ENCONTROS DA IMAGEM 1 3 / 0 9 > 2 7/ 1 0 2013
ÍNDICE INDEX 2
OUTRAS EXPOSIÇÕES SHE LOVES ME, SHE LOVES ME NOT
SOLO EXHIBITIONS VIKTORIA SOROCHINSKI 60
MIREILLE LOUP 10
ELINA BROTHERUS 64
LAURA STEVENS 14
J A N A R O M A N O VA 6 8
J O R G E M I G U E L G O N Ç A LV E S 1 8
JAKUB KARWOWSKI 72
S H A R O N B O OT H R OY D 2 2
DUARTE AMARAL NETTO 76
A L E N A Z H A N D A R O VA 2 6 J O N AT H A N T O R G O V N I K 3 0 Z U Z A N A H A L A N O VA 3 4 J A N A R O M A N O VA 3 8
M AT Í A S C O S TA 8 0 J O Ã O M O TA DA C O S TA 8 4 MYRIAM MELONI 88 JI HYUN KWON 92 G E O R G E S PAC H E C O 9 6
BELA DOKA 42 IUNA VIEIRA 100 ANNA FOX 46 LUCIA HERRERO 104 ANA GALAN 50 EMER GILLESPIE 54
N I TA V E R A 1 0 8 NIGEL DICKSON 112 SUSAN BARNETT 116 TITO MOURAZ 120
ACTIVIDADES
SEBASTIÁN LISTE 124
ACTIVITIES UMA CASA PORTUGUESA COM CERTEZA 128 EMERGENTES DST 148
T H E G R E AT E S T L O V E S T O R Y 1 3 0
SOMEONE TO LOVE 150 LA VIE EN ROSE 150 BOOK MARKET 150
O U T R O S E S PA Ç O S
LOVENIGHTS PROJECTIONS 150
OT H E R S PAC E S
BOOK NIGHT 151 WORKSHOP LOMOGRAFIA 151 PROJECTO MAP 151
N E L S O N D ’A I R E S 1 3 4 J A I M E VA S C O N C E L O S 1 3 8 PA U L I A N A VA L E N T E P I M E N T E L 1 4 0
FICHA TÉCNICA 152 BIOGRAFIAS 154
MEL O’CALLAGHAN 142 ENCONTROS DE AGOSTO 144
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Amor. Neste arquétipo do sentimento, o Festival recupera o conceito de “exposições de rua” e ocupa jardins e praças, procurando evidenciar a importância estética da imagem na sociedade enquanto elemento de memória individual e coletiva. Ainda dirigida ao grande público, foi concebida a Grande História de Amor (“The greatest love story”), ação desenvolvida com recurso às tecnologias de informação e às redes sociais procurando estimular e democratizar a imagem. Num momento de urgência das relações humanas, Amor envolve uma combinação peculiar insondável de compreensão e incompreensão. Diane Arbus
A Fotografia, tal como o Amor é um acidente, semelhante a um incêndio. Do documental, à fotografia de autor, das pesquisas científicas às redes sociais, de satélites a celulares, a fotografia tomou rumos inesperados e alastrou-se como um fogo. Neste incendiar admiravelmente promissor de novos mundos para os Territórios da Fotografia, o Festival reafirma a sua maturidade através de uma edição que se distingue pela nobreza do seu tema: o Amor e a Família, mote que nos é dado pela banda pós-punk Joy Division: “Love will tear us apart” . Destacando-se de um universo temático que, em muitos casos, parece esgotado, a edição de 2013 escolhe por alvo o Amor e a Família, os seus modos de ser e de estar e respira uma frescura inesperada que está muito para lá da alma que, naturalmente, o próprio assunto lhe comunica. O modo plural de olhar o Amor que os diversos autores reunidos nesta edição exploram, sendo em si mesmo um signo de riqueza e da diversidade que as diferentes camadas familiares engendram, faz desta selecção um acontecimento de surpreendente atualidade. Construída com um fresco revelador de todo um conjunto de valores e representações que envolvem o aspeto simbólico cultural das identidades contemporâneas, Love Will Tear Us Apart lança pistas para a reflexão sobre algumas das problemáticas mais pertinentes ligadas ao devir da família e do amor neste conturbado tempo em que as relações humanas adquiriram uma crescente complexidade. Questões como a sociedade mediatizada, o progressivo fortalecimento do individualismo, ou o hedonismo concorreram para essa complexidade e arquitetam as nossas relações. Esta complexidade combina-se aqui numa perspetiva tanto criativa quanto sociológica, permitindo entrever a dimensão estrutural de um mundo novo em construção. Com uma longevidade de relevo, os Encontros da Imagem realizam-se em Braga e são uma referência a nível nacional e internacional nas artes visuais. Através de um vasto núcleo de exposições, o Festival corporiza um leque de narrativas que documentam quer relações em rutura, quer estados de felicidade, violência e harmonia e procura observar as relações de equilíbrio/desequilíbrio das relações humanas, no que diz respeito à construção da família. O sucesso deste evento, hoje considerado como o acontecimento fotográfico de maior importância da Europa, é marcado pela existência de um múltiplo núcleo expositivo que ocupará diversos edifícios históricos, museus e galerias da cidade de Braga, tais como o Museu Nogueira da Silva, Museu D. Diogo de Sousa, Museu da Imagem, Mosteiro de Tibães, GNRation, Casa dos Crivos, entre outros. O Festival que acolhe em Braga autores de mais de dez países europeus, apresenta um conjunto de atividades
de valores, julgou-se oportuno construir uma narrativa que contribua para uma reflexão consequente em torno das velhas/novas relações interpessoais. Fiel ao conceito de estímulo da prática da fotografia e aos novos contornos dos territórios da Fotografia, estão programadas projecções (“Love Night Projections”) e ainda um “Book Market” que pretende celebrar os livros de fotografia e incentivar as edições de autor. Refira-se ainda abertura de oportunidade de inclusão de jovens autores a par de outros com percurso já consolidado o que tem permitido enriquecer o confronto de ideias e simultaneamente uma plataforma de difusão dos autores mais jovens. Nesta missão, os Encontros da Imagem congratulam-se por promover à organização da IV edição do Prémio de Fotografia Emergentes DST, desenvolvendo a leitura crítica de portfolios, orientados por especialistas nacionais e estrangeiros que têm contribuído para formar e informar um público crescente da pluralidade de práticas que a fotografia contemporânea admite. Através deste evento pretende-se fomentar a produção e a divulgação da fotografia nacional e internacional e celebrar festivamente a entrega do prémio na magnífica Sala do Theatro Circo em Braga, desfechando com o concerto de Patrick Wolf, no dia 28 de Setembro, graças à ambição e apoio da empresa Dst. Nesta marcante edição, seguimos com o tremendo impulso de ampliar a participação e o acesso à educação visual, pela instalação da Escola dos Encontos da Imagem na antiga Estação dos Caminhos de Ferro de Braga, oportunidade para fortalecer as expetativas do panorama artístico e cultural, em termos de educação e formação. Direccionado para um público com interesse pela linguagem artística e suas práticas, os Encontros da Imagem procuram apostar na formação de públicos e na profissionalização da oferta cultural, designadamente através de atividades direccionadas para públicos jovens e escolares. Prevê-se ainda a oferta de oportunidades de criação e inovação artísticas, numa colaboração com entidades parceiras, quer através da circulação de autores, quer através da internacionalização de artistas nacionais. O Amor é uma emoção direta e muda e dele poder-se-ia falar sem tréguas, mas a melhor descrição inicia no silêncio, mediado pelas imagens. Com isto se reconhece que é a fotografia e, de uma forma geral as imagens, que continuam a alimentar a nossa percepção das coisas e do mundo, tanto esteticamente como afetivamente.
que promovem a fotografia contemporânea, orgulha-se ainda de
A Direção Ângela Mendes Ferreira
nesta edição se estender ao Porto, Lisboa e Brasil. A partir de 13
Setembro 2013
de Setembro e até ao final de Outubro de 2013, os Encontros de Imagem assinalam o seu vigésimo sexto aniversário com uma homenagem à fotografia e aos seus autores, através de um elogio ao 4
em que a sociedade contemporânea atravessa uma crise
And we’re changing our ways, taking different roads Then love, love will tear us apart again Love, love will tear us apart again Ian Curtis
Love involves a peculiar unfathomable combination of understanding and misunderstanding. Diane Arbus
Photography, such as Love, is an accident, just like a fire. From documentary to author photography, from scientific research to social networks, from satellites to mobile phones, it took unforeseen routes and spread like a fire in a windy day. Our Festival restates its maturity within the remarkably promising boom of the new territories of Photography, by the nobility of the theme for this year’s edition: Love and Family, a motto suggested by Joy Division post-punk band: “Love will tear us apart”. Striking out from a universe of themes that often seems depleted, and by having Love and Family for targets, in its ways and behaviours, this 2013 edition breathes in a cool and unexpected way, which goes much beyond the soul that the very subject confers to it. The plural looks upon Love, explored by the authors gathered in this edition, are in themselves signs of the wealth and diversity the various family layers generate. It turns this choice into a stunningly present-day event. Constructed like a fresco unveiling a set of values and representations that involve symbolic cultural aspect of contemporary identities, Love Will Tear Us Apart launches clues to elaborate on some of the most relevant issues related to the future of family and love, in these troubled times where human relations have become more and more complex. Issues like media society, the progressive increase of individualism or hedonism, contributed to the complexity of our relations. This complexity in a mixed sociological and creative perspective, give us a glimpse of the structural dimension of a new world in construction. With a noticeable number of editions, Braga Encontros da Imagem are a national as well as international reference in visual arts. As a result of a large number of exhibitions, the Festival embodies a wide range of narratives documenting both relations in a state of rupture, or happiness, violence or harmony, trying to observe balanced or unbalanced human relations, concerning family construction. The success of this photo event, considered today as the most important in Europe, is also highlighted by the number of historic buildings, museums and galleries of the city, used for exhibiting purposes: Museu Nogueira da Silva, Museu D. Diogo de Sousa, Museu da Imagem, Mosteiro de Tibães, GNRation, Casa dos Crivos, among others. Braga hosts authors from more than ten European countries. Yet we are proud to have Porto, Lisboa and Brasil as locations for this edition too. The Festival offers a set of activities fostering contemporary photography. From September 13 till the end of October 2013, Encontros de Imagem celebrates its 26th anniversary with a tribute to Love, an archetype of feeling. The Festival resumes the concept of “street exhibitions” by taking over gardens and squares, showing how important image aesthetics can be in society, as an element of individual and collective memory. Also addressed to the public at large, Grande História de Amor (“The greatest love story”) was conceived. It shall be carried out by the use of information technologies and social networks. Its aim is stimulating and democratizing image. In a time of urgency of human relations, when contemporary society faces a crisis of values, it was thought appropriate to construct a narrative that might contribute to subsequent reflection on the old/new relationships among people. Permanently trying to stimulate the practice of photography and the new contours of the Photography territories, projections are scheduled (“Projections Love Night”). There will also be a “Book Market” which aims at celebrating photography books and encouraging author editions. It must also be pointed out that young authors will have the opportunity to be included next to more experienced ones. This has allowed a deeper exchange of ideas, along with the disclosure of the works of the emerging authors. Following this quest, Encontros da Imagem rejoice with the organization of the fourth edition of Emergentes DST Photography Award, developing the critical review of portfolios. Its responsibility belongs to national and foreign experts who have been giving their contribution to the knowledge and information of a growing number of attendants, about the diverse practices accepted in contemporary photography. The objective of this event is to increase the production and publicity of national and international photography. The Award ceremony shall be take place on September 28 in the magnificent Theatro Circo at Braga, and it will end with Patrick Wolf’s concert. All this is due to the cultural ambition and support of DST Company. According to our firm intention to broaden participation and access to visual education, a School of Encontros da Imagem will function in the former Braga railway station. It will be an opportunity to strengthen the expectations of the artistic scene in what concerns education and training. Aimed at an audience with interest in artistic language and practices, Encontros da Imagem focuses on training public as well as on the professionalization of the cultural offer, namely through activities directed to young students audiences. It can also be anticipated the opportunity for artistic creation and innovation, in collaboration with partner organizations, either through the circulation of authors, or through the internationalization of national artists. Love is a direct and speechless emotion. We could talk about it relentlessly, but the best description starts with image mediated silence. This is the way to recognize that photography and images in general, go on feeding aesthetically and emotionally, our perception of things and the world. Festival Board Direction Ângela Mendes Ferreira September 2013 And we’re changing our ways, taking different roads Then love, love will tear us apart again Love, love will tear us apart again Ian Curtis
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SHE LOVES ME, SHE LOVES ME NOT A narrativa da exposição “She loves, she loves me not” procura, dentro do vasto espectro que contém as relações amorosas e familiares, mapear algumas das vivências essenciais desses relacionamentos. Não caímos na vã tentação de definir o amor, infinitamente cantado na poesia, descrito na prosa e refletido na filosofia. No que respeita à família não existe consenso quanto à origem da palavra, nem à sua definição. Na wikipédia encontramos como significado, “um conjunto invisível de exigências funcionais que organiza a interação dos membros da mesma, considerando-a, igualmente, como um sistema que opera através de padrões transacionais”. Parece-nos ser uma significação bastante abrangente e satisfatória no quadro das mutações da família contemporânea, contrariamente à definição sugerida por Claude Lévi-Strauss. Aquele antropólogo francês sugere que “a família nasce a partir do momento em que haja casamento, passando portanto a haver conjugues e filhos da união destes”. No nosso entender é um significado ultrapassado na medida em que o casamento, embora constitua um sacramento na maioria das culturas, e onde podemos incluir outros rituais de acasalamento, não representa mais a exclusividade da génese dos laços familiares. Com a evolução da sociedade atual, foram-se gerando novas configurações familiares. É verdade que as famílias monoparentais resultam maioritariamente da rutura de um casamento, mas também surgem da possibilidade da mulher gerar um filho de forma independente. Igualmente, a família arco-íris, constituída por um casal homossexual e que possui uma ou mais crianças a seu cargo, não passa necessariamente pelo casamento. Existe o estereótipo da família feliz, que coabita em harmonia, mas também existe a família disfuncional, ou aquela onde, por razões diversas, se geram ódios. Situações de disfuncionalidade são inúmeras mas não resistimos a recordar a mitologia grega na figura de Erígone, filha de Egisto e Clitemnestra. Reza a lenda que, após Agamémnon ter ido para Troia, Clitemnestra, sua esposa, se torna amante de Egisto. Quando Agamémnon regressa, Egisto e Clitemnestra assassinam-no e depois casam-se. Os filhos de Agamémnon e Clitemnestra, Electra e Orestes, decidem vingar o pai e recuperar o reino, o que os leva a assassinar Egisto e a própria mãe. Mas o horror vai mais longe, quando Orestes viola a meia-irmã, a bela Erígone, por quem acaba por se apaixonar. Assim, acreditamos de facto que no seio familiar, seja ele qual for, o denominador comum assenta, efetivamente, numa estrutura funcional que gere a interação de cada um dos seus membros. O corpo da narrativa que criámos inicia-se com o vídeo “Divorce” onde a autora, Mireille Loup, provida de particular talento para o teatro, incarna um quadro de diversas mulheres quarentonas que, sozinhas, educam os seus filhos. A obra fotográfica inicia-te então com “Us alone” de Laura Stevens. Ali, podemos observar um conjunto de casais em momento de grande tensão, de olhar distante, de dificuldade relacional, em que a suspensão do tempo deixa o observador na incerteza do desfecho final. Somos então encaminhados para as salas de atos de diversos cartórios, registados por Jorge Miguel Gonçalves. Estes espaços onde, entre outros, têm lugar casamentos e divórcios, remetem-nos para a ideia de rutura, situação que é reforçada pelo trabalho “If you get married again, will you still love me?” de Sharon Boothroyd, onde se observam os danos colaterais dum final de casamento em que os respetivos filhos questionam a continuidade do amor dos pais. De seguida cria-se um pico de intensidade emocional através do confronto entre os trabalhos de Alena Zhandarova e Jonahan Togovnick. O primeiro, revestido de uma roupagem idílica, intitula-se City of Brides, alcunha da cidade Ivanovo, localizada no centro da Rússia e que é um importante centro têxtil; já o segundo envia-nos para um quadro de violência no qual a família monoparental resulta da violação de mulheres no Ruanda. A maternidade é-nos apresentada de forma terna e objetiva através da obra de Jana Romanova, que pernoita em casa de casais cuja mulher está grávida, para, pela manhã, lhes roubar o momento. A série de Romanova opõem-se à de Zuzana Halanova, onde descobrimos um conjunto de mulheres que, por razões várias, não cumpriram os seus anseios de maternidade. O percurso introduz, então, o ambiente de uma nova relação. Através do olhar de Bela Doka observamos uma espécie de enamoramento, para de seguida pousarmos o olhar em tradicionais famílias de classe média que desfrutam do seu lazer numa estância de férias, através da obra de Anna Fox. Finalmente, surge o amor de forma mais evidente e distinta. O amor de casais idosos que exalam uma união harmoniosa e cuja natureza, em fundo, parece querer alcançar a imortalidade. Por seu lado Emer Gilespie, na sua série “Picture me, Picture you”, estabelece uma relação lúdica e pedagógica com a sua filha, onde o amor é uma evidência. Estamos conscientes de existirem muitas outras possibilidades de mapeamento das relações amorosas e familiares. Contudo, acreditamos que através desta narrativa se alcança matéria suficiente para discussão e reflexão em torno da temática eleita pelo festival: “Love will tear us apart”. Rui Prata, Agosto 2013
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This description of the exhibition “She loves me, she loves me not” is an attempt to outline some of the essential experiences of relationships, within the vast spectrum of romantic and familiar ones. We did not fall for the vain temptation of defining love, endlessly sang in poetry, described on prose and reflected in philosophy. As to what concerns family, there is no consensus about the origin of the word, nor its definition. Wikipedia presents one of its meanings: “an invisible set of functional demands which regulates its members’ interaction considering it also a system operating through transitional patterns”. We find it a very wide satisfactory meaning under the scope of contemporary family mutations, quite contrary to the definition suggested by Claude Lévi-Strauss. This French anthropologist suggests that “family arises from the moment there is a marriage, and consequently there are spouses and children as a result of the union.” In our opinion this is an outdated significance, since marriage doesn’t hold anymore the exclusiveness of the origin of family bonds, notwithstanding that it is a sacrament in most of the cultures and many mating rituals can be included there. With present time’s evolution of society, new family configurations appeared. It is true that single parent families largely result from the rupture of marriages, but they derive too, from the possibility a woman has to generate a son independently. And there is also the rainbow family, consisting of a homosexual couple with one or more children in charge, not necessarily fruit of a marriage. There is the stereotype of the happy family, living together in harmony, and on the other side there is the dysfunctional one, or even the one where by a number of reasons, hatreds are generated. There are countless dysfunctional situations yet we can’t resist recalling Greek mythology in the figure of Erigone, the daughter of Aegisthus and Clytemnestra. According to legend, after Agamemnon departed to Troy, his wife Clytemnestra becomes Aegisthus’s lover. When Agamemnon returns, Aegisthus and Clytemnestra assassinate him and then they marry. Agamemnon and Clytemnestra’s sons, Electra and Orestes, decide to avenge their father and regain the kingdom, which drives them to murder Aegisthus and their own mother. But horror goes beyond that, when Orestes violates his half-sister, the beautiful Erigone, for whom he eventually fell in love. That is why we really believe that within a family, whatever structure it may have, the common denominator lies, indeed, on a functional framework which manages the interactions among its members. The narrative we have created starts with the video “Divorced” in which the author, Mireille Loup, particularly talented for the theatre, embodies a group of various women in their forties who raise their children alone. The photographic work begins with “Us alone”, by Laura Stevens. We may observe a group of couples in a moment of great strain, with distant looks, difficult relations, leaving the viewer in doubt about the finish, due to time suspension. Next, we are taken into notary registries, recorded by Jorge Miguel Gonçalves. These spaces where marriages and divorces take place, invoke the idea of rupture. In Sharon Boothroyd’s “If you get married again, will you still love me?” we can observe the collateral damages of a broken marriage, where the respective sons question the continuity of parental love. Following up, we can feel a peak of emotional intensity resulting from the confrontation of the works of Alena Zhandarova and Jonahan Togovnick’s works. The first, entitled “City of Brides”, an alias for the city of Ivanovo located in the centre of Russia and an important textile centre, is presented with an idyllic garment, whereas the second sends us into a framework of violence in which the single parent family results from the rape of women in Rwanda. Maternity is presented in a sweet but objective tone with Jana Romanova’s work, who sleeps over in homes where lives a pregnant woman, so that in the morning she may steal the moment. Romanova’s series is in opposition to Zuzana Halanova’s, in which we get acquainted to some women who, for various reasons, did not fulfil their expectations of motherhood. The course introduces us then to the atmosphere of a new relationship. Through the eyes of Bela Doka we observe a kind of enchantment, and subsequently we watch traditional middle-class families who enjoy their leisure at holiday resort, through the work of Anna Fox. And finally Love arrives, in its more obvious and distinctive form. Love in elderly couples who emanate a harmonious union with nature for background, seeming to wish to achieve immortality. In turn, in her series “Picture Me, Picture You,” Emer Gillespie establishes a playful and educational relation with her daughter, where love is evident. Certain as we are that many other ways to chart love and family relations would be possible, we believe nevertheless, that through this narrative we have gathered enough matter for the discussion and reflection about the theme we chose for the 23rd edition of our Festival: “Love will tear us apart”. Rui Prata, August 2013
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SHE LOVES ME, S H E L O V E S M E N O T. MOSTEIRO DE TIBテウS 8
A L E N A Z H A N D A R O VA ANA GALAN ANNA FOX BELA DOKA EMER GILLESPIE J A N A R O M A N O VA J O N AT H A N T O R G O V N I K J O R G E M I G U E L G O N Ç A LV E S LAURA STEVENS MIREILLE LOUP S H A R O N B O OT H R OY D Z U Z A N A H A L A N O VA
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MIREILLE LOUP
DIVORCED Divorced, realizado em 2013 em HD difundido em Blu-ray, com uma duração de 21 min., mostra mulheres nos quarenta, deixadas sozinhas a criar os filhos, na precaridade ou sobrecarregadas, sempre com os nervos à flor da pele, à beira da fratura ou do esgotamento. Sem trabalho, imundas, amantes, cada personagem representada por Mireille Loup, destitui-nos com crueldade de qualquer espécie de empatia.
