sistema para um objeto arquitetĂ´nico itinerante
CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
sistema para um objeto arquitetônico itinerante
Relatório Técnico de Desenvolvimento do Trabalho Final de Graduação apresentado do Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto como parte dos requisitos para obtenção do grau em Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientando: Emily Geisa Toni. Orientador: Dr. César Muniz.
RIBEIRÃO PRETO 2020
“Nada é permanente, nem a tinta, nem a palavra nem a minha a cerne, nem meus olhos, nem eu. Nada é impermanente, tudo deixa sua marca, a tinta, a palavra, minha carne, meus olhos e eu.” – Poeta Pedro Salomão.
SUMÁRIO
Lista de Figuras
1
2
Introdução
VII 1
1.1 Contexto do trabalho
1
1.2 Objetivos
4
1.3 Justificativa
4
1.4 Procedimentos metodológicos gerais
5
1.5 Organização do caderno
9
Quadro de referência
11
2.1 Corpografia
11
2.2 Referencias Projetuais
15
2.3 Materiais e técnicas construtivas mais utilizadas em instalações efêmeras e móveis.
3
Proposta projetual
23 27
3.1 Síntese do Quadro de Referência
27
3.2 Desenvolvimento conceitual do projeto e formulação do partido arquitetônico
28
3.3 A relação da estruturação do espaço, partido estético-formal e as soluções tecnológicas
33
3.4 Construção do cenáriocomportamental por meio de ensaios
39
3.5 Documentação técnica da proposta final
46
4
Conclusão
47
4.1 Revisão dos objetivos gerais e específicos
47
4.2 Síntese das contribuições deste trabalho
4
4.3 Sugestões para pesquisas adicionais
47
5
Referências Bibliográficas
49
6
Apêndice
51
6.1 Apêndice 1
51
6.2 Apêndice 2
53
6.3 Apêndice 3
54
VII
LISTA DE FIGURAS Figura 1: Teatro do mundo Aldo Rosse. Fonte: pinterest.com ............................................... 3 Figura 2: Cenário de La traviata. Fonte: google.com ............................................................. 7 Figura 3: Esplanada do Teatro Pedro II. Fonte: pt.wikipedia.org/ .......................................... 7 Figura 4: Live Sandy e Junior. Fonte: Reprodução YouTube . .............................................. 13 Figura 5: Live do DJ Alok, público assiste e participa de suas sacadas. Fonte: instagram/alok.com ..................................................................................................................... 14 Figura 6: Juliana Sucupira cantando da sacada. Fonte: g1.globo.com ................................. 14 Figura 7: Teatro Mundo. ....................................................................................................... 15 Figura 8: Teatro se mistura com o entorno. .......................................................................... 15 Figura 9: Simetria do teatro, influência clássica. .................................................................. 16 Figura 10: Relação entre planta e corte, influência clássica. ................................................ 16 Figura 11: Geometria do teatro. ............................................................................................ 16 Figura 12: Configuração do teatro. ....................................................................................... 16 Figura 13: Teatro Mundo reconstruído em Gênova. Fonte: pinterest.com ........................... 16 Figura 14: Cenário de Grande Sertão: Veredas. Fonte: pinterest.com.................................. 17 Figura 15: Módulos metálicos estruturam o cenário. ........................................................... 17 Figura 16: O cenário é formado por um sistema de grelhas. ................................................ 17 Figura 17: Árbol del aire. Fonte: pinterest.com .................................................................... 18 Figura 18:Eco Boulevard. Fonte: archdaily.com.br .............................................................. 18 Figura 19: Estrutura em módulos metálicos. ........................................................................ 18 Figura 20: O objeto é elevado do chão. ................................................................................ 18 Figura 21: Ark nova. Fonte: zupi.pixelshow.com ................................................................ 19 Figura 22: Montagem da Ark nova. ...................................................................................... 19 Figura 23: Montagem da Ark nova. ...................................................................................... 19 Figura 24: La Fura dels Baus com apresentação itinerante em barco, levando a teatralidade as pessoas. Fonte: facebook/lafuradelsbaus..................................................................................... 20 Figura 25: La fura dels Baus incentiva a interação com o público. Fonte: facebooklafuradelsbaus ............................................................................................................... 20 Figura 26: Peça Paraíso Perdido no templo; Público, cenário e artista tornam-se uma unidade. Fonte: teatrodavertigem.com.br .................................................................................................. 22 Figura 27: Livro de Jó no hospital. Fonte: teatrodavertigem.com.br.................................... 22 Figura 28: Apocalipse 1,11, o público participa ativamente do espetáculo e o cenário proporciona maior experimentação da cena. Fonte: teatrodavertigem.com.br ........................... 22 Figura 29: Loja Prada em Tóquio. Fonte: pinterest.com ...................................................... 23 Figura 30: Esquema da loja Prada, mostrando os módulos e malha de vidro....................... 24 Figura 31: Estudos da Maculosa. Fonte: A autora. ............................................................... 24
VIII
Figura 30: Esquema da loja Prada, mostrando os módulos e malha de vidro....................... 24 Figura 31: Estudos da Maculosa. Fonte: A autora. ............................................................... 24 Figura 32: Maquete de estudo da Maculosa. Fonte: A autora. ............................................. 24 Figura 33: Projeto da Maculosa executado. Fonte: A autora. ............................................... 24 Figura 34: Auditório. Fonte: A autora. ................................................................................. 25 Figura 35: Desenhos de estudos do Ibhaluni. Fonte: A autora. ............................................ 26 Figura 36: Protótipo do Ibhaluni. Fonte: A autora. ............................................................... 26 Figura 37: Esquema de montagem da estrutura pantográfica. Fonte: A autora. ................... 26 Figura 38: Diagrama das leituras projetuais. Fonte: A autora. ............................................. 27 Figura 39: Síntese das releituras projetuais. Fonte: A autora. .............................................. 28 Figura 40: Faixa conceitual, frase: “quanto mais ativo for o espetáculo, mais a cidade se torna palco e o cidadão um ator protagonista”. Fonte: A autora. ........................................................ 29 Figura 41: Estudo da maquete conceitual 1. Fonte: A autora. .............................................. 29 Figura 42: Estudo da maquete conceitual 2. Fonte: A autora. .............................................. 30 Figura 43: Estudo da maquete conceitual 3. Fonte: A autora. .............................................. 31 Figura 44:Estudo da maquete conceitual 3. Fonte: A autora. ............................................... 31 Figura 45:Estudo da maquete conceitual 3. Fonte: A autora. ............................................... 32 Figura 46: Fluxograma. Fonte: A autora. ............................................................................. 32 Figura 47: Estudo de módulos e configurações. Fonte: A autora. ........................................ 34 Figura 48: Configuração do objeto a partir de módulos. Fonte: A autora. ........................... 36 Figura 49: Configuração do objeto a partir de módulos. Fonte: A autora. ........................... 37 Figura 50: Configuração do objeto a partir de módulos. Fonte: A autora. ........................... 37 Figura 51: Configuração do objeto a partir de módulos. Fonte: A autora. ........................... 38 Figura 52: Configuração do objeto a partir de módulos. Fonte: A autora. ........................... 38 Figura 53: Localização dos cenários comportamental por meio de ensaios, ........................ 40 Figura 54: Alunos das Universidades fazendo a pesquisa. Fonte: A autora. ........................ 41 Figura 55: Local de encontro dos moradores. Fonte: google.com/maps .............................. 41 Figura 56: Diagrama de uso e implantação do objeto. Fonte: A autora................................ 42 Figura 57: Antigo complexo da Cervejaria Antarctica. Fonte: acidadeon.com .................... 43 Figura 58:Diagrama de uso e implantação do objeto. Fonte: A autora................................. 44 Figura 59: Esplanada do ginásio esporte. Fonte: google.com.br/maps/ ............................... 45 Figura 60:Diagrama de uso e implantação do objeto. Fonte: A autora................................. 46
