Ensino Magazine Edição nº 211

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setembro 2015 Diretor Fundador João Ruivo Diretor João Carrega Publicação Mensal Ano XVIII K No211 Distribuição Gratuita

www.ensino.eu ensino jovem Autorizado a circular em invólucro fechado de plástico. Autorização nº DE01482012SNC/GSCCS

internacionalização

Ensino Magazine vai à Feira de Madrid C

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politécnico

Investigação em plantas junta Portugal e Brasil C

Mafalda veiga, em entrevista

«Qualquer coisa pode despertar a vontade de escrever» Tece canções ternas e delicadas como poucos. «Planície», «Tatuagem» ou «Cada Lugar Teu» têm um lugar especial no coração dos portugueses. Em entrevista ao Ensino Magazine, Mafalda Veiga explica como casa a música com a palavra. C

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Facebook Oficial H

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Quintino Aires, psicólogo

universidade

Aluno da UBI vence concurso de aeronáutica C

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politécnico

IPLeiria com um milhão para seis projetos C

Vícios privados, virtudes públicas Quintino Aires é um dos psicólogos mais badalados da atualidade, com presença regular na televisão, na rádio e nos jornais. Fala da mente, do sexo, da família e da escola sem papas na língua e com muita pimenta à mistura.

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início do ano letivo

Falta ordenado para os livros escolares C pub

Assinatura anual: 15 euros

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Facebook Oficial H

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Quintino Aires, psicólogo

Vícios privados, virtudes públicas é a realidade em que vivemos 6 Quintino Aires é um dos psicólogos mais badalados da atualidade, com presença regular na televisão, na rádio e nos Publicidade

jornais. Fala da mente, do sexo, da família e da escola sem papas na língua e com muita pimenta à mistura.

«O pessimismo é um luxo dos povos felizes.» A frase é do escritor, José Eduardo Agualusa. Qual é o

estado da nação animicamente? Nunca tive a leitura do pessimismo ou do negati-

vismo no povo português. Porventura, existiu no passado e foi contagiado mais tarde pela cultura do fado, mas não traço um quadro negro dos portugueses nesse âmbito comportamental. Ouvimos diariamente nas rádios músicas com letras a dizer que a culpa é dos outros, não é nossa. E os exemplos não ficam por aqui. Ocupamos o tempo de férias nas praias e nas festas de verão. Creio que é um rótulo dizer que os portugueses são depressivos. Há estudos que apontam precisamente o oposto. Até porque ser pessimista obriga a uma consciência de sair da sociedade e dos outros, que nós portugueses, francamente, não temos. Os indivíduos das sociedades modernas buscam o permanente sonho de ser feliz. Este imperativo da felicidade é castrador? Primeiro teríamos de perguntar o que é isso de felicidade, o que é isso de ser feliz? A felicidade é algo mais elaborado do que o prazer, por exemplo. Precisamente, o que acho que existe é um imperativo de prazer, aliás, funcionamos de acordo com esse princípio. A felicidade é mais dificilmente definível e alcançável? Pode ser definível, mas é mais difícil de ser observável. Está associada a uma realização humana e não vejo os portugueses muito envolvidos em produzir, realizar ou conquistar algo. Entre nós é o imperativo de prazer que tudo domina. É comentador do programa da TVI, «Você na TV», onde é confrontado com uma multiplicidade de casos, com acento tónico no homicídio ou na agressão por motivos fúteis. Estes casos devem-se mais a desequilíbrios psiquiátricos ou à falência de valores

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humanos e respeito pelo outro? Os casos psiquiátricos são raríssimos nestas situações e basta ver os casos de inimputabilidade declarados pelos tribunais portugueses. Aquilo que ressalta particularmente é a imaturidade. O cérebro humano não se constrói apenas com informação genética, só porque o tempo passa. Ele constrói-se na relação com outros géneros. E o que se tem notado é que os cérebros humanos desenvolvem-se cada vez menos no relacionamento interpessoal, na consciência social, etc. Não é por acaso que a cidadania é uma característica que cada vez encontramos menos no dia a dia dos portugueses. Um ser humano imaturo tem tudo para ser um animal selvagem, egoísta, autocentrado e destruidor dos outros elementos da espécie. Falta-nos a biologia para nos comportarmos civilizadamente. A educação informal vai transformando a anatomia do nosso cérebro para ela se adaptar à vivência na cidade. Mas para esse processo ser efetivo isso implica um trabalho intenso de relação dentro de um grupo familiar. Infelizmente, não existe noção da exigência desse desenvolvimento o que faz com que parte da sociedade fique imatura. Discute-se e agride-se por dá cá aquela palha. Os altercados no trânsito são frequentes… Esse é um exemplo do quotidiano. Mas há mais. O caso do indivíduo que não tolera que a mulher o deixe para ir viver com outro e decide matar. O facto de ficarmos mais primitivos em termos cerebrais gera comportamentos que suscitam espanto, porventura porque não conhecíamos suficientemente a biologia hu; mana.


rente da “Casa dos Segredos” - que uma pessoa virgem com 26 anos é um problema de saúde pública e comparou aquela condição à de uma criança com 10 ou 12 anos que não iniciou a atividade escolar. O sexo ainda é um enorme tabu em Portugal?

A presença regular de psicólogos na TV e na rádio desmistificou um pouco o preconceito de dizer que se faz psicoterapia. Acha possível que um dia em Portugal seja chique dizer que se tem um psicólogo da mesma forma que hoje se diz que se tem um personal trainer?

O sexo é um desconhecimento absoluto, é uma espécie de «monstro» que nos mete medo. O sexo está para a sociedade portuguesa, em 2015, como o Adamastor esteve para os navegadores, nos Descobrimentos. Evita-se falar de sexo, o que suscita perversões e promiscuidades tão marcadas. O facto de termos o impulso de procurar o desejo e a curiosidade, mas não podemos e não sabermos falar e aprender sobre, leva a um disparo enorme de promiscuidade e das perversões. É aqui que surgem os abusos, as pedofilias, etc.

Acredito que sim. Se chegar a S. Paulo ou ao Rio de Janeiro isso é normal. Estou em crer que não demorará muito tempo até recorrermos com frequência ao psicólogo de linha de vida como temos um médico de família. Não entendo a sociedade de futuro sem a existência de um psicólogo para cada cidadão. Não quer com isto dizer que vamos adoecer, mas as exigências de desenvolvimento cerebral e da personalidade impõem um acompanhamento maior. Podemos fazer aqui uma analogia com a questão da educação. No século XVIII ou XIX alguns aprendiam alguma coisa. No início do século XX, em Portugal, a escola primária passou a ser para toda a gente. E na atualidade, o 12.º ano é a escolaridade mínima. Porquê? Porque se percebeu que o desenvolvimento do indivíduo e a promoção da cidadania obriga a uma escolarização mais prolongada e alargada. O desenvolvimento psicológico contribui para a construção de um cidadão e obriga a uma estruturação psicológica que é muito improvável sem uma orientação da parte da psicologia clínica. Ou seja, não para tratar, mas para acompanhar o desenvolvimento e todo o ciclo de vida.

Nesta sociedade prevalece o lema «vícios privados, virtudes públicas»? Completamente, pode ter a certeza. 25 anos de profissão e um de estágio a trabalhar nesta atividade permitem-me dizer que essa é a realidade que vivemos hoje: vícios privados, virtudes públicas. Um dia vou escrever um livro sobre experiências curiosíssimas e espantosas partilhadas em consulta e que são, posteriormente, debatidas em reuniões clínicas. E o título «vícios privados, virtudes públicas» assentaria como uma luva. Em outubro cumprem-se 9 anos de existência de «A hora do sexo», na Antena 3, programa da rádio pública que tem merecido inúmeras críticas. Não é um contrassenso uma rádio pública ser criticada por fazer serviço público?

O Estado tem de ser envolvido nesse esforço? Não sabemos se o Estado nos vai conseguir disponibilizar um médico de família ou se serão os cidadãos a pagá-lo através dos seguros privados de saúde. Mas se houver escola pública e saúde pública, certamente vamos incluir psicologia pública.

Olhe, vícios privados, virtudes públicas (risos). O importante é não generalizar. Repare que recebemos milhares de emails agradecendo e reconhecendo o serviço público que prestamos. Infelizmente, vivemos num país com muitos preconceitos, onde emergem de forma acentuada os falsos moralismos.

Preocupa-o o aumento galopante do volume de ansiolíticos e antidepressivos prescritos? Naturalmente, porque não é inócua a toma de todas essas substâncias por rotina. Para além da saúde física ficar em causa, há a dependência e outras consequências pela utilização prolongada de substâncias químicas, muito para além do que os estudos farmacológicos sugerem. São invenções fantásticas da ciência e que dão uma ajuda fascinante, mas utilizadas sob determinados critérios… Admite que haja o dedo dos laboratórios farmacêuticos? Não. Repare que não vê da parte dos laboratórios farmacêuticos grandes campanhas de promoção a ansiolíticos e antidepressivos como fazem para os anti-inflamatórios, analgésicos,etc. Porquê? Porque a população toma estes medicamentos de forma compulsiva. A maioria das pessoas não toma para tratar doenças, mas sim para alívios, como durante anos e anos se usaram e usam ainda o álcool ou as drogas.

Os portugueses são sexualmente bem resolvidos?

Falta um plano de saúde mental coerente e estruturado? Estou em crer que falta um plano de desenvolvimento pessoal através da psicologia. Grande parte destes casos não passa pela doença, mas sim pelo desenvolvimento pessoal e cerebral. Ou seja, passa pela intervenção psicológica que contribua para o desenvolvimento da personalidade e para a sua maturação. A grande questão passa pelas repercussões económicas gravíssimas em consequência da toma de ansiolíticos e antidepressivos e que se espelha na crise e na destruição de milhares de postos de trabalho. Concluiu-se que os portugueses, de uma forma geral, não estavam preparados para se reformular até na procura de novos postos de trabalho, o que contribuiu, em boa medida, para o aumento do desemprego, por mera desa-

daptação. A crise de 2008 bloqueou muita gente. Milhares de pessoas nada fizeram para aumentar o leque das suas competências, da mesma forma que os profissionais dos institutos de emprego e formação profissional não estavam habilitados para tornear este problema, aumentando as capacidades dos novos desempregados. Uma das frases mais fascinantes de Darwin, o autor de «A origem das espécies» é a que diz: «o importante não é a força, nem a inteligência, mas a capacidade de adaptação à mudança». E esta crise revelou, se dúvidas houvesse, que não temos capacidade de adaptação à mudança. Faz gala de não ser politicamente correto e foi sancionado por três meses pela Ordem dos Psicólogos – tendo o Tribunal Administrativo de Sintra por sua vez suspenso esta decisão da entidade reguladora - por ter dito, em 2012 – sobre um concor-

Não. Longe disso. Há uma minoria muito pequena que é bem resolvida. De que forma é que essas lacunas são canalizadas para o comportamento das pessoas no dia a dia? De uma forma generalizada e difusa acaba por comprometer o comportamento das pessoas. O não estar resolvido em termos sexuais faz com que a pessoa esteja permanentemente em tensão com quem se relaciona. Veja o que pode acontecer num casal. Isto repercute-se nas relações laborais, na condução na estrada, etc. E isto não é conversa de psicólogo. É costume dizer-se que a uma pessoa nervosa e insegura, deve faltar-lhe algo… A insegurança é um traço distintivo dessas pessoas. E por vezes quando parece mais segura, afinal, se olharmos ;

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internet das matérias que têm de dar, em vez de os criarem de raiz. Há situações pontuais, mas professores assim são tudo menos condutores dos homens e das mulheres de amanhã. Saliento o caso da professora Julieta Lopes, da Escola Secundária José Régio, em Vila do Conde, que este ano foi distinguida por uma revista pelo seu envolvimento com os alunos da escola. Aqui e ali ainda se veem casos de uma competência pedagógica fascinante. Mas são raros.

com atenção, veremos que ela está é mais agressiva. A frustração gera agressão, é um princípio básico da psicologia. No fundo, utiliza a agressividade para tapar a insegurança. Uma pessoa segura por definição é assertiva e não agressiva. Diz que o sexo entre casais devia ser uma tarefa agendada como outra qualquer, como limpar a casa ou ir às compras. Consegue explicar melhor o que quer dizer? Não quero com isto dizer que se meta na agenda que é sábado às 9 da manhã. O que quero dizer é que é preciso organizar a nossa vida. É preciso aprender a pensar o sexo. O sexo não é algo extra, o sexo faz parte da nossa vida psicológica e fisiológica, como comer ou respirar.

Por aquilo que refere, depreendo que é um feroz crítico do desempenho dos professores. Eles são a raiz do mal? Não há maus alunos, há maus professores. Da mesma maneira que não há maus filhos, há maus pais.

E todas estas frustrações são geridas em silêncio, porque diz que há medo. A escola não seria o local ideal, desde tenra idade, para aflorar estas matérias?

Os gabinetes de psicoterapia para desenvolvimento pessoal de alunos e pessoas deviam estar generalizados nos estabelecimentos de ensino?

Em 1985 foi criada uma lei que obrigava a implementar a educação sexual nas escolas. Em 2009 foi preciso uma segunda lei porque a primeira estava por aplicar. Dois anos depois devia ser entregue no Parlamento um documento que avaliasse e fizesse o balanço. Estamos em 2015 e está por concretizar. Quando a própria lei da educação sexual não é cumprida...

Muitas escolas já dispõem dessa valência, nomeadamente abaixo do rio Douro. O governo preparou condições para haver em todos os estabelecimentos, o problema é que as escolas são instituições muito fechadas, cheias de vícios e como tal impedem a entrada de profissões que o Estado paga. Há bloqueio. Todas as instituições que se fecham deixam espalhar a perversão e a promiscuidade. Nunca votei nem conto votar nos partidos que estão no governo, mas louve-se que este executivo nunca limitou as verbas para que os psicólogos pudessem prestar serviço a todas as crianças com necessidades educativas especiais.