Divorced, 2013, 21-minute broadcast Blu-Ray HD, is about women in their forties left alone to raise their children in poverty or overbooking, always on the edge, close to fracture of burnout. Out of work, filthy, sentimental, each of the roles cruelly empties us of any hint of empathy.
A artista induz-nos igualmente em erro, entre ficção e realidade, ao escolher temas autobiográficos. É que, quem melhor que uma mulher, saberia falar de mulheres?
All along these production years she tells us about her own life that she destroys, rebuilds, caricatures, in a sort of catharsis of human condition which constantly refers us to humility. She manipulates life for her viewers, in a reinvented play by her schizophrenic doubles, twelve, most of the times. They get inspiration from every azymuth or stolen situation, instantly crunched in order to appease their extreme hunger of mocking the sordid and they have been reproducing for twenty years now.
Ao longo destes anos de produção, Mireille Loup conta-nos a sua vida, a qual desmonta, remodela, parodia, numa espécie de catarse de condição humana que nos remete constantemente para a humildade. Uma vida manipulada pelo espetador que os seus duplos esquizofrénicos reinventam e representam, geralmente em número de doze personagens. Eles inspiram-se em cada situação roubada, mordida, para tentar saciar a sua extrema fome de parodiar a sordidez que reproduzem há vinte anos.
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The artist also misleads us, mixing facts and fiction by choosing autobiographical subjects. Anyway, who could best speak about women tham a woman herself?
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LAURA STEVENS
US ALONE Esta série de retratos de casais jovens a viver juntos em Paris ou Londres, põe de lado a imagem tradicional do casalinho feliz e apaixonado que se vê na fotografia comum, reproduzindo pelo contrário, os momentos ocultos e melancólicos da coexistência. Comecei estes retratos, após ter-me mudado do campo para Paris vivendo com um parceiro pela primeira vez. Foi então que o isolamento e a dependência nunca andaram longe e acabaram por terminar a relação. Quando entrava em casa de verdadeiros casais, pedia-lhes que encenassem uma história, que narrassem um momento nas vidas de dois apaixonados, em que deixasse de haver comunicação e a unidade se quebrasse. Fotografei a tristeza, a tensão, o tédio que podem perturbar uma vida de coabitação, em determinada altura. São atores representando as suas próprias vidas, em cenas reconstruídas com uma alienação ampliada. Cresci alimentando a ilusão de que estar apaixonada era a única alternativa. Enfeitando a vida íntima de outros, esperava dar sentido à minha própria relação e às estórias sobre o amor, que eu mesma tinha criado.
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This series of portraits of young couples living together in Paris and London are a departure from the traditional image of the happy, loving couple within vernacular photography and instead address the hidden, melancholy moments of coexistence. The photographs began after moving country to live in Paris and cohabit with a partner for breakdown of the relationship. Entering the homes of real couples, I asked them to be part of a story, to narrate a moment within two lovers’ lives when the communication falters and the unity separates. I photographed the sadness, the tension, the boredom which can trouble a life of cohabitation, at some point. They play actors within their own lives, in reconstructed scenes of heightened alienation. I grew up with the illusion that being in love was the ultimate answer. By embellishing the intimate lives of others I hoped to make sense of my own relationship and the stories I had created about love.
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J O R G E M I G U E L G O N Ç A LV E S
CASAMENTO/DIVÓRCIO/DIVERSOS ‘Casamento/Divórcio/Diversos’ procura registar diferentes salas de actos nas conservatórias do registo civil. Estas salas apesar de terem pouca visibilidade são bastante peculiares, sendo espaços institucionais e servindo para fins jurídicos como: casamentos, divórcios, escrituras, certidões de óbito, certidões de nascimento entre outros. Todos estes actos encerram em si um estado de espírito distinto, um casamento e uma certidão de óbito não terão o mesmo simbolismo nem tão pouco a mesma carga emocional. O espaço em que estes actos se realizam deveria ir ao encontro da especificidade de cada um, tanto em termos de arquitectura, simbologia, decoração, disposição, mobiliário, etc. Na realidade estas salas não são adaptadas, independentemente do acto que ali se realiza. Tornando-as impessoais, artificiais e muitas das vezes caricatas. Tendo elas o mesmo propósito é interessante constatar que conseguem ser distintas e singulares consoante a região em que se situam. As fotografias das salas de actos podem induzir o observador a uma leitura superficial das imagens. A inclusão de um texto ou titulo ‘Casamento/Divórcio/Diversos’ permitem uma analise mais aprofundada do tema. A dualidade e densidade nas imagens, ‘joga’ muitas das vezes com a sátira e a noção espaço/acto.
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The ‘Marriage/Divorce/Various’ project seeks to register the different occasional rooms in Identification and Civil Status Registry. Although these rooms lack visibility, they are quite peculiar, as they represent various institutional spaces that aim towards different legal purposes, like marriage, divorce, scriptures, death certificates, birth certificates, etc. All these occasions are set apart by a distinct state of mind, a marriage and a death register will have neither the same symbolic meaning nor the same emotional charge. The space in which these occasions take place should meet the particularity of each one of them, in terms of architecture, symbolism, decoration, disposition, furnishing, and so on. In reality, these rooms aren’t adapted to the occasions being held in them, they become generic, artificial and, at many times, awkward. Albeit having the same purpose, it is interesting to notice that each occasion can be distinct and unique, depending on the geographical region in which they occur.
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SHARON BOOTHROYD
I F YO U G E T M A R R I E D AG A I N , W I L L YO U ST I L L LOV E M E ? Estes quadros vivos fotográficos, baseiam-se em palavras dirigidas a pais separados, pelos seus filhos. Depois de reunir as memórias, Boothroyd produziu representações visuais destas frases, com base nas emoções que a criança poderia estar a viver nesse momento. As imagens, extremamente construídas, incluem elementos de fantasia na sua minuciosa elaboração, enquadramento e recurso a atores. Exagerando lugares convencionais que são transformados em versões cinematográficas de si mesmos, é realçado o artifício da fotografia. As cenas produzidas desafiam a exatidão da memória seletiva, questionando a verdade por trás das imagens. Funcionando como fotogramas, permitem o acesso a momentos confidenciais e íntimos, no âmbito da tensão do espaço público. Em vez de aludir a sonhos utópicos, as fotografias retratam lutas relacionais comuns, como o desapontamento, a raiva, a compensação excessiva e o ciúme.
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These photographic tableaux are based on words spoken to separated fathers by their children. After gathering the memories, Boothroyd produced visual representations of these phrases, drawing on emotions the child may have been dealing with at the time. The highly fabricated images incorporate elements of fantasy in their precise construction, settings and use of actors. By exaggerating conventional locations into filmic versions of themselves, the artifice of the photograph is highlighted. The manufactured scenes challenge the accuracy of selective memory by questioning the truth behind the images. The images, which operate like film stills, give access into private and intimate moments within the tension of the public space. Rather than alluding to utopian dreams, these photographs portray common relational struggles with disappointment, anger, over-compensation and jealousy.
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A L E N A Z H A N DA R OVA
THE CITY OF BRIDES
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Desde o tempo dos Tsares, Ivanovo era o centro da indústria têxtil na Rússia e muitas rapariguinhas iam para lá, em busca de emprego. O período romântico das fábricas chegou ao fim, mas a terra nativa de Tarkovsky mantém até hoje, o seu alias feminino de” Cidade das Noivas”.
From the tsar’s time Ivanovo was the center of textile industry in Russia and a lot of young girls came there in pursuit of employment. The romantic time of factories came to the end, but the native land of Tarkovsky preserves its feminine alias “The City of Brides” till now.
O livro é feito à mão, com amor, forrado com tecido de algodão genuíno desta “cidade”, com o título bordado na capa. Inclui 15 páginas soltas (impressas em papel mate grosso) e a carta está carimbada com cera verdadeira. Há 150 cópias assinadas e numeradas.
The book made by hands with love, covered by genuine cotton fabric from this “City” with embroidered title on its cover. Includes 15 unbound pages (printed on the crispy matte paper) and the letter sealed with real wax. There are 150 numbered and signed copies.
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J O N AT H A N TO R G OV N I K
INTENDED CONSEQUENCES R WA N DA N C H I L D R E N B O R N O F R A P E Intended Consequences por Jonathan Torgovnik é uma série de retratos no ambiente, feitos no Ruanda, de mulheres que foram brutalmente violadas durante o genocídio no Ruanda e das crianças que nasceram como consequência. Tendo viajado para o Ruanda num período de três anos, Torgovnik fotografou e entrevistou mais de cinquenta mulheres que sobreviveram ao genocídio, revelando pormenores dos crimes hediondos cometidos contra as mulheres dessas crianças. As mães, muitas das quais contraíram SIDA/VIH dos homens das milícias que as violaram, ficaram sem conseguir falar sobre as suas experiências durante muitos anos, silenciadas pela vergonha da violação e de terem um filho de um membro das milícias que, em muitos casos, tinha sido igualmente responsável pela chacina de toda a sua família. Torgovnik, trabalhou em parceria com diversas instituições no sentido da ajudar a dar voz a essas mulheres, questão que sente como particularmente premente uma vez que a história se repete na região do Darfur no Sudão, e na República Democrática do Congo.
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Intended Consequences by Jonathan Torgovnik is a series of environmental portraits made in Rwanda of women that were brutally raped during the Rwandan genocide and the children they bore from their assailants. Traveling to Rwanda over the course of three years, Torgovnik photographed and interviewed over fifty women survivors of the genocide, uncovering details of the heinous crimes committed against the mothers of these children. The mothers, many whom contracted HIV/AIDS from the militiamen that raped them, felt unable to speak about their experiences for many years, silenced by the shame of rape and having a child of militiamen who in many cases was also responsible for killing their entire families. Torgovnik partnered with several institutions to help give a voice to the women, a matter he feels is particularly pressing as history repeats itself in the Darfur region of Sudan, and in the Democratic Republic of Congo.
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Z U Z A N A H A L A N OVA
CHILDLESS Uma mulher sem filhos. Que perceção tem de si própria? Muito embora a sociedade atual apresente uma enorme variedade de possibilidades para o desenvolvimento pessoal, não ter filhos constitui um trauma para as mulheres a partir de certa idade. Para muitas, tornase muito difícil identificar-se com o tema. Childless é um projeto que consiste em fotografias e entrevistas a mulheres de diferentes idades. Documenta os seus sentimentos íntimos sobre a questão de não terem filhos. É um inquérito à alma dessas mulheres e às suas vidas, muitas das quais se desviaram das suas expectativas e planos.
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A woman without a child. How does she perceive herself? Even though nowadays, society gives a great variety of possibilities for self-development, being childless causes a feminine trauma from a certain age. For many, to identify with the theme, is quite difficult. Childless is a project consisting of photos and interviews with women of different ages. It documents their intimate feelings towards their own childlessness. It is an inquiry into a woman’s soul and the living of their lives, many of which have deviated from their expectations and plans.
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J A N A R O M A N OVA
WA I T I N G Jovens casais Russos, habitantes de S. Petersburgo e Moscovo, encontram-se a dormir de manhã cedo nos seus quartos, com um aspeto natural, a uma hora em que ninguém se preocupa muito com a aparência. Preparam-se para ser pais dentro de poucos meses, e o projeto investiga, para além da atitude de cada um em relação ao outro durante o tempo de espera, a forma como vivem as famílias jovens nas grandes cidades da Rússia moderna, 20 anos depois da queda da União Soviética, país que os seus filhos apenas virão a conhecer através de livros de história. O projeto é constituído por 40 imagens, o mesmo número que as 40 semanas de gravidez. S. Petersburgo, Moscovo. 2009-2012.
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Young Russian couples, inhabitants of SaintPetersburg and Moscow, are sleeping in their bedrooms early in the morning, the time when people don’t really care about their appearance, being natural. They are preparing to become parents in few months, and the project investigates not only their attitude to each other during the period of expecting a baby, but also the way young families live in big cities of modern Russia, 20 years after the fall of the Soviet Union, the country that will be known to their children only from history books. The project consists of 40 images, like 40 weeks in pregnancy. SaintPetersburg, Moscow. 20092012.
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BELA DOKA
S U N D AY S O F L I F E Bela Doka, na sua série intitulada “Sundays of Life”, define para si próprio um percurso desafiante: Como fotografar os momentos do quotidiano que, não sendo dramáticos, constituem o núcleo dos prazeres e satisfações da vida? Encontrou a resposta numa casa de campo da família da sua namorada. O mundo que nos revela é o de almoços de domingo aquecidos pelo sol, banhos frescos no rio à tarde, caminhadas preguiçosas em campos sem trilhos e tarefas realizadas sem horas marcadas. Se observarmos estas imagens de uma perspetiva apressada e urbana, nada veremos. Literalmente nada. Não se passa nada. Mas se recolocarmos a nossa sensibilidade, como julgo que nos pede que façamos com ele, então conseguiremos ver as atividades diárias intemporais que criam um Zen de satisfação. Evan Mirapaul
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Bela Doka, in his series titled “Sundays of Life”, charts a challenging path for himself. How do you photograph the quotidian moments that, while not dramatic, form the core of life’s pleasures and satisfactions? The answer for him is found in a country house owned by the family of his girlfriend. The world that he reveals to us is one of sun-warmed lunch tables, cool afternoon river swims, lazy walks in pathless fields, and tasks that are met with no timetable in mind. If we view these pictures from a hurried, urban mindset, we see nothing. Literally. Nothing is happening. But if we shift our sensibilities – as I believe he is asking us to do along with him – then we see the timeless, daily activities that create a Zen of satisfaction. Evan Mirapaul
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ANNA FOX
RESORT 1 Resort 1 é uma série de fotografias a cores, muito saturadas, representando a minha visão do aspeto contemporâneo de Butlin, um campo de ferias Inglês, muito típico, situado em Bognor Regis. Por observação e registo das evoluções mais recentes do campo, este trabalho analisa as novas formas de proporcionar um ambiente de lazer para consumo publico. Anteriormente um homem do circo, Billy Butlin abriu o primeiro campo de férias Butlin em meados dos anos 30 do século passado. Este foi desenhado de modo a oferecer ferias divertidas e a um preço acessível a famílias Inglesas comuns. A marca tornou-se incrivelmente popular e, em meados dos anos 6o, já se tinha expandido a mais nove locais no Reino Unido. Posteriormente, nos anos 70 e 80, quando pacotes de férias baratos se tornam disponíveis – para a Europa e por vezes mais longe – a marca Butlin começou a decair e sete campos foram fechados definitivamente. Os três campos restantes, em Bognor Regis, Minehead e Skegness são hoje propriedade da Bourne Leisure que reinventou a marca Butlin como nova experiência de ferias, oferecendo não só pausas para famílias, como, separadamente, fins de semana só para adultos. As fotografias para Resort 1 foram feitas entre 2009 e 2011 e têm como objetivo registar e comentar o novo conceito de experiência Butlin para famílias.
