leitura e a escrita, era comum se voltar aos mais velhos e experientes por causa de sua sabedoria e para preservar as tradições familiares.16 Na baixa Idade Média houve o ressurgimento das cidades e do comércio e com isso o acúmulo de bens e riquezas são enaltecidos, fazendo idosos abastados serem reverenciados. No feudalismo, a tarefa dura do trabalho nos campos afastava os idosos das atividades, excluindo assim a grande maioria dos homens idosos, aqueles que não pertenciam à camada privilegiada dos senhores feudais, da vida pública.17 13 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997, p. 30 (Coleção Primeiros Passos; 310). 14 Ibid 15 Ibid 16 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997, p. 30-31 (Coleção Primeiros Passos; 310). 17 Ibid

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Figura 7

Nesta época, a influência da Igreja era muito grande e estendia-se a todos os setores da atividade humana e a todos os momentos da existência dos homens. O pai era um ser autoritário e seu poder podia ser equiparado ao poder de Deus: único e poderoso. Existia na sociedade da Idade Média uma identidade entre o poder patriarcal e o poder das estruturas monásticas, os jovens obedeciam e respeitavam os mais velhos, como obedeciam a Deus. Muitas vezes a decadência física, fazia os pais muito idosos afastarem-se para mosteiros ou retiros onde ficavam aguardando a morte.18 Nos últimos séculos da Idade Média, com o surgimento da burguesia, a velhice do corpo, a decadência física e a perda do vigor da juventude passam a serem vistas com inferioridade. Apenas os idosos pertencentes as classes privilegiadas acumulam riquezas e são reverenciados. 10 Com o início da Idade Moderna, em uma sociedade autoritária e absolutista, a vida dos idosos era muito difícil, a média de vida era baixa, e aos 50 anos o homem já não encontrava mais lugar na sociedade. O idoso rico era o único a ainda ser respeitado, unicamente por suas posses, e não por sua longevidade. No Renascimento com o forte enaltecimento do corpo e da beleza há uma forte valorização do corpo jovem, dando uma visão negativa ao idoso.19 No século XV os primeiros hospitais e asilos foram fundados na Inglaterra, acolhendo principalmente pobres, doentes e idosos abandonados pela família.20 Com as transformações europeias do século XIX, período da Revolução Industrial, o desenvolvimento urbano, progresso da medicina e prática de higiene e saúde pública, iniciam uma mudança na vida da população que envelhecia, trazendo um 18 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997, p. 31 (Coleção Primeiros Passos; 310). 19 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997, p. 31-32 (Coleção Primeiros Passos; 310). 20 Ibid

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aumento na expectativa de vida média. Por outro lado, os idosos ricos continuavam a ter maiores chances de ter uma velhice saudável. Os trabalhadores possuíam uma condição tão penosa, que quando atingiam a velhice, estavam exaustos e desprotegidos. 21 Compreende-se então que a velhice foi prestigiada na Idade Antiga, na Grécia, Roma e em Esparta, onde os jovens e adultos apoiavam-se nos idosos quando as sociedades eram tradicionais, estáveis e hierarquizadas. A partir dos momentos de mudança, os jovens substituíram os idosos no comando e nos papéis sociais prestigiados. Durante a Idade Média, os idosos eram pouco numerosos, com vida muito árdua os idosos que sobrevivessem teriam que contar com a solidariedade da família ou com a caridade pública dos senhores feudais e da Igreja.22 A diferença em como o idoso é visto nos diferentes tempos e entre diferentes sociedades, é o quão útil seus anciãos são. Quanto mais úteis, independentemente de como ou o quanto eles possam contribuir, mais provável que a sociedade dê mais valor a eles. Além de ter lidado com muitas adversidades que os mais jovens não vivenciaram, podendo contribuir nessas situações com um conhecimento valioso para a manutenção do grupo, e por causa da sua sabedoria, questões religiosas ou culturais.23

21 Ibid 22 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997, p.33 (Coleção Primeiros Passos; 310). 23 JARED Diamond: How societies can grow old better. S.i.: Ted, 2013. Son. Color. Legendado. Disponível em: https://www.ted.com/talks/jared_diamond_how_societies_can_grow_old_better. Acesso em: 20 fev. 2019.

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Figura 8

Envelhecer

Quando se é jovem, o envelhecimento e a velhice parecem realidades muito distantes, e muito longínquas. A Organização das Nações Unidas (ONU), em 1985, considerou como idosa a população de 60 anos e mais. Alegando que é entorno dessas idades que se acentuam as transformações biológicas típicas da terceira fase da vida. Neste momento temos também o desengajamento do mundo do trabalho, ou seja, a aposentadoria, e também o descompromisso com alguns papéis tradicionais da vida adulta, como a emancipação dos filhos.24 Embora a sociedade estipule os marcos de idade, o mais importante é você perceber que “a idade da velhice” é relativa e não tem o mesmo significado para todas as pessoas. 24 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997. 93 p. (Coleção Primeiros Passos; 310).

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Como observou a psicóloga e gerontóloga Anita Liberalesso Neri, o envelhecimento, a vivência e a situação do idoso é marcadamente diferente se ele é rico ou pobre; se é saudável ou doente; se é dependente ou independente; se é homem ou mulher; se trabalha ou é aposentado; se mora em sua casa ou em asilo, por exemplo.25 Como o nosso organismo envelhece? “Quantificar o envelhecimento através de porcentagens de decréscimo da capacidade de cada órgão, leva as pessoas a interpretarem a velhice como uma grande falência e os decaimentos como obrigatoriamente uma insuficiência, o que não é verdade. O envelhecimento, como um fenômeno natural que está previsto dentro da evolução dos seres vivos, não leva ninguém à esta limitação vasta. Essas tabelas, esses números dão a impressão de que uma pessoa precisa dos seus 100% de reserva funcional para poder viver bem, o que também não é verdade”. Wilson Jacob Filho – Geriatra e professor de medicina da USP ressfoto / Freepik

25 NERI, Anita Liberalesso et al (Org.). Idosos no Brasil: Vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, Edições Sesc, 2009. 287 p.

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Figura 9


A partir do depoimento do profissional lido acima entendemos que o que atrapalha os idosos muitas vezes são os preconceitos, a ideia de que velhice é sinônimo de doença e incapacidade. Nos dias atuais as doenças que por ventura podem vir com a idade já são possíveis de ser prevenidas, diagnosticadas e tratadas. Falar de velhice pode provocar muitas vezes uma profunda angústia nas pessoas, a qual pode traduzir o receio de viver no futuro uma velhice sofrida, solitária e dependente.26 A sociedade vai determinar o lugar e o papel que os idosos irão representar na própria sociedade, e por outro lado, os idosos irão absorver, elaborar e recriar os traços culturais e ideológicos do espaço social em que vivem.27 O Estatuto do Idoso é um reflexo das pressões, das ideologias e do momento histórico em que foi constituído, no momento, a ideologia vigente em relação ao idoso era a de um cidadão frágil, tutelado e incapaz, e tratava a velhice como um problema médico-social, ignorando que a velhice é diferente para cada indivíduo; que o envelhecimento saudável não depende de políticas apenas na terceira idade, mas em todas as fases da vida; que muitas vezes a solidariedade entre gerações e o gerenciamento-criativo do indivíduo com os seus recursos são mais efetivos que a atenção oferecida pelo estado; e que muitas vezes o abandono acontece não apenas por parte da família e de asilos, mas também pela rede pública de saúde e de previdência.28 Então, é clara a diferença entre ser um idoso do século XXI e ser um idoso do século XX, a visibilidade e as condições sociais do idoso melhoraram consideravelmente, mas ainda, 73% dos idosos apenas sabem da existência do Estatuto do Idoso, enquanto 61% ouviu falar, e poucos realmente conhecem o seu conteúdo, o que indica uma consciência pequena dos seus direitos, que correm o risco de serem perdidos, por causa do aumento de pessoas contrárias em oferecer benefícios e o custeio desses benefícios.29 26 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997. 93 p. (Coleção Primeiros Passos; 310). 27 NERI, Anita Liberalesso et al (Org.). Idosos no Brasil: Vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, Edições Sesc, 2009. 287 p. 28 Ibid 29 NERI, Anita Liberalesso et al (Org.). Idosos no Brasil: Vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, Edições Sesc, 2009. 287 p.

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Das atitudes negativas de uma sociedade para com a pessoa idosa, a que mais se deve atentar-se são os preconceitos com relação a velhice, tanto explícito quando implícito. Há momentos em que não se percebe ou se considera o preconceito, porque estão sendo utilizados como uma piada ou um tratamento aparentemente carinhoso, os subterfúgios semânticos que mascaram a rejeição da velhice. Em outros casos, a rejeição pode ser mascarada pela supervalorização de atributos, o preconceito positivo, as falsas expectativas podem induzir achismos e o idoso a se sentir inferior, ou sugerir que ele tem mais problemas que a realidade.30 Essas questões fazem com que o idoso venha a se isolar, e incentiva os desentendimentos em relação a velhice, pois a melhor forma de se conscientizar é a partir do convívio e do contato sem estereótipos. Apesar de não ter uma regra clara para a um envelhecimento bem-sucedido, o fato de estar ativo foi muitas vezes considerado um dos elementos essenciais, tendo em mente que com ele acontece a manutenção das relações sociais e das forças físicas e das competências cognitivas.31 30 Ibid 31 NERI, Anita Liberalesso et al (Org.). Idosos no Brasil: Vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, Edições Sesc, 2009. 287 p.

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Figura 10


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Figura 11 (esqueda) e figura 12 (direita).

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Por ser uma atividade intrínseca da nossa sociedade, o trabalho traz a sensação de estar integrado, de fazer parte da sociedade, enquanto apenas o lazer ou um passatempo podem deixar uma sensação de vazio, que muitas vezes é sentido pelos idosos, principalmente porque poucos continuam a trabalhar. Mas não necessariamente o tempo de lazer deve ser considerado ruim, por outro lado, é uma oportunidade de desenvolvimento de outros projetos e outras habilidades. A atividade por si não é o que define ou mantém a qualidade de vida, mas a percepção subjetiva do reconhecimento e da integração social a partir das atividades realizadas. 32 Em suma, a condição do idoso melhorou muito no Brasil, mas continua longe de ser ideal, a nossa sociedade ainda valoriza muito o jovem em detrimento do velho, e cria uma série de estigmas acerca da velhice, que fazem com que o idoso se torne uma entidade diferente de todos, quando na verdade, este é apenas uma pessoa com necessidades como qualquer outra. Não é útil criar políticas que não são efetivas ou apenas criar políticas – que muito se baseiam em ideias erradas em relação a velhice – e deixar de conscientizar a população, que se esquece que um dia também irá envelhecer, e muito provavelmente irá envelhecer despreparada.33 32 Ibid 33 GARCIA, Letícia Akemi. Chronus Vetus: Arquitetura, sociedade e o processo de envelhecimento. 2017. 115 f. TCC (Graduação). Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo. 2017.

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Por isso é importante a conscientização da população de que a velhice se trata apenas de uma fase da vida, muito particular para cada pessoa, que pode ou não trazer os mais diversos desafios, mas que não se trata de um período de solidão e reclusão, perdas ou de infelicidade, por outro lado, pode ser uma fase de muitos ganhos e muito produtiva, que por sua vez faz parte de um grande processo, finito, chamado vida.

Seguindo a linha deste pensamento podemos comparar o comportamento das sociedades orientais e das sociedades ocidentais com relação ao cuidado com os idosos, pois estas diferem fortemente o valor da terceira idade. Sociedades orientais valorizam seus idosos por sua experiência de vida e seu conhecimento tácito em relação as diversas situações enfrentadas durante sua vida. Acredita-se que sociedades orientais são menos preconceituosas com seus idosos, e o principal motivo para isso seria pela cultura estar ligada fortemente as doutrinas de Confúcio.34 A qual prega que se deve respeitar, obedecer e apoiar os mais velhos, tanto adultos como idosos. Além destas sociedades serem também mais coletivistas, priorizando a harmonia das relações. Coletivismo 34 Confucionismo é a ideologia religiosa e sociopolítica de Koung Fou Tseu, presente na China a mais de 2 mil anos. Este princípio é o que define o Tao (caminho superior), uma maneira de ter uma vida equilibrada, satisfazendo as vontades do céu e da terra.

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Reprodução: Gazeta do Povo

Idoso Oriental x Idoso Ocidental

Figura 13: Idosos orientais.


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geralmente está ligado a valores pessoais de respeito, autoridade familiar e uma visão social da velhice.35 A China, por exemplo, por ser uma sociedade autoritária e hierarquizada, valoriza seus idosos pelo conhecimento. Sua organização familiar e patriarcal defendia que a família devia obediência aos idosos por serem detentores da sabedoria.36 Comparativamente temos as sociedades ocidentais, nas quais os idosos eram valorizados pela quantidade de bens materiais e/ou poder somado ao longo da vida. Estes priorizam o jovem, tendendo a uma visão mais negativa do idoso e da velhice.37 Hoje em nossa sociedade, ocidental, da forma em que a família se estrutura é comum que os filhos nasçam, cresçam e saiam da casa dos pais ao atingir a maturidade, muitas vezes se afastando em decorrência de fatores como trabalho, condições de vida ou até a formação de outra família, o que faz com que os idosos vivam separados de seus filhos e muitas vezes, dependendo das suas condições de saúde, em casa de repouso ou asilos, sendo cuidados por outras pessoas que não seus familiares, e muitas vezes reclusos, estando longe até mesmo de amigos de sua juventude.38 Figura 14: O idoso e o jovem. 35 VAUCLAIR, Christin-melanie et al. Are Asian cultures really less ageist than Western ones? It depends on the questions asked. International Journal Of Psychology, [s.l.], v. 52, n. 2, p.136-144, 10 abr. 2019. Wiley-Blackwell. http://dx.doi. org/10.1002/ijop.12292. 36 GÓIS, Ronald Lima de. A cidade e o idoso. 2012. 240 f. Tese (Doutorado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2012. Disponível em: <https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/12300>. Acesso em: 09 março 2019. 37 Ibid 38 VAUCLAIR, Christin-melanie et al. Are Asian cultures really less ageist than Western ones? It depends on the questions asked. International Journal Of Psychology, [s.l.], v. 52, n. 2, p.146, 10 abr. 2019. Wiley-Blackwell. http://dx.doi. org/10.1002/ijop.12292.

