Leitura na Educação Infantil Seleção e mediação de livros
Emily Anne Stephano
Material criado por Emily Anne Stephano, como apoio à oficinas de leitura Vá Lendo emily.anness@yahoo.com.br @emilystephano (ilustração de fundo de VladStudio)
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Sumário 1. A leitura na primeira infância – o que diz quem estuda o assunto? ................................................................... 05 2. A variedade de oferta – identificação de variedades e suas potencialidades ................................................... 08 3. Teoria, prática e análise de mediação ..................... 19 4. Outras possibilidades de leitura – outras línguas, linguagens e formatos .................................................. 22 5. Uma porta aberta: leitura como apoio pedagógico – livros paradidáticos, temáticos e não ficção ............... 25 6. Onde comprar bons livros? ...................................... 27
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1. A leitura na primeira infância > o que diz quem estuda o assunto? “No jogo de linguagem ocorrem simultaneamente dois fenômenos: a elaboração de um psiquismo (fundamento da capacidade de pensar e simbolizar) e o ingresso no território da metáfora, do fazer “como se”, a capacidade de construir a realidade da fantasia. Ali, a criança é capaz de perceber o excesso não funcional da língua, origem da experiência artística. (...) Quando entre os objetos e as experiências que se colocam à disposição estão os livros, a música, a pintura, o cinema, a dança, além de explorar e conhecer o que se coloca em jogo, há o nascimento da sensibilidade estética. As crianças (...) manifestam desde o nascimento mesmo, uma série de capacidades que as predispõe favoravelmente para a relação com a aprendizagem em geral e com a arte em particular.” - Maria Emília López, Um mundo aberto: cultura primeira infância (Instituto Emília) Cada vez mais estudos apontam a importância dos primeiros seis anos de vida no desenvolvimento humano de forma ampla. Algumas questões são muito claras, como observar que um recém nascido ainda não consegue sustentar a própria cabeça, mas aos seis anos já adquiriu todas as habilidades motoras que irá precisar Emily Anne Stephano
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ao longo da vida. Outras, mais subjetivas, como o impacto dos estímulos diversos - entre eles, a leitura - na primeiríssima infância. Os ganhos de vocabulário vindos da leitura são evidentes, mas há muitos outros como a construção de ideia de sequência, de ação e reação, a possibilidade de vivenciar situações às quais não foi realmente exposto e pensar sobre como agiria, com quem cria identificação e desenvolvimento de empatia, para citar apenas alguns. No livro “Um mundo aberto: Cultura e primeira infância” (Instituto Emília), Maria Emília López aborda, em um texto leve, a relação da criança com a cultura e o importante papel dos adultos que fazem a mediação. Confira dicas para saber mais sobre o assunto: > Um mundo aberto: cultura e primeira infância Instituto Emília https://www.analememovimentoliterario.com.br/pd6058e0-um-mundo-aberto-cultura-e-primeirainfancia.html?ct=2324aa&p=1&s=1 > Coleção Gato Letrado - Editora Pulo do Gato https://editorapulodogato.lojaintegrada.com.br/categori a/328114.html Emily Anne Stephano
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> Dicas de livros para pensar sobre literatura infantojuvenil e formação de leitores - A Taba https://ataba.com.br/dicas-de-livros-para-pensar-sobreliteratura-infantojuvenil-e-formacao-de-leitores/ > Seção de livros teóricos no site Ana Leme - Movimento Literário https://www.analememovimentoliterario.com.br/livrosteoricos-ct-2324a8