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Resort 1 is a series of highly saturated colour photographs representing my vision of the contemporary face of Butlin’s, a very typically English holiday camp in Bognor Regis. Observing and recording the most contemporary developments inside the camp, this work considers the new ways in which the Butlin’s resort is providing a leisure environment for public consumption. Ex- circus man Billy Butlin opened the first Butlin’s holiday camp in the mid 1930s. The camp was designed to provide affordable and fun holidays for ordinary British families. The brand was incredibly popular and expanded to nine further sites in Britain by the mid 1960s. Later in the 1970s and 80s when cheap package holidays (to mainland Europe and sometimes further afield) became available the Butlin’s brand went into decline and seven camps closed for good. The three remaining camps at Bognor Regis, Minehead and Skegness are now owned by Bourne Leisure who have reinvented Butlin’s as a new holiday experience offering both family breaks as well as (separate) adult only weekends. The photographs for Resort 1 were all made between 2009 and 2011 and aim to record and comment on the new Butlin’s family experience.
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ANA GALAN
VIV(R)E LA VIE! Viv(r)e la vie! É uma série fotográfica “in process”, de casais de perfil com uma paisagem rural como fundo, e presta homenagem às pessoas que celebram a vida, continuando a viver “o momento”.
Viv(r)e la vie! is a photography series “in process”, of couples in profile with a landscape of a countryside in the background, and pays homage to those people who celebrate life, who continue to live “in the moment”.
Representa casais que se encontram para dançar. As fotografias dão visibilidade a casais já de uma certa idade, de pessoas que praticamente não têm vida social, mas que não deixaram de viver a vida plenamente. Tais como nas paisagens de coníferas, a série recria a representação do poder da força vital, da imortalidade.
A photographic typology of couples which meet in order to dance. The photographs give visibility to couples of a certain age, people barely seen socially but who have not stopped living life fully. As well in its coniferous landscapes, the series recreates the representation of the power of vital force, of immortality.
A artista deu início ao projeto em Espanha em 2010 e continuou-o em Filadelfia, EUA, em 2011, em Hämenkyro, Finlândia e em Leyte, Filipinas, em 2012, devido às residências da artista.
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The artist began the project in Spain in 2010, and continued it in Philadelphia, USA in 2011, in Hämenkyro, Finland and in Leyte, Philippines in 2012 thanks to artist residencies.
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EMER GILLESPIE
P I C T U R E YO U , P I C T U R E M E Picture You, Picture Me é um projeto de retrato colaborativo e exploratório, realizado com a minha filha Laoisha. Nascida em Galway na Irlanda, em 2002, Laoisha tem a síndroma de Down. Sendo ela um sujeito regular no meu trabalho, esta série evoluiu naturalmente a partir da sua curiosidade e da sua vontade de permanecer do outro lado da camara, assumindo um maior controlo sobre mim, qual sujeito, e sobre as imagens feitas. Dirigindonos uma à outra através de representação de papéis e indicações, decidimos onde se situa a outra, em que direção olhar e as próprias expressões faciais, criando um ambiente de brincadeira, em que a camara, mais do que um instrumento artístico, se torna um brinquedo. As imagens são quase secundárias em relação à experiência, um feliz subproduto das sessões partilhadas. Picture You, Picture Me começou como uma curiosa jornada para mim e para a minha filha, e ao longo dos passados cinco anos transformou-se numa documentação muito pessoal do nosso crescimento quer como indivíduos, quer como família. É o nosso álbum de família, no qual consigo ver não só o crescimento da Laoisha mas também a forma como se vai apropriando da sua vida e da câmara.
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Picture You, Picture Me is a collaborative and explorative portrait project with my daughter Laoisha. Born in Galway Ireland in 2002, Laoisha has Downs Syndrome. As a consistent subject in my work, this series has naturally evolved from her curiosity and urge to stand on the other side of the camera, taking more control over me as the subject, and of the images taken. By directing each other through role-play and instruction, we decide how the other stands, which direction to face and even facial expressions, creating a playful environment where the camera becomes more than an artistic tool, but an instrument of amusement. The images are almost secondary to the experience, a fortunate by-product of the session shared. Picture You, Picture Me began as a curious journey for me and my daughter, and over the past five years has become a very personal documentation of our growth as individuals and as a family. This is our family album, one where I can see Laoisha grow as well as take ownership of her life and the camera. The project will continue to evolve as Laoisha’s visual language naturally develops, and will continue on until she either loses the desire to be the subject, or no longer wants me in the picture.
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EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS SOLO EXHIBITIONS 58
DUARTE AMARAL NETTO ELINA BROTHERUS G E O R G E S PAC H E C O IUNA VIEIRA JAKUB KARWOWSKI J A N A R O M A N O VA JI HYUN KWON J O Ã O M O TA DA C O S TA LUCIA HERRERO M AT Í A S C O S TA MYRIAM MELONI NIGEL DICKSON N I TA V E R A SEBASTIÁN LISTE SUSAN BARNETT TITO MOURAZ VIKTORIA SOROCHINSKI
T H E G R E AT E S T L O V E S T O R Y UMA CASA PORTUGUESA COM CERTEZA
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VIKTORIA SOROCHINSKI
MUSEU DA IMAGEM
ANNA & EVE Por trás de cenas elaboradamente montadas, o trabalho de Viktoria Sorochinski revela as preocupações de uma geração que enfrenta a crise de uma sociedade em vias de sofrer uma profunda transformação. Temas como o exílio e a nostalgia, a busca da identidade e o profundo mal-estar que os acompanham, não são obscurecidos pela estética das imagens. Viktoria Sorochinski deixou a URSS aos 11 anos, com os seus pais. Foi em Montreal, em 2005, que começou a fotografar uma menina de 3 anos e a sua mãe de vinte e três, também Russas. Baseando-se em mitos, contos e crenças populares, intercalados com as noções infantis de bem e mal, Viktoria retrata o mundo fantástico de Eva e a sua relação complexa e intensa com a mãe, em imagens impecavelmente encenadas e plenas de uma magia inquietante. Tal como em Alice no País das Maravilhas, a pequena Eve parece ser quem leva as rédeas do equilíbrio das duas, bem como da própria história. Viktoria, a observadora cúmplice, observa e antecipa, tornando manifesto um universo de indícios e visões. Cativado por estas imagens perfeitas nas quais nenhum pormenor é deixado ao acaso, imerso em mistérios perturbadores e ao mesmo tempo maravilhado, o espectador perde-se rapidamente, como num jogo de espelhos. Laura Serani Curadora 60
Behind the elaborately staged scenes, Viktoria Sorochinski’s work reveals the concerns of a generation facing the crisis of a society undergoing serious transformation. The themes of exile and nostalgia, the search for identity and the deep unease that goes with it, are not overshadowed by the aesthetics of the images. Viktoria Sorochinski left the USSR with her parents in 1990, at the age of 11. It was in Montreal, in 2005, that she began to photograph a three-year-old girl and her twenty-three-year-old mother, both also Russian. Central to this story are the themes of childhood and their corollary of fantasies, fears and the «learning» of motherhood. Drawing on myths, folk tales and popular beliefs, interspersed with a child’s perceptions of right and wrong, Viktoria portrays Eve’s fantasy world, and her complex and intense relationship with her mother, in impeccably staged images full of a disquieting magic. Like Alice in Wonderland, little Eve ultimately seems to be holding the strings of their balance, and of the story itself. Viktoria, the watchful accomplice, sees and prefigures, making a secret universe of signs and visions manifest. Captivated by these perfect images where no detail is left to chance, engulfed by disturbing mysteries as well as a sense of wonder, the viewer is quickly lost, as in a game of mirrors. Laura Serani Curator
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ELINA BROTHERUS
G N R AT I O N
P I C T U R I N G F A M I LY Como é uma família Finlandesa hoje em dia? Como se define família, em geral? A perceção de Família sofreu grandes alterações. O conceito de família deixou de ser somente os dois pais e os seus filhos. O objetivo desta exposição e projeto é salientar a diversidade da família moderna e como uma família é mais uma rede de relações emocionais do que um parentesco biológico. A família nuclear, as duas mulheres constituindo uma família, uma família de imigrantes, famílias juntas, famílias sem filhos, etc. A exposição apresenta nove famílias Finlandesas, que abriram as suas portas aos psicólogos e à fotógrafa. Os psicólogos entrevistaram as famílias sobre as suas vidas e pensamentos. As crianças também tiveram oportunidade de falar sobre a forma como veem, sentem e definem as suas famílias, de como se criou a sua família, como vive e se exprime a sua família. Depois a fotógrafa fez imagens das famílias, em lugares por elas escolhidos. Torna-se evidente que há tantas perceções da realidade, quantos os membros da família e que a vivência da realidade do conceito de família é único para cada um dos seus elementos.
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What is a Finnish family at this time? How is the family in general defined as? Family perception has undergone great changes. The family - concept is no longer just the two parents and their children. The aim of this exhibition and project is to highlight the diversity of the modern family and how the family consists of more emotional network of relations than biological kinship. The nuclear family, the two women as a family, an immigrant family, blended families, childless family, etc. The exhibition presents nine Finnish families, who have opened the doors of their homes to the psychologists and phographer. The psychologists have conducted interviews with families of their lives and thoughts. Also children have had the possibility to express how they see, feel and define their families, how their family is born, how the family lives and expresses themselves. Then the photographer has shooted photos of the family in places chosen by themselves. It comes clear how there are as many perception of reality as there are family-members, and how the experience of reality of the family-concept is unique by each family-member.
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J A N A R O M A N OVA
G N R AT I O N
SHVILISHVILI “Shvilishvili” é “neto” em Georgiano e poderia ser traduzido à letra por “filho de um filho”. Neste projeto muito pessoal, apresentado na forma de um livro-objeto de fotografias feito à mão, a autora questiona os valores dos laços de família na sociedade moderna através da linha de sangue que une e separa os seus parentes que vivem na Rússia e na Geórgia. A família está repartida pelos dois países, e os problemas dos seus membros em ambos os lados da fronteira surgem da situação política no pós-guerra, bem como da trágica história de um assassínio cometido no seu seio. Na primeira parte do projeto, os representantes da família da artista posam para retratos de grupo formando uma sequência de imagens em que cada um dos parentes aparece em duas fotografias: a anterior e a seguinte. A sequência começa na Geórgia, atravessa várias aldeias e cidades, para terminar na Rússia, reconstruindo a ideia da ligação direta entre as pessoas, sejam quais forem as separações políticas ou geográficas. A segunda parte é uma reconstituição da vida de Keto, a avó da artista, através de fotografias de arquivo que foi enviando aos seus parentes na Geórgia quando vivia na Rússia. Keto costumava ser uma espécie de “ponte” entre as fronteiras, para toda a família, até ter sido morta em 1999. A parte de arquivo revela a história da sua morte e da influência que teve na ligação entre os parentes retratados na primeira parte. 68
“Shvilishvili” is Georgian for “grandchild”, literally it could be translated as “a child of a child”. In this very personal project, presented as a handmade photography bookobject, the author questions the the value of family ties in modern society through the blood line that connects and separates her relatives who live both in Russia and Georgia. The family is divided between two countries, and the problems of it’s members on both sides of the border arise from the postwar political situation as well as the tragic story of a murder commited inside the family. In the first part of the project the representatives of artist’s family pose for group portraits to form a chain of images where each relative always appears in two photographs: the previous and the next. The chain of photographs starts in Georgia, goes though several villages and cities and ends in Russia, reconstructing the idea of the straight relative connection between people, despite of any political and geographical borders. The second part is a reconstruction of artist’s grandmother Keto life through the archive photographs that she sent to her relatives in Georgia while she lived in Russia. Keto used to be some kind of a “bridge” between the borders for the whole family until she was murdered in 1999. The archive part of the project uncovers the story of her death and it’s influence on the connection between relatives on the portraits of the first part.
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JAKUB KARWOWSKI
G N R AT I O N
RYSA AND OTHER STORIES Trata-se do álbum de família de um fotógrafo. Um tema muito tradicional e comum, mas apesar de tudo construído de forma mais artística. Dividido em capítulos, lida com diversos aspetos da sua realidade pessoal. Não sendo um projeto documental, representa a forma como a sua realidade pessoal está orientada e estruturada e como o fotógrafo vê o mundo íntimo à sua volta. A mistura de realidade com ficção, a tensão cinemática e a abordagem emocional criam a linguagem para o fotógrafo exprimir a essência da sua atitude estética. Dão igualmente origem à variação do local onde o espectador é convidado a observar essa ficção sentimental. “Rysa and other stories” contém fotografias tiradas entre 2008 e 2013, apresentando a mulher do fotógrafo Ajka (no capítulo”Sentimental Fiction”) e o filho do fotógrafo Fryderyk (no capítulo “Rysa”).
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This is a family album of a photographer. A very traditional and popular subject, yet constructed in a more cunning way. In following chapters it deals with different aspects of personal reality. However, it is not a documentary project, it documents the way this personal reality is oriented and structured and how the photographer sees the intimate world arround him. The blend of reality with fiction, the cinematic tension and the emotional approach creates the language for the photographer to express the essence of his esthetic attitude. It also makes the variation of the place where the spectator is being invited to see that sentimental fiction. “Rysa and other stories” contains photographs taken between 2008 and 2013 presenting the photographer’s wife Ajka (from the chapter”Sentimental Fiction”) and photographer’s son Fryderyk (from the chapter “Rysa”)
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DUARTE AMARAL NETTO
MUSEU NOGUEIRA D A S I LVA
DO QUE NOS LEMBRAMOS QUANDO NOS LEMBRAMOS DE NÓS Em 2006, Duarte Amaral Netto começou a desenvolver um álbum de família constituído por transferências de película instantânea para cadernos Moleskine. Neste trabalho Amaral Netto pretende pensar como pode nos dias de hoje ser tratada a fotografia de família, numa época em que os ficheiros digitais substituiram a película e o papel. De facto o conceito de álbum de família está hoje muito diluído, talvez surja na forma de um qualquer livro encomendado e realizado on-line, mas o álbum como o conhecemos, feito em dossiers específicos ou outra solução mais artesenal, está a desaparecer assim como a impressão dessas mesmas fotografias. Por outro lado acumulam-se imagens em discos rígidos com denominações imperceptíveis e difíceis de localizar quando necessário. Em Do que nos lembramos quando nos lembramos de nós, apresentado pela primeira vez em 2010 na Galeria Baginski em Lisboa, o enfâse encontrava-se no papel das imagens vernaculares como como constiuintes da memória mostrando ampliações de uma pequena selecção das páginas do álbum. Nesta mostra o espectro é mais alargado incluíndo os álbuns e uma pequena escolha das fotografias instântaneas. Este projecto continua em desenvolvimento.
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In 2006, Duarte Amaral Netto initiated the development of a family album by transferring instant film into Moleskine notebooks. With this work Amaral Netto aspires to reflect upon how family portrait can be treated these days, now that digital files took over film and paper. The concept of family album is definitely very blurred today. It may come up as any ordered and online organised book, yet the album we used to know, made out of specific files or any other handmade solution is disappearing, same as photo print. Moreover images pile up in hard disks, imperceptible and difficult to locate whenever necessary. “Do que nos lembramos quando nos lembramos de nós”, presented for the first time in 2010 at Baginski Galery in Lisboa, focuses on the role of vernacular images as memory builders, displaying magnifications of a small selection of the album pages. This exhibition presents a wider view, including both the albums and a small choice of instant photos. The project isn’t finished yet.
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M AT I A S C O S TA
CASA DOS CRIVOS
T H E F A M I LY P R O J E C T The Family Project é um processo, mais do que um projeto. É uma missão pessoal à qual decidi dar a forma de projeto criativo para lhe garantir a distância necessária e posteriormente partilhá-lo com outros que podem não estar propriamente interessados na história da minha família, mas sim na forma de a contar. Esta estória atravessa o século XX (foi o intervalo de tempo que escolhi), acompanhando a História, pois muitos dos acontecimentos relevantes para a minha família estão relacionados com momentos chave da história mundial. Por exemplo a migração Europeia para a América no início do século passado, a 1ª Grande Guerra, a perseguição dos judeus na Rússia dos Czares e na Alemanha Nazi, as guerrilhas na América Latina e a sua contrapartida sob a forma de ditaduras militares e a expansão dos Estados Unidos como potencia mundial. Por fim, novamente a migração dos Americanos para a Europa. Entre estes eu próprio me incluo, neto ou bisneto dos de há cem anos atrás. Neste projeto decidi introduzir dois tipos de elementos: fotografias e documentos de arquivo, e fotografias e material audiovisual, produzidos por mim na atualidade. Também recorri a dois tipos de abordagem: documentação pura de acontecimentos tal como ocorreram, e memória livre de outras passagens ou intervalos entre factos reais.
