Maria Servidora

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MARIA, A MULHER QUE SERVE Desde toda a eternidade está presente nos planos do Pai a figura de uma mulher. Uma mulher que aparece como a serva, como a servidora de Deus Pai, de Deus Filho, de Deus Espírito Santo; a servidora da Igreja, desde seu início e ao longo de toda a sua história, a servidora do povo de Deus. Incapaz de conquistar a liberdade trilhando os caminhos que a levam de volta à casa do Pai, a humanidade é socorrida por Deus que, na plenitude dos tempos, envia seu Filho ao mundo fazendo-o homem como nós, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado. Para realizar esse plano, Deus escolhe uma mulher. É por meio de uma mulher que Deus torna realidade seu sonho de nascer entre nós. Essa mulher é Maria, a mulher que serve aos desígnios eternos do Pai. Obediente a esses desígnios, e, mesmo sem nada entender, Maria dá seu sim: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Esposa o Espírito Santo, que nela gera e faz tornar-se homem o Verbo eterno de Deus. Maria serve ao Pai dizendo sim a seu plano; serve ao Filho dando-lhe um corpo humano, e serve ao Espírito Santo deixando-se fecundar por ele. Ao afirmar que Maria é a mulher que sempre esteve nos planos de Deus pode parecer que tudo foi fácil e natural para ela. Esta, porém, não é a verdade. Maria era uma jovem judia, como todas as jovens de sua época prometida em casamento a um jovem, pois a virgindade era tida como uma desonra, a negação da bênção de Deus. Mesmo sendo certo que a graça de Deus estava com ela – “Ave, cheia de graça!” (Lc1,28) - , o que significa que Deus agia nela, ela não foi uma agente passiva nas mãos do Pai no momento do anúncio do anjo. Deus quis contar com o sim de Maria para levar avante seu plano. E o sim de Maria veio firme, resoluto, marcado pela fé daquela jovem. Pois só a fé explica a atitude de Maria diante da mensagem embaraçosa do anjo. Só a fé explica sua prontidão em servir aos planos de Deus. Naquela mesma mensagem, o anjo dá outra notícia a Maria. Esta agora de um fato já acontecido: “Isabel, tua parenta, também ela concebeu um filho em sua velhice, e está no sexto mês aquela que era chamada estéril” (Lc 1,36). E o evangelista registra então que “Maria partiu em viagem, indo às pressas para a região montanhosa, para uma cidade da Judéia” (Lc 1,39). É a necessidade de servir que a faz estar sempre preparada e disposta. Não titubeou: partiu às pressas para ajudar sua prima, pois se Isabel já estava no sexto mês de gravidez não havia tempo a perder, mesmo porque era longa e demorada a viagem. Mais uma vez, em Maira, a fé falou mais alto. Poderia ter duvidado: “Mas como, minha prima já é de idade, é