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A mulher idosa Durante o desenvolvimento das sociedades, a história registra a discriminação homem-mulher, principalmente em relação à educação. Na Grécia Antiga, as mulheres não tinham direitos jurídicos, não tinham educação formal e eram proibidas de aparecer em público sozinhas, enquanto em Roma a exclusão social que a mulher vivia a colocava no mesmo patamar de crianças e escravos, sendo proibida de ocupar cargos públicos e sendo a procriação sua função principal. Religiões como o Cristianismo, retratavam a figura feminina como pecadora e tentadora, culpada de afastar os homens do paraíso, criando então uma imagem de submissão e dependência da mulher ao homem.39 Durante os primeiros séculos da Idade Média, as mulheres tinham alguns direitos, que eram garantidos pela lei e pelos costumes. Sendo assim quase todas as profissões eram acessíveis, bem como o direito de propriedade e de sucessão. Já na esfera política, há alguns exemplos de mulheres burguesas participando de assembleias. Pelo fato de os homens estarem envolvidos em constantes guerras e longas viagens, ou pelo recolhimento a vida monástica, era frequente o seu afastamento.40 Com esta ausência, restavam as mulheres assumirem os negócios da família, sendo necessário o conhecimento em contabilidade e legislação, para fazer com eficiência as transações comerciais e defender-se em juízo.41 Se continuarmos observando o período da Idade Média, dadas as condições de trabalho, poucos homens atingiam a velhice e quando atingiam já estavam muito debilitados. Em relação as mulheres idosas, era normal que enfrentassem a pobreza e a solidão. Muitas se tornavam viúvas devido à rotina árdua e as inúmeras guerras, as quais os homens eram destinados.42 39 PINAFI, Tania. Violência contra a mulher: políticas públicas e medidas protetivas na contemporaneidade. São Paulo, 2007. 40 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 93 .1997 p. (Coleção Primeiros Passos; 310). 41 Ibid 42 PITANGUY, Jacqueline. O que é Feminismo. São Paulo: Ed. Abril cultural: Brasiliense, 1985.

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Estima-se que 50% das idosas eram viúvas aos 60 anos e mesmo quando acolhidas pela família ou eram abrigadas na casa de algum filho, sua condição era muito desprestigiada e considerada inferior. Isso fez com que o contingente de mulheres idosas fosse bem maior nos asilos, pois a longevidade feminina era maior e o segundo casamento era muito raro.43 No Renascimento diferentemente da Idade Média, as mulheres foram perdendo gradativamente a sua atuação no mercado de trabalho, e vão se tornando domínio masculino novamente. De acordo com Jacqueline Pitanguy “É justamente durante este período, quando o trabalho se valoriza como instrumento de transformação do mundo pelo homem, que o trabalho da mulher passa a ser depreciado. Alijada concretamente de determinadas profissões, tece-se também toda uma ideologia de desvalorização da mulher que trabalha”.44

Figura 15 (esquerda): Submissão da mulher ao homem no Brasil Colônia (Cortejo de uma família brasileira do século XIX,JeanBaptiste Debret, Rio de Janeiro, Séc XIX). Figura 16 (direita): A mulher no Brasil colonial (Uma senhora de algumas posses em sua casa, Jean-Baptiste Debret, Rio de Janeiro, 1823).

Para a sociedade do período colonial, a mulher deveria ocupar-se por inteiro e confinar-se no espaço familiar. Portanto, deveria ser educada para a dedicação exclusiva às tarefas familiares e à educação dos filhos. A ausência pela preocupação com a educação da mulher, denota as relações de poder a que estavam submetidas.45 43 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997. 93 p. (Coleção Primeiros Passos; 310). 44 PITANGUY, Jacqueline. O que é Feminismo. São Paulo: Ed. Abril cultural: Brasiliense, 1985. 45 RODRIGUES, Valeria Leoni. A importância da mulher. Dissertação (Mestrado), 2015. Disponível em: < http://www. diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/729-4.pdf>. Acesso em: 19 março 2019.

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Disponível em: <http://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=9263>

A sociedade vivia sob um modelo patriarcal, no qual o homem era o provedor do lar, aquele que sustenta e dá conforto a sua família. As mulheres, por sua vez, eram educadas com o objetivo de reprodução, cuidados domésticos e familiares. Não cabia à mulher trabalhar nem ganhar dinheiro. Era um ser destinado à procriação e ao lar, para agradar o outro.46 No cenário da Revolução Industrial, as mulheres, assim como as crianças, foram incorporadas ao mercado de trabalho por duas razões. Por um lado, era interessante para os industriais substituir o trabalho do homem adulto, por outro, os salários dos homens que continuavam empregados caíram e se tornaram muito baixos, de tal maneira que as mulheres tiveram que complementar a renda familiar, por isso adentraram o espaço da fábrica.47

Figura 17: Mulheres nas fábricas. 46 ESPÍNDOLA, Gabriela. A trajetória do poder da mulher: do lar ao mercado de trabalho. Dissertação (Mestrado), 2012. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/eudelucy/a-trajetria-do-poder-da-mulher-do-lar-ao-mercado-de-trabalho>. Acesso em: 16 março 2019. 47 BOTTINI, Lucia Mamus. O trabalho da mulher durante a revolução industrial inglesa. 2013. 19 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Colegiado de História da Unespar, Paraná, 2013. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/2013_fafipa_hist_artigo_lucia_mamus_bottini.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019.

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Porém, ainda sim, continuaram responsáveis pelos afazeres domésticos, passando a cumprir dupla jornada de trabalho, recebendo salários inferiores aqueles pagos aos homens e assim se sujeitando a uma intensa exploração.48 Foi nesse contexto que a mulher adentrou o espaço da fábrica. A exploração do trabalho feminino não foi invenção da Revolução Industrial, na fase manufatureira que a antecedeu, as mulheres já trabalhavam em diversas atividades. Mas com a separação entre o capital e o trabalho, decorrente da evolução da divisão do trabalho, o trabalho executado por mulheres e crianças, era o mais mal pago.49 O trabalho da mulher é um fator desagregador da família, pois se ela passa em torno de 13 horas por dia na fábrica, como então preocupar-se com a casa, marido e educar filhos. Friedrich Engels relata o aumento da mortalidade das crianças em consequência do retorno das mães as fábricas no terceiro dia após o parto. O mesmo autor complementa que “O trabalho da mulher na fábrica necessariamente desagrega a família, desagregação que, nas condições sociais vigentes, elas mesmas baseadas na família, têm as mais nefastas consequências morais para os cônjuges e para as crianças”.50 Durante a Primeira Guerra Mundial, as mulheres que viviam nos países envolvidos no conflito, sofreram as consequências. Enquanto os homens deslocavam-se em grande quantidade para os campos de batalha, mulheres de classe média e alta passaram a trabalhar fora de casa.51 Figura 18: Uma instrutora do Serviço Naval Real verifica a funcionalidade das máscaras de gás.

48 Ibid 49 MARX, K. O capital: Crítica da economia política. Livro I. São Paulo: Boitempo, 2013 50 ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Boitempo, 2008. 51 BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio – do avanço imperialista no século 19 aos dias atuais. São Paulo, 2013.

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No campo as mulheres ficaram responsáveis pela produção agrícola e pela criação de animais. As que viviam nas cidades foram trabalhar com transportes, e também nas indústrias, entre elas a bélica. Muitas mulheres também se dirigiram para os campos de batalha para trabalhar como enfermeiras, cozinheiras, motoristas de ambulâncias e etc. Mesmo que a Guerra tenha trazido angústia e sofrimento, ela propiciou muitas conquistas que contribuíram para a emancipação feminina. Em vários países, por exemplo, elas puderam se consolidar como profissionais e adquiriram a independência financeira.52

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“Historicamente, a maior participação da mulher na esfera extra doméstica esteve sempre ligada ao afastamento do homem por motivos de guerras. Tal fato se repetiu nas últimas duas guerras mundiais deste século, quando a mulher participou expressivamente na força do trabalho” - Branca Moreira Alves53

Figura 19 52 Ibid 53 ALVES, Branca Moreira. O que é Feminismo. São Paulo: Ed. Abril cultural: Brasiliense, 1985.

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A sociedade contemporânea apresenta uma nova composição familiar. E hoje não podemos mais falar em modelo ideal de família, mas sim em diversas composições familiares. Essas modificações se devem a vários fatores, como a entrada da mulher no mercado de trabalho, o direito ao divórcio, os métodos contraceptivos, são alguns dos aspectos que alteram a composição do núcleo familiar.54 Dessa maneira, no passado quando a mulher tinha como única responsabilidade o cuidado da casa e do núcleo familiar, além dos filhos e família, esta cuidava também dos familiares idosos, os quais já não tinham condições de trabalhar e cuidar de si sozinhos.55 Já na sociedade contemporânea o núcleo familiar se perde no momento em que a mulher decide se emancipar, e por uma trajetória cultural ela é a responsável pelos laços históricos e memórias familiares, o qual se dispersa juntamente.56 Com isso encontramos dois cenários nos dias de hoje, os filhos trazem seus pais novamente para suas casas com a chegada da idade; ou estes idosos são deixados em suas residências até o ponto em que precisam de cuidados e então, muitas vezes são deixados em casas de longa permanência, por uma indisponibilidade de tempo da família para cuidar destes.57

O idoso na sociedade e na cidade A diferença em como o idoso é visto nos diferentes tempos e entre diferentes sociedades, é o quão útil seus anciãos são. Quanto mais úteis, independentemente de como ou quanto eles possam contribuir, mais provável que a sociedade dê mais valor a eles. 54 Ibid 55 ESPÍNDOLA, Gabriela. A trajetória do poder da mulher: do lar ao mercado de trabalho. Dissertação (Mestrado), 2012. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/eudelucy/a-trajetria-do-poder-da-mulher-do-lar-ao-mercado-de-trabalho>. Acesso em: 16 março 2019. 56 MASCARO, Sonia de Amorim. O que é: Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997. 93 p. (Coleção Primeiros Passos; 310). 57 Ibid

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Em sociedades, em que as condições dos recursos eram muito escassas, e não há comida para todos os integrantes, ou sociedades em condições nômades em que não era fisicamente possível carregar idosos com dificuldades motoras, muitos eram deixados para trás, ou negligenciados sem comida e ajuda, e eventualmente acabavam morrendo ou eram encorajados a cometer suicídio por um bem maior, o grupo.58 Essas situações aconteciam em casos em que a sobrevivência era posta em primeiro lugar, sem outras opções, colocando jovens e crianças, saudáveis e que teriam mais chances de sobreviver em primeiro lugar.59

Observando outras sociedades tradicionais, muitas vezes os idosos eram muito respeitados, cuidados, e considerados valiosos. Vivendo entre seus amigos e familiares. Continuam, mesmo com a velhice, a desempenhar papéis dentro da comunidade, cuidando de seus netos, permitindo que seus filhos possam procurar por comida, ou fazer armas e cestos. Além, de ter lidado com muitas adversidades que os mais jovens 58 JARED, Diamond: How societies can grow old better. S.i.: Ted. 2013. Son., Color. Legendado. Disponível em: <https://ted.com/talks/jared_diamond_how_can_societies_can_grow_old_better>. Acesso em: 20 abr 2019 59 Ibid

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Figura 20


não vivenciaram, podendo contribuir nessas situações com um conhecimento valioso, podendo também desempenhar o papel de líderes nessas sociedades.60 Se faz então necessário, discutir como se dá a inserção do idoso em nossa sociedade, quebrar os estigmas relacionados ao envelhecimento e a velhice como algo negativo, e introduzir como uma fase da vida, em que se dão outros acontecimentos, diferentes dos ocorridos até o momento e que é apenas mais uma parte da construção da sua trajetória de vida. Isso não é apenas uma questão de conscientização da população e de uma mudança cultural, mas da aplicação de políticas públicas que possam suprir as necessidades, tanto pessoais quanto ambientais e potencializar, um grupo que em breve será a maior parcela da população brasileira. Fonte: http://www.centraldafonoaudiologia.com.br/dicas-de-saude/dia-internacional-do-idoso (20.04.2019)

Figura 21 60 JARED, Diamond: How societies can grow old better. S.i.: Ted. 2013. Son., Color. Legendado. Disponível em: <https://ted.com/talks/jared_diamond_how_can_societies_can_grow_old_better>. Acesso em: 20 abr 2019

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“Há (a) necessidade de uma nova experiência de envelhecer, na qual as pessoas tenham contato com o novo, desempenhem atividades, aprendam coisas diferentes, mantenham papéis sociais e se integrem em contextos sociais que lhes sejam significativos, de modo a manterem o sentido de VIDA. ”61

Os idosos são a marca viva da história de uma cidade, são eles que guardam as memórias de nosso passado. Essa abordagem entende que um território sem idosos é como um território sem passado, cujas marcas foram apagadas. Por isso, é necessária a inclusão destes enquanto cidadãos pertencentes a uma comunidade. A experiência e bagagem adquiridas ao longo do tempo devem ser transmitidas as próximas gerações, garantindo a troca de conhecimentos, para que a cultura jamais se perca.62 O Guia Global: Cidade Amiga do Idoso, publicação feita pela OMS, agência subordinada a ONU, com foco no bem-estar total – físico e mental – dos estados pertencentes as Nações Unidas, se baseia na ideia de Envelhecimento Ativo, que acredita que uma cidade que é amiga do idoso é aquela que permite que este envelheça ativamente, contribuindo com seus espaços, políticas públicas, serviços e estruturas de apoio.63

Fonte: https://luizandreoli.com.br/fitness-aulas-em-grupo-para-idosos/ (20.04.2019)

61 ROLIM, Flávia Sattolo; FORTI, Vera Aparecida Madruga (org.). Envelhecimento e Atividade física: Auxiliando na Melhoria e Manutenção da Qualidade de Vida. In: DIOGO, Maria José D’Élboux; NERI, Anitta Liberalesso; CACHIONI, Meire (Org.). Saúde e Qualidade de Vida na Velhice. Campinas – Sp: Editora Alínea, 2004. Cap. 3. P. 57-73. (Coleção Velhice e Sociedade). 62 JARED, Diamond: How societies can grow old better. S.i.: Ted. 2013. Son., Color. Legendado. Disponível em: <https:// ted.com/talks/jared_diamond_how_can_societies_can_grow_old_better>. Acesso em: 20 abr 2019 63 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia global: Cidade amiga do idoso. 2007. Disponível em: < http://www.who.int/ ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf. > Acesso em: 21 abr. 2019.

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Figura 22: Os benefícios da atividade física na terceira idade


Para a OMS, envelhecimento ativo, não se trata apenas da velhice, mas o curso da vida em que se pode dispor de bem-estar físico, mental e social, além de participar da sociedade de acordo com suas necessidades, vontades e capacidades. Ao ser ativo, há a continuidade da participação social, econômica, cultural, espiritual, e cívica, não apenas o desenvolvimento de atividades físicas e participação na força de trabalho.64 O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo. Manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é uma meta fundamental para indivíduos.65 “O envelhecimento ativo é o processo de otimização de oportunidades para saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas à medida que envelhecem. ”66

A abordagem do envelhecimento ativo baseia-se no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas mais velhas e nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e auto realização estabelecidos pela ONU.67 Assim, o planejamento estratégico deixa de ter um enfoque baseado nas necessidades (que considera as pessoas mais velhas como alvos passivos) e passa a ter uma abordagem baseada em direitos, o que permite o reconhecimento dos direitos dos mais velhos à igualdade de oportunidades e tratamento em todos os aspectos da vida à medida que envelhecem. Essa abordagem apoia a responsabilidade dos mais velhos no exercício de sua participação nos processos políticos e em outros aspectos da vida em comunidade.68 Existem boas razões econômicas para se implementar programas e políticas que promovam o envelhecimento ativo, em termos de aumento 64 Ibid 65 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia global: Cidade amiga do idoso. 2007. Disponível em < http://www.who.int/ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf. > Acesso em: 21 abr. 2019. 66 Ibid 67 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia global: Cidade amiga do idoso. 2007. Disponível em < http://www.who.int/ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf. > Acesso em: 21 abr. 2019. 68 ORGANIZATION, World Health. Envelhecimento Ativo: Uma política de saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2019.

