Revista Empreendedor _ Abril

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TENDÊNCIA: VENDA DIGITAL DE MÚSICAS

FRANQUIA: A HORA DAS EMPADINHAS

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ABRIL 2010 R$ 9,90

EMPREENDEDOR – O VALOR DA PREVENÇÃO – ANO 16 N o 186 ABRIL 2010

IS SN 1414-0 152

ANO 16 N o 186

Waldyr Soares, da Fitness Brasil

O valor da prevenção Procura pelo bem-estar e redução de gastos com tratamentos de saúde aquecem mercados da alimentação, atividade física e medicina preventiva MOACYR GOMES, DO GARTNER: “O PROFISSIONAL DE TI TEM QUE METER O NARIZ NO NEGÓCIO DA EMPRESA”


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N E S TA E D I Ç Ã O

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PREVENIR É A ORDEM Prevenir é melhor do que remediar. E mais barato. Cada vez mais pessoas percebem o valor de uma boa alimentação e da prática de exercícios físicos para uma vida saudável, o que tem aquecido nichos de mercado como a alimentação funcional e o wellness – atividades com foco no bem-estar. E a receita vale para as empresas também. Investir em medicina preventiva para melhorar a saúde dos funcionários diminui os custos diretos (saúde só perde para folha de pagamento) e indiretos, como queda da produtividade.

30 | MERCADO Música para baixar

46 | TI Sem fio, com riscos

40 | PERFIL Waldir Pedro, da Wak Editora

Ele veio para ficar. E é bom a indústria fonográfica se adaptar. Um quarto da receita mundial do setor é fruto do comércio digital de músicas, que cresceu 12% em 2009.

Redes wi-fi facilitam a vida em aeroportos e estabelecimentos comerciais, mas é preciso estar sempre protegido para manter a segurança e privacidade dos dados.

Uma sucessão de empregos e empreendimentos iniciada ainda aos 13 anos, aliada ao senso de oportunidade e coragem de Pedro, formou a bagagem necessária à criação da Wak Editora.

34 | PANORAMA A fama e os negócios

48 | FRANQUIA Multiplicação das empadas

16 | ENTREVISTA Moacyr Portinho de Abreu Gomes

O setor de alimentação é o que mais cresce entre as franquias, e um de seus destaques são as redes especializadas em empadas, produto com potencial de expansão no Brasil e no exterior.

O diretor do Gartner Technology Business Research vai direto ao ponto: o profissional de TI precisa se intrometer em outras áreas da empresa, sem perder a visão técnica, para aumentar as receitas.

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CASA DA PHOTO

Artistas e esportistas costumam aproveitar a fama para alavancar negócios. Não só dos outros, por meio da propaganda, mas também próprios, abrindo empresas ou licenciando o nome e a imagem.

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L E I A TA M B É M 8 14 58

EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS

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DINÂMICA ANÁLISE ECONÔMICA AGENDA


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EDITORIAL

A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

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Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu 7 de abril como Dia Mundial da Saúde. E, para ter uma vida com saúde, nada melhor do que se prevenir. Grande parte dos males pode ser evitada, ou pelo menos ter o risco reduzido, com uma alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos. Outra parcela é impedida precavendo-se, usando preservativos, protetores solares e equipamentos de proteção. Gastos como estes devem na verdade ser vistos como investimento, pois o tratamento é sempre mais caro – e doloroso – do que a prevenção. O ditado “prevenir é melhor do que remediar” também é perfeitamente aplicável às empresas. Funcionários saudáveis faltam menos, têm produtividade maior e com mais qualidade. Além disso, saúde é o segundo maior custo na área de recursos humanos – plano de saúde responde em média por 10% da folha de pagamento. Mais do que o fornecimento e fiscalização do uso de equipamentos de proteção individual, e além do benefício do plano de saúde, as empresas precisam investir em programas de medicina preventiva. Cuidar da saúde dos funcionários também é uma forma de atrair e reter talentos. Quem também se beneficia destes novos hábitos e atitudes é o mercado do bem-estar. Os principais segmentos são alimentação, que vai de alimentos in natura a fast-foods saudáveis, passando pelos alimentos funcionais semiprocessados e industrializados; wellness, conceito de qualidade de vida através de atividades físicas, que abrange clínicas, academias, aparelhos e acessórios para a prática de exercícios e esportes; e a medicina preventiva. Pesquisas apontam as mudanças de hábitos dos consumidores e um potencial de crescimento muito grande. Um estudo recente do Ministério da Saúde, por exemplo, indica que os brasileiros estão consumindo mais frutas e hortaliças. Em 2009, 30,4% da população com mais de 18 anos optou por esses alimentos cinco ou mais vezes por semana. Entretanto, apenas 18,9% consumiram as cinco porções diárias recomendadas pela OMS. O levantamento ainda revela que apenas 14,7% dos brasileiros praticam atividades físicas com a regularidade recomendada pela OMS, e que o índice de sedentarismo no País chega a 16,4%. A jornalista Cléia Schmitz apresenta, na reportagem de capa desta edição, outras tendências e oportunidades que surgem atrás do apelo por uma vida longa e de qualidade, e exemplos de quem já está ganhando com isso. Segundo ela, “a saúde está se tornando um ingrediente cada vez mais importante para os negócios”. Não apenas para quem vende bem-estar, mas para qualquer empresa. Alexsandro Vanin

Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo e PhotosToGo – Foto da capa: Divulgação – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@ empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Tharin Merizio [anuncios@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [milla@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 2611-7996/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@gmail. com] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 70680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende


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EMPREENDEDORES

Ernoe Eger

REPOSICIONAMENTO Executivo profissional, Ernoe Eger tem um novo desafio em sua carreira: transformar a Diana Têxtil, malharia de Timbó (SC) fundada há 52 anos, em um grupo gestor de marcas de moda. O trabalho começou no quarto trimestre de 2009, quando Eger assumiu o cargo de diretor-superintendente da empresa, até então sob controle familiar. Nesta nova fase, o grupo tem em seu portfólio quatro marcas para públicos com interesses distintos: Dianna e Dialetto, para o público feminino, e Diametro e D. Portum, para consumidores homens. Para reposicioná-las no mercado, os investimentos foram focados em novas estratégias de marketing, identificação de nichos de consumo, produção de artigos com alto valor agregado, treinamento de equipes de venda e revisão de processos. Com a atual concepção de negócio, a empresa projeta crescer 20% ao ano. “É uma previsão bastante otimista, acima da média de crescimento de mercado. Porém, estamos com um novo produto, com maior valor agregado e diferentes nichos a serem conquistados. Por isso, acreditamos que essa previsão é possível”, afirma Eger. O executivo, que também já presidiu a Condor (fabricante de itens de beleza e higiene como escovas de dente), acredita que é o momento do Grupo Diana aliar qualidade e moda. Pesquisa anual realizada pelo Global Language Monitor (empresa que monitora as palavras mais buscadas na mídia e na internet) aponta São Paulo como uma das dez cidades mais influentes para o mercado mundial de moda ao lado de centros como Nova York, Paris e Milão. www.grupodianatextil.com.br

Edivar Vilela e Edésio Sibrão

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ATIVOS ILUMINADOS

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Físicos de formação, há dez anos os colegas Edivar Vilela e Edésio Sibrão decidiram juntar as experiências que tinham no mercado financeiro para abrir a LUZ Engenharia Financeira. Hoje a empresa é uma das líderes em consultoria estratégica e provimento de plataformas de ferramentas de controle e gestão para instituições financeiras, fundos de pensão e empresas que gerenciam os próprios ativos. No ano passado, a LUZ-EF faturou R$ 10 milhões. São mais de 200 instituições utilizando seus serviços e sistemas, incluindo os bancos Fibra, Credit Suisse e BNP Paribas e os fundos de pensão das subsidiárias brasileiras das multinacionais Bunge e Cummins. Esses clientes processam, juntos, mais de R$ 500 bilhões por dia na plataforma Mitra, composta por sistemas de controle, gestão de riscos e suporte à decisão. Entre as metas de Vilela e Sibrão para os próximos anos da empresa está a conquista de novos mercados nos Estados Unidos e Europa. www.luz-ef.com


Lázaro Contreras e Eduardo Neaime

Com um investimento inicial de R$ 2 mil, os amigos Lázaro Contreras e Eduardo Neaime abriram há cinco anos a agência de publicidade Ladu Comunicação. O negócio, que teve como sede uma pequena sala do escritório do pai de Neaime, cresceu tanto que hoje se divide em cinco empresas. Além da Ladu, o grupo conta com a 360 Graus, agência de promoções e eventos; POS Vision, mídia indoor para

pontos de venda; Econograf, gráfica responsável pela impressão off-set, digital, impressão em grandes formatos e diversas outras soluções em comunicação visual; e Econobrindes, que oferece uma gama extensa dos mais sofisticados brindes para o segmento corporativo. Segundo Neaime, a meta do grupo, que faturou R$ 1,2 milhão no ano passado, é aumentar as vendas em 30% neste ano. www.ladu.com.br

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CRESCIMENTO EXPONENCIAL

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EMPREENDEDORES

Luciana Coen

FESTA SEM CRISE Depois de viver um tempo nos Estados Unidos, a jornalista Luciana Coen voltou ao Brasil e se deparou com uma grande oportunidade de negócios: uma loja eletrônica especializada em artigos para festas temáticas. Assim surgiu, em 2006, a Festa Express, loja com mais de 32 mil itens originais e licenciados para venda em todo o País e no exterior (Angola, Suíça, Portugal e Japão). São balões, máscaras, perucas, copos, pratos, lembrancinhas, fantasias e convites, entre outros artigos, com o compromisso de entrega de no máximo dois dias para qualquer lugar do Brasil. “Acredito muito no empreendedorismo. Me arrependo de não ter trocado antes a carreira de empregada pela de empresária”, afirma Luciana. Não é para menos. No ano passado, a Festa Express faturou R$ 2,3 milhões, um crescimento de 20% em relação a 2008. Para 2010, as expectativas são melhores ainda: crescer 50%. Segundo Luciana, apesar dos resultados terem sido bem positivos, não foi fácil enfrentar a crise econômica de 2009. Para garantir a saúde financeira dos negócios, a empresa teve que fazer uma série de ajustes, especialmente nas áreas de logística e marketing. “Nossos planos para 2010 são muito arrojados, por isso esperamos um resultado 50% maior no faturamento”, adianta a empresária. www.festaexpress.com

Alexandre Wu

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DESAFIO INTERNACIONAL

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Presidente da D-Link Brasil desde 2002, Alexandre Wu assumiu em março o comando das operações da companhia em toda a América Latina. O executivo é bacharel em Ciências da Computação pela Universidade de São Paulo (USP), e em 25 anos de carreira destacou-se na implantação de redes do governo. À frente da D-Link América Latina – fornecedora de soluções de redes, segurança, armazenamento de dados e vigilância IP – o desafio de Wu é conquistar o mercado do México, consolidar o crescimento na Colômbia e fortalecer as operações na Argentina, Chile e Peru. No Brasil, mais especificamente, a D-Link pretende crescer no mercado corporativo e explorar novas oportunidades na área de mobilidade, lançando conceitos e produtos inovadores no mercado. Desde o início das suas operações, em 1986, a D-Link vem se desenvolvendo no mercado global. Para consolidar sua presença internacional, inaugurou subsidiárias nos maiores mercados, além de uma extensa rede de distribuidores em mais de 90 países. www.dlink.com.br


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EMPREENDEDORES

Flávio Conrad

EXPANSÃO NORDESTINA Neste ano, os olhos do empresário Flávio Conrad estão voltados para a Região Nordeste. Fundador da Restaura Jeans, rede de franquias especializada em tingimento de tecidos, costura, customização e lavanderia, Conrad espera fechar 2010 com mais 40 lojas. Atualmente, são cerca de 200 unidades distribuídas por várias regiões do Brasil. “Como não há concorrentes que ofereçam todo o mix de serviços que temos em um único lugar, acreditamos que o sucesso virá também nas cidades nordestinas”, aposta o empreendedor. A expansão para o Nordeste começou no ano passado, quando a Restaura inaugurou uma loja em Salvador. Gaúcho de Arroio do Meio, Conrad é técnico em agropecuária e atuou na área por sete anos. No início da década de 1990, começou a oferecer serviços de tingimento de roupas na lavanderia de um parente, em Santa Cruz do Sul (RS). O negócio cresceu tanto que ele e o então sócio, Jair Jásper, decidiram franquear a marca, em 1994, auge do sistema de franchising no Brasil. Mais tarde, Conrad acabou comprando a parte de Jásper no negócio. Hoje ele administra a rede com a ajuda da esposa Denice e do filho mais velho, Paulo, de 20 anos. “Só minha filha Joana é que não trabalha ainda na Restaura. Também pudera: aos seis anos de idade ela está mais é preocupada com suas aventuras infantis”, brinca o empresário. www.restaurajeans.com.br

Miguel Pardo Júnior

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PORTFÓLIO COMPLETO

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Sócio-fundador da Hilub, o empresário Miguel Pardo Júnior acaba de protagonizar mais um momento histórico para a empresa: a compra do Grupo Preditiva. O acordo gerou o Grupo Hilub Preditiva, que passa a oferecer de forma completa serviços de manutenção industrial. Com a aquisição, a Hilub soma 35 novos profissionais à sua estrutura de 400 colaboradores, além de 205 novos contratos, e projeta um faturamento de R$ 25 milhões para 2010, contra os R$ 18 milhões do ano passado. “Na realidade, não queremos ser conhecidos pelo nosso faturamento, porém pelo quanto reduzimos o custo da manutenção de máquinas de nossos clientes e pelo quanto ajudamos no aumento de produtividade”, diz Pardo Jr., atual diretor de Desenvolvimento e Aquisições da Hilub. Multinacional brasileira, a Hilub tem contratos com grandes empresas como Petrobras, Vale e ArcelorMittal. A empresa também está em processo de internacionalização, já contando com unidades no Chile e na Espanha. www.hilub.com


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NÃO DURMA NO PONTO

PARA ALCANÇAR A VERDADEIRA RIQUEZA Como bem sabia o grande dramaturgo, poeta e conhecedor da alma humana, o inglês William Shakespeare, “há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”. E isso vale também para empreendimentos e negócios, no que se refere à sua capacidade de produzir riquezas. Riqueza é uma palavra que remete sempre à dimensão econômica. É certo! Essa é uma das dimensões da riqueza, mas não é a única. Ater-se apenas a essa é abrir mão dos mistérios que existem entre o céu e a terra e ficar preso apenas às vãs filosofias das metas, das métricas e das estratégias. A riqueza possui, pois, outras dimensões: a causal, que define a direção e o propósito daquela empresa ou negócio; a potencial, que define a orientação e o conjunto de competências necessárias àquela empresa e negócio; a filosófica que, de maneira velada

a sua empresa, as oscilações no seu ciclo de vida, os altos e baixos nos resultados, os bloqueios e dificuldades e, principalmente, os problemas clássicos que não são resolvidos há décadas, estude e reconheça a dimensão filosófica da sua empresa. Ali você pode encontrar mais explicações do que relatórios e gráficos podem oferecer.