1
1 INTRODUÇÃO 1.1
Contexto do trabalho
As cidades vêm passando por profundas transformações e muito se deve à globalização e à tecnologia. Essas mudanças se iniciaram na revolução industrial, quando máquinas surgiram para agilizar os trabalhos dos homens. Mas o maior impacto foi a capacidade de deslocamento, por meio de motores colocados em trens. Com horários agendados para viagens, o tempo ganhou mais importância, à tecnologia então intensificou a sensação de urgência (Gwercman , 2016). “Uma coisa acelera a outra e nos vemos num círculo vicioso aparentemente inquebrável: a tecnologia gera demanda por velocidade, que empurra o desenvolvimento de novas tecnologias que precisam ser mais rápidas” (Gleick, 2000). Os dias atuais são marcados pela a velocidade: informações em segundos, serviços de delivery em minutos, viagens em poucas horas. Gerando sensações de tenções e falta de tempo constante. E com toda a correria do dia-a-dia o lazer vai sendo deixado de lado. Nesse trabalho pretendo apresentar uma alternativa que se adeque ao mundo contemporâneo, mostrando as relações entre arquitetura, pessoas e cidades; em como tudo pode estar ligado e mesmo involuntariamente se influenciam. O teatro existe desde os tempos primitivos do homem1, mas foi na Grécia que ele se consagrou até os dias atuais. Formou-se como um estilo de entretenimento para pessoas de classe superior alta, marcada pelas arquiteturas exuberantes e luxuosas. Derivado do teatro, temos o circo que possui a mesma essência, espectadores vão até a ele para assistir ao espetáculo, mas sua “arquitetura” é modesta e funcional, afinal ele está sempre se locomovendo. Há, também, os artistas autônomos que são aqueles que levam suas expressões às ruas e um novo meio de assistir um espetáculo surge. Não há mais separação entre espetáculo e espectador. Teatro ou cidade. Todos se tornam um só. Segundo os autores Sabaté, Frenchman e Schuster (2004), o termo ‘lugares de eventos’, nomeia os espaços públicos nos quais as características culturais da cidade se encontram.2 Essa relação, entre eventos e lugares, tem a ação de transformar a cidade, a chamada intervenção. E nesse trabalho a intervenção vem por meio do espetáculo, com intenção de preencher lugares e criar novos meios de se perceber o redor. É a arquitetura dentro da cidade, que permite a relação com as pessoas. E um novo meio de se aproveitar o lugar de espetáculos surge na cidade contemporânea. 1 Não existe relato da data de origem do teatro, mas sabe-se que surgiu em rituais primitivo do cotiado e da necessidade de dominação do ser humano. Algumas teorias situam datados de VI a.C. No Brasil o teatro começou no séc. XVI. 2 As características da cidade de acordo com os autores são: identidade, cultura, história.
2
“A cidade, portanto, não só deixa de ser cenário quando é praticada, mas, mais do que isso, ela ganha corpo, e tornando-se “outro” corpo. Dessa relação entre o corpo do cidadão e esse “outro corpo urbano” pode surgir uma outra forma de apreensão urbana, e, consequentemente, de reflexão e de intervenção na cidade contemporânea.” (Britto & Jacques, 2008)
No livro Walkscapes: O caminhar como prática estética por Francesco Careri (2002) diz que caminhar já é uma forma de intervenção urbana. Está presente desde os primeiros dias de vida e com o passar do tempo vai se tornando natural e automático. Quando se caminha pela cidade com olhos atentos, o que chamaríamos de percurso experimental, possibilidades se abrem. Descobrindo novos lugares, percebendo sons, sentindo cheiros, interagindo com pessoas, enfim, elas são muitas. Mas, há também aqueles desatentos, que chamaremos de percurso utilitário, que caminham de forma rítmica, transmitindo sensações de hostilidade, individualismo e com relações superficiais ao se redor, focando apenas no destino final. E c omo uma ação temporária pode contribuir para essa relação (cidade/pessoa)? A Dra. Adriana Sansão Fontes autora da tese Intervenções Temporárias, Marcas Permanentes (2011) defende que ações temporárias proporcionam amabilidade e marcas permanentes. Em seu sentido genérico, amabilidade quer dizer ação ou qualidade de amável, o ato ou estado de comportamento que pressupõe a generosidade, o afeto ou a cortesia com o outro, evocando, portanto, a “proximidade” entre indivíduos. Traduzindo essa definição para o campo do urbanismo, a amabilidade pode ser considerada um atributo do espaço, manifestada através de conexões, encontros, intercâmbios, cumplicidades e interações entre pessoas e espaço, reagindo ao individualismo, que muitas vezes caracteriza as formas de convívio coletivo contemporâneas. (Fontes, 2011)
Funcionam como incentivador das relações de aproximação e intimidade, ou seja, o círculo do espaço pessoal de uma pessoa, enquanto cotidiano, é maior. Mas quando uma ação temporária acontece, esse círculo diminui e a interação entre as pessoas acontece, as relações já não são mais individualistas ou superficiais. E quando essa ação deixa o seu local temporário, são deixadas marcas permanentes, mesmo que não fisicamente. A ação temporária aqui tratada é o espetáculo. Em 1979 Aldo Rossi projetou o teatro do mundo, em Veneza (Figura 1). É uma das suas obras mais poéticas. O teatro possui uma qualidade única de se deslocar, não pertencendo a nenhum lugar, ao mesmo tempo em que pode se implantar temporariamente em qualquer lugar, recriando novos cenários. É um projeto criado anos atrás, mas que continua atual, nos mostrando como a arquitetura é versátil e adaptável.
3
Figura 1: Teatro do mundo Aldo Rosse. Fonte: pinterest.com
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Se a maneira de viver mudou, decorrente da vida contemporânea e os benefícios da ação temporária pode deixar marcas permanentes na vida das pessoas, por que não mudar a maneira de se entreter? Se antes íamos até o teatro e sentávamos em nossos lugares para assistir ao espetáculo, não seria este o momento de o teatro se tornar itinerante, recriando novos cenários na cidade, com novas possibilidades de assistir ao espetáculo?
1.2
Objetivos
O objetivo central desse trabalho é mostrar como ação temporária pode contribuir para a sociedade, a partir de um objeto arquitetônico itinerante para espetáculos. Os objetivos específicos são: Investigar como a teatralidade ajuda na formação de pessoas; compreender seus aspectos funcionais; desenvolver métodos de montagem, desmontagem que permitam fácil locomoção pela a cidade e seja adaptável aos diferentes tipos de solos e climas; solucionar de maneira simplificada a iluminação e sonoplastia, aproveitando ao máximo da tecnologia disponível; repensar a separação entre palco e plateia, permitindo a integração entre pessoas, espetáculo, arquitetura e cidade. Ocupar os vazios urbanos da cidade, no qual Lygia Clark e Hélio chama de “vazios plenos”, plenos de descobertas e de possibilidades, espaços vagabundos que se fazem e desfazem. Com a implantação do objeto nesses espaços, resultará na criação de novos cenários nas cidades, que proporcionaram novas experencias e a chamada amabilidade entre as pessoas.
1.3
Justicativa
Diante do contexto apresentado sobre a aceleração da vida contemporânea, influência das pessoas na arquitetura e urbanismo, e ação temporária como catalisador de transformação da cidade, esse trabalho levanta algumas discussões. A primeira delas é a relação entre arte e arquitetura. Segundo o artigo “Um teatro sem teatro: a teatralidade como campo expandido” em certo período, artistas deixaram quadros e pinturas que não eram mais suficientes para se expressarem. Os objetos tomaram espaços e produziam uma presença cênica, que demandava atenção, na qual à experiência do espectador era fundamental. Expande-se, assim, o campo da arte para arquitetura, design e ciência. Potencializam-se, assim as expressões dos artistas a partir de projetos maiores, explorando o mundo e se comunicando com as pessoas. Outro debate é a inclusão das pessoas na teatralidade3. Uma pesquisa feita em 2014 pelo SESC (G1, 2014), aponta que 6 em cada 10 brasileiros, nunca assistiram uma peça de teatro, espetáculo de dança ou concerto musical. No ano de 2015 o instituto de conteúdo audiovisual
3
Aquilo que tem caráter de grande espetáculo.