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2. A variedade de oferta > identificação de variedades e suas potencialidades Variedade é um dos principais critérios para selecionar livros - independente da idade de quem lê. Assim como acontece na alimentação do corpo, em que devemos variar os alimentos para garantir nutrientes diversos e uma saúde mais forte, é variando as propostas literárias que nos tornamos leitores mais experientes. Além disso, é difícil insistir quando uma leitura (ou sabor) não agrada muito, mas ao ter várias opções na estante (ou cardápio) amplia as possibilidades de aproveitar tudo de bom que aquele livro (ou prato) pode trazer! O que considerar para escolher? No mercado, é comum que livros infantis sejam classificados por faixa etária e até mesmo gênero da criança para quem a obra será apresentada. Muitos estudiosos do livro e da leitura apontam que esse modelo é questionável, pois além de pressupor e generalizar temáticas que agradam a meninos ou meninas, também desconsidera que a fluência de cada leitor não depende apenas de sua idade.* *Saiba mais em “Afinal, é possível definir um leitor a partir de sua idade?”, no site A Taba (https://ataba.com.br/dicas-de-livros-parapensar-sobre-literatura-infantojuvenil-e-formacao-de-leitores/) Emily Anne Stephano
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Pense em quando você tinha nove anos e estava na escola. É possível que alguns colegas gostassem muito de ler, outros tivessem dificuldade de leitura, outros ainda fugissem de livros mesmo não “engasgando” para ler. Mesmo crianças que têm exatamente a mesma idade e formação escolar apresentam diferença no interesse e facilidade de leitura, pois a formação leitora depende de outras questões, como a vivência que a criança tem com livros e o hábito leitor das pessoas com quem convive. Alguns critérios que podem ajudar a escolher a leitura são: 1. Você deve gostar do livro, do contrário, será difícil convencer as crianças de que é uma leitura interessante. 2. Temas de interesse podem ajudar a escolher - como animais, dinossauros, família… 3. Se você conhece as crianças, pode perceber do que gostam mais - mas também sempre vale experimentar novidades! 4. Fique sempre de olho em livros que não conhece, pois quanto mais a gente lê, mais ficamos seguros de nossos critérios. 5. Procure variar sempre - temas, escritores, ilustradores, gêneros textuais, projetos gráficos. Aproveite os livros para explorar mundos desconhecidos! Emily Anne Stephano
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Voltando à analogia de livros e comida, se a alimentação diversificada garante variedade de nutrientes, sair da mesmice na leitura também oferece novas competências leitoras e apropriação da linguagem. Para variar sempre, além da temática e gênero textual, você pode observar: - livros escritos/ilustrados por homens e por mulheres - autores de diferentes nacionalidades e culturas - diversidade de editoras, incluindo as pequenas e independentes Confira aqui algumas classificações e dicas de livros, lembrando que é comum que uma mesma obra se encaixe em categorias diferentes (como conto rimado e de acumulação, por exemplo): >> Engano As histórias de engano sempre envolvem ao menos duas partes - uma que quer enganar e outra que é enganada. Elas permitem pensar e conversar sobre a diferença entre ação e intenção, reconhecendo a situação de engano e os elementos que nos levam a essa percepção. “...vale a pena dedicar especial atenção e incluir atividades que façam as crianças pensarem sobre a Emily Anne Stephano
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relação entre os personagens, suas ações, pensamentos e intenções ao longo da narrativa.” (Caderno Trilhas) Alguns livros com contos de engano: > O Grúfalo (Editora Brinque-Book) > Max, o corajoso (Editora Companhia das Letrinhas) > Histórias da onça e do macaco (Editora WMF Martins Fontes - também é conto tradicional brasileiro) > Sopa Supimpa (Editora Melhoramentos - também é canção e conto tradicional brasileiro) > Quero meu chapéu de volta (Editora WMF Martins Fontes - também é conto de repetição)
>> Repetição Quem convive com crianças pequenas já deve ter notado que repetições fazem sucesso! É uma forma de apropriação - e nos contos isso fica muito evidente quando mesmo quem não é alfabetizado consegue ler por decorar a história com facilidade. A estrutura de repetição também permite antecipação, reconhecendo padrões que indicam que uma ação ou fala irá se repetir - uma ótima oportunidade para que as crianças participem ativamente, falando a parte da repetição. Alguns livros com estrutura de repetição > Pedro vira porco-espinho (Editora Jujuba) > Eu, supermalvado (Editora Mov Palavras) Emily Anne Stephano