No dia em que fazemos esta entrevista uma das newsmagazine nacionais tem na capa, em letras garrafais, a palavra «Sexo», falando do sexo na adolescência. Estes artigos valem mais do que muitas campanhas de esclarecimento? Sem dúvida. Contribuem para alertar os pais e os educadores que algo está muito mal e leva as pessoas a pesquisar mais. Faz-me lembrar a frase de Salazar: «está tudo bem, não podia ser de maneira diferente.» Relativamente à educação sexual, a situação está longe de ser famosa. A educação sexual nas escolas portuguesas é um faz de conta. Se existisse, não teríamos as situações de abusos de crianças e adolescentes como temos. Os números continuam assustadores. Nesta reportagem sobre os adolescentes pode ler-se que «são cada vez mais elas a tomar a iniciativa e até eles se sentem pressionados». A experiência que tem aponta neste sentido? Não se passa apenas com os adolescentes. Eles sentem-se é mais atrapalhadinhos. Veja o caso de mulheres de 35/45 anos, divorciadas ou solteiras, que quando conhecem algum homem e os convidam lá para casa, mas eles acabam por fugir, sem sexo, o que as deixa furiosas. No pós-25 de abril alertou-se para a necessidade de as mulheres assumirem a sua sexualidade. O sexo feminino mobilizou-se e elas começaram a ler mais, saber mais, falar mais. Aos homens passou-se a mensagem: «vocês já sabem tudo!». Resultado: as mulheres ultrapassaram, a todo o vapor, os homens em termos sexuais. Neste

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Os perigos das redes sociais, nomeadamente junto dos mais novos, é um tema atual. Como é que os pais podem controlar os seus filhos? Deve ser proibido proibir?

campo específico as mulheres estão muito mais resolvidas e demonstram mais competências relativamente aos homens. Isto vê-se em comportamentos simples. A utilização que os homens portugueses fazem dos sanitários públicos. Depois de urinarem, saem praticamente todos sem lavar as mãos. Bullying, violência em ambiente escolar, professores que agridem alunos. A escola “barril de pólvora” transformou a escola dos afetos numa miragem? Se quiséssemos, seria possível. O problema é que nós não queremos saber de nada em Portugal. Uma escola de afetos não é inviável por falta de dinheiro. Nós temos muito dinheiro. A crise não passa aí. Os governos, mesmo o que está em funções, continua a canalizar muitas verbas. O busílis é que não basta haver dinheiro, é preciso querer fazer. Eu sou completamente solidário com a deputada do parlamento finlandês que fez um discurso sobre nós portugueses e riu-se de nós à gargalhada, gozando sobre os nossos hábitos. Os portugueses ficaram

muito ofendidos, mas é aquilo mesmo que nós fazemos. O que pretende dizer é que faltam ideias, falta um projeto para a escola… Vou dar-lhe um exemplo eloquente. Já cheguei a estar a discutir com uma professora que teimava comigo que o importante era a formação científica do docente do básico e do secundário em detrimento da preparação pedagógica. Digam o que disserem, não temos professores em Portugal porque não existem faculdades de pedagogia. O que temos é professores do pré-escolar e do primeiro ciclo que estudam na Escola Superior de Educação. Mas, cuidado, educação não é pedagogia. Eu posso estudar os medicamentos todos que isso não faz de mim um médico. Tenho de envolver-me numa discussão e num debate permanente e contínuo e ser sujeito a uma avaliação permanente. Pedagogia e ensinar não é apenas transmitir informação. Se fosse, prescindia-se dos recursos humanos e apostava-se nas novas tecnologias. Para falar verdade, muitos professores «roubam» powerpoints da

Quando os pais não se espantam que, fora das horas de dormir, o filho esteja no quarto, começa o perigo da internet. A internet é algo fascinante e com múltiplas potencialidades, mas também se perdem outros saberes. Antigamente, as crianças conviviam mais com os adultos e aprendiam coisas muito úteis, inclusive a relacionar-se com os outros, como defender-se perante as ameaças exteriores, etc. Hoje é diferente. E por este pouco contacto, não ficam suficientemente alertados para o aspeto maquiavélico da natureza humana e isolados entram por caminhos desconhecidos. No livro «15 minutos com o seu filho» aborda o tempo que os pais passam com os seus descendentes. Há a preocupação dos progenitores compensarem os filhos, nomeadamente pela parte material, por passarem pouco tempo com eles? Há pais muitos preocupados com a quantidade de tempo e são poucos os que se preocupam com a qualidade. Histórias recentes da vida privada portuguesa revelam que o importante é a qualidade. No passado, os pais passavam o ;


tempo em cafés e tabernas, mas o pouco tempo que estavam em casa permitia formar consciência de autoridade na cabeça da criança/ adolescente. Hoje, até conseguem estar mais tempo fisicamente, mas não desempenham o papel de pai. Já ouvi da boca de alguns dizer algo horroroso como «eu sou o melhor amigo do meu filho.» Isto é o princípio para não assumir o papel de pai e de mãe.

e está a emergir o conceito de casamento (promotor da liberdade humana). Trocando por miúdos, o matrimónio é a união de duas pessoas com o objetivo de procriar. O matrimónio é incompatível com a maturidade da pessoa humana. Esta transição de matrimónio para casamento está a deixar muita instabilidade e não estamos a saber dar os passos certos com segurança, o que gera muita tensão. O casamento é a união de dois adultos porque percebem que se realizam e desenvolvem mais por estarem juntos. E é para esta última via que estamos a evoluir, mas ainda permanece uma baralhação, nomeadamente quando duas pessoas que estão juntas têm representações antagónicas.

E a consequência é? Os pais são mais permissivos. Na consulta sugiro, frequentemente, que os pais inscrevam os filhos nos escuteiros. Quando mais tarde lhes pergunto se já la foram, argumentam: «não, ele não quer.» Isto é completamente irreal. Não passa pela cabeça de ninguém. O conceito de família está a sofrer uma acelerada mutação. A instituição familiar está em desagregação ou em transformação? A família é uma unidade fundamental e uma bússola das crianças e dos jovens. A família está neste momento em processo de transformação, ou seja, já não é como foi, mas ainda não está pronta a nova estrutura. A família vive um processo de crise de uma das suas categorias. Está, felizmente, a morrer o conceito de matrimónio (contrário à liberdade humana e gerador de imaturidade na pessoa)

Os filhos adaptam-se a esta transformação?

CARA DA NOTÍCIA 6 O sexo sem tabus Refuta a ideia que é polémico nas suas opiniões. Prefere definir-se como independente. Joaquim Quintino Aires nasceu em Nisa, em 1967. Em 1985, com a entrada para a universidade, passou a viver em Lisboa. Licenciado e mestre em Psicologia, doutorado em Psicolinguística. Psicólogo Clínico e professor universitário, ensina Psicoterapia e Neuropsicologia em Lisboa e em várias outras cidades do mundo. Dirige o Instituto Quintino Aires, localizado no centro de Lisboa. Desde 1998 colabora regularmente na comunicação social. Na TVI como comentador no «Você na TV», apresentado por Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira, no Porto Canal com «Sexo à moda do Porto» e na rádio Antena 3 com «A hora do sexo». Escreveu vários livros, entre os quais «15 minutos com o seu filho», «Vai valer a pena», «O amor não se aprende na escola» e «O amor é uma carta fechada.» Recebeu em 2012 o Copernicus Prize. K

Claro, adaptam-se perfeitamente. Os filhos só sofrem com a incompetência dos pais que são muito imaturos. Garanto-lhe se os dois elementos do casal forem amadurecidos, um eventual divórcio não faz absolutamente nenhum dano à criança ou ao adolescente. O que é preciso é que estejam seguros. K Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H

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Centro de investigação

Economia da Saúde

UBI exige verbas

6 A cerimónia da assinatura entre o Governo e as universidades da Beira Interior (UBI), Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e de Évora, para a criação de três centros de investigação, esteve marcada para a reitoria da UBI, mas à última hora foi alterada para Coimbra. É que ao contrário do que sucedia com os outros protocolos, onde estava especificada a verba de 1,5 milhões de euros para cada um dos projetos, no caso da UBI não aparecia valor algum. António Fidalgo, reitor da UBI, na véspera da assinatura dos acordos questionou a tutela e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional da Região Centro (CCDRC), exigindo que à semelhança dos memorandos das outras universidades esse ponto fosse acrescentado. Não havendo alteração recusou-se a assinar o documento. A resposta da tutela, em vez de manter a cerimónia na Covilhã, onde poderia justificar o assunto, foi transferir a sessão para Coimbra. Assim, à mesma hora que, na passada sexta-feira, os reitores das universidades de Évora e da UTAD assinavam perante os ministros da Educação (Nuno Crato) e do Desenvolvimento Regional (Poiares Maduro) os memorandos, António Fidalgo explicava aos seus pares a sua decisão. “A razão invocada é que não havia verbas disponíveis para financiar nesse montante o projeto. Naturalmente que haveria da parte

UBI em centro europeu

António Fidalgo tem tido reuniões com a CCDRC e tudo indica que o protocolo será assinado em breve

da CCDRC a intenção de honrar o entendimento, mas sem se comprometer com as quantias com que as outras CCDR’s se comprometeram”, começa por explicar António Fidalgo. O reitor da UBI adianta que “não me sentiria confortável em assinar um memorando de entendimento, onde da parte da entidade financiadora não ficasse assente a definição do compromisso financeiro”. António Fidalgo falava aos jornalistas depois de ter lido à comunidade académica o memorando de entendimento proposto à UBI, o qual ao contrário do que sucedia com o das outras duas instituições, não tinha qualquer alínea referente às verbas afetas ao projeto.

No entender de António Fidalgo houve alguma “falta de coordenação entre o ministro e a própria CCDRC neste ponto. Quem coordenou o projeto foi o ministério, e não faz sentido termos chegado a um ponto em que há uma cerimónia agendada que fazia todo o sentido ser na UBI e agora temos apenas duas CCDR’s a assinar protocolos com as respetivas universidades, mas em Coimbra”. A UBI avançou com o Centro de Competências em Cloud Computing e Saúde, o qual ficará sedeado no UBIMedical, estrutura que entrou em funcionamento este ano para acolher laboratórios de investigação e novas empresas na área da saúde. Já à hora de fecho desta edição

do Ensino Magazine, o reitor da UBI confirmou que o protocolo poderá ser assinado em breve, fruto das várias reuniões que tem mantido com a CCDRC. No site oficial da universidade é referido que a “UBI, já está a trabalhar com a PT desde o ano passado em áreas que são similares às do futuro Centro de Competências, e apoia-se na importância que a formação nas áreas da informática e medicina têm na instituição bem como na proximidade do Data Center da PT da Covilhã. Além disso, tem sido constante a cooperação com empresas localizadas na região ligadas às novas tecnologias de comunicação e informação, de que são exemplo a Altran e a OutSystems”. K

UTAD e Évora assinaram

Do vinho à água 6 Na cerimónia de Coimbra, a UTAD assinou um protocolo para a criação de um centro de investigação dedicado ao Vinho e à Vinha, enquanto que em Évora o projeto se vai centrar na água e energia, dada a proximidade e possibilidade de aproveitamento de uma estrutura como a Barragem do Alqueva. De acordo com o Ministério da Educação, “os memorandos, que envolvem as três instituições de ensino superior e as respetivas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR Norte, CCDR Centro e CCDR Alentejo), vão incentivar o processo de constituição de um centro de excelência numa área específica que permita não

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só o reforço da competência científica e tecnológica de cada Universidade, como também a sua ligação ao tecido empresarial local”. O comunicado do Ministério adianta que “a iniciativa destina-se a reforçar a qualidade de investigação e a competitividade, atraindo investigadores para territórios de baixa densidade, sendo um instrumento decisivo para fortalecer a relevância económica e social destes territórios”. António Fidalgo, reitor da UBI, recorda que “o memorando de entendimento é excelente, falta apenas o compromisso do financiamento”. O reitor mostrase agora empenhado em ultra-

passar esta situação, e caso haja uma alteração na cláusula do financiamento admite assinar o memorando. Ana Abrunhosa, presidente da CCDRC, considerou, no final da cerimónia que decorreu em Coimbra, que o centro de competências da UBI “tem de ser repensado na componente empresarial”. No seu entender, e citada pela imprensa nacional, o facto de o projeto ter “uma grande ligação à PT” acarreta riscos, atendendo à “fase delicada” que a PT atravessa. Por isso adiantou que a CCDRC só estará disponível “a afetar valores quando os projetos estiverem num determinado estado de maturidade. No caso da UBI tem de se trabalhar um

pouco melhor o projeto, sobretudo na componente empresarial”, afirmou Ana Abrunhosa, contrariado a posição do reitor da UBI. “O nosso compromisso é de afetar pelo menos dois milhões de euros para os dois primeiros anos”, disse aos jornalistas, falando da necessidade de melhorar o projeto, “sobretudo na componente dos parceiros empresariais, que são fundamentais”. Uma posição que o reitor da UBI não compreende: “Como pode haver falta de maturidade do projeto, quando havia disposição da CCDRC em o assinar e em ter sido escolhida a nossa universidade para a cerimónia oficial?”, questionou. K

6 A Universidade da Beira Interior integra a Centro PT – Health Alliance, uma rede que junta empresas, centros de investigação, além de instituições de inovação, ensino e prestação dos cuidados de saúde e que pretende desenvolver projetos na área da saúde e da biotecnologia. A garantia foi dada pela presidente da Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), a qual salientou as universidades da região (Coimbra, Beira Interior - Covilhã e Aveiro), os hospitais, as diversas empresas dedicadas à saúde e à biotecnologia e ainda os parques tecnológicos, como o Biocant ou o Instituto Pedro Nunes como potenciais dinamizadores de diferenciação nacional e internacional nas áreas em questão. A CentroPT Health Alliance é suportada pela CCDRC, engloba hospitais, universidades, parques tecnológicos, Administração Regional de Saúde, Turismo do Centro, Ageing@Coimbra e várias empresas, tendo já estabelecido uma parceria de cooperação com a rede de saúde alemã Biocon Valley. A existência de semelhanças entre aquela região alemã, que baseou o seu desenvolvimento na saúde e na biotecnologia com o apoio do governo, e a região Centro acabou também por propiciar uma relação mais próxima entre as partes, estando já vários contactos agendados com aquele estado germânico para reforçar as relações de cooperação. A presidente da CCDRC frisou que o Turismo de Saúde deve igualmente ser um eixo fundamental na estratégia desta aliança e olhou para a China, com quem já há relações, como um mercado fundamental para este esforço de internacionalização da região. K


Com a Ordem dos Engenheiros

UBI assina protocolo 6 “Em 2014/15 entraram cerca de 200 estudantes de engenharia civil na primeira fase de candidatura e o país precisa do dobro”. A declaração é do Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Ramos, e foi proferida na Universidade da Beira Interior, por ocasião da assinatura de um protocolo entre as duas entidades, que prevê uma maior cooperação na investigação, no reconhecimento internacional e na promoção do ensino da engenharia. O reitor da UBI, António Fidalgo assumiu publicamente o desafio e divulgou que este ano letivo vão ser atribuídas cerca de 50 bolsas a alunos que ingressem em cursos de engenharia na UBI” patrocinadas pelo programa +Superior, por autarquias protocola-

das com a UBI e outros organismos. Com os vários cursos de engenharia acreditados pela Ordem dos Engenheiros, António Fidalgo mostrou-se orgulhoso com a qualidade de ensino da engenharia na UBI alcançado através de um corpo docente altamente qualificado, instalações laboratoriais de última geração e captação de investimento de vários milhões de euros em projetos de investigação. O presente protocolo prevê ainda a atribuição pela OE de um prémio anual ao melhor aluno que conclua um curso de engenharia da UBI e de um apoio monetário aos núcleos de estudantes de engenharia consoante critérios definidos no protocolo.K

Prémio REN

Alunos em terceiro 6 Sérgio Santos, aluno de mestrado em Engenharia Eletromecânica da UBI, ficou em terceiro lugar no Prémio REN, promovido pela Redes Energéticas Nacionais (REN), com o trabalho “Nova Metodologia Multiobjetivo de Apoio à Decisão para Problemas de Reconfiguração de Sistemas de Distribuição de Energia Elétrica”, que resultou da dissertação orientada pelo docente da Universidade da Beira Interior (UBI) João Catalão. O Prémio REN destina-se a distinguir os melhores trabalhos de mestrado no âmbito da energia, realizadas em estabelecimentos de

Ensino Superior portugueses nos diferentes ramos da engenharia. No entanto, não se cinge apenas a esta área, podendo receber candidaturas de Economia, Matemática, Física, Química, Sistemas de Informação e Computação. Sérgio Santos vai receber um valor monetário de 3500 euros numa cerimónia que decorrerá em outubro. Esta não é a primeira participação de elementos da UBI a estar em destaque no Prémio REN. Sérgio Santos conseguiu subir ao pódio, mas em 2009 Hugo Pousinho viu o júri atribuir-lhe uma Menção Honrosa. K

Estágios Ciência Viva

Secundário na UBI 6 A Universidade da Beira Interior proporcionou este ano três estágios a seis alunos do ensino secundário, que aprenderam durante uma semana no Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS), ao desenvolverem experiências como se fossem cientistas profissionais e conviveram com profissionais da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS-UBI). A iniciativa esteve integrada no programa Ciência Viva no Laboratório – Ocupação Científica e tiveram como temas a Cultura e diferenciação de células estaminais neurais e Preparação de uma vacina de DNA para tratamento do cancro do colo do útero.