5
brasileiro (ICAB, 2016) realizou uma pesquisa nacional sobre Hábitos Culturais, os resultados para pessoas que frequentavam o teatro foram de 6%. Em 2016 anunciaram um aumento dessa prática para 17%. Apesar do número crescente de pessoas que praticam hábitos culturais, mais da metade dos brasileiros ainda não tiveram acesso a esse tipo de lazer. O que leva questionar quais os motivos levaram a esse resultado. Seria a falta de divulgação? A mobilidade para pessoas chagarem até o local? O direcionamento dessas artes apenas para uma classe social? Os motivos são variados. E como a arquitetura pode contribuir para potencializar as práticas desses hábitos? Os avanços tecnológicos possibilitaram a abrangência na arquitetura efêmera, o objeto aqui proposto não é efêmero em sua materialidade, mas na sua localização. Ou melhor dizendo, é um objeto arquitetônico itinerante. Essa arquitetura em movimento vem sendo explorada cada vez mais pelos arquitetos. Sua flexibilidade em se transformar e adaptar aos diversos usos, sendo montada, desmontada e montada novamente, explorando todos os limites da arquitetura. Tal arquitetura não se cumpre enquanto não for desmontada e montada novamente. (Paz, 2008) A criação de novos cenários urbanos nas cidades justifica o desenvolvimento deste objeto arquitetônico itinerante, trazendo a reflexão sobre: os vazios urbanos; as comunidades que não possui infraestruturas sanitárias básicas, muito menos equipamentos de lazer; as pequenas cidades do interior que não possuem equipamentos nessa escala. Enfim, tentar alcançar todas as pessoas em todos os lugares. Conectando a arte na arquitetura, que conecta a cidade, que conecta as pessoas. Através da arquitetura itinerante gerando simultaneidade, temporalidade e diversidade.
1.4
Procedimentos metodológicos gerais 1.4.1.1 Pesquisa teórica
Na pesquisa teórica, fundamentar em estudos que tratam a relação das pessoas com a arquitetura e a cidade. Em como o corpo é fundamental para entender a cidade, como as pessoas percorrem por ela, quais os impactos de uma intervenção urbana e sobre a arquitetura itinerante. Estudando a fundo o conceito de alguns escritores: Fabiana Dultra Britto e Paola Berenstein Jacques que tratam sobre a corpografia; Adriana Sansão Fontes defendendo que ação temporária proporciona amabilidade entre as pessoas; Francesco Careri que incentiva a pratica do caminhar, que por si só já é uma intervenção urbana; Milton Santos explicando sobre a geografia dos espaços; Daniel Paz tratando sobre arquitetura efêmera e transitória; Ileana Diéguez mostrando que a teatrealidade é um campo expandido; Cristiano Cezarino Rodrigues contando sobre o Teatro de vertigem e mostrando a flexibilidade do espaço, que ora cumpre a função para qual foi projetada e ora se torna cenário de uma peça; Paulo Mendes da Rocha e Bia Lessa mostrando alternativas de se assistir um espetáculo, sem a tradicional separação entre palco e plateia; João Carlos Machado que apresenta alguns paradigmas para a cenografia contemporânea.
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1.4.1.2 Pesquisa documental A cenógrafa Es Devlin cria cenários sugestivos para shows, óperas, peças de teatro e desfiles de moda. No documentário Abstract: Art of Design (2017), ela fala sobre o processo da produção de cenário, e nesse trabalho uns dos objetivos é a criação de novos cenários nas cidades, ocupando os vazios com a teatralidade. Es Deylin explica quais são os cincos passos para esse processo, o primeiro é o espaço, assim que se tem a moldura a primeira coisa a se fazer é quebrar as suas barreiras. Explorando os limites da arquitetura, tornando o vazio do espaço ocupado e sugestivo para o uso das pessoas. O segundo passo é a iluminação, nesses espaços é possível encontrar ou barrar a luz, moldar os objetos permitindo que a luz entre e encontrando truques para controlar a luz, por exemplo um espelho, com ele é possível trazer luz, criar cenários com perspectivas, profundidade e ilusões de ótica. Como no cenário projetado por Josef Svoboda em la traviata (Figura 2), é uma grande placa de espelho que recria o cenário, sendo inclina em ângulos diferentes durante a peça. O terceiro passo é a escuridão, quando as luzes se apagam no começo de uma apresentação é um momento espacial, à ausência de cor/luz nos deixa mais atento a todo resto, nos enxergamos mais, é o ponto de entrada para uma experiencia. O quarto passo é a proporção, nos dias atuais as apresentações não se limitam apenas a quem está presente no espetáculo, há os celulares que estão gravando de todos os ângulos, provocando compreensões diferentes de uma mesma teatralidade. Que traz a reflexão sobre de como assistir a um evento, criando um vínculo entre o espectador e o espetáculo, guiando o olhar do público para novas experiências. O quinto e último passo é o tempo, o objeto só cumprirá a sua função com o tempo, ou seja, o que será projeto é o tempo. O tempo observado pelo público, que refletirá as luzes de maneiras diferentes, com efeitos sonoros diferentes, com diferentes pessoas dentro delas recitando palavras, por quanto tempo elas vão viver tal experiencia. Esse tempo não coincide com o tempo medido pelos relógios, também os sentimentos não tem tempo e são repetidos no palco todas as noites com uma pontualidade impressionante. Esses passos serão adaptados e aplicados no desenvolvimento do objeto arquitetônico itinerante.
1.4.1.3 Pesquisa de campo O projeto é direcionado para a cidade de Ribeirão Preto e Pitangueiras – SP, mas lembrando que devido a sua itinerância o objeto não se limita apenas a situação apresentada, podendo expandir para diversas espacialidades. O primeiro levantamento é por meio de corpografias.
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Figura 2: Cenรกrio de La traviata. Fonte: google.com
Figura 3: Esplanada do Teatro Pedro II. Fonte: pt.wikipedia.org/
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As corpografias urbanas, revelam ou denunciam o que o projeto urbano exclui, pois mostram tudo o que escapa ao projeto tradicional, explicitando as micro práticas cotidianas do espaço vivido, as apropriações diversas do espaço urbano. (Britto & Jacques, 2008)
No centro de Ribeirão Preto localiza-se o Teatro Pedro II 4 e na sua esplanada ocorre apresentações de artistas de rua.
O que leva a questionar os motivos das pessoas não
frequentarem ao teatro, mas ficarem entusiasmadas com os espetáculos de rua. Seria a teatralidade dizendo que não precisa de uma separação explicita entre palco e plateia? Uma das maneiras de buscar respostas é por meio da corpografia, que nada mais é do que estudo das pessoas perante a cidade, seu comportamento é capaz de mostrar as falhas e as potencialidades da cidade. Como por exemplo a esplanada do Teatro Pedro II (Figura 3) que mostra suas várias fases. Aos dias de espetáculos ele se torna estacionamento, durante o dia-a-dia se torna passagem dos pedestres e aos finais semanas palco dos artistas de ruas. O lugar é o mesmo, mas o uso muda de acordo com as necessidades das pessoas, em como elas frequentam e se apropriam do local. No momento de desenvolvimento desta pesquisa, a pandemia do COVID-19, resultou no isolamento social, impossibilitando o estudo físico da corpografia na cidade. Assim como todos tiveram que se adaptar ao momento vivido, com trabalho em home-office e aulas on-line, o entretenimento não poderia ser diferente, ocasionando as lives5. Como analisar a corpografia em meio a isolamento? Com pesquisa on-line, participando das lives e acompanhando redes sociais. Nos meses de abril e maio de 2020, foi realizado uma pesquisa online com 21 pessoas, sobre os espetáculos em casa, em tempos de pandemia (6-Apêndice). As questões abordaram a relação do indivíduo com eventos antes e durante a pandemia, e como foi a adaptação de participar de eventos sem sair de casa. Acompanhando as lives e redes sociais, o critério estabelecido para a análise, foi como as pessoas se adaptaram aos novos meios de se assistir aos espetáculos sem sair de casa e quais os impactos da vida das pessoas. Para implantar o objeto arquitetônico itinerante é preciso mapear os vazios com plena capacidade para a sua ocupação. Levantando quais as localizações com maior carência desse objeto. Os requisitos dessas, são aqueles que não possuem equipamentos de lazer nas proximidades, os que estão localizados na parte da cidade que receba grande fluxo de pessoas, fomentando a curiosidade delas para participar do objeto. É preciso entender a dinâmica dos artistas de rua, qual a relação entre eles e a cidade; entre eles e o público. Como se apropriam do local urbano, que deixa de ser rua e se torna cenário. Observar a interação da população com esses artistas e cenários. Registrando esses levantamentos por meio de fotografias, croquis e anotações sobre o comportamento humano em relação a arquitetura e cidade. 4
Construído entre os anos de 1928 – 1930. Lives são transmissões simultâneas de artistas apresentando sua arte, como alternativa de entretimento em tempos de pandemia. 5
9
O projeto de arquitetura só tem sentido, se souber para quem está sendo projetado, ou seja, é preciso conhecer as necessidades das pessoas. Então, para projetar o objeto que cumpra sua função, é preciso entendê-las, levantando algumas questões: como elas se divertem nos horários livres; qual a sua relação com a cidade; o que a faz percorrer a cidade e não notar o redor; o que pode ser feito para amenizar essas relações superficiais com a cidade e pessoas; o que prende à atenção enquanto percorrem e o que as fazem permanecer em tal local.