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> Quero meu chapéu de volta (Editora WMF Martins Fontes - também é conto de engano) > Rei Bigodeira e sua banheira (Editora Ática) > Bruxa, bruxa, venha à minha festa (Editora BrinqueBook) > Mas papai…(Editora Jujuba) > E o dente ainda doía (Editora DCL) > Eu já disse 100 vezes! (Editora WMF Martins Fontes) > Tá tudo bem, neném! (Edições SM - também é conto rimado) > Tchim! (Edições SM) > O animal mais feroz (Editora V&R) > Todos eles viram o gato (Editora Publifolhinha) >> Acumulação Assim como nas histórias de repetição, conforme as crianças compreendem a estrutura de acumulação e decoram as ações, personagens e sequências, a participação ativa se dá facilmente. Os contos de acumulação imprimem ritmo à narrativa, sempre acrescentando algo mais. Alguns livros de acumulação > A casa sonolenta (Editora Ática) > Gente pequena, gente grande (Editora Saber e Ler) > Tinha uma velhinha que engoliu uma mosca (Editora Amarylis) Emily Anne Stephano
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> Cadê o pintinho (Editora Pulo do Gato) > O grande rabanete (Editora Moderna) > Minhocas comem amendoim (Editora Pequena Zahar) > Ratinho (Palavra Cantada) (Editora Melhoramentos) > O pinguim chamado pinguim que tinha o pé frio (Editora Amarylis) > Uma girafa e tanto (Editora Companhia das Letrinhas também é conto rimado) > Bem lá no alto (Editora Companhia das Letrinhas) >> Conto rimado A principal diferença do conto rimado para a poesia, que também costuma ter rimas e brincar com as palavras, é a estrutura de narrativa, contendo tempo, espaço, personagens que se relacionam. Alguns livros de texto rimado > Abrapracabra! (Editora Brinque-Book) > Sete patinhos na lagoa (Editora Biruta) > Eu grande, você pequenininho (Editora Companhia das Letrinhas) > Um abraço passo a passo (Editora Panda Books) > Era uma vez outra vez (Editora Barbatana) > Quem quer brincar comigo? (Editora Abacatte também é repetição)
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>> Canção, cantiga, parlenda As canções, cantigas e parlendas têm caráter folclórico, costumam aparecer naturalmente entre famílias que cantam e brincam com os bebês. Versos e rimas, comuns na poesia, marcam também as canções e cantigas que se espalham por tradição oral. Mesmo em parlendas em que não há um sentido lógico, o ritmo e a brincadeira com palavras colaboram para a facilidade de transmissão. Alguns livros de canções, cantigas e parlendas > Brasil for children (Editora Peirópolis) > Quem canta seus males espanta - volumes 1 e 2 (Editora Caramelo) > A sopa supimpa (Editora Melhoramentos - também é conto de engano) > As melhores brincadeirinhas musicais da Palavra Cantada (Editora Melhoramentos) > Vamos brincar de roda! (Editora Melhoramentos) > Bichos de cá (Editora Bamboozinho) > Parlendas para brincar (Editora Panda Books) > O jogo da parlenda (Editora Companhia das Letrinhas) >> Livro Álbum No livro álbum, texto e imagem se somam para construir a história. Ao separar uma linguagem da outra, o sentido Emily Anne Stephano
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original se perde - seja por se complementarem, ou porque se contradizem ou mesmo por uma ampliar o sentido da outra. Alguns livros álbum > Gorila (Pequena Zahar) > Na floresta (Pequena Zahar) > A vida selvagem - diário de uma aventura (Editora Pensarte) > Uniforme (Edições de Janeiro) > A vaca que botou um ovo (Editora Salamandra) > Nunca acontece nada na minha rua (Editora Amelì) > Uma história (Edições SM) >> Tradicionais brasileiros Os contos tradicionais são cheios de fantasia, aventura e diversão. Neles aparecem personagens do folclore, histórias fabulescas com animais da nossa fauna e o tipo de texto que pede para ser lido em voz alta, como se alguém nos contasse. Alguns livros vindos da tradição oral brasileira > Histórias da onça e do macaco (Editora WMF Martins Fontes) > Histórias de bichos brasileiros (Editora WMF Martins Fontes) Emily Anne Stephano