A qualidade da semente

Como disse, a dimensão filosófica trata das verdadeiras intenções, razões e motivações que estão por trás do negócio e da própria empresa. Essas intenções, razões e motivações traduzem o real desejo do empreendedor ou líder e que nem sempre é explicitado. Ao contrário, em geral permanece subjacente, como a vida pulsante – mas invisível a olho nu – que se encerra em uma semente. Esse desejo tem força e determina ou influencia posi-

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Se quiser compreender mais profundamente a sua empresa, os bloqueios e dificuldades e, principalmente, os problemas clássicos que não são resolvidos há décadas, estude e reconheça a dimensão filosófica da sua empresa

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ou revelada, exprime as intenções, razões e motivações do empreendedor e líder. Nesse artigo, gostaria de me ater à dimensão filosófica, em geral renegada, dado o seu caráter etéreo e intangível. É essa, no entanto, que guarda os mais preciosos mistérios. Em outras palavras: se quiser compreender mais profundamente

tiva ou negativamente todas as outras dimensões da riqueza. Daí o seu mistério. Veja como a dimensão filosófica age na formação de riquezas: Suponha que determinada empresa tenha a sua dimensão filosófica centrada na curiosidade ou na indignação de seu empreendedor e líder. Se essa é a princi-

pal razão ou motivação que movimenta a empresa, haverá uma atitude de abertura diante da descoberta, com a devida coragem e permanente disposição de enfrentar o risco. Uma dimensão filosófica calcada na curiosidade e na indignação fará com que a dimensão potencial se expanda, pois os curiosos e os indignados querem entender como as coisas funcionam e imaginar como poderiam funcionar de outra forma. Estão sempre em busca de aprendizado e conhecimento. Na dimensão causal, a marca mais visível é de um propósito voltado ao descobrimento de novos mercados, produtos e clientes. Se, por outro lado, a dimensão filosófica estiver sustentada pela vaidade do empreendedor ou líder, o negócio e a empresa seguem outro caminho. Nesse caso, as motivações estão relacionadas às necessidades de status e autoestima baseadas na admiração dos outros. É possível imaginar o quanto essa dimensão afetará todas as outras. Uma dimensão filosófica pode estar alicerçada na cooperação. É possível, então, imaginar que disso resulte uma dimensão causal mais construtiva, com base em uma dimensão potencial que valoriza o trabalho em equipe, a administração de conflitos e a qualidade de diálogo. Nessa empresa, a diversidade será verdadeiramente bem-vinda e o perfil mais valorizado de liderança será o agregador. Se, por outro lado, a dimensão filosófica é calcada na competição e no desejo de vitória, todas as outras dimensões da riqueza sofrerão influências a partir daí. A impulsividade e a agitação determinarão objetivos e metas arrojados na dimensão causal e a dimensão potencial permitirá comportamentos agressivos e conflitos latentes. O perfil mais valorizado de liderança será o coercitivo. O poder costuma ser a razão e motivação de muitos empreendedores e líderes. Até aí nada de errado. Mas as demais dimensões da riqueza oscilarão mais para um lado ou para outro, dependendo do tipo de poder em vigor, se mais apoiador ou mais controlador. Cabe ao leitor imaginar as diferenças nas outras dimensões da riqueza, em ambos os casos. A competência pode ser uma razão e uma motivação para compor a dimensão filosófica, o que define uma dimensão po-


por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

Mudando o curso da história

O fato é que nenhuma empresa pode contar uma boa história com dimensões filosóficas negativas. Dimensões filosóficas calcadas na vaidade, na competição, no poder controlador, na ansiedade, no bloqueio, na apatia e na anomia são destrutivas, tanto para a empresa quanto para o mercado. Dimensões filosóficas alicerçadas na curiosidade, na cooperação, no poder apoiador, na competência, na criatividade, na vontade de contribuir e na iluminação são construtivas para todos os que trabalham na empresa e também para o mercado. Se quisermos, portanto, modificar uma empresa, precisaremos alterar a sua dimensão filosófica, o que significa ajustar o foco no principal desejo, ou seja, mexer com as reais intenções, razões e motivações que governam aquele negócio. Claro, isso significa mudanças profundas na essência da liderança. A boa notícia é que podemos, sim, mudar nossas motivações e a dimensão filosófica das nossas empresas. Nada está determinado! Mas antes é preciso refletir sobre o que nos ensina o mestre Pitágoras: “Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo”.

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tencial voltada à expertise e à pesquisa. Por outro lado, a ansiedade é também uma motivação capaz de colocar uma empresa em movimento, mas, ao contrário da competência, cria uma dimensão potencial calcada no medo e na baixa confiança entre as pessoas. A criatividade também pode compor a dimensão filosófica de uma empresa. Terá como dimensão potencial uma equipe divertida, inventiva e entusiasmada. O oposto é a dimensão filosófica retida em um bloqueio, resultando em uma dimensão potencial composta por talentos reprimidos e medo do risco. O sentimento de impotência expresso na dimensão potencial na forma de ausência de iniciativa e baixo empreendedorismo pode ter a sua origem na dimensão filosófica. A contribuição e a disposição de servir, quando fazem parte da dimensão filosófica, geram uma dimensão potencial voltada para a bondade, a justiça, a verdade, a compaixão. Nesse caso, a dimensão causal terá mais cara de causa do que de propósito ou objetivo. Já a apatia, no sentido oposto, compõe uma dimensão filosófica incapaz de desenvolver uma dimensão potencial ou causal, prendendo-se, por isso mesmo, com unhas e dentes, à dimensão econômica, que padece a cada dia. A dimensão filosófica traduz desejos, e um deles pode ser a motivação de pertencer a uma comunidade, de fazer parte de algo maior. Nesse caso, há um esvaziamento do ego e da necessidade de controle. O que fica no lugar é uma mística derivada de uma sensação de unidade, beleza, paz e amor. Os talentos são colocados a serviço do todo. A luz que habita o empreendedor ou líder – e se irradia por todo o ambiente e colaboradores – pode ser a grande força motivadora contida na dimensão filosófica. O que prevalece é a necessidade de completude e de plenitude. Devidamente saciada a cada momento. A anomia, por outro lado, é a dimensão filosófica que caracteriza uma empresa sem propósito, sem significado, sem valores. Os empreendedores e líderes que agem a partir dessa motivação muitas vezes traíram seus ideais mais profundos ou enterraram seus talentos por absoluta ausência de missão.

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E N T R E V I S TA

Moacyr Portinho de Abreu Gomes

FIM DA PASSIVIDADE CASA DA PHOTO

A área de TI deve influenciar ativamente qualquer negócio, da redução de despesas ao aumento das receitas por Cléia Schmitz

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cleia@empreendedor.com.br

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Chegou o momento da área de tecnologia da informação influenciar os negócios, sob pena de perder de vez um espaço próativo no mundo corporativo. Quem afirma é o consultor Moacyr Portinho de Abreu Gomes, diretor para a América Latina do Gartner Technology Business Research, líder mundial em pesquisa e aconselhamento sobre tecnologia. Para o executivo, os CIOs (gerentes de tecnologia) devem começar a se questionar, por exemplo, sobre o que podem fazer para ajudar a aumentar a receita e diminuir as despesas da companhia onde trabalham. “É

nisso que o presidente da empresa pensa todos os dias e é preciso falar a mesma língua do cliente interno. Por isso, saia da sua área e meta o nariz no negócio da empresa”, recomendou Gomes em uma palestra realizada para uma plateia de profissionais e empreendedores de TI, em Florianópolis. Para que isso aconteça, o executivo propõe uma mudança de atitude dos CIOs com relação ao próprio trabalho. “Temos que aprender a nos vender. A gente bota ovo e não cacareja”, afirma Gomes. Para ele, a questão é cultural. Em geral, profissionais de TI não sabem fazer marketing simplesmente porque não aprenderam isso na universidade, e quando demonstram aptidão natural acabam sendo transferidos para o

setor de vendas. O consultor cita estudos do Gartner que mostram que a maioria das inovações em TI se concentra na área de pós-venda dos negócios. Poucas tecnologias têm impacto direto nos processos que antecedem as vendas, o que na visão de Gomes é uma prova de que a TI tem deixado a desejar quando o assunto é geração de receita para a empresa. A seguir, Moacyr Gomes fala sobre o novo perfil que o mercado está exigindo do profissional de TI. O consultor faz também algumas recomendações para que a área de tecnologia passe a ser vista efetivamente como uma prioridade para os presidentes de empresa. Você verá que atitude de empreendedor é a chave para abrir essa porta.


Esse cenário pede um novo perfil de profissional de TI? Moacyr Gomes – Sim, e o Gartner classifica o perfil do novo profissional de TI como um versatilista. Quem é essa pessoa? Como o próprio nome diz, é alguém que está apto a se intrometer em outras áreas da empresa sem perder a visão técnica de um profissional de tecnologia. Para isso, a nosso ver ele deve ter três características básicas: atitude, para conhecer o negócio da sua empresa; faro, para enxergar oportunidades dentro desse negócio; e perfil de marketeiro, alguém que sabe vender seu trabalho. Em geral, os profissionais de TI têm uma dificuldade muito grande em apresentar e vender as coisas boas que fazem para a empresa. Num relatório anual de TI, por exemplo, você só vai encontrar bites e bytes em vez de uma linguagem acessível, capaz de mostrar como a área é capaz de gerar soluções de negócios. Temos que aprender a adequar a linguagem de acordo com o público que está adquirindo a informação. Se vamos mostrar um relatório de TI ao Conselho de Administração, por exemplo, temos que dizer quais são os objetivos estratégicos que a área atendeu – as metas financeiras que ajudou a alcançar, os riscos que ajudou a mitigar e os volumes de venda que ajudou a atingir. É claro que uma incursão de

marketing agressivo só pode ser feita se a área de TI estiver funcionando muito bem. Afinal, não posso fazer marketing se o meu sistema vive fora do ar. Minha ação será destruída em segundos. A TI já é vista pelas empresas em geral como algo estratégico? Moacyr Gomes – Temos evoluído muito. Acredito que grande parte das empresas já entendeu a importância estratégica da tecnologia da informação. Tanto que se você fizer essa mesma pergunta para os presidentes das grandes empresas, a resposta será sim na maioria dos casos. Mas se você perguntar de outra forma, questionando quais são as áreas que ele considera mais estratégicas em sua organização, muitos não vão citar TI. Embora eles entendam a importância de TI para seus negócios, a área ainda não está na circulação sanguínea desses dirigentes. Por isso, temos que participar mais dos negócios. Só assim a TI estará na ponta da língua dos diretores da empresa quando forem questionados sobre as áreas estratégicas da empresa.

Se a TI se aproximar do negócio vai encontrar caminhos para ajudar e, obviamente, passará a investir mais em ações que trazem crescimento e transformação para a empresa

Essa é uma atitude importante até mesmo para evitar cortes de custos em TI? Moacyr Gomes – Nós sempre falamos que cortar custos não é estratégico, aumentar mercados é estratégico. É isso que TI precisa fazer, ajudar a empresa a vender mais e reduzir custos operacionais, mas não de TI. Um bom exercício é imaginar que a partir de amanhã sua área terá orçamento zero e só lhe resta defender seus projetos e a necessidade de investimentos para reverter a situação. Se você conseguir defendê-los à luz da retenção de clientes, do crescimento dos negócios, da transformação da empresa, conseguirá provar que eles têm sentido de negócio. Quem não conseguir fazer isso, ou não está elaborando seus argumentos de maneira adequada ou seus projetos realmente não são tão necessários. Como a TI tem ajudado as empresas a alcançarem suas metas? Moacyr Gomes – O Gartner divide os volumes de investimento da TI em três áreas: rodar o negócio, crescer o negócio e transformar o negócio. Temos pesquisas que mostram que entre 65% e 70% das despesas de TI estão voltadas para rodar o negócio, ou seja, manter sua operação em funcionamento. Cerca de 20% são aplicados em ações que fazem a empresa crescer e, na melhor das hipóteses, 10% em transformação do negócio. Isso quer dizer que quase todo o investimento é feito para manter o que já existe. Independente do segmento da empresa, é um pouco de contrassenso porque se você está querendo ganhar mais mercado, não pode continuar fazendo a mesma coisa. Se uma empresa precisa se tornar mais competitiva, ela tem que mudar seus processos. O que eu quero dizer é que se a TI se aproximar do negócio vai encontrar caminhos para ajudar e, obviamente, passará a investir mais em ações que trazem crescimento e transformação para a empresa. O que as empresas mais esperam da TI hoje? Moacyr Gomes – Elas buscam processos extremamente alinhados com o seu negócio, mas que ao mesmo tempo possam ser mudados rapidamente de forma a atender novas demandas.

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Por que este é o momento da TI influenciar os negócios? Moacyr Gomes – Hoje, dificilmente conseguimos imaginar um processo de negócio em que não exista a presença de tecnologia. Por isso, as equipes de TI têm que começar a entender mais dos negócios da empresa onde estão inseridas. Só assim estarão preparadas para ajudar a diretoria a encontrar as respostas para suas perguntas. Num futuro próximo, as corporações não vão mais admitir uma área que não esteja associada aos objetivos principais do presidente da companhia. Essa postura pró-ativa deixa de ser um requisito para se tornar uma obrigação, na medida em que os negócios estão responsabilizando a TI pela melhoria dos processos. Não é fácil, mas o CIO tem que meter o nariz no negócio da empresa.

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CASA DA PHOTO

E N T R E V I S TA Por isso, ninguém mais quer processos complexos que duram anos para serem desenvolvidos e exigem verdadeiras revoluções cada vez que precisam ser modificados. A necessidade atual é de processos desacoplados e flexíveis. Mas não é fácil mudar essas questões. As empresas não se sentem seguras, por exemplo, quando você diz para elas que passará a usar um sistema que roda na internet. Estamos muito acostumados a ter controle sobre tudo. Até então, fazíamos tudo em primeira pessoa – eu controlarei! Mas com tendências irreversíveis como a virtualização e o cloud computing, o mundo está mudando para uma terceira pessoa e o que nós temos que fazer é uma gestão da nuvem. Não temos mais o controle de tudo, mas temos que usar isso em nosso benefício. E qual é o preço a ser pago por quem não mudar? Moacyr Gomes – A transformação de TI é clara: para que os resultados obtidos pelos negócios sejam uma consequência de ações da área de tecnologia é preciso que a TI se posicione ativamente dentro do negócio. Se ela não fizer isso, aos poucos será deixada de lado dentro da organização, muito provavelmente num lugar onde não gostaria de estar.

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Nesse caso, perde a TI e perde toda a empresa? Moacyr Gomes – Perde a TI, mas a empresa perde por pouco período de tempo porque ela acaba descobrindo outra solução. E quando ela somar as despesas verá que a solução encontrada tem um valor muito maior do que esperava gastar. Resultado: vai achar um jeito de sobreviver e pressionar a TI para que gaste menos e possa aplicar mais recursos nas áreas que trazem melhores resultados. Enfim, se a TI não se redesenhar, alguém vai tomar essa atitude por ela. E isso não é bom.

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LINHA DIRETA Moacyr Gomes: www.gartner.com moacyr.gomes@gartner.com

Quanto mais se conhece uma área, mais chance a pessoa tem de reconhecer as oportunidades e de encontrar novas formas de resolver certos problemas


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Waldyr Soares, da Fitness Brasil

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saúde Mercado da alimentação saudável e da atividade física cresce com a valorização da prevenção por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br

“Vender saúde é a melhor coisa do mundo. Tem algo mais nobre do que isso?”, pergunta Cassiano Ximenes, master franqueado brasileiro da rede de academias Contours. Em seis anos, a empresa já inaugurou mais de 100 unidades em 19 estados e no Distrito Federal. O certo é que saúde faz bem não só para quem consome, mas também para quem vende. E não é apenas um sentimento altruísta de dever cumprido que compensa os investimentos dos empresários do ramo. Vender saúde e qualidade de vida traz retorno aos negócios – em poucas palavras, dá lucro. “Hoje já vemos muitas empresas buscando se apoderar do conceito de bem-estar através de suas estratégias de comunicação e marketing”, afirma Waldyr Soares, fundador e presidente da Fitness Brasil, entidade que atua há 25 anos no mercado de fitness, saúde e bem-estar. Como se vê, a saúde está se tornando um ingrediente cada vez mais importante para os negócios. O crescente apelo por uma vida longa e de qualidade vem modificando hábitos de consumo. E especialistas garantem: este é só o começo de uma grande transformação que exige empreendedores com olhos bem abertos para as oportunidades que nascem desta

tendência. Grandes corporações mostram discursos que buscam associar suas marcas ao conceito de vida saudável. A Nestlé se coloca como a maior empresa do mundo em saúde, nutrição e bemestar. ‘Nestlé faz bem’ é o seu slogan. A Unilever tem como missão ‘atender às necessidades diárias de nutrição, higiene e cuidados pessoais com marcas que ajudam as pessoas a se sentirem bem, bonitas e aproveitarem mais a vida’. A missão da Danone é ‘levar saúde e nutrição para o maior número de pessoas’. Aliás, a Danone responde por um dos casos mais bem-sucedidos de associação entre produto e saúde, o iogurte Activia. Lançada na Espanha em 1987, a marca já está presente em mais de 40 países. No Brasil, ela existe desde 2004 e, hoje, é a principal marca do mercado nacional de produtos lácteos frescos e líder absoluta no segmento de iogurtes funcionais, com 92% do volume de vendas, de acordo com a LatinPanel. Para a empresa, o sucesso é resultado de constante investimento na marca, com pesquisa e desenvolvimento, campanhas publicitárias e ações para o varejo. Desta forma, a Danone conquistou não apenas consumidores, mas também profissionais de saúde. De acordo com pesquisa realizada pela Ipsos em 2008, nove entre dez nutricionistas indicavam o consumo de Activia aos seus pacientes.

