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Expectativas do comércio para o segundo semestre
from Revista O LOJISTA - edição de julho/agosto de 2023
by SindilojasRio - Sindicato dos Lojistas do Com do Mun do RJ
Dia dos Pais, Dia das Crianças, Black Friday e Natal. O segundo semestre do ano está recheado de datas importantes para o comércio e de esperanças para os empresários do setor. Ainda que de forma moderada, os lojistas esperam que as vendas de agosto a dezembro superem o mesmo período de 2022, quando o desempenho foi abaixo do esperado.
O saldo positivo de contratações de funcionários com carteira assinada no primeiro trimestre, a inflação estadual menor e a queda na taxa básica de juros sinalizam um cenário positivo para a recuperação do varejo, afirmou Guilherme Mercês, diretor de Economia e Inovação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em entrevista recente à revista O Lojista. Segundo uma projeção da entidade, o comércio no Rio de Janeiro deverá encerrar 2023 com um crescimento de 0,7% no volume de vendas.
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Já uma pesquisa do CDLRio e do SindilojasRio (pág 11) mostra que os comerciantes cariocas estimam que a performance do segundo semestre deste ano estará diretamente relacionada à diminuição do desemprego, do endividamento das famílias e da inadimplência, com consequente melhoria do poder aquisitivo da população; à baixa da inflação; e a condições de crédito mais favoráveis, com a redução dos juros. No caso do Rio de Janeiro é necessário destacar também outros fatores que interferem diretamente nos resultados das vendas, principalmente das lojas físicas, como a violência e a desordem urbana.
Para saber como anda a percepção do comerciante do Rio em relação à economia e suas expectativas para o segundo semestre, a revista O Lojista (OL) entrevistou os empresários Rafael Balassiano, proprietário das Lojas Scotsman, especializadas em vestuário e acessórios masculinos, e Julio Ezagui, sócio e diretor da rede de brinquedos Toy Boy.
Com longas trajetórias como empreendedores e à frente de empresas lojistas longevas, eles comentaram suas expectativas, apreensões e estratégias para incrementar as vendas.
As Lojas Scotsman existem há 55 anos. São três lojas no Centro do Rio, lutando e resistindo contra as dificuldades em uma das regiões mais afetadas pela crise econômica, pela pandemia e pela falta de segurança na cidade. Graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, Rafael Balassiano (RB) está à frente da empresa, na qual trabalha diariamente desde os 13 anos de idade. Considerando-se um apaixonado pelo Rio e especialmente pelo Centro, ele diz que o sucesso da Scotsman se deve à dedicação constante e à atualização periódica dos produtos.
OL – Quais são as expectativas para o segundo semestre?
RB – Iguais às do ano passado. Aguardando providências das autoridades competentes para resolver o esvaziamento do Centro, por meio da melhoria da segurança pública, da criação de condições para atrair moradores e da revitalização de prédios desocupados, por exemplo.
OL – Quais são as ações previstas e os resultados esperados para o Dia dos Pais?
RB – A escolha dos nossos produtos é muito focada em camisa polo. Temos a maior variedade de modelos do Brasil, com o melhor preço e qualidade. E garantimos isso o ano inteiro, com fabricação própria. Quem quer camisa polo bonita com um bom custo-benefício, compra na Scotsman. É o presente perfeito, com a certeza de agradar sem gastar muito. Nosso marketing é feito pelo Whatsapp, por meio de campanhas de relacionamento com o cliente, principalmente. Fazemos um trabalho que funciona muito bem e, com isso, garantimos a fidelidade dos nossos clientes. Estamos presentes no Google, no Instagram e em nosso site. No ramo há 55 anos, as Lojas Scotsman têm clientes de diferentes gerações. Infelizmente, esperamos resultado similar ao do ano passado, sem previsão de crescimento pelas razões explicadas anteriormente.
OL – Alguma ação especial prevista para a Black Friday e o Natal?
RB – Apostamos na política de preço bom o ano inteiro, por isso não fazemos Black Friday e não fazemos diferença de preços ou mercadorias no Natal. Seguimos um cronograma de recebimento de mercadorias novas na loja toda semana. Temos sempre novidades e preço justo o ano inteiro e novidades toda semana.