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The Family Project is a process rather than a project. It is a personal quest I decided to give the form of creative project to acquire the necessary distance and then to share it with others who do not necessarily interested in my family history, but the way to telling it. This story runs throughout the twentieth century (that’s the time slot I’ve chosen), parallel to the History, as many of the events that have been in my family have to do with key moments world history, like European migration to America at the beginning of last century, the First World War, the persecution of Jews in Czarist Russia both as in Nazi Germany, Latin American guerrillas and its counterpart in the form of military dictatorships, the expansion of the United States as a world power, and finally, again, migration of Americans to Europe, among whom I include myself, grandchildren or great-grandchildren of those who were a century ago. To address this project I decided to have two categories of elements - photographs and archival documents and photographs and audiovisual material made by me today - and with two different approaches - pure documentation of events as they are and free recall other passages or gaps between the actual facts.
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J O Ã O M OTA DA C O S TA
BIBLIOTECA LÚCIO C R AV E I R O D A S I LVA
L U N C H T I M E A F FA I R – C H A P T E R I (TEN ROOMS FOR SEX) “Lunch Time Affair” é um trabalho sobre as relações de amor e sexo que ocorrem maioritariamente na hora de almoço em Motéis, refletindo relações ilícitas e marginais que ocorrem em locais e horários fora da visão do mundo. Relações que por qualquer motivo não se devem expor aos olhos do mundo, mas que refletem a partilha de duas (ou mais) pessoas. Motéis estão geralmente localizados fora dos olhares e com acessos discretos, permitindo o anonimato dos casais e ao mesmo tempo oferecendo uma ambiência sexy, onde as luzes suaves e coloridas, camas redondas rodeadas de espelhos, filmes porno na TV e algumas bebidas alcoólicas estimulam as fantasias nestas relações amorosas. A hora de almoço permite ter uma ou duas horas livres fora do ambiente de trabalho e familiar; tempo que pode ser usado num almoço, compras ou com um amante secreto num “Lunch Time Affair”. Este primeiro capítulo “ten rooms for sex” (o mesmo título usado por Katharine Bosse – na exposição de 1998) representa fotografias realizadas num determinado Motel com 10 quartos, cada um com uma temática específica de decoração, que podem ser alugados por um mínimo de duas horas para aí se viverem fantasias eróticas. Estas fotografias têm a sedução do próprio ambiente do quarto por si só e também a sedução deixada à nossa imaginação, das efémeras histórias de amor ali vividas todos os dias. 84
“Lunch Time Affair” works on love and sex relationships that occur mostly at lunch time in Motels, representing marginal and illicit relations that should take place in a time and place away from the eyes of the world. Relationships that by any mean should not be exposed to the knowledge of others, but reflecting the need of two (or more) people to share. Motels are usually located out of sight and with very discrete access, allowing anonymity of the couples and at the same time offering a sexy ambience were soft and color lights, round beds with mirrors all around, porno movies on the TV and some alcoholic drinks, play a role in the fantasy of these love affairs. At lunch time most people usually have one or two hours to get away from the family and the office; time that they can spend shopping or with a secret lover in a “lunch time affair”. This first chapter “ten rooms for sex” (same title of Katharine Bosse – 1998 exposition) represents the pictures taken in a particular Motel with ten rooms, all with a different decoration theme, that people can rent for a minimum of two hours to live their erotic fantasies. These pictures have the seduction of the room by itself and also the one left to our own imagination, of the short love stories lived there everyday.
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MYRIAM MELONI
E S PA Ç O C U LT U R A L PEDRO REMY
T H E I M P O R TA N T T H I N G S A R E S A I D S O F T LY “As coisas importantes dizem-se calmamente,” é a história de uma mãe e dos seus dois filhos: três indivíduos que vivem juntos, se repreendem, dizem “gosto muito de ti!”, tomam conta uns dos outros, brincam, lutam e crescem, descobrindo em conjunto, dia após dia, o que significa ser uma família. Atualmente cerca de 16% das crianças em todo o mundo vivem em famílias monoparentais e em 3/4 dos casos são acompanhadas apenas pela mãe. Nos últimos 50 anos, as famílias sofreram mudanças incríveis, relacionadas com a evolução do modo de pensar, com as novas formas de produção capitalista e também com a nova distribuição de papéis entre homens e mulheres. No entanto, o imaginário social mantém-se ligado ao estereótipo clássico de família, o que deixa em aberto a tendência para a estigmatização dos que vivem segundo uma realidade diferente. Nestes tempos de mudança, é crucial entender que a família é um elemento ativo que nunca permanece estático, movendo-se de uma forma para outra à medida que a sociedade evolui e assumindo inúmeras caraterísticas…
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The important things are said softly,” is the story of a mother and her two children: three individuals who live together, make reproaches, say “I love you!”, take care o f each other, play, fight and grow, discovering together , day after day, what it means to be a family. Today, about 16% of children worldwide live in a single parent household and in 3/4 of the cases, they are only accompanied by the mother. Lately, in the last fifty years families have experienced unimaginable changes, linked with the evolution of a way of thinking and also with the new forms of capitalist production as well as a new distribution of roles between men and women. However, the social imaginary keeps clinging to the classic family type, leaving the door open to the stigmatization of those who live in a different reality. In these times of change, it is crucial to understand that the family is an active element that never remains stationary, it moves from one form to another as the society evolves. The characteristics it takes are endless...
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JI HYUN KWON
G A L E R I A D O S A L Ã O M E D I E VA L D O L A R G O D O PA Ç O
T H E G U I LT Y Os seres humanos são, por natureza, animais sociais (Aristóteles). Ninguém conseguiria viver sozinho, fora da família, dos amigos, da sociedade e da comunidade. Como ser humano, o homem deve ser portador de uma consciência social e partilhar uma responsabilidade comum, como elemento constituinte da sociedade. Porque a realização plena só pode ser atingida em sociedade. Para conseguir viver corretamente como humana no mundo, quis realizar um trabalho que envolvesse os outros através da fotografia, e procurei pessoas que tivessem algum sentimento de culpa. Muito embora possa ser algo de insignificante, tão estranho que seja incompreensível para os outros, se se tratar de uma voz vinda do coração e baseada na nossa vida, é muito relevante e sensível para a pessoa. Ao conhecer a sua bela personalidade, obtive de novo a confirmação. “A Humanidade é a única esperança”.
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Human beings are, by nature, social animals (Aristoteles). None could live alone out of family, friends, society and community. As human beings, man should share and bear a social consciousness and a responsibility together, as a constituent element that lives in a society. Because ultimate self-fulfillment can only be achieved in society. In order to live rightly in the world as a human being, I wanted to do a work that embraces the others through the photograph and I look for people feeling some kind of internal guilt. Even though it could be something very minor and so bizarre that others cannot understand, if it is a voice from the heart based on one’s life, it is something very important and sensitive to oneself. By seeing their beautiful personality, I confirmed it again. ‘Humanity is the only hope.’
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G EO R G E S PAC H ECO
LARGO CARLOS AMARANTE
A M A LT H É E Este trabalho, cujo título, segundo a mitologia grega, provém do nome da cabra que aleitou Zeus em criança, consistiu em fotografar, no enquadramento íntimo do meu estúdio, mães com personalidades e corpos diferentes, a dar realmente de mamar às suas crianças. Pretende-se que seja uma homenagem fotográfica a este ato universal que é o aleitamento materno, colhendo referências na pintura do Renascimento italiano e holandês. É igualmente feita referência à sensualidade que rege a maior parte das pinturas religiosas desde a Idade Média, muitas vezes próximas de temas profanos, através da introdução de poses sugestivas e do recurso ao nu. Ao revisitar este ícone da virgem a amamentar, que foi tema central e recorrente da pintura dos séculos XV a XVII, a ponto de ter marcado o nosso inconsciente coletivo, procuro questionar os processos de representação e de incarnação do arquétipo, pelas verdadeiras mães de hoje, a quem pedi que se colocassem na situação de “fora de si próprias”, enquanto viviam plenamente uma ligação privilegiada e um momento íntimo com o seu filho.
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The title of this work derives from the name of the goat that nursed infant Zeus, according to Greek mythology. It consisted of photographing mothers with distinct personalities and diverse figures, each of them actually breastfeeding her baby, in the intimate atmosphere of my studio. It is meant to pay photo homage to this universal act, while borrowing references from Italian or Dutch Renaissance painting. There is also a reference to the sensuality which is common in most of the religious paintings since the Middle Ages, frequently close to profane subjects by including suggestive poses and nude figures. By revisiting this icon of the nursing virgin, a central and recurring theme from the 15th to the 17th century, to the point of having marked our collective unconsciousness, I try to question the process of representation and incarnation of such an archetypal image by real and present times mothers, whom I ask to be in an «non-self» attitude, whilst fully living this privileged bond and intimate moment with their child.
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IUNA VIEIRA
EDIFÍCIO ANTIGA E S TA Ç Ã O C P
B E H I N D T H E C O U R TA I N É frequente que uma relação se assemelhe a uma pessoa: tem o seu carater próprio, uma determinada forma de se mover, uma certa linguagem e um comportamento próprio. Todos nós fazemos coisas esquisitas quando estamos sozinhos e sabemos que não estamos a ser observados. Acontece o mesmo com as relações. Os casais agridem-se, nem sequer conseguem tomar um chuveiro sozinhos quando estão zangados, fingem ser macacos,... Nunca conseguimos compreendê-los completamente, mas podemos bater-lhes à janela e pedir-lhes que corram a cortina. Os casais aqui apresentados têm dezoito, dezanove ou vinte anos, e experimentam viver juntos e ter uma relação estável pela primeira vez. São como crianças: não usam máscara, não procuram encaixar-se em determinadas categorias, nem ser o que os outros esperam deles. Já despiram a sua alma em frente um do outro há muito tempo. Juntos estão tão nus quanto é possível e não têm nada a esconder. Por isso podem correr um pouquinho a cortina, muito embora um observador possa influenciar a situação. Eu sempre desejei o que eles têm. Ao desenvolver este projeto, senti-me como uma cientista tentando aprender a partir de trabalho de campo, tirando fotografias, fazendo perguntas e observando. Esta série representa as minhas notas e o que consegui ver: quanto mais esquisita uma relação parece a um estranho, mais profunda é. 100
A relationship is often like a person: it has its own character, a certain way to move, a certain language, and a certain behavior. Every person does weird things while being alone and feeling unwatched. In relationships, it’s the same. Couples bite each other’s foot, they can’t shower alone even while being mad at each other, they pretend to be monkeys... You will never fully understand them, but you can knock on their window and ask them to open the curtain for you. The couples in these pictures are eighteen, nineteen or twenty years old, and they experience living together and being in long-term relationships for the first time. They are like kids; they don’t wear a mask, they don’t try to fit into certain categories or be like others expect them to be. There is no past and no future relationships to compare with yet, no perfect couples among their friends, no parents having a perfect marriage and being a role model to them. They have soul-stripped in front of each other a long time ago. Together, they are as naked as one can be and they don’t have anything to hide. That’s why they can open the curtain a little bit evendough an observer can influence the situation. They open the curtain because they have nothing to lose, nothing to pretend, and because they are my friends. I have always wanted what they have. Doing this project, I felt like a scientist trying to learn in field studies, while taking pictures, asking questions, and observing. This series represents my notes and what I could see: the stranger a relationship seems to an outsider, the deeper it is.
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LUCIA HERRERO
AV E N I DA DA LIBERDADE
TRIBOS “Tribos” é uma análise social, um retrato cru da sociedade ocidental. Grupos de famílias e amigos instalam-se à beira mar equipados para passar um dia ao sol. Tudo isso, disposto harmoniosamente, parece um poema aos costumes, que revela, por meio do humor, a cor e a ternura, a profundidade de uma sociedade. Estas fotografias de grupos atuais na praia, inspiram-se em retratos de estúdio de antigas tribos que posavam com orgulho, trajando as vestes tradicionais, junto aos objetos mais apreciados. Céu e mar constituem o cenário pintado do estúdio e a areia parece salpicada no pavimento. A iluminação e teatralidade do grupo adicionam um elemento de fantasia aos retratos de gente real nos seus ambientes naturais. Esta série fala da condição humana, num momento de férias pacíficas, do seu orgulho por lá estarem, das suas honestidade e vulnerabilidade.Este retrato da “Tragicomédia Española” tem a intenção de levar a muitas e diferentes interpretações. Por um lado fala da classe média Ocidental, que sofre atualmente de uma crise de identidade originada pela atual situação económica. Estas imagens levam-nos a pensar naquilo que está em mudança e no que permanecerá. Por outro lado, constituem um desafio ao conceito de beleza de hoje. As imagens foram feitas ao longo da costa Espanhola e pediu-se às pessoas que participassem in situ.
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“Tribes” is a social analysis, a raw portrait of occidental society. Groups of families and friends set themselves up by the sea equipped to spend a day in the sun. All this, harmoniously juxtaposed, seems like a poem of customs that reveal through humour, colour and tenderness, the profundity of a whole society. These photos of modern-day beach groups are inspired by the studio portraits of ancient tribes who proudly posed in traditional costumes next to their prized possessions. The sky and the sea become the painted backdrop of the studio and the sand seems as if sprinkled on the studio floor. The lighting and the theatricality of the groups add an element of fantasy to the portraits of real people in their natural surroundings. This enlightens a banal situation and elevates it to a state of exception. I call this way of social photography “Antropología Fantástica”. This series talks about the human condition during a moment on peaceful holiday, their pride to be there, their honesty and vulnerability. The objectively limited surrounding offers a complete extract of the essential. This portrait of the “Spanish Tragicomedy” is meant to have many different interpretations. On the one hand it talks about the Occidental middle class, which is suffering from an identity crisis created by the current economic situation. These images make us wonder what is changing and what will remain. On the other hand, they challenge today’s concept of beauty. The photos were taken along the Spanish coast and people were asked to participate in situ.
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N I TA V E R A
CENTRO DE EXPOSIÇÕES BOM JESUS
S PA C E A N D R E L AT I O N BETWEEN Tudo começou quando eu vi a série fotográfica do meu pai e tinha várias razões para tal… (2009-2011), em que ele tinha captado os seus pais, meu avós. Interpreto-a como sendo a sua forma de retratar a relação cruel e torcida que tinha com eles, uma relação de que nunca se falou realmente. Inspirada no trabalho do meu pai, comecei a investigar a dinâmica interna da nossa família. Pretendia fotografar o meu pai e a minha avó, através dos meus olhos. Eles estiveram sempre presentes na minha vida, mas eu nunca entendi realmente o comportamento de um para com o outro. Comecei esta série com a ideia de encontrar um lugar estético, que pudesse contrabalançar com o tema que eu tinha em mente. Dirigindo o meu pai e a minha avó para agirem de uma determinada e absurda maneira, no ambiente escolhido, apercebi-me de que estava também a criar um autorretrato. Com este projeto procuro algo que é difícil de descrever por palavras. Uma espécie de indiferença ou revolta que está presente na relação dos elementos da minha família. Ou talvez seja apenas a minha forma de tentar resolver todos os buracos negros que cresceram ao longo dos anos.
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It all started when I saw the photographic series of my father I had several reasons for… (2009-2011) where he had captured his own parents, my grandparents. The way I interpret this series, it is about his cruel and twisted relationship with his parents, a relationship that was never really talked about. Inspired by my father’s work, I started out to investigate the internal dynamics of our family. I wanted to photograph my father and my grandmother, through my eyes. They have always been present in my life, but I have never really understood their way of behaving towards each other. I started this series with the idea of finding an aesthetical place, where I could create a counterbalance with the theme I had in my mind. By directing my grandmother and father to act in a certain absurd way, in the chosen environment, I realized that I was also creating a self-portrait. With this project I am searching for something that is difficult to express in words. Some kind of indifference or a rebellion that is present in the relationship of the individuals of my family. Or maybe this project is just my way to try to resolve all the black holes that have grown through the years.
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NIGEL DICKSON
CENTRO DE EXPOSIÇÕES BOM JESUS
R O M A + E N V I R O N M E N TA L PORTRAITS Os Roma (Ciganos) são um povo cuja história não se escreve dentro das fronteiras de um só país. Originários da Índia, atravessando a Ásia foram empurrados pelo Império Otomano para as fronteiras da Europa. Escravizados em mosteiros na Roménia, muitos foram posteriormente deportados para as Américas. A sua história é sobre diáspora, migração, perseguição e limpeza étnica. Sedentários ou nómadas, têm uma forte identidade, com uma cultura rica e vibrante. Podem ser extravagantes e vaidosos, embora alguns em muitos lugares vivam em extrema pobreza. Em Environmental portraits partilham-se cenas raras e íntimas dentro de casas sumptuosas, onde ricos e famosos se revelam: o veterano produtor de cinema alemão, Wolf C Hartwig e sua mulher, a atriz Veronique Vendell, em Paris, tendo ele ganho um prémio Bambi pelo filme Cross of Iron, em que ela foi atriz principal; Jacques Garcia, francês, top designer clássico de interiores, de Versailles, com a sua mãe e os seus cães, na sua propriedade rural, Chateau du Champ de la Bataille, na Normandia.
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Roma are a people whose history is not written within one country’s borders. They originated from India, traversing Asia as the Ottoman empire pushed towards Europe’s frontiers. Enslaved by monasteries in Romania, many were later deported to the Americas. Their story is about diaspora, migration, persecution and ethnic cleansing. Sedentary or nomadic, they have a strong identity, with a rich and vibrant culture. They can be extravagant and ostentatious, though some in too many places, live in abject poverty. Environmental portraits share rare and intimate scenes inside their sumptious homes, where the rich and famous reveal themselves; with veteran German film producer, Wolf C Hartwig and his actress wife Veronique Vendell in Paris, he, who won a Bambi award for the movie she starred in The Cross of Iron; and France’s top classic interior designer, of the Versaille, Jacques Garcia , with his mother and their dogs, in his Normandy country estate, Chateau du Champ de la Bataille.
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SUSAN BARNETT
AV E N I DA DA LIBERDADE
N O T I N YO U R FAC E Na série “Not In Your Face”, é claramente evidente a t-shirt , mas estas fotografias não são sobre a t-shirt em si. São sobre histórias de pessoas que contam a sua própria história. Procuro indivíduos que se destacam entre a multidão, através da mensagem que escolheram para trazer impressa nas costas. As mensagens são combinações de imagens e palavras, que são apropriações da cultura contemporânea, mas têm o efeito peculiar de misturar significados dando-lhes novos sentidos. Pelas ruas, estas pessoas criam as suas próprias iconografias, numa exploração de questões culturais, políticas e sociais que têm impacto na nossa vida quotidiana. Nos primeiros meses de 2012, o LA Times, publicou um artigo na 1ª página, descrevendo a emergência da t-shirt e camisolas de carapuço, como peças essenciais do movimento de protesto criado em favor de Trayvon Martin, um jovem que foi abatido a tiro na Flórida e se tornou causa célebre em toda a nação. Acredito em que a força do significado de cada imagem, se manifesta através da justaposição de muitas imagens. É um universo de indivíduos, que combinados dão origem a uma imagem da nossa época, sem imposição de julgamentos. Podemos pensar que sabemos mais sobre estes indivíduos do que na realidade sabemos. O seu mistério mantémse e a força da fotografia pode satisfazer o nosso impulso de o resolver. 116
In the series “Not In Your Face” the t-shirt is starkly evident but these photographs are not about the t-shirt per se. They are about the stories of people who tell their own story. I look for individuals who stand out in a crowd by their choice of the message on their back. The messages are combinations of pictures and words that are appropriated from contemporary culture but have the unique effect of mixing up meanings and creating new meanings. On the streets these personalities create their own iconography that explore the cultural, political and social issues that have an impact on our everyday lives. In the early months of 2012 the LA Times ran a front page article describing the emergence of the t-shirt and hoodie as a staple of the protest movement gathered in support of Trayvon Martin a young man gunned down in Florida that became a cause célèbre throughout the nation. I believe the power of each portrait s meaning becomes apparent from the juxtaposition of many images. It is a universe of individuals but combined creates a picture of our time without the imposition of judgment. We may feel we know more about these individuals than we really do. Their mystery is preserved and the power of photography can celebrate our urge to unravel it.
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TITO MOURAZ
GALERIA SHOW ME
RUA DA CABINE Se há memórias que me marcam, a Rua da Cabine, na Lapa do Lobo, é uma delas. Ali passei grande parte das minhas férias escolares, entre a casa e a mercearia dos meus avós maternos e o Vale do Boi, onde o meu avô amanhava a terra. Hoje, tudo está diferente. Já não existem os habituais encontros com os amigos e primos, os almoços familiares de domingo, os pontapés na bola, as idas para o campo atrelado na bicicleta do meu avô, o cheiro a cigarros Kentucky da tasca, os relatos de futebol, as conversas dos mais velhos e as respetivas taças de vinho para lavar. A mercearia mais antiga da aldeia já não tem o brilho de outrora. A Rua que a serve não passa agora de um trajeto entre as casas e os quintais, um caminho cada vez menos palmilhado. Impulsionado por uma motivação interior e através de uma narrativa íntima, senti a necessidade de interpretar esta dualidade de emoções fortes e assim criar uma série de imagens que, além de explorar visualmente um conceito de identidade pudesse também estabelecer uma ligação entre o Ontem e o Hoje. Haverá melhor termo para descrever esta relação do que a palavra Vida? A escolha das fotografias que dão corpo a este volume, são também o resultado entre a presença e a ausência do meu avô. Viver e perpetuar a sua memória é agora um privilégio. Fernando Ramos era o meu avô. Perdi-o em janeiro de 2013, já no decorrer deste trabalho. 120
One of the most impressive memories of mine is the one of Cabine Street, at Lapa do Lobo. It was where I spent a great number of my school holidays, in the house, at my grandparents’ grocery or at Vale do Boi, where my grandfather did his farming. Everything changed. Today, there are no more regular meetings with friends and cousins, no family Sunday lunches, no more ball playing nor trailed trips to the field riding my grandfather’s bike, no smell of Kentucky cigarettes in the tavern nor football reports, and no older people conversations nor their wine cups to be washed. The oldest grocery in the village doesn’t have its former splendour. The street where it stands is but a path between houses and backyards, where footsteps are scarcer and scarcer. Lead by an interior motivation and by means of an intimate narrative, I felt the urge to interpret this duality of strong emotions and thereby create a series of images which, besides visually exploring the concept of identity could also establish a connection between Yesterday and Today. Could there be any better word to describe this relation than Life? The selection of photographs which shape this volume result also from both the presence and the absence of my grandfather. To live and to perpetuate his memory has become my privilege now. My grandfather’s name was Fernando Ramos. I lost him in January 2013, already in the course of this work.
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SEBASTIÁN LISTE
GALERIA DST
URBAN QUILOMBO Urban Quilombo é o testemunho de um lugar que já não existe. Entre 2009 e 2011, Sebastian Liste documentou a comunidade de Barreto, uma fábrica de chocolate abandonada, em Salvador da Baía, Brasil. A partir de 2003, dezenas de famílias ocuparam a fábrica e fizeram dela a sua casa. Até então, essas famílias viviam nas perigosas ruas da cidade. Cansadas da violência e em desespero, as famílias juntaram-se para ocupar a fábrica deserta. Criaram um microcosmos no qual os problemas de droga, prostituição e violência conseguiam ser resolvidos com o apoio da comunidade. Em março de 2011, o governo despejou-as da fábrica, numa das muitas tentativas de limpar a pobreza visível do centro das cidades brasileiras.
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Urban Quilombo is a testimony of a place that no longer exists. Between 2009 and 2011, Sebastian Liste documented the community of Barreto, an abandoned chocolate factory in Salvador de Bahia, Brazil. From 2003, dozens of families occupied the factory and transformed it into a home. Until then, these families lived in the dangerous streets of the city. Tired of the violence and despair, they came together to seize the deserted factory. They created a microcosm in which the problems of drugs, prostitution and violence could be tackled with the support of the community. In March 2011, the government evicted the families from the factory, in one of many attempts to clean up the visible poverty in the centre of Brazil’s cities.
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MUSEU D. DIOGO DE SOUSA
UMA CASA PORTUGUESA COM CERTEZA O projeto UMA CASA PORTUGUESA COM CERTEZA foi concebido especialmente para o Ano do Brasil em Portugal e será uma homenagem de brasileiros e portugueses a Portugal! A proposta é produzir correspondências visuais entre fotógrafos brasileiros e portugueses com o tema da ‘casa portuguesa’. O projeto soma um Concurso fotográfico e exposições. A dita casa portuguesa, naturalmente, vem se reinventando continuamente, seja por estar no Brasil seja por estar em Portugal, mas guarda uma certa matriz que, temos certeza, servirá como o condutor da identidade portuguesa. A casa portuguesa, tomada como tema, pode ser vista de dentro, de fora, e também situada no seu entorno. O que buscamos é estimular uma percepção e/ ou uma reflexão sobre o que seria esta casa no imaginário de portugueses e de brasileiros. Curadoria: Iatã Cannabrava, Milton Guran e Ângela Ferreira Produção executiva: Helena Ruschel e Irene Paris B. de Hollanda
www.umacasaportuguesacomcerteza.com
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The project UMA CASA PORTUGUESA COM CERTEZA was especially designed for the Brazil Year in Portugal as a tribute to Portugal, from Brazilians and Portuguese. The challenge was to produce visual correspondences between Brazilian and Portuguese photographers having for subject the “Portuguese house”. The project includes a photo competition and exhibits. The so called “casa Portuguesa”, has been reinventing itself constantly, be it in Brazil or in Portugal. Yet it keeps a certain matrix which we are sure will serve as a guideline for the Portuguese identity. The casa Portuguesa considered as theme may be observed from within, from the outside or in its environment. Our aim is fostering a perception and/or a reflection on what this house might be in the imaginary of Portuguese and Brazilians. Curators: Iatã Cannabrava, Milton Guran and Ângela Ferreira Executive Producer: Helena Ruschel and Irene Paris B. de Hollanda
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ESTÚDIO 22
T H E G R E AT E S T L O V E S T O R Y W W W. E I L O V E S T O R Y. C O M
O projeto A GRANDE HISTÓRIA DE AMOR foi concebido especialmente para a XXIII edição do Festival Encontros da Imagem que celebra o AMOR E A FAMÍLIA e procurou render homenagem às novas formas de fotografar. A proposta foi produzir correspondências visuais entre fotógrafos amadores ou profissionais com o tema da ‘Amor’. O projeto conta com um Concurso de Fotografia e uma exposição/projecção no âmbito do Festival. Foram convidados fotógrafos amadores e profissionais de todo o mundo a produzirem imagens que retratassem a temática, através de “smartphones”. Os «uploads» com a tag #eilovestory de fotos no Instagram® foram apresentadas diariamente, de 14 de Fevereiro a 1 de Setembro no site do projeto. Tendo por tema um dos conceitos mais complexos e difíceis de definir: o AMOR, a proposta deste projeto foi desafiar a comunidade a produzir correspondências visuais para esta temática. O AMOR tem vindo a reinventar-se continuamente, mas guarda uma certa matriz que, temos certeza, servirá como fio condutor deste amplo conceito. A GRANDE HISTÓRIA DE AMOR, tomada como tema, pode ser vista de dentro, de fora, e também situada no seu entorno. O que buscamos é estimular uma percepção e/ou uma reflexão sobre o que será este conceito no imaginário da comunidade.
THE GREATEST LOVE STORY is a project devised specifically for the 23rd edition of the Festival Encontros da Imagem which celebrates LOVE AND FAMILY. It is supposed to be a tribute to the new ways of photography making. The challenge presented to professional or amateur photographers, was to produce visual correspondences for the theme ‘Love’. The project includes a Photography Competition and an exhibition/projection in the Festival. Amateur and professional photographers from all over the world were invited to produce images to represent the theme, using smart phones. Uploads with the #eilovestory tag from Instagram® photos were presented on a daily basis, from February 14 to September 1st on the Project site. With a complex and almost indefinable theme, we intended to challenge the community to produce visual correspondences for it. LOVE has been reinventing itself continuously, but it keeps a certain matrix which we are sure will serve as a guideline for such a wide concept. THE GREATEST LOVE STORY, considered as a theme, may be observed from within, from the outside or even in its environment. Our aim is fostering the perception and/or the reflection on what this concept might stand for within the imaginary of the community. Apoio à impressão:
www.insta-lab.com
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OUTROS E S PA Ç O S OT H E R S PAC E S 132
J A I M E VA S C O N C E L O S MEL O’CALLAGHAN N E L S O N D ’A I R E S PA U L I A N A VA L E N T E P I M E N T E L
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N E L S O N D ’A I R E S
E S PA Ç O M I RA PORTO
DEMORAR Em 2012 ofereceram-me o livro “António Gonçalves Pedro, Fotógrafo de Mora”, com chancela da Câmara Municipal de Mora, publicado em 2003, resultado de um longo trabalho de recuperação e edição fotográfica de Luis Vasconcelos feito a partir de um arquivo com cerca de 100 mil negativos, na sua maioria retratos, entregue pelos familiares de AGP e de que hoje a Estação Imagem é o fiel depositário. No mesmo ano submeti esta ideia (Álbum de Família) a concurso, tendo vencido a Bolsa Estação Imagem 2012/2013, fundo que me permitiu temporariamente transformar o livro no centro do meu mundo. Fazendo da imagem pergunta, procurei e fotografei muitas das suas personagens que encontrei. No processo, passei-o de mão em mão, por entre olhos e ouvidos, sempre na esperança de uma identificação viva e de uma morada. Andava invariavelmente comigo, influindo em todas as relações e revelações, transformando-se assim num improvisado álbum de família cheio de ligações familiares, anotações e de legendas que o original não continha. Em pouco tempo, eu já não era o fotógrafo que pedia informações mas também alguém que informava e que recontava as notícias de quem se perdeu rasto no decorrer dos anos. Numa palavra: demorar, porque o tempo escolhe o que perdura. Porque devemos escolher com o tempo, explicando-lhe também o que nos importa, o que nos identifica com dignidade e orgulho. 134
In 2012 I was offered the book “António Gonçalves Pedro, Fotógrafo de Mora”, 2003, with the seal of the City Council of Mora. It is the outcome of a long process of restoration and photo editing by Luis Vasconcelos based on an archive of about 100 thousand negatives, mostly portraits, handed out by António Gonçalves Pedro’s (AGP) family, with Estação Imagem as present trustee. That same year I took part in a contest with this very idea of Family Album, and I won the grant Bolsa Estação Imagem 2012/2013, which allowed me to temporarily place this book into the centre of my world. Using images as questions, I searched for and photographed many of the characters I found. While in the process, I passed it around, among eyes and ears, hoping to find a living identification and an address. I always carried it with me, and it interfered in all the relationships and revelations, thus having turned into an improvised family album, full of family connections, annotations and captions inexistent in the original. Within a short time, I was no longer the photographer asking for information but I became someone who also informed and brought news from persons whose track had been lost for a long time. In one word: taking our time, for time chooses what lasts. Because we must chose with time, also making clear what matters to us, what identifies us with dignity and pride. “Everybody’s dead. It’s only us left.” Maria Manuel Boto, Mora inhabitant
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J A I M E VA S C O N C E L O S
GALERIA DAS SALGADEIRAS LISBOA
REVOLUÇÕES Nesta exposição, Jaime Vasconcelos apresenta uma série de imagens resultantes do seu estudo histórico de algumas revoluções que ocorreram no mundo Ocidental e Oriental, desde antes de Cristo até ao século XX. Tratam-se de composições digitais referentes a situações históricas que ao autor interessaram abordar, numa escolha assumidamente pessoal e política. Em «Revoluções» Jaime Vasconcelos conta-nos momentos destas histórias através da cor, das texturas e gestos pintados inseridos digitalmente na composição, dos planos criados pelas diferentes camadas de leitura. A desconstrução da fotografia, ou melhor a construção de uma outra imagem, origina novas formas e narrativas, estando subjacente a perspectiva subjectiva do seu autor. Jaime Vasconcelos prossegue, assim, o seu percurso artístico no qual a fotografia/imagem funciona como uma ferramenta e não como um fim, fechado em si mesmo. Este processo, iniciado em 2007, encontra-se formalmente entre a Fotografia e a Pintura e o Desenho, descolando-se da realidade fotografada e produzindo imagens de forte cariz plástico.
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In this exhibition, Jaime Vasconcelos presents a series of images resulting from his historical research about some of the revolutions that took place in the Western and Eastern world, since before Christ until the 20th century. We’re talking about digital compositions referring to historical situations which interested the artist in a very personal and political choice. In «Revolutions», Jaime Vasconcelos tell us about moments of these stories through colour, textures, and painted gestures, all digitally inserted in the composition of plans created by the different reading layers. The deconstruction of photography, or rather, the construction of another image, generates new shapes and narratives, being subjacent the author’s subjective perspective. Jaime Vasconcelos carries on, this way, his artistic path in which the photography/ image function more as a tool and not as an end in itself. This process, which started in 2007, is formally among Photography, Painting, and Drawing, detaching from the photographed reality and producing images of strong plastic nature.
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G A L E R I A DA B OAV I S TA LISBOA
PA U L I A N A VA L E N T E P I M E N T E L
J O V E N S D E AT E N A S «Jovens de Atenas» resulta da residência artística que Pauliana Valente Pimentel realizou em Atenas durante o mês de Abril de 2012 onde conheceu, acompanhou e conviveu com diversas pessoas na procura do retrato desses “jovens de atenas”, apresentado numa série de 18 fotografias e num vídeo, este último co-produzido com Sofia Riscado. Num momento tão particular da sua história e identidade, Pauliana Valente Pimentel interessou-se pelos paradoxos presentes neste ícone da história da sociedade ocidental, berço da Antiguidade na cultura, no pensamento, na filosofia. Subjacentes ao seu projecto e processo criativos estiveram questões como a identidade, a afirmação sexual e cultural, as perspectivas de futuro de uma classe média em declínio, a reflexão sobre o conceito democracia (“o poder do povo”) já nas assembleias da Grécia Antiga, a dinâmica artística que, desde sempre, tem marcado este país, o quotidiano cosmopolita da juventude de Atenas entre o medo e a incerteza, este último um sentimento que, provavelmente, marcará as primeiras décadas destes “tempos modernos”.
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«Youth of Athens» is the result of the artistic residence that Pauliana Valente Pimentel made in Athens during April of 2012 where she met and communicated with several people, searching for the portraits of these “young of athens”, presented in a series of 18 photographs and a video, the latter co- produced with Sofia Riscado. In a very special and particular moment in their history and identity, Pauliana Valente Pimentel tried to grasp all paradoxes present in this History icon of the Western society, the birthplace of Antiquity: in culture, in thinking, in philosophy. Underlying her creative project and process were questions as identity; the sexual and cultural affirmation; the future prospects of a decaying middle class; the reflection about the concept of democracy (power of the people) since the assemblies in the Ancient Greece; the artistic dynamics which, since ever, has marked this country; the cosmopolitan everyday life of the youth of Athens between fear and uncertainty, the latter a feeling that will, probably, mark the first decades of these “modern times”.
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MEL O’CALLAGHAN
GALERIA BELO-GALSTERER LISBOA
ENSEMBLE Em Ensemble, Mel O’Callaghan apresenta vídeos, fotografias e instalações que reflectem sobre o natureza absurda de comportamento processual e gestos rituais. Nos seus trabalhos um ritual é incompleto até que tenha sido performado ou realizado; tudo para reforçar a ideia que uma performance é um ritual em acção. A peça central da exposição é um novo vídeo ‘Ensemble Act’. No vídeo observamos um acto de luta, triunfo e desistência. Além do vídeo serão apresentados uma série de fotografias que documentam actos que são absurdos e ritualistas na sua origem. Todas estas personagens encontram-se presas num ritual de processo e acção. Estes actos absurdos funcionam como uma reflexão, uma representação que confronta o Homem com a sua posição existencial. Como o artista tem uma tendência para a prática, o processo torna-se a dinâmica subjacente dos actos absurdos documentados. ‘Myth is a thing said, and art and ritual a thing done.’
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In Ensemble, Mel O’Callaghan presents videos, photographs and installations that reflect upon the absurd nature of processual behavior and ritual gesture. In her works a ritual is incomplete until it has been performed or acted; reinforcing the idea that performance is ritual in action. The central piece of the exhibition is a new video piece, ‘Ensemble Act’. In the video we are witness to an act of struggle, triumph and retreat. Presented alongside the video will be a series of photographs that document acts that are absurd and ritualistic in nature. The characters represented here are caught in a ritual of process and action. These absurd acts function as a reflection, a representation that confronts man with his existential position. With an artist’s propensity for praxis, process becomes the underlying dynamic of the absurd acts documented. ‘Myth is a thing said, and art and ritual a thing done.’
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F O R TA L E Z A BRASIL
ENCONTROS DE AGOSTO Ao longo de vinte e cinco anos, o Festival Encontros da Imagem tem contribuído, para trazer ao nosso país alguns dos mais prestigiados autores da fotografia, quer clássica, quer contemporânea. A linha de orientação seguida pelas edições do Festival, procura dar privilégio a uma vertente de internacionalização, potenciando o estímulo e a interacção com todos os agentes nele envolvidos. O Festival Encontros da Imagem sempre promoveu um cruzamento com parceiros europeus, quer com artistas, quer com instituições. Assente nesse pressuposto a organização, granjeou um reconhecido mérito internacional. Artistas, diretores de museus, galerias, e diversas instituições têm participado ativamente em cada edição e beneficiado duma plataforma que tem gerado um enriquecido cruzamento de projetos.
Destaca-se com particular ênfase, a parceria estabelecida com os Encontros de Agosto, Festival de Fotografia de Fortaleza, Brasil que permitirá a valorização, diversificação e internacionalização dos Encontros da Imagem. Acreditamos, que com este projeto, estamos não só a contribuir para o enriquecimento cultural do país, como a participar de forma consolidada na divulgação dos criadores nacionais e internacionais. PROJEÇÃO DE FOTOGRAFIA CONTEMPORÃNEA PORTUGUESA F E S T I VA L E N C O N T R O S D E AGOSTO DE 19 DE AGOSTO AT É 3 0 D E S E T E M B R O Alexandre Almeida | Ana Catarina | Ana Janeiro Ana Telhado | André Principe | António Júlio Duarte
A perspetiva de internacionalização que se pretende fortalecida nesta edição, procura preservar e valorizar a cultura fotográfica, tendo em vista o fomento da produção e divulgação da fotografia portuguesa.
Bruno Santos | David Infante | Duarte Amaral Netto Filipe Casaca | Inês d’Orey | Joana Castelo João Henriques | João Paulo Serafim José Carlos Nascimento | José Luís Neto José Pedro Cortes | Luísa Ferreira | Mariana Viegas Nelson d’Aires | Pauliana V. Pimentel | Paulo Catrica Pedro Letria | Sandra Costa | São Trindade Tiago Casanova | Tiago Silva Nunes Tito Mouraz | Virgílio Ferreira
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C ATA R I N A B OT E L H O
VA LT E R V I N AG R E
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AT I V I DA D E S ACTIVITIES 146
EMERGENTES DST SOMEONE TO LOVE LA VIE EN ROSE BOOK MARKET LOVENIGHTS PROJECTIONS BOOK NIGHT WORKSHOP LOMOGRAFIA PROJECTO MAP
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VENCEDOR / WINNER 2012 SEBASTIÁN LISTE
EMERGENTES DST 2013 A criação do Prémio de Fotografia EMERGENTES DST representou o nascimento de um prémio de prestigio no âmbito nacional e internacional e tem marcado uma aposta partilhada entre a DST e os Encontros da Imagem. Neste ano celebra-se a 4.ª Edição do Prémio, símbolo de um percurso ímpar traçado pela Empresa Domingos da Silva Teixeira e a associação cultural Encontros da Imagem.
The creation of the Photography Award EMERGENTES DST has represented the advent of an award of national and international prestige and has been a shared compromise between the Company Domingos da Silva Teixeira (DST) and Encontros da Imagem. This year the 4th edition of the award is held, as a token of a unique course defined by the Company DST and the cultural association Encontros da Imagem.
O Prémio é uma iniciativa da empresa Domingos da Silva Teixeira, organizada pelos Encontros da Imagem e visa premiar o melhor portfolio de Fotografia Contemporânea 2013, sendo atribuído através da Leitura Crítica de Portfolios que oferece aos fotógrafos a oportunidade de apresentarem o seu trabalho a comissários, galeristas e editores especializados, constituindo um meio preferencial de promover a sua obra. É de assinalar o variadíssimo leque de críticos, oriundos de vários quadrantes e territórios da Fotografia.
The award is an initiative of Domingos da Silva Teixeira Company, the organization belongs to Encontros da Imagem and its aim is to reward the best 2013 Contemporary Photography portfolio. The Prize is awarded trough a Critical Review of Portfolios, which grants the photographers the opportunity to present their work before commissioners, gallery owners and specialized editors, an utmost means to promote their art. A large group of critics, from different quadrants and specialized in several areas of Photography will be present and the Review shall be their responsibility.
Fundado nos anos 40, em Braga, o Grupo Domingos da Silva Teixeira (DST) nasceu da construção civil, mas é hoje também um player de referência nos sectores nacionais das águas e resíduos, energias renováveis, telecomunicações e inovação tecnológica. Através deste evento pretende-se fomentar a produção e a divulgação da fotografia nacional e internacional. 148
DST Group was founded in Braga, in the forties. Originally circumscribed to construction industry, nowadays it is also a reference in the national sectors of water and waste, renewable energy sources, telecommunications and technological innovations. Through this event aims to promote the production and dissemination of national and international photography.
25 > 28 SEPTEMBER 25 / 26 - PORTFOLIO REVIEW G N R AT I O N 28 - WINNER ANNOUNCEMENT + FINALISTS PROJECTIONS + PAT R I C K WO L F ( l i ve) T H E AT R O C I R C O B R AG A
L I S TA D E C R Í T I C O S ALESSANDRA CAPODACQUA - Vice President / Curator of Fondazione Studio Marangoni | Florence, ITALY ANNA-KAISA RASTENBERGER - Chief Curator at Finnish Museum of Photography | Helsinki, FINLAND ARIANNA RINALDO - Director of Ojodepez and Artistic Director of Cortona OnTheMove | SPAIN BILL KOUWENHOVEN - International Editor of Hot Shoe Magazine | New York, USA CARINE DOLEK - Member of the Fetart Association and cofounder and co-coordinator of the Circulations Festival CLAUDIA HINTERSEER - Photography consultant, founding member of NOOR | Amsterdam, NETHERLANDS CRISTOPHE LALOI - Director of Vois Off Festival | Arles, FRANCE DAPHNÉ ANGLÉS - European Photo Coordinator for New York Times | Paris, FRANCE DEWI LEWIS - Publisher, Dewi Lewis Publishing | London, UK EMMA BOWKETT - Photo Editor at Financial Times Weekend Magazine | London, UK ERIK VROONS - Chief Editor at GUP Magazine | Amsterdam, NETHERLANDS FRANCESCA NOCIVELLI - Independent Photographer, Founder of ClicaMaravilha | Barcelona, SPAIN JULIÁN BARÓN AND ANTONIO M. XOUBANOBA - BlankPaper School | Madrid, SPAIN KRZYSZTOF CANDROWICZ – Director of Lodz Art Center, Fotofestival, Photo Festival Union | Lodz, POLÓNIA LAURA SERANI - Independent Curator, Director of Reencontres de Bamako | Paris, FRANCE LOUISE CLEMENTS - Artistic Director Quad&Format Festival | Derby, UK MARGARIDA MEDEIROS - Assistant Professor PhD, Universidade Nova de Lisboa | Lisbon, PORTUGAL MÁRIO TEIXEIRA DA SILVA - Director of Galeria Módulo | Lisbon, PORTUGAL MARTA SZYMANSKA - Programme Director of Fotofestiwal | Lodz, Poland PEPE FONT DE MORA - Director of Fundació Privada Foto Colectania | Barcelona, SPAIN TINA SCHELHORN - Director of the Gallery Lichtblick | Cologne, GERMANY
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SOMEONE TO LOVE + LA VIE EN ROSE 1 3 D E S E T E M B R O | 2 2 H 3 0 | G A L E R I A G N R AT I O N S TO R E E E N T R A DA G N R AT I O N CRISTINA NUÑEZ
“Someone to Love” apresenta-se como uma espécie de terapia encontrada para ultrapassar problemas pessoais, composta por um conjunto dos melhores auto-retratos da autora, realizados entre 1988 e 2011, narrados pela própria. Atravessa as fases da dependência, evolução da sua imagem, das relações e da vida da mãe até ao último suspiro. “La Vie en Rose” é um projeto contínuo da artista cujo objetivo é encontrar o amor da sua vida. Em vez de se focar apenas nas suas qualidades, expõe também defeitos, numa viagem temporal e geográfica, íntima e pública, no cenário dos momentos cruciais da sua vida. A busca pela salvação e redenção assumem-se como princípios fundamentais do seu projeto. Cristina Nuñez (1962) nasceu em Figueras, Espanha e vive e trabalha em Barcelona. Os seus projetos podem dividir-se em públicos, no âmbito literário focado em temáticas sociais através do retrato fotográfico e privados, pelo uso do auto-retrato como forma de terapia.
BOOK MARKET 25 A 28 DE SETEMBRO | 11H ÀS 19H G N R AT I O N - P O P U P S TO R E E P Á T I O D O C Ã O BOOK MARKET | FEIRA DE LIVROS E PUBLICAÇÕES DE FOTOGRAFIA
O Festival Encontros da Imagem organiza uma feira de livros de fotografia, com a presença de editoras independentes e a apresentação de livros de autor, dos dias 25 a 28 de Setembro no pátio do Cão e na Pop up Store do GNration. A entrada é livre. Desde sempre o livro de fotografia foi um importante objeto associado ao meio fotográfico, tanto como um meio de divulgação como de impressão. Dado o crescente interesse do público por foto-livros e o reconhecimento do seu valor no mercado internacional, considerou-se importante fortalecer e criar ligações entre fotógrafos, editores, livrarias, galerias e livrarias. Os Encontros da Imagem pretendem espalhar esta forma de edição fotográfica, abrindo o interesse do público para este mercado e criando uma plataforma para o diálogo sobre este meio específico do livro de fotografia, no seu cruzamento com áreas como design, artes plásticas, cinema ou a edição em geral. Esta será uma oportunidade para os interessados em fotografia, livros, edições e revistas (re) descobrir e adquirir alguns exemplares raros e outros mais recentes.
LOVENIGHTS PROJECTIONS 26 DE SETEMBRO | 19H G N R AT I O N - P Á T I O D O C A Ç A D O R LOVENIGHTS PROJECTIONS | NOITE DE PROJECÇÕES
O Festival Encontros da Imagem apresenta uma noite dedicada a diferentes projetos da fotografia contemporânea internacional com base nas parcerias que, ao longo da sua existência, tem vindo a celebrar com diversas instituições, organizações de festivais e autores espalhados por todo o mundo. Potluck Dinner | DJ set | Slideshow Slideduck Photography Festival Circulation(s) | Fetart Asian Contemporary Photography | Manik Katyal | Emaho Magazine Multiverso | Marcelo Carrera & João Pacca “Stand By” (2011/12) | Projecto Sputnik “The Dad Project” | Briony Campbell
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BOOK NIGHT 27 DE SETEMBRO | 22h G N R AT I O N – P Á T I O D O C A Ç A D O R BOOK NIGHT | NOITE DO LIVRO
“Books of Love” por Irene Attinger “Teoria Particular sobre el Beso” de Lola Garrido | selection of Anne Morin “The City of Brides”, por Alena Zhandarova GUP Magazine | NEW Dutch Talents 2012/2013 | Erik Vroons, Editor of GUP GUP After Party + Erik Vroons DJ Set
WORKSHOP + EXPOSIÇÃO LOMOGRAFIA 3 A 5 DE OUTUBRO C O N S E L H O C U LT U R A L DA U N I V E R S I DA D E D O M I N H O I N S E R I D O N O F E S T I VA L D E O U T O N O 2 0 1 3 ENTRADA LIVRE
Introdução ao universo da Lomografia e da produção de imagens analógicas em médio formato ou 35mm; Apresentação das câmaras lomográficas, suas características, potencialidades, dicas e truques; Safari fotográfico pela cidade, com uma das diferentes câmaras à escolha, pondo em prática a formação que foi dada.
PROJECTO MAP 24 DE OUTUBRO | 22H G N R AT I O N – C A P E L A PROJECTOMAP | COLECTIVO DE CURADORES I N S E R I D O N O P R O G R A M A C A R TO G R A FA R | Q U I N TA S P E R F E I TA S
O ProjectoMAP entende o universo da arte contemporânea como um território de cruzamento de redes pessoais e profissionais. Nasce com o intuito de traçar um mapa da criação artística contemporânea portuguesa, seguindo os pressupostos da exposição original: revelar as ligações (e subsequentemente o contexto alargado) que os artistas constroem e habitam ao longo do seu trabalho. O Colectivo de Curadores é um grupo de trabalho composto por Alda Galsterer, Felipa Almeida, Moritz Elbert e Verônica de Mello, que nasce do encontro de quatro curadores que escolheram Lisboa como plataforma para a sua actividade, após diversas experiências internacionais.
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FICHA TÉCNICA / CREDITS ORGANIZAÇÃO / ORGANIZATION
Encontros da Imagem – Associação Cultural Campo das Hortas, 35 4700-421 Braga Portugal ei@encontrosdaimagem.com www.encontrosdaimagem.com DIRECÇÃO DOS ENCONTROS / DIRECTION
Ângela Mendes Ferreira, José Pedro Machado CURADORIA / CURATORS
Ângela Mendes Ferreira Rui Prata DIRECTOR FINANCEIRO / FINANCIAL DIRECTOR
José Pedro Machado
SECRETARIADO E PRODUÇÃO / PRODUCTION
Catarina Martins
DESIGN GRÁFICO / GRAPHIC DESIGN
João Loureiro
TRADUÇÃO / TRANSLATION
Susana Diego
PROGRAMAÇÃO WEB / WEB DEVELOPMENT
Seegno
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Andreia Mandim
EQUIPA DE MONTAGEM / SET UP TEAM
Pedro Esperança, Rodrigo Neto, Luís Correia António Silva, José Pereira TÉCNICO AUDIOVISUAL / AUDIOVISUAL TECHNICIAN
João Lopes
FOTOGRAFIA / PHOTOGRAPHY
Ana Pereira
COORDENADOR DO PRÉMIO EMERGENTES DST / PORTFOLIO REVIEW COORDINATOR
Ângela Mendes Ferreira STAFF EMERGENTES
Raquel Loureiro Catarina Martins
LABORATÓRIO DE IMPRESSÃO / PRINTING LAB
ZEF color
MOLDURAS / FRAMES
Bracaramoldura
PUBLICIDADE EXTERIOR / OUTDOOR ADVERTISING
Agostinhos
IMPRESSÃO DE CATÁLOGO / CATALOGUE PRINTIING
Gráfica Vilaverdense ISBN
978-972-98537-5-3
AGRADECIMENTOS / THANKS Aida Alves (Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva), Ana de Almeida, Sónia Galiza (Embaixada Lomográfica), Carlos Corais, Helena Trindade (Museu Nogueira da Silva), Varico Pereira (Confraria do Bom Jesus), Francisco Quintas, Ilda Carneiro, Lélia Pinto (CMB), Isabel Silva (Museu D. Diogo de Sousa), Hugo Pires, Joel Pereira, Nuno Barreto (Fundação Bracara Augusta) Rui Dória (GNRation), Marco Sousa (Turismo Porto e Norte Portugal), Tiago Sequeira, Frederico Sequeira (Casa dos Coimbras), Galeria Mário Sequeira, José Agostinho (Agostinhos), José Teixeira, Margarida Pereira (DST), Luís da Silva Pereira (Diário do Minho), Manuela Matos Monteiro (Espaço Mira), Alda Galsterer e Ana Matos, Guilherme Braga da Cruz (Galeria Show Me), Inês Viseu, Mário Brito, Jorge Inácio (Mosteiro de Tibães), Luís Moreira, Nuno Ferros, Rita Moreira (Canal 180), Pedro Remy (Espaço Cultural Pedro Remy), Ana Rodrigues (Braga Parque), Sérgio Castro, Filipe Saraiva (Seegno), Vasco Leão (RUM), Patricia Veloso e Glícia Gadelha (Encontros de Agosto, Brasil) e a todos os que colaboraram na presente edição. Alessandra Capodacqua, Anna-Kaisa Rastenberger, Arianna Rinaldo, Bill Kouwenhoven, Carine Dolek, Claudia Hinterseer, Cristophe Laloi, Daphné Anglés, Dewi Lewis, Emma Bowkett, Erik Vroons, Francesca Nocivelli, Julián Barón, Antonio M. Xoubanova, Krzysztof Candrowicz, Laura Serani, Louise Clements, Margarida Medeiros, Mário Teixeira da Silva, Marta Szymanska, Pepe Font de Mora, Tina Schelhorn
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BIOGRAFIAS BIOGRAPHIES 154
A L E N A Z H A N DA R OVA Alena Zhandarova é uma jovem artista Russa. Estudou Fotografia Artística no IED, Intituto Europeo de Diseño, em Madrid. Usando a fotografia como instrumento principal de interação com o espaço, cria um ambiente especial e mágico, com base na experimentação e na novidade de coisas vulgares em situações invulgares. Foram-lhe atribuídas: a LensCulture Student Award 2013 e a Luceo Award 2012, uma menção honrosa no Festival Encontros da Imagem, Portugal 2012, foi finalista do Art.Laguna Art. Prize (na categoria de menores de 25 anos), em Itália e finalista do Photovisa Festival, na Rússia. Os seus trabalhos foram expostos no Copenhagen Photo Festival 2012, na Dinarca, Backlight Photo Festival 2011, na Finlândia, Phodar Photo Biennal 2011, na Bulgária, Perm Photo Festival 2012, na Rússia, Meyrin Cultural Center na Suíça, Getty Images Gallery, em Inglaterra e em outros locais. ANA GALAN Ana Galan (Madrid, Espanha) tem uma licenciatura em Economia, um MBA International e um MFA em Fotografia pelo EFTI, Madrid, Espanha, e frequentou workshops de Pierre Gonnord, Peter Bialobrzeski, Lynne Cohen, Matt Siber e Alejandro Castellote. Foi finalista na Print Center’s 86th Annual International Competition em que Jennifer Blessing (Museu Solomon R. Guggenheim, Nova Iorque) fez parte do júri, bem como em outros concursos entre os quais: Descubrimientos PHotoEspaña 2010 e 2011, Encontros da Imagem 2010, 2011 e 2012, no CENTER in Santa Fe , em 2011. Obteve o Dealer’s Choice Award da Gagosian Gallery, Los Angeles, tendo por juri Dianne Vanderlip, e foi premiada com o Editor’s Choice Award , tendo Todd James da National Geographic Magazine como juri, e na exposição do Center for Fine Art Photography Portraits, sendo juri Anna Walker Skillman (Jackson Fine Art). Tem feito exposições em numerosas galerias, festivais de fotografia e exposições, em França, Itália, Índia, Espanha, Finlândia e EUA. Foi artista residente em Filadelfia, PA, em Hämeenkyrö, Finlândia, e em Balay Kalamragan, nas Filipinas. O seu trabalho encontra-se reunido na Bibliothèque Nationale de France (BnF), Paris, France, e nos EUA no CENTER, Santa Fe, NM, no Filadelphia Art Hotel, Filadelfia, PA e no Center for Fine Art Photography em Fort Collins, CO. ANNA FOX Anna Fox trabalha em fotografia desde 1983. Em 2010 foi pré-selecionada para o Deutsche Borse Photography Prize e em 2012 para o Pilar Citoler Prize. O seu trabalho tem sido incluído em numerosas exposições coletivas, como: Warworks, no Canadian Museum of Contemporary Photography e Victoria & Albert Museum; Centre of the Universe; Liverpool e the Avant-Garde, na Tate Liverpool; How We Are: Photographing Britain, na Tate Britain; Documentary Dilemmas e The Observers, ambas parte das exposições itinerantes do British Council. Anna Fox Photographs 1983 – 2007 foi publicado por Photoworks em 2007, e a sua exposição retrospetiva Cockroach Diary and Other Stories está presentemente a percorrer a Europa. A mais recente exposição de Fox, Resort 1, encomendada pela Pallant House Gallery em Chichester, encontra-se igualmente em itinerância, tendo o trabalho sido adquirido pelos National Media Museum e Pallant House Museum. É Professora de Fotografia no University College for the Creative Arts, em Farnham, e co-autora, com Dr Deepak John Mathews, do primeiro curso de pos-graduação em Fotografia na Índia, no National Institute of Design (financiado por UKIERI). BELA DOKA Bela Doka tem 44 anos e faz fotografia artística. Viveu em Cuba durante 4 anos, tendo-se mudado então para França. Presentemente está radicado em Budapeste, na Hungria. O centro sensível de interesse social de Doka, situa-se há muito tempo em países e fenómenos em transição. Em todas as séries de fotografias que fez em Cuba, Moldávia, Roménia, Rússia e Birmânia existem referências visuais e evidências dos ambientes em que decorrem transições. Na Rússia desenvolveu um projeto com o título Putin Fan Club. É uma série de retratos de estudantes nos subúrbios de Moscovo. O que têm de especial é que são todos membros de um clube de fãs de Putin, com cerca de 1500 membros com uma média de idade de 18 anos. Na série Burmese Dreams representa a Birmânia sob o atual domínio da junta militar, através dos sonhos de jovens habitantes, de 2011/12. Com recurso à sua câmara acedeu às suas habitações, mais precisamente aos seus quartos de dormir, onde conseguiu captar-lhes os sonhos, na madrugada de mudanças desde há muito desejadas. A sua mais recente série, God, está em todo o lado, num projeto que cobre todo o mundo, sobre os símbolos Cristãos que nos passam muitas vezes despercebidos mas estão omnipresentes nas nossas vidas quotidianas. As suas fotografias têm sido publicadas nos mais prestigiados jornais e revistas: New York Times, New Yorker, Newsweek, Miami Herald, Village Voice (EUA); Le Monde, Paris Match, Cosmopolitan, Marie Claire, Photo, VSD, Liberation, Max (França); Stern, Neon, Max, FAZ, Die Zeit, Focus, Der Spiegel, Brigitte (Alemanha); Grazia, Amica, IO Donna, Fox Uomo, Gioia (Itália); Independent,Telegraph, Newstateman (Reino Unido); GQ, Esquire, Foto&Video, Newsweek, Afisha Mir, Glamour, Marie Claire (Rússia); Yo Donna, El Pais (Espanha). DUARTE AMARAL NETTO Duarte Amaral Netto (Portugal, 1976). Iniciou o seu percurso académico no curso de Direito, transferindo-se depois para o curso de Comunicação Cultural que concluíu em 2003. Neste ano teve duas exposições individuais na Holanda (MK Galerie – Roterdão, e Nouvelles Images – Haia), e outra em Lisboa na Galeria Promontório como parte integrante do circuito paralelo da LisboaPhoto. Foi também em 2003 que lhe foi atribuído o Grand Prix du 48eme Salon de Montrouge, em Paris. Após a conclusão do Curso Avançado de Fotografia do Ar.Co, em 2000, começou a trabalhar com o Módulo – Centro Difusor de Arte, onde expôs individualmente em 2002, 2005 e 2006. Em 2005 participa no Curso de Fotografia do Programa Criatividade e Criação Artística da Fundação Calouste Gulbenkian. Neste curso de especialização, coordenado por Sérgio Mah, teve como professores Stephen Shore, Thomas Demand, Patrick Faigenbaum, Joan Fontcuberta, Ute Eskildsen, Paul Wombell e Teresa Hubbard/Alexander Birchler. Em conjunto com os outros participantes do curso formou o colectivo DOZE que, entre outras acções, desenvolveu o projecto de residência Paisagem e Povoamento I (em Sines) e Paisagem e Povoamento II (em Montemor-o-Novo) onde trabalhou em dupla com Rodrigo Tavarela Peixoto. Das suas exposições colectivas destacam-se em 2004: On Side, no Centro de Artes Visuais (Coimbra), e Casa de Luz, Fundacion Foto Colectania (Barcelona); em 2005, Uma Extensão do Olhar, no Centro de Artes Visuais (Coimbra); em 2007, Homo Migratius, na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa); em 2009, Identity in Motion, na MK Galerie (Berlim); e em 2010, Impressiones y Comentarios – Fotografia Contemporânea Portuguesa, na Fundacion Foto Colectania (Barcelona), e Do outro lado do Atlântico, no Centro de Artes Helio Oiticica (Rio de Janeiro). Lecciona no Curso de Fotografia do Instituto Politécnico de Tomar desde 2003 e é representado pela Galeria Baginski (Lisboa) onde apresentou em 2010 Do que nos lembramos quando nos lembramos de nós. Em 2012 foi nomeado para o prémio BES PHOTO 2012.
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ELINA BROTHERUS Elina Brotherus, nascida em 1972 em Helsínquia, Finlândia, trabalha em fotografia e vídeo. O seu trabalho inicial era sobre experiências pessoais mas também universais, sobre a presença ou ausência de amor. Na sua série The New Painting (2000-2005), Elina Brotherus explorou a relação da fotografia com a história de arte e inspirou-se na iconografia da pintura clássica. Como conteúdo dos seus trabalhos seguintes, Model Studies (2002-2008) e Artist and Her Model (2005-2011), continuou a explorar a figura humana integrada numa paisagem, e o olhar de um artista sobre o seu/sua modelo. Presentemente trabalha em duas séries, 12 Ans Après e Annonciation, nas quais regressa à abordagem autobiográfica, embora de forma mais distanciada do que na sua juventude. Elina Brotherus vive e trabalha na Finlândia e em França. Tem o grau de Master of Arts em Fotografia pela University of Art and Design Helsinki (2000) e um Master of Sience em Química pela University of Helsinki (1997). Já teve muitas exposições individuais e em grupo desde 1997, e publicou quatro monografias, incluindo mais recentemente, Artist and Her Model, por Le caillou bleu, Bruxelas, em 2012. EMER GILLESPIE Emer Gillespie, nascida em 1980, em Cork, é uma artista Irlandesa, presentemente radicada em Brighton, Reino Unido. Com um Master of Arts em Fotografia pelo London College in Communication, em 2009, apresenta trabalhos de cariz pessoal, analisando situações à volta do tema da maternidade, estruturas familiares alternativas bem como sobre os papéis desempenhados pelo sujeito e o fotógrafo em colaborações criativas. O seu trabalho já tem sido exposto tanto nacional como internacionalmente, por exemplo Family Narratives, RUA RED gallery Dublin,FFWE, Photographers Gallery, Londres, Altered States, Foley Gallery, Nova Iorque, Shifting Perspectives, OXO tower, Southbank, Londres e mais recentemente, The Space Between no V&A Museum of Childhood, Londres. Gillespie é atualmente professora universitária de Fotografia, no Reino Unido. G E R O G E S PAC H ECO Georges Pacheco vive entre Le Mans e Arles. Diplomado pela École Nationale Supérieure de la Photographie d’Arles em 2012, bem como em Psicologia da Arte pela Université Paris X, dedica-se há vários anos a examinar em profundidade a condição humana. Adaptando as suas abordagens e dispositivos às diferentes problemáticas que trata, procura compreender os processos de representação através da fotografia de retrato e de lançar um olhar comprometido sobre o género humano. A sua implicação e a proximidade que cria com as pessoas que fotografa ou a quem pede que façam um autorretrato, são também necessidades suas de pôr à prova e questionar o outro. Georges Pacheco expôs, entre outros, na Galerie du Château-d’Eau em Toulouse e no Centro Português de Fotografia em 2007, no Festival Mai-Photographies de Quimper em 2008, no Centre d’Art Contemporain Stimultania de Strasbourg em 2009 e na Galerie IMMIX em Paris em 2011. O seu trabalho foi igualmente projetado no âmbito do Festival Voies Off à Arles em 2008, no Festival ImageSingulière em Sète em 2009, e nas Journées Photographiques de Bienne em 2012, na qualidade de finalista do Rado Star Prize. A sua série Amalthée fez parte da seleção internacional do Festival Voies Off em Arles em 2012. Uma das imagens da série está exposta na National Portrait Gallery de Londres como finalista do Taylor Wessing Photographic Portrait Prize e recebeu, em 2012, o 2º Prémio de Photographies de l’Année, na categoria de Retrato. Foi atribuído ao seu trabalho o Prémio Voies Off em Arles em 2007 e fez parte dos 16 finalistas do Prémio de Fotografia da Académie des Beaux Arts em 2009. IUNA VIEIRA Iuna Vieira nasceu em 1994 e cresceu em Viena de Áustria. Frequenta a Vienna’s School of Media - Departmento de Fotografia, desde 2008. Estuda diversas áreas ligadas à fotografia tais como design de média, filmagem, multimédia, marketing, tecnologia de média, elaboração de photobooks e história visual. Após a sua visita ao “Lumix – Festival for Young Photojournalism” em 2010, tem-se dedicado à fotografia de documentário social e começou a trabalhar em projetos de curto e longo prazo. Desde 2011 tem vindo a organizar e implementar o projeto de um livro sobre a juventude Israelita e Palestiniana no âmbito do conflito do Médio Oriente, com o qual ganhou vários concursos. Para além do desenvolvimento de projetos e do trabalho escolar, tem feito estágios, tem tido várias ocupações e trabalhado como fotógrafa para ONGs e organizações. Participou igualmente em revisões de portfolios, festivais internacionais de fotografia, expôs o seu trabalho em exposições de grupo em Viena e fez diversas viagens à América do Sul, ao Médio Oriente e à Europa, para desenvolver os seus projetos fotográficos. JAKUB KARWOWSKI Jakub Karwowski nasceu em Cracóvia, Polónia, em 1985. Estudou Musicologia na Universidade Jagiellonian e Fotografia na Escola de Cinema, em Lodz. Dentro da tradição de fotografia de família, concentra o seu trabalho nas emoções e na observação da realidade pessoal. Tem vindo a fotografar a sua própria família desde 2008, produzindo capítulos seguidos do seu “ álbum de família “, os quais, como projetos separados e individuais, revelam o seu fascínio pelas filmagens, pintura e música estética. Recorrendo a elementos visuais de outras disciplinas, cria a sua narrativa fotográfica particular em projetos como: ‘Summersweed’, ‘Vanila Sky’, ‘Private Maps’, ‘Sentimental Fiction’ e ‘Rysa’. Vive com a família em Cracóvia, onde trabalha nas seguintes áreas: fotografia, cinema, música e design. J A N A R O M A N OVA Jana Romanova nasceu em 1984, na Rússia. Formou-se em jornalismo na universidade de Saint-Petersburg State. Os seus projetos documentais de longo prazo, foram selecionados para bastantes exposições em todo o mundo. Em 2011-2012 os seus trabalhos foram incluídos na Backlight Festival exposition (Finlândia), Encuentros Abiertos (Argentina) e Fotovisa Krasnodar (Rússia). Recebeu diversos prémios e menções honrosas em muitos países, como por exemplo: PDN Photo Annual (EUA) em2011 e Photography Book Now por Blurb 2011 na categoria de documental. É representada pela Anzenberger Gallery (Áustria) e LookOut Gallery (Polónia). Em 2011 passou a ser professora de fotografia documental na Faculty of Photojournalists in Saint-Petersburg e em 2013 iniciou um curso próprio de livros sobre fotografia, na Fotodepartament Foundation. JI HYUN KWON Ji Hyun Kwon nasceu em Seul. Formou-se em Direito pela Universidade de Hongik na Coreia do Sul. Completou depois a sua licenciatura em Fotografia pela Universidade de Chungang. Foi viver para a Alemanha em 2010 onde tem trabalhado como artista, e terminou o seu Mestrado em Belas Artes, especialização em Arte Multimédia e Design na Universidade de Bauhaus em Weimar. Foi vencedora na revisão de Portfolios em Bratislava durante o Mês da Fotografia, em 2009, e ganhou igualmente a Foto Bienal de Daegu, em 2012. Já fez muitas exposições individuais e coletivas não só na Europa 156
como na Coreia e foi destacada como jovem artista emergente em bienais de arte e festivais, incluindo a apresentação de fotografia DIY no Cleveland Museum of Art (EUA), na Foto Bienal de Daegu (Coreia), na Foto Bienal de Singapura (Singapura), e no Mês da Fotografia (Eslováquia). J O Ã O M OTA DA C O S TA João Mota da Costa nasceu em 1954, É Médico especialista em cirurgia plástica e reconstrutiva, dedicado à área de cirurgia da mão Coordenador da unidade de cirurgia do punho e mão do Centro de Ortopedia e Traumatologia do Hospital CUF Descobertas. Começou a fotografar aos 13 anos. Autodidata, desenvolveu a sua cultura fotográfica através de exposições e livros de grandes mestres da fotografia ( salientando, entre outros, Antoine D’Agata, Helmut Newton, JH Engstrom, Jeanloup Sieff, José Manuel Ballester, Jorge Molder , Miroslav Ticky, Paulo Nozolino, Raymond Meeks). Entre 1984 e 1993 ganhou alguns prémios de fotografia, participou em númerosas exposições colectivas e viu trabalhos seus incluidos em diversas publicações. Nos ultimos anos decidiu produzir trabalho de autor de uma forma intensa e optou, desde Outubro de 2010, por estudar fotografia no Atelier de Lisboa onde frequentou cursos técnicos, teóricos e de Projecto com os professores Bruno Pelletier Sequeira, Bruno Santos, José Carlos Duarte, José Pedro Cortes e Paulo Catrica. Realizou em 2010 a primeira exposição individual “abstrações” na Galeria Arthobler e depois na Galeria Novo Ciclo Acer em Tondela. Em 2011 venceu o 1º Prémio do concurso “Como Vejo o Meu Hospital”, organizado pelo Hospital CUF Descobertas, com o livro “ Com uma máquina fotográfica descartável escondida na bata”. Participou em 2012 na primeira sessão de Leitura de Portfólios no laboratório de fotografia CDAP (Carpe Diem) e Leitura de Portfólios nos Encontros da Imagem de Braga 2012. Exposição Final do Curso de Projecto: 4projectos #44semanas #88horas 16 a 29 Março de 2013 – Museu da Cidade - Pavilhão Preto. J O N AT H A N TO R G OV N I K Jonathan Torgovnik graduated from the School of Visual Arts in New York, where he studied Photography and Art. His photographs have been published in International publications including Time, Newsweek, The Sunday Times Magazine, The New Yorker, Aperture, Stern, and GEO. Torgovnik is the author of two books: Bollywood Dreams (Phaidon), and Intended Consequences (Aperture). His photographs have been included in solo and group exhibitions around the world and are in the permanent collections of museums and institutions such as The Museum of Fine Arts, Houston, and the Bibliotheque National De France, Paris. He has received honors and awards such as the prix découverte d’arles at the Rencontres d’Arles festival, the National Portrait Gallery Portrait Prize, the Open Society Institute Distribution Grant, Getty Images Grant for Editorial Photography, the DuPont Journalism Award, and a World Press Photo award. Torgovnik is the co-founder of Foundation Rwanda an NGO that supports education for children born of rapes during the Rwandan genocide, and is on the faculty of the International Center of Photography School in New York. Jonathan is also the co-founder of Foundation Rwanda, an NGO that supports secondary school education for children born of rape during the Rwandan genocide. (www. foundationrwanda.org). JORGE MIGUEL Jorge Miguel Gonçalves nasceu em 1985 na cidade de Lisboa, Portugal, onde vive e trabalha. Em 2011 finalizou a Pós-Graduação em projecto e arte contemporânea no Atelier de Lisboa, ano em que foi docente de fotografia na EPAD, Escola Profissional de Artes, Tecnologias e Desporto, em Lisboa. Em 2012 licenciou-se em fotografia pela Escola Superior de Tecnologia de Tomar. Foi um dos artistas seleccionados nos Encontros da imagem de Braga em 2011. LAURA STEVENS Laura Stevens é uma fotógrafa inglesa radicada em Paris. Tem um BA em Arte e Design e um MA em Fotografia pela universidade de Brighton. Recorrendo à fotografia como meio para refletir sobre sentimentos pessoais e circunstâncias, os seus retratos narrativos falam de intimidade, relações e solidão. O seu trabalho foi incluído em exposições no Singapore International Photography Festival, no Latvian Museum of Photography, no Centre for Fine Art Photography, no Arles Photography Open Salon e no FOTO8 Summershow. Stevens foi considerada como uma das fotógrafas emergentes no 2012 Magenta Foundation’s Flash Forward Emerging Photographers, recebeu uma medalha de ouro no Px3 Prix da Photographie Paris e uma menção honrosa nos Lens Culture Exposure Awards. Para além da sua dedicação a projetos pessoais de longo prazo, contribui regularmente para a imprensa, em publicações como The Times Magazine, The Saturday Telegraph e o Metropolitan Magazine. É igualmente fotógrafa de projetos de longa duração para ONGs. LUCIA HERRERO Lúcia Herrero (Madrid, 1976) estudou Arquitetura na Universidade Politécnica de Madrid, Fotografia na CEV (Madrid), FOTOGRAM (Amsterdam), IEFC (Barcelona), e Teatro Físico (tendo Jacques Lecoq como técnico) - em Barcelona. O estudo destas três áreas artísticas bem como as suas viagens pelo mundo, fizeram de Lucía a artista que hoje é. Lucía é uma fotógrafa emergente cujo trabalho obteve muitos prémios internacionais e o seu estilo de fotografia documental/artística interessou curadores e editores de todo o mundo, os quais exibiram as suas fotografias internacionalmente. Ao longo dos dois últimos anos, desenvolveu uma abordagem à fotografia documental à qual chamou Antropología Fantástica. É uma mistura de ciência social com intervenção artística. Retrata pessoas e culturas, com elementos tanto dramáticos como fantásticos. Os retratados são sempre pessoas reais, nunca atores. Trata-se de um evento fotográfico em que os sujeitos se auto interpretam e no qual Lucía os dispõe nos espaços, como se de notas numa pauta se tratasse. Em cada um destes ensaios é feita uma análise social, mas também uma pesquisa teórica e uma reflexão sobre a linguagem visual e as diferentes abordagens que podem fazer-se a este tema. Os seus quatro mais recentes projetos são: “Tribes”, “Species”, “Equation”, “PORC no GRAPHIC” e “Reindeer-Man”. M AT I A S C O S TA Matías Costa nasceu em Buenos Aires, 1973, e está radicado em Madrid. Recorrendo a imagens estranhas, o trabalho de Matías Costa explora os temas memória e migrações. Com formação em jornalismo, trabalha como fotógrafo produzindo séries de longo termo e é colaborador de: New York Times, Geo, El País Semanal e outros media. Exposições: Photoespaña, Visa pour L´Image, Instituto Cervantes e diversos locais em Espanha, França, Alemanha, Rússia, México, China e Estados Unidos. O seu trabalho faz parte das coleções do Moscow Photography Museum, Comunidad de Madrid, Hubei Museum of Art, Museo de América, e de coleções privadas. Subvenções e prémios: World Press Photo, Descubrimientos PhotoEspaña, Fondation Hachette, Unicef Photo Award, Fundación La Caixa e nomeação para o Prix Pictet. Livros: The Family Project (Bokeh, 2012) e Matías Costa (Photobolsillo, 157
La Fábrica, 2011). Fundador do coletivo NOPHOTO, no qual se manteve até 2012, é representado por Panos Pictures, Londres. MIREILLE LOUP Mireille Loup nasceu na Suíça, em 1969. Vive e trabalha em Arles, França. É fotógrafa, videógrafa e escritora. Está representada em galerias desde 1991 em França e no estrangeiro. Diplomada pela École Nationale Supérieure de la Photographie, vê as suas obras publicadas a partir de 1999. Desde instalações visuais e sonoras, a ficções na Internet e aplicações iPad, a arte de Mireille Loup serve formas discursivas e estéticas que estabelecem uma comunicação transversal. As suas obras são expostas em centros de arte, festivais (Les Rencontres d’Arles 2005 e 2012), bem como em museus como o MAC de São Paulo (Brasil), o museu Malraux (França), o MAMAC de Liège (Bélgica) e o Centre National des Arts, em Ottawa (Canadá). Está presente em numerosas coleções públicas e privadas, entre as quais o National Fund for Contemporary Art e a Metropolitan Museum of Art Library. É representada pelas Galerias Pobeda em Moscovo, Brandt em Amsterdam e Dear Sir Agency em Portugal. Mireille Loup ensina história da fotografia no Master 2 na universidade de Montpellier III e Estética da imagem, na universidade de Arles Provence, departamento de Imagem Digital. Intervém também na VAE (validação das aquisições de experiência) da École Nationale Supérieure de la Photographie em Arles e dinamiza workshops nas diferentes Escolas Superiores de Belas Artes. Ligada aos problemas da infância, promove regularmente workshops de arte com crianças e adolescentes, particularmente pertencentes ao ensino integrado (CLIS) e em pedopsiquiatria. MYRIAM MELONI Myriam Meloni, nascida em 1980 em Cagliari é uma fotógrafa italiana atualmente radicada em Barcelona, Espanha. Com formação inicial em Direito pela Universidade de Bolonha e especializada em criminologia e execução penal na Universidade Autónoma de Barcelona, a sua aproximação à fotografia faz-se através de um curso de três anos no Instituto Fotográfico da Catalunha. Depois da sua mudança para a Argentina, especializa-se em fotojornalismo e documentário, colaborando com jornais nacionais e ONGs internacionais.O seu trabalho tem incidido sobretudo em questões sociais contemporâneas, numa abordagem intimista, recorrendo ao dia a dia da nossa sociedade para discutir temas mais gerais. O seu primeiro trabalho documental, “Fragile”, sobre consumo de crack entre adolescentes argentinos, foi reconhecido pela República da Argentina como património cultural. Em 2010 recebeu o prémio de melhor portfolio na 4ª Bienal de Fotografia Documental de Tucumán e foi selecionado para a secção de revisão de Portfolios Transatlânticos da Fotoespaña, em Manágua. Em 2011 candidata-se à Joop Swart Masterclass na World Press Photo. Em 2013 o seu trabalho arrecada os prémios Sony na categoria de Artes & Cultura, e Poy latinoamerica na categoria de “fiestas y religión”. Tem sido destacada em numerosas publicações e os seus trabalhos expostos internacionalmente: Forma Gallery, Milão; Instituto Cervantes, Madrid e São Paulo; Officine Fotografiche, Roma; Contemporary Art Museum, Tucuman; Palais des Glaces, Buenos Aires; CfD, Montevideu. Atualmente trabalha como fotojornalista freelance e como colaboradora em vários media, nacionais e internacionais. N E L S O N D ’A I R E S Vila do Conde, 1975. Formado na área da construção civil como técnico de obras, abandona a actividade no final de 2005. Em 2006 estabelece-se como fotógrafo independente dedicando-se à fotografia documental, cumprindo assim o desejo de se dedicar a tempo inteiro à pesquisa e ao desenvolvimento da Fotografia que começou a aprender no ano de 2002 como autodidacta. Nesse ano vence o prémio Novo Talento Fotografia FNAC com a série “Contra-Fogo” (2005) e também é convidado a ser membro do colectivo Kameraphoto, onde se mantém actualmente a desenvolver trabalhos colectivos (exposições e livros) tais como “DR - Um Diário da República” do colectivo [kameraphoto] iniciado em 2010, ano do centenário da proclamação da República Portuguesa e que pretende ajudar à construção de uma memória colectiva sobre o período 2010-2020. O seu trabalho ao longo dos últimos anos tem vindo a ser premiado nos principais concursos de fotojornalismo português e em 2011 foi premiado com o Prémio Internacional de Fotojornalismo Estação Imagem/Mora, o maior galardão de fotojornalismo actualmente atribuído em Portugal, com a reportagem “Leandro”. Em 2012 venceu a Bolsa Estação Imagem Mora para desenvolver o projecto “Álbum de Família”, ideia desenvolvida a partir do livro de fotografias António Gonçalves Pedro, Fotógrafo de Mora. NIGEL DICKINSON Nigel Dickinson, um fotógrafo documental Britânico, fotojornalista e cineasta, interessa-se particularmente pelo ambiente, comunidades marginalizadas, desenvolvimento sustentável, identidade e cultura. Após ter-se formado em Sheffield, Reino Unido, a primeira exposição de Dickinson foi na Camerawork Gallery, Londres, em 1983. Fotografou através da África do sul no mesmo ano, e em seguida a Grande Greve dos Mineiros, em 1984/85. Posteriormente começou a trabalhar como freelance para os média, no Reino Unido e no estrangeiro. No final dos anos 80, documentou os direitos à terra dos indígenas e a deflorestação em Bornéu. No início dos anos 90, registou o “UK Road Protest Movement”, passou vários anos na America Central e nos Balcãs, e começou o seu projeto de vinte anos “Roma beyond Borders” que está presentemente a ser editado como livro de autor. Em 2003, o trabalho de dez anos, Sara. A peregrinação dos ciganos, foi publicada na mesma edição, Actes Sud. Em 2012, Dickinson voltou a Bornéu para revisitar os povos nativos que fotografara vinte anos antes, documentando-os em vídeo, fotografia e multimédia. Atualmente desenvolve vários projetos documentais em vídeo para televisão. Tem artigos publicados em: National Geographic, Stern, Figaro, Vogue Homme, Marie Claire. O seu trabalho foi exibido na Bienalle de Veneza, Visa Pour l’Image, Arles Rencontres, Moving Walls série documental em Nova Iorque, Rivington Place, Londres, Kolga Tbilisi Photo, Triennale na Dinamarca e Photo Lucida. Missões de editoriais e ONGs ao longo de três décadas, levaram Dickinson a atravessar as Américas, África, Ásia, e a Europa de Leste, cobrindo uma vasta gama de temas, incluindo refugiados, alterações climáticas, desastres ambientais, guerra, a indústria de carne, MEAT, e a Sharia Islâmica. Dickinson vive e trabalha entre Paris, Londres e o resto do mundo. Prémios: “Mad Cows”, prémio World Press 1997; “Roma Beyond Borders” 2º classificado do prémio Eugene Smith 2000; “MEAT”, finalista do prémio European Publishers 2006; “Cambodia” prémio Feature, UK Press Photographers Year 2008; “Smokey Mountain”, Prémio Critical Mass 2011, Exposição Individual. N I TA V E R A Nita Vera nasceu em 1986, em Helsínquia. É uma fotógrafa meio Finlandesa e meio Chilena. Depois de ter terminado o ensino secundário superior na escola de Artes Visuais de Helsínkia, estudou belas artes na Academia de Pekka Halonen e no Muurla Institute, na Finlândia experimentando diversos materiais e técnicas. Presentemente está a estudar fotografia na Royal Academy of Art, em Haia. Recorre a fotografia encenada para explorar relações entre pessoas e a feminilidade na nossa sociedade. O seu trabalho investiga as formas como se espera que as mulheres se comportem em sociedade,
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bem como os seus sentimentos íntimos. Recentemente, a sua série Space and Relation Between foi publicada no Nordic Now! Contemporary Photography, Musta Taide e ganhou o primeiro prémio no concurso de posters (Un)limited com o qual se celebrou o centésimo aniversário do Peace Palace, em Haia. SEBASTIÁN LISTE Sebastian Liste nasceu em Espanha, em 1985. É sociólogo e fotógrafo e presentemente trabalha em diversos aspetos da vida contemporânea na América Latina e zona do mar Mediterrâneo, regiões onde cresceu e que conhece bem. Empenha-se em desenvolver projetos de longo curso em que engloba os seus conhecimentos de sociologia e as suas competências visuais, no sentido de explorar histórias pessoais e íntimas. Os seus trabalhos oscilam entre documentar a luta pelo dia a dia de comunidades e a da sua própria família. Em 2010, quando frequentava a universidade, obteve a bolsa Ian Parry no Reino Unido e foi considerado Young Editorial Photographer of the Year nos Lucie Awards de Nova Iorque pelo seu projeto de longo prazo “Urban Quilombo”. Desde então, o seu trabalho tem sido mundialmente publicado, exposto e reconhecido. Em 2011 participou na 18ª World Press Photo Joop Swart Masterclass, em Amterdam. Em 2012 Sebastian recebeu uma bolsa da Magnum Foundation e uma bolsa Getty da Editorial Photography para continuar a desenvolver os seus projetos. Sebastian Liste está representado na Reportage em Getty Images. SHARON BOOTHROYD Sharon Boothroyd está radicada em Londres e faz fotografia artística. Foram-lhe já atribuídos prémios de prestígio na Europa, Canadá e América, incluindo o International Photography Awards em Nova Iorque, Flash Forward em Toronto, o da Royal Photographic Society e foi nomeada para os Sony World Photography Awards, em 2011. O seu trabalho consta de publicações sobre fotografia, tais como The Lucie Awards e o Royal Photographic Society Journal. Foi exposto internacionalmente em Nova Iorque, Canadá, Dublin, Zurique e Londres, e está representada em coleções privadas. Sharon foi editora fundadora do photoblog Photoparley, cujo objetivo é interagir com fotógrafos contemporâneos inovadores, sob a forma de entrevistas. É tutor de fotografia no Open College of the Arts e é atualmente artista residente na Universidade de Artes Criativas, Farnham. Sharon completou o MA em Photographic Studies pela Westminster University em 2011, e obteve o first class BA (Hons) em Contemporary Photographic Practice, na Northumbria University SUSAN BARNETT Quando George Harrison chegou a Nova Iorque para a visita histórica dos Beatles, trazia consigo uma Pentax Spotmatic ao descer as escadas do avião. Nessa altura eu tinha 15 anos, e, pouco depois, comprei o mesmo modelo da Pentax e comecei a fotografar a minha vida de todos os dias, tal como se me afigurava. Mais tarde tive a sorte de me ter sido oferecida uma Leicaflex SL2 com 40 anos, que tinha sido do meu pai, e que ainda hoje uso. Após um estágio nos Cloisters, o ramo Medieval do Metropolitan Museum of Art, tive a sorte de conseguir um lugar nas Perls Galleries em Madison Avenue, que se especializaram na School of Paris, the Fauves e tornaram Alexander Calder popular. Trabalhei lá durante doze anos, como Diretora Associada. Ainda hoje continuo a minha associação com Calder e the Perls. Mesmo ao lado da Perls Galleries ficava a Light Gallery, uma das primeiras galerias a expor Fotografia Contemporânea. Foi aí que tive o primeiro contacto com os trabalhos de Steven Shore, Aaron Siskind e Lee Friedlander. O mundo da arte dos anos 70 em Nova Iorque, deu-me a oportunidade de explorar a arte de então, mas, devido à vizinhança com todos os Museus e galerias bem como leiloeiros, consegui fazer a minha auto formação em pensamento visual, enquanto lidava com o trabalho dos Mestres. Continuei a fotografar até que voltei a usar outra vez a minha câmara a tempo inteiro. Fiz exposições individuais no Griffin Museum of Photography, Center for Fine Art Photography, DeSantos Gallery e, em outubro, no Detroit Center for Contemporary Photography. “Not In Your Face” recebeu recentemente os prémios PhotoLucida Critical Mass Top 50 e PDN Annual 2013. As imagens encontram-se em Clampart, Nova Iorque. TITO MOURAZ Tito Mouraz nasceu em 1977 em Canas de Senhorim, Portugal. Terminou o curso de Artes Visuais e Fotografia na Escola Superior Artística do Porto em 2010, sendo a cidade onde vive e trabalha actualmente. Exibe regularmente desde 2009 em Portugal e no estrangeiro, sendo as mais relevantes nos Encontros da Imagem de Braga (2010), na Módulo - Centro Difusor de Arte (2011e 2013) e Museu da Imagem, Braga (2013). É representado pelo Módulo - Centro Difusor de Arte, Lisbon (Portugal). His work is present in the BES Art public collection and in some private collections. VIKTORIA SOROCHINSKI Viktoria Sorochinski deixou a URSS aos 11 anos, com os seus pais. Depois de ter vivido em Israel, continuou os estudos de Belas Artes em Montreal e seguidamente em Nova Iorque, onde obteve o Masters of Fine Arts, em 2008. Desde 2004, tem participado em várias exposições individuais e coletivas bem como em Festivais internacionais de fotografia no Canadá, EU, França, Itália, Rússia, Ucrânia, Geórgia, China e Argentina. O seu trabalho é reconhecido por diversos importantes concursos de fotografia e atribuição de prémios, entre os quais Lucie Award (Discovery of the Year), Lens Culture Exposure Award, Magenta Flash Forward, PDN Photo Annual, J.M.Cameron Award, Voies Off Arles Award, ONWARD, Review Santa Fe, Descubrimientos PHE, BluePrint Fellowship, e Encuentros Abiertos. As suas fotografias estão publicadas em revistas tais como :EYEMAZING (Holanda), New York Times, PDN (EUA), British Journal of Photography(Reino Unido), Geo (Itália), Gente di Fotografia (Itália), GUP (Holanda), Vision (China), Images Magazine(França), Le Monde (França), Le Temps Magazine(França), Declic Photo(França), AZART Photo(França), La Lettre(França), Connaissance des Arts(França), POSI+TIVE(França), TELERAMA(França), Monthly Photography (Coreia), Companion Photographer (China), BLINK Magazine(Coreia), THE PHOTO/ARTVAS(Coreia), Newcity Art Review(EUA), Planeando Sobre BUE (Argentina),e diversas revistas na Internet e portais em todo o mundo. Z U Z A N A H A L A N OVA Zuzana Halanova terminou os seus estudos em belas artes em 2003, com um MA, em Bratislava. Presentemente estuda no Instituto de Fotografia Criativa, na Silesian University, em Opava, República Checa. Trabalha como jornalista e fotógrafa freelance, e interessa-se sobretudo pela fotografia documental. Os seus trabalhos foram expostos na Eslováquia, República Checa, Portugal e França.
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