“Hoje há muitos fatores contribuindo para aumentar o mercado de quem vende saúde. Desde médicos, que sempre recomendam atividade física e boa alimentação, até a mídia, que vem dando cada vez mais espaço para reportagens sobre os benefícios de uma vida saudável. Por tudo isso não há como retroceder”, afirma Ximenes. Só em 2010 o empresário pretende abrir entre 20 e 25 novas franquias Contours. Como não poderia deixar de ser, o foco da rede é bem-estar em vez de malhação. E, para Ximenes, isso explica em grande parte a boa aceitação da marca no mercado. Exclusiva para mulheres, a Contours tem uma taxa média de retenção de clientes de 65%. Segundo o empresário, em geral, esse percentual é de 50%. “Preparamos nossos profissionais para que eles elevem a autoestima das alunas e se preocupem também com o bem-estar físico e emocional.” Aliar beleza e saúde é a nova tendência do mercado de academias. O culto ao corpo, pautado por uma série de vídeos de exercícios estrelados pela atriz Jane Fonda na década de 1980, deu lugar ao que americanos e europeus chamam de wellness, a atividade física com foco no bem-estar. “Melhor do que ter um corpo sarado é ter um corpo saudável”, destaca Waldyr Soares, da Fitness Brasil. Para o empresário, esse movimento é decorrência da maior expectativa de vida das pessoas. Se vamos viver mais, é melhor nos cuidarmos para envelhecer bem. No Brasil, estima-se que a população com mais de 60 anos de

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Vendendo

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Contours trabalha com o conceito de wellness: o bem-estar através dos exercícios

idade alcance 30 milhões de pessoas em 2025, passando a ser a sexta maior população em número de idosos no mundo. A expectativa é de que em 2050 esse grupo seja mais numeroso do que o de jovens.

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Coaching de vida

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Segundo Waldyr Soares, o conceito de wellness exige alterações significativas nos negócios do segmento de academia. “E as mudanças começam pela indústria de equipamentos para atividade física, que passa a esconder os pesos e investir num design mais leve”, exemplifica o empresário. Nesse novo contexto, o profissional de educação física passa a ter uma nova postura: deixa de ser um mero passador de exercícios para se transformar num “coaching de vida”, capaz de orientar os clientes a buscar atitudes saudáveis. Outra questão importante, que exige ajustes por parte dos empreendedores do ramo, é o aumento da demanda por atividades que unem programas físicos e terapêuticos, como ioga e pilates. “Quem acreditar nessa tendência como investidor vai pros-

Mercado Brasileiro de Academias Ano

Faturamento

Academias

Membros

% membros/ população

2007

US$ 801.150.000

7.350

3.675.000

1,90%

2008

US$ 1.218.240.000

12.682

3.948.000

2,10%

2009

US$ 1.116.160.000

14.016

4.360.000

2,20%

Observação: A redução do faturamento entre 2008 e 2009 da ordem de US$ 102.080.000 deve-se exclusivamente à alta taxa do dólar. Fonte: IHRSA Global Report edições 2007, 2008 e 2009.

perar e ter mais chance no futuro”, afirma o fisioterapeuta Eduardo Fraga. Ele fala com conhecimento de causa. Há sete anos, em parceria com a também fisioterapeuta Daisy Chaves, criou no Rio de Janeiro a D&D Pilates, empresa que atua nas áreas de cursos, fabricação de equipamentos e serviços relacionados ao pilates. Com 90 funcionários, a empresa

acaba de investir R$ 300 mil na abertura de uma filial em São Paulo. Para 2010, estão previstos investimentos de R$ 2 milhões, destinados principalmente ao marketing e à modernização da fábrica. “Queremos nos tornar, até o final do ano, a principal empresa de pilates no Brasil”, diz Fraga. Para ele, pilates não é só mais uma moda, mas uma atividade em crescimento por


conjugar conceitos e técnicas terapêuticas com dança, atividades desportivas e movimentos funcionais. “Além disso, agrega todas as idades, de crianças a idosos”, reforça o fisioterapeuta. Aliás, a melhor notícia da tendência wellness é que se ganha mais adeptos. Antigamente, as academias eram redutos de jovens com, no máximo, 30 anos. Hoje eles ainda são a maioria, mas é cada vez mais comum encontrar pessoas mais velhas. “Numa academia em São Paulo tenho quatro gerações da mesma família”, conta Ximenes, da Contours. Considerando que menos de 2,5% da população brasileira frequenta academias, o potencial de crescimento desse mercado é mesmo gigantesco. “Tenho 97% da população para atacar. Posso crescer sem disputar sequer um aluno do meu concorrente”, diz Ximenes. O empresário acredita tanto no segmento que, no ano passado, trouxe outra franquia do ramo para o Brasil, a Fitness Together. “Depois que você começa a vender saúde, não quer fazer outra coisa.” Filho de comerciantes, Cassiano Ximenes foi incentivado a investir no segmento

O profissional de educação física tem uma nova postura: “coaching de vida”, que orienta na busca de atitudes saudáveis por uma professora do MBA em Marketing e Recursos Humanos, que fez no Canadá. “Ela me dizia: ‘O futuro é serviço e qualidade de vida’”, lembra o empresário. Na época, ele pensava em investir em moda, atividade com a qual tinha mais afinidade, mas decidiu dar ouvidos aos conselhos de sua mestre. Em julho de 2004, seis meses depois de iniciar as negociações com a Contours, Ximenes já era o master franqueado da marca no Brasil. No mesmo mês, abriu a primeira unidade própria em Fortaleza, sua terra natal, e participou da feira da Associação Brasileira de Franquias (ABF). A primeira unidade franqueada foi

vendida para a esposa do dono da agência de publicidade da Contours, em dezembro de 2004. O segundo franqueado tornou-se seu sócio na marca Fitness Together. A cada ano as academias brasileiras ganham pelo menos 300 mil praticantes. É como se todos os habitantes de Vitória decidissem fazer academia. Os dados são do IHRSA, associação americana que representa o segmento de fitness. O número de academias no País dobrou nos últimos dois anos. Em 2007, eram 7.350 estabelecimentos, contra 14.016 em 2009. Para Waldyr Soares, o resultado é reflexo do fato das academias estarem focando em nichos de mercado. Outra explicação é a expansão para a periferia. “Até quatro anos atrás, só a classe média fazia academia; hoje há espaços com preços acessíveis. A babá da minha filha frequenta uma academia com mensalidade de R$ 40 e que tem mais de 800 clientes”, conta Soares. Segundo o empresário, esse crescimento já despertou o interesse de empresas americanas. “O Brasil é a bola da vez. Com eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o Rio de Ja-

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Clélia Angelon criou a Surya em 1995, quando pouco se ouvia falar em ingredientes orgânicos

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C A PA neiro pode se tornar a capital mundial do wellness”, acredita Soares. Foi apostando no mercado de saúde que o administrador Luiz Yamanishi, 35 anos, largou uma bem-sucedida carreira de 12 anos como executivo da AmBev para criar a rede de fast-food Viva! Saladas e Sucos. A proposta é atender pessoas que não dispensam comida saudável mesmo na correria do dia a dia. O investimento inicial mostra que Yamanishi não está brincando: R$ 5 milhões. A primeira Viva! foi inaugurada no final de 2008; hoje são quatro unidades próprias, mas a meta é chegar ao final de 2011 com 15 lojas. Para isso, a marca vai expandir por meio de franquias. “A expectativa é ter mais de 100 lojas em dez anos”, prevê o franqueador. A atuação ainda é restrita ao Estado de São Paulo, mas há interesse por cidades com mais de 500 mil habitantes. “O interesse é muito grande. Os shoppings têm aprovado de imediato a opção no mix de suas praças de alimentação”, conta Yamanishi, que curiosamente não comia salada até os 30 anos.

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Alimentação saudável

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Nos últimos dez anos, o segmento de alimentação saudável registrou crescimento de 870%. De acordo com o estudo “Mudanças no Perfil de Consumo no Brasil: principais tendências nos próximos 20 anos”, divulgado pela Macroplan em 2009, há várias evidências de que o futuro reserva muito espaço para quem atua nesse segmento. Cerca de 80% dos jovens afirmam em pesquisas sua preferência por produtos saudáveis e naturais. Daqui a 20 anos eles serão adultos e terão influenciado milhares de pessoas. O estudo também aponta 21% de domicílios consumidores de produtos orgânicos. “É um mercado que vem crescendo ano após ano e temos certeza que vai crescer ainda mais”, aposta a empresária Clélia Angelon, presidente da Surya Brasil. Fabricante de cosméticos orgânicos, a empresa entrou recentemente no ramo de alimentos ao lançar o Cacau Orgânico em Pó. O produto é só o primeiro item da linha EcoTree da Surya Brasil, que vai abrigar outros lançamentos da empresa para o seg-

mento alimentício. “Entrar nesse mercado era uma intenção antiga que só agora pôde ser posta em prática porque encontramos fornecedores que atendem ao nosso modo de trabalhar. Em breve teremos o Açaí Liofilizado Orgânico em Pó”, adianta Angelon. O foco da empresa ainda é o mercado externo, especialmente Estados Unidos, mas a empresária está confiante no aumento de consumidores brasileiros. “Acreditamos que em pouco tempo teremos um importante retorno em vendas no Brasil.” Clélia Angelon criou a Surya em 1995, quando pouco se ouvia falar em ingredientes orgânicos. De importadora virou exportadora de colorações de henna para a Índia. No ano passado a empresa exportou para mais de 20 países. Uma das maiores referências em alimentação saudável no Brasil é a Jasmine. No mercado há 20 anos, a empresa produz mais de 120 itens, distribuídos para as principais redes de supermercados do País, além de lojas especializadas. Na verdade, a história da empresa começa nos anos 1970. “Ela começou de forma despretensiosa, com um núcleo de estudos sobre macrobiótica e vida saudável sediado em Campinas (SP). No início da década seguinte, mais precisamente em 1983, é que a família dos fundadores veio para Curitiba, atraídos pela proposta de parceria com um moinho, junto ao qual passariam a fabricar produtos naturais em larga escala. Depois disso, a família resolveu empreender um negócio próprio, criando a Jasmine Alimentos”, conta Damian Allain, diretor de marketing da empresa. Segundo o executivo, nesses 20 anos o mercado da Jasmine cresceu muito, em grande parte estimulado pela própria marca e suas estratégias de marketing. “Mas ainda continua sendo nicho para um público muito seletivo, que se preocupa com o bem-estar e a saúde”, afirma. Para Allain, o que cada vez mais pessoas estão buscando é o resgate da alimentação de anos atrás, seja da época de seus avós e bisavós, ou mesmo da própria infância. Uma época em que o alimento era o mais natural possível, muitas vezes produzido na horta da casa. Tudo isso leva a crer que quem quiser brindar bons negócios não poderá descartar em hipótese alguma a saúde.

Luiz Yamanishi largou uma carreira bemsucedida na AmBev para investir em fast-food saudável


Consumo saudável Estudos sobre tendências de consumo no Brasil comprovam: cada vez mais as decisões de compra dos brasileiros serão pautadas pela valorização da saúde. “Há uma parcela crescente da população disposta a investir grande parte do seu tempo e de seus recursos para viver mais e melhor”, conclui pesquisa divulgada em julho do ano passado pela Macroplan.

870% foi o crescimento do

segmento de alimentação saudável nos últimos dez anos;

80% dos jovens pesquisados dizem procurar alimentos saudáveis e naturais;

35% dos domicílios consomem produtos diet e light; 21% dos domicílios consomem 55% foi o crescimento do

mercado de complementos vitamínicos entre 2002 e 2006.

Fonte: Mudanças no Perfil de Consumo no Brasil: principais tendências nos próximos 20 anos – Macroplan/2009

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produtos orgânicos;

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Receita é prevenir

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Estimular hábitos saudáveis de funcionários diminui custos diretos e indiretos da empresa com saúde

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Saúde é o segundo maior custo da área de recursos humanos das empresas. Só perde para a folha de pagamento. Por isso, investir na prevenção de doenças tem sido uma preocupação crescente no mundo corporativo. Até mesmo porque problemas de saúde implicam em queda de produtividade e na perda de profissionais importantes. Ou seja, também comprometem a saúde do próprio negócio. Mais da metade dos beneficiários de planos de saúde é de colaboradores de empresas. Do volume de R$ 37 bilhões movimentados pelo mercado de assistência à saúde em 2008, R$ 25 bilhões foram investidos pelo setor produtivo. A expectativa dos especialistas é de que esses gastos continuem crescendo. Para conter essas despesas, muitas empresas estão apostando numa gestão mais eficiente da saúde de seus funcionários. “O plano de saúde é o benefício mais desejado pelos colaboradores de uma empresa. Hoje ele já responde por 10% da folha de pagamento”, destaca Mohamad

Akl, presidente da Central Nacional Unimed. Estudos mostram que esse índice tem crescido de forma significativa. Nos anos 1980, ele não passava de 4%. “É um custo importante, mas o empresário brasileiro dá muito valor ao plano de saúde porque tem um retorno indireto com ele. Pesquisas indicam que menos de 7% das empresas no Brasil não oferecem o benefício aos seus funcionários”, afirma Akl. A Unimed tem 34% de participação do mercado nacional de planos de saúde, com 16 milhões de clientes. Na carteira de empresas com mais de 300 funcionários, a operadora conquistou no ano passado 46.800 novos beneficiários, um crescimento de 6% em relação a 2008. Investir em programas de medicina preventiva é a saída escolhida por muitas empresas para reduzir custos com planos de saúde sem ter que cortar assistência médica. Colaboradores mais saudáveis reduzem as taxas de sinistralidade e, consequentemente, as despesas das empresas que pagam a conta do benefício. Para o médico Mohamad Akl, a queda de 50% nos índices de tabagismo na última década é uma prova de como ações de prevenção podem ser bem-sucedidas e contribuir para evitar doenças. “Os brasileiros já foram mais resistentes às ações de medicina preventiva, mas eu atribuo esse comporta-

mento à falta de informação. Hoje é cada vez maior o número de pessoas que querem viver mais e melhor, e investem em prevenção para garantir qualidade de vida para toda a família”, acredita Akl. Mudança de hábito é a meta de todos os programas corporativos de prevenção. E isso exige paciência das empresas. “Os resultados não são imediatos. Antes de um ano, o retorno sequer é mensurável”, afirma Márcia Agosti, gerente-médica da AON Consulting. A consultoria oferece soluções em gestão de saúde para que as empresas reduzam as despesas com assistência médica sem cortar benefícios. Atualmente, a AON tem uma carteira de 500 clientes nes-

Beneficiários de planos de saúde Ano

Total

Empresarial

2000

30.705.334

2005

35.112.339

2008

40.872.918

22.506.948

2009

42.856.872

23.924.259 Fonte: SIB/ANS/MS


Márcia: programas envolvem mudanças de hábito, que exigem paciência das empresas

PHOTOSTOGO

Mohamad: plano de saúde é o benefício mais desejado pelos colaboradores de uma empresa

Traçar uma política de saúde é fundamental para empresas que se preocupam em desenvolver e reter seus talentos Sidetech, desenvolvedora de sistemas de gestão para saúde ocupacional, segurança no trabalho e qualidade de vida. Hoje, mais de 600 empresas no Brasil são usuárias do People Net, totalizando 1 milhão de trabalhadores cadastrados. O software dá subsídios para a elaboração de programas de prevenção mais assertivos e ainda permite que se cumpra as normas legais nas áreas de saúde ocupacional e segurança no trabalho. “A grande preocupação das empresas hoje é com o custo do plano de saúde, que nada mais é do que um passe livre dado ao funcionário”, confirma Santos. Fundada em 1994 no Rio de Janeiro, a Sidetech abriu sua primeira filial neste ano, em São Paulo, e planeja faturar 30% mais até dezembro. Nos últimos três anos a empresa cresceu 108%, impulsionada principalmente pelo lançamento da versão

via web. “Outro dia comemoramos nosso primeiro cliente em Tocantins, único estado onde ainda não estávamos presentes”, conta Santos. É um ótimo desempenho, especialmente para quem decidiu criar um software de gestão de saúde por insistência de um cunhado. “Ele era médico do trabalho e vivia me cobrando”, conta Santos. Era o ano de 1996, e até então a Sidetech só fazia softwares com foco na área financeira. Depois do sucesso do sistema num congresso de saúde ocupacional no Rio de Janeiro, a empresa mudou definitivamente seu foco. Para seus sócios, a medicina preventiva se transformou numa ótima oportunidade de negócio.