“O que se pretendeu foi que as alunas aprendessem técnicas básicas de laboratório através de tarefas que poderão ser rotineiras caso elas queiram optar por esta linha de trabalho no futuro e também terem acesso a um tipo de cultura que é específico do trabalho que fazemos no nosso grupo, que foi o isolamento de células estaminais de morganho”, explica Raquel Ferreira. investigadora do CICS. Já Ângela Sousa, do Bioprocess and Biomolecular Research, acompanhou algumas etapas da área da biotecnologia que poderão levar ao desenvolvimento de uma vacina para atuar no combate ao cancro do colo do útero. K

Cranfield Aerospace Experience

Aluno da UBI vence competição

6 André Vales Chaves, aluno do Mestrado Integrado em Engenharia Aeronáutica da Universidade da Beira Interior, acaba de vencer o concurso Aerospace Experience, da prestigiada Universidade de Cranfield, patrocinado pela Royal Aeronautical Society e pela British Airways. Como vencedor, o aluno terá a oportunidade de realizar um conjunto de atividades no âmbito da Cranfield Aerospace Experience, em conjunto com outros três colegas europeus que também foram selecionados. Os vencedores irão descolar, voar e aterrar num simulador de voo do Boeing 747400, visitarão as instalações de treino das tripulações da British Airways, onde irão experimentar uma evacuação de uma cabina de um Boeing 737 e de um Airbus A320. Irão ainda voar no avião laboratório Jetstream 31, além de pilotar e realizar manobras acrobáticas num Slingsby Firefly. O concurso, que acontece anualmente, está aberto a todos os alunos do Ensino Superior do Reino Unido e da União Europeia e está dividido em duas fases. Na primeira fase, os candidatos têm de responder a um questionário online de escolha múltipla com

Urbi et Orbi H

perguntas sobre tópicos relacionados com cultura geral do mundo da aviação e também algumas questões sobre a própria Universidade de Cranfield e a British Airways. Os concorrentes selecionados neste questionário seguem para a segunda fase, onde lhes é proposto um novo desafio. Este ano, na segunda fase, os concorrentes tinham de propor um conceito de um avião de passageiros que reunisse características que permitam reduzir o nível de ruído, as emissões e o consumo relativamente à ge-

ração de aeronaves atualmente existentes. Para tal, era exigido que, numa página de uma folha A4, fosse realizado um esboço da aeronave onde estivessem explicitamente identificadas as características diferenciadoras e no verso da mesma folha que fossem descritos o conceito e as tecnologias empregues, recorrendo no máximo a 100 palavras. Para esta segunda fase o aluno contou com a ajuda do docente Pedro Vieira Gamboa, docente do Departamento de Ciências Aerospaciais da UBI. K

UBIMedical

Nova spin-off acreditada 6 A UpHill, empresa sediada no UBIMedical, acaba de ser acreditada para prestação de serviços de consultoria na área da educação e simulação biomédica no âmbito dos vales do Portugal 2020. A UpHill dedica-se à criação de soluções tecnológicas aplicadas à educação biomédica, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das populações. Através dos seus serviços de consultoria, pretende promover a excelência na educação em ciências da saúde, desde o nível pré-graduado, passando pelo pós-graduado até ao ensino ao longo da vida. Pelo impacto que a simulação biomédica pode ter na educação biomédica enquanto metodologia de aprendizagem, esta é uma das áreas nas quais a UpHill reúne mais experiência. Segundo Luís Patrão, gerente da empresa, a UpHill propõe-se identificar as necessidades educativas e a promover a escolha das melhores metodologias, in-

UBI H

cluindo estratégias de utilização de e-learning e de introdução de simulação de alta-fidelidade, em instituições que estejam a planear o seu desenvolvimento ao nível da formação biomédica. A UpHill desenvolve plataformas de software flexíveis e intuitivas que suportam um ambiente de aprendizagem imersivo, bem

como experiências de simulação em educação em ciências da saúde. Através da aplicação do conhecimento e experiência em saúde e ciências da saúde que a carateriza, principalmente em educação médica, cria soluções de software inovadoras em termos de utilização e de funcionalidades. K

SETEMBRO 2015 /// 07




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Luz verde já foi dada

Microplásticos e fármacos

UTAD analisa perigos

6 Alta toxicidade, elevadas concentrações dos contaminantes e riscos para a saúde são os principais perigos dos microplásticos e dos fármacos e estão a preocupar os investigadores da área do ambiente, a nível mundial, facto confirmado na última edição do Congresso Ibero-americano de Contaminação e Toxicologia Ambiental, que decorreu na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. “Têm sido detetadas concentrações surpreendentes de microplásticos no ambiente, quer na água, quer no ar. Por exemplo, há cursos de água que recebem 5 mil milhões destas partículas por dia. O principal problema é sabermos que os microplásticos têm um potencial elevado de toxicidade para todos os organismos”, revela a investigadora do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), Sandra Mariza Monteiro, e membro da organização. Os microplásticos são plásticos de uma dimensão reduzida, até cinco milímetros, que estão

presentes em vários alimentos e objetos do dia-a-dia: frutas e hortícolas, vestuário, pneus, entre outros. No Homem, são já conhecidos os efeitos de acumulação nos pulmões, com dificuldades de expulsão pelo organismo. Algumas das comunicações ressalvaram o potencial de transmissão dos efeitos destes contaminantes às gerações futuras, tanto no Homem como nos restantes animais. “Uma das comunicações apresentadas, alertou para o facto de, que na primeira lavagem de peças de vestuário, as emissões

de partículas de microplástico podem chegar às 270 mil, por litro”, explica Sandra Mariza Monteiro. Também fármacos como os antidepressivos, as pílulas ou os anestésicos, têm sido detetados no ambiente com “efeitos nefastos nos organismos, desde vários tipos de cancro, a alterações no sistema reprodutor, mudanças no comportamento social, aumento da obesidade e de problemas congénitos, até doenças neurodegenerativas cuja frequência tem vindo a aumentar,” explica a investigadora do CITAB. K

Doutorando do Minho descobre gene

Dormir melhor é possível 6 Dois investigadores da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho estão envolvidos na descoberta de um gene responsável pela regulação do sono, o gene Taranis, que foi encontrado em moscas drosófila, uma espécie que serve frequentemente de modelo em investigação cientifica. O trabalho desenvolvido na Universidade Thomas Jefferson (EUA), onde os cientistas Dinis Afonso e Daniel Machado realizam o doutoramento, defende a existência de um gene similar em mamíferos, incluindo o ser humano. A descoberta contribuirá para o desenvolvimento de fármacos mais eficientes contra perturbações do sono, um problema que afeta cerca de 20% da população portuguesa. O trabalho publicado na revista Current Biology e destacado na revista Time, tendo como primeiro autor Dinis Afonso, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho, sob coordenação de Kyunghee Koh, da Universidade Thomas Jefferson. Partindo do pressuposto que as moscas têm uma necessida-

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de de dormir semelhante à das crianças, foi desenvolvido um estudo com cerca de 3000 moscas drosófilas. Nestas foram introduzidas mutações aleatórias e monitorizada a qualidade do sono. “As moscas que apresentaram formas anormais de Taranis conseguiram apenas cerca de 25% do seu sono diário”, explica Dinis Afonso. “Nos seres humanos, o gene semelhante ao Taranis poderá regular o sono através de um mecanismo parecido. A vantagem é que existe agora um novo alvo para o qual se pode-

rão, eventualmente, desenvolver medicamentos e melhorar o tratamento das perturbações do sono, diminuindo as insónias e aumentando a qualidade de vida da população”, acrescenta. Concluiu-se, ainda, que o gene Taranis trabalha conjuntamente com duas outras proteínas para manter o balanço sono-despertar. Em situações de normalidade, a Taranis e a Cyclin A bloqueiam a atividade de uma outra enzima, a Cyclin-dependent kinase 1, responsável por manter as moscas acordadas. K

Coimbra liberta inseto para controlar planta 6 Uma equipa de investigadores do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e da Escola Superior Agrária de Coimbra acaba de obter autorização para a libertação do primeiro agente de controlo natural para conter a dispersão de uma planta invasora em Portugal, e o terceiro na Europa. A espécie-alvo do inseto cuja libertação foi agora autorizada é a acácia-de-espigas, um arbusto/ pequena árvore australiana que é uma das piores invasoras no litoral Português. Além de ameaçar a biodiversidade nativa, esta planta invasora altera o solo e a dinâmica do sistema dunar, diminui a produtividade em áreas florestais e acarreta custos elevados para o seu controlo. “A sua capacidade invasora está em larga medida relacionada com a produção de uma grande quantidade de sementes, que se acumulam num banco de sementes muito numeroso, e que permanecem viáveis no solo durante muitos anos”, explica a investigadora Elizabete Marchante.

A autorização agora obtida, após um longo e exigente processo que durou 12 anos, “é um passo de gigante numa Europa muito conservadora em relação ao controlo natural de plantas invasoras. Não só é um importante contributo para o controlo da acácia-de-espigas, como abre portas para a utilização desta tecnologia no futuro, para o controlo de outras espécies de plantas invasoras”, sublinha a investigadora da UC. Este processo de controlo natural consiste em libertar um pequeno inseto australiano (Trichilogaster acaciaelongifoliae) que “promove a formação de galhas (também conhecidas como bugalhos) nas gemas florais da acácia-de-espigas. Quando as galhas se formam, as flores e consequentemente os frutos e depois as sementes da planta invasora não se chegam a formar. O resultado é a diminuição da capacidade de invasão e de dispersão da acácia-de-espigas, já que o número de sementes diminui significativamente”, clarifica Hélia Marchante. K

Universidade

Proença reitor da Europeia 6 João F. Proença, professor catedrático e ex-diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, é o novo reitor da Universidade Europeia, assumindo o cargo no momento em que a instituição reforça o seu investimento em Portugal, assim como o seu modelo académico centrado na internacionalização e na relação com as empresas. Doutorado em Ciências Empresariais pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Mestre em Marketing y Direccción Commercial pela IE Business School, Madrid, Espanha, e Licenciado em Gestão pela Católica Lisbon. Para além de uma experiência empresarial relevante desenvolveu carreira académica. O novo reitor pretende “reforçar o modelo académico da Universidade Europeia, torná-la primeira opção para estudantes, investigadores e empregadores, através da construção de uma Universida-

de de referência à escala global, garantindo a entrada da Universidade na área da saúde, o seu crescimento em Portugal, assim como, um marco de qualidade dentro do grupo Laureate”. K


IPLeiria

Estudantes criam Museu das Caldas 6 Os estudantes do Curso de Especialização Tecnológica em Ilustração Gráfica, da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, do Instituto Politécnico de Leiria, foram desafiados a criar uma ilustração para o Museu do Hospital e das Caldas, que espelhasse a sua história, sendo os resultados posteriormente aplicados em diversos materiais de merchandising. As criações dos 22 estudan-

tes do 2.º ano do Curso de Especialização Tecnológica (CET) em Ilustração Gráfica, no âmbito da unidade curricular Técnicas de Produção Gráfica, estão expostas na instituição, desde julho e até setembro. A mostra artística conta ainda com outros trabalhos desenvolvidos nas unidades curriculares de Letra e Tipografia, Ilustração Científica e Ilustração Infantil, e Técnicas de Serigrafia e Gravura. K

Valor superior a um milhão de euros

FCT aprova 6 projetos 6 O Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria) viu seis projetos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico recomendados para financiamento pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, num valor global de 1.032.297 euros. Os projetos aprovados serão desenvolvidos pelo Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRSP) e pelo Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), nas áreas do ambiente, ciência e engenharia de materiais, biologia de plantas, ciências do mar, e engenharia mecânica. Rui Pedrosa, vice-presidente do Politécnico de Leiria, afirma que “o IPLeiria tem vindo a afirmar-se como centro de investigação de relevo, a nível nacional e internacional, em diversas áreas especializadas, como a engenha-

ria mecânica e o desenvolvimento de produto, a investigação em biologia e biotecnologia marítima. A investigação que o IPLeiria promove tem retorno direto para a sociedade e para o tecido empresarial, colaborando ativamente com as empresas e indústrias, procurando responder às suas necessidades, inovando, preenchendo lacunas e acrescentado valor

à região onde estamos inseridos”. No concurso promovido pela FCT foram aprovados 30% dos projetos propostos pelo Politécnico de Leiria, face à média nacional de 13%. Os projetos recomendados para financiamento pela FCT decorrerão nas infraestruturas científicas Cetemares e CDRsp, localizadas em Peniche e Marinha Grande, respetivamente. K

Reaproveitamento de garrafas de vidro

Politécnico de Leiria ganha prémio 6 Três estudantes da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, do Instituto Politécnico de Leiria, conquistaram o Prémio Nacional de Indústrias Criativas – Fundação de Serralves 2015, na categoria Arquitetura e Artes Visuais. O grupo de jovens italianos, Lorenzo Scodeller, Mirko Pierini e Paolo Martini, que estão a frequentar o mestrado em Design de Produto, e que têm vindo a desenvolver projetos como coletivo com o nome ‘Os Italianos Design’, desenvolveram um novo produto através de um sistema de reaproveitamento de garrafas de vidro, combinada com peças de cerâmica. A este novo produto chamaram “Stallo”: “um copo para água, feito a partir da parte de baixo da garrafa e um cálice, composto por um pedestal - uma base em cerâmica vidrada -, e a parte superior da garrafa”, explica o coletivo. As

peças são realizadas com garrafas de vidro usadas, cortadas e limpas. “Trata-se de um produto feito completamente em Portugal, sendo que também as garrafas aproveitadas são portuguesas”, referem. As ideias surgem da análise e reflexão do comportamento quotidiano das pessoas, dos materiais que utilizamos e resíduos que geramos, preconizando o reaproveitamento de um produto que já não teria utilidade, a não ser para reciclagem – seria um resíduo. É um projeto também regional, na medida em que o grupo de estudantes colabora com artesãos portugueses das Caldas da Rainha, na área da cerâmica, e da Marinha Grande, no que toca ao vidro. A técnica utilizada para alcançar o produto final é totalmente manual e desenvolvida num sistema de auto-produção que é valorizado pelo coletivo. K

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Intercâmbio internacional

Politécnico de Leiria na China 6 Hélder Duarte, João Pedro Vieira, Pedro Pires e Rúben Rodrigues são os quatro estudantes de Engenharia Eletrotécnica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria que viajaram até Shenzhen, na China, a convite da Huawei para conhecer a sede da empresa e a cidade de Pequim, numa visita que terminou a 1 de agosto. A visita foi realizada através do programa da Huawei “Seeds for the Future”, que proporciona a estudantes universitários das áreas de Engenharia Eletrotécnica – Telecomunicações, uma

visita a Pequim e à sua sede em Shenzhen. A Huawei selecionou para a primeira edição da iniciativa três instituições portuguesas de ensino superior, o Politécnico de Leiria, o Instituto Superior Técnico e a Universidade de Aveiro. O grupo de jovens interagiu com os engenheiros da Huawei, visitou laboratórios de investigação e desenvolvimento, assistiu à demonstração de várias soluções inovadoras e experienciou de perto as competências necessárias para o sucesso na área das Telecomunicações, num ambiente

multicultural, inovador e criativo. Além da visita à sede da Huawei, em Shenzhen, a viagem incluiu também uma experiência cultural, que levou os estudantes até Pequim. “Sendo alunos de Engenharia Eletrotécnica, da área de Eletrónica e Telecomunicações, estes estudantes viram a sua formação enriquecida através da participação no ambiente de trabalho de uma ‘gigante’ em soluções de equipamentos para redes e telecomunicações”, refere Carla Lopes, coordenadora do curso de Engenharia Eletrotécnica do Politécnico de Leiria. K

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Aos novos alunos de engenharias

Na ESALD

Terapia aquática em congresso

IPCB dá bolsas

6 O Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) vai oferecer bolsas de estudo, no valor de 840 euros (o equivalente à propina anual da licenciatura) a alunos que optem pelos cursos Engenharia Civil e de Engenharia Eletrotécnica e das Telecomunicações (ambos da Escola Superior de Tecnologia) e de Nutrição Humana e Qualidade Alimentar (da Escola Superior Agrária). Segundo apurámos junto do IPCB, as bolsas “destinam-se a alunos que venham a ingressar no 1.º ano/1.ª vez nesses cursos”. Esta é a primeira vez que o IPCB atribui este tipo de bolsas, as quais não poderão ser acumuladas com as bolsas de estudo oferecidas pelo Estado Português. Carlos Maia, presidente do IPCB, explica que “a decisão tomada no Conselho de Gestão da Instituição é uma forma de incentivar os jovens a prosseguir para o ensino superior em áreas consideradas de relevante importância na matriz formativa do IPCB, particularmente na Escola Superior de Tecnologia e na Escola Superior Agrária”.