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> Contos tradicionais do Brasil (Editora Ediouro) > No meio da noite escura tem um pé de maravilha (Editora Ática - o autor, Ricardo Azevedo, é referência em tradição oral brasileira) >> Livro Imagem Os livros imagem são aqueles sem narrativa verbal, mas que podem contar muita história. Por ser o ambiente próprio da criança ainda não alfabetizada (ela já costuma ler histórias apenas observando as imagens), pode ser uma boa ideia permitir que os pequenos contem o que estão lendo, ajudando a organizar a sequência da narração. Alguns livros de imagens cheios de histórias > Telefone sem fio (Editora Companhia das Letrinhas) > Bocejo (Editora Companhia das Letrinhas) > Jornada (Editora Galerinha Record) > Dois passarinhos (Editora Pulo do Gato) > Onde está o elefante? (Editora WMF Martins Fontes) > A bruxa e o espantalho (Editora Jujuba) > Zoo (Editora Projeto) > Monstros! (Editora Amelì) >> Conto de fadas Chapeuzinho vermelho, os três porquinhos, Branca de Emily Anne Stephano
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Neve… Os contos de fada atravessam séculos como histórias universais, fazendo parte do imaginários de adultos e crianças. Sempre surgem novas versões e linguagens para contá-los, mas conhecer os textos originais sempre é enriquecedor. Alguns livros de contos de fadas > Contos de fadas (Editora Zahar) > Livro de histórias (Editora Companhia das Letrinhas) > Meu primeiro livro de contos de fadas (Editora Companhia das Letrinhas) > João e Maria por Neil Gaiman (Editora Intrínseca) > Uma chapeuzinho vermelho (Editora Companhia das Letrinhas) > Minimaginário de Andersen (Editora Companhia das Letrinhas) >> Poesia A jogo de palavras e sentidos na poesia fica bem evidente na sonoridade, o que faz com que seja tão presente em recitais e saraus. A beleza do texto se constrói na poesia e pode promover reflexão e diversão. Alguns livros de poesia > Antologia ilustrada da poesia brasileira para crianças de qualquer idade (Edições de Janeiro) Emily Anne Stephano
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> A arca de Noé (Editora Companhia das Letrinhas) > Coleção Brasileirinhos, de Lalau e Laurabeatriz (Editora Companhia das Letrinhas) > Ou isto ou aquilo (Editora Global) > 111 poemas para crianças (Editora L&PM) > Cada coisa (Editora Companhia das Letrinhas) > Cada bicho com seu capricho (Editora Mov Palavras) >> Livro brinquedo Os livros brinquedo mais comuns são aqueles que formam cenários, têm personagens como dedoches, fazem sons ou outros estímulos, mas, muitas vezes, não trazem o que esperamos enquanto texto literário. Outros, aproveitam o suporte do livro para criar histórias interativas, em que a criança é convidada a participar da leitura usando todo o corpo. Alguns livros brinquedo fora do comum > Aperte aqui (Editora Ática) > Este livro está te chamando (não ouve?) (Editora Peirópolis) > Livro clap (Editora Companhia das Letrinhas)
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3. Teoria, prática e análise de mediação Mediar pode ser definido como “dividir” - ou seja, é um ato que envolve ao menos duas partes. Sendo assim, mais do que ler para alguém, a mediação consiste em ler com alguém. É um ato de conexão que se dá em torno da leitura. O processo de mediação começa na escolha do que será lido, já que cada leitura tem objetivos específicos (informar, divertir, refletir…). O passo seguinte é se preparar para a mediação de leitura: estudar a obra, observar os pontos que captam a atenção, o que está dito e o que está subentendido, o que nos leva até as conclusões. Ao pensar em envolver as crianças, um bom exercício é fazer perguntas sobre o sentido que é construído na leitura, não de forma retórica, mas apenas atraindo o olhar para os detalhes, perguntando o que acham que aquilo quer dizer e, principalmente, dando tempo e ouvidos aos que acompanham a leitura. E, ao fechar o livro, quais discussões podem ser propostas? “A mediação também não acaba quando acaba a leitura do livro, ela vai além. Uma boa mediação envolve uma boa conversa sobre o livro lido, que vá para além do óbvio, do “literal” do texto, que estimule os participantes a falarem o que sentiram, o que pensaram, que chame a atenção para pontos fortes do livro, que Emily Anne Stephano