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Capacidade funcional

Vida juvenil crescimento e desenvolvimento

Vida adulta manter o mais alto nível de função possível

Velhice manter a independência e prevenir deficiências

Variação da função nos indivíduos Limiar da incapacidade *

Reabilitação e garantia de qualidade de vida Idade A capacidade funcional aumenta durante a infância e atinge seu máximo nos primeiros anos da vida adulta, entrando em declínio em seguida. A velocidade do declínio, no entanto, é fortemente determinada por fatores relacionados ao estilo de vida na vida adulta. O declínio pode ser tão acentuado que resulte em uma deficiência prematura.

Observando os gastos públicos cada vez maiores com assistência médica, alguns dados disponíveis indicam que a velhice em si não está associada ao aumento das despesas médicas. O que encarece os gastos são as deficiências e a saúde precária – frequentemente associadas à velhice. Se as pessoas envelhecerem com uma saúde melhor, as despesas médicas, provavelmente, não aumentarão de modo tão rápido.70 69 Ibid 70 ORGANIZATION, World Health. Envelhecimento Ativo: Uma política de saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2019.

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Fonte: Kalache Kickbush, 1997

de participação e redução de custos com cuidados. As pessoas que se mantêm saudáveis conforme envelhecem enfrentam menos problemas para continuar a trabalhar. Atualmente, a tendência para se aposentar cedo em países industrializados é, em grande parte, o resultado de políticas que incentivaram a aposentadoria precoce. Mas, à medida que as populações envelhecem, vai haver mais pressão para que tais políticas públicas mudem – especialmente se mais e mais indivíduos atingirem a 3ª idade gozando de boa saúde, ou seja, ainda aptos para o trabalho e atividades do dia a dia.69

Gráfico 3: Manutenção da capacidade funcional durante o curso de vida


“No entanto, é quase certo dizer que os idosos em nossa sociedade estão marginalizados. Estão excluídos da produção contra sua vontade, pois não conseguem emprego; tornam-se pouco consumidores porque não tem dinheiro; consomem recursos da saúde porque adoecem, e adoecem mais porque não tem recursos para cuidar da saúde. Falar em velhice em nossa sociedade é sinônimo de morte, sofrimento e abandono. Essa sociedade marcada pela corrida ininterrupta pelo acumulo de bens e posição social rejeita o idoso à medida que ele não oferece mais a sua produtividade.” 71

Analisando o Guia pelo âmbito das cidades estudadas, este foi organizado a partir de uma série de pesquisas com diferentes grupos focais entre idosos – de 60 anos ou mais, de classe baixa e média - cuidadores, prestadores de serviço público e comercial e voluntários, abrangendo 33 cidades diferentes com diferentes contextos urbanos desde megacidades como o Rio de Janeiro e a Cidade do México a pequenos centros urbanos.72 Fonte: OMS 2007

Moradia

Transporte

Espaços abertos e prédios

Apoio comunitário e serviços de saúde

CIDADE AMIGA DO IDOSO

Respeito inclusão social

Participação social

Comunicação e informação

Participação cívica e emprego

Esquema 1: Quesitos pesquisados nos projetos cidade amiga do idoso 71 ROLIM, Flávia Sattolo; FORTI, Vera Aparecida Madruga (org.). Envelhecimento e Atividade física: Auxiliando na Melhoria e Manutenção da Qualidade de Vida. In: DIOGO, Maria José D’Élboux; NERI, Anitta Liberalesso; CACHIONI, Meire (Org.). Saúde e Qualidade de Vida na Velhice. Campinas – Sp: Editora Alínea, 2004. Cap. 3. P. 57-73. (Coleção Velhice e Sociedade). 72 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Active Ageing: A Policy Framework. 2002. Disponível em: <http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/67215/WHO_NMH_NPH_02.8.pdf >. Acesso em 25 abr. 2019

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As pesquisas incluíram oito tópicos diferentes: prédios públicos e espaços abertos, transporte e moradia – mobilidade, segurança, saúde e participação social – ambiente social, ambiente da cultura e o bem-estar mental – respeito e inclusão social – comunicação e informação, e apoio comunitário e serviços de saúde – ambientes sociais e determinantes de saúde e serviços sociais –, todos visando saber quais as características agradáveis, quais os problemas e que falta para melhorar nas cidades em que vivem.73 O objetivo do Guia, não é classificar as cidades, mas criar um material que possa ser aplicado tanto a cidades de grande porte quanto pequeno porte, com um padrão universal definido a partir da ótica dos próprios idosos, estimulando sua participação durante todo o processo – desde a sugestão das melhorias a implementação, em parceria com os agentes interessados em articular as mudanças – governos, voluntariado, setor privado e os próprios cidadãos.74 Nenhuma das cidades pesquisadas está isenta de modificações e algumas atendem a certos quesitos melhor do que as outras, no Brasil, temos alguns instrumentos legais voltados a garantia dos direitos dos idosos como o Artigo 3 e 230 da Constituição de 1988, a Política Nacional do Idoso de 1994 e finalmente o Estatuto do Idoso de 2003, estes regulam a nível nacional os direitos dos idosos, ficando a encargo das municipalidades sua aplicação a partir do cumprimento da lei.75 Porém há uma variação desta aplicação – entre municipalidades – que nem sempre atendem a população interessada. Por exemplo: o Estatuto do Idoso, Art. 1, estipula uma idade para ser considerado um idoso. Art. 1º. É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Câmara dos Deputados, 2003) 73 Ibid 74 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Active Ageing: A Policy Framework. 2002. Disponível em: <http://apps.who.int/ iris/bitstream/10665/67215/WHO_NMH_NPH_02.8.pdf >. Acesso em 25 abr. 2019 75 BRASIL. Secretaria dos Direitos Humanos. MULLER, Neusa Pivatto; PARADA, Adriana (org.). Dez anos do conselho nacional dos direitos do idoso: Repertório e implicações de um processo democrático. 2013. 538p.

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E no cap. X, Art. 39, assegura a gratuidade dos transportes coletivos para a população idosa. Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. (Câmara dos Deputados, 2003)

Primeiro, se a idade a se considerar um idoso é 60 anos, por que a gratuidade seria assegurada apenas aos 65 anos? Segundo, com o crescimento eminente da população e, portanto, de uma demanda muito maior dos benefícios oferecidos, fica clara a necessidade de políticas que sejam mais abrangentes no nível da municipalidade, dessa forma, podendo se utilizar do Guia Global: Cidade Amiga do Idoso.76 Essa aproximação é importante, pois cada município possui não apenas uma verba; mas programas, infraestruturas e problemas diferentes – que são inexistentes, ou precisam de adaptações ou precisam ser sanados – e uma população – uma demanda diferente, tanto etária quanto quantitativa – que consequentemente irá crescer nos próximos anos.77 A partir da utilização do guia, em conjunto com o poder municipal e seus cidadãos, é possível traçar um plano de ação para os próximos anos que trabalhe as necessidades a ser atendidas em relação ao crescimento previsto da população idosa naquela região.78 Ainda em consonância com os trabalhos da ONU, as ODS pretendem até 2030, alcançar 17 objetivos em prol da prosperidade do planeta, dos quais, muitos se relacionam aos checklists apresentados no Guia Global: Cidade Amiga do Idoso, sendo alguns destes:79 76 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia global: Cidade amiga do idoso. 2007. Disponível em: < http://www.who.int/ ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf. > Acesso em: 21 abr. 2019. 77 BRASIL. Secretaria dos Direitos Humanos. MULLER, Neusa Pivatto; PARADA, Adriana (org.). Dez anos do conselho nacional dos direitos do idoso: Repertório e implicações de um processo democrático. 2013. 538p. 78 Ibid 79 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2015. Disponível em: <https>//nacoesunidas.org/wp-content/ uploads/2015/10/agendas2030-pt-br.pdf> Acesso em: 25 abr. 2019.

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“Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades; ” “Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos; “ “ Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos; “ “Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação; “ “Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; “ ²

A partir de estratégias adequadas, uma agenda realista, e talvez um pouco de boa vontade do poder público e seus cidadãos seria possível, promover cidades mais inclusivas e mais adequadas para o público, tanto idoso – o retratado nesse trabalho – como qualquer outro que residir nela.

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Surgimento do Asilo

1-16 Costa, M.C.N.S. & Mercadante, E.F. (2013, março). O Idoso residente em ILPI (Instituição de Longa Permanência do Idoso) e o que isso representa para o sujeito idoso. Revista Kairós Gerontologia, 209-222.

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Figura 23: Hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro –1852 Fonte: http://www.4e20enfermarias.org.br/pt/photo-gallery (15.05.2019)

Os projetos que visam à formação de elos comunitários entre idosos devem zelar pelo direito de exercer a cidadania em todas as idades. Alguns projetos, no entanto, negam esse direito ao pregarem o isolamento e o confinamento dos idosos quanto aos espaços exteriores da cidade. É justamente contra esses projetos que surge a proposta desse estudo. Também é de suma importância que sejam mantidas atividades culturais e de lazer na rotina da nossa sociedade, que prezem pela interação do idoso com a cidade, segundo prega o Guia Global de Cidades Amigas do Idoso, já citado anteriormente. Existem diversas tipologias de comunidades para o idoso no mercado imobiliário de hoje em dia, é importante entendermos como esse perfil foi adotado ao longo da história. A primeira instituição destinada a velhos no Brasil foi numa chácara, construída em 1790, para acolher soldados portugueses que naquela ocasião encontravam-se “avançados em anos e cansados de trabalhos”, que pelos seus serviços prestados, “se faziam dignos de uma descansada velhice”.1 Como podemos ver era uma instituição restrita a soldados militares aposentados, e não a velhice em geral. Com a vinda da Família Real Portuguesa, em 1808, a casa que abrigava essas pessoas foi cedida ao médico particular do Rei e os internos foram transferidos para a Casa de Santa Misericórdia, destinada aos serviços de hospitalização da época


colonial. Fundadas e administradas por irmandades eclesiásticas, exerciam uma atividade assistencial, destinada aos doentes pobres. Mas não só os pobres se beneficiavam desses serviços, também os indigentes, forasteiros e soldados.2 Essas instituições foram esquecidas e somente depois de 47 anos foi criado o decreto de fundação do “Asilo dos Inválidos da Pátria”, após três décadas no papel, foi inaugurado em 1868 no Rio de Janeiro. Isso nos faz ver que o problema relativo às pessoas “inválidas” não era tão urgente Fonte: http://www.ibamendes.com/2013/01/a-ilha-de-bom-jesus-e-o-asilo-dos.html (15.05.2019)

Fonte: https://photos.wikimapia.org/p/00/06/64/06/60_big.jpg (15.05.2019)

na época e parece que também não incomodava a muita gente.3

Figura 24 (esquerda): Asilo dos Inválidos da Pátria, ano de 1909. Figura 25 (direita): Asilo de Mendicidade, Rio de Janeiro.

Até o século XVIII, todos os excluídos socialmente (mendigos, vagabundos, prostitutas, criminosos) eram assistidos de forma idêntica. Em nome da sociedade sadia, os muito miseráveis eram uma ameaça, pelo modo como viviam, por serem perigosos agentes propagadores de doenças. Sua livre coexistência junto aos demais segmentos da população não poderia ser tolerada e, para encaminhar tal problema, no ano de 1854, foi fundado o “Asilo de Mendicidade” destinado a abrigar essa população.4 A população muito pobre que vivia da caridade alheia tinha licença para a mendicância. Todos que fossem incapacitados para o trabalho eram incluídos nesse patamar, inclusive uma pessoa considerada velha. 5 A velhice, nessa época, já habitava as ruas da cidade. Com a abolição da escravatura, os escravos sem trabalho e muitos já com idade avançada passaram a perambular pelas ruas, engrossando a multidão de pe-

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Fonte: http://www.casasluiz.com.br/csl/index.php/5074-2/ (15.05.2019)

dintes, fato este que contribuiu para a criação das instituições asilares.6 É a partir deste contexto que surge a diferença entre velhice e mendicância, passando a existir uma nova categoria: a velhice desamparada, cuja primeira instituição a ela destinada no Rio de Janeiro, a partir de 1890, foi chamada de Asilo São Luiz.7 “Na realidade, o asilo para velhos foi criado para dar “sossego” e “repouso” àquele que já se achava cansado de tanto viver e agora aguardava seu último suspiro. Tradicionalmente, portanto, o asilo não é lugar para trabalho e, sim, para descanso. Não há registros de quando tenha começado o uso da ocupação pela população idosa asilada, mas supõe-se que tenha sido implantado por influência desses acontecimentos narrados. “ 8

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Figura 26: Asylo São Luiz para a Velhice Desamparada.

Figura 27

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No Brasil as instituições destinadas a abrigarem pessoas idosas necessitadas de lugar para morar, alimento e cuidado por período integral, sempre foram conhecidas como asilos ou albergues. Com o tempo essas denominações tornaram-se sinônimo de abandono, pobreza e rejeição, por esse motivo, passou-se ao emprego de termos eufemísticos, ainda não carregados de preconceito, tais como: abrigos a idosos, casa de repouso, clínica geriátrica, entre outros. 9 Verificou-se que a palavra asilo carregava em si uma carga negativa, sendo geralmente empregada quando referida a instituições de idosos carentes. Falar de idoso institucionalizado, ou o que mora em asilo, evoca uma imagem negativa de “pobreza” e “abandono”.10 Sabe-se hoje que existem muitas instituições particulares com assistência relativamente bem preparada para atender idosos, mas, mesmo assim, apresentam uma condição em que se articula a ideia de abandono à velhice. As instituições públicas, vinculadas ao Estado, e as que vivem de doações públicas e/ou privadas, lidam


com uma realidade muito ligada à situação financeira, e um fator em comum implicado com a ideia de abandono.11 É essa ideia de abandono percebida pela população em geral, que faz com que as pessoas, ao falarem em asilo, abrigo ou casa de repouso, pensem em uma realidade bem distante delas, ainda que esta seja uma realidade que, a cada ano, se evidencia com mais destaque, fazendo prever que, em um futuro próximo, muito mais velhos terão a necessidade de habitar tais moradas coletivas, hoje chamadas ILPIs.12

O morar em uma Ilpi

Figura 28: A solidão do idoso em uma instituição

Fonte -http://psicosolidao.blogspot.com/2012/05/v-behaviorurldefaultvmlo.html

Na atualidade, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia é quem adotou a expressão “Instituição de Longa Permanência para Idosos” para designar o tipo de instituição anteriormente chamado de Asilo. A SBGG define-a como estabelecimento para atendimento integral institucional, cujo público-alvo são pessoas de 60 anos ou mais, dependentes ou independentes, que não dispõem de condições para permanecer com a família ou em domicilio unicelular.13

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“A casa não é um espaço indiferente; nela temos nossos ‘cantos prediletos’, espaços onde sentimos que somos mais ‘nós’. Espaços onde nosso ‘eu’ experimenta o doce sabor de sermos alguém em um mundo onde reina a impessoalidade. Espaço de intimidade! “17

Talvez isso explique a difícil adaptação de um internado em uma situação, ter que se desfazer de tudo que tem significado para ele e, a partir daí, construir um novo significado para a vida, baseado na realidade do que ele é, “velho”. 18

17 Martines, M.G.S. (2008). O “morar” na velhice: expectativas ente envelhescentes. Dissertação de mestrado. São Paulo (SP): PEPGG/PUC-SP. 18 Costa, M.C.N.S. & Mercadante, E.F. (2013, março). O Idoso residente em ILPI (Instituição de Longa Permanência do Idoso) e o que isso representa para o sujeito idoso. Revista Kairós Gerontologia, 209-222.