O presidente do Politécnico refere que para além das bolsas, o politécnico está atento à realidade social, garantindo “outros apoios sociais prestados aos estudantes centrados na alimentação, alojamento, serviços de saúde e apoio a atividades desportivas e culturais”. Nessa perspetiva, Carlos Maia lembra que o Politécnico possui, nas suas residências, situadas em Castelo Branco e em Idanhaa-Nova, mais de 400 camas. Além

disso, diz o presidente do IPCB, o politécnico possui 5 refeitórios e bares em todas as Escolas. “A tudo isto importa salientar a qualidade do ensino, da investigação e da prestação de serviços à comunidade e de adoção de políticas estratégicas ativas de transferência de conhecimento e tecnologia que constituem dimensões sólidas do papel do IPCB na promoção do desenvolvimento local e regional”, diz aquele responsável. K

6 A Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias (ESALD), do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), realiza, em parceria com a Liga Portuguesa da Terapia Aquática, o I Congresso Internacional de Terapia Aquática (CITA 2015). Em nota enviada ao nosso jornal, o Politécnico refere que o encontro, subordinado ao tema “Saúde e Exercício”, decorre em Castelo Branco, de 15 a 17 de outubro, e será promovida no âmbito do curso de Licenciatura em Fisioterapia da ESALD. Segundo a mesma nota, “a comissão científica do evento é constituída pelas personalidades mais influentes na terapia aquática da atualidade nacional e internacional”. Quanto aos oradores, de variadas nacionalidades, “contribuem para estabelecer novos modelos de práticas/intervenção e desenvolver importantes sinergias através da partilha de saber interdisciplinar”. Do programa constam cursos pré-congresso, múltiplas conferên-

cias e workshops, que decorrerão no tanque terapêutico da ESALD, no Complexo de Piscinas de Castelo Branco e no auditório da Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco do IPCB, respetivamente. No dia 15 de outubro, decorrerão três cursos pré-congressos: “Terapia aquática e neurodesenvolvimento”, “Terapia Aquática no Envelhecimento” e “As opções da Terapia Aquática na reabilitação da função motora em doentes com LVM”. Nos dois dias seguintes estarão em debate temas como “Biomecânica em terapia aquática”, “Avaliação fisiológica: um parceiro para potenciar a terapia aquática?”, “Fatores de prognóstico na intervenção em terapia aquática”, “Terapia aquática nos doentes Neurológicos”, “Resultados em terapia aquática nos doentes com Lesões Vertebro-Medulares”, “Caracterização das Estâncias termais Portuguesas - analise à oferta de serviços”. K

Educação em ciências

Nova associação criada

6 A Associação Portuguesa de Educação em Ciências (APEduC), com sede na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco, acaba de ser criada, tornando-se assim na primeira associação científica e profissional que abrange todo o território nacional a ter sede no interior do país. A APEduC é uma associação de investigadores e de educadores e professores de ciências (investigação, formação e ensino de Física, Química, Biologia, Geologia, Matemática, Ecologia...), que resulta de uma ideia lançada precisamente em Castelo Branco, aquando do XIII Encontro Nacional de Educação em Ciência, que teve lugar no Cine Teatro Avenida, em 2009, e contou com cerca de 400 participantes. Fátima Paixão, presidente da comissão instaladora, explica em comunicado que “tal impulso ampliou-se pela necessidade e importância e pela pressão nacional e internacional, em particular de países da OCDE, para a existência de uma parceira portuguesa, nesta área científica. Ao mesmo tempo, a Associação é relevante

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Secundário

Alunos de Macau no Politécnico

para criar laços e colaborar, ativamente, com outros países Lusófonos e da América Latina”. E revela que aceitou o desafio de contribuir para a criação da Associação e pressionou o grupo fundador “para que a sua sede ficasse em Castelo Branco, o que levará o IPCB a ganhar visibilidade no âmbito do Associativismo Científico e Profissional, liderando uma área do maior relevo para o desenvolvimento da Educação em Ciências no ensino superior e nos ensinos básico e secundário e em outros contextos”. Dado que a escritura nota-

rial é também um ato simbólico, estarão presentes os três membros indigitados pela Assembleia Constituinte da Associação como Comissão Instaladora, nomeadamente Fátima Paixão (presidente); Cecília Galvão, professora catedrática da Universidade de Lisboa (vogal-vice-presidente) e Laurinda Leite, professora catedrática da Universidade do Minho (vogal-secretária), e também elementos do grupo de fundadores, nomeadamente, representação do Instituto Politécnico de Coimbra e representação o do Agrupamento de Escolas de Ílhavo. K

6 O Instituto Politécnico de Castelo Branco recebeu, de 29 de julho a 6 de agosto, a visita de 20 alunos de Escolas Secundárias Luso Chinesas de Macau, informou em nota de imprensa a instituição. Esta visita pretendeu aumentar e valorizar os conhecimentos sobre a cultura portuguesa, junto dos estudantes finalistas do ensino secundário de Macau. Durante a sua estadia em Castelo Branco os alunos frequentaram um Curso de Formação de Língua e Cultura. Para além da formação em língua e cultura portuguesa e no sentido de divulgar a região e dar a conhecer as diversas tradições, o programa da iniciativa integrou também deslocações a Castelo Novo, Monsanto, Penha

Garcia e visitas ao Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco, Museu Cargaleiro, Jardim do Paço, Museu Francisco Tavares Proença Júnior, Passeios de Barco no Parque Natural do Tejo Internacional, etc.. Na mesma nota de imprensa, o IPCB explica que este projeto, que decorre desde 2014, é realizado no âmbito de um protocolo de cooperação entre a Associação dos Institutos Superiores Politécnicos Portugueses e a Direção dos Serviços de Educação e Juventude do Governo de Macau, envolvendo de forma rotativa dois institutos politécnicos portugueses por ano. Este ano os alunos macaeenses visitaram o Instituto Politécnico de Castelo Branco e o Instituto Politécnico de Portalegre (IPP). K


IPCB

Plantas com investigação de ponta 6 O Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior acaba de ser inaugurado assumindo-se como um instrumento estratégico para a investigação. Composto por laboratórios equipados com a mais evoluída tecnologia e situados na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco, e por um campo experimental, na sua maioria localizado na Soalheira (concelho do Fundão), este centro tem a particularidade de reunir à volta dos seus promotores, Politécnico de Castelo Branco (IPCB) e Câmara do Fundão (CMF), um conjunto de parceiros nacionais e internacionais. Exemplo disso são as universidades da Beira Interior e de Campinas (Brasil), o Biocant Park, de Cantanhede e, ainda que indiretamente a Câmara de Castelo Branco. Esta dimensão foi destacada pelo secretário de Estado do Ensino Superior, Ferreira Gomes. “Este é um grande desafio para a Escola Superior Agrária. O sucesso do IPCB também depende do sucesso destas iniciativas. (…) Este é um bom exemplo para ver como uma estrutura moderna, que procurou âncoras necessárias e estratégicas (como a UBI ou a Universidade de Campinas) pode cumprir a sua missão”. O governante falava da necessidade das instituições de média ou pequena dimensão se abrirem à sociedade e à região. “O ensino superior e científico em Portugal está a crescer, mas tem dificuldade em contatar com a indústria e as atividades económicas. A academia tem que se abrir, mas as pequenas e médias empresas têm dificuldades em vir procurar o conhecimento nas instituições”. Por isso, disse, “a presença do IPCB e das universidades e politécnicos no país é fundamental para que este processo se afine”. Parcerias Carlos Maia, presidente do IPCB, considerou a abertura daquele centro como um “momento importante para a região. A partir de agora temos condições de excelência para a investigação nesta área”. O investimento foi de três milhões de euros, apoiados pelo programa Mais Centro. O presidente do IPCB refere que “esta é uma clara aposta na investigação aplicada virada para o tecido empresarial. Este é

um excelente exemplo de parceria entre as diferentes instituições da região. A Câmara do Fundão fez-nos o desafio e para o IPCB não há limites físicos nem barreiras, pois somos transversais a toda a região”. Carlos Maia lembrou também o mérito e a oportunidade da iniciativa. A criação de conhecimento e de novos produtos será um fator de atratividade para o região”. Uma posição muito semelhante foi partilhada pelo autarca fundanense, Paulo Fernandes: “este é um projeto complexo e difícil, que representa muitos dos valores para tornarem a região centro mais completa”. Paulo Fernandes lembrou as parcerias com a UBI, na área das ervas medicinais e com a Câmara de Castelo Branco, com quem assinámos um acordo de cooperação no setor agroalimentar, o qual é essencial naquilo que é a procura do que se pode fazer na área da biotecnologia das plantas”. O autarca falava da complementaridade que pode ser feita com o Centro de Apoio Tecnológico ao Agroalimentar e ao InovCluster, ambos liderados pela câmara albicastrense. Também o presidente da Câmara de Cantanhede, em representação do Biocant Park, destacou a ideia que “a batalha da competitividade é um dos maiores desafios atuais”. O Centro agora inaugurado tem também uma dimensão internacional, sobretudo com o envolvimento da Universidade de Campinas, uma das mais importantes do Brasil e da América Latina, e da própria Prefeitura de Campinas, que através do seu vice-presidente, Henrique Teixeira, sublinhou a importância do centro e a oportunidade que ele tem para os empresários brasileiros. De resto, a assessora da Embaixada do Brasil, Daniela Xavier, também reforçou essa ideia, elogiando “o facto das relações entre Portugal e Brasil terem atingido um nível de maturidade que já envolve a investigação, a ciência e a tecnologia”. A sessão solene, de cerca de duas horas, teve ainda a intervenção de Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, que lembrou que a prioridade do Programa 2020 se destina a projetos como este. K

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Sucesso escolar

Beja contra abandono

Guarda

Sistemas em simpósio

6 No Instituto Politécnico da Guarda (IPG) decorreu, entre 1 a 4 de setembro, o simpósio internacional SDEMPED 2015 – 10th IEEE International Symposium on Diagnostics for Electric Machines, Power Electronics and Drives. Tratou-se de uma organização do Centro de Investigação em Sistemas Eletromecatrónicos (CISE), que é uma unidade de investigação do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, com sede na UBI; esta unidade possui, entre outros, um laboratório de investigação em energias renováveis nas instalações do IPG. Adérito Alcaso, docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPG e um dos responsáveis pela organização local, considerou que “este evento foi um sucesso. Aliás vários conferencistas manifestaram a sua opinião sobre a excelência do simpósio. Como foi realizado um inquérito anónimo aos conferencistas poderemos daqui a algum tempo quantificar melhor esta conclusão”. Para este docente da ESTG/IPG, houve vários fatores que contribu-

íram para este balanço “extremamente positivo, nomeadamente os fatores inovadores introduzidos, como os expositores empresariais, os primeiros socorros e a presença do Secretário de Estado da Energia”. Figueiredo Ramos, docente da ESTG/IPG e também elemento da organização, sublinhou que “a opinião dos conferencistas, expositores empresariais e de todo o staff da organização foi que a conferência tinha sido excelente; pela cuidada organização, pelas instalações do IPG, pela logística bem como pela excelência dos trabalhos apresentados. A qualidade dos conferencistas também foi notada, pois na área científica da conferência (Máquinas Elétricas, Eletrónica de Potência e Acionamentos) tivemos os cientistas mais conceituados a nível internacional. Em termos científicos, dissenos Adérito Alcaso, “foram apresentados vários resultados de investigação que poderão ser úteis em importantes aplicações futuras como sejam a dos carros elétricos e energias renováveis.” Quando confrontado com os

elogios que foram transmitidos à organização local, Figueiredo Ramos disse que tinham colocado neste evento o maior empenho e se procurou responder a todas as solicitações. “ Relembro, por preocupação da organização, que até existiu, numa sala adjacente aos trabalhos, uma sala de oração “Prayer Room” para todas as religiões, algo inédito em conferências deste nível. A existência desta sala deveuse à constatação da necessidade de uma parte dos conferencistas terem de rezar num determinado horário, algo que se presenciou principalmente por parte dos conferencistas muçulmanos”. O projeto Egiecocar e o das energias renováveis da ESTG tiveram alguma visibilidade “pelo que se espera que os conferencistas presentes divulguem entre os seus alunos as nossas potencialidades, reforçando os intercâmbios Erasmus, entre outros”. O International Symposium on Diagnostics for Electric Machines, Power Electronics and Drives foi realizado pela primeira vez em Portugal. K

IPBeja

Bolsas BUD estão aí

6 O Instituto Politécnico de Beja e a Fundação JBFernandes Memorial Trust I celebraram um acordo que viabilizou mais uma medida de apoio social com a designação de Bolsas BUD, que têm como objetivo promover e facilitar o regresso ao ensino superior de estudantes do IPBeja, dos cursos de 1º ciclo, que tenham interrompido os seus estudos por razões de comprovada dificuldade económica. O financiamento provém, exclusivamente, do donativo da Fundação JBFernandes Memorial Trust I, sendo que a Bolsa Bud equivale, por estudante, ao montante da propina anual definida para os cursos de 1º ciclo e é paga aos estudantes beneficiários que tenham frequentado anteriormente

012 /// SETEMBRO 2015

6 O Instituto Politécnico de Beja vai receber 20 mil euros para apoiar as medidas implementadas na área da promoção do sucesso escolar e da prevenção do abandono. O apoio surge na sequência de um seminário organizado, no dia 12 de maio, pela Secretaria de Estado do Ensino Superior, enquadrado na iniciativa “Melhoria da Qualidade de Gestão”, cujo o tema visava o “Sucesso Escolar” no Ensino Superior. Face à relevância das iniciativas apresentadas pelas diferentes instituições de Ensino Superior presentes no seminário, o

Guarda

Fórum sobre Toponímia 6 Na Guarda vai realizar-se no próximo dia 30 de outubro, um novo Fórum sobre Toponímia, organizado pelo Instituto Politécnico. Com esta iniciativa o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) pretende contribuir para um melhor conhecimento das localidades do distrito, dos valores históricos, culturais, sociais, religiosos e políticos a ela associados através da toponí-

2015/2016, o IPBeja tem 29 Bolsas BUD para atribuir. K

mia. Os interessados em participar devem efetuar a sua inscrição (gratuita mas obrigatória) até 16 de outubro, em http://www.ipg.pt/ toponimia/. Mais informações podem ser solicitadas para gic@ipg.pt Os trabalhos vão decorrer no auditório dos serviços centrais do Instituto Politécnico da Guarda. K

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o IPBeja e que pretendam regressar aos seus estudos. Para o ano letivo

Ministério da Educação, através da sua Secretaria de Estado de Ensino Superior, decidiu financiar projetos com vista a combater o “insucesso e abandono escolar”, num toral de 120 mil euros para o total das instituições envolvidas, recebendo o IPBeja um reforço orçamental de 20 mil euros pela dinamização de um projeto, coordenado por João Alberto Mendes Leal, Pró-Presidente do IPBeja para a Avaliação, Qualidade e Procedimentos, com vista a estudar e implementar Medidas de Combate aos Insucesso e Abandono Escolar. K