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visite novamente algumas páginas, releia trechos etc.” (Patrícia Diaz*) Na mediação de leitura é importante considerar todos os participantes como leitores que podem ser ativos. O que você costuma fazer se não entende um trecho? Lê outra vez? Então, se o grupo não compreender, pode-se ler novamente. Às vezes você faz associações com outras histórias que conhece? Se uma criança relacionar o que está ouvindo com outro livro, desenho, música, significa que está construindo sentidos. Não é preciso ler um livro todo para depois pensar no que ele diz, ou voltar observando melhor as imagens e se elas contam algo a mais - o processo pode ser construído conjuntamente, página a página, sempre que necessário. É importante conhecer a obra e pensar na mediação, mas sempre tendo em mente que na literatura as ideias não são necessariamente fechadas. O sentido que cada leitor constrói é influenciado por suas experiências e deve ser acolhido e explorado na medida.
*Como fazer uma boa mediação e formar novos leitores, entrevista com Patrícia Diaz para a Revista Educação https://www.revistaeducacao.com.br/como-fazer-uma-boamediacao-e-formar-novos-leitores/) Emily Anne Stephano
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Mediação de leitura na prática Um bom exercício de mediação pode ser feito entre colegas de trabalho: selecionem as obras e, mesmo que rapidamente, estudem como a mediação pode ser feita. Uma pessoa do grupo faz a mediação da obra que escolheu e os demais, depois de concluído o processo, podem apontar o que observaram na mediação - os comentários, perguntas, direcionamentos. Diferentes mediadores dão sequência, de forma que o grupo experimente diversas experiências, observando que não existe um modelo rígido, mas sim formas complementares de mediar leituras.
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4. Outras possibilidades de leitura > outras línguas, linguagens e formatos As cantigas tradicionais costumam aparecer logo no início da vida dos bebês. É comum que a criança chegue à escola conhecendo “Roda roda”, “Caranguejo não é peixe” ou outras canções tradicionais - além de algumas músicas que fazem parte do repertório familiar. As linguagens poética e literária apoiadas pela melodia e ritmo favorecem o trabalho com crianças, envolvendo e explorando movimentos e a leitura com todo o corpo. Músicas, poemas e histórias rimadas também são aliadas da escola no trabalho com outros idiomas. Alguns autores clássicos americanos, como Maurice Sendak, Shell Silverstein e Dr. Seuss têm livros publicados no Brasil e facilmente os textos originais são encontrados na internet, permitindo um paralelo. As obras de Dr. Seuss, publicadas pela editora Companhia das Letrinhas, têm o texto original no fim de cada livro. Também é possível encontrar online, em algumas livrarias ou bibliotecas especializadas, originais em espanhol, como o livro “Ernestina, a galinha”(Ernestina la gallina*), de Yolanda Reyes, publicado pela editora Pensarte, tão bom de recitar nos dois idiomas.
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Por fim, uma linguagem que usamos tantas vezes ao dia e à qual as crianças já são bastante familiarizadas: a linguagem digital. Por enquanto, os e-books costumam ser apenas versões digitais dos livros impressos, como se fosse o arquivo pronto para impressão. Sendo assim, livros infantis são prejudicados nesse ambiente, pois nas melhores obras criadas para crianças, a materialidade faz parte do que a obra comunica - seu tamanho, formato e até mesmo diferentes materiais pensados para ampliar o sentido da obra se perdem nas telas padronizadas. Porém, há outras formas de aproveitar o ambiente digital como apoio ao trabalho de leitura. Os canais de contadoras de histórias e booktubers, por exemplo, apresentam obras novas, listas temáticas e curiosidades sobre o universo do livro e leitura. Relacionar a leitura à linguagem própria da internet (audiovisual, com links e possibilidade de interação), pode ser uma boa ferramenta para ampliar o repertório de educadores e familiares, estreitando relações com experiências leitoras.