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Figura 29 pixabay / Pexels

Ao falar do cotidiano de uma ILPI, o primeiro ponto a ser levantado é a questão do afastamento do sujeito, asilado do mundo exterior. A partir do momento em que o sujeito deixa a sua própria residência, não deixa de lado apenas seus bens pessoais, mas também significados de uma vida inteira, o que causa efeitos no emocional do internado que precisa se adaptar a uma nova realidade.14 A Instituição de Longa Permanência é um ambiente exclusivo para idosos, sendo permitidas apenas visitas controladas, o que confere um ar hospitalar ao ambiente. Além disso, muitas dessas Instituições ficam afastadas da cidade, o que diminui, se não anula, as interações urbanas que os idosos possam desenvolver. 15 A vida passada deixa com ela lembranças, objetos, pessoas, e um tempo que não volta mais. E nesse contexto, há coisas que marcam muito a vida de uma pessoa, como por exemplo, o espaço que ocupamos, que diz muito do que somos.16


“Ao longo de nossa vida, criamos hábitos, adaptamos e transformamos o nosso espaço, possuímos nossos objetos pessoais e construímos uma rede de relações. A nossa história é construída, a partir de todas essas construções simbólicas e, caso haja uma perda total ou parcial delas, para o idoso representa um corte com o seu mundo de relações e com sua história. Portanto, o idoso tem dificuldade em assumir aspectos da sua vivência, enquanto pessoa plena, isolando-se afetiva e socialmente, negando ou desvalorizando as suas capacidades. ” 19

Essa adaptação a uma nova situação marcada pela velhice leva a pessoa idosa a uma perda de posições na família, na sociedade, que é mais ainda sentida por ocasião da transferência para um asilo. A partir do momento em que o sujeito é considerado velho, novas organizações da vida são pensadas para ele, começando pelo espaço na própria casa, entre seus familiares. 20 “Pode-se afirmar, desde logo que uma das marcas da velhice é a perda de “lugares”: lugares sociais, relacionais, afetivos, econômicos e espaciais ou físicos. A perda desses “lugares” faz com que muitos idosos passem a residir - por imposição ou “opção” em espaços diversos: uma dependência isolada da casa ou, o que é bastante comum, uma casa “de repouso”, longe dos olhos dos familiares. “ 21

Essa situação está acontecendo cada vez mais frequentemente em nossa sociedade. A cada ano, mais idosos estão morando em casa de repouso, sendo tal ocorrência mais frequente em grandes cidades. Tal fato ocorre por alguns motivos, não devendo desconsiderar as mudanças ocorridas na sociedade: as mulheres, que antes ficavam em casa,

19 Lima, M.A.X.C. (2005). O fazer institucionalizado: O cotidiano do asilamento. Dissertação de mestrado. São Paulo (SP): PEPGG/PUC-SP. 20 Costa, M.C.N.S. & Mercadante, E.F. (2013, março). O Idoso residente em ILPI (Instituição de Longa Permanência do Idoso) e o que isso representa para o sujeito idoso. Revista Kairós Gerontologia, 209-222. 21 Martines, M.G.S. (2008). O “morar” na velhice: expectativas ente envelhescentes. Dissertação de mestrado. São Paulo (SP): PEPGG/PUC-SP.

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cuidando dos filhos e dos mais velhos da família, hoje trabalham fora. 22 Então, é necessário buscar um encaminhamento para essa situação, e a casa de repouso surge como um dos caminhos. O próprio idoso aceita sua condição de velho e, debilitado, dá-se conta de que não pode ficar entre os familiares, porque pode “atrapalhar”.23 Só que essa mudança na vida dos idosos, muitas vezes, traz a eles inúmeras perdas, especialmente o convívio diário com a família, um dos aspectos mais sensíveis aos idosos, quando passam a conviver em uma habitação coletiva, como o é a instituição asilar. Neste novo ambiente, eles precisam construir uma nova forma de viver, com regras, normas, horário, novos relacionamentos.24

Esse novo modo do fazer a vida, condicionado e determinado pelas instituições, acarreta algumas mudanças no comportamento dos internos, podendo distorcer sua identidade, afetando sua individualidade.25 Esse espaço que é o asilo, por motivos significativos e pela maneira de como é gerido em seu cotidiano, faz os idosos, seus residentes, se sentirem como não pertencentes ao espaço onde vivem, contrariando 22-30

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Costa, M.C.N.S. & Mercadante, E.F. (2013, março). O Idoso residente em ILPI (Instituição de Longa Permanência do Idoso) e o que isso representa para o sujeito idoso. Revista Kairós Gerontologia, 209-222.

Figura 30


o sentido de comunidade. Os residentes acabam vivendo num mundo à parte, em que perdem sua individualidade, entram em um processo de isolamento, do que resulta um mundo sem significado pessoal.26

Reorganização das Instituições

Figura 31: Idosos fazendo atividade em grupo dentro de um Residencial para Terceira Idade

Fonte: http://www.residencialdanielmendes.com.br/casa-de-repouso/

Pensando na trajetória histórica das instituições, em seu desenvolvimento e nos significados construídos no decorrer do tempo até chegar ao que elas são hoje, passamos a entender o fato de estarem ligadas à ideia de “rejeição”. Contudo, com todas as mudanças ocorridas na sociedade, gerando uma maior expectativa de vida, novas formas de organizações, essas instituições passarem a receber mais foco de atenção, visando a que sejam reestruturadas, geridas de forma mais competente e humana.27 O CEDI, desenvolveu um Guia de Orientações para Elaboração de Projeto para Criação de Instituições de Longa Permanência para Idosos. Conforme está no Guia: “ A intenção e a proposta final é de construir, equipar e manter instituições de longa permanência, que sejam refe-

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rência ao atendimento de pessoas idosas, garantindo-lhes a qualidade de vida dentro dos padrões da Política Nacional do Idoso e do Estatuto do Idoso, oportunizar aos idosos (as) em estados de vulnerabilidade serviços de atenção biopsicossocial em regime integral de acordo com as suas necessidades”.28 Ao pensar sobre uma reestruturação das instituições, algumas propostas podem ser colocadas, como, por exemplo, a de incluir atividades que despertem o interesse dos internos, contrariando uma das características de caráter negativo sobre aquele lugar - é preciso reverter isso em práticas que preencham o tempo ocioso de seus moradores.29

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“A atividade do fazer humano é essencial ao equilíbrio físico, psicoemocional e social do idoso, na medida em que favorece o continuar vivendo, mesmo que fatos negativos possam interpor-se ao processo de envelhecimento. Estimula-o a continuar a fazer planos, estabelecer os contatos sociais, tornando-o ativo, participante de sua comunidade, autônomo, aos olhos da sociedade, um velho sem o estigma de velho. ”30

Figura 32

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O tempo ocioso desses idosos e o não fazer atividades traz a eles grandes perdas, dentre elas, a própria saúde. “Evidências demonstram que o não fazer é nocivo à saúde do idoso, podendo levá-lo ao declínio de sua capacidade física, por causar uma incapacidade funcional, pelo “desuso” das funções do corpo, atingindo as atividades de vida diária e de vida prática. Consequentemente, acaba por levá-lo ao desconhecimento de seu corpo e de si mesmo, expondo-o a uma maior vulnerabilidade às enfermidades. “ 31

O fazer no processo de envelhecimento dará ao idoso um suporte para novas criações, como também um melhor enfrentamento no processo de envelhecimento, fortalecendo a autoestima. Seria viável pensar em formas de reestruturação das instituições, com o intuito de atender melhor esses idosos. Pensar a vida em comunidade, como forma de minimizar a exclusão social principalmente dos idosos, é uma questão que precisa ser refletida pela sociedade. 32 A necessidade de se reverem os conceitos relacionados à velhice e ao envelhecimento, fica clara nesse contexto, sendo de suma importância incluir a questão de novas formas de organização para o morar dos idosos. A falta de esclarecimento e toda uma trajetória histórica que constituiu socialmente o significado de ser velho formaram uma visão de velho como um ser debilitado e sem lugar de direito, em uma sociedade baseada na produção e no consumo, o que reflete também nas condições de moradia desses idosos.33 Os idosos acabam aceitando o estigma social, inclusive por estarem ali, isolados em um ambiente que, na maior parte das vezes, não escolheram ou não optaram por ele como lugar de sua velhice. Isso também se reforça se considerarmos a forma como as instituições desenvolvem as atividades diárias oferecidas aos internos: não há uma variação des31 Lima, M.A.X.C. (2005). O fazer institucionalizado: O cotidiano do asilamento. Dissertação de mestrado. São Paulo (SP): PEPGG/PUC-SP. 32 Costa, M.C.N.S. & Mercadante, E.F. (2013, março). O Idoso residente em ILPI (Instituição de Longa Permanência do Idoso) e o que isso representa para o sujeito idoso. Revista Kairós Gerontologia, 209-222. 33 Lima, M.A.X.C. (2005). O fazer institucionalizado: O cotidiano do asilamento. Dissertação de mestrado. São Paulo (SP): PEPGG/PUC-SP.

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sas atividades, nem uma especificação de acordo com as possibilidades físicas e intelectuais de cada um. Com esse tempo ocioso que é gerado, é causada inclusive uma sensação de abandono, de impotência, de incapacidade diante da vida.34 Sabemos que as profundas mudanças sociais por que passou a sociedade, e continua passando, vêm alterando a estrutura familiar. Embora grande parte da população concorde que o melhor lugar para o idoso seja ao lado da família, as condições vividas pelas famílias, principalmente nas grandes cidades, acabam acarretando o acolhimento dos idosos em instituições.35 Diante dessa situação que é crescente, é necessário pensar novas formas de inclusão desses idosos em instituições, deixando de lado todo o estigma construído para designar a condição de idoso, que no caso em questão ainda é “asilado”.36 Uma reestruturação das diversas instituições se faz necessária, visando a se obter uma melhor qualidade de vida, digna e autônoma para o segmento idoso residente nas mesmas. Nesse contexto, novos conceitos deverão ser trabalhados; questões como estas têm que ser discutidas e refletidas, pois é interesse de todos poder planejar seu futuro como idosos. 37

34 Ibid 35-37

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Costa, M.C.N.S. & Mercadante, E.F. (2013, março). O Idoso residente em ILPI (Instituição de Longa Permanência do Idoso) e o que isso representa para o sujeito idoso. Revista Kairós Gerontologia, 209-222.


Cohousing

Fonte: https://envelhecer.pt/envelhecimento/cohousing-solucao-envelhecer-os-amigos/

Fonte: https://julia.pt/2016/06/29/cohousing-nova-forma-viver/

O conceito de Cohousing, em português Co-lares, ultrapassa simplesmente ser uma habitação ou um condomínio, é uma vizinhança que funciona. Tem a proposta de reestabelecer muitas das vantagens das vilas tradicionais, acoplado ao contexto da vida no século 21. É uma comunidade redefinida. Os residentes voluntariam seu tempo por conta de seu comprometimento e seu próprio desejo por um meio de morar mais satisfatório.38

Figura 33 (esquerda): Exemplo de disposição de Comunidade Cohousing. Figura 34 (direita): Comunidade Cohousing.

Comunidades Cohousing são pequenas vizinhanças planejadas, possuídas e gerenciadas por seus próprios moradores. Essas comunidades normalmente incluem residências aglomeradas em torno do terreno. Cada casa é privada, mas os residentes coletivamente possuem amplas instalações, como cozinha, refeitório, jardins, escritórios e academia. Seus residentes da Cohousing enxergam sua vizinhança como um tipo de extensão da sua própria família.39 Conhecido por ser uma alternativa ao modelo de habitat tradicional, o modo de morar Cohousing surgiu em meados da década de 70 na Dinamarca e vem se espalhando em vários países da Europa e Amé38 DURRETT, Charles; MCCAMANT, Kathryn. Creating Cohousing: Building Sustainable Communities. Estados Unidos: New Society Publishes, 2011. 39 CHAPIN, Ross. Pocket Neighborhoods: Creating Small-Scale Community in a Large-Scale World. Estados Unidos: Taunton Press, 2012.

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“Não apenas casas para pessoas, mas casas por pessoas” – Jan Gudman-Hoyer, organizador da primeira cohousing dinamarquesa

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DURRETT, Charles; MCCAMANT, Kathryn. Creating Cohousing: Building Sustainable Communities. Estados Unidos: New Society Publishes, 2011.

41

CHAPIN, Ross. Pocket Neighborhoods: Creating Small-Scale Community in a Large-Scale World. Estados Unidos: Taunton Press, 2012.

42-45

DURRETT, Charles; MCCAMANT, Kathryn. Creating Cohousing: Building Sustainable Communities. Estados Unidos: New Society Publishes, 2011.

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Fonte: https://naturobarigui.com.br/cohousing-como-funcionam/

rica do Norte. A proposta que norteia esse tipo de comunidade assim como os princípios projetuais são, segundo McCamant e Durret, a promoção de interação entre os seus moradores e o desenvolvimento de um forte senso de comunidade, que devem ser fortalecidos desde planejamento inicial do habitat até a sua construção final.40 Uma questão bastante reforçada pelos moradores dessas comunidades, é que estas se diferem das comunidades hippies de 1960, pois não há renda compartilhada, não há mesma religião ou crenças políticas, além das residências serem privadas. Porém muitos de seus valores são similares: possuem o desejo de um estilo de vida mais social, pensando na sustentabilidade, tendo abordagens cooperativas para tomada de decisão e divisão de responsabilidades.41 Embora suas estruturas sociais pareçam alternativas, a coabitação está ganhando espaço na cultura dominante como uma opção viável para a vida, com comunidades surgindo em ambientes urbanos, suburbanos e rurais em todo o mundo.42

Figura 35: Interação dos moradores em uma Cohousing Intergeracional


Origens Dinamarquesas

Figura 36: Modelo de Cohousing tradicional da Dinamarca.