SETEMBRO 2015 /// 013


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Erasmuscentro

Viseu coordena consórcio 6 O Instituto Politécnico de Viseu (IPV) vai coordenar este ano letivo o consórcio Erasmuscentro, que associa politécnicos, empresas, associações empresariais e autarquias, e visa a promoção da mobilidade internacional, com realização de estágios em países europeus, ao abrigo do Programa Erasmus+. No que concerne à mobilidade dentro do espaço europeu, foram atribuídas um total de 290 bolsas para os estudantes realizarem um estágio, 146 bolsas para os docentes executarem um missão de ensino numa instituição congénere e 56 bolsas destinadas a ações de formação para docentes e não-docentes em empresas e/ ou instituições de ensino superior europeias. O orçamento aprovado para a implementação destas atividades foi de 784.520 euros, cuja responsabilidade de gestão é do IPV. De salientar a aprovação da candidatura à medida do progra-

ma Erasmus+ International Credit Mobility, que se destina à mobilidade de pessoal docente e acolhimento de estudantes fora do espaço europeu. O Consórcio Erasmuscentro foi o único consórcio português que teve a sua candidatura a esta medida aprovada. Este facto assume maior importância no sentido em que foram apresen-

tadas em Portugal um total de 27 candidaturas e aprovadas 10. Com uma dotação orçamental de 56.460 euros, o Consórcio Erasmuscentro reforça assim a sua amplitude geográfica. Serão organizadas atividades de mobilidade com Macau, Palestina e Paraguai, que foram os países aprovados para o efeito. K Sandra Familiar _

Hotel-Escola do Politécnico do Porto

Brasileiros no Politécnico do Porto TO Instituto Superior de Engenharia do Politécnico do Porto acolhe este mês 38 estudantes de Engenharia Civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), uma das mais prestigiadas Universidades do Estado de São Paulo, no Brasil. Os futuros engenheiros vão integrar o Programa de Dupla-Titulação estabelecido entre o Politécnico do Porto e a UPM ao nível da Engenharia Civil, assinado há cerca de um ano. O Politécnico do Porto criou o Programa MPB (Mobilidade para o Brasil), dando prioridade a cursos com duplas-titulações assinadas com o Brasil. Deste modo, para além do mercado de emprego em Portugal, neste momento animado pela vertente de recuperação urbana, os candidatos ao ensino superior habilitam-se a aceder, entrando num curso de Engenharia Civil com dupla-titulação com o Brasil, a um mercado com mais de 200 milhões de habitantes onde há uma enorme falta de engenheiros. K

Primeiros cursos avançam

Melhores de Civil não pagam propinas

6 Os primeiros cursos na área da hotelaria e turismo da Porto School Hotel, escola internacional do Politécnico do Porto, avançam este ano, decorrendo as aulas no primeiro hotel-escola em Portugal, a nova unidade hoteleira de cinco estrelas localizada, em Baião, o Douro Royal Valley Hotel & SPA, com capacidade para acolher 70 alunos. Numa primeira fase, a Porto School Hotel vai disponibilizar formações não graduadas [pós-secundárias]. São três cursos de especialização que terão a duração de dois anos lectivos, abrangendo diferentes áreas da hotelaria e turismo. As formações intensivas dos cursos de International Hospitality Management, Culinary and Innovation Management e

TA Associação para o Desenvolvimento e Investigação de Viseu acaba de criar o Programa de Incentivos à Formação em Engenharia Civil, que consiste na atribuição de 10 bolsas de estudo aos melhores candidatos que ingressem pela primeira vez no curso de licenciatura em Engenharia Civil, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu. A candidatura às bolsas decorrerá durante o mês de setembro, sendo o montante a atribuir no âmbito de cada bolsa corresponde ao valor anual da propina (900 euros) e será mantido desde que o aluno transite de ano curricular. Para garantir o pagamento das bolsas de estudo, o programa prevê a constituição de um

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014 /// SETEMBRO 2015

Wine and Beverage Service Management materializam-se num modelo educativo e curricular inovador capaz de responder às necessidades nacionais e internacionais de um setor com bons níveis de empregabilidade. Os cursos estão organizados

com base no European Credit Transfer System (ECTS), permitindo ao estudante ter creditações, caso queira dar prosseguimento ao seu percurso académico, através do ingresso numa licenciatura da área do Turismo, Hotelaria e Restauração. K

fundo de donativos de entidades externas, públicas ou privadas. A dotação inicial do fundo é assegurada pela ADIV. K

Nova Polistécnica nas bancas T A edição número 36 da revista de informação institucional do Instituto Politécnico de Viseu, Polistécnica, já foi publicada e centra-se na segunda edição do “Ciência em Férias IPV 2015”. Este número destaca ainda as aprovações das candidaturas ao programa Erasmus+ do consórcio Erasmuscentro, bem como para períodos de estudo com duração de um semestre numa das instituições de ensino superior com as quais o IPV tem acordo bilateral. Na secção Inforpolis surge toda a informação institucional, desde eventos a cerimónias de posse de órgãos de gestão do Politécnico de Viseu. São ainda divulgadas as atividades da tuna Tunadão e a V Caminhada Solidária. K

Aluno de Tomar premiado T A participação do Instituto Politécnico de Tomar (IPT) na XVIII Bienal de Cerveira decorreu da melhor forma, com a atribuição de um prémio a Jorge Miguel Gonçalves pelo seu trabalho “Hortas Urbanas”. Em exposição esteve um conjunto de fotografias, que explorou a relação entre a urbanização e o meio envolvente, debruçando-se sobre a “luta” dos espaços rurais nos arredores de Lisboa. Jorge Miguel já havia sido um dos artistas selecionados nos Encontros da Imagem em 2011 e 2013. Além dos seus trabalhos, estiveram expostos outros produzidos no contexto das licenciaturas do IPT de Artes Plásticas, Pintura e Intermedia (APPI) e Fotografia, com obras expostas de Hélder Sampaio, Paulo Lisboa, Sandro Ferreira, Ricardo Pereira, Diogo Simões e Jorge Miguel. K


Fablab em Castelo Branco

Laboratório 3D já funciona

6 O Centro de Empresas Inovadoras de Castelo Branco (CEi) inaugurou, dia 11de setembro, o Laboratório de Prototipagem Rápida (Fablab) de Castelo Branco. O novo espaço vai servir todas as empresas interessadas e fica dotado de uma série de equipamentos capazes de fazer protótipos, como é o caso de impressoras 3D. O investimento é do próprio CEi, com o apoio da Câmara de Castelo Branco. Para Luís Correia, presidente do município, “este laboratório constitui uma mais valia para o concelho e as suas empresas, sendo também um fator de inovação e de desenvolvimento de novos produtos. Este investimento em tecnologia vem enriquecer o CEi, o qual pode trazer valor e inovação aos produtos das empresas”. Recorde-se que o Centro de Empresas Inovadoras assinalou recentemente o seu segundo aniversário. Luís Correia faz “um balanço muito positivo” daquela estrutura, pela “forma

CEI H

como está a trabalhar, face ao impacto que está a ter no empreendedorismo e na instalação de novas ideias de negócio”. Luís Correia refere que “os objetivos têm sido todos cumpridos. Este ano realizámos uma conferência de empreendedorismo, inovação e criatividade, e apresentámos no nosso aniversário, uma plataforma eletrónica (RocketPlan) para apoio aos empreendedores”. O autarca sublinha que “o Centro se enquadra na estratégia de desenvolvimento económico para Castelo Branco. Temos

apostado no agroalimentar, mas sabemos da importância deste edifício para o aparecimento de novos empreendedores e novas empresas”. Com 49 projetos associados, o CEi tem ocupados 21 dos 35 espaços disponíveis. No terceiro ano de funcionamento todos os gabinetes estarão a funcionar, de acordo com os responsáveis do Centro. K

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CEI H

Ana Abrunhosa e Luís Correia na inauguração do FabLab

CEI H

O laboratório já se encontra a funcionar

SETEMBRO 2015 /// 015


Desafios de Comunicação

Portalegre

Encontros de Portalegre

Exposição no IPP

6 Os VIII encontros de Portalegre, promovidos pelo Instituto POlitécnico local e pela CICS. Nova, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, realizaram-se de 9 a 11 de setembro na Escola Superior de Educação da cidade alentejana. A iniciativa, valiosa do ponbto de vista académico, teve uma sessão de abertura onde marcaram presença os responsáveis do IPP, da escola e da Comissão

Organizadora (composta por Alexandre Martins, Marc Breviglieri, José Manuel Resende e Catarina Gomes). Ao longo dos três dias de trabalho foram promovidas diferentes iniciativas, casos do seminário de investigação pós-graduada, debate sobre avaliações problemáticas, medidas insuficientes, e sobre extensão/restrição dos quadros de convivialidade nas instituições, e diversas apresentações. K

Santarém

Plataforma para o desporto 6 A Escola Superior de Desporto de Rio Maior do Instituto Politécnico de Santarém, a TICE/ INSPORTHEALTH, a DESMOR, EM, SA e o Centro de Negócios de Rio Maior, acabam de assinar um proitocolo de cooperação, o qual tem por objetivo a instalação da plataforma INSPORTHEALTH , na cidade de Rio Maior A INSPORTHEALTH é uma

plataforma transfronteiriça para a inovação no desporto e saúde que nasce da necessidade de dar uma resposta coletiva a problemas comuns devidamente identificados no seio da inovação aplicada ao desporto e saúde, implementando uma organização em rede associada a estratégias de eficiência coletiva neste setor. Reúne empresas, organizações

desportivas, unidades do sistema científico e tecnológico nacional e instituições de ensino superior, com o objetivo principal de desenvolver ações que melhorem a competitividade, incentivando o desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores, transferência de conhecimento, formação avançada, marketing e internacionalização. K

6 O Instituto Politécnico de Portalegre tem patente até ao próximo dia 24 de setembro, a exposição “Mãos com Arte”.

A mostra da autoria de José António Oliveira, apresenta trabalhos efetuados em madeira, bunho, xisto e cortiça. A entrada é livre. K

Prémios europeus

Algarve distinguida 6 O CRIA, a Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve, ganhou o segundo Prémio Nacional dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial 2015 na categoria Promoção do espírito de empreendedorismo, tendo o galardão sido entregue a Hugo Barros, o coordenador do CRIA, numa cerimónia realizada em Lisboa, no final de Julho. O galardão é atribuído a iniciativas de âmbito nacional, regional ou local, que promovam o espírito empreendedor, especialmente entre jovens e mulheres. O Concurso, promovido pelo IAPMEI, está associado à edição 2015 dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial, uma com-

petição que tem como objetivo distinguir as melhores práticas de promoção do empreendedorismo na Europa. Desde 2003 que o CRIA tem promovido atividades que incentivam o empreendedorismo, apoiando a constituição de novas empresas, start-ups e spin-offs, e promovendo relações entre as unidades de investigação da Universidade do Algarve e as empresas. K

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Início do ano escolar acarreta despesas

apoios

Falta ordenado para os livros 6 Todos os anos a história repete-se. Terminadas as férias, as famílias com filhos em idade escolar, começam a fazer contas à vida. Para as crianças e os jovens é a alegria de regressar à escola com novos materiais e vontade de os mostrar. Para os pais veêm as dores de cabeça. O dinheiro não chega para tudo. Nalguns casos 700 euros não são suficientes para a aquisição de manuais escolares e o restante material necessário. Numa família que tenha dois filhos a estudar, um no 7º ano, e outro no 10º, são gastos só em livros cerca de 540 euros (260, no 7º ano + 280, no 10º). Um valor que pode ser superior, pois as editoras lançaram também outros conteúdos que podem ser adquiridos em separado. O preço desses conteúdos pode significar cerca de mais 100 euros. A compra dos manuais escolares é uma dor de cabeça para a maioria das famílias. Os livros variam entre os 38 e os 50 euros (para os três livros do 1º ciclo), entre os 130 e os 150 euros (para os livros obrigatórios do 2º ciclo), entre os 190 e os 260 euros (para o 3º ciclo), entre os 200 e os 290 euros (para 10º e 11º anos) e os 130 euros (12º ano aqui são menos livros). Mas voltando às contas daquela família. Se aos 540 euros juntarmos os conteúdos extra, ficamos com a soma em 640 euros. A este valor teremos que acrescentar todo o restante material didático. É que cada um dos filhos necessita de cadernos, de canetas, lápis, borracha e mochilas. Para aquele material há várias opções. As grandes superfícies lançaram campanhas, onde surgem os kits escolares económicos, onde é possível adquirir uma mochila, oito esferográficas, quatro lápis, tesoura, borrachas, estojo, dois tubos de cola e um apara lápis. A conta

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subirá, porque são necessários cadernos e um não chega para quem estuda a partir do 2º ciclo. Aí é conveniente ter um caderno para cada disciplina, pelo que há que multiplicar o valor do caderno escolhido pelo número de disciplinas. Neste caso há cadernos

desde cerca de 1 euro até aos 4 euros. É evidente que na entrada do novo ano letivo todas as contas são preciosas, mas muitas vezes cede-se à vontade dos filhos e em vez dos kits económicos a opção vai para outros materiais.

As mochilas podem chegar aos 50 euros, mas também as há a partir de dois euros. O mesmo sucede com todo o restante material escolar que fora desses pacotes económicos apresentam preços mais elevados. Prosseguindo as contas da família com os dois filhos, e tendo em consideração que são pelo menos necessários em média 8 cadernos para cada um dos filhos, obtemos um total de mais 46 euros, aos quais se juntará ainda o valor dos lápis, canetas, borrachas e todo o outro material indispensável, numa média de mais 10 euros. A soma vai, portanto, em 746 euros (640 euros de livros e conteúdos extra + 46 euros de cadernos +10 material diversos como canetas, borrachas etc + 50 euros das mochilas). É óbvio que é possível fazer uma redução neste orçamento se se optar exclusivamente pelos pacotes económicos (só aqui é possível poupar 30 ou mais euros nas duas mochilas/troleys). Aquele valor médio pode ainda ser aumentado, caso sejam necessários noutros materiais didáticos, como uma gramática (12 euros) e os dicionários de língua estrangeira (a partir de 8 euros) e portuguesa (a partir de 5,31 euros), o que aumentará a conta para 771,31 euros. Em suma, aquela família, que possui dois filhos a estudar terá que desembolsar quase 800 euros no início de setembro. O setor da informática deve ser tido em conta. Hoje em dia, muitos dos trabalhos escolares exigem pesquisas na internet e até uma apresentação mais evoluída do que os tradicionais manuscritos. Ter um computador em casa acaba por constituir uma necessidade e para muitas famílias o recurso ao crédito é uma opção. Por exemplo um computador portátil razoável poderá custar cerca de 400 euros. K

Governo deixa milhares de alunos sem acesso ao Ensino da música 6 Cerca de 97 conservatórios privados vão sofrer uma redução drástica nos estudantes cofinanciados pelo Ministério da Educação e Ciência. A notícia foi avançada pelo Diário de Notícias, segundo o qual esta medida terá consequências até na organização das escolas públicas. Citada pelo mesmo diário, a Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) refere que só em 30% destes 97 estabelecimentos há uma redução de 2519 alunos apoiados em comparação ao último ano letivo. Estes números representariam um corte de mais de 8000 lugares disponíveis. Os maiores problemas que afetam as escolas públicas surgem no corte de 97% nas iniciações, uma oferta extracurricular do 1º ciclo, de 79% no básico supletivo, que é oferecido também como complemento dos currículos escolares tradicionais; e de 16% no ensino básico articulado. Ou seja, esta situação afeta as escolas públicas na medida em que parte do currículo dos alunos do articulado era oferecida pelos conservatórios, substituindo disciplinas como Educação Musical e Educação Visual e Tecnológica. Protesto para dia 18 Professores, diretores escolares, alunos e encarregados de educação vão manifestar-se em frente ao Ministério da Educação contra as verbas atribuídas às escolas de ensino artístico que obrigam a retirar das turmas milhares de crianças que já estavam inscritas.A decisão de realizar uma manifestação a 18 de setembro surge depois de as escolas de ensino artístico especializado terem tido conhecimento dos valores que iriam receber do Ministério para garantir a oferta de ensino da música e da dança aos alunos das escolas públicas. “Todas as escolas vão recorrer destas decisões”, disse , alertando ainda para a possibilidade de alguns estabelecimentos de ensino, professores em nome individual ou encarregados de educação poderem vir a impugnar o concurso. Pais, professores e alunos vão concentrar-se na avenida 5 de Outubro, em Lisboa, e exigir que “pelo menos seja dada a possibilidade às escolas de manter o número de alunos que tinham no ano passado”, contou Suzana Batota. K