LINHA DIRETA AON Consulting: (11) 3058-4700 Central Nacional Unimed: www.centralnacionalunimed.com.br Contours: (11) 5081-5797 D&D Pilates: (21) 2565-7690 Fitness Brasil: (11) 5095-2699 Jasmine Alimentos: (41) 2106-7871 Sidetech: (21) 2509-0705 Surya Brasil: (11) 3732-3400 Viva! Alimentação Saudável: (11) 5049-2584

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sa área. Através do programa Perfil Saúde, a consultoria faz uma espécie de raio X dos riscos relacionados à saúde dos colaboradores da empresa. Com as informações na mão, desenvolve ações para estimular hábitos saudáveis com a proposta tanto de evitar doenças futuras como de controlar e minimizar os problemas já existentes. “Desde 2002 percebemos um amadurecimento, em especial das grandes empresas para essa questão. A promoção da saúde não pode ser apenas um cartaz na parede, ela precisa se refletir na cultura da empresa”, afirma Márcia. Para a médica, traçar uma política de saúde também é fundamental para empresas que se preocupam em desenvolver e reter seus talentos. “Colaboradores diferenciados têm importância estratégica para os negócios”, destaca. Ou seja, são profissionais que trazem vantagens competitivas e, por isso, precisam ter a saúde monitorada. A conclusão dos programas de gestão de saúde remete ao velho ditado de que é melhor prevenir do que remediar. Se os gastos com assistência médica preocupam as corporações, a solução é uma só: evitá-los. “Os empregadores têm se preocupado mais com seus profissionais. Não os veem mais como uma máquina que simplesmente trocam por outra e pronto”, afirma José Eduardo dos Santos, sócio-fundador da

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MERCADO

Nova

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Comércio digital de músicas cresce 12% em 2009 e já representa mais de um quarto da receita mundial da indústria fonográfica

por Mônica Pupo

monica@empreendedor.com.br

Poucas indústrias temeram tanto a passagem do mundo analógico para o digital como a fonográfica. Como garantir a lucratividade se as pessoas deixaram de comprar CDs para “baixar” músicas gratuitamente pela internet? Isso sem falar na

pirataria, que disparou na última década e hoje corresponde a 48% do setor fonográfico no Brasil, segundo a Associação Antipirataria Cinema e Música (APCM). Tanto ou mais que as gravadoras, os artistas também foram prejudicados e precisaram encontrar novas formas de comercializar seus produtos. E tudo indica que estão no caminho certo. Publicado


no fim de janeiro, o relatório sobre música digital da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) aponta a “nova ordem” do mercado. Em 2009 foi a primeira vez na história que mais de um quarto da receita da indústria musical veio dos canais digitais, que movimentaram US$ 4,2 bilhões em todo o mundo, 12% a mais do que no ano anterior.

A pesquisa aponta que o crescimento do varejo de música digital se deve à consolidação de sites licenciados, às parcerias entre gravadoras e provedores de internet e, principalmente, à atuação das operadoras de telefonia móvel. “O celular é o único dispositivo que acompanha o usuário a todo momento e lugar; nada mais natural que ele também tome o lu-

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Sobrado 112: músicos foram os primeiros a gravar um CD pelo selo da operadora Oi

gar dos players de música”, afirma Leopoldo Tranquilli, diretor de Serviços de Valor Agregado ( VAS) da TIM, empresa que tem 12% de sua receita total proveniente da música digital. Além disso, o fato de permitir a cobrança direto na conta ou nos créditos do telefone facilita a vida do cliente na hora de comprar música. “Muitos clientes não têm ou não desejam utilizar o cartão de crédito para fazer micropagamentos”, completa Bruno Vieira, consultor de novos negócios da Oi. Uma das primeiras operadoras brasileiras a investir no mercado musical, a Oi não se contentou em oferecer apenas uma loja de música para os clientes. Patrocinadora de shows em diversas partes do País – como o Oi Fashion Rocks –, a companhia possui ainda dez estações de rádio. Em 2009 foram criados o Oi Novo Som – portal voltado a novos artistas –, e o selo Oi Música, dedicado a lançar artistas nacionais e estrangeiros. Segundo Bruno Vieira, a expectativa da Oi é crescer no mercado fonográfico e competir com os demais selos pela produção de conteúdo. “Ainda que não tenha uma representatividade expressiva na receita de uma ‘telco’, música é sinônimo de valor agregado”, ressalta o executivo. Além do público, quem mais se beneficia com esse tipo de iniciativa são os músicos, principalmente os que estão em início de carreira. É o caso da Sobrado 112, banda carioca que viu a carreira deslanchar após se cadastrar no portal Oi Novo Som. Selecionado para participar de um festival de música, o grupo chamou a atenção dos executivos da Oi com um som que mistura reggae, ska, dub e polca. A popularidade da banda entre os internautas também ajudou. Assim, os músicos foram convidados a gravar um CD, o primeiro lançado pelo selo da operadora e o segundo da banda. “Fomos bem amparados pela Oi, assim pudemos nos dedicar integralmente ao som”, conta Victor Gottardi, o Vitinho, vocalista da Sobrado 112, lembrando-se dos tempos em que ele e os amigos se desdobraram para dar conta de gravar o primeiro CD, totalmente independente e contando apenas com verba própria. Para os executivos da Oi, a iniciativa ajuda a democratizar o acesso à música

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MERCADO

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principalmente por parte dos artistas, que agora podem divulgar seu conteúdo sem passar pelo crivo acirrado das gravadoras tradicionais. “A música no meio digital coloca nas mãos do músico o poder de divulgar. Por mais que na Oi exista um padrão de qualidade artística mínimo, o acesso a isso é muito mais universal do que no modelo convencional da indústria fonográfica”, aponta Bruno Vieira. A expectativa da operadora-gravadora é fechar o primeiro trimestre de 2010 com pelo menos mais dois lançamentos pelo selo Oi Música. Destaque no relatório da IFPI, o modelo de venda de música proposto pela Nokia inclui uma loja de música virtual “à la carte”, a Nokia Music Store, com acervo de 6 milhões de faixas comercializadas a preço único (R$ 2,50). Para conseguir a licença para download ilimitado das músicas, algo então inédito no Brasil, a Nokia firmou parcerias com gravadoras e editoras do País – incluindo as quatro majors, Universal, Sony, EMI e Warner. Além disso, fez acordos de distribuição de conteúdo com mais de 2 mil selos independentes em todo o mundo – 200 só no Brasil. Mas

Pesquisa aponta que o crescimento do varejo de música digital se deve às operadoras de telefonia móvel

a grande inovação da companhia é o serviço Comes With Music (CWM), que consiste em uma licença para download ilimitado de músicas a partir de determinados modelos de aparelho celular. Presentes em 17 países, é no Brasil que os aparelhos Nokia CWM são campeões em vendas, à frente da Alemanha, Itália, Holanda, Espanha, Suécia e outros. “O brasileiro costuma ter uma paixão por música que não se repete da mesma forma em outros países; sem falar na riqueza do repertório nacional”, diz Adrian Harley, que foi um dos 500 contratados pela fabricante de celulares para crescer no mercado digital e hoje ocupa o posto de gerente de música da Nokia no Brasil. Enquanto a maioria das gravadoras demorou a tomar uma posição no mercado digital, a Trama saiu na frente e, em 2004, lançou a Trama Virtual. Considerado a maior plataforma de música independente do País, o site conta com 60 mil artistas inscritos e mais de 16 milhões de downloads. Hoje a música digital representa 40% da receita da empresa, segundo João Marcello Bôscoli, um dos

fundadores e presidente da Trama. “A razão inicial do site foi criar um lugar na internet onde pudéssemos disponibilizar gratuitamente as milhares de demos que acumulávamos”, conta Bôscoli. A gravadora também inovou ao lançar, em 2007, o “download remunerado”. Através de parcerias com empresas patrocinadoras, o artista ganha conforme suas músicas são baixadas. O valor do download é calculado a partir da divisão entre a verba captada com as marcas pela quantidade total de acessos mensais. A ideia é seguir a lógica da tevê aberta: ninguém paga para assistir a novelas, por exemplo, mas quem paga é o anunciante interessado em divulgar seus produtos. Entre as companhias que apoiam a iniciativa estão Volkswagen, Banco Real, HSBC, VR, Mormaii e Kildare. Outra estratégia pioneira da Trama na internet é o Álbum Virtual. Mais uma

“É preciso fornecer meios para que os usuários tenham – dentro do bolso, no celular – a música que querem, legalmente e a qualquer hora”


Avanço da música digital no mundo de 2003 a 2009

Acervo disponível Receita das indústrias de música digital Representatividade do faturamento dos canais digitais para a indústria fonográfica

vez, a estratégia é firmar parcerias com patrocinadores para lançar discos – com direito a encarte, vídeos e extras – que são distribuídos gratuitamente na internet. O projeto teve início em 2008, com o lançamento de Danç-Êh-Sá ao Vivo, de Tom Zé. Outros sete álbuns já foram lançados desde o início do projeto, com obras de Ed Motta, Macaco Bong e Móveis Coloniais de Acaju. “O mercado fonográfico, em seu formato clássico como conhecemos nos anos 1960, 70, 80 e 90, por exemplo, deixou de ser “a” grande fonte de produção de mídias físicas prégravadas (discos), assim como deixou de pautar o gosto musical de grande parte do planeta”, reflete Bôscoli. Um dos mentores das inovações da Trama, o executivo acredita que a indústria fonográfica precisa se reinventar, já que “perdeu o controle sobre um modelo anômalo onde toda a cadeia produtiva é sustentada por uma única mídia”. Os serviços de música oferecidos por provedores de internet são outro destaque do relatório da IFPI. O Sonora, mantido pelo Terra – pertencente ao Grupo Telefônica –, é apontado como exemplo. Lançado em 2006, o site oferece a possibilidade de ouvir músicas em streaming (quando não há a necessidade de download). Em fevereiro do ano passado, o site lançou um novo serviço, oferecendo a qualquer pessoa 20 horas de músicas grátis por mês. Segundo o documento, a

nova oferta atraiu mais de 3 milhões de usuários em menos de um ano, além de vários anunciantes, que tornaram a ação economicamente viável.

O fim do CD? O avanço da música digital não significa o desaparecimento dos CDs, acredita Adrian Harley. “Do mesmo jeito que o vinil não morreu quando o CD chegou, o CD terá seu lugar garantido se conseguir trazer algum valor agregado, que pode ser um encarte colorido de 20 páginas, ilustrações e todo tipo de informação que ficou um pouco perdida no meio digital”, reflete o executivo, referindo-se à recente retomada do mercado de discos em vinil no Brasil. Adrian sabe o que diz: mesmo tendo mais 40 gigas de música em seu iPod, ele faz questão de manter sua coleção de CDs e vinis. “O CD vai continuar declinando rapidamente em número de vendas, mas continuará existindo como formato de nicho, do mesmo jeito que o vinil resiste até hoje.” Se depender dos músicos, o CD também tem mercado garantido. “Para o artista, o CD é um cartão de visitas, ele não pode deixar de existir. Mas cada vez mais temos que pensar em vender a música, e não o suporte físico em si. Antigamente, a música estava necessariamente atrelada a um objeto – fosse um CD, disco ou fita. Hoje ela está na rede”, avalia

2009

menos de 50

Aprox. 400

1 milhão de faixas 11 milhões de faixas US$ 20 milhões

US$ 4,2 bilhões

Insignificante

27% Fonte: Balanço da IFPI de 2009

Victor Gottardi, da Sobrado 112. Seja digital, seja convencional, a pirataria é apontada pelo relatório da IFPI como a principal barreira ao crescimento da indústria fonográfica como um todo. Além disso, o segmento de música digital ainda sofre com a falta de divulgação dos serviços em alguns países, questões que envolvem direitos autorais, a falta de regulamentação e a relutância dos consumidores em fazer pagamentos on-line. “Para que vou pagar por um arquivo legal se eu posso baixar de graça?”, reflete Adrian Harley. “É por isso que eu digo que não vendemos arquivos de música, mas sim uma experiência de acesso ao conteúdo. É preciso fornecer meios para que os usuários tenham – dentro do bolso, no celular – a música que querem, legalmente e a qualquer hora”, completa Harley.

LINHA DIRETA APCM: www.apdif.org.br IFPI: www.ifpi.org Nokia Music Store: music.nokia.com.br Tim Music Store: www.timmusicstore.com.br Oi Música: mundooi2.oi.com.br/musica Trama Virtual: trama.uol.com.br Sobrado 112: www.sobrado112.com

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Serviços de música licenciada

2003

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PA N O R A M A

Faro é franqueado e garoto-propaganda da UNS Idiomas

fama O poder da

Celebridades podem alavancar o sucesso de um empreendimento, mas é preciso ter cuidado com a escolha de um rosto para a marca

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por Roberta Ávila

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Nem só de gravações, shows, festas e badalações vivem os astros. Há quem aproveite a fama para se tornar empresário e ganhar dinheiro. É o caso, por exemplo, do ator e apresentador Rodrigo Faro. No final de fevereiro de 2010, o ex-integrante do elenco da rede Globo e atual apresentador dos programas “Ídolos” e “O melhor do Brasil”, na rede

Record, inaugurou sua franquia da UNS Idiomas no bairro paulistano de Moema. Faro é o novo garoto-propaganda da rede e resolveu entrar de cabeça no empreendimento. “A maior prova de que acredito nesse projeto é que eu sou proprietário de uma escola da UNS.” E acrescenta que não entra em furada nem se envolve com projetos para pensar pequeno, muito menos para perder. A UNS Idiomas tem apresentado um

crescimento muito expressivo. Em 2009, tiveram um crescimento de 52%, quando a média, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), foi de 15%. Para 2010 as metas são ainda mais ousadas. “Acredito em um crescimento superior a 100%, mas a gente diz 100% para não errar”, diz Marcel Magalhães, diretor-presidente da rede de franquias UNS, que pretende dobrar tanto o número de alunos quanto o número de escolas espalhadas nas cinco regiões do Brasil. Criada há seis anos em São Paulo, a UNS tem atualmente 34 unidades. “Já temos outras 14 engatilhadas para abrir este ano, mas acredito que até o final de 2010 serão 60 ou 70”, aposta Magalhães. O Rio de Janeiro é o grande foco da empresa este ano, mas a maior concentração vai continuar sendo em São Paulo, onde mais 10 unidades devem ser abertas. O diretor-presidente da UNS afirma que o ator e apresentador foi escolhido para ser o rosto da UNS porque Rodrigo Faro é emergente, bem-sucedido e tem credibilidade com o público. Faro, que já fez parte do conjunto musical Dominó, cita sua experiência com outras empresas com quem trabalhou – como a Delano, a Sky e a Credicard – para mostrar seu tino para os negócios e disse que está investindo tanto dessa vez que vai anunciar a UNS em seu programa. “Dá para


WAGNER FREITAS/REVISTA CONVERGÊNCIA

imaginar o que vai acontecer com essa empresa quando eu passar o telefone da UNS no meu programa?”, desafia. Segundo o apresentador, a unidade de Moema é só a primeira das muitas franquias da rede de idiomas que ele pretende ter. Enquanto muitos artistas se envolvem em negócios com a carreira em pleno vapor, a maioria dos atletas investe na área após largar as competições. Aos 35 anos é difícil um esportista que ainda atue profissionalmente em qualquer área que seja. Mas o fim dessa carreira pode ser o começo de outra, que usa a imagem de sucesso no esporte como trampolim para uma carreira bem-sucedida como empresário. A ex-jogadora de basquete Hortência recebia tantas propostas para dar palestras motivacionais em empresas que resolveu fazer disso um novo emprego. “Assim que parei de jogar, em 1996, todos me procuravam para contar a minha história, então resolvi organizar a minha fala”, conta Hortência. Depois disso ela foi sócia do grupo Euro RSCG, uma empresa de eventos e promoções entre 2005 e 2007. “Agora estou envolvida com a Confederação Brasileira de Basquete. Sou diretora técnica do departamento feminino.” Apesar de sempre ter permanecido em contato com o esporte em seus outros ne-

gócios, Hortência diz que se arriscaria em outros setores. “Se me sentisse segura em outra área, eu atuaria sim. Não tenho medo de desafios, mas antes eu procuraria cursos para aprender mais sobre o que iria enfrentar. A chance de dar errado se você não conhecer bem seu negócio é muito grande. Dinheiro não é o suficiente: tem que ter talento e conhecimento”, afirma a ex-jogadora. Para ela, a fama é instrumento poderoso nos negócios para quem souber usá-la.