Acredita-se que a Cohousing tenha se originado na Dinamarca nos anos 1960, mas formas relacionadas à habitação coletiva surgiram na mesma época na Suécia e na Holanda, derivadas de uma tradição socialmente receptiva de moradia compartilhada em toda a Europa setentrional que existe a centenas de anos.43 Em meados da década de 1960, a maioria das opções de moradia dinamarquesa eram casas e apartamentos unifamiliares isolados. Com muitas mulheres indo trabalhar fora de casa depois da Segunda Guerra Mundial, as crianças eram deixadas sozinhas em casa.44 Com esses acontecimentos, o arquiteto Jan Gudmand-hoyer apresentou ideias para a convivência cooperativa e reuniu os primeiros grupos para a construção de um coletivo habitacional, integrando o cuidado infantil e o contato social. As primeiras comunidades dinamarquesas apresentavam cerca de 30 casas anexas e isoladas, juntamente com uma casa comum compartilhada por todos. Carros e estacionamentos ficavam do lado de fora, deixando um ambiente de pedestres completamente seguro para as crianças.45

Fonte: https://www.casacompartilhada.com.br/post/cohousing-o-que-e-e-como-funciona/

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Cohousing evoluiu das comunidades dinamarquesas iniciais, mas em todas elas a participação dos moradores é um ingrediente fundamental. O futuro dos moradores de uma comunidade deve estar envolvido no processo de planejamento e projeto desde o início.46 Embora um arquiteto possa fornecer uma visão técnica, a participação dos residentes garante que suas necessidades, desejos e prioridades específicos sejam abordados. De todo seu trabalho duro em conjunto, surge um sentimento de orgulho e propriedade que não aconteceria em um projeto típico de desenvolvimento.47

Cohousing na América Katy McCamant conheceu uma Cohousing pela primeira vez como uma estudante de arquitetura na Dinamarca em 1980. Ao descrever a experiência, “Parecia uma abordagem tão óbvia para a moradia que presumi que a maioria dos arquitetos americanos já sabia sobre ela. Eu presumi errado”. Alguns anos depois, ela e seu marido, o arquiteto Chuck Durrett, voltaram à Dinamarca para um olhar mais atento.48 Embora o modelo de habitação Cohousing tenha alcançado aceitação no norte da Europa, esta opção de habitação pede aos moradores que pensem de forma cooperativa - um desafio ao individualismo dominante de muitos americanos. No entanto, para um número crescente de pessoas, essa escolha de estilo de vida é exatamente o que eles estão procurando.49 Um princípio fundamental da Cohousing é envolver os residentes no processo de planejamento, mas a maioria das pessoas, no entanto, sabe muito pouco sobre desenvolvimento e construção, portanto, o processo pode ser prejudicado. Por causa disso, McCamant e Durrett descobriram que precisavam se tornar organizadores comunitários e facilitadores, assim como arquitetos, para concretizar sua visão.50 46

DURRETT, Charles; MCCAMANT, Kathryn. Creating Cohousing: Building Sustainable Communities. Estados Unidos: New Society Publishes, 2011.

47 Ibid 48-50

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CHAPIN, Ross. Pocket Neighborhoods: Creating Small-Scale Community in a Large-Scale World. Estados Unidos: Taunton Press, 2012.


Fonte: http://www.cohousingco.com/mountain-view/ h46583e7n8kzux7detsflgkp2sr6ol

Figura 37: Mountain View Cohousing – McCamant & Durrett Architects

As comunidades Cohousing se estruturam de forma física como um conjunto de moradias autônomas e próximas, com espaços de uso comum localizados em uma Casa Sede, que possuem sempre áreas para refeição e lazer, destinados para o uso comum dos moradores da comunidade. Costumam também ser adotadas soluções ambientais que visam reduzir a pegada ecológica. Cada casa particular é uma residência mínima, porém completa em si, que conta com quarto, sala integrada a cozinha e banheiro. Áreas como lavanderia, sala de visita, área para refeições, e outras áreas comuns destinam-se ao uso de toda a comunidade. Suplementam assim as áreas privadas e incentivam o convívio de seus moradores.51

Fonte: http://www.cohousingco.com/mountain-view/ pr9hklccawiayfioq832y5ffafl1jz

Figura 38: Mountain View Cohousing – McCamant & Durrett Architects 51

DURRETT, Charles; MCCAMANT, Kathryn. Creating Cohousing: Building Sustainable Communities. Estados Unidos: New Society Publishes, 2011.

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Estrutura de uma Cohousing Os desenvolvimentos de uma Cohousing variam em tamanho, localização, tipo de propriedade, design e prioridades. No entanto é possível identificamos três características comuns: • Processo participativo: os moradores organizam e participam do planejamento da Cohousing; • Comunidade Facilitada: O design físico estimula um forte senso de comunidade; • Extensas instalações comuns: Uma parte integrante da comunidade, áreas comuns são projetadas para uso diário, para complementar as áreas de vida privadas.53 Nenhum desses elementos é único, mas a combinação consistente de todos é, especialmente em combinação com uma intenção consciente de responder às realidades do estilo de vida do século XXI. Esses elementos tornam a Cohousing única. Cada característica constrói e contribui para o sucesso do todo. Embora essas características estejam consistentemente presentes, suas aplicações são diversas.54 52-59

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CHAPIN, Ross. Pocket Neighborhoods: Creating Small-Scale Community in a Large-Scale World. Estados Unidos: Taunton Press, 2012.

Fonte: http://www.cohousingco.com/silver-sage/ mm87u032ux7dqhg160lvth89ges877

Para eles, o centro de todas as comunidades Cohousing é a Casa Comum, um espaço amplo e multifacetado para a comunidade, por conta disso escreveram alguns pontos chave para o bom funcionamento da mesma, são eles: • Localização. O melhor local para uma sede é em um local de passagem, foco das idas e vindas diárias, tipicamente entre o acesso e as residências. • A vista. Quando as pessoas conseguem ver o que está acontecendo, se sentem motivadas a participar. • Local com sol. Posicionar um jardim ou área de estar externa ao redor da Casa Comum, cria um lugar convidativo e agradável para estar e ajuda a tecer atividades internas e externas.52

Figura 39: Silver Sage Village – McCamant & Durrett Architects


Fonte: http://www.cohousingco.com/nevada-city/ hdznn2987eco6l7jvj76pg3nm19hm7

Fonte: http://www.cohousingco.com/nevada-city/54wad5yyfdxcyhdy3ady1o40cbt7bi

Cada comunidade é diferente (e similar ao mesmo tempo) porque cada uma foi desenvolvida pelos residentes para atender às suas necessidades e desejos particulares.55 Embora uma Cohousing incorpore muitas das qualidades das comunidades tradicionais, ela oferece uma abordagem distintamente contemporânea, o design se adaptou à nossa sociedade. Os residentes desfrutam dos benefícios de viver com um grupo diversificado de pessoas, mas podem escolher quando e com que frequência participar de atividades comunitárias.56

Figura 40 (esquerda): Nevada City Cohousing– McCamant & Durrett Architects. Figura 41 (direita): Nevada City Cohousing– McCamant & Durrett Architects.

Vivendo em uma Cohousing Depois de um longo dia no trabalho, pode ser um alívio caminhar até a sede para um jantar quente com sua família e amigos. Mas e nas ocasiões em que você quer um tempo sozinho? Para muitos moradores, é uma escolha diária. Uma noite, você pode estar preparando o jantar para outras famílias, mas na noite seguinte você preferiria ver um filme em frente à televisão.57 Em nossa cultura contemporânea, a privacidade é uma alta prioridade para muitos lares. É bom poder fechar a porta para as tensões

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do mundo exterior. No entanto, o desejo de um senso de comunidade também pode ser muito forte. Os defensores da coabitação trabalharam para encontrar um equilíbrio entre os dois.58 O nível e a intensidade do envolvimento da comunidade variam de um grupo para outro e raramente há regras para o quanto estar envolvido. É mais uma questão de escolha pessoal e tolerante às escolhas que os outros fazem.59 Essencialmente, no entanto, Cohousing é um estilo de vida voltado para questões sobre a comunidade. É sobre compartilhar, trabalhar e tomar decisões juntos. Fonte: http://www.cohousingco.com/stillwater/56d8ujdqcqf vruliurt1kwhn123lji

Figura 42: Oak Creek Senior Cohousing– McCamant & Durrett Architects

Dentro das Cohousing o pensamento de comunidade é o ingrediente ‘secreto’ para viver uma vida mais leve. Os moradores têm a liberdade de escolher quando e com qual frequência irão participar das atividades propostas. Estes possuem a tranquilidade de morar em um local onde eles sabem quem são seus vizinhos e assim sentem-se mais seguros.60 Independentemente de ser um Cohousing intergeracional ou destinado apenas para um público (jovens, famílias ou idosos), os cuidados mútuos e compartilhados, facilitados pelos vínculos relacionais somados à proximidade física, alcançam assim maior qualidade de vida.61 60 DURRETT, Charles; MCCAMANT, Kathryn. Creating Cohousing: Building Sustainable Communities. Estados Unidos: New Society Publishes, 2011. 61 LUBOCHINSKI, Lilian Avivia. Lilian Avivia Lubochinski: arquitetura para idosos, sim senhor! Disponível em: <https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/lilian-avivia-lubochinski-arquitetura-para-idosos-sim-senhor/>. Acesso em: 06 maio 2019.

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Sênior Cohousing

Fonte: http://www.jmh-architect.com/index.cfm? fuseaction=greenhome&projectid=44

Fonte: https://khn.org/news/for-active-seniors-cohousing -offers-a-cozier-alternative-to-downsizing

Sênior Cohousing segue os mesmos conceitos das comunidades Cohousing e modifica-os de acordo com as necessidades específicas dos idosos. O resultado é um condomínio que convida ao envolvimento, cooperação e amizade - uma recriação de tempos antigos, quando as participações da comunidade eram vistas como uma parte essencial da saúde social, mental e física.62 Em suma, o Senior Cohousing é semelhante ao modelo de Cohousing Intergeracional, com modificações nas opções de design a serem tomadas, pois estas devem ser apropriadas para os idosos, além de acordos cuidadosos entre os moradores com relação aos cuidados e limites que devem ser tomados.63

Figura 43 (esquerda): Glacier Circle: A primeira Senior Cohousing na America Figura 44 (direita): Glacier Circle: Adaptado para Idosos.

Mas antes de discutirmos as especificidades dessas modificações, um pouco do processo até aqui deve ser visto. Afinal, não podemos saber para onde estamos indo, antes de sabermos onde estivemos.64

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DURRETT, Charles; MCCAMANT, Kathryn. Creating Cohousing: Building Sustainable Communities. Estados Unidos: New Society Publishes, 2011.

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Surgimento das Senior Cohousing Os dinamarqueses abordaram pela primeira vez a habitação para idosos de baixa renda em 1900, quando converteram um mosteiro velho em habitação para os idosos. Lá, muitas pessoas dormiam em pequenos cubículos em dormitórios, um arranjo primitivo mais adequado a monges ou estudantes, do que a idosos. No entanto, os moradores se uniram e desenvolveram um sistema de apoio mútuo que funcionou muito bem. Muitos dos moradores se recusaram a se mudar, quando mais tarde ofereceram moradias fisicamente substanciais.65 Em 1933, foi aprovada legislação que permitia que antigas casas de trabalho fossem convertidas em residências para idosos. Infelizmente, essas instalações eram muito precárias. Depois da Segunda Guerra Mundial, casas de repouso privadas foram construídas, principalmente para os doentes crônicos, e todos os idosos receberam uma pequena pensão.66 Nesse meio tempo, os dinamarqueses reformaram seu sistema de seguridade social. Em 1976, eles colocaram casas de repouso e moradias para idosos sob um único cuidado. O que era uma boa ideia no papel, deu terrivelmente errado na prática: os idosos que se mudaram para residências apoiadas pelo estado perderam suas pensões e passaram a receber apenas uma pequena mesada mensal.67 Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/silver-sage/

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Figura 45: Silver Sage Senior Cohousing


Figura 47 (direita): Wolf Creek Cohousing.

Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/

Figura 46 (esquerda): Residentes da Silver Sage Cohousing.

Todo o sistema precisava de uma revisão geral e, em 1979, o governo formou um grupo de assessores, o Comitê Sênior Nacional, para melhorar a abordagem geral do país a questões importantes. Houve a conscientização para contrariar a visão de que os idosos são apenas pessoas velhas e frágeis, e que são um fardo para o Estado. Esse grupo defendeu que os idosos são membros produtivos e valiosos da sociedade e ajudaram a imaginar e conceber formas de mantê-los produtivos e conectados.68 Na Dinamarca, há apoio do governo para que os indivíduos permaneçam em sua casa particular à medida que envelhecem. O governo entrega medicamentos e comida, e fornece cuidados pessoais. Então, quando as pessoas se mudam para uma comunidade Cohousing, elas estão, na verdade, complementando seus serviços públicos com aqueles que serão fornecidos por seus vizinhos.69 É por isso que, mesmo na Dinamarca, as pessoas escolhem viver em Sênior Cohousing versus permanecer em suas casas unifamiliares. O atendimento domiciliar está em declínio na Dinamarca, mais uma razão pela qual este modelo de habitação está se tornando cada vez mais popular por lá.70

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Charles Durrett e Kathryn McCamant, precursores deste modelo de habitação nos Estados Unidos, realizaram uma pesquisa com um Grupo de Estudo composto por diversos idosos, com o objetivo de tornar nítidas as oportunidades, os desafios e as dificuldades do termo “Aging in Place”, em português “Envelhecimento no Local”, e as vantagens que o envelhecimento na comunidade oferece em comparação com as alternativas.71 Historicamente, “Aging in Place” significava que as pessoas viviam e morriam em sua própria casa com membros da família lá para cuidar deles. Hoje, pode ter este significado, ou pode significar envelhecer e morrer sozinho em casa, na qual você criou seus filhos.72 É meramente sobre viver em um local, tão bem quanto possível pelo maior tempo possível.

Porque uma Senior Cohousing?

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74

JOHNSON, Cat. Aging Better Together. Disponível em: <http://www.secondjourney.org/itin/12_Sum/12Sum_ Glass.htm>. Acesso em: 15 maio 2019.