1.5
Organização do caderno
Em desenvolvimento.
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2 QUADRO DE REFERENCIA 2.1
Corpograa
Juhani Pallasmaa, em Os Olhos da Pele (2011), disserta sobre o papel do corpo humano como local de percepção, pensamento e consciência. Ele diz que a arquitetura é uma extensão da identidade do arquiteto, que empresta as suas emoções ao espaço e o espaço empresta a sua aura, estando ao mesmo tempo dentro e fora do objeto. É uma intima relação entre pessoa e arquitetura, exigindo uma identificação corporal e mental, empatia e compaixão. “A arquitetura, como todas as artes, está intrinsecamente envolvida com questões da existência humana no espaço e no tempo; ela expressa e relaciona a condição humana no mundo.” (Pallasmaa, 2011)
Pallasmaa defende uma arquitetura humanista, que abriga o corpo e os sentidos, as memorias, imaginações e sonhos. E critica a arquitetura contemporânea destinada a agradar os olhos, edificações essas que se tornaram produtos visuais desconectados das pessoas. Ele cita os tempos das dinastias do Egito Antigo, onde dimensões do corpo humano eram usadas para o desenvolvimento da cidade e arquitetura. Pode-se citar também, o sistema modular de proporções elaborada por Le Corbusier, que abordava investigações de Vitruvio, Da Vinci e Leon Battista Alverti, autores que tentaram encontrar uma relação matemática entre as medidas dos homens e da natura. Tonando o corpo como centro para produção da cidade e arquitetura, não de maneira egocêntrica, mas como experimentação corporal, que provoca todos os sentidos do corpo humano6 a interagirem entre si e com o ambiente a sua volta. Eu confronto a cidade com meu corpo; minhas pernas medem o comprimento da arcada e a largura da praça; meus olhos fixos inconscientemente projetam meu corpo na fachada da catedral, onde ele perambula sobre molduras e curvas, sentindo o tamanho de recuos e projeções; meu peso encontra a massa da porta da catedral e minha mão agarra a maçaneta enquanto mergulho na escuridão do interior. Eu me experimento na cidade; a cidade existe por meio de minha experiência corporal. A cidade e meu corpo se complementam e se definem. Eu moro na cidade, e a cidade mora em mim. (Pallasmaa, 2011)
Após entender que o corpo é uma das primícias para construção da arquitetura humanista, Fabiana Dultra Britto e Paola Berenstein Jacques do artigo Cenografias e Coporgrafias Urbanas (2008), tratam sobre a corpografia. Mas o que é corpografia? Seria um tipo de cartografia 7 6
Os sentidos são: visão, tato, audição, olfato e paladar. Conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que orienta os trabalhos de elaboração de cartas geográficas (Dicionário Aurélio). 7
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realizada pelo e no corpo, ou seja, é a memória urbana retratada no corpo e o registro da sua experiencia na cidade. As corpografias são capazes de revelar as eventuais deficiências e potencialidades nos projetos urbanos, explicitando práticas cotidianas e apropriações diversas na cidade. Pode se pensar em um espetáculo que vai criando e recriando cenas, o cenário vai evoluindo e modificando-se simultaneamente com as pessoas, sob diferentes escalas de temporalidade. O mesmo é para a cidade, ela se adapta aos diferentes usos das pessoas, ora sendo via de passagens, ponto de espera, cenário para espetáculo e outras demonstrações. O objeto arquitetônico itinerante, cujo desenvolvimento é o propósito deste trabalho, pretende ser uma manifestação de elementos intersubjetivos, ou seja, o objeto proposto deve expressar e provocar reações distintas em diferentes pessoas, mas compartilhando o mesmo ambiente e espetáculo. O uso da corpografia vem como ferramenta de projeto, para alcançar essa manifestação. Ela permite o registro de como as pessoas se apropriam e participam do espaço; como se comportam; como se movimentam; como lidam com um vazio urbano e quando ele é ocupado, que mudanças podem ser observadas. Com a pandemia do COVID-19, as pessoas tiveram que readequar suas rotinas, ficando em isolamento total em suas casas, explicitando a dependência da interação social e da teatralidade. É nesse momento em que a tecnologia entra em cena, com intuito de aproximar pessoas e entretêlas. Artista transformaram suas casas em cenários para espetáculos, transmitindo apresentações por meio de live. E a população acompanha, transformando suas casas na extensão do espetáculo. As casas agora se tornam palco e plateia, as janelas são o novo meio de interação social. A arquitetura começa a ser vista por outra perspectiva, se tornando transitória e imaterial (Figura 4). A arquiteta e urbanista Andreia Sofia dos Santos Cabral no artigo A Dualidade Entre Material e Imaterial Na Obra de Gonçalo Byrne e João Santa-Rita (2013), defende na sua tese sobre a arquitetura imaterial, da qual suas qualidades vão além do visível. Esta percepção fica especialmente acentuada no momento em que a pandemia força as pessoas a restringirem seus movimentos, ficando em casa. O homem sendo uma figura ainda mais central e receptor dos estímulos gerados pelos espaços arquitetônicos. Ela conta que a arquitetura é projetada por memorias e experiências vividas, causando impactos na vida das pessoas, não apenas pelo seu caráter estético formal, mas também pelo seu caráter de memória e produção de sentido. Por exemplo, uma criança que vive em seu lar e brinca com os pais no quintal, cria uma lembrança afetiva com o lugar. Quando chegar a maior idade e passar por um quintal, vai despertar em seu íntimo recordações da infância. Na pesquisa realizada em abril e maio de 2020 (APÊNDICE 1), sobre os espetáculos em casa, por meio de live em tempos de pandemia, mostra como é importante o contato com a arte, mesmo aqueles que não frequentavam eventos antes da quarentena, estão participando das lives em suas
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casas (Figura 5). Por serem gratuitos e acessíveis a um clique, permite que as pessoas conheçam novos artistas, expandindo seu envolvimento com a arte e cultura. É o chamado formação de plateia, dando ao espectador uma nova experiência da diversidade que é o Brasil e o mundo, não se limitando a apenas um estilo da teatralidade, mas mostrando o campo expandido do que a arte pode proporcionar à vida das pessoas. Outro aspecto positivo das lives, é o envolvimento com o espetáculo, em poder assistir as apresentações mais de perto e com novos ângulos, estando no conforto da sua casa. Proporciona uma experiência mais intimista e familiar, sensível as memorias. No mês de junho foi lançado o projeto Teatro Já, idealizado pela atriz Ana Beatriz Nogueira e pelo ator e gestor do Teatro PetraGold Andre Jun queira. Trata-se de uma temporada on-line de espetáculos, transmitido por uma plataforma de streaming, com valores simbólicos. O objetivo desse projeto é entreter a população, levando a arte e cultura durante e pós período de isolamento social, é o teatro aqui e agora, adaptado aos novos tempos, realçando que a arte não pode parar. As apresentações não se limitam apenas a internet, artistas estão se manifestando em suas sacadas, janelas e varandas, com apresentações musicais, performances, danças e outras expressões. Para muitos, pode parecer irônico, como essas apresentações estão aproximando as pessoas em tempos de distanciamento social, vizinhos que não se conheciam antes, hoje dividem experiências efetivas de suas janelas, tornando os dias de isolamento mais fáceis de levar e lembrando que dias melhores viram. Como no caso da carioca Juliana Sucupira (Figura 6), que tem entretido os seus vizinhos com apresentações diárias com a sua música, é uma intervenção temporária, mas que deixará marcas permanentes em sua vida e dos vizinhos agora conhecidos. Essas intervenções em tempos de pandemia, é uma adaptação limitada dos espetáculos urbanos, explicitando a dependência das pessoas com o social e coletivo, em como pertencemos a cidade. Fica claro como uma intervenção, mesmo que por internet ou pela a janela, pode mudar as nossas vidas e nos aproximar, mesmo longe. Fortalecendo a ideia do objeto arquitetônico itinerante vem propor, ocupar vazios nas cidades por tempo limitado, mas deixando marcas inesquecíveis na vida das pessoas e mostrando pro mundo a diversidade da teatralidade, que se assemelha tanto com a realidade, expandindo a arte e cultura.