OL – Com três lojas no Centro do Rio, como a Scotsman tem enfrentado os problemas de uma das regiões mais afetadas pela crise econômica e pela pandemia?
RB – O esvaziamento do Centro começou antes da pandemia e aprofundou-se mais com a chegada da covid-19. A Scotsman conseguiu manter os empregos, não demitindo ninguém graças ao seu capital de giro e à ajuda do governo da época, com suspensão de contratos e redução de jornada. Hoje, o que se vê no Centro do Rio são prédios inteiros vazios, lojas desocupadas e moradores de rua espalhados por todos os lugares. E nada está sendo feito para mudar esse cenário. O maior desafio hoje é atrair o cliente para a região, que não oferece segurança nem estímulos para andar pelas ruas, agora com suas calçadas compartilhadas pelo VLT. A falta de segurança, de limpeza e de ordem no Centro são problemas graves e urgentes que precisam ser resolvidos.
OL – Além das lojas, a Scotsman tem site com comércio eletrônico e está presente nas redes sociais. Como isso influi nos resultados da empresa?
RB – Temos o comércio eletrônico pelo nosso site, através do qual vendemos para outras regiões do Brasil. Nossos clientes locais preferem comprar presencialmente, porque gostam de ver, ao vivo, o que estão comprando. Gostam da experiência da compra, que vai do excelente atendimento ao cafezinho, passando por sentir o tecido, ver o caimento da roupa no corpo e conversar com os vendedores que já sabem o que cada cliente prefere. Acreditamos que o comércio eletrônico funciona mais para a divulgação dos nossos produtos do que para as vendas. Muitos clientes vêm à loja procurar o que viram nas mídias sociais.
Capa
Engenheiro Naval elétrico pela UFRJ e especialista em Comércio Exterior, importação e regularização de impostos pela FGV, Julio Ezagui (JE) também começou a empreender cedo no varejo. Hoje é sócio-fundador e diretor da Toy Boy, rede de lojas de brinquedos que acaba de completar 40 anos com 19 unidades espalhadas pelo Rio de Janeiro e por Niterói.
OL – Quais são as expectativas e as ações previstas para o Dia das Crianças, considerado como um “segundo Natal” para o varejo de brinquedos?
JE – A cada ano, o Rio de Janeiro e o Brasil vêm perdendo consumidores infantis, tendo como principal causa os baixos índices de natalidade, segundo pesquisas de instituições como o IBGE. São macro informações, importantes, que o varejista que atua no setor infantil precisa considerar. As ações que estamos implementando para Dia das crianças são todas voltadas para o treinamento dos nossos colaboradores, lembrando que o comércio, cada vez mais, exige boa qualificação profissional. Sem dúvida, valorizar o nosso pessoal e oferecer um excelente atendimento será o nosso grande diferencial.
OL – Quais serão as estratégias para a Black Friday e o Natal?
JE – Cada momento é diferente, com mudanças e regras que atrapalham o mercado infantil, com plataformas de vendas internacionais sem pagar imposto enquanto aqui o segmento é penalizado por uma alta carga tributária. Logo, tanto a Black Friday como o Natal devem ser focados em compras mais assertivas, mantendo os estoques mais baixos.
OL – Por que a Toy Boy Brinquedos, presente na internet, nas redes sociais, deixou de operar com comércio eletrônico?
JE – A Toy Boy desistiu definitivamente de suas vendas pela internet, pois é muito complicado competir com empresas que pagam muito menos impostos. É extremante injusto e desleal. Por isso, expandimos nossa rede para locais onde não existem lojas de brinquedos. E todo o nosso foco é o atendimento para fidelizar os clientes com uma boa experiência de compra, preço, oportunidades e variedade de itens.
OL – Hoje, quais são as principais dificuldades do varejo de brinquedos?
JE – – Acredito que os principais problemas para os lojistas de brinquedos são os impostos altíssimos, concorrência desleal no comércio eletrônico internacional, concorrência desleal com varejistas que não pagam impostos corretamente e, sem dúvida, a baixa natalidade.