Figura 48: Convívio entre os idosos da Oakcreek Senior Cohousing. Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/stillwater/

Nos dias de hoje sabemos muito pouco sobre o papel dos amigos e vizinhos mais velhos, em relação a ajudar e apoiar uns aos outros. Em vez disso, nossa sociedade concentrou-se em supor que a velhice é um tempo de dependência, quando estes só podem estar recebendo ajuda.73 Assumimos que a família será responsável por fornecer esse cuidado quando for necessário, porém há pelo menos dois problemas com essas suposições. Primeiro, essa imagem da velhice não se encaixa na realidade. Nem todas as pessoas idosas são dependentes; a maioria terá muitos anos em que estão saudáveis e ativamente engajados na vida. Simultaneamente, eles podem ter mais tempo livre do que em qualquer outro momento de suas vidas para gastar como quiserem. Eles querem ter um senso de significado e propósito na vida.74


Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/stillwater/

Figura 49: Parte interna de habitação da Wolf Creek Lodge

Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/mountain-view/

Figura 50: Mountain View Cohousing

A segunda questão é que, quando chegar o dia em que a ajuda se faz realmente necessária, nem todos os mais velhos podem depender de seus familiares para prestar cuidados - seja porque não são próximos (física ou emocionalmente ou ambos), ou simplesmente porque não possuem famílias.75 O conceito de idosos ajudando a cuidar uns dos outros, oferece uma maneira de fornecer cuidados fora das estruturas institucionais ou tradicionais. Ele abre a possibilidade de prestação de apoio mútuo que incentive e permita a independência em idades mais avançadas. Estabelecer o delicado equilíbrio entre independência e aceitar ajuda quando necessário é um dos desafios que muitas vezes vem com a idade.76 Essas comunidades têm o potencial de enriquecer a vida dos moradores de várias maneiras. As comunidades Cohousing são projetadas fisicamente com espaços comuns compartilhados para facilitar o contato social. O design promove um senso de comunidade e apoio mútuo, conceito que assume ainda mais significado para os mais velhos, quando percebem que dar assistência pode ser tão gratificante quanto recebê-lo.77 A “solidariedade no envelhecimento” adquirida ao viver em uma comunidade só de idosos, ajuda as pessoas a aceitarem seu próprio envelhecimento e incentiva a disposição entre muitos moradores de considerar e discutir questões de envelhecimento. Eles escolheram propositalmente viver em uma comunidade só para terceira idade.78 A ideia é ajudar os residentes a estabelecerem conexões mais próximas em um ambiente

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Fonte: http://www.cohousingco.com/ view-communities#/stillwater/

mutuamente benéfico. Para os idosos, esse tipo de interação pode ser um ponto decisivo para sua saúde física e emocional.79 Em resumo, a Senior Cohousing mecla hábitos antigos e ideais contemporâneos. Especialistas apontam que viver em um cohousing favorece a qualidade de vida dos idosos. Porém, exige novo comportamento, focado no desapego e em processos de cooperação.80

Figura 51: Oak Creek Senior Cohousing

79 LAKE, Rebecca. Cohousing Options for Seniors. Disponível em: <https://www.thebalance.com/cohousing-options-for-seniors-4174304>. Acesso em: 15 maio 2019. 80 VALENTE, Laura. Modelo de habitação cohousing sênior. 2019. Disponível em: <https://www.uai.com.br/app/noticia/ saude/2019/02/11/noticias-saude,241377/modelo-de-habitacao-cohousing-senior.shtml>. Acesso em: 15 maio 2019.

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78 Manuel Aguiar / Archdaily


Referências Projetuais As referências projetuais analisadas a seguir, foram selecionadas de modo a ilustrar o caminho percorrido ao longo do período de desenvolvimento projetual. Cada qual com o objetivo de mostrar pontos chave que foram usados como referência para a tomada de decisões no projeto e consolidação da Senior Cohousing, o resultado arquitetônico.

Lar Residencial Torre Sénior

Figura 52: Lar Residencial Torre Sénior: Vista Lateral Externa

Atelier d’Arquitectura J. A. Lopes da Costa Santo Tirso, Portugal 2013

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Situado em Portugal, mas especificamente na área urbana da cidade de Santo Tirso, o projeto do Lar Residencial Torre Sénior, é uma unidade residencial para pessoas idosas, na qual os residentes podem ficar apenas por um período de tempo ou escolher permanência fixa.1 Um espaço moderno, amplo e funcional construído a partir do zero com todas as facilidades que o tempo e a tecnologia atual oferecem, uma equipe multidisciplinar e qualificada e um sistema adequado de controle e monitoramento permitem que a Torre Sénior aceite pessoas com diferentes estados de saúde ou autonomia. Uma resposta adequada às necessidades e expectativas de cada residente e família.2 O projeto deste lar residencial é composto por 60 quartos (de três tipologias distintas) com áreas destinadas à direção e serviços administrativos, instalações para o pessoal, áreas de convívio e atividades, refeições, áreas de serviço (cozinha, copa, lavandaria e apoios), áreas de Saúde e de Hidroterapia, e por fim, áreas técnicas, áreas de armazenagem e garagem.3 Para um ambiente aconchegante e confortável utilizou-se muita madeira, capaz de resultar em uma arquitetura mais doméstica e próxima do cotidiano dos usuários. Além disso, esses materiais permitem uma linguagem direta com o local em que está situado.4 A forma do terreno (triangular na área da construção) e sua forte inclinação condicionaram bastante a proposta, tendo-se optado por projetar um edifício constituído por 2 volumes, perpendiculares entre si, formando uma espécie de “T”.5 O volume mais longo (a sul), onde se situam as áreas de utilização comum, zonas administrativas e a maior parte dos quartos, dispõe-se paralelamente à pendente, encaixando-se no terreno e tirando partido da exposição solar a sul e da vista sobre o rio. 1

BARATTO, Romullo. Edifício residencial para idosos. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-da-costa>. Acesso em: 10 maio 2019.

2 Ibid 3

COSTA, Lopes da. Torre Sénior. Disponível em: <http://torresenior.pt/pt/torre-senior/>. Acesso em: 10 maio 2019.

4

BARATTO, Romullo. Edifício residencial para idosos. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-da-costa>. Acesso em: 10 maio 2019.

5

COSTA, Lopes da. Torre Sénior. Disponível em: <http://torresenior.pt/pt/torre-senior/>. Acesso em: 10 maio 2019.

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Figura 53 (superior esquerda): Lar Residencial Torre Sénior: Vista Externa Figura 54 (superior direita): Lar Residencial Torre Sénior: Circulação Interna Figura 55 (inferior esquerda): Lar Residencial Torre Sénior: Fachada principal Figura 56 (inferior direita): Lar Residencial Torre Sénior: Tipologia do quarto


Manuel Aguiar / Archdaily


Archdaily

Figura 57: Lar Residencial Torre Sénior: Implantação

Figuras 58 e 59: Lar Residencial Torre Sénior: Cortes

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Manuel Aguiar / Archdaily

Figura 60 (esquerda): Lar Residencial Torre Sénior: Hidroterapias Figura 61 (direita): Lar Residencial Torre Sénior: Vista Externa

O segundo volume (a oeste), possui 3 pavimentos, 2 acima da cota do terreno e 1 abaixo, totalmente enterrado, onde se localiza a garagem.6 O edifício surge mais fechado e contido a norte (para a rua) e bastante aberto e envidraçado a sul sobre o vale.7 No pavimento da entrada (térreo) foram localizadas todas as áreas de recepção e atividades, estar e convívio, refeitório e serviços de apoio. A oeste, a área de Saúde com gabinete médico, enfermagem, fisioterapia, ginásio, piscina interior (para hidroterapia e lazer) e instalações de apoio.8 Após o entendimento e análise sobre o projeto do Lar Residencial foi possível enxergar pontos que iriam agregar a proposta que estava sendo trabalhada por mim, e também perceber quais peculiaridades não fariam sentido acontecer. O maior aspecto positivo que pode ser identificado no projeto foi o programa arquitetônico contido e a organização do mesmo ao longo dos pavimentos. Por se tratar de uma habitação para o público idoso, existem muitas especificidades que devem ser vistas, como por exemplo a área de saúde, questões de acessibilidade e organização interna dos ambientes. Foi importante observar todas essas necessidades, para que na execução da Senior Cohousing este aprendizado pudesse ser aplicado. Outro aspecto observado, o qual não se adequa a proposta que está sendo buscada na disciplina projetual é a forma como o edifício foi posicionado juntamente a declividade do terreno, impedindo que existam jardins e áreas de caminhada e convivência externas, pontos fundamentais para a concepção de uma comunidade cohousing. 6 Ibid 7 Ibid 8 Ibid

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Fonte: https://www.burokade.nl/projecten/zorgwijk-de-hogeweyk/

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Hogeweyk

Molenaar&Bol&VanDillen Weesp, Holanda 2009

Como uma forma alternativa de tratar os vários tipos de demência, foi construído na Holanda, o centro Hogeweyk, uma vila feita especialmente para os pacientes dessa doença tão complicada. A vila inaugurada em 2009 foi criada para ser um ambiente seguro onde as pessoas possam circular de forma livre e viver suas vidas normalmente. Com 23 casas, o projeto financiado pelo governo holandês e organizações locais, atende mais de 150 idosos diagnosticados com demência e Alzheimer.9 Existem diferentes tipos de demência. Classificadas entre reversíveis e irreversíveis (também conhecidas como degenerativas), a principal delas é a doença de Alzheimer, perda de memória gradativa. A demência também causa dificuldade de comunicação, organização e orientação nas pessoas, além de paranoias e alucinações.10 Figura 62 (superior): Hogeweyk: Vista externa Figura 63 (inferior): Hogeweyk: Pátio Interno

9

CAIRES, Ana Julia. Vila é construída na Holanda para pessoas com Demência e Alzheimer. Disponível em: <https://www.hometeka.com.br/f5/vila-e-construida-na-holanda-para-pessoas-com-demencia-e-alzheimer/>. Acesso em: 15 abr. 2019.

10 Ibid

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11 Ibid 12 KADE, Buro. Hogeweyk. Disponível em: <https://www.burokade.nl/projecten/zorgwijk-de-hogeweyk/>. Acesso em: 15 jun. 2019. 13 Ibid

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Figura 64 (superior esquerda): Hogeweyk: Residente Figura 65 (superior direita): Hogeweyk: Vista externa Figura 66 (inferior esquerda): Hogeweyk: Supermecado dentro da vila Figura 67 (inferior direita): Hogeweyk: Paciente e enfermeira

Fonte: https://www.burokade.nl/projecten/zorgwijk-de-hogeweyk/

Assim, é necessário estar sempre com os pacientes para ajudá-los em determinadas tarefas, bem como para que eles não saiam sozinhos e não corram o risco de se perderem, pois isso pode prejudicar sua saúde mental e física.11 Com uma estrutura confortável e segura, a vila contém parques, um restaurante, bar, teatro e mercearia. Segundo o escritório de arquitetura: “a arquitetura da vila busca se conectar aos desejos dos residentes”. Assim, os interiores possuem diferentes estilos arquitetônicos: enquanto o restaurante e o supermercado são mais modernos e sóbrios, os apartamentos seguem uma decoração mais clássica, com móveis acolchoados e coloridos de madeira, vasos de planta, lustres e abajures de chão.12 Dentro da vila, os funcionários se vestem com roupas casuais para eliminar qualquer aparência de clínica ou asilo. Com isso, muitos moradores os tratam como vizinhos e amigos. Os médicos e enfermeiros são instruídos para fazer da experiência dos idosos o mais próximo da realidade possível.13 Analisar o desenvolvimento e a forma de pensar no idoso neste projeto, foi extremamente esclarecedor e agregador para minha concepção de projeto. Trazer equipamentos do dia a dia, como supermercado, restaurante e lojas para dentro do complexo é um partido muito interessante, por proporcionar a sensação do pertencimento a sociedade para o idoso residente do local. Outro fator marcante na concepção do projeto é uso de mobílias que remetem ao passado, trazendo as lembranças das casas dos idosos, enquanto a construção em si possui um desenho mais moderno, o que de fato acontece nas cidades, essa pluralidade de períodos arquitetônicos.

Figura 68: Hogeweyk: Mobília interna


Fonte: Awebic Fonte (64/66/67): https://www.burokade.nl/projecten/zorgwijk-de-hogeweyk/


Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/port-townsend/

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Quimper Village Senior Cohousing

Durrett Architects Port Townsend, Washington - US 2016

Figura 69 (superior): Quimper Village: Vista externa Figura 70 (inferior): Quimper Village: Vista externa residências

A Quimper Village é uma comunidade Senior Cohousing, localizada na cidade de Port Townsend, cidade vitoriana e artística de Washington.14 Localizada em uma área de 6 acres no centro da cidade, a comunidade possui 28 unidades. Além das instalações comuns, outras comodidades compartilhadas, incluem um celeiro, uma oficia e um jardim comunitário.15 14 ARCHITECTS, Mccamant & Durett. Quimper village senior cohousing. Disponível em: <http://www.cohousingco.com/view-communities#/port-townsend/>. Acesso em: 20 abr. 2019. 15 Ibid

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Projetada e executada pelo escritório de Kathryn McCamant e Charles Durret, precursores do modo de morar Cohousing nos Estados Unidos, o projeto e as necessidades foram elaborados juntamente a seus futuros moradores.16 “ Nossa declaração de visão é que somos um grupo de casais e indivíduos que vivem em um desenvolvimento de coabitação a qual atende às nossas necessidades de vida e envelhecimento com

Figura 71 (superior esquerda): Quimper Village: Perspectiva do arquiteto Figura 72 (superior direita): Quimper Village: Perspectiva do arquiteto Figura 73 (inferior esquerda): Quimper Village: Implantação Figura 74 (inferior direita): Quimper Village: Tipologia com 2 quartos

sucesso, enquanto enriquece nossas vidas privadas. Enquanto vivemos juntos, nos esforçamos para manter o respeito e a consideração uns pelos outros, entendendo que construir comunidades é um processo fluido e evolutivo para o qual cada um de nós contribui. “ Morador da Senior Cohousing Quimper Village 17

A implantação se desenvolve em forma de “T”, incluindo uma área estreita com uma estrada ladeada de estacionamento, garagens, um jardim e uma oficina. Esse percurso te levará a uma área mais ampla, com um edifício comum para atividades em grupo, cercado por 28 casas de um só andar, coloridas, em estilo de casa de campo, agrupadas em grupos de três e quatro.18 No momento em que decidi tratar do assunto ligado a forma de morar Cohousing, minha principal referencia foram os projetos do escritório McCamant & Durett Architects, por terem sido as pessoas que iniciaram os estudos nesta área. Para tal analisei todos os projetos feitos por eles, este em especial me chamou atenção pela simplicidade e ao mesmo tempo eficácia na disposição programática e de implantação adotada. Apesar de serem habitações com um tamanho maior dos que eu pretendia adotar, foi importante verificar a forma como os ambientes foram dispostos, as espacialidades e necessidades abordadas em cada tipologia. O uso de cores nas fachadas e a grande presença dos verdes nos jardins serviram de grande referência também. 16 Ibid 17 COMMUNITY, Foundation For Intentional. Quimper Village. Disponível em: <https://www.ic.org/directory/quimper-village/>. Acesso em: 20 maio 2019. 18 Ibid

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Figuras 75: Quimper Village: Convívio entre moradores


Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/port-townsend/




Projeto As margens do Rio Tamanduateí está o Ipiranga, região de várzea que até o século XX mantinha-se obscura para os paulistas. Considerada apenas um ponto de passagem no período do Brasil colonial, a região conectava a Serra do mar ao atual centro de São Paulo, ponto próximo ao que viríamos a chamar de bairro do Ipiranga.1 Apesar de sediar um momento histórico para nosso país em 1822, a Independência do Brasil, ainda poucos conheciam o local, que na época abrigava apenas pequenos sítios. Devido o relevo acidentado e por ser uma terra de difícil plantio, limitados eram os atrativos para a fixação de pessoas na região.2 Alguns anos após a proclamação da Independência do país, como modo de marcar tal acontecimento, solicitou-se a construção de um monumento nas terras do Ipiranga. Nesse contexto, de uma região desvalorizada e pouco conhecida, o pedido foi desconsiderado. Apenas com a aproximação do centenário da libertação do Brasil enquanto colônia de Portugal, o monumento foi construído juntamente com o Museu Paulista, também conhecido como, Museu do Ipiranga.3 Ao longo do século XIX, o cenário enquanto desenvolvimento do território mantinha-se o mesmo: intocáveis chácaras seguindo a trama retilínea, permeadas por poucas fábricas que começavam a chegar decorrente da industrialização e da linha de trem São Paulo Railway, mais tarde chamada de Santos-Jundiaí, que por ali passava.4 1-8 BARRO, Máximo; BACELLI, Roney. Ipiranga. São Paulo: Prefeitura municipal de São Paulo, 1979. 130 p.: il.; 23 cm (História dos bairros de São Paulo; 14)

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Fonte:http://www.saopauloinfoco.com.br/o-berco-da-independen cia-o-bairro-do-ipiranga/

História do bairro

Figura 76:O bairro do Ipiranga


Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/i/ ipiranga-spr.htm

Figura 77 (esquerda): A estação do Ipiranga, em 20.03.1906. Figura 78 (direita): Inundação na estação do Ipiranga em 1926.

Figuras 79: Bairro do Ipiranga em 1930 Fonte: http://www.igc.sp.gov.br/produtos/galeria_aerofotos.aspx

É na década de 20 do século seguinte, próximo ao centenário da proclamação da Independência, que tem início um progressivo e harmonioso crescimento das tais fábricas, e por consequente do comércio e da habitação no território. De 1920 a 1934, a população do bairro foi praticamente triplicada e as Ruas Bom Pastor e Silva Bueno e Avenidas Nazaré e Dom Pedro, principais vias locais, passam a ser ocupadas e sofrer especulação imobiliária.5 Compondo a arquitetura, em paralelo aos palacetes da população endinheirada que ali se fixou, casas simples e descaracterizadas de estilo foram construídas, sendo o térreo destinado ao comércio e o primeiro pavimento para moradia do comerciante em questão. Dessa forma, não se estabeleceu uma segregação e setorização clara em relação a inserção das habitações, casas de luxo misturavam-se as casas mais simples da camada social menos endinheirada. O Ipiranga caracterizou-se por abrigar uma grande diversidade tanto de usos quanto de pessoas.6 A partir dos anos 70, por motivos principalmente econômicos, o Ipiranga começou a perder suas indústrias para outras regiões e outras cidades. Os espaços vazios passaram a ser gradualmente ocupados ainda mais pelo comércio e serviço. Em 1980, a verticalização e os novos empreendimentos residenciais influenciaram o “boom” imobiliário que foi reforçado com a che-

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gada da linha verde do metrô e do fura fila responsáveis por facilitar a integração do bairro com o restante da cidade.7 Atualmente, devido a qualidade da infraestrutura oferecida em diversos âmbitos como lazer, cultura e transporte, o Ipiranga vivencia uma fase de verticalização imobiliária em franca expansão, a qual é responsável por grandes transformações no cenário. Apesar disso, a tradição do bairro ainda se faz muito presente, devido a preservação de muitos dos bens construídos no passado.8 Considerando que as construções históricas são como exemplares arquitetônicos remanescentes e indutores da ocupação urbana iniciada no final do século XIX e meados do século XX, são elas as responsáveis por marcar a formação histórica da região do Ipiranga em suas diversas fases, por agregar valor afetivo e referencial para a população local. Dessa forma, os órgãos responsáveis decretaram a o tombamento dos edifícios que compõem o eixo histórico do Ipiranga.9 Esse eixo histórico é composto não só pelo Museu, mas também pelas instituições assistenciais e de ensino, pelos palacetes e pelos institutos voltados as atividades religiosas, instalados ao longo do desenvolvimento do bairro. Apesar do tombamento desses patrimônios, a preservação também é resultado da adaptação dos usos as necessidades atuais impedindo a deterioração dos mesmos ao longo do tempo.10 Ou seja, a arquitetura histórica, capaz de criar uma identidade ao local e de preservar memórias, foi incorporada a paisagem e as necessidades contemporâneas criando assim um elo entre passado e presente. Os novos empreendimentos residenciais de médio e alto padrão, construções em expansão no bairro, compõem a paisagem juntamente com os patrimônios históricos preservados.11 Essa memória ativa do bairro, considerado museu a céu aberto, também é resultado de uma população residente de longa data. Muitas 9

BRONKHORST, Aline. Patrimônio, Planejamento e Desenho Urbano. Trabalho Final de Graduação. Universidade de São Paulo. São Paulo, jun. 2014. Disponível em: < https://issuu.com/alineelisabethbronkhorst/docs/tfg_aline_ bronkhorst_patrim__nio_pl>. Acesso em 18.05.2019

10-12

PERALTO, Karla. Portal do Ipiranga. Patrimônio histórico do Ipiranga – tombados. Disponível em:<http://www. independenciaoumorte.com.br/acontece/item/40- patrim%C3%B4nio-hist%C3%B3rico-do-ipiranga-tombados.html>. Acesso em 05.05.2019

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Fonte: http://www.igc.sp.gov.br/produtos/ galeria_aerofotos.aspx

Figura 80:Museu Paulista e Parque da Independência: vista aérea

famílias que se instalaram no começo do desenvolvimento do bairro ainda residem no local. Essa composição de antigos e novos moradores garantem ao espaço uma comunidade diversa, dinâmica e múltipla capaz de conviver e viver a cidade respeitando e valorizando sua história e pré-existências.12

Terreno e condicionantes Levando em consideração o pensamento discutido neste trabalho e o objeto arquitetônico desenvolvido, previamente houve uma grande busca entre os bairros da cidade de São Paulo, para encontrar um que tivesse um perfil que abrangesse todas as principais necessidades desejadas. O Ipiranga apareceu como principal foco desde o início, por ser um bairro com boa caminhabilidade, com vasta quantidade de equipamentos culturais e de saúde, áreas verdes, e principalmente com alto percentual de idosos. Em meio as transformações da sociedade, as memórias são fundamentais para a construção da imagem da cidade. Nesse sentido, as pré-existências arquitetônicas e os patrimônios são os artefatos que preservam a história do território, representam momentos e fatos, refletem características de períodos específicos, são marcos. São, portanto, capazes de proporcionar uma relação de identidade com a sociedade, de criar essa memória coletiva. Assim, o local deixa de ser desconhecido, e dá abertura a relação de afetividade e de pertencimento do ser no espaço.

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Fonte: IBGE – Censo 2010

População Ipiranga

64,000 Total Idosos 106,865

60,000

100,000

Gráfico 4:População Bairro do Ipiranga x Quantidade de Idosos.

Querendo resgatar essa memória e trazer a relação da velhice arquitetônica com a velhice do ser humano, o terreno escolhido se encontra de frente para o Museu Paulista, com principal fachada voltada para a Avenida Nazaré, uma das principais vias da região.

Mapa 1: Análise entorno do terreno projetual

Planta de situação ETEC Getúlio Vargas Círculo Social Ipiranga Hospital São Camilo Hospital Ipiranga Museu de Zoologia Parque da Independência Museu Paulista Hospital Dia Sesc Ipiranga

N

Área Verde

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Institucional

Misto

Residencial

Fonte: Executado pelo autor

0 20,000


O terreno originalmente não é uma área vazia ou em desuso na quadra, são lotes mal utilizados com estacionamentos, duas concessionárias, um posto de gasolina desativado e pequena moradias degradas, porém com uma localização privilegiada. Observando esse fenômeno foi estudado a possibilidade de junção de todas essas áreas, para criar um único terreno. Juntamente a isso, para poder ampliar a área do lote, após uma análise do tráfego local, uma rua foi fechada para carros, deixada apenas para circulação de pedestres. O entorno do terreno apresenta em sua maioria áreas residenciais, com sobrados como tipologia principal, alguns pontos de comércio espaçados, equipamentos culturais, além de possui uma grande massa arbórea em frente ao terreno, pertencente ao Parque da Independência, o que gera conforto para quem circula por ali.

Conceito Tomando por base alguns pontos já comentados anteriormente, como o processo de envelhecimento populacional, observado na inversão da pirâmide etária, sendo possível então delinear o crescimento progressivo da população idosa. Além da mudança de perfil populacional, com idosos com uma mobilidade e independência cada vez maiores, resultando na necessidade de uma nova forma de organização da convivência destes idosos com a sociedade. Ao longo dos estudos, foi possível observar também que a organização dos espaços domésticos atuais é pensada para o cenário da família tradicional, sem pensar no envelhecimento de seus membros. Essa população idosa acaba não enxergando alternativas de moradia para essa fase da vida, muitos acabam ficando isolados em suas casas ou abandonados em casas de repouso. Em busca de encontrar uma possibilidade, uma alternativa para as formas de morar disponíveis no Brasil, algo que tivesse conforto, suporte, amparo e que possibilite independência, encontrei nas pesquisas

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um modelo de habitação chamado de Cohousing. Este surge como um novo modelo de moradia no Brasil, e combina a autonomia das habitações privadas com as vantagens da moradia em comunidade. Permite a possibilidade de criar um meio humano e positivo, com relacionamentos significativos e sustentáveis, por meio desta convivência com pessoas de sua mesma idade. Para delinear e projetar essas habitações é importante conhecer quem é o idoso que irá morar ali, entender suas necessidades e carências e procurar a melhor forma de supri-las.

Partido Após a definição de que a Cohousing, seria o meu objeto de projeto, pois atenderia a minha vontade de trabalhar com uma nova possibilidade de moradia, diferente das conhecidas hoje no Brasil, foi necessário definir qual seria especificamente o público alvo, a faixa etária e o programa. O público alvo, idosos, num primeiro momento, temos um grupo mais frágil, com dificuldades físico-motoras agravantes ou mentais, idosos na sua maioria dependentes. Num segundo momento, observamos ser um grupo de novos idosos – 60 anos – e pouco dependentes, idosos que alguns tem dificuldades e podem precisar de ajuda ou de cuidadores, mas que numa maioria seria independente. Para então num terceiro momento se tornarem idosos independentes e autônomos a partir de 60 anos – saudáveis. Tendo esse panorama, o perfil do idoso adotado dentro de uma Senior Cohousing, é aquele a partir dos 60 anos, independentes e saudáveis, que necessite de apoio para as tarefas diárias, mas que tenha autonomia para ir e vir. Em relação ao programa, inicialmente buscou-se englobar as áreas principais de uma comunidade Cohousing tradicional, as habitações e áreas de lazer e apoio. Porém com a análise do entorno imediato e com a intenção de acolher de alguma forma a população local, adicionou-se

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o eixo de saúde e comércio, acoplado a Cohousing. O projeto divide-se então em 4 eixos: habitação, apoio e lazer, saúde e comércio. As habitações se distribuem em 5 edifícios com gabarito baixo, e internamente foram pensadas para serem unidades mínimas, as quais possuem os ambientes necessários com conforto, são esses: cozinha, sala, quarto e banheiro. A intenção de não serem grandes habitações, com áreas em excesso, é para promover a interação entre os moradores locais e fazer com que estes desfrutem dos equipamentos e atividades disponíveis na Cohousing. As áreas de lazer se dividem em dois momentos, primeiramente no térreo dos edifícios de habitação, junto a cada hall de entrada, foi colocado um local de lazer, para assim promover o uso e a permeabilidade deste térreo, permitindo a caminhabilidade nos jardins e o encontro com moradores de diferentes blocos. E num segundo momento, foi feito um prédio anexo, que conta com as mais diversas áreas para atividade, dentre elas o restaurante, o cinema e áreas de estar, por exemplo. Na parte mais baixa do terreno foi feito o complexo de águas e academia, juntamente a um grande jardim, e o acesso a essa área se dá por meio de uma generosa rampa, que além da função de circulação vertical, faz a função de passeio e percurso, possuindo áreas para permanência e descanso. Desde o início da concepção do projeto existia um desejo de usufruir da vista privilegiada, por conta de o terreno estar de frente para o Museu Paulista. Foi uma busca longa para achar uma solução que fosse útil, estética e funcional. Dessa forma chegamos então, ao que chamamos de Solarium, uma grande laje que une a cobertura de todos os edifícios de habitação, funcionando como um grande mirante tanto para o lado do Museu, quanto para o lado do bairro. Além de ser mais uma área de convivência dos moradores, e uma segunda possibilidade de transitar de um lado para o outro do conjunto, que não seja pelo térreo. E por último, como dito anteriormente, senti a vontade de abrir o projeto para o bairro de alguma forma, foi então que decidi fazer com

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que a antiga rua para veículos, se tornasse um caminho apenas para pedestres, funcionando como uma espécie de galeria, com lojas e restaurantes. Dessa maneira atenderia a demanda de locais de comércios que aquela região tem, e também facilitaria o ir e vir dos idosos para realizar funções diárias, como ir na farmácia ou no mercado, por exemplo.

Programa Apoio e Lazer Cozinha / Restaurante Sala de estar / Cinema Sala de Atividades / Dança Espaço de beleza / Sala de jogos Sala de informática / Academia Sauna / Complexo de Águas

Administração Sala Direção / Sala Gerência Salas de Reunião / Recepção Administração / Arquivo / Copa

Saúde Recepção / Consultórios Armazenamento / Farmácia Pronto Atendimento

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Habitações Apartamentos Individuais Apartamentos Duplos Ginástica / Carteado Informática / Sala de TV Salão de Festas / Biblioteca Solarium

Serviço Carga e descarga / Área do lixo Armazenamento / Depósito Lavanderia

Comércio Lojas Restaurante Lojas âncora


Desenhos tĂŠcnicos


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Implantação



Planta do Subsolo

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Planta do Térreo

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Planta do Primeiro Pavimento

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Planta do Segundo Pavimento

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Planta Pavimento tipo

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Planta Solarium

Guarda corpo de vidro

Vigota em aรงo cortein

Laje em concreto Viga em concreto Parede Revestimento externo

Detalhe 01: Pergola engastada em viga

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Corte AA

Corte BB

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Corte CC

Pingadeira Platibanda Argamassa - i=2% Manta asfáltica Laje concreto

Viga

Parede Revestimento externo

Detalhe 02: Impermeabilização de laje com platibanda

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Corte DD

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Elevação Norte

Elevação Sul

Elevação Leste

Elevação Oeste

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Consideraçþes finais


Este trabalho não foi iniciado a apenas um ano, e também não começou através de uma disciplina dedicada ao preparo do escopo do TFG (Trabalho Final de Graduação). Por possuir um membro da minha família que trabalha na área da saúde, mais especificamente com a terceira idade, sempre tive muito contato com esta realidade, e tive oportunidades de visitar algumas vezes, as Casas de Repouso as quais ele trabalha. Estar dentro desses ambientes sempre me causou uma profunda inquietação, por ver muitas vezes rostos tristes e olhares sem esperança, aqueles idosos apenas estavam ali por estar, sem nenhuma motivação de vida. Com base nessas percepções, surgiu uma vontade de trazer essas sensações para dentro da universidade, e com um estudo aprofundado, tentar encontrar uma maneira onde a Arquitetura pudesse interferir neste fenômeno. A constatação de uma sociedade dinâmica e em incessante transformação é fácil de ser feita, basta observar o ritmo frenético o qual vivemos, ou deixamos de viver a cidade. Os carros passam em alta velocidade, as pessoas andam apressadas em passos largos, obras por toda a cidade a todo vapor, e em meio a tanto movimento, deslocamentos e mudanças, pouco paramos e vivenciamos os espaços. Consequentemente, a relação que desenvolvemos torna-se cada vez mais impessoal. Criar vínculos e identificar-se em meio a cidade é uma tarefa cada vez mais rara e menos estimulada. Apesar disso, essas questões são fundamentais para o indivíduo e o coletivo, são a partir delas que construímos memórias e desenvolvemos a imagem da cidade. O resgate dessa memória e dessa relação de identidade entre cidadão e cidade é possível a partir da correlação entre pré-existências e novos usos. Entender a importância da conservação das marcas do passado é entender a necessidade de referenciar-se enquanto indivíduos. A identificação do indivíduo no território serve como estímulo para a participação ativa do mesmo e garante a ele qualidade de vida. Essa participação ativa deve ser defendida para todas as camadas da população, inclusive para os mais velhos, cuja perspectiva de vida tem aumen-

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Noelle Otto / Pexels

tado cada vez mais. Para esse envelhecimento ativo, são necessários espaços, ainda limitados, que incentivem a participação dessas pessoas muitas vezes excluídas. Defende-se então um espaço que abrigue a convivência em comunidade, que acolha, e que incentive a troca de experiências entre seus moradores. Um espaço onde o idoso possa ter o sentimento de pertencimento, possa ter um lar, simultaneamente onde é cuidado e amparado. Dessa forma, propõe-se a Senior Cohousing como equipamento, que abrange todos esses pontos dentro de um complexo, sendo muito mais do que uma habitação.

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ApĂŞndices


Lista de Imagens Figura 1 – As mãos de um idoso. Fonte: rawpixel.com / Freepik Figura 2: Residência de Ângela e Eduardo Jaffet Patrimônios Históricos no bairro do Ipiranga. Fonte: https:// www.prefeitura.sp.gov.br (10.03.2019) Figura 3: Palácio dos Cedros - Patrimônios Históricos no bairro do Ipiranga. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br (10.03.2019). Figura 4: Mãe e filha sorrindo. Fonte: atemangostar / Freepik. Figura 5: O olhar do idoso. Fonte: rawpixel.com / Freepik. Figura 6: O olhar da idosa. Fonte: rawpixel.com / Freepik. Figura 7: Idosa sorrindo. Fonte: rawpixel.com / Freepik. Figura 8: De mãos dadas. Fonte: Freepik Figura 9: Apoio no andador. Fonte: ressfoto / Freepik Figura 10: Idosa pensando. Fonte: Isabela Naiara Matilde / Pexels Figura 11: Idosa sorrindo com chápeu. Fonte: Educarvalho / Pexels Figura 12: Idosos jogando xadrez. Fonte: Val Vesa / Unsplash Figura 13: Idosos orientais. Fonte: Reprodução: Gazeta do Povo Figura 14: O idoso e o jovem. Fonte: Getty Images Figura 15: Submissão da mulher ao homem no Brasil Colônia (Cortejo de uma família brasileira do século XIX, Jean-Baptiste Debret, Rio de Janeiro, Séc XIX). Fonte: https:// www.geledes.org.br/na-epoca-brasil-colonial-lei-permitiaque-marido-assassinasse-propria-mulher/. Figura 16: A mulher no Brasil colonial (Uma senhora de algumas posses em sua casa, Jean-Baptiste Debret, Rio de Janeiro, 1823). Fonte: https://stravaganzastravaganza. blogspot.com/2018/08/imagens-da-mulher-no-brasil-colonial. html. Figura 17: Mulheres nas fábricas. Fonte: Disponível em: http:// www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=9263. Figura 18: Uma instrutora do Serviço Naval Real verifica a funcionalidade das máscaras de gás. Fonte: http://www. tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=9263 Figura 19: Mãos do idoso. Fonte: Freepik Figura 20: Idoso sorrindo. Fonte: katemangostar / Freepik Figura 21: Idosos jogando baralho. Fonte: http://www.central dafonoaudiologia.com.br/dicas-de-saude/dia-internacional -do-idoso (20.04.2019) Figura 22: Os benefícios da atividade física na terceira idade.

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Fonte: https://luizandreoli.com.br/fitness-aulas-em-grupo -para-idosos/ (20.04.2019) Figura 23: Hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro –1852. Fonte: http://www.4e20enfermarias.org.br/pt/ photo-gallery (15.05.2019) Figura 24: Asilo dos Inválidos da Pátria, ano de 1909. Fonte: http://www.ibamendes.com/2013/01/a-ilha-de-bom-jesus-eo-asilo-dos.html (15.05.2019) Figura 25: Asilo de Mendicidade, Rio de Janeiro. Fonte: Fonte: https://photos.wikimapia.org/p/00/06/64/06/60_big.jpg. (15.05.2019) Figura 26: Asylo São Luiz para a Velhice Desamparada. Fonte: http://www.casasluiz.com.br/csl/index.php/5074-2/ (15.05.2019) Figura 27: Idoso com a mão na coluna. Fonte: rawpixel.com / Pexels Figura 28: A solidão do idoso em uma instituição. Fonte -http://psicosolidao.blogspot.com/2012/05/vbehaviorurldefaultvmlo.html Figura 29: Idoso pensativo. Fonte: pixabay / Pexels Figura 30: Idosa pensativa. Fonte: Kevin Bidwell / Pexels Figura 31: Idosos fazendo atividade em grupo dentro de um Residencial para Terceira Idade. Fonte: http://www. residencialdanielmendes.com.br/casa-de-repouso/ Figura 32: Idoso tomando remédio. Fonte: rawpixel.com / Pexels Figura 33: Exemplo de disposição de Comunidade Cohousing. Fonte: https://envelhecer.pt/envelhecimento/cohousingsolucao-envelhecer-os-amigos/. Figura 34: Comunidade Cohousing. Fonte: https://julia. pt/2016/06/29/cohousing-nova-forma-viver/. Figura 35: Interação dos moradores em uma Cohousing Intergeracional. Fonte: https://naturobarigui.com.br/ cohousing-como-funcionam/. Figura 36: Modelo de Cohousing tradicional da Dinamarca. Fonte: https://www.casacompartilhada.com.br/post/ cohousing-o-que-e-e-como-funciona/ Figura 37: Mountain View Cohousing – McCamant & Durrett Architects. Fonte: http://www.cohousingco.com/mountainview/ h46583e7n8kzux7detsflgkp2sr6o Figura 38: Mountain View Cohousing – McCamant & Durrett Architects. Fonte: http://www.cohousingco.com/mountainview/ pr9hklccawiayfioq832y5ffafl1jz


Figura 39: Silver Sage Village – McCamant & Durrett Architects. Fonte: http://www.cohousingco.com/silver-sage/ mm87u032ux7dqhg160lvth89ges877 Figura 40: Nevada City Cohousing– McCamant & Durrett Architects. Fonte: http://www.cohousingco.com/nevada-city/ hdznn2987eco6l7jvj76pg3nm19hm7 Figura 41: Nevada City Cohousing– McCamant & Durrett Architects. Fonte: Fonte: http://www.cohousingco.com/ nevada-city/54wad5yyfdxcyhdy3ady1o40cbt7bi Figura 42: Oak Creek Senior Cohousing– McCamant & Durrett Architects. Fonte: http://www.cohousingco.com/ stillwater/56d8ujdqcqf vruliurt1kwhn123lji Figura 43: Glacier Circle: A primeira Senior Cohousing na America. Fonte: Fonte: http://www.jmh-architect.com/index. cfm?fuseaction=greenhome&projectid=44 Figura 44: Glacier Circle: Adaptado para Idosos. Fonte: https://khn.org/news/for-active-seniors-cohousing-offers-acozier-alternative-to-downsizing Figura 45: Silver Sage Senior Cohousing. Fonte: http://www. cohousingco.com/view-communities#/silver-sage/ Figura 46: Residentes da Silver Sage Cohousing. Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/ Figura 47: WolfCreek Cohousing. Fonte: http://www. cohousingco.com/view-communities#/ Figura 48: Convívio entre os idosos da Oakcreek Senior Cohousing. Fonte: http://www.cohousingco.com/viewcommunities#/stillwater/ Figura 49: Parte interna de habitação da Wolf Creek Lodge. Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/ stillwater/ Figura 50: Mountain View Cohousing. Fonte: Fonte: http:// www.cohousingco.com/view-communities#/mountain-view/ Figura 51: Oak Creek Senior Cohousing. Fonte: http://www. cohousingco.com/ view-communities#/stillwater/ Figura 52: Lar Residencial Torre Sénior: Vista Lateral Externa. Fonte: Manuel Aguiar / Archdaily Figura 53: Lar Residencial Torre Sénior: Vista Externa. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-dacosta/5317f607c07a80688c000095 Figura 54: Lar Residencial Torre Sénior: Circulação Interna. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-da-

costa/5317f5b2c07a80688c000094 Figura 55: Lar Residencial Torre Sénior: Fachada principal. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-dacosta/5317f63fc07a806cd90000a4 Figura 56: Lar Residencial Torre Sénior: Tipologia do quarto. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-dacosta/5317f67cc07a806cd90000a6 Figura 57: Lar Residencial Torre Sénior: Implantação. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-dacosta/5317f6dcc07a80688c000098 Figura 58: Lar Residencial Torre Sénior: Cortes. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-dacosta/5317f6d3c07a806cd90000a8 Figura 59: Lar Residencial Torre Sénior: Cortes. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-dacosta/5317f6d3c07a806cd90000a8 Figura 60: Lar Residencial Torre Sénior: Hidroterapias. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-dacosta/5317f65cc07a802c270000b2 Figura 61: Lar Residencial Torre Sénior: Vista Externa. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-183183/ edificio-residencial-para-idosos-slash-atelier-lopes-dacosta/5317f570c07a806cd90000a0 Figura 62: Hogeweyk: Vista externa. Fonte: https:// villagealzheimer.landes.fr/le-parti-pris-architectural. Figura 63: Hogeweyk: Pátio Interno. Fonte: https://www. burokade.nl/projecten/zorgwijk-de-hogeweyk/. Figura 64: Hogeweyk: Residente. Fonte: https://awebic. com/cultura/asilo-e-coisa-do-passado-conheca-a-vilaholandesa-projetada-para-idosos-com-alzheimer/ Figura 65: Hogeweyk: Vista externa. Fonte: https://www. hometeka.com.br/f5/vila-e-construida-na-holanda-parapessoas-com-demencia-e-alzheimer/#jp-carousel-59801 Figura 66: Hogeweyk: Supermecado dentro da vila. Fonte: https://www.hometeka.com.br/f5/vila-e-construida-naholanda-para-pessoas-com-demencia-e-alzheimer/#jpcarousel-59803

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Figura 67: Hogeweyk: Paciente e enfermeira. Fonte: https://www.hometeka.com.br/f5/vila-e-construida-naholanda-para-pessoas-com-demencia-e-alzheimer/#jpcarousel-59804 Figura 68: Hogeweyk: Mobília interna. Fonte: https://www. burokade.nl/projecten/zorgwijk-de-hogeweyk/ Figura 69: Quimper Village: Vista externa. Fonte: http:// www.cohousingco.com/view-communities#/port-townsend/ Figura 70: Quimper Village: Vista externa residências. Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/ port-townsend/ Figura 71: Quimper Village: Perspectiva do arquiteto. Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/porttownsend/ Figura 72: Quimper Village: Perspectiva do arquiteto. Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/porttownsend/ Figura 73: Quimper Village: Implantação. Fonte: http://www. cohousingco.com/view-communities#/port-townsend/ Figura 74: Quimper Village: Tipologia com 2 quartos. Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/porttownsend/ Figura 75: Quimper Village: Convívio entre moradores. Fonte: http://www.cohousingco.com/view-communities#/ port-townsend/ Figura 76: O bairro do Ipiranga. Fonte: Fonte:http://www. saopauloinfoco.com.br/o-berco-da-independen cia-obairro-do-ipiranga/ Figura 77: A estação do Ipiranga, em 20.03.1906. Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/i/ipiranga-spr.htm Figura 78: Inundação na estação do Ipiranga em 1926. Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/i/ipirangaspr.htm Figura 79: Bairro do Ipiranga em 1930. Fonte: http://www. igc.sp.gov.br/produtos/galeria_aerofotos.aspx Figura 80: Museu Paulista e Parque da Independência: vista aérea. Fonte: Fonte: http://www.igc.sp.gov.br/produtos/ galeria_aerofotos.aspx

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Lista de Gráficos Gráfico 1: Pirâmide Etária do Brasil. Gráfico 1: Pirâmide Etária do Brasil. Fonte: https://www.ibge.gov.br/apps/ populacao/projecao/ Gráfico 2: Life Expectancy Globally and by world regions since 1770. Fonte: Life expectancy – James Riley for data 1990 and earlier: who and world bank for later data (by Max Roser). Disponível em: <ourworldindata.org/lifeexpectancy/> Gráfico 3: Manutenção da capacidade funcional durante o curso de vida. Fonte: Kalache Kickbush, 1997. Gráfico 4: População Bairro do Ipiranga vs. Quantidade de Idosos.

Lista de Esquemas Esquema 1: Quesitos pesquisados nos projetos cidade amiga do idoso. Fonte: OMS 2007.

Lista de Mapa Mapa 1: Análise entorno do terreno projetual. Fonte: Fonte: Executado pelo autor

Lista de Siglas IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ONU – Organização das Nações Unidas OMS – Organização Mundial de Saúde ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável CEDI – Conselho Estadual dos Direitos do Idoso ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia


“O corpo envelhece sem a sua permissão... A alma só envelhece se você permitir.” 139




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