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Natividade de Nossa Senhora
Caríssimos casais das ENS, falar da natividade de Maria é falar de um acontecimento que passa a ter destaque como um dia de festa, no âmbito eclesial, a partir do século V da Era Cristã. Neste itinerário de fé e devoção é importante informar que a NATIVIDADE dela, enquanto festa litúrgica, está diretamente relacionada com a construção de uma basílica no século V no lugar da piscina de Betesda (Jo 5, 1ss). O porquê da construção neste lugar explica-se pela localização, perto do Templo, da casa de Ana e Joaquim (pais de Nossa Senhora) sustentada pela tradição da Igreja. De fato, hoje esta basílica é dedicada a Santa Ana 1 . Neste sentido, esta devoção é difundida no século VI no Oriente e, a partir do século VII, é introduzida no Ocidente pelo Papa Sérgio I 2 , na cidade de Roma, que a adorna com uma devota procissão, da Igreja de Santo Adriano, no Foro, até a Basílica liberiana, tornando-se muito popular na Idade Média. 3 O Missal Romano é claro quando afirma que esta festa está ligada à vinda do Messias 4 . Para se entender este elo de ligação é importante inserir Nossa Senhora na história da salvação, como, sensatamente, fazem os evangelistas. Portanto, embora seja a festa da natividade de Maria, este acontecimento não é citado diretamente na liturgia. A visibilidade que é dada gira em torno do Filho de Deus. Desta forma, compreende-se Maria como colaboradora na história da salvação porque gera, no seu ventre, e dá à luz aquele que é o único capaz de salvar. Consoante José Carlos Pereira: “Se ela deu à luz aquele que é a luz do mundo, não temos dúvidas de que ela também é uma personagem iluminada”. 5 Para concluir, merece reflexão as palavras proferidas por Pe. Antônio Vieira no Sermão do nascimento da Mãe de Deus:
Perguntai aos enfermos para que nasce esta Celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para a Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para
Nossa Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para
Nossa Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para
Nossa Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para
Nossa Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para
Nossa Senhora da Esperança; os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes: para Senhora da Paz; os desencaminhados: para Senhora da Guia; os cativos: para Senhora do Livramento; os cercados: para Senhora da Vitória...
E se todas estas vozes se unirem em uma só voz (...), dirão que nasce (...) para ser
Maria e Mãe de Jesus. 6 Assim, conclui-se que Nossa Senhora, por ter sido agraciada por Deus conforme o anúncio do Anjo (Lc 1, 28) e fazer parte da economia da salvação, é reconhecida como a grande intercessora junto a Jesus, nosso Senhor. Viva o nascimento de Maria.
Pe. Marcos Aurélio C. Lima SCE Setor Parintins-AM
* 1. Enzo LODI, Os Santos do Calendário Romano, p. 369; 2. José Carlos PEREIRA, Liturgia da Palavra II: reflexões para os domingos, solenidades, festas e memórias, p. 447; 3. Cf.: Enzo LODI, ibid., loc. cit; 4. Cf.:
Missal Romano, p.653; 5. José Carlos PEREIRA, ibid., loc. cit; 6. José Benedito ALVES, Os Santos de cada Dia, p. 508-509.