*Veja a leitura e mediação realizadas por uma criança em https://www.youtube.com/watch?v=eO1rUTzvlKI
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Alguns nomes para acompanhar nas redes: > Fafá conta https://www.youtube.com/fafaconta > Marina Bastos https://www.youtube.com/marinabastosatriz
> A Taba https://www.youtube.com/ataba > A cigarra e a formiga https://www.youtube.com/acigarraeaformigatv
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5. Uma porta aberta: leitura como apoio pedagógico > livros paradidáticos, temáticos e não ficção Apesar de a literatura não ter o objetivo de ensinar algo, ela pode abrir portas para conversas dentro de temas específicos ou transversais, apoiando o trabalho em diversas áreas na escola. Quando um livro tem o propósito de abordar um conteúdo didático, ainda que utilize linguagem de conto e mesmo poética, ele é considerado paradidático - e também tem seu espaço na sala de aula.
Além desses, vêm ganhando cada vez mais espaço os informativos ou livros de não ficção - aqueles que abordam os temas baseados em dados, com linguagem normalmente mais técnica, próxima da reportagem ou biografia. Afinal, a leitura não se limita a livros literários, mas é um ato global, funcional e social que tem espaço privilegiado no ambiente escolar. Alguns livros que podem agregar outras camadas às aulas: > Coleção Gráficos Informativos - volumes Reino animal, Espaço e Corpo humano (Editora Mov Palavras) Emily Anne Stephano
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> Crianças como você (Editora Ática) > Serafina e a criança que trabalha (Editora Ática) > Coleção Livros para o amanhã - volumes As mulheres e os homens, O que são classes sociais, A democracia pode ser assim e A ditadura é assim (Editora Boitatá) > Um dia, um rio (Editora Pulo do Gato) > O sonho de Lu Shzu (Editora Mov Palavras) > Vovô Mandela (Editora V&R) > Brasil 100 palavras (Editora Companhia das Letrinhas) > Malala e o lápis mágico (Editora Companhia das Letrinhas) > Carmen, a grande pequena notável (Edições de Janeiro)
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6. Onde comprar bons livros? Nem sempre encontramos com facilidade livros como os que foram indicados aqui. O mercado editorial tem passado por muitas mudanças, com a quase extinção das pequenas livrarias de rua, o crescimento e crise das grandes redes de livrarias, o desenvolvimento dos ecommerces e ampliação de feiras em que editoras vendem diretamente para o público final.
O preço dos livros é outra questão em que muitos leitores encontram dificuldade, pois às vezes parecem muito caros e nem sempre compreendemos o valor cobrado - porque um livro custa R$5 e outro R$50? No site A Taba é possível conhecer 8 informações para ajudar a entender o preço dos livros no Brasil* e aqui vão algumas dicas para encontrar o que você procura: > O site Ana Leme - Movimento Literário oferece uma ótima seleção de literatura e livros de formação. Use o cupom VALENDO2019 para ter 10% de desconto em qualquer produto, válido por tempo limitado. https://www.analememovimentoliterario.com.br/
* 8 informações para ajudar a entender o preço dos livros no Brasil, em A Taba - https://ataba.com.br/8-informacoes-para-ajudarentender-o-preco-dos-livros-no-brasil/ Emily Anne Stephano
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> Diversas editoras têm loja virtual, onde é possível cadastrar-se para saber de promoções e exclusividades para educadores. Vale pesquisar as editoras dos livros que você mais gosta, conhecer melhor o catálogo e verificar as possibilidades de compra direta. > Os serviços de assinatura, como o Clube de Leitores A Taba, são ótimos para conhecer novas obras, já selecionadas segundo critérios de cada serviço (diversos livros indicados aqui já foram enviados para assinantes da Taba). Além do livro, são oferecidos materiais de apoio que ajudam a ampliar a experiência leitora.
Por onde for, vá lendo!
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