tida como estéril, como vai agora ter um filho?” – Não! Não duvidou das palavras do anjo, o que não seria tão absurdo. Seis meses atrás, nas mesmas circunstâncias, Zacarias, o marido de sua prima, homem entendido das leis e, como ela, temente a Deus, duvidara. Maria não. Não duvidou, nem foi o anjo quem lhe disse que Isabel precisava de ajuda. Ela naturalmente intuiu a situação e imediatamente quis colocar-se à disposição para servir. Não questionou se era tempo de chuva ou neve, ou se o sol abrasador lhe tornaria penosa e cansativa a viagem. Não. Saiu às pressas em direção às montanhas. Sua prima precisava dela. Elas muito se queriam, mas, devido à distância, certamente raramente se encontravam. Que maravilha então aquele encontro! Tão maravilhoso que fez brotar dos lábios de Maria um poema. Um poema todo entrelaçado de passagens do Antigo Testamento, que Maria foi citando de cor, pois diariamente as lia e meditava em seu coração. E quem provocou esse poema foi exatamente Isabel que, já então “cheia do Espírito Santo” (cf. Lc 1,41), mas perplexa diante de tamanha deferência para com ela, exclama: “Donde me vem a honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?” (Lc 1,43). Já foi dito que Deus escreve mais nas entrelinhas do que nas próprias linhas. É assim nos evangelhos. Quem quer pesquisar nas fontes a vida de Maria pouquíssimas referências históricas encontrará sobre ela. Há, entretanto, um fato que os sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas – deixaram de lado, mas que João conta. Um fato que dá bem a dimensão da prontidão de Maria em servir. Numa festa que costumava durar dias, o número de convivas, ao que parece, foi além dos cálculos dos que a prepararam. E, a certa altura dos acontecimentos, Maria, solícita como era, notou conversas apreensivas entre os que serviam e o mestre-sala. Seu coração de mãe sondou e acabou descobrindo que o motivo da preocupação era por causa do vinho que já estava escasseando. Não pensou duas vezes. Chamou o filho de lado e confidenciou-lhe o que acontecia. E mesmo diante de uma resposta desconcertante de Jesus, ela vai aos serventes e pede-lhes que façam o que ele lhes dissesse. Na ânsia de servir, seu coração lhe segredara que Jesus daria uma solução àquela situação embaraçosa em que se encontravam os noivos. O desfecho da história nós já o conhecemos muito bem. Há teólogos que sustentam que, para atender ao pedido de Maria, Jesus antecipou seus sinais. Aliás, o próprio São João termina a narração desse fato dizendo: “Desse modo iniciou Jesus, em Caná da Galiléia, os seus sinais” (Jo 2,


11). Tudo provocado pela enorme necessidade de servir de que era tomado o coração de Maria. Além desses, há ainda outro episódio que fala bem dessa necessidade de servir que tem a Mãe de Jesus. É nos Atos dos Apóstolos que vamos encontrá-lo. Após a narração da ascensão de Jesus aos céus, Lucas diz que os discípulos entraram na cidade e “subiram para a sala de cima” (At 1,13). Era certamente a mesma sala onde Jesus havia celebrado a última ceia com eles. “Todos perseveravam unânimes na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus” (At 1,14). Elegem Matias para ocupar o lugar de Judas e “Ao chegar o dia de Pentecostes, todos estavam reunidos no mesmo lugar” (At 2,1). É Maria presente e servindo à Igreja no seu nascedouro, num momento crucial para aquele grupo, apavorado com os acontecimentos dos últimos dias, e já sentindo realizarem-se as palavras de Jesus: estavam sendo perseguidos por causa dele. Era um grupo pequeno, ainda tímido diante de uma tarefa que se anunciava grande demais para eles. Uma tarefa que sem dúvida teria fracassado tivessem eles que contar apenas com suas forças. Mas, o Espírito prometido por Jesus pousa sobre cada um deles e “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se expressar” (At 2,4). Estava nascendo a Igreja, e Maria estava presente. E a partir desse momento, nunca mais se pôde separar a vida da Igreja da presença de Maria. Onde quer que se lançassem as sementes da Boa Nova, elas logo começaram a vicejar e a dar frutos, e Maria estava lá. Jamais se escreverá uma página da história desses dois mil anos da Igreja de Cristo, sem que se sinta a mão protetora de Maria a acompanhá-la, guiando-a e amparando-a em todos os momentos. “Todas as gerações proclamarão que sou feliz, porque ele – o Todo-poderoso – olhou para sua humilde serva!” (Lc 1,48). Ou, por outras palavras, a grandeza de Maria está exatamente em ela ser a humilde serva, a humilde servidora do Pai, do Filho e do Espírito Santo, a humilde servidora da humanidade. Maria, a nossa Medianeira, foi escolhida, desde o primeiro momento da vida das Equipes de Nossa Senhora, como Padroeira, a grande Incentivadora dos equipistas, no seguimento do apelo de seu filho, Jesus Cristo: “Vem e segue-me”. Neste mês de outubro, mês dedicado às missões, tenhamos sempre como exemplo, e procuremos sempre imitar as atitudes de Maria. Iraci e Alceu – Equipe 1 – Guaratinguetá (Parte do informativo de Outubro de 2015 – ENS Guaratinguetá)


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