Figura 4: Live Sandy e Junior. Fonte: Reprodução YouTube.
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Figura 5: Live do DJ Alok, pĂşblico assiste e participa de suas sacadas. Fonte: instagram/alok.com
Figura 6: Juliana Sucupira cantando da sacada. Fonte: g1.globo.com
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2.2Referencias Projetuais 2.2.1 Teatro do mundo Em 1979 Aldo Rossi projetou o Teatro do Mundo para a Bienal de Veneza (Figura 7). O teatro possui uma qualidade única de se deslocar, não pertencendo a nenhum lugar, ao mesmo tempo em que pode se implantar temporariamente em qualquer lugar, recriando novos cenários (Figura 8). Rossi se inspirou nas formas simples de influência clássica (Figura 9 e Figura 10), se atentando ao tecido urbano e a história da cidade, combinando os dois conceitos da arquitetura como fato urbano e a da construção da analógica, surgindo o famoso ensaio L’Architettura dela Città (A arquitetura da cidade). O teatro foi construído com uma estrutura de aço tubular, revestido em madeira. O corpo principal é formado por um quadrado paralelepípedo. No topo dispara um tambor octogonal, cujo telhado é de zinco (Figura 11). O espetáculo foi colocado no centro (vinho), o público está localizado nas laterais das duas arquibancadas e nas galerias localizados nos pisos superiores (amarelo), acessados por escadas laterais do paralelepípedo (vermelho). Ele pode acomodar 400 pessoas, das quais 250 podem sentar em volta do palco (Figura 12). Após as apresentações da Bienal, em 1980, o teatro atravessou o mar Adriático e estabeleceu em Dubrovnik para o festival. E em 1981 o teatro foi demolido. Sendo reconstruído em 2004 como marco histórico em Gênova (Figura 13).
Figura 7: Teatro Mundo.
Figura 8: Teatro se mistura com o entorno.
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Figura 9: Simetria do teatro, influência clássica.
Figura 10: Relação entre planta e corte, influência clássica.
Figura 11: Geometria do teatro.
Figura 12: Configuração do teatro.
Figura 13: Teatro Mundo em Gênova. Fonte: pinterest.com
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2.2.2 Cenário de Grande Sertão: Veredas A atriz e diretora Bia Lessa introduziu o arquiteto Paulo Mendes da Rocha no mundo na cenografia em 1990, juntos projetaram quatro cenários. No qual um deles é a montagem de Grande Sertão: Veredas em 2017, que foi apresentado em São Paulo, no Sesc Consolação e Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil (Figura 14). O cenário do Sertão foi construído por uma estrutura metálica estéril, uma espécie de andaime (Figura 15) e o piso é um tablado preto, como parte da peça é espelhado por todo ambiente bonecos de feltro. Para assistir ao espetáculo há uma tênue separação entre palco e plateia, o público está dentro do espaço cênico, separado apenas por uma segunda gaiola, que incentiva a interação das pessoas com o espetáculo, precisando algumas vezes abaixar para desviar das travessas e assistir o que acontece (Figura 16). O interessante é que o espetáculo nunca será igual para ninguém, cada pessoa terá ângulos e interações diferentes e única com a peça. A proposta é a destruição de fronteiras, a eliminação dos limites entre começo e fim do espetáculo. Além de integrar as artes cênicas e plásticas, entre espaços cenográficos e os espaços público.
Figura 14: Cenário de Grande Sertão: Veredas. Fonte: pinterest.com
Figura 15: Módulos metálicos estruturam o cenário.
Figura 16: O cenário é formado por um sistema de grelhas.
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2.2.3 Árbol del aire Árbol del aire é um objeto de intervenção no espaço público urbano, com o intuito de reativar locais e proporcional espaço de qualidade para uso coletivo, projetado como parte do pavilhão de Madrid na Expo Shangai (2010), pelo escritório Ecosistema Urbano. O objeto é uma releitura do projeto Eco Boulevard em Vallecas (Figura 18), com o objetivo de reciclagem urbano, instaladas nas cidades como próteses temporárias de sistema de adaptação climático e atividades escolhidas pelos usuários relacionados a natureza social. Sua estrutura são módulos metálicos (Figura 19), que possibilitam diversas configurações e fechamentos do objeto. Outro ponta a destacar, é sua elevação do chão, facilitando sua implantação em variados locais (Figura 20). Além de contar com sistemas de climatizações do ambiente, com ventiladores e controles de radiações solar.
Figura 17: Árbol del aire. Fonte: pinterest.com
Figura 18:Eco Boulevard. Fonte: archdaily.com.br
Figura 19: Estrutura em módulos metálicos.
Figura 20: O objeto é elevado do chão.
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2.2.4 Ark nova Desenvolvido pelo artista Anish Kapoor e o arquiteto Arata Isozaki, em 2013 no Japão, Ark Nova é um projeto itinerante destinado para apresentações de música, dança e arte em geral. Seu nome “arca nova”, é uma referência a arca de Noé usada durante o Dilúvio para salvar sua família e os animais, ou seja, a Ark Nova veio para salvar a arte do terrível tsunami ocorrido em 2011, levando esperança as famílias que ainda sofriam as consequências do desastre natural. O projeto é feito de uma membrana de plástico altamente elástico, sua estrutura inflável permite a rápida montagem e desmontagem, duas horas para inflar o objeto (Figura 22 e Figura 23), transportada por um caminhão. Ela comportando cerca de 500 a 700 pessoas. Para preservar a memória do local devastado, foram usados os destroços das árvores do Templo Zuiganji para construir os assentos.
Figura 21: Ark nova. Fonte: zupi.pixelshow.com
Figura 22: Montagem da Ark nova.
Figura 23: Montagem da Ark nova.
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2.2.5 La Fura dels Baus O grupo teatral La Fura dels Baus, fundado em Barcelona (1979), é um grupo de teatro urbano com técnicas incomuns e quebram as barreiras entre palco e plateia (Figura 24). Eles atuam no teatro digital, teatro de rua, performance de teatro contemporâneo, ópera e até eventos corporativos. O conceito do grupo é combinar o uso dos diversos recursos de palco, a fim de se aproximar do público e encorajá-lo a fazer parte, tornando ativas todas áreas tradicionalmente não acessíveis. Cada espetáculo é único, aproveitando-se da arquitetura encontrada nos espaços.
Figura 24: La Fura dels Baus com apresentação itinerante em barco, levando a teatralidade as pessoas. Fonte: facebook/lafuradelsbaus
Figura 25: La fura dels Baus incentiva a interação com o público. Fonte: facebooklafuradelsbaus
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2.2.6 Teatro da Vertigem O Teatro da Vertigem é uma companhia de teatro brasileira, fundada em 1991. Produziram quatro montagens: Paraíso Perdido (1992), O Livro de Jó (1995), Apocalipse 1,11 (2000) e BR3 (2005/2006). O que difere a companhia de teatro, é o fato de se apresentarem em espaços alternativos, buscando locais que dialogam com o eixo conceitual da proposta a ser apresentado.