Aposentadoria O ex-nadador Fernando Scherer também saiu das piscinas para o escritório, mas continuou ligado ao esporte, mesmo tendo se aventurado em outros ramos, como a participação em uma boate e ter sido um dos responsáveis por trazer a grife americana Ed Hardy para o Brasil em 2008. O negócio de Xuxa, como ficou conhecido o medalhista olímpico, é mesmo malhar. Atualmente, ele é acionista da Hammerhead, marca canadense de produtos para natação e que é vendida no Brasil desde 1998. “Meu irmão está à frente dos negócios, enquanto eu auxilio no desenvolvimento dos produtos e divulgação da marca”, conta Scherer. Para ganhar em competitividade, o ir-

mão de Xuxa, Eduardo Scherer, foi morar em Hong Kong, com sua esposa Ana Azevedo, ex-recordista sul-americana de natação. “Assim eles ficam mais próximos de nossos fornecedores. Isso tem nos ajudado bastante a estar um passo à frente de nossos concorrentes, sempre inovando e trazendo para o Brasil a mais avançada tecnologia e os produtos mais confortáveis. Hoje temos a linha de óculos e acessórios para natação mais completa do Brasil, com mais de 200 opções entre produtos e cores. São 5 mil pontos de venda no País”, analisa Scherer. O esforço e a união com a imagem de Scherer renderam à Hammerhead o domínio de 35% do mercado atual. Além disso, Xuxa tem participação na Academia Fernando Scherer, que fica no Beiramar Shopping, em Florianópolis. A academia, que foi inaugurada em 1994, tem aproximadamente 900 metros quadrados, com mais de 1 mil alunos matriculados. “Montamos uma academia de primeiro mundo, com piso de qualidade, acústica perfeita, equipamentos de primeira e sempre renovando. Nos meus negócios tento sempre oferecer o melhor aos meus clientes”, afirma o ex-nadador. O corredor Alexandre Barros também entrou para o ramo dos negócios, mas vai ensinar pessoalmente o que ele sabe me-

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Ana Hickmann é campeã brasileira de licenciamentos

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PA N O R A M A

Negócios de Scherer estão concentrados na área de esportes

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Barros ensina técnicas de condução e segurança dentro e fora das pistas

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lhor: em março inaugurou a Alex Barros Riding School, voltada para pessoas de 40 ou 50 anos que compraram a primeira motocicleta, pretendem usar para passeio e ainda não sabem andar. O curso vai ensinar técnicas de condução e segurança dentro e fora das pistas. “Praticamente recebi esta demanda do mercado. Com o mercado de motos de grande e média cilindradas crescendo e os inúmeros recursos e tecnologia disponíveis nesses equipamentos, a desinformação sobre o veículo, além da falta de habilidade com o mesmo, é muito grande”, acredita Alex, que começou a correr de moto aos sete anos de idade e foi campeão brasileiro de 50 e 250 cilindradas. Como piloto, Alex foi destaque em equipes como a Cagiva e a Lucky Strike Suzuki, e agora em sua escola conta com uma parceria com a BMW, que vai fornecer motos para os cursos. Alex Barros acredita que o projeto pode se expandir muito no futuro. “Ficaria muito feliz em poder contribuir para a segurança das pessoas. Nosso próximo passo é conversar com empresas, autoridades e poder público e nos colocar à disposição. Essa pode ser uma das rotas de crescimento para a escola”, define o piloto. Apesar desses esforços individuais, os esportistas brasileiros ainda têm um longo caminho a percorrer para aproveitar

melhor seu sucesso para ganhar dinheiro. Segundo Sebastião Bonfá, presidente da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), a maior parte dos licenciamentos no ramo de esportes no País é de produtos ligados a times de futebol. “Mesmo os jogadores de futebol têm poucos licenciamentos individuais”, revela Bonfá. Para se ter noção da extensão disso, basta dizer que o rei Pelé, que sempre foi um famoso garoto-propaganda, vai começar a licenciar produtos em grande escala apenas agora. “Pelé ainda será um grande licenciador: é mais conhecido que o Papa”, aposta Bonfá. A diferença é gritante se compararmos nosso atletas com Michael Jordan ou David Beckham, campeões na venda de produtos com seus nomes. Sebastião Bonfá acredita que fama, mídia, confiabilidade e persistência são ingredientes essenciais para o sucesso de um negócio. Porém, no caso da fama, existem vários níveis de influência diferentes. “Existem as celebridades reais e as momentâneas, como os participantes do Big Brother, que podem até licenciar produto ou fazer propaganda, mas a imagem deles só vai vender enquanto eles estiverem em evidência. Depois o produto encalha na prateleira”, assegura o dirigente da Abral. Além disso, a marca ou negócio fica sujeito a altos e baixos causados por eventuais abalos na imagem da

celebridade escolhida como rosto. No Brasil, uma das primeiras artistas a licenciar produtos com seu nome foi Hebe Camargo. No terreno das apresentadoras que têm produtos, Ana Maria Braga, Angélica, Eliana e Xuxa também marcam presença. No entanto, é da modelo Ana Hickmann o maior volume de vendas de produtos licenciados atualmente. “Ela é a número um em faturamento”, diz Bonfá. Em segundo lugar outra apresentadora: Luciana Gimenez, que há 11 anos apresenta o programa “Superpop”, na RedeTV!. Para Fernando Scherer, ser famoso é uma mão na roda sim. “A fama com certeza ajuda a fazer os negócios terem uma repercussão maior. Minha imagem está ligada à saúde, esporte, qualidade e sucesso. Tenho muito zelo pela minha imagem, pois tenho uma responsabilidade com meus sócios e com as empresas que me apoiam.”

LINHA DIRETA Alexandre Barros: www.alexbarros.com.br Fernando Scherer: www.fernandoscherer.com.br Hortência Marcari: www.cbb.com.br Rodrigo Faro: www.unsidiomas.com.br Sebastião Bonfá: www.abral.org.br


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PERFIL

Waldir Pedro

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Idade: 46 Local de nascimento: São Vicente (SP) Formação: Filosofia e Jornalismo pela Universidade de Santos (SP) Empresa: Wak Editora Ano de fundação: 1999 Cidade-sede: Rio de Janeiro Número de funcionários: 8

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Bagagem

acumulada Entre empregos e empreendimentos, experiência adquirida na área de vendas e em livrarias, editoras e jornal contribuíram para Waldir Pedro construir a Wak Editora

Waldir Pedro (na outra página) e o sócio Alan Kardec

Waldir Pedro, de 46 anos, é daquelas pessoas que não conseguem ficar paradas. Começou a trabalhar aos 13 anos e foi engatando emprego atrás de empreendimento, de cidade em cidade, até que em 1995, desiludido com o sistema da empresa onde estava, em São Paulo, pediu as contas e resolveu “tirar umas férias” de três meses no Rio de Janeiro. Mas não passou uma semana após a mudança e ele já estava empregado. “Essa coisa de trabalho foi algo colocado na minha vida, eu sou viciado.” A vaga lhe traria os conhecimentos que faltavam para oito meses depois dar início a um pequeno negócio, o Disk Livro, que cresceu e deu origem à Wak Editora, há 11 anos. Logo que chegou ao Rio, Pedro assumiu a representação comercial da Siciliano. Ao visitar as livrarias para fazer as vendas, percebeu que o atendimento em geral era muito precário. Consumidores que procuravam um livro que não tinha no estabelecimento simplesmente iam embora, sem ninguém fazer nada. “Um cliente não pode ser desperdiçado”, acredita Pedro. Surgiu então a ideia do Disk Livro. A pessoa ligava, pedia determinada obra e ele dizia que tinha – mesmo que não tivesse. Com os contatos que havia feito no último emprego, cadastrouse como livreiro em editoras e distribuidoras, onde comprava os livros em consignação. O senso de oportunidade é uma das principais características empreendedoras de Pedro. Quando o negócio já estava estabelecido, foi aberto um ponto em uma faculdade onde havia grande demanda, a pedido dos próprios estudantes. Um professor então propôs a venda de suas apostilas na banca, para os alunos não precisarem xerocar. Pedro fez uma contraproposta: reunir todas as apostilas em um livro, que

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por Alexsandro Vanin | vanin@empreendedor.com.br colaborou Mônica Pupo | monica@empreendedor.com.br

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LINHA DO TEMPO

PERFIL

1963 1976 1982 1984 1991

1992

1995

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1996

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1999

Waldir Pedro Wak Editora Nasce Waldir Pedro, em São Vicente (SP) Começa a trabalhar Compra seu primeiro negócio, um açougue Vende o açougue e monta uma papelaria, com livraria anexa Vende a papelaria e vai dar aulas de filosofia Assume o suplemento infantil do jornal A Tribuna, de Santos (SP) É contratado como gerente da livraria Vozes de Bauru (SP). Seis meses depois é transferido para a capital, onde passa a gerenciar o atacado e varejo da Editora Vozes Deixa a Vozes e vai para a Melhoramentos auxiliar na implantação de um sistema de livrarias próprias Muda-se para o Rio de Janeiro, onde assume a representação comercial da Siciliano Deixa a Siciliano para se dedicar ao projeto Disk Livro Abre a Wak Editora

viria a se tornar o primeiro de mais de 200 já lançados pela Wak. Coragem para enfrentar riscos também é um traço importante em seu perfil. Pedro largou um emprego estável para concentrar os esforços no projeto do Disk Livro. “Decidi meter a cara ou não ia vingar. Entrei com a cara e a coragem”, diz. Ele imprimiu uns folhetos e começou a distribuir nas escolas, nos ônibus, onde tivesse uma pessoa lendo. Quando havia um pedido, pegava a bicicleta, ia comprar o livro e depois entregava. E Pedro sempre foi assim. Ainda adolescente, em São Vicente (SP), após passar por diversas funções na gráfica onde começou varrendo, percebeu que quem ganhava dinheiro naquela empresa eram os vendedores, e pediu ao proprietário para sair a vender. Começou aos sábados e nos momentos ociosos, como experiência, mas logo começou a superar os resultados de representantes tarimbados e foi efetivado na área. Aos 19 anos viu um anúncio no jornal e comprou um açougue com mercearia, usando o dinheiro de um empréstimo feito em nome de sua tia. “Pensei: tem frigorífico, se der errado vendo tudo e pago as contas.” Ele acabou vendendo tudo dois anos depois, mas porque a rotina era muito puxada, de domingo a domingo, e abriu uma papelaria, com livraria anexa, que manteve por sete anos, até concluir as graduações em Filosofia e Jornalismo.

Não que se entregar ao trabalho seja um problema para Pedro. Muito pelo contrário. Após se formar, deu aulas de filosofia em três escolas e assumiu o suplemento infantil do jornal A Tribuna, de Santos (SP). Lá seu horário de saída era às 16h, mas dificilmente ele saía antes das 20h. “Quando estou fazendo alguma coisa que gosto, dedico-me 100%.” Um ano e pouco depois, decidiu ir para São Paulo tentar uma vaga de assessor de imprensa da Vozes. Mas por causa de seu perfil e experiência anterior, o contrataram como gerente da livraria de Bauru (SP), que estava com problemas financeiros. Chegando lá, em vez de ficar em uma salinha de vidro, arregaçou as mangas e foi para o balcão mostrar como vender, além de reposicionar os funcionários de forma a aproveitar melhor suas potencialidades. Em seis meses tirou a loja do vermelho e foi chamado à capital para gerenciar o departamento de atacado e varejo. Até em uma entrevista de emprego ele mostra o mesmo empenho. Aprovado na primeira seleção da Siciliano, do Rio, Pedro pegou todos os catálogos da editora e levou para casa para estudar. No dia posterior, chegou à etapa seguinte já com uma proposta, falando como se fosse um membro da equipe. Na Wak não é diferente. Depois do primeiro autor, Pedro teve que correr atrás de outros, insistir para ser recebido, convidar e convencer. Quando já tinha um


catálogo de 30 livros, após um ano e meio, começou a procurar um distribuidor. Hoje a Wak já conta com aproximadamente 200 títulos, principalmente na área da educação, e distribuidores em todas as capitais. Um ponto importante, segundo Pedro, é que muitos autores são novos. “Muita coisa boa fica fora dos catálogos das grandes editoras, que só abrem espaço para quem está na mídia e vai ter uma venda certa”, afirma. “Aqui, cada livro vendido é uma vitória para nós.” Em média, são comercializados 12 mil exemplares por mês.

Visibilidade Outra área de atuação da Wak é a organização de eventos, principalmente na área de educação, que conta com mais autores. Isso acaba trazendo ainda mais visibilidade para a editora, que geralmente monta um estande no local. Pedro também não deixa de participar da Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Já foram quatro participações, a primeira ocupando 12 metros quadrados da Calçada Literária, e a última 60. “Sempre fizemos um trabalho sério, agora estamos começando a pegar o ritmo e a ampliar, já colhemos frutos junto aos autores, distribuidores, livrarias e leitores”, afirma. Trabalho feito com muita seriedade e também muito prazer. “Faço o que gosto. Ou me dá muito prazer em fazer, ou eu desisto.” Foi o que aconteceu quando

Hoje a Wak já conta com aproximadamente 200 títulos, principalmente na área da educação, e distribuidores em todas as capitais ele estava na Editora Melhoramentos, em São Paulo, participando do processo de implantação de livrarias próprias. Ao contrário do período anterior, na Vozes, onde ele tinha autonomia, ali Pedro queria fazer algo e a máquina emperrava. Foi então que ele propôs a dois amigos desempregados a mudança para o Rio. Um deles, Alan Kardec Pereira, é parceiro e sócio de Pedro até hoje – o outro participou apenas do início do projeto Disk Livro. “Alan é o porto seguro aqui da editora”, afirma. Formado em Administração, ele cuida da área financeira. “Sou muito ansioso, quero fazer tudo e ver tudo pronto na hora; ele pede calma, um passo de cada vez.” Oito funcionários diretos, além de temporários contratados para serviços esporádicos, completam o quadro da Wak Editora, instalada em Copacabana. Com direito a música ambiente e, principalmente, gestão participativa. Uma

vez por semana todos se reúnem para discutir os negócios e trocar ideias. E tudo às claras. Quando a crise se intensificou, em 2009, Pedro chamou todos e disse que muitas empresas crescem nos períodos de turbulência econômica, é só não parar de investir. Foram cortados custos no que se podia: conta de luz, ar-condicionado, telefone, etc. “Só não economizei na qualidade e nem no salário do pessoal, não mandei ninguém embora.” O resultado foi a ampliação do catálogo em mais de 80 títulos. “Sempre tive paixão pelo livro”, conta Pedro. Quando teve a papelaria, montou a livraria anexa mesmo sem ter vendagem que justificasse. Muitos títulos da Wak foram lançados apenas porque eram trabalhos sérios, mesmo sabendo que não teriam venda. E uma política da editora é oferecer suas obras a preços acessíveis, “mas sem perder a qualidade e a profundidade do tema”, para os professores poderem adquirir. “Tivemos muitas etapas diferentes e fomos dando um passo de cada vez – o caminhar até aqui tem sido delicioso.” E assim, no acerto e no erro, mas sem faltar planejamento, Pedro e Alan construíram a Wak Editora.