SETEMBRO 2015 /// 017


Universidade Eduardo Mondlane

Honoris causa para Mutola 6 A Universidade Eduardo Mondlane atribuiu em agosto, o título de Doutor Honoris Causa a Lurdes Mutola, em Ciências do Desporto, em sindicância aos contributos prestados por esta ex-atleta, não só na área desportiva, mas também com o exemplo cívico do seu percurso de vida, a dimensão internacional que o seu trabalho alcançou e na glorificação de Moçambique no concerto das nações. Falando na ocasião, o reitor da UEM, Orlando Quilambo, classificou a atribuição do título honorífico como um tributo justo a uma atleta que através do seu trabalho abnegado, conseguiu elevar o nome do país além-fronteiras. “Esta cerimónia é o reconhecimento público que a UEM faz a um dos seus melhores filhos que com esforço próprio e espírito de patriotismo conseguiu elevar, através do desporto, para bem alto a Bandeira de Moçambique”, frisou Quilambo. Uma das atribuições da UEM assenta no reconhecimento público das personalidades que se notabilizaram nas suas respectivas áreas de actuação. “Lurdes Mutola é a diva do nosso atletismo, modalidade desportiva que encontra na Escola Superior de Ciências de Desporto da UEM o seu lugar apropriado”, disse o reitor, para depois acrescentar que se espera que com os ensinamentos da condecorada a UEM seja o epicentro das actividades desportivas. Convidada a dar a sua primeira aula de sapiência, Lurdes Mutola

Macau

OMS aposta na medicina chinesa

6 A Organização Mundial de Saúde (OMS) acaba de criar um centro de cooperação de medicina tradicional chinesa em Macau. Segundo apurámos, com esta aposta a OMS pretende estimular a afirmação do território na formação de especialistas e na cooperação internacional. Alexis Tam, secretário dos Assuntos Sociais e Cultura, referiu na ocasião da criação do centro, que 29 por cento da população local recorreu à medicina tradiJornal Domingo.co.mz H

destacou os ensinamentos do seu treinador, o norte americano Jeff Fund, que lhe transmitiu a ideia de auto superação como forma de atingir as suas marcas. “Não é suficiente, tens que dar o teu melhor”, dizia sempre o treinador de Mutola. A ‘Menina de Ouro’, como é carinhosamente tratada, aproveitou a ocasião para agradecer a UEM pelo reconhecimento, o falecido escritor José Craveirinha, o Antigo chefe de Estado, Joaquim Chissano, ao antigo combatente, Marcelino dos Santos e ao povo moçambicano no geral pelo apoio material e moral, factores determinantes para o seu sucesso. “Obrigado ao José Craveirinha! Se não fosse ele não sei o que seria de mim. Ele fez-me perceber que tenho talento. Treinei duas semanas com o seu filho, Stelio Cravei-

rinha, mas depois desisti e fui ficar em casa devido as dores e ele [José Craveirinha] veio e disse-me que o desporto me levaria longe,” revelou Mutola, para depois acrescentar que com apoio de Marcelino dos Santos, as portas se abriram nos Estados Unidos e aprendeu muito. Mutola disse ter recebido, em grandes competições, apoio ao mais alto nível com os telefonemas do antigo Presidente da Republica, Joaquim Chissano, que sempre dizia “…menina, o povo moçambicano está contigo…força Lurdes”. Tal facto despertou na campeã Olímpica e do mundo a consciência de que o atletismo não era uma modalidade individual. “Sempre que corria, sabia que havia muita gente apoiando-me no meu país”, concluiu a Doutora Honoris Causa. K

cional chinesa em 2014. Aquele responsável, referiu à comunicação social que aquele dados “representam a aceitação, por parte da população, dos métodos tradicionais, por isso, o governo de Macau irá reforçar e elaborar o apoio da população, nomeadamente os idosos, para que possam usufruir deste tipo de cuidados.” No entender de Alexis Tam, a medicina chinesa é “muito útil na prevenção de doenças”. K

Zhuhai - China

Universidade recebe apoio financeiro 6 O Instituto de Pesquisa Zhuhai, da Universidade de Macau (UM), vai receber um financiamento de 4 milhões de yuans da Fundação Nacional de Ciências Naturais (FNCN) para dez projetos, informou a Fundação recentemente. A notícia foi veiculada pela China Rádio Internacional, segundo a qual a UM apresentou 38 pedidos de financiamento à FNCN neste ano e teve mais de 26% deles aprovados. Segundo a mesma fonte, das

dez pesquisas financiadas, cinco foram escolhidas como Programas Gerais do ano. As restantes entraram na categoria que a FNCN criou especialmente para cientistas de até 35 anos. Fundada em 1986, a FNCN é uma grande financiadora de pesquisa científica básica e exploração científica de fronteira. Já investiu 18,35 bilhões de yuans (US$ 2,87 bilhões) em 37.606 programas neste ano, o que representa 80,2% do plano de financiamento para 2015. K

Angola

Aproveitar a investigação

6 Os trabalhos de investigação científica dos estudantes finalistas da Faculdade de Medicina deveriam ser melhor aproveitados, para a melhoria das políticas e estratégias sobre a saúde dos angolanos, considerou , em Luanda, o docente universitário Josenando Teófilo. Em entrevista à Agência Angola Press, a propósito do aproveitamento dado aos trabalhos de investigação científica dos finalistas da Faculdade de Medicina, da Universidade Agostinho Neto, Josenando Teófilo

acrescentou que os trabalhos de fim de curso são depositados na Biblioteca da Faculdade e têm servido de documentos de consulta para outros estudantes, porque “na medicina pura a repetição pode ser um mestre da ciência”. “Por exemplo, alguém pode fazer um trabalho sobre a eficácia dos anti-maláricos, ou sobre a pertinência do vector da mosca tsé tsé, e um outro discente, depois de ler este trabalho, pode encetar estudos para verificar se

os resultados são os mesmos, ou ainda aprofundar mais o conteúdo investigado”, disse. Jonenando Teófilo, que é também diretor do Instituto de Combate e Controlo das Tripanossomíases e do Centro de Investigação de Doenças Parasitárias Tropicais, afirmou que os trabalhos de fim de curso são muito valiosos, pois são defendidos perante um grupo de jurado composto por cinco professores titulares da Faculdade de Medicina. K

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Telf.: 966 576 123 E-Mail: psicologia@rvj.pt “Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira. Pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular (…). Outras vezes uma palavra é quanto basta.” José Saramago, “Jangada de Pedra”

EPM-CELP H

Moçambique

Escola Portuguesa abre ano letivo 6 A Escola Portuguesa de Moçambique-CELP deu início ao ano letivo de 2015/2016. Todos os alunos e respetivos encarregados de educação, do pré-escolar ao ensino secundário, foram recebidos pela direção e professores. As atividades

letivas tiveram início a 8 de setembro, após gozo do feriado nacional moçambicano, alusivo às comemorações do aniversário da assinatura dos Acordos de Lusaca, em 1974, que conduziram o país à independência nacional no ano seguinte. K


Editorial

Crato não volta a ser ministro. 7 O início deste ano escolar foi, uma vez mais, caracterizado por um total desprezo pelos profissionais da educação, pelo seu investimento na formação, pela experiência acumulada ao longo de anos de contacto directo com os alunos, pais e comunidade escolar. À porta da escola, mirando o futuro incerto, ficaram milhares de docentes. Outros tantos, após dezenas de anos de serviço, foram obrigados a uma mobilidade forçada, que os afasta das famílias e dos contextos sociais, emuladores da motivação profissional. Em nome de quê? Do aumento da mediocridade do nosso sistema de ensino público, do desperdício da formação que o Estado prestou a esses educadores e em benefício de “feijões” para aumentar a hipócrita poupança orçamental e para impulsionar o ensino privado, de acordo com a perversa lógica neoliberal de que a ascensão social, proveniente da meritocracia da escola, não é para todos. Crato, no seu pior. Crato, nunca mais será ministro. Nem da educação, nem do quer que

seja. Mas ele, e Maria de Lurdes Rodrigues, deixaram, na escola e nos professores, um rasto virótico de corrosão endémica da profissionalidade dos docentes e do sentido da escola democrática e universal. Trata-se de um ciclo que urge inverter, para não nos transformarmos nos pacóvios educacionais da EU. Por isso, hoje, os professores que resistem e recusam perder a sua profissionalidade, aqueles que estão presentes e aceitam os novos desafios, são muitas vezes olhados como heróis sociais pelo modo como enfrentam o embate das mudanças, das pressões e das críticas injustas. Mas nem todos têm esse dom, esse golpe de asa, essa facilidade de ultrapassar os obstáculos, sobretudo quando submersos em contextos escolares claustrofóbicos. A geografia de actuação dos docentes foi profundamente alterada nas últimas décadas, sem que isso tenha revertido numa significativa alteração dos processos de formação inicial e contínua dos professores. A quase totalidade dos docen-

tes foram (e ainda continuam a ser) formados para agir, quase exclusivamente, dentro da sala de aula. As competências profissionais que lhes são exigidas estão confinadas a saberes e procedimentos que apenas fazem sentido em situação de classe. Os formadores de professores dedicam mais de noventa por cento das suas actividades de supervisão para recolher dados de avaliação através da observação de aulas. O (futuro) professor pode claudicar à porta da sala de aula. Será impensável que o faça dentro dela. Esta história e estas memórias da formação fazem com que muitos dos professores portugueses prefiram o trabalho individual (isolado) à formação em parceria, porque lhes fizeram acreditar que a sua sala de aula é um local sagrado inexpugnável e que o seu trabalho profissional se esgota com o fechar da porta dessa sala. E esta fuga ao trabalho colaborativo dentro da escola pode atrasar imenso a inversão do ciclo de que há pouco falávamos…. Muitos de nós fomos e so-

mos apenas preparados para agir em situação de classe, menos na escola, raramente na aldeia digital e na comunidade parental. Aí, começam as fobias, os preconceitos, as reservas e os desencantos. Aí, os discursos começam sempre a ser menos pedagógicos e mais defensivos de uma neutra profissionalidade que nem sempre sabemos definir ou que, por ausência de outro modelo, definimos com base na tradição e no pior do discurso oral. Sobretudo quando a tutela obriga, com tem vindo a obrigar, a que os professores se desmultipliquem em tarefas e todos os objectivos que as famílias e a sociedade não conseguem (ou não querem?) solucionar… O alargamento das tarefas e funções dos docentes obrigamno a intervir numa nova geografia pedagógica, pressionamno a caminhar em terrenos e a traçar percursos em que ele nem sempre se sente profissionalmente confortável. Obrigase a que o professor também seja tutor e educador, quando ele, de facto, foi, sobretudo, formado para instruir, em contacto directo com os seus alu-

nos, sem intermediários, designadamente os intermediários das aprendizagens a distância. Por tudo isso, temos que exigir um plano/projecto de formação permanente, o qual deveria envolver verbas e meios significativos, porque se trata do modo mais eficaz para combater o desencanto instalado e devolver a escola aos professores, que sabem, melhor que ninguém, transformar esse espaço em local de alegria do saber e de formação para o futuro. K João Ruivo _ ruivo@rvj.pt Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico _

primeira coluna

Dar música sem música 7 Seria bom sinal que quando estiver a ler esta crónica a grande maioria dos alunos que fizeram exames e foram aprovados para o ensino articulado da música pudessem usufruir desse mesmo ensino. À hora em que escrevo estas linhas, ainda não havia qualquer fumo branco sobre o aumento do financiamento por parte do Ministério da Educação, estando previstas várias formas de manifestação pelos conservatórios privados de todo o país, os quais garantem a resposta pública. Caso não seja revisto esse apoio, milhares de crianças e jovens podem ficar impedi-

dos de aprender música, pois o financiamento proposto este ano é mais baixo que o do ano anterior, o que significa uma redução no número de vagas disponíveis. Mas significa também que muitas escolas vão deixar de ter alunos suficientes para manterem a sua estrutura em funcionamento e que as famílias que queiram colocar os seus filhos a aprender música e um instrumento, nunca pagarão menos que 100 euros mensais, valor que só estará ao alcance dos mais abastados. Por outro lado, e como as escolas já tinham feito os seus horários e as turmas, colocando os alunos inscritos para o

ensino articulado em turmas compostas exclusivamente com esses estudantes (os quais por terem aulas no conservatório deixam de ter algumas disciplinas - educação musical, e educação visual e tecnológica - na escola em que estão inscritos), esta redução obriga os agrupamentos a fazerem uma nova reorganização de horários, turmas e distribuição de serviço do pessoal docente. Mas a questão mais grave é o impedimento que esta medida provoca a milhares de alunos de aprenderem música e um instrumento nos conservatórios. Poderão dizer-me, mas isso são escolas privadas.

Pois são, mas estão a fazer o trabalho que deveria ser feito por conservatórios públicos, os quais não existem na maioria das cidades portuguesas. Ou seja, está colocar-se em causa o igual acesso ao ensino articulado da música. Acredito, no entanto, no bom senso que ainda possa existir no Ministério da Educação, e que esta questão venha a ser corrigida. E já agora, que no próximo ano letivo a questão das vagas não seja só decidida à porta de um ano escolar. Essas contas devem ser feitas no final dos anos letivos, para que o ano seguinte se prepare com tranquilidade e, se pos-

sível, ao som de uma música calma, e sem o ruído que se verifica este ano. K João Carrega _ carrega@rvj.pt

www.ensino.eu SETEMBRO 2015 /// 019


crónica salamanca

Un servicio de proyeccion internacional que presta la Universidad 6 Hace unas semanas se firmaba un acuerdo de gran proyección e interés internacional, de carácter político, cultural y universitario. Las partes integrantes del mismo eran el gobierno de España (con presencia de varios ministerios), la UNAM (Universidad Nacional Autónoma de México), la Universidad de Salamanca y la empresa multinacional Telefónica. ¿De qué convenio estamos hablando?. El acuerdo alcanzado entre tan señeras e influyentes instituciones tiene que ver con la enseñanza y el reconocimiento de las competencias de la lengua española hasta que el usuario alcance la acreditación oportuna de su conocimiento y uso del español como lengua. Nos encontramos, pues, ante un asunto de profundo calado cultural, económico, político, pedagógico, que va a repercutir y beneficiar a millones de ciudadanos de todo el mundo, que precisan justificar su dominio del español por razones y demandas económicas, comerciales o académicas. Los estudios previos confirman que el programa creado en ese acuerdo será un instrumento que facilite la vida a muchos millones de demandantes de la lengua española para los negocios, las relaciones exteriores, el turismo, la vida académica y científica. Es decir, que el español es solicitado como lengua de uso científico, comercial y político porque en el presente

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es una de las tres lenguas de mayor uso y proyección internacional. Deseamos éxito y larga vida a este programa de tan justificado interés social, científico y académico. ¿Cómo y por qué está presente la Universidad de Salamanca como uno de los actores principales de ese acuerdo? La presencia del resto de organismos políticos, económicos y académicos nos parece pertinente y justificada. Pero si hay una institución que “per se” tenía que estar presente en 2015 en ese selecto grupo de elegidos esa es la primera y más antigua de las universidades españolas, porque motivos tiene para ello en lo que se refiere a la enseñanza del español y difusión de nuestra cultura en el mundo. Desde que Federico de Onís, catedrático de Literatura Española, dedicara su discurso de apertura del curso 1920 a 1921, pronunciado en el paraninfo de la Universidad de Salamanca, a la enseñanza y presencia del español en Estados Unidos, se abrió un camino de largo y fecundo recorrido de compromiso de esta universidad con la enseñanza de la lengua española y difusión de la cultura hispana en un contexto sociocultural que en su día era poco receptivo , como el norteamericano, durante mucho tiempo extremadamente recluido en la cultura anglosajona y la lengua inglesa. Hoy ya ni tanto, a pesar de embates con los de al-

gunos candidatos presidenciales, caso del ultraconservador republicano Trump. Hay que recordar que Federico de Onís había sido becado por la Junta de Ampliación de Estudios, organismo público creado por el gobierno de España en 1907, y presidido por el Premio Nobel de medicina en 1903, don Santiago Ramón y Cajal. La beca de estudios fue disfrutada precisamente en Estados Unidos, como consecuencia de la intuición que tuvieron los promotores de la JAE hacia el protagonismo político y cultural que tendrían los USA en las futuras décadas del siglo XX. Poco después Federico de Onís ocupó la primera cátedra de español de una universidad norteamericana, la Universidad de Columbia en Nueva York, convirtiéndose desde entonces en el referente pionero y principal impulsor de la presencia de la cultura, la ciencia y la lengua españolas en Estados Unidos. Desde la segunda década del siglo XX, hace ahora un siglo, la Universidad de Salamanca se ha convertido en punta de lanza de la enseñanza del español para extranjeros, precisamente a raíz de los contactos con universidades norteamericanas generados por entonces, y que desde entonces solo han hecho que crecer en número e intensidad. La enseñanza del español para extranjeros es por ello una de las señas de identidad de la universidad salmantina, además de convertir-