A escrita cênica não é apenas um adjunto, um ponto de apoio, não se limita a um dado visual, é verbo, é conceito. (Rodrigues, 2008)
O grupo não se baseia em criar e recriar espaços para suas apresentações, mas em aproveitar os espaços já existentes, mantendo a essência do local ao mesmo tempo em que o transforma. A relação entre peça e o espaço, amplia e estabelece a relação entre espetáculo e espectador, tornando o público em um elemento ativo e presente. Na Trilogia Bíblica, os espaços cênicos utilizados para apresentações foram escolhidos como extensão da peça. Na montagem do Paraíso Perdido, o local é o templo. A história conta sobre Deus, a queda e a perda do paraíso, apontando para a própria redenção homem, e o templo sendo o que ele e toda a sua carga, expande e configura uma cena híbrida, que envolve o público, provocando múltiplas recepções e interpretações únicas. A narrativa entre peça e espaço cênico é forte, quebrando a barreira entre espetáculo e espetador, tornando-o um espaço a ser adentrado e experimentado (Figura 26). Na peça O Livro de Jó, se passa em um hospital. A peça conta sobre a história de vida de Jó, homem temente a Deus, mas em certo momento começa a passar por tribulações, encontrando-se na mais pura miséria, buscando por explicações e nunca deixando sua fé de lado. Uma linha tênue a dor e a fé, o sagrado e o profano, entre o efêmero e o eterno. A consciência de entender o que a peça está dizendo e o acontecimento que se passam no hospital, local de esperança e findar dela, o espectador é levado a extrema experimentação (Figura 27). E por fim, na peça Apocalipse 1,11, passada em um presidio, relata sobre os fins dos tempos, o grupo não traz uma interpretação do divino, mas traz o que há de mais real, sobre as consequências, as punições, a reflexão sobre o mal abrigado nos presídios e bons fora (?). O local escolhido, permite o deslocamento da peça e do público, experimentando as mais diversas sensações pelos labirintos frios e concretos do presidio (Figura 28).
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Figura 26: Peça Paraíso Perdido no templo; Público, cenário e artista tornam-se uma unidade. Fonte: teatrodavertigem.com.br
Figura 27: Livro de Jó no hospital. Fonte: teatrodavertigem.com.br
Figura 28: Apocalipse 1,11, o público participa ativamente do espetáculo e o cenário proporciona maior experimentação da cena. Fonte: teatrodavertigem.com.br
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2.3 Materiais e técnicas construtivas mais utilizadas em instalações efêmeras e móveis. Para o desenvolvimento do objeto arquitetônico itinerante, é preciso definir o partido e métodos construtivos, que permita sua fácil locomoção e flexibilidade de se adequar aos diferentes cenários. Em 2017 no quarto semestre do curso de graduação de Arquitetura e Urbanismo, na disciplina de DOMER – Desenhos de Objetos, o objetivo era criar um objeto efêmero a partir de uma releitura de projeto. Foi desenvolvido o projeto efêmero Maculosa, releitura da loja Prada em Tóquio (Figura 29). O conceito da loja Prada, é ressaltar e comunicar ao consumidor o caráter de sucesso da marca, em formato de diamante, com módulos de vidros côncavos e convexos. Estudando mais a fundo a marca e o projeto, foram analisadas duas possibilidades para o desenho da malha de vidro, a primeira é a criação a partir do símbolo da Prada e a segunda, o desenho da malha se assemelha a pedras preciosas (Figura 30). Na releitura do projeto para a criação do objeto efêmero, foram considerados, os módulos, transparência e malhada da loja. Projetando um objeto de fácil montagem, feito a partir de vergalhões soldados nas extremidades com formato triangular, garantindo a estruturação do objeto e criando uma malha de losango com fitas douradas. Pode-se tirar de partido para o objeto arquitetônico itinerante, a técnica de módulos, que ajuda na estruturação do objeto e facilita a montagem e desmontagem.
Figura 29: Loja Prada em Tóquio. Fonte: pinterest.com
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Figura 30: Esquema da loja Prada, mostrando os mรณdulos e malha de vidro.
Figura 31: Estudos da Maculosa. Fonte: A autora.
Figura 32: Maquete de estudo da Maculosa. Fonte: A autora. Figura 33: Projeto da Maculosa executado. Fonte: A autora.
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No sexto semestre do curso, em 2018, na disciplina de Conforto Ambiental – Acústica e Luminotécnica, foi proposto o desenvolvimento de um auditório. Ele fazia parte do projeto do edifício multifuncional, nomeado de Dente de Leão, foi desenvolvido na disciplina de Projeto de Arquitetura. Com capacidade para 247 pessoas sentadas, o auditório proposto é de estrutura metálica, com fechamento em vidro tipo blindex 10mm (chapas grandes), com cobertura em formato orgânico, ajudando na qualidade acústica e proporcionando a distribuição mais agradável do som no ambiente. Aqui é possível ver a importância na escolha do material para melhor propagação do som no ambiente.
Figura 34: Auditório. Fonte: A autora.
Em 2019, no oitavo semestre do curso, na disciplina de DOMER – Desenhos de objetos, a proposta era desenvolver um objeto efêmero destinado a apresentações. Os pré-requisitos para o objeto era instalar 40 pessoas sentadas e a possibilidade de se adequar diversos tipos de solo. Nomeado de Ibhaluni, o partido do projeto foi o ar, elemento este que mantém a estrutura do objeto, sem deixar de trazer leveza, com função também de sinalizador, convidando as pessoas adentrarem. Feito a partir de um tecido altamente elástico, proporcionando a fácil inflação ou desinflação durante o processo de montagem e desmontagem.
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Figura 35: Desenhos de estudos do Ibhaluni. Fonte: A autora.
Figura 36: Protótipo do Ibhaluni. Fonte: A autora.
No nono semestre do curso, em 2020, na disciplina de Tecnologia das Construções, foi desenvolvido apresentações sobre técnicas construtivas na arquitetura. A estrutura pantográfica é uma das soluções para projetos efêmeros. Sua estrutura articulada móvel, permite que a estrutura se expande e contraia, facilitando a montagem e desmontagem da estrutura. Ela é formada por um conjunto de células, com junção articulada central e das extremidades, sua materialidade e formato pode variar, desde que mantenha o princípio de montagem.
Figura 37: Esquema de montagem da estrutura pantográfica. Fonte: A autora.
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3 PROPOSTA PROJETUAL 3.1
Síntese do Quadro de Referência
Foram escolhidos seis projetos para leituras projetuais, entre elas, grupos de teatro e obras itinerante, também foi apresentado projetos realizados durante a graduação. Cada um desses projetos traz características importantes para a criação do objeto arquitetônico itinerante. O Teatro Mundo, mostra a possibilidade de inverter os papeis, levando o teatro até as pessoas. No Cenário de Grande Sertão Veredas, apresenta um cenário fora do tradicional, feito a partir de duas gaiolas abraçando a peça e a plateia, tornando o espetáculo mais ativo. O Árbol del aire, traz soluções tecnológicas, com uma estrutura elevada, facilitando a implantação em diferentes tipos de terrenos. O Ark Nova, trata sobre a montagem e desmontagem do objeto. Os dois grupos teatrais apresentados, Vertigem e La Fura dels Baus, apresentam uma alternativa fora do tradicional de se assistir um espetáculo, o público faz parte da peça, interagindo e experimentando, não se limitam apenas a um determinado espaço, eles se apossam do cenário e da arquitetura ao redor.
Figura 38: Diagrama das leituras projetuais. Fonte: A autora.
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Figura 39: Síntese das releituras projetuais. Fonte: A autora.
3.2 Desenvolvimento conceitual do projeto e formulação do partido arquitetônico O projeto surgiu a partir de três pilares estruturadores, a teatralidade, mobilidade e inclusão social. A teatralidade como campo expandido da arquitetura e da arte. A partir dela é possível estimular o senso crítico das pessoas em relação a vida, transformando a sociedade. Mobilidade na arquitetura, como objeto transitório, capaz de ocupar vazios urbanos, se adequando a solos e climas, com sistema eficaz de montagem e desmontagem, revertendo intervenção temporária em marcas permanentes. Inclusão social, indicando mecanismo através da arquitetura que estimulam a igualdade entre pessoas, não importando qual seja sua etnia ou classe social. Elaborando espaços que provocam e incentivem experiências, promovendo amabilidade entre as pessoas. Durante o processo de desenvolvimento, está sendo trabalhado maneiras de demonstrar intenções do projeto, captando a essência do objeto. A imagem a seguir apresenta o primeiro estudo, mostrando o diálogo entre espetáculo e espectador. O objeto ocupando os diferentes vazios urbanos, refletindo as pessoas, cidade e arquitetura através da arte.