LINHA DIRETA Wak Editora: www.wakeditora.com.br

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Organização e presença em eventos, como a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, mostram o trabalho sério da Wak

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INÊS MATOS

Empresas avançadas têm meta de 30 mil atendimentos em 2010 Programa do Sebrae é uma solução educacional destinada a empresas que querem ampliar suas atividades no mercado, com planejamento e eficiência A definição das melhores estratégias para crescer, a escolha do momento certo, cálculos financeiros, riscos e vantagens, necessidade de inovação. Para que empresários do segmento de pequeno porte possam tomar decisões com mais segurança, foi criado em 2008 o Programa Sebrae para Empresas Avançadas.

A gerente de Capacitação Empresarial do Sebrae, Mirela Malvestiti, explica que as empresas enfrentam ciclos de desenvolvimento e um resultado satisfatório e crescente exige aprimoramento constante. Se não for assim, elas correm o risco de estagnação ou deca-

Empreender Informe do Sebrae Abril

dência. “Queremos atender empresas que não estão satisfeitas e que pensem em enfrentar a concorrência com outras armas além do preço”, afirma Mirela. Falta de tempo para planejar o futuro, decisões centralizadas, dificuldades em delegar decisões e responsabilidades e ausência


desenvolvimento de interlocutores são alguns dos problemas comuns detectados entre os empresários. Para Marcelo Villares Coelho, da Néctar Tecnologia, o programa é adequado ao seu caso, já que ele está reestruturando um negócio iniciado há três anos. “Estou buscando informações para um diagnóstico que permita promover um desenvolvimento mais acelerado da minha empresa.”

O Programa Sebrae para Empresas Avançadas é dividido em seis módulos: Estratégias Empresariais; Encontros Empresariais; Decisão Empresarial na Visão Sistêmica; Gestão Financeira – do Controle à Decisão; Gestão da Inovação – Inovar para Competir; e Planejando para Internacionalizar. No módulo Estratégias Empresariais são abordados temas sobre como tornar as decisões estratégicas mais eficientes, a partir da avaliação dos ambientes interno e externo dos empreendimentos. Em Gestão da Inovação, os participantes recebem informações sobre tipos e estratégias de inovação, o que é fundamental para a competitividade.

A elaboração de um plano de internacionalização ocorre durante o módulo Planejando para Internacionalizar, num passo a passo sobre como tornar uma empresa global e deixá-la preparada para o mercado internacional. Nos Encontros Empresariais, as pessoas responsáveis pelas decisões nas empresas reúnemse e trocam experiências acerca de temas de interesse comum, fortalecendo uma rede de relacionamento e compartilhando erros e acertos. Este programa é destinado a empresas já consolidadas que buscam modelos mais avançados de gestão ou evolução dos padrões existentes em busca de crescimento e melhoria dos resultados. Nesses dois anos o programa atendeu cerca de 2 mil interessados. Fonte: Agência Sebrae de Notícias

RICARDO LIMA

FABRIZIO ZINI

O programa também atende a uma expectativa dos empresários que reclamam de aplicações imediatas. “Eles vão aprender fazendo. O conteúdo foi estruturado para que as soluções possam ser implantadas ao longo do curso”, explica a gerente de Capacitação do Sebrae/DF, Adriane Cerqueira Susarte.

Empresas Avançadas

Iniciativa visa empresas que querem enfrentar a concorrência com outras armas além do preço

Abril Informe do Sebrae Empreender


TI por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br

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Riscos da comodidade Redes wi-fi facilitam a vida em aeroportos e estabelecimentos comerciais, mas é preciso estar protegido para manter a segurança e privacidade dos dados

Mesmo quando não estão na empresa, muitos executivos continuam trabalhando pelo celular ou pelo computador. Na hora do almoço ou na espera de um voo é comum encontrar alguém checando os e-mails da empresa ou ainda tomando decisões a distância. Um trabalho que se tornou mais fácil com a tecnologia wireless fidelity (wi-fi) porque permitiu o acesso à internet em banda larga através de redes sem fio. A conexão é rápida e em lugares como bares, restaurantes, shoppings ou aeroportos costuma ainda ser gratuita. Em meio a tantas facilidades é preciso estar atento. Especialistas consideram que a internet sem fio é uma das que mais podem trazer riscos à privacidade dos usuários. Pesquisa realizada pela empresa AirTight em 2008 detectou riscos no sistema de segurança de redes públicas wi-fi de 27 aeroportos internacionais. Cerca de 80% do sistema estava mal protegido, o que permitia que hackers tivessem acesso a e-mails ou arquivos confidenciais de outras pessoas que estavam utilizando a mesma conexão wi-fi. Para Thienne Johnson, doutora em ciência da computação e professora da USP, esse tipo de problema costuma acontecer com frequência porque as redes sem fio são as que oferecem menos segurança para os usuários. “A conexão wi-fi transmite informações pelo ar e exige do usuário que mantenha atualizadas as ferramentas de segurança do computador. O problema é que a maioria das pessoas costuma não se preocupar com isso.” Nesses ambientes em que a rede está aberta a ameaça costuma ser maior porque aumenta o número de pessoas que potencialmente podem trazer riscos à segurança e à privacidade dos usuários. Para o analista de redes Michel Perez, em uma rede pública o usuário não pode depender da segurança do sistema, ele mesmo precisa fazer isso. “Nesses ambientes é melhor evitar acessar sites de bancos e só acessar o básico. É bom sempre estar resguardado porque não há proteção 100% segura.” Para o usuário que costuma utilizar redes wi-fi em ambientes públicos a dica é não deixar aplicativos de compartilhamento abertos, estar com as vacinas do antivírus em dia e não deixar de atualizar os softwares. Perez explica que para quem utiliza o Windows é importante baixar, todos os meses, as novas atua-


Mantenha atualizados os aplicativos do seu computador Esteja em dia com as vacinas do antivírus Não deixe pastas de compartilhamento abertas Utilize protocolos de segurança como a criptografia

lizações do sistema que ficam disponíveis no site da Microsoft. “Toda vez que você baixa uma atualização, você trabalha para solucionar uma vulnerabilidade que seu computador tinha e que o sistema passou a detectar”, explica. Outra opção para garantir que as mensagens trocadas em uma rede pública não sejam lidas por usuários não autorizados é utilizar protocolos de segurança de criptografia. Pelo sistema, mesmo que alguém invada a rede, a informação que é transmitida pelo usuário se torna ilegível para quem não tem autorização para lê-la. Entre os protocolos de segurança, o mais utilizado é o Wi-Fi Protected Acess 2 ( WPA2). O certificado torna a rede sem fio mais segura porque gera um código de segurança que só outras pessoas

Thienne: maioria das pessoas não se preocupa em atualizar ferramentas de segurança

O número de pontos de acesso à conexão wi-fi cresceu 27% em 2009 em comparação com o ano anterior. Só em São Paulo são 990 pontos disponíveis, 67% deles estão localizados em bares e restaurantes e 11% em hotéis. Os dados são da pesquisa Wi-Fi da Marco Consultora, que revelou ainda que só na capital paulista há um ponto de acesso para cada 11 mil habitantes. A Marco Consultora também realizou o mesmo estudo na Cidade do México, em Buenos Aires e em Santiago. Em todas as cidades pesquisadas na América Latina, Buenos Aires é a que possui mais conexões wi-fi por habitante, o equivalente a 1 mil pontos de acesso para cada 2 mil argentinos. Fonte: Pesquisa Wi-Fi da Marco Consultora

autorizadas podem ter acesso. Além do WPA2, sites de comércio eletrônico e de bancos costumam utilizar o protocolo de segurança https para criptografar as mensagens e garantir a segurança dos usuários que acessam a página.

Atualização Para quem já instalou um protocolo de criptografia no computador, os especialistas orientam verificar constantemente se há novas versões disponíveis. Isso porque uma criptografia antiga, que já tenha sido rompida por um hacker, pode significar um risco. Evandro Hora, diretor da Tempest Security Technologies, empresa especializada em consultoria de gestão de risco, explica que a criptografia funciona como um certificado temporário e à medida que o sistema tenha sido quebrado por algum hacker é preciso trocá-la. Para quem utiliza o celular em redes públicas wi-fi os riscos também são grandes. O consultor explica que a conexão mobile ainda não está preparada para garantir bons níveis de segurança. “Fazer transação por celular não é muito seguro, os processadores dos aparelhos não estão preparados para isso, as fábricas preferem colocar nos celulares processadores mais simples para não ter custos altos nem gastar muita bateria.” Os empresários que desejam instalar a conexão wireless em um ambiente corporativo precisam estar atentos. Além da placa wireless e do roteador, é preciso instalar protocolos que garantam a segurança das informações que vão trafegar pela rede. “Antes, quando não existia o wireless, só quem tinha acesso físico à

empresa é que teria chance de se conectar na rede dela. Com o wireless, as pessoas que estão fora da empresa, mas que estejam ao alcance das antenas, têm essa chance”, afirma Hora. O consultor explica que para garantir a segurança nesses ambientes é necessário tomar algumas medidas. Ele indica que sejam trocadas as senhas que costumam vir pré-configuradas em roteadores, elaborar senhas que misturem letras e números, limitar o número de equipamentos que possam acessar a rede, cuidar da autentificação dos usuários e da privacidade das mensagens através da criptografia. “É preciso ter segurança suficiente para desencorajar o ataque. O uso só de sistema de códigos e senha costuma ser fraco porque as pessoas tendem a escolher mal a senha e a associá-la ao nome do estabelecimento. Eu indico que as empresas não identifiquem claramente de quem é a rede ou, ainda, quando for instalar o roteador, optar pela função desabilitar a visualização da rede.” Mas mesmo se todas essas ferramentas forem utilizadas e um hacker conseguir quebrar um desses protocolos, ele orienta o empresário a trocar o ponto de acesso da conexão.

LINHA DIRETA Evandro Hora: www.tempest.com.br Marco Consultora: www.marcoconsultora.com Michel Perez: michel@voffice.com.br Thienne M. Johnson: thienne@ieee.org

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!

PARA UMA CONEXÃO SEGURA

Acesso Wi-Fi

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Segundo a ABF, o potencial de crescimento de franquias de empadas no Brasil e no exterior é grande

FRANQUIAS

Invasão das

empadas O quitute cai no gosto dos consumidores e cresce o número de redes de franquias especializadas no salgadinho por Beatrice Gonçalves

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O tradicional lanche da tarde dos brasileiros está cada vez mais elaborado. Além do café, as empadas estão conquistando o paladar dos consumidores. O salgado, que antes era feito em festas e reuniões de famílias, se popularizou pelo País e é considerado um dos negócios mais promissores do mercado. A demanda fez aumentar a produção, e brasileiros que antes fabricavam o salgado em casa estão expandindo o negócio e até o transformando em franquia. Hoje são mais de 160 pontos de venda de empadas só de lojas e quios-

ques de franquias. Se as empadas caíram no gosto dos consumidores, os salgados atraíram também quem queria investir no sistema de franchising. Quando Alzira Gonçalves resolveu abrir a Casa da Empada, não tinha ideia da dimensão que o negócio tomaria. Ela abriu uma pequena lanchonete em 1987 no Rio de Janeiro para vender empadas. Em poucos anos, a procura pelos salgados aumentou e Alzira precisou ampliar o negócio, até que em 1998 decidiu transformar a Casa da Empada em uma franquia. A rede tem hoje 27 pontos de venda e é responsável por uma produção mensal de 200 mil empadas.

Em 2010, a empresária deu um passo ainda maior. Ela foi à França apresentar a franquia para investidores estrangeiros. A Casa da Empada foi convidada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) para representar o Brasil na Franchise Expo Paris, um dos maiores eventos de franchising do mundo. “Foi uma experiência muito boa para apresentar a Casa da Empada, compreender o mercado internacional e fazer novos contatos. Percebi que a empada ainda é um produto desconhecido no mercado internacional e que muitos visitantes nunca tinham ouvido falar ou mesmo degustado uma”, conta Cláudia Gonçalves, diretora da franquia. A partir dos contatos que fez na feira, Cláudia pretende estudar algumas propostas, analisar o mercado e fazer pesquisas sobre os hábitos de consumo dos países em que a rede pretende um dia instalar


mento está associado a um novo hábito do brasileiro. “As pessoas têm preferido fazer refeições fora de casa. A estimativa é que os brasileiros gastem em média R$ 70 bilhões por ano com despesas alimentares em bares, cafés e restaurantes.” Se 2009 já foi um ano bom, as perspectivas do setor para 2010 são ainda maiores. Carina Arbex, diretora da Empada Caipira, conta que tem se surpreendido com o aumento no número de interessados em investir na franquia em comparação com o ano passado. “Só este ano, em três meses, já fechamos negócio para a abertura de seis franquias e pretendemos fechar mais 14 até o final de 2010.” A Empada Caipira tem hoje 23 pontos de venda localizados nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Sergipe. “Nós começamos o negócio inspirados em uma receita de família e a partir dela estamos sempre traba-

lhando para oferecer salgados diferentes. Hoje somos a única rede no Brasil a ter 40 sabores de empadas”, afirma Carina. Para Liana Bittencourt, diretora da Bittencourt Consultoria, empresa especializada em expansão de negócios, o brasileiro – além de comer mais fora de casa – está mais preocupado com a qualidade dos alimentos que consome e, por isso, franquias que conseguirem trabalhar com esses dois conceitos só tendem a crescer. “Formatamos o modelo de franquia da Procura-se a Empadinha e acreditamos que esse segmento é promissor porque eles produzem um salgado sem gordura trans. Outra vantagem é que esse é um formato de negócio de fácil implementação, porque o grau de manipulação dos ingredientes é pequeno e o alimento é de fácil preparo.” A franquia tem hoje duas lojas próprias e deve abrir até o final do ano mais dez unidades.

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uma unidade. “Muitos visitantes vieram falar comigo. O que mais me chamou a atenção foi o interesse de franceses em vir morar no Brasil e já querer vir para cá com algum negócio em mente. Por isso, eles ficam bem interessados em saber como funcionam as franquias brasileiras.” Para Ricardo Camargo, diretor-executivo da ABF, o potencial de crescimento de franquias de empadas no Brasil e no exterior é grande. “Escolhemos uma franquia de empadas para representar o País na Franchise Expo porque esse é um formato de franquia tipicamente brasileira, é um produto novo no mercado internacional e essa é uma área em expansão.” Ele conta que o setor de franquias de alimentação foi o que mais cresceu em 2009 no Brasil, a uma taxa de 21%, enquanto os demais registraram aumento médio de 14%. O diretor da ABF explica que esse cresci-

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FRANQUIAS A franquia Dona Empadita também é nova no mercado. A rede, que foi criada em 2007 em Campina Grande (PB), chegou ao mercado com uma proposta diferente. Além das tradicionais empadas, a Dona Empadita é especializada na fabricação de 20 sabores de empadas abertas como as de morango com chocolate e de salmão com rúcula. Em 2010, a rede quer expandir sua atuação no mercado, principalmente na Região Nordeste. “Os interessados na franquia não precisam ter experiência no setor, basta que seja um empreendedor disposto a participar do negócio. Damos treinamento e capacitação para que os nossos franqueados possam produzir as empadas em suas próprias unidades”, explica Tânia Alverga, diretora da franquia.

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Novos investimentos

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Quando Frederico Duarte se mudou com a esposa de Niterói (RJ) para João Pessoa, pensou em abrir um negócio que garantisse uma segunda fonte de renda para o casal. Eles começaram em 1995 vendendo empadas na beira da praia em uma carrocinha. “Eu ajudava a minha esposa nos fins de semana, mas à medida que o negócio foi crescendo resolvi abandonar o meu antigo trabalho de representante comercial e montar a Empadinhas Barnabé.” Em 15 anos, a Empadinhas Barnabé cresceu, se transformou em franquia e hoje tem sete unidades no Nordeste. Além de 13 sabores de empadas, a franquia serve sucos, refrigerantes e suspiros. “Comecei a produzir suspiro porque ele pode ser feito a partir de um subproduto da empada. A base da massa de empada leva muita gema de ovo, e para não jogar fora a clara eu resolvi produzir suspiro.” O empresário explica que, para garantir a qualidade dos produtos da rede, centralizou a fabricação das empadas e, dessa forma, os franqueados recebem todos os dias as empadas resfriadas e prontas para serem assadas. “A procura por nossos produtos é muito alta. Só para se ter uma ideia, João Pessoa, que é a cidade onde estamos instalados, tem uma população de 800 mil habitantes, e só no ano passado vendemos quase 700 mil empadas no ano.