Publicação Periódica nº 121611 Dep. Legal nº 120847/98 Redacção, Edição, Administração Av. do Brasil, 4 R/C Apartado 262 Telef./Fax: 272324645 6000-909 Castelo Branco www.ensino.eu ensino@rvj.pt Director Fundador João Ruivo ruivo@rvj.pt Director João Carrega carrega@rvj.pt Editor Vitor Tomé vitor@rvj.pt Editor Gráfico Rui Rodrigues ruimiguel@rvj.pt

se en un activo institucional y económico de enorme trascendencia para el histórico Estudio Salmantino. Pero más allá de estas razones últimas, debemos considerar que la Universidad de Salamanca ha comprendido que las misiones que le corresponde desempeñar van más allá de la formación de profesionales, de la investigación, de la difusión de la ciencia y la tecnología, y que deben concretarse también en proyectos sociales y culturales, a veces con sentido de Estado, e incluso de compromiso mundial y global hacia la cultura y la lengua españolas. Con ello se confirma que la universidad pública ofrece un servicio público que trasciende las fronteras del contexto de proximidad, incluso de España como nación, y que así responde a una de las dimensiones que deben cultivarse en toda universidad, precisamente la universalidad de sus servicios formativos y culturales. K José Maria Hernández Díaz_ Universidad de Salamanca jmhd@usal.es

Serviço Reconquista: Agostinho Dias, Vitor Serra, Júlio Cruz, Cristina Mota Saraiva, Artur Jorge, José Furtado e Lídia Barata Serviço Rádio Condestável: António Reis, José Carlos Reis, Luís Biscaia, Carlos Ribeiro, Manuel Fernandes e Hugo Rafael. Guarda: Rui Agostinho Covilhã: Marisa Ribeiro Viseu: Luis Costa/Cecília Matos Portalegre: Maria Batista Évora: Noémi Marujo noemi@rvj.pt Lisboa: Jorge Azevedo jorge@rvj.pt Nuno Dias da Silva Paris: António Natário Amsterdão: Marco van Eijk Edição RVJ - Editores, Lda. Jornal Reconquista Grafismo Rui Salgueiro | RVJ - Editores, Lda. Secretariado Francisco Carrega Sílvio Mendes Relações Públicas Carine Pires carine@rvj.pt Colaboradores: Albertino Duarte, Alice Vieira, Antonieta Garcia, António Faustino, António Trigueiros, António Realinho, Ana Castel Branco, Ana Caramona, Ana Rita Garcia, Belo Gomes, Carlos Correia, Carlos Semedo, Cecília Maia Rocha, Cristina Ribeiro, Daniel Trigueiros, Dinis Gardete, Deolinda Alberto, Elsa Ligeiro, Ernesto Candeias Martins, Fernando Raposo, Florinda Baptista, Francisco Abreu, Graça Fernandes, Helena Menezes, Helena Mesquita, Joana Mota (grafismo), Joaquim Cardoso Dias, Joaquim Serrasqueiro, Joaquim Bonifácio, Joaquim Moreira, João Camilo, João Gonçalves, João Pedro Luz, João Pires, João de Sousa Teixeira, João Vasco (fotografia), Joaquim Fernandes, Jorge Almeida, Jorge Fraqueiro, Jorge Oliveira, José Felgueiras, José Carlos Moura, José Pires, José Pedro Reis, Janeca (cartoon), José Rafael, Luís Costa, Luis Lourenço, Luis Dinis da Rosa, Luis Souta, Miguel Magalhães, Miguel Resende, Maria João Leitão, Maria João Guardado Moreira, Natividade Pires, Nuno Almeida Santos, Pedro Faustino, Ricardo Nunes, Rui Salgueiro, Rute Felgueiras,Sandra Nascimento (grafismo), Sérgio Pereira, Susana Rodrigues (U. Évora) e Valter Lemos Contabilidade: Mário Rui Dias Propriedade: RVJ - Editores Lda. NIF: 503932043 Gerência: João Carrega, Vitor Tomé e Rui Rodrigues (accionistas com mais de 10% do Capital Social) Clube de Amigos/Assinantes: 15 Euros/ Ano Empresa Jornalistica n.º221610 Av. do Brasil, 4 r/c Castelo Branco Email: rvj@rvj.pt Tiragem: 20.000 exemplares Impressão: Jornal Reconquista - Zona Industrial - 6000 Castelo Branco

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CRÓNICA

Cartas desde lá ilusion 7 Querido amigo: En mi última carta terminaba yo abogando por el “ser para hacer” y el “hacer para ser”. Hoy sigo abundando un poco más en esta idea que, aunque bonita en su estética, no deja de ser difícil y compleja en su práctica. En efecto, sabemos que el ser consolida la acción y que la acción consolida el ser. Pero esto, que racionalmente es fácil de captar y de entender, pragmáticamente supone una mentalidad diferente y un esfuerzo mayor, tanto por parte del profesorado que quiera mantener esta actitud, como por parte de los alumnos que acepten el reto de su mejora continuada. En otras cartas anteriores he reflexionado sobre el valor del esfuerzo, frente a “cánticos de sirena” que pretenden que las cosas se consiguen con facilidad, indicando, entonces, que nuestros alumnos deberían aprender con facilidad, que los profesores deberíamos presentar los asuntos y tareas para que el aprendizaje se hiciera con facilidad... En definitiva, últimamente nos han cantado los oídos en demasiadas ocasiones con la nece-

sidad de hacer que el aprendizaje sea fácil, sobre todo basándose en la aportación “inestimable” de las nuevas tecnologías. Pero tenemos que volver a insistir en que nadie ha conseguido nada sin esfuerzo, ningún empresario ha tenido éxito sin largas y tediosas horas de trabajo y dedicación, ningún deportista ha conseguido estar “en lo más alto” sin largas y tediosas horas de entrenamiento y de superación del sufrimiento que supone la actividad física, ningún estratega ha conseguido un flujo de beneficios “porque sí”, sino tras largas y tediosas horas de análisis, de planificación, de experimentación, de superación de la frustración por lo no conseguido en un momento determinado... En definitiva, ningún ser humano ha logrado el éxito (en la medida en que cada uno decida) sin haber sido capaz de sufrir y de superar las frustraciones que necesariamente se presentan en el camino de cualquier proyecto. En el ámbito educativo sucede lo mismo. Nadie puede eliminar la incerti-

dumbre de los profesores a la hora de proponer tareas y conocimientos a sus alumnos para que éstos sean capaces de completar sus trabajos y adquirir los conocimientos oportunos en cada caso. Nadie puede garantizar el éxito educativo de los alumnos basándose en los movimientos pedagógicos al uso o tradicionales. Ni siquiera, creo, se puede garantizar el éxito sobre la base exclusiva del esfuerzo de los alumnos... Pero, aunque no se garantice ni se pueda garantizar nunca, algo sí es cierto en el campo educativo: el esfuerzo, el trabajo, el amor por lo que cada uno hace y la valoración que los propios alumnos hacen de su trabajo, son parámetros que están en la base del posible éxito futuro... No quiero parecer pesimista, sino todo lo contrario. Los educadores tenemos la obligación de hacer y plantear todo lo que consideremos mejor para nuestros alumnos, pero no les engañemos con facilismos ni con igualitarismos fútiles. Nuestros alumnos merecen conocer la realidad y barajar sus posibilidades para hacerse “grandes”, cada uno a

su medida, en función de su esfuerzo y su capacidad de superación. Mi plan para este curso es conseguir que mis alumnos se acepten a sí mismos con sus capacidades y ayudarles a superarse en el esfuerzo por conseguir el éxito. Nada será más gratificante. K Juan A. Castro Posada _ juancastrop@gmail.com

Edições RVJ

Epidemiologia em livro 6 O livro Epidemiologia (algo básica) - uma espécie de sebenta, da autoria de Manuel Nunes, docente universitário na UBI e coordenador na Unidade Local de Saúde de Castelo Branco da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados, acaba de ser editado, pautando-se como um manual único no nosso país (até porque os existentes nessa área estão escritos em inglês), destinado ao alunos de licenciatura, mestrado, doutoramento e pósgraduações na área da saúde. O livro contou com o alto patrocínio da Câmara de Castelo Branco e foi apresentado na sala de sessões do Hospital Amato Lusitano, onde marcaram presença os presidentes da Câmara albicastrense, Luís Correia, da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, Vieira Pires, da Faculdade de Ciências da Saúde, Luís Taborda Barata, o vice-presidente do IPCB, António Fernandes, e o diretor da RVJ Editores, João Carrega. Manuel Nunes que escolheu a RVJ Editores para a edição do livro, explicou que “esta obra é o corolário de escrever para os alunos da Universidade da Beira Interior. Reestruturei os conteúdos, compilei-os e consegui fazer este livro . Fiz questão que ele fosse feito em Castelo Branco, por pessoas de Castelo Branco”.

O livro está disponível na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, mas também na UBI e no IPCB. Luís Correia, presidente da autarquia destacou a “qualidade do trabalho. A nossa perspetiva tem sido a de incentivar a produção cultural e científica do concelho. Estamos ao lado das pessoas que aqui trabalham e aqui residem. Assim promovemos não apenas a cultura como reforçamos a nossa comunidade e a nossa autoestima”. Luís Correia acrescentaria ainda que “esta nossa atitude não é nenhum favor. É nossa obrigação. E esta ligação entre a

comunidade, a Unidade Local de Saúde e o meio académico é um bom exemplo daquilo que pode e deve ser feito. Fortalecer estas ligações é também transmitir o conhecimento”. Vieira Pires, presidente da ULSCB, autor do prefácio, que fez questão de receber na sala de sessões do Hospital Amato Lusitano, a apresentação do livro, destacou o autor enquanto homem e enquanto profissional. “Ficámos a conhecer o homem, o médico e o professor universitário. A epidemiologia é uma área muito cara à saúde pública. E este

livro é publicado em português, o que não é muito comum”. Também António Fernandes, vice-presidente do IPCB, realçou o “interesse da publicação e o seu caráter científico. Uma obra que agora passa a estar disponível para a comunidade académica”. Por sua vez, Luís Taborda Barata, autor do posfácio, disse que o livro “é cientificamente rigoroso. É uma referência internacional. É irreverente e essa caraterística é fundamental”. Já João Carrega, da RVJ Editores, relembrou que a edição deste “livro vem reforçar o papel de Castelo Branco e da região na publicação de livros de referência. Esta obra é única no país e será um importante instrumento de trabalho para os alunos de ensino superior da área da saúde, não só de licenciaturas, mas de mestrados e doutoramentos. Pela sua singularidade e qualidade ficará registada no livro de honra da RVJ Editores, uma editora que tem editado para todo o país uma média de quatro livros por mês, não só na área científica, como em todas as outras, casos de poesia, ficção, história ou monografias”. Aquele responsável sublinhou ainda o papel da Câmara na dinamização da cultura no concelho, com especial destaque no apoio que tem prestado aos autores da região. K

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Malfada Veiga

«Qualquer coisa pode despertar a vontade de escrever» 6 Tece canções ternas e delicadas como poucos. «Planície», «Tatuagem» ou «Cada Lugar Teu» têm um lugar especial no coração dos portugueses. Em entrevista ao Ensino Magazine, Mafalda Veiga explica como casa a música com a palavra. Como é o espetáculo que tem na estrada em 2015? É um espetáculo de que gosto muito. Estou a tocar com uma banda que tem uma sonoridade diferente daquela com que costumo tocar. Tem sopros e contrabaixo, por exemplo.

Como é que a Mafalda costuma trabalhar? É sempre diferente. A música faz parte do meu dia-a-dia. Estou com ela o dia inteiro, mesmo que não esteja a trabalhar numa canção. Tudo o que me acontece é possível transformar numa canção. Por vezes, escrevo num qualquer lugar uma frase que origina uma melodia, noutras preciso de um espaço para me isolar. Desta vez precisei de encontrar esse espaço. Tenho composto várias canções, e guardado aquelas de que mais gosto.

O alinhamento é uma espécie de “best of” da sua carreira? Sim, mas estou a tocar pouco este ano porque quero acabar o disco. Termina agora o verão e quero gravá-lo no outono. Tenho esse objetivo.

De coisas banais surgem ideias interessantes. Qualquer coisa pode despertar a vontade de escrever, tocar memórias ou sentimentos. Filmes, conversas, lugares podem entrar em sintonia com qualquer coisa em nós. E o compositor sente vontade de responder a esse estímulo.

O sucessor de «Zoom» terá alguma surpresa? É provável. Vai ser diferente do disco anterior, mas ainda não sei o quanto. Já há uma série de ideias para as canções, mas só em estúdio se poderá definir melhor o caminho a tomar. No entanto, respeito muito as canções, sua génese e essência.

E sente pressão para concluir o trabalho? Sinto a pressão que coloco sobre mim própria. Sou completamente desorganizada no que se refere a cumprir timings. Por isso, tento reunir as condições ideais para compor. Daí decidir isolar-me e não dar quase nenhum espetáculo.

Está, portanto, na fase da composição.

Em 1987, lançou o álbum «Pássaros do

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Sul». Como seria a composição desse disco de estreia agora em 2015? É impossível imaginarmo-nos a fazer as coisas da mesma maneira tantos anos depois. Escrevi esse disco quando era muito mais jovem. Tinha vivido em Espanha. Quando voltei a Portugal, marcou-me o reencontro com toda a paisagem, os cheiros, todos os lugares da minha primeira infância. Procurei palavras que tinham a ver com o Alentejo, as músicas tradicionais.

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tuguesa? Sempre achei que a música portuguesa é extramente rica. Em todas as alturas tem havido pessoas muito criativas, em todas as áreas. Atualmente há muitas mulheres a escrever canções com mais visibilidade, o que é ótimo. K Entrevista: Hugo Rafael (Rádio Condestável) _ Texto: Tiago Carvalho _

Começou a sua carreira nos anos 80. Como olha para o panorama da música por-

Av. Dr. Abílio Marçal, Lote 1 B 6100-267 Cernache do Bonjardim Tel: 274 800 020 Email: geral@radiocondestavel.pt


gente e livros

Novidades literárias 7 VOGAIS. ABC da Poupança, de Ana R. Bravo. Ana R. Bravo, especialista em economia doméstica, irá com este livro ajudá-lo a criar um novo estilo de vida. Um estilo assente na previdência, no controlo das suas despesas e no aumento da poupança, sem perder qualidade de vida. Para que isso aconteça, comece por criar o seu orçamento — etapa essencial em que fará o diagnóstico das suas finanças — e depois siga as dicas propostas.

CASA DAS LETRAS. O Dia em que o Sol não se Apagou, de Nuno Gomes Garcia. No dia 26 de março de 1487 o sol apaga-se subitamente no reino de Portugal. Sem explicação para tão súbitas trevas, D. João II envia dois espiões em demanda da solução que restitua a luz ao país e evite o seu definhamento. Com Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva irá também, guardado num estojo, um par de olhos de diamante que outrora pertenceram a um menino chamado Mil-Sóis, cujo olhar cegava quem o encarasse, e que são a peça fundamental desta missão.