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Figura 40: Faixa conceitual, frase: “quanto mais ativo for o espetáculo, mais a cidade se torna palco e o cidadão um ator protagonista”. Fonte: A autora.
Seguido pelo processo de transformar essas intenções em espaços, que possam ser montáveis e desmontáveis, garantindo a mobilidade do objeto ocupar diferentes vazios da cidade.
Figura 41: Estudo maquete conceitual. Fonte: A autora.
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Figura 42: Estudo da maquete conceitual. Fonte: A
autora.
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Figura 43: Estudo da maquete conceitual 2. Fonte: A autora.
Figura 44: Estudo da maquete conceitual 3. Fonte: A autora.
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Figura 45:Estudo da maquete conceitual 3. Fonte: A autora.
Figura 46:Estudo da maquete conceitual 3. Fonte: A autora.
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3.3 A relação da estruturação do espaço, partido-estético formal e as soluções tecnológicas
curto prazo
intervenção urbana
montagem
ocupação de vazios
desmontagem
cenários
exível
mobilidade
campo expandido
adaptável experimentação
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Objeto Arquitetônico Itinerante
teatralidade
inclusão social acessibilidade
cidade
arquitetura
arte
pessoas
humanista
espetáculo
sensorial
amabilidade
integração
marcas permanentes
Figura 47: Fluxograma. Fonte: A autora.
diversidade
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Após todas as leituras, levantamentos e estudos, compreende-se que o objeto vai além de um local para abrigar uma apresentação, mas ele sendo o próprio cenário, extensão da teatralidade e da arquitetura ao redor, tornando o espetáculo mais ativo e experimental ao expectador. Tomando como partido a modulação por meio de perfis metálicos com encaixes, permitindo diferentes configurações do objeto.
Módulos em planta
Módulos em elevação
Possibilidades de congurações
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Possibilidade de conguração, o objeto itinerante é também cenário, sem divisão implícito entre palco e platéia.
Módulos
Figura 48: Estudo de módulos e configurações. Fonte: A autora.
A intenção é que seja um sistema itinerante capaz de abrigar a teatralidade e pessoas, enquanto ocupada vazios na cidade, dando um novo significado urbano. Por meio de espetáculos ativos, provocando todos os sentidos das pessoas, tornando cada experiencia única e pessoal. O sistema é capaz de criar percursos, planos, configurações, ampliações e espaços para as apresentações, se adequando ao espetáculo e local de implantação.
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Figura 49: Configuração do objeto a partir de módulos. Fonte: A autora.
Figura 50: Configuração do objeto a partir de módulos. Fonte: A autora.
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Figura 51: Configuração do objeto a partir de módulos. Fonte: A autora.
Figura 52: Configuração do objeto a partir de módulos. Fonte: A autora.
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3.4 Construção do cenário comportamental por meio de ensaios O objeto arquiteto itinerante, nasceu com o objetivo de levar a teatralidade para todos, não importando sua localização. Aqui são apresentadas três possíveis locais de implantações, cada um apontando necessidades distinta para a ocupação do objeto.
Esplanada do Ginásio de esporte Pitangueiras - SP
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Cervejaria Antarctica, Ribeirão Preto-SP
Comunidade Nazaré Paulista, Ribeirão Preto-SP
Figura 53: Localização dos cenários comportamental por meio de ensaios. Fonte: A autora
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3.4.1 Comunidade Nazaré Paulista, Ribeirão Preto - SP A Comunidade Nazaré Paulista em Ribeirão Preto - SP está passando desde 2018 por um processo jurídico de Reintegração de posse por ocupação ilegal em área particular, local este que seria destinado a ampliação do aeroporto de Ribeirão Preto. Alguns grupos, como a União dos Movimentos de Moradia e alunos das universidades Barão de Mauá e Moura Lacerda, em defesa da comunidade realizaram duas pesquisas para usar na defesa da comunidade (Figura 54). Em dezembro de 2019, foi anunciado o direito de permanência dos moradores e o reconhecimento da ocupação a cumprir a função social da propriedade, provavelmente os proprietários ainda vão recorrer nas instâncias superiores, mas a primeira vitória é da Comunidade.
Figura 54: Alunos das Universidades fazendo a pesquisa. Fonte: A autora.
A pesquisa realizada por esses grupos, apontam a falta de espaços para lazer dos moradores na comunidade ou nas proximidades (APÊNDICE 2). Durante o processo de pesquisa, nota-se a inexistência de tais lugares na comunidade, contando apenas com alguns mercadinhos e bares. O que motivou os moradores a dizerem ter espaços de lazer, foi o medo de perder o local de moradia. O único espaço para encontro dos moradores, é na entrada da comunidade, destinado a assembleias, ensino e festividades (Figura 55). O local foi executado pelos próprios moradores, inicialmente de taipa de pilão e finalizado com tijolos cerâmicos.
Figura 55: Local de encontro dos moradores. Fonte: google.com/maps
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A escassez de equipamento de lazer na comunidade, há torna escolha principal para os ensaios comportamentais do objeto arquitetônico itinerante, cumprindo o objetivo de levar a teatralidade para todas as pessoas, tornando todos os tipos de arte acessível e incentivando a inclusão do social de todas as classes para o mundo teatral, musical ou qualquer que seja a arte. A implantação do objeto, está localizado no vazio ao lado da edificação de encontro dos moradores, na entrada da comunidade. Escolhido estrategicamente, por ser um local que a comunidade já está acostumada a frequentar e por estar próxima a avenida, é de fácil acesso para público de comunidades vizinhas.
Local de encontro dos moradores Residencial Área verde Vazio Área de ocupação Galpão abandonado
Figura 56: Diagrama de uso e implantação do objeto. Fonte: A autora.
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3.4.2 Antiga Cervejaria Antarctica, Ribeirão Preto - SP. O antigo complexo da Cervejaria Antarctica de Ribeirão Preto - SP, está abandonada por 17 anos (Figura 57). Em 2012 foi anunciado que o local se tornaria o quinto shopping da cidade, em 2015 começaram a demolir parte da construção para a implantação do equipamento, mas desde 2017 o local está parado, os responsáveis pelo empreendimento declarou que o projeto está em fase de revisão e sem data para início. A implantação do shopping no antigo complexo, é alvo de discussões, próximo da rodoviária, mercadão e conhecido pelo trânsito caótico que o rodeia, o equipamento poderia trazer sérias complicações urbanas.
Figura 57: Antigo complexo da Cervejaria Antarctica. Fonte: acidadeon.com
O antigo complexo está localização no centro da cidade, rodeado por comércios, prestadores de serviços, o Terminal Rodoviário e os Terminarias Urbanos. Tornando o local ideal para implantação do objeto, com alcance de diferentes pessoas para formação de plateia. Muitas pessoas ficam por horas na rodoviária à espera do ônibus, com a implantação do objeto, a pessoa ganhará qualidade no tempo de espera e a chance de conhecer tipos de apresentações diferentes.
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Institucional Residencial
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Área verde Prestação de serviço Comercio Antiga cervejaria antarctica Área de ocupação
Figura 58:Diagrama de uso e implantação do objeto. Fonte: A autora.
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3.4.3 Esplanada do ginásio esporte de Pitangueiras - SP. A cidade de Pitangueiras – SP, faz parte da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, o município é formado pela sede e distrito de Ibitiuva, conta 39.719 habitantes. Na pesquisa realizada (APÊNDICE 3), sobre equipamentos para entretenimento dos moradores da cidade, revela que apesar de possuir alguns equipamentos de lazer, como ginásio esporte, praças, Associação Atlética de Pitangueiras ( privado) e o teatro municipal, são insuficientes para atender a população. A esplanada do ginásio esporte (Figura 59) é palco dos grandes eventos da cidade, como rodeio, carnaval, parques e circos itinerantes. Mas se esses eventos não acontecem, o que já ocorre, a cidade ficou alguns anos sem eventos populares, rodeio e carnaval, os habitantes precisam se locomover para cidades de vizinhas.