Christóvão: franqueados da Empada Brasil têm flexibilidade para servir produtos da região em que atuam


Além das tradicionais, Dona Empadita é especializada em empadas abertas

Dona Empadita Ano de fundação: 2007 Taxa de franquia: R$ 15 mil a R$ 20 mil Empada Brasil Ano de fundação: 1999 Taxa de franquia: R$ 25 mil Empada Caipira Ano de fundação: 1998 Taxa de franquia: R$ 15 mil Empada Carioca Ano de fundação: 2003 Taxa de franquia: R$ 25 mil a R$ 35 mil Empadinhas Barnabé Ano de fundação: 1986 Taxa de franquia: R$ 30 mil a R$ 45 mil Casa da Empada Ano de fundação: 1987 Taxa de franquia: R$ 15 mil a R$ 30 mil Procura-se a Empadinha Ano de fundação: 2006 Taxa de franquia: R$ 20 mil

É como se mais de 80% da cidade já tivesse comido empada aqui.” O arquiteto Francisco Christóvão percebeu que as empadinhas tinham uma boa aceitação no mercado quando começou a fazer os salgados em sua casa. Nos fins de semana, quando reunia os amigos em casa, o arquiteto costumava fazer empadas de queijo, uma receita que deu tão certo que ele precisou ampliar sua produção e aumentar o número de sabores. Com a experiência adquirida no ramo, em 1997 Christóvão abriu a primeira unidade da Empada Brasil. Hoje a rede de franquia tem 53 unidades em oito estados do País. A Empada Brasil oferece 27 sabores de empadas, além de outros salgados, como bolinho de bacalhau, coxinhas e pastéis de forno. Os franqueados ainda têm flexibilidade para servir outros produtos característicos da região em que atuam. “Nós percebemos que o horário do lanche é o de maior movimento e que, mesmo diante de tantas opções, os clientes preferem a empada por ser um salgado assado”, afirma Márcio Rangel, master franqueado da Empada Brasil. Ele explica que a rede está constantemente trabalhando para desenvolver novos sabores de empadas e que em datas comemorativas a Empada Brasil costuma preparar empadas especiais como a empadatone para o Natal, uma empada doce com recheio de passas e frutas cristalizadas. O ex-jogador de vôlei da seleção brasi-

leira Fábio Caldas largou antigos projetos para investir no sistema de franquias. Em 2003, ele decidiu investir em um negócio para a mulher e resolveu criar a Empada Carioca. Em um ano, a marca já começou a despertar interesse de conhecidos e parentes e o empresário optou por expandir o negócio por meio do sistema de franquias. Hoje a Empada Carioca é uma das maiores redes de franquias do País com 81 lojas em 10 estados. A rede serve nove tipos de salgados, mas o carrochefe são os 22 sabores de empadas. “A maior parte dos pedidos é de empadas, elas representam 75% do faturamento do negócio”, explica Caldas.

LINHA DIRETA Casa da Empada: www.casadaempada.com.br Dona Empadita: www.donaempadita.com.br Empadinhas Barnabé: www.empadinhasbarnabe.com.br Empada Brasil: www.empadabrasil.com.br Empada Carioca: www.empadacarioca.com.br Empada Caipira: www.empadacaipira.com.br Procura-se a Empadinha: www.procuraseaempadinha.com.br

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VARIEDADE

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FRANQUIAS

Frozen natural Após expandir no Rio de Janeiro – onde possui 19 das suas 31 unidades –, a Yogoberry inicia 2010 de olho no mercado paulista, com a inauguração de seis unidades no Estado de São Paulo. Especializada em iogurte frozen, a rede trabalha apenas com ingredientes naturais, sem conservantes e com baixo teor de gordura. Além de São Paulo e Rio, a marca também já está presente em Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. O investimento inicial é de R$ 350 mil, com retorno previsto em 24 meses. O valor inclui taxa de franquia – R$ 80 mil a R$ 120 mil, dependendo do tamanho da loja –, além de gastos com instalações e equipamentos. As lojas têm área mínima de 30 metros quadrados, oito funcionários e estão dimensionadas para atender uma média de 1 mil clientes por dia.

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www.yogoberry.com.br

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Profissionalização popular Atento ao crescimento da renda das classes C e D, o Grupo Microlins lançou sua nova bandeira, a Ideal Cursos Profissionalizantes. As franquias oferecem capacitação profissional com valores até 50% menores comparados aos da Microlins. O público-alvo são

jovens de 15 a 25 anos, além de adultos e idosos que buscam a inclusão digital. Voltados às áreas de administração, vendas, informática e atendimento, os cursos são interativos e priorizam o uso de recursos multimídia. Com planos ambiciosos para 2010,

a rede espera inaugurar 100 unidades e conquistar 50 mil alunos em todo o País. O custo inicial para implantação da franquia é de R$ 40 mil, com faturamento mensal na faixa de R$ 30 mil e retorno previsto em 18 meses. www.microlins.com.br


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FRANQUIAS

Plano estratégico A Eurodata, rede especializada em qualificação profissional e que conta também com o Extreme – curso de inglês com conteúdo exclusivo –, começa o ano em ritmo acelerado de expansão e prevê a inauguração de 300 unidades em 2010. Atualmente, a rede conta com 208 unidades em todo o País. “Não pretendemos crescer fazendo aquisições. Nossa meta é expandir como Eurodata, melhorando e criando novos formatos para atender a diversas demandas no mercado de educação”, afirma Ramon Asenaio, presidente da rede. Segundo Asenaio, esse plano estratégico de crescimento ampliará a atuação da rede em território nacional. “Além das capitais, queremos aumentar nossa capilaridade em cidades menores e locais onde ainda não estamos presentes atualmente, mas que visualizamos grande potencial de mercado”, revela. Além disso, a Eurodata pretende investir mais R$ 8 milhões em todas as unidades para melhorias na infraestrutura, tecnologia e softwares, área pedagógica, entre outras. O investimento inicial oscila entre R$ 100 mil e R$ 250 mil, dependendo do tamanho da escola e área de atuação. www.eurodata.com.br

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Balanço positivo

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A crise mundial não abalou o setor de franquias, que fechou o ano de 2009 com faturamento de R$ 63 bilhões, um crescimento de 14,7% em relação ao ano anterior. A expectativa é repetir a dose em 2010, segundo o balanço anual da Associação Brasileira de Franchising (ABF). De acordo com Ricardo Camargo, diretor-executivo da ABF, o que mais chama atenção é o aumento significativo no número de redes e unidades. Em 2009, 264 novas redes surgiram no mercado, um aumento de 19,1%, totalizando 1.643. Entre elas estão Selleti, Brasil Cacau, Café Moinho e Pakalolo, entre outras. Já o número de unidades aumentou 11%, totalizando 79.988. A expansão internacional foi outro destaque de 2009, com a presença de 65 redes nacionais no exterior. O segmento que mais cresceu foi o de Acessórios Pessoais e Calçados (41,2%), seguido de Vestuário (37,5%), Informática e Eletrônicos (28,9%) e Alimentação (21,8%). Em relação ao crescimento do número de redes, o destaque de 2009 foi o setor de Hotelaria e Turismo (33,3%), seguido por Acessórios Pessoais e Calçados (30,7%) e Veículos (25,9%). Já as redes com maior número de unidades do País são: O Boticário (2.834), Kumon (1.599), Colchões Ortobom (1.382), Wizard Idiomas (1.246) e L’acqua di Fiori (1.166). www.abf.com.br

Câmbio franqueado Pioneiro em franchising de agências de câmbio no Brasil, o Grupo Fitta mantém expansão e inaugura mais uma unidade em São Carlos, no interior paulista. Entre os diversos serviços, a nova agência vai oferecer compra e venda das principais moedas estrangeiras, cartões pré-pagos para viagens internacionais, transferência internacional de dinheiro e fechamento de câmbio para importação e exportação. Um dos produtos exclusivos da rede é o Fitta Cash, cartão pré-pago em moedas estrangeiras de bandeira Visa usado para operações de saque e débito, aceito para compras em quase 30 milhões de estabelecimentos e para saque em mais de 1 milhão de caixas automáticos no exterior. Ao todo, já são 49 unidades em funcionamento em todas as regiões do País. A franqueadora também tem intensificado o trabalho junto a empresas que fazem importação e exportação com o objetivo de oferecer aos seus franqueados um portfólio completo de serviços de câmbio. “A ideia é garantir às agências uma variedade de produtos que possam atender tanto as pessoas físicas quanto o setor corporativo, focado em pessoas jurídicas”, ressalta Rodrigo Macedo, vice-presidente do Grupo Fitta. www.grupofitta.com


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FRANQUIAS

Só para homens A Barbearia Clube, franquia curitibana que surgiu em 2007, está prestes a inaugurar sua terceira unidade, desta vez em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Os espaços seguem um conceito diferenciado: são voltados ao homem clássico, sem a atmosfera dos salões de beleza – redutos associados ao público feminino. Além dos tradicionais barba, cabe-

lo e bigode, a rede oferece serviços como depilação, tratamentos faciais, corporais e podologia. “O mercado voltado ao homem cresce em torno de 10% ao ano. A necessidade dos serviços existe. O que faltam são espaços adequados a este público”, explica a idealizadora e diretora da rede de franquias Meire Ferreira Pinto. O investimento inicial gira em torno de

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Expansão motivada

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Especializada em calçados, bolsas e acessórios femininos, a City Shoes busca franqueados em todo o País. Com 100 unidades, a rede carioca pretende inaugurar outras 50 em 2010. Só em abril estão previstas sete inaugurações, sendo duas na capital paulista e as demais em São José do Rio Preto (SP), Fortaleza, Maceió, Petrolina (PE) e Belo Horizonte. No futuro, a meta é entrar no mercado internacional. A expansão foi motivada pelo desempenho em 2009. Mesmo com a crise, a franqueadora somou faturamento de R$ 60 milhões, 20% a mais que em 2008. As lojas têm em média 40 metros quadrados e requerem investimento inicial de R$ 170 mil para instalação, incluindo taxa de franquia no valor de R$ 40 mil a R$ 50 mil de capital de giro. Com faturamento médio mensal de R$ 80 mil, o retorno se dá em aproximadamente 24 meses. www.cityshoes.com.br

R$ 200 mil, considerando taxa de franquia, gastos com comunicação visual interna e externa, equipamentos, mobiliário e capital de giro para três meses. O prazo de retorno do investimento gira em torno de 24 a 36 meses, para um faturamento médio mensal de R$ 30 mil. O franqueado pagará, ainda, taxa mensal de 2% de royalties para a franquia. www.barbeariaclube.com.br


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Fr a nq u i a em exp an s ão

empreendedor | abril 2010 PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO


P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

Acesso remoto A Nasajon desenvolveu a solução Conecta para sistemas de gestão empresarial, uma ferramenta que permite acesso remoto ao software de gestão da empresa. Dessa forma, o usuário pode incluir dados, alterar informações ou simplesmente fazer uma consulta no sistema sem precisar estar na empresa. Para usar a nova tecnologia não é preciso obter licenças adicionais (como Windows Terminal Server, por exemplo) ou bancos de dados específicos (como Oracle ou SQL). A solução Conecta permite a conexão através de estações remotas que se integram à rede corporativa e agem como se fossem terminais de redes locais. A operação pode ser feita a partir de qualquer computador conectado na web, não importando sua plataforma ou sistema operacional. www.nasajon.com.br

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Certificação on-line

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A Templum lança plataforma ISO Online para implementação da metodologia ISO 9001 pela internet. Com o sistema, a consultoria é feita através do site, e todo o material necessário para o empresário realizar a implementação, além da certificação, fica disponível no portal. A implementação da ISO via ISO Online está dividida em fases, e a cada etapa cumprida o cliente conquista pontos, que podem ser trocados ao final do processo por prêmios. www.isoonline.com.br

Revestimento ultrarresistente O Viaplus Dique é um revestimento impermeabilizante desenvolvido para reservatórios de água ou efluentes que sofrem a ação de agentes como ácidos, bases ou solventes. É um produto bicomponente, à base de cimentos especiais,

aditivos minerais e é indicado para a impermeabilização de estação de tratamento de alguns tipos de resíduos industriais, caixas de gordura, estruturas sujeitas a infiltrações do lençol freático e diques de contenção. www.viapol.com.br


Operações em nuvem A Dedalus e a Open CS lançam sistema de autenticação de usuário para a plataforma Google Apps que permite que as empresas controlem o acesso às aplicações corporativas que rodam em cloud computing. O sistema consiste no uso de uma arquitetura baseada em Single Sign-On (SSO), que permite a

autenticação dos usuários corporativos através de senhas dinâmicas (OTP – one time password) e cartão de segurança. A solução oferece sistema de gerenciamento de níveis hierárquicos e categorias de acesso, atendendo às políticas de segurança das empresas.

www.dedalus.com.br

Tudo em um A TIM lança modem com TV digital que permite te que o cliente TIM Web acesse a internet móvel e assista aos canaiss digitais da tevê aberta no seu computador putador usando um único equipamento. mento. O modem é conectado ao computador omputador por meio da entrada USB e permite que o cliente navegue egue na internet ao mesmo tempo em que assiste tevê. O equipamento nto possui ainda entrada para cartão de memória de até 8 GB.

www.tim.com.br

A eCentry lança o emailManager, sistema de e-mail marketing voltado para pequenas e médias empresas. A plataforma é de fácil acesso e permite que o usuário trabalhe simultaneamente em mais de uma área da ferramenta, isso porque utiliza ícones e janelas de forma semelhante à área de trabalho de um computador. Novos usuários podem se cadastrar e usar o sistema gratuitamente por 30 dias.

www.emailmanager.com.br

Processadores corporativos rporativos

Taxa de conversão

Chegam ao Brasil os processadores res da linha Intel Core i3, Core i5 e Core i7 voltados para o mercado corporativo. Estes processadores ores são baseados na microarquitetura “Nehalem” alem” da Intel e são fabricados com o proocesso de 32 nanômetros. Todos os processadores têm gráficos de alta definição integrados e transistores high-k metal gate que aumentam a velocidade de processamento e a duração da bateria. Pelos cálculos da Intel, ntel, o Core i3 chega a ser duas vezes mais rápido ápido do que o Pentium, e o i7 é cinco vezes mais rápido que o Core 2 Duo. www.intel.com

O sistema de controle de comportamento e movimentação de pessoas da Seal Tecnologia analisa imagens capturadas por câmeras instaladas em estabelecimentos comerciais e informa o número de clientes que entram na loja por hora. O cruzamento desses dados com a base de vendas faz com que o varejista saiba qual é a taxa de conversão da empresa, ou seja, quantos frequentadores efetivamente compraram na loja.

www.seal.com.br

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PHOTOSTOGO

Teste grátis

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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

Drive clone O software Iomega v.Clone permite aos usuários criar e transportar, em um drive Iomega, uma imagem do seu computador pessoal e, com isso, executá-la em outro PC. O software v.Clone cria um clone virtual do sistema operacional, dos aplicativos e das configurações pessoais do computador principal e armazena este conteúdo em um drive externo Iomega. Quando o usuário retorna ao computador principal, o sistema ainda sincroniza todos os dados modificados. O software foi desenvolvido pela Iomega em parceria com a EMC.

www.iomega.com

Leitura rápida

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Cardápio eletrônico

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A BroadNeeds e a 3D Impact Media lançam um novo conceito em tecnologia e conteúdo para o mercado de food service. O eMenu é um sistema de sinalização digital que permite que clientes de restaurantes, padarias e lanchonetes visualizem o cardápio em telas de LCD. A solução, que substitui o tradicional menu estático e banners promocionais, consiste na instalação de um sistema de telas de LCD nos pontos de venda.

www.broadneeds.com.br

O leitor de mão MC3090-Z RFID da Motorola tem tecnologia RFID Gen 2 que captura com mais precisão e rapidez os dados de etiquetas através do processo de identificação por radiofrequência (RFID). O produto é ideal para contagem de estoque, levantamento de inventário e rastreamento de ativos. O aparelho também pode ser utilizado para a leitura de código de barras. www.motorola.com


Fonte universal O NotePower é uma fonte universal para notebooks que é compatível com a maioria dos modelos de laptops disponíveis no mercado.