D. qUIXOTE. O Olhar dos Inocentes, de Camilla Läckberg. Numa idílica ilha frente a Fjallbacka (Suécia) houve em tempos um colégio, propriedade de uma família que, no domingo de Páscoa de 1974, desapareceu deixando para trás uma bebé de meses. Na altura, o mistério deixou a Polícia perplexa, que não encontrou rasto da família nem qualquer explicação plausível para o sucedido. A bebé, Ebba, foi entregue a uma família que a acolheu e educou e a investigação foi arquivada. Agora, muitos anos depois, Ebba regressa à ilha com o marido. VOGAIS. MBA da Vida Real, de Jack Welch e Suzy Welch. Jack Welch, guru da gestão e autor de «Vencer», regressa com um manual atualizado e essencial para todas as pessoas envolvidas no presente e no futuro do mundo dos negócios. Num momento em que os mercados estão a sofrer transformações tão rapidamente que parece ser impossível acompanhá-los, as dúvidas abundam. Neste livro, Jack Welch procura dar-lhe as respostas. K

Afonso Cruz 7 ««… um bom livro deve ter mais do que uma pele, deve ser um prédio de vários andares. O rés-do-chão não serve à literatura. Está muito bem para a construção civil, é cómodo para quem não gosta de subir escadas, útil para quem não pode subir escadas, mas para a literatura há que haver andares empilhados uns em cima dos outros. Escadas e escadarias, letras abaixo, letras acima.» In «Os Livros que Devoraram o Meu Pai» O multifacetado Afonso Cruz é escritor, ilustrador, músico e cineasta. Nasceu em 1971, na Figueira da Foz, e viria a frequentar mais tarde a Escola António Arroio, em Lisboa, e a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, assim como o Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira. Começou por realizar filmes de animação e viajou por mais de cinquenta países de todo o mundo, refere a sua biografia na Wook. Só mais tarde começou a ilustrar e a escrever livros, a par da vertente musical como músico e compositor na banda The Soaked Lamb. Publicou o seu primeiro romance em 2008, «A Carne de Deus — Aventuras de Con-

Direitos Reservados H

edições

rado Fortes e Lola Benites», seguido, no ano seguinte, por «Enciclopédia da Estória Universal». Da sua obra fazem ainda parte romances como «Jesus Cristo Bebia Cerveja» e «O Pintor Debaixo do Lava-Loiças», ilustrados pelo próprio Afonso Cruz. De acordo com a Wook, já conquistou vários prémios: Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2010, Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2009, Prémio da União Europeia para a Literatura 2012, Prémio Autores 2011

SPA/RTP; Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração 2011, Lista de Honra do IBBY – Internacional Board on Books for Young People, Prémio Ler/Booktailors – Melhor Ilustração Original, Melhor Livro do Ano da Time Out 2012 e foi finalista dos prémios Fernando Namora e Grande Prémio de Romance e Novela APE e conquistou o Prémio Autores para Melhor Ficção Narrativa, atribuído pela SPA em 2014. K Tiago Carvalho _

Da autoria do Padre João Avelino

Dicionário de pensamentos 7 Ao longo de mais de 20 anos o padre João Avelino, capelão no Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco, foi reunindo pensamentos de diferentes autores e épocas. Ordenou-os por temas e por ordem alfabética e construiu um verdadeiro dicionário de pensamentos, que agora surgem em cerca de 500 páginas, num livro inédito que teve o alto patrocínio da Câmara de Castelo Branco. O lançamento oficial do livro é aberto a toda a população e decorrerá dia 17 de setembro, pelas 16 horas. A cerimónia será presidida por Luís Correia, presidente da Câmara de Castelo Branco, e contará com a presença do Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, D. Antonino Dias, do próprio autor (João Avelino), e de João Carrega, autor do prefácio e responsável pela RVJ Editores, a editora escolhida pelo autor para dar a chancela à obra. Na sua nota introdutória, João Avelino diz que “fundamentalmente o pensamento é a base e a raiz do comportamento e do respetivo crescimento. Os pensamentos são a melhor herança dos sábios que não se deteoram, nem perdem a validade e a continuidade”. O sacerdote revela que “esta obra de coleção de pensamentos tem sido elaborada desde há vinte anos, de quando estive num ano de reflexão e reciclagem em Salamanca (anos 1994/95). Comecei por concretizar o que desde sempre me seduziu: encontrar frases, provérbios, anedotas e reflexões que pudessem dar resposta a interpelações em diversas circunstâncias e ocasiões”.

Para o presidente da Câmara, Luís Correia, “Pensamentos é um livro único pela sua singularidade, criatividade, mas sobretudo pela sua sensibilidade. Só alguém como o Padre João Avelino, um homem sensível, atento ao que o rodeia, que transmite uma esperança contínua a quem dela precisa, que consegue ter sempre uma palavra certa no momento apropriado, poderia reunir num livro um conjunto de pensamentos diversificados e intemporais”. O autarca destaca, no seu texto que emprestou a esta obra, que “o resultado final demonstra toda a dimensão humana de quem ao longo dos últimos 20 anos recolheu pensamentos diversos, catalogouos e reuniu-os num dicionário de mensagens, ordenado pelo alfabeto. O Padre João Avelino colocou neste seu livro uma

dedicação imensa. Algo que não surpreende. Quem o conhece sabe que é essa a sua maneira de ser e de estar”. Por sua vez, João Carrega lembra que “ao desenvolver este trabalho, o Padre João Avelino não se limitou apenas a transcrever as mensagens ao acaso. O autor dividiu-as por categorias e por abecedário, tornando este livro de fácil consulta e acessível a diferentes estados de espírito. Por isso, este é uma obra de consulta. É um espaço de reflexão, que não tem o objetivo de ser lido de fio a pavio, como se de um romance se tratasse. Mas é um livro útil e original, que apesar de editado estará sempre inacabado. O Padre João Avelino sabe disso, e continua a procurar e a divulgar palavras com conteúdo que muitas vezes nos garantem o alento que em determinada altura precisamos”. K

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pela objetiva de j. vasco

press das coisas

Lisboa na rua

Termómetro para Vinhos Sommelier

7 Lisboa está em festa com o seu programa Lisboa na rua. Na verdade a EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural) e a Câmara Municipal de Lisboa mantêm a cidade em alegria permanente desde junho até ao final de setembro. Neste último programa as ofertas são diversas: música, cinema, vídeo arte e performances são as ofertas de dezenas de artistas. Também por isso não é de estranhar que Lisboa seja um dos principais destinos do turismo mundial. Até ao fim do mês ainda podemos ver muita coisa. Destacamos aqui a arte da Big Band pela Orquestra de Jazz do Hot Club de Portugal (dia17), 007, Ao Serviço de Sua Majestade (dia 19) e a Orquestra Gulbenkian (dia 20). Programa completo no sítio da EGEAC. Na foto, Amélia Muge (cantando versos de Amália). K

3 Degustar o bom vinho à temperatura certa é fundamental para revelar os melhores aromas. Colocar esta abraçadeira digital na garrafa permite saber a temperatura do seu precioso néctar em instantes. K

Noa Noa Língua, Vol. 2 3 Os Noa Noa (Filipe Faria e Tiago Matias) acabam de editar o novo álbum, que sucede ao aclamado primeiro disco dedicado às línguas e ao cancioneiro da Península Ibérica. Este segundo volume volta a viajar no tempo e a ir beber ao cancioneiro português, mirandês, catalão, basco, asturiano, castelhano e galego. K

Prazeres da boa mesa

Supremo de Frango recheado com Chutney de Melancia (10 pax) 3 Ingredientes p/ os legumes: 1kg Espargos verdes 750gr Courgette 1uni Dente de Alho 1cs Azeite qb Sal Ingredientes p/ o arroz: 1uni Dente de Alho 20gr Gengibre Fresco 500gr Arroz Basmati 2cs Azeite Ingredientes p/ o chutney: 1uni Pau de Canela 50gr Cebola Roxa 50ml Sumo de Limão 1,2kg Melancia 2gr Coentros em grão 25ml Vinagre de Jerez 50ml Sumo de Laranja 50gr Açúcar Outros ingredientes: 10uni Peito de Frango c/ pele e asa 1dl Molho de Carne 15gr Manteiga 2uni Dente de Alho qb Sal e Pimentão de La Vera Preparação: Para o chutney: levar todos ingredientes ao lume e deixar cozinhar durante uma hora. Para o arroz: refogar o alho no azeite, juntar o arroz e água quente. Após cozedura juntar o gengibre ralado.

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Empratamento: Enformar o arroz num aro. Guarnecer com os legumes salteados. Finalizar com o peito de frango recheado e cortado ao meio. Aplicar um cordão de molho de carne. K Mário Rui Ramos _ Executive Chef

Para os legumes: descascar os espargos e cortar a courgette, bringir em água fervente com sal e arrefecer de imediato. Saltear em azeite a alho. Limpar o excesso de carne e pele na asa. Abrir, temperar e rechear com o chutney frio. Fechar, corar em manteiga e levar ao forno até cozinhar completamente.


Bocas do Galinheiro

A cada um a sua canção 7 Há músicas cuja ligação ao cinema, ou melhor, a um filme, é absoluta. Quase diria que não viveriam sem ele, quando algumas delas existiam muito antes de as ouvirmos no grande écran. O certo é que foram de tal forma marcantes que separados não têm razão de ser. Não falo, claro está daquelas associações óbvias, quando a canção é o título do filme, como seja A Hard Day’s Night, ou Help, dois temas mais conhecidos dos Beatles e que deram título a dois filmes dos fabulous four, realizados por Richard Lester, já para não falar de Singin’ In The Rain uma das canções do musical com o mesmo nome e que em Portugal se traduziu por “Serenata à Chuva”, essa obra prima de Gene Kelly e Stanley Donen, ou Hello Dolly!, também de Kelly. Mas, se a canção for As Time Goes By, quem não se lembra de “Casablanca” e do affair parisiense de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, apesar de a canção ser anterior ao filme? E já agora, Moon River, sinónimo de “Breakfast at Tiffany’s”, e de outro famoso par, Audrey Hepburn e George Peppard. E, se quisermos andar menos para trás, ao ouvir I Will Always Love You, cantada por Whitney Houston, toda a gente se lembra de “O Guarda Costas” e, porque não, de Kevin Costner. Mais uma envolta em romance. She, cantada por Elvis Costello, apesar de ter sido êxito na voz de Charles Aznavour, ficará ligada ao par Julia Roberts/Hugh Grant em “Notting Hill”, num moderno conto de fadas do avesso: o plebeu no final fica com a princesa, que é como quem diz a estrela. Podemos também abordar a coisa por outro ângulo. Quando se ouve o tema de James Bond, composto por Jonh Barry, não interessa qual, nem que seja o que está para vir, todos nos iden-

tificamos com os filmes do espião com licença para matar, apesar de cada um deles ter uma canção que o individualiza: quem não se recorda de Diamonds Are Forever, cantada por Shirley Bassey, Goldeneye, por Tina Turner, Live and Let Die, por Paul McCartney e os Wings ou a mais recente, Skyfall, por Adele? Se ouvirmos as bandas sonoras de John Williams, rapidamente as associamos à saga “Star Wars”, a “Salteadores da Arca Perdida” e aos “Superman”, bem como, se quisermos relembrar Hitchcock, a música de Bernard Herrmann é indissociável da atmosfera dos seus filmes. E por aí adiante. Outros grandes êxitos da música foram-se apropriando de alguns filmes em que fizeram parte da banda sonora. Cá em casa quando passa na televisão “O Casamente do Meu Melhor Amigo”, é ritual esperar pela cena em que Rupert Everett conta a história do seu preten-

so namoro com Julia Roberts cantando I Say a Little Prayer, imortalizada por Dionne Warwick, sendo que todos os comensais se juntam à canção, bem como o resto do restaurante, a fazer lembrar a cena de “Ferris Bueller’s Day Off” (O Rei dos Gazeteiros), em que Matthew Broderick canta Twist and Shout, numa parada, até aí apenas nos trazia à cabeça os Beatles, e que a pouco a pouco envolve toda a gente num dos primeiros flash mob do cinema. Memorável cena deste filme de John Hughes. Memorável também é a cena da bicicleta de “Butch Cassidy and The Sundance Kid” (Dois Homens e Um Destino), com Paul Newman e Katherine Ross ao som de Raindrops Keep Fallin’ on my Head, de Burt Bacharach, Oscar para melhor canção. Depois, bem, depois temos uma inesgotável lista daqueles grandes êxitos, que já o eram com ou sem filme mas que estão lá: como Mrs. Robinson,

de Simon and Garfunkel dá cor a “The Graduate” (A Primeira Noite), Born To Be Wild, dos Steppenwolf, da banda sonora de “Easy Rider”, esse incontornável road movie dos anos de 1960, música adoptada como hino pelos motards; I Will Survive, de Gloria Gaynor, um dos êxitos, associados a drag queens, que passa por “Priscilla, Rainha do Deserto”, My Girl, interpretada pelos The Temptations em “O Meu Primeiro Beijo” (My Girl) com o então, garantidamente, promissor Macaulay Culkin, What a Wonderful Worl, esse hino de Louis Armstrong, mais que inesperado êxito no não menos improvável “Good Morning Vietnam” ou Johnny B. Good, de Chuck Berry, em “Regresso ao Futuro”, com direito a precuela dela própria, com um primo do autor a “pô-lo” a ouvir aquele novo som, que era o seu, ou Unchained Melody, interpretada pelos The Righteous Brothers em “Ghost Há ainda aquelas canções cujo êxito ao filme o devem, como Over the Rainbow, interpretada por Judy Garland no “Feiticeiro de Oz”, New York, New York, do filme do mesmo nome de Martin Scorcese, cantada por Liza Minnelli, My Heart Will Go On, na voz de Céline Dion em “Titanic”, também ela Oscar para a melhor canção ou Take My Breath Away, interpretada pelos Berlin, que pouco valeria se não fizesse parte da banda sonora de “Top Gun”. Haveria mais? Uf!, se havia. Desde logo algumas portuguesas como O Fado do Estudante de “A Canção de Lisboa”, do inesquecível Vasquinho da Anatomia, Vasco Santana. Se voltarmos ao tema, temos que começar por aqui. Até lá e bons filmes! K Luís Dinis da Rosa _

Cartoon: Bruno Janeca H Argumento: Dinis Gardete _

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Quatro rodas

Prevenir com um sorriso c A par das aventuras de “Max und Moritz” do alemão Wilhelm Busch, “The Yellow Kid” nos estados unidos e por cá as “Aventuras Sentimentaes e Dramáticas do Senhor Simplício Baptista”, são consideradas histórias pioneiras da banda desenhada. Todas estas obras apareceram na segunda metade do seculo XIX, mas podem não ter sido as primeiras da história. Há quem sustente que a arte rupestre está na origem da banda desenhada dos nossos dias e que a escrita egípcia com os seus representativos hieróglifos, é uma contínua banda desenhada. Mas, foi mesmo em meados do Seculo XIX que as imagens de vários heróis começaram a chegar às casas dos nossos antepassados, seja em tiras dos jornais ou álbuns próprios. Autores como Rafael Bordalo Pinheiro ou Georges Prosper Remi (Hergé), marcaram diferentes épocas cumprindo sempre a sua missão de nos entreter, apimentando por vezes tudo isto com a sátira socio política. Comecei com esta pequena introdução com o fenómeno da banda desenhada, por que não resisti, trazer aqui uma situação com que me deparei, e onde a banda desenhada entrou para tentar resolver um

problema. Neste caso um problema que tem a ver com os temas sobre os quais escrevo no Ensino Magazine, relacionados com o mundo motorizado. Vou mais uma vez referir-me à sinalização das estradas. Hoje em dia, nas principais vias, são tantos os sinais que nos aparecem e a uma tal cadencia que não é fácil assimilarmos toda a informