Adaptação e Valorização Patrimonial

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Adaptação &

Valorização Patrimonial Monumento Nacional

ruínas engenho

são jorge dos erasmos

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O Engenho dos Erasmos

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expedição de Martim Afonso de Souza e a fundação da Vila de São Vicente, em 1532, marcam o início da manufatura açucareira de larga escala no Brasil. A construção deste e de outros engenhos de açúcar na região testemunham esse propósito. Em sociedade com comerciantes portugueses e flamengos, Martim Afonso, então Governador da Capitania de São Vicente, mandou construir um engenho, inicialmente conhecido como Engenho do Governador ou Engenho do Trato. Em 1540, foi vendido a Erasmo Schetz, que distribuía seus produtos por toda a Europa e tinha ligações de caráter comercial com italianos, holandeses, franceses, portugueses e alemães. O período de apogeu do Engenho foi sob a direção da família Schetz. Católicos e ligados aos jesuítas, os Schetz ergueram uma capela dedicada a São Jorge. O Engenho passou a ser conhecido como “dos Erasmos” ou “São Jorge dos Erasmos”. Vários fatores contribuíram para a decadência do Engenho, vendido em 1620: a concorrência do açúcar do Nordeste, ataques piratas, desinteresse comercial dos Schetz. Em menor escala, continuou produzindo açúcar para exportação, além de rapadura e aguardente para consumo interno. O Engenho provavelmente funcionou folder_bndes.indd 2

até o século XVIII. Para a produção de açúcar e derivados, além da fábrica propriamente dita, o Engenho comportava unidades administrativas e residenciais, inclusive dependências de escravos (senzalas). A documentação escrita revela que o engenho se compunha de “[...] uma casa muito grande com seis lanços, uma senzala com uma ferraria provida de baluartes e ainda duas casas cobertas de telhas, muito boas e fortes [...] todas estas casas se erguem numa altura e todas juntas e próximas de maneira que nenhuma fazenda seja tão forte para os contrários”.

Capitania de São Vicente, João Teixeira Albernaz (1631)

Existem divergências em relação à data em que o Engenho São Jorge dos Erasmos foi construído. Historiadores como Maria Regina da Cunha Rodrigues e Pedro Taques de A. Paes Leme apontam o antigo Engenho do Governador como sendo o primeiro da Capitania de São Vicente (1533); Francisco Martins dos Santos afirma que foi o segundo (1534-35); e Basílio de Magalhães e Paul Meurs acreditam que o Engenho dos Erasmos foi o terceiro empreendimento desse tipo a ser construído na região.

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Roda d’água, moenda e a produção do açúcar: hipótese da utilização dos espaços do Engenho São Jorge dos Erasmos no século XVI folder_bndes.indd 3

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O Monumento Nacional

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epois de uma sucessão de proprietários e um longo período de esquecimento, na década de 1950, sua importância como documento/monumento histórico, arquitetônico e tecnológico passou a ser reconhecida. Os terrenos com as ruínas foram adquiridos por Otávio Ribeiro de Araújo, que loteou a propriedade e doou o Engenho São Jorge dos Erasmos à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, no ano de 1958. No mesmo ano, Luís Saia, chefe do 4º Distrito da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão federal, relatou ao presidente da Comissão Especial do Engenho São Jorge dos Erasmos ter realizado prospecção na área e definido o partido arquitetônico como de “modelo açoriano, tipo real e movido à água”. Acentuou que “diante da originalidade histórica dessas Ruínas, projetos que incentivem a preservação deste bem cultural se relevam não só pela necessidade premente de sua salvaguarda, mas, sobretudo, devido à possibilidade de se reconstituir a identidade de parte significativa do início de nossa história enquanto povo brasileiro”. A intervenção Saia deu início ao processo de tombamento do Engenho, concluído em

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1963, como Monumento Nacional (Iphan – Instituto de Preservação Histórico, Artístico Nacional, volume I, folha 59, inscrição 360). As Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos foram tombadas pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo em 1974, e em 1990 pelo Condepasa – Conselho de Defesa do Patrimônio de Santos. A política de visitação desse Monumento Nacional tem por objeto a relação do mesmo com a comunidade, buscando a identificação e valorização do patrimônio pelos visitantes. Atualmente o bem recebe, por ano, cerca de dez mil visitantes.

Engenho dos Erasmos em 1980. Foto de Antonio Luiz Dias Andrade - Acervo IPHAN-SP

Até a década de 1990, as ruínas eram conhecidas pela população como um lugar inacessível. Os projetos educativos realizados nos últimos anos levaram à mudança de olhar dessa população, que passou a ver o local como um espaço continuamente aberto. As Ruínas tiveram importante papel na revalorização da região onde estão localizadas. Os programas educacionais e culturais, oficinas e atividades especiais, promovidos pelo órgão, vêm colaborando para que o morador da região se sinta mais bem assistido culturalmente. 27/03/14 12:29


A Base Avançada de Cultura e Extensão

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Base Avançada de Cultura e Extensão da USP, junto ao Monumento Nacional Ruínas São Jorge dos Erasmos (RESJE), foi construída entre 2005 e 2009 para apoiar as atividades do órgão, no desenvolvimento de pesquisas, ações educativas e artísticas, segundo o projeto do Prof. Dr. Júlio Roberto Katinsky, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, com auditório, espaço expositivo, sala de múltiplo uso, ateliê, sala de seminários, administração e copa. O Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos encontra-se aberto, com projetos especiais voltados a públicos distintos, a partir de um plano estratégico - a Plataforma Sophia - idealizado pela Profa. Dra. Maria Cecília França Lourenço, que propõe abordagens interdisciplinares, congregando distintas áreas do conhecimento. O setor educativo do Monumento Nacional RESJE desenvolve concomitantemente vários programas educacionais: VouVolto e I-Papo - Imaginário e práticas aproximativas do patrimônio (para o Ensino Fundamental); Laboratório de Memórias, Território e Transformações (para o público adulto) e

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Projeto VouVolto

Oficina de Sementes - 2013

Oficina de Desenho - 2010

Roda de Leitura - 2012

Diálogos Interculturais - 2012

Base Avançada de Cultura e Extensão Universitária

Portas Abertas (para o público espontâneo); Engrenagens e Eleja (em fase de aprimoramento), o primeiro para o público de escolas técnicas e o segundo para o de Ensino de Jovens e Adultos; “Se Essa Rua Fosse Minha” – adequação da rua Alan Ciber Pinto; “Conheça Santos: Zona Noroeste”; “RESJE vai ao SESC”; “Biodiversidade: a escola e seu entorno”; “Educomunicação: o Monumento Nacional vira notícia”, para o Ensino Fundamental que participa do Programa Escola em Tempo Integral da rede municipal de Santos; “Mapas Afetivos”, que utiliza cartografia histórica da Ilha de São Vicente; Museu do Morador/ Centro de Memórias da Zona Noroeste; Curso EaD - (semipresencial) para professores da rede municipal de São Vicente que utilizará a Plataforma Moodle e está em fase de elaboração.

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O Projeto

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s Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos constituem importante elemento no processo de revitalização urbana e ambiental da Zona Noroeste e compreendem obras de urbanização, arborização, implantação de macro-drenagem, dentre outras benfeitorias. Para além do intenso desenvolvimento econômico previsto para toda a região, em decorrência das descobertas da camada do pré-sal, do incremento acelerado do comércio e do setor de serviços da localidade, a região tem se consolidado como uma das novas fronteiras turísticas da cidade. O Conselho Deliberativo do Monumento Nacional e sua equipe de educadores vêm, nos últimos quatro anos, aprofundando as discussões sobre as novas demandas e necessidades de proteção do espaço, bem como sua utilização mais consciente. Fruto desta discussão é o presente projeto para sua preservação, seu usufruto e valorização patrimonial da região.

Cultura e Extensão já existente. A torre mirante, com Universidade de São Paulo para maior inserção três pavimentos e as passarelas, objetivam interferir o de suas atividades na Baixada Santista, a atração permitirá a ampliação do uso e do horário de visitação mínimo possível na paisagem do bem tombado. Propõem-se também um programa de usufruto artístico do equipamento cultural, incorporando-o ao circuito dos remanescentes arquitetônicos do Engenho São turístico da cidade, que já conta com outras iniciativas Jorge dos Erasmos e do próprio sítio arqueológico apoiadas pelo BNDES: a Casa do Trem Bélico e o que abriga as ruínas quinhentistas, no âmbito de um Museu Pelé, no Casarão Valongo, a ser inaugurado programa cultural e educativo voltado ao público. Um este ano. espetáculo de luz e som (video mapping) será projetado sobre as estruturas das Ruínas, acompanhado de narrativa simultânea. Todo o espetáculo buscará redescobrir a história do lugar e suas transformações ao longo do tempo, em sons e imagens, trazendo ao público a sua contextualização no tempo e no espaço. Original, com produção e roteiro brasileiros e uso de tecnologia de ponta, basear-se-á em referências documentais de História, Arqueologia e Arquitetura e terá como tema essencial a história da economia do açúcar. A exemplo do que ocorre em outros monumentos históricos no mundo, o uso de tecnologia considerada inovadora no país, no âmbito de um programa cultural e educativo voltado ao público, atende aos objetivos estratégicos da USP e do BNDES, que incluem o fortalecimento da economia da cultura e o desenvolvimento de conteúdos e plataformas digitais envolvendo patrimônio histórico.

A preservação do sítio arqueológico e a ampliação do programa de visitas serão potencializadas pela construção de uma torre de observação e de passarelas de acessibilidade que viabilizam, simultaneamente, a retomada das pesquisas e o maior acesso ao público, com menor impacto nas Ruínas. A torre será interligada por passarelas que se integram ao sítio e se conectam a outras, fazendo a ligação com a Base de Como parte do amplo projeto proposto pela

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Dentro de ações educativas que qualificam o espaço e convidam a repensar a utilização do mesmo, a equipe do Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos desenvolverá pesquisa de mapeamento de elementos, no litoral paulista, que indiquem possibilidades de atividades culturais e educativas, com enfoque arqueológico, arquitetônico e histórico, especialmente nos municípios de Praia Grande, São Vicente, Santos, Guarujá e Bertioga. A ação objetiva criar instrumentos de planejamento integrado para a gestão do patrimônio cultural com enfoque territorial. O incremento de atividades educativas, do turismo cultural e do amplo impulso econômico, permitirão a preservação de muitos bens, hoje em propriedades particulares.

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Panorâmica com detalhes significativos do Projeto de Adaptação e Restauro: torre de observação e passarelas de acessibilidade folder_bndes.indd 7

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Universidade de São Paulo

Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social

Prof. Dr. Marco Antonio Zago

Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos Profa. Dra. Vera Lucia Amaral Ferlini

Reitor

Prof. Dr. Vahan Agopyan Vice-Reitor

Luciano Coutinho Presidente

Wagner Bittencourt de Oliveira

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária Profa. Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda

Vice-Presidente

Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo

Pró-Reitor Adjunto

Profa. Dra. Beatriz Pacheco Jordão Vice-Diretora

Prof. André Müller de Mello Prof. Dr. Rodrigo Christofoletti Educadores

Heloisa Stella Veiga Machado Assuntos Administrativos

Pró-Reitora

Prof. Dr. Moacyr Ayres Novaes Filho

Diretora

Prof. Dr. José Roberto Cardoso Diretor Executivo

Rua Alan Cíber Pinto, 96 - Vl. São Jorge - Zona Noroeste Santos - SP tel. 13 3203 3901 ruinasengenho@usp.br - www.usp.br/prc/engenho

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