A fonte é bivolt, tem oito tipos diferentes de conectores e é indicada para notebooks com até 65 W de potência e entrada de 15 V a 21 V. O

produto da linha Microsol da APC é ideal para executivos que costumam utilizar diferentes laptops.

www.microsol.com.br

Impressora para cartão A impressora Direct-to-Card Fargo DTC550 da Akad é ideal para imprimir, codificar e laminar cartões de segurança, crachás e cartões de fidelidade. O equipamento imprime a frente e o verso de forma automática, tem velocidade de 7 segundos para impressão monocromática e de 27 segundos para impressão colorida por cartão. O equipamento tem painel de controle LCD para exibição de mensagens de status e duas bandejas de entrada para cartões com capacidade de 100 unidades cada. A impressora tem resolução de 300 dpi, 256 tons e memória de 16 MB. www.akad.com.br

A revista de palavras cruzadas Coquetel produz revistas temáticas para campanhas de venda, ações promocionais e de endomarketing de empresas. O produto customizado traz na capa informações sobre a empresa anunciante ou sobre o produto que está sendo divulgado, e nos passatempos e brincadeiras da revista são introduzidas palavras e frases de interesse da empresa. www.coquetel.com.br

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Palavras cruzadas

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DINÂMICA EMPREENDEDORA

Movido a realização

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Aspire a metas elevadas, mas realistas, e tome a iniciativa

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Imagine que você tem um alvo à sua frente e está com um arco e flecha nas mãos. No chão existem cinco marcas. A primeira está a dois metros do alvo. A quinta está a 20 metros. Há um prêmio que dobra a cada marcação. Na marca 1 você recebe R$ 5 por flecha acertada no alvo. Quase sem esforço você acertará. Na última receberá R$ 80, mas é quase impossível acertar. Qual distância você escolherá? Provavelmente quem escolheu uma posição mais baixa estaria motivado para fazer o mais fácil, garantir o acerto, não querer se expor ao erro. “Pra que complicar?” Na posição mais elevada a pessoa deveria contar necessariamente com a sorte: “Se errar não estou perdendo nada mesmo”. Numa posição intermediária se postariam os indivíduos que avaliam suas possibilidades de sucesso ou fracasso dentro de suas reais condições. Para o psicólogo David McClelland, estes indivíduos estariam motivados por Realização. Junto à motivação de Poder e Afiliação, estes três elementos têm sido pesquisados intensamente em organizações e culturas de diferentes origens. O motivo de Realização representa uma orientação para a excelência, a procura de feedback tendo em vista melhorar o desempenho. As pessoas fortemente motivadas para a Realização (sucesso) aspiram a metas elevadas, mas realistas, tomam iniciativa, tendem a ser “irrequietas” na sua atividade. O motivo de Realização representa um interesse recorrente em fazer as coisas melhor (orientação para a excelência), ultrapassando padrões. Os indivíduos bem cotados neste motivo têm um forte desejo de assumir responsabilidade pessoal por encontrar

soluções para os problemas e preferem situações em que obtêm feedback para melhorar seu desempenho. Sendo o dinheiro um sinal/indicador por excelência desse sucesso, é coerente que o procurem mais intensamente do que os menos propensos para este motivo. Manifestam preferência por tarefas de dificuldade intermediária (uma preferência por riscos moderados), procuram alcançar objetivos elevados, mas realistas, reagem positivamente à competição, tomam iniciativas e são mais persistentes quando tentam finalizar uma tarefa ou realizá-la bem. Tendem a ser irrequietos e bem-sucedidos como empreendedores. O motivo Afiliativo representa um interesse recorrente em estabelecer, manter ou restaurar relações íntimas afetivas positivas (“quentes” e amistosas) com outras pessoas. Sendo natural que prezem as suas relações íntimas familiares e extraprofissionais em maior grau do que os menos afiliativos. O motivo de Poder representa um interesse recorrente em ter impacto sobre as pessoas, em afetar os seus comportamentos e emoções. Os mais motivados para o Poder procuram controlar ou influenciar as outras pessoas, sentem-se atraídos por riscos elevados, procuram posições de liderança e prestígio. Preferem competir em situações orientadas para status do que com desempenho eficaz. A motivação de realização no ambiente empresarial apresenta-se como: maior capacidade de esforço e dedicação na busca de resultados, tendência em trabalhar sozinho, melhor visão de futuro e estratégia, foco no resultado em detrimento de relacionamentos e reconhecimento. Em contrapartida, gera uma dificuldade para reconhecer seus limites, mais ansiedade, atropelamento dos processos e, muitas vezes, gera mais quebras e falências. Pessoas motivadas pelo Poder são encontradas em ambientes mais estruturados, sentem-se mais confortáveis nas organizações e suas hierarquias, traba-

por Luiz Fernando Garcia

Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br

lham para coordenar e orientar pessoas, são “sedutoras”. Em contrapartida, privilegiam imagem, forma e posição de destaque. Têm dificuldade de identificar suas próprias falhas e de “colocar o pé na lama”. Podem seduzir por seduzir. Uma base motivacional de afiliação facilita as relações e a capacidade de manter a equipe. Preferem trabalhar em grupo quase constituindo uma família. Mas têm dificuldade de negar e se desvincular das pessoas. Têm dificuldade de empreender sozinhos. Toda pessoa tem um “blended” destas três bases motivacionais. Nenhuma é melhor do que a outra. Mas indica uma facilidade para operar em certos ambientes. Gerentes tendem a ser motivados por poder e afiliação. Pessoas altamente motivadas por realização preferem empreender ou dirigir uma unidade de uma organização onde tenham autonomia. Por este motivo, muitas vezes perdemos excelentes vendedores para ganhar gerentes medíocres. Você pode estar trocando alguém que está muito interessado em se sair bem com seus resultados por alguém que está desinteressado em influenciar outros a terem bom desempenho. Pense sobre isso antes de promover seu melhor vendedor a gerente.


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ANÁLISE ECONÔMICA

Perspectivas para a taxa Selic

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A elevação pode até não ocorrer na próxima reunião, mas é consenso que vai acontecer um ciclo de alta

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A última reunião do Copom, ocorrida no dia 17 de março, teve como resultado a manutenção da taxa Selic. O mercado estava bastante dividido acerca do resultado, com duas principais correntes: uma parte dos analistas esperava a elevação de meio ponto percentual, enquanto o restante previa a manutenção. A verdade é que existem argumentos econômicos que sugerem tanto a manutenção quanto a elevação da Selic. Os índices de inflação apurados nos meses de janeiro e fevereiro de 2010 superaram a expectativa da maior parte dos analistas, assumindo valores muito acima da média dos últimos cinco anos. Altos índices de inflação tendem a sinalizar uma escalada nos níveis de atividade. Dado que o Banco Central costuma atuar de forma conservadora em suas decisões, não seria insensato tentar diminuir a pressão inflacionária com uma elevação na taxa de juros. Por outro lado, quando analisamos mais a fundo a composição dos índices de inflação, vemos alguns fatos impor-

tantes. Em fevereiro, quando o IPCA assinalou alta de 0,78%, o grupo educação sofreu forte reajuste, contribuindo em 0,32 pontos percentuais para a oscilação do índice. Em janeiro, a maior alta individual foi dada por parte do item ônibus urbano, sendo acompanhada de perto por combustíveis. Juntos, ônibus e combustíveis contribuíram com 0,24 pontos percentuais. Além disso, as fortes chuvas ocorridas em São Paulo nos dois últimos meses foram responsáveis por uma expressiva alta nos alimentos, em grande parte devido à redução da oferta. Desta forma, é possível observar a existência de efeitos sazonais nos índices de inflação. Embora a oscilação tenha sido alta, é pouco provável que ocorra outra alta em transportes públicos ou educação ao longo de 2010. Em outras palavras, não foi observada inflação de demanda, mas sim uma alta concentrada em setores específicos. É neste cenário dúbio que o Banco Central definirá novamente, no dia 28

É possível observar a existência de efeitos sazonais nos índices de inflação, uma alta concentrada em setores específicos (transportes públicos e educação)

de abril, o rumo da taxa Selic. As expectativas do mercado, ilustradas pelo relatório Focus, sinalizam que a alta terá início em abril. Embora este não seja o veredicto final, as perspectivas do mercado costumam ser relevantes; a alta na taxa Selic pode até não ocorrer na próxima reunião, mas é consenso que vai acontecer um ciclo de alta.

por Rodrigo Costa Laurindo

Profissional da Leme Investimentos


Nome Ação All Amer Lat Ambev B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods CCR Rodovias Cemig Cesp Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Fibria Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Itausa ItauUnibanco JBS Klabin S/A Light S/A Llx Log Lojas Americ Lojas Renner MMX Miner MRV Natura Net OGX Petróleo P. Açúcar-CBD PDG Realt Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas Vale Vale Vivo

Tipo Ação UNT N2 PN ON ON PN PN PN ON PNA ON ON PN PNB PNB ON ON ON ON ON PNB PNB ON ON ON PN PN PN PN PN ON PN ON ON PN ON ON ON ON PN ON PNA ON ON PN ON ON ON ON ON PN PNA ON PN PN ON PN PN PN ON PNA ON PNA PN

A

Inflação (%)

Até 25/03

Participação Bovespa

Março

Variação % Ano

1,400 0,874 0,549 4,100 3,484 1,104 0,303 2,192 0,474 2,081 0,638 1,439 0,823 0,649 0,595 0,573 1,454 0,520 0,970 0,911 0,777 0,987 2,237 1,178 0,898 3,482 0,766 100,000 2,597 4,623 0,612 0,432 0,479 0,593 0,859 0,979 1,388 0,651 0,775 0,859 0,822 0,548 0,640 3,048 12,320 1,981 0,848 0,352 3,243 0,578 0,552 0,220 0,216 0,871 0,171 0,138 0,849 0,307 0,545 0,817 3,382 3,502 12,997 0,752

1,1 -4,4 -1,8 -2,9 0,2 7,9 -6,5 -0,6 1,7 0 4,6 -0,2 -4,9 -0,5 -6,6 -0,3 -5,7 -8,4 9 10,1 4,5 7,2 14,1 -6,9 -0,2 -0,2 -10 2,9 1,2 1,2 -13,4 11,6 0 -13,3 -0,5 4,8 1,5 2,3 8,7 -0,5 4,7 -4,2 0,9 1,9 1,7 20,9 -5,2 1,7 15,8 2,7 -14,4 -4,3 0,5 0,1 -4 -6,4 -4,7 -4,6 6,3 10,8 10,1 9,6 8,4 0,2

0 -4,7 -23 -6,2 -5,4 10,4 -30,7 1,2 -7,7 -2,8 0 -6,1 -8 -1,2 -14,1 4,9 -13,2 -2,8 -2 0,1 13,6 10,6 -3,8 -9,6 -6,1 -9,4 -15,3 -0,2 -1 -3 -15,7 -0,2 2,5 -18,2 -16,7 4,1 32,6 -5 -0,3 -7,9 -3,6 -9,6 -6 -5,3 -4,1 9,7 -12,5 -10,3 22,3 9,9 -24,6 -20,4 -15,7 -15,6 -12,2 -3,8 -4,3 -8,8 7 13,2 14,4 11,7 14,1 -9,2

Índice

Fevereiro

Ano

1,18 1,09 0,78 0,74

1,82 2,11 1,54 2,09

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Juros/Aplicação (%) Fevereiro

Ano

0,59 0,59 0,50 -1,20

1,25 1,26 1,00 5,18

CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Indicadores Imobiliários (%) Fevereiro

Ano

0,14 0,00

0,29 0,02

CUB SP TR

Juros/Crédito (%) 25/Março

24/março

Desconto 1,65 Factoring 3,86 Hot Money 3,19 Giro Pré (taxa mês) 1,86

1,64 3,86 3,18 1,85

Câmbio

Até 25/03 Cotação

Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)

R$ 1,8008 US$ 1,3276 $ 92,9200

Mercados Futuros Abril

Maio

Junho

Dólar R$ 1.811,73 R$ 1.822,00 R$ 1.833,59 Juros DI 8,63% 8,67% 8,92% Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

25/03 66.600

empreendedor | abril 2010

Carteira Teórica Ibovespa

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PHOTOSTOGO

AGENDA

De 27 a 29/04/2010

De 28 a 29/04/2010

Ambiental Expo – Feira Internacional de Soluções para Saneamento e Meio Ambiente Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo – SP www.ambientalexpo.com.br

Jogos e Ferramentas Vivenciais para Treinamento Estação de treinamento da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) www.idepro.com.br

De 22 a 24/04/2010

De 28 a 30/04/2010

Tecnogold 2010 – Feira de Tecnologia, Gemas e Design para o Setor Joalheiro Centro de Evento São Luís São Paulo – SP www.tecnogold.com.br

Interdidática 2010 – Feira das Indústrias e Fornecedores de Produtos, Serviços e Tecnologias da Educação Palácio das Convenções Anhembi São Paulo – SP www.interdidatica.com.br

A Ambiental Expo apresenta soluções em produtos e serviços para tratamento e correção de saneamento, solo, resíduos e energia. O evento reúne empresas do setor, investidores nacionais e internacionais, entidades governamentais e prestadores de serviço. Durante a feira é realizado congresso que discute a geração de energias renováveis, gestão de resíduos, água e esgoto.

FEIRA NUPCIAL De 21 a 25/04/2010

Expo Noivas & Festas Expo Center Norte – São Paulo – SP www.exponoivas.com.br

A Expo Noivas & Festas apresenta as principais tendências em vestidos de noiva, artigos para decoração e bolos artísticos. Durante a feira são oferecidos minicursos gratuitos de decoração.

A Tecnogold é uma feira de tecnologia para o setor de joias, folheados e bijuterias que reúne expositores de pedras e designers. Durante o evento são realizadas palestras, seminários e workshops sobre o setor. A Tecnogold é organizada pelo Sindicato das Indústrias de Joalheria, Bijuteria e Lapidação de Gemas do Estado de São Paulo (Sindijoias) e pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos.

O curso oferece técnicas para dinamizar treinamentos corporativos através do uso de jogos e de ferramentas vivenciais. É voltado para psicólogos, pedagogos e profissionais de recursos humanos que trabalham com treinamento de equipe. O curso é ministrado por Maria Rita Gramigna, mestre em Criatividade Aplicada pela Universidade Santiago de Compostela – Espanha.

A Interdidática é uma feira de produtos e tecnologias para educação que reúne empresas nacionais e internacionais do setor. Durante o evento é realizado o Fórum Interdidática que reúne especialistas em educação do Brasil e do exterior. Nesta edição, o indiano Sugata Mitra discute o uso de tecnologias na educação e o doutor em educação Mozart Neves Ramos fala sobre a participação dos pais no processo de aprendizagem.

De 27 a 29/04/2010

empreendedor | abril 2010

Expovinis Brasil Expo Center Norte – São Paulo – SP www.exponor.com.br

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O Expovinis Brasil é considerado um dos maiores eventos do mercado de vinhos da América Latina. O evento reúne enólogos renomados como o catalão Joan Pujol e o franco-chileno Patrick Valette. Paralelamente ao Expovinis é realizado o Brasil Cachaça, considerado o maior evento do setor, e a Epicure, um dos principais meetings dos segmentos do tabaco, presentes finos e artigos de luxo. São esperados mais de 17 mil visitantes.

De 22 a 25/04/2010

De 5 a 7/05/2010

Mulher Brasil 2010 – Feira Nacional de Produtos, Serviços e Tendência para Mulheres Parque Vila Germânica – Blumenau – SC www.feiramulherbrasil.com.br

SAE 2010 – International Powertrains Fuels & Lubrificantes Meeting Hotel Windsor Barra – Rio de Janeiro – RJ www.saebrasil.org.br

A feira apresenta as últimas novidades em produtos de moda, estética e serviços de saúde para mulheres. Durante o evento são realizados desfiles de moda e palestras sobre empreendedorismo feminino. São esperados mais de 16 mil visitantes.

O SAE Brasil reúne especialistas em tecnologia de propulsores veiculares, combustíveis e lubrificantes. O congresso discute o futuro da indústria automotiva em relação aos novos sistemas de propulsão e às novas matrizes energéticas.


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