Figura 59: Esplanada do ginásio esporte. Fonte: google.com.br/maps/
A implantação na cidade de Pitangueiras, explícita a mobilidade do objeto arquitetônico itinerante, de ocupar grandes á pequenas cidades. Localizado na esplanada do ginásio esporte, no centro da cidade, está próximo a escola, proporcionando o alcance dos públicos de todas as idades. Próximo ao Terminal Rodoviário, podendo atender visitantes e o distrito de Ibitiuva.
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Ginásio Esporte
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Área verde Vazio Área de ocupação
Figura 60:Diagrama de uso e implantação do objeto. Fonte: A autora.
3.3
Documentação técnica da proposta nal
Em desenvolvimento.
47
4 CONCLUSÃO 4.1
Revisão dos objetivos gerias e especícos
Em desenvolvimento.
4.2
Síntese das contribuições deste trabalho
Em desenvolvimento.
4.3
Sugestões para pesquisa adicionais
Em desenvolvimento.
48
49
5 BIBLIOGRAFIA Britto, F. D., & Jacques, P. B. (2008). Cenografias e corpografias urbanas . Cabral, A. S. (2013). A dualidade entre material e imaterial na obra de Gonçalo Byrne e João Santa-Rita. Careri, F. (2013). Walscapes: o caminhar como prática estética (1° ed., Vol. I). São Paulo : Editora G Gili. Diéguez, I., & Borges, T. E. (25 de Junho de 2014). Um teatro sem teatro: a teatralidade como campo expandido. Fontes, A. S. (Abril de 2011). Intervenções temporárias, marcas permanentes. A amabalidade nos espaços coletivos de nossas cidades, p. 3. Franca, D. G. (09 de junho de 2020). G1. Fonte: G1: http://glo.bo/1MkRQN9 G1, R. (2014). Seis em cada dez brasileiros nunca foram ao teatro, aponta pesquisa. Acesso em 2020 de março de 28, disponível em G1: http://glo.bo/1hDZixt Gleick, J. (2000). Acelerado. New York: Elsevier. Gwercman , S. (Outubro de 2016). Tempo: Cada vez mais acelerado. Super Abril. Honório,
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https://teatropetragold.com.br/teatro-ja Pallasmaa, J. (2011). Os Olhos da Pele. Porto Alegre: Bookman. Paz, D. (novembro de 2008). Arquitetura efêmera ou trasitória. Vitruvius(n.102.06). Redação. (s.d.). Como surgiu o teatro? Acesso em 28 de março de 2020, disponível em Site de curiosidades
:
https://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/como-surgiu-o-
teatro.html Rodrigues, C. C. (Janeiro de 2008). Teatro da Vertigem e a cenografia do campo expandido. VITRUVIUS(092.03). Steingart, M. (Produtor), Goldschmidt, C., & Holland, D. (Diretores). (2017). Abstract: The Art of Design [Filme Cinematográfico]. Toni, E., Brito, F., Moraes, F., Neto , L., & Silva, T. (2018). Anfiteatro do edifico multifuncional. Ribeirão Preto: Centro Universitario Barão de Mauá.
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Toni, E., Moraes, F., Neto, L., & Silva, T. (2019). Projeto efemero Ibhaluni. Ribeirão Preto: Centro Universitário Barão de Mauá. Toni, E., Moraes, F., Silva, T., Neto, L., & Brito, F. (2017). Projeto maculosa, releitura da loja Prada em Tóquio. Ribeirão Preto: Centro Universitario Barão de Mauá. Toni, E., Pedroso, M., Tomazeli, L., Miotto, S., & Guedes, L. (2020). Estruturas Pantográficas. Ribeirão Preto: Centro Universitario Barão de Mauá.
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6 APÊNDICE 6.1
Pesquisa sob espetáculos em casa.
1. Antes da quarentena qual era a sua relação com os eventos, teatros, shows, espetáculos de ruas, etc?
Não Frequentava
16,66%
Pouco Frequentava
41,66%
Sempre Frequentava
41,66%
2. Durante a quarentena está se utilizando de ferramentas disponíveis da tecnologia para um novo meio de interação social, por exemplo as live. Como tem sido a experiencia da sua casa ser uma extensão do espetáculo?
Negativa Regular Excelente
8,33% 41,66% 50%
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3. Comparando os momentos de interação nesses eventos externos e agora os online, disserte sobre a maneira de se assistir ao espetáculo, as instalações, o espaço vivenciado. *as respostas foram somadas e resumidas* - ‘Presencial proporciona imersão, em alguns caso permite interação com público espectador tornando-a parte do "show". Online é relativo, possui relevância mediana, já que você pode: pausar, voltar, assistir mais tarde e se distrair facilmente com outras atividades.’ - ‘Assistir um show ao vivo em teatro e em casa são experiências completamente diferentes, duas atmosferas opostas, o conforto do lar não substitui a interação e proximidade, o contato que há entre as pessoas durante estes eventos, como uma boa conversa, fazer amigos, conhecer pessoas.’ - ‘É bem fácil de trabalhar e intuitivo, acessível de qualquer lugar.’ - ‘As lives tem nos proporciona sempre estar unido a família, em um ambiente totalmente confortável e familiar. Nos fazendo aproveitar bem mais o espetáculo.’ - ‘Quando você sai de casa para curtir algum forma de entretenimento, tudo que estará no local fará parte da experiência como a iluminação, as cores, as atrações, as pessoas, a comida disponível no local, etc. E nenhuma experiência será exatamente igual a outra, casa uma será única.’
4. Durante esse momento de espetáculos online, consegue listar alguma conguração que mudou para melhor comparado as apresentações externas?
Não
25%
Sim
75%
Se sim, quais? - ‘Conforto; ligação entre artista e ouvinte; diversidade e possibilidade de conhecer novos artista; visualizar o artista de perto; experiência familiar; espaço pessoal.’
Formulários https://docs.google.com/forms/d/17x9jodmq21HTjmZzNYCa3P9guS5oxFVWmK76Ei3mYvc/edit
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6.2
Pesquisa comunidade Nazaré Paulista.
1. Há quanto tempo mora na comunidade? Menos de 1 ano De 1 a 3 anos
10,9% 30,9%
Mais de 3 anos
58,2%
2. Existem locais para encontro e lazer dos moradores dentro da comunidade?
Não existem Sim, mas são poucos Sim e são sucientes
23,4% 39,6% 36,9%
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3. Que nota você daria para os espaços de convívio da comunidade? 1 2
14,8% 5,6% 16,7%
3
24,1%
4
38,9%
5
4. Existem espaços de esporte e lazer perto da comunidade?
1 2 3 4 5
50% 7,3% 12,7% 8,2% 21,8%
Formulários https://docs.google.com/forms/d/1t7IIXG-oBjVbk20ABH7VWGhcHz-N_OQoKpnuU75JkLk/edit?ts=5ec46971#responses
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6.3
Pesquisa cidade Pitangueiras -SP.
1. Existem locais para entretenimento na cidade?? Sim, o suciente
0%
Sim, mas são poucos
50%
Não
50%
2. Se sim, quais são? - ‘Ginásio esporte, Associação Atlética de Pitangueiras (clube privado), praças e o teatro municipal (raramente acontece alguma apresentação).
3. Ocorre eventos, shows, peças de teatro e espetáculos na cidade ou precisa se locomover para cidades vizinhas? 16,7%
Tem em Pitangueiras Tem periodicamente (carnaval e rodeio) Não tem, precisa ir para cidades vizinhas
72,2% 11,1%
4. Se existisse um equipamento capaz de promover eventos teatrais e musicais, você freqüentaria?
Sim Não
83,3% 16,7%
Formulários https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSe-pr8coRISype_3IU3VyMPcx92MAZPLPdUBDSi7lGyYMGbjA/viewform?usp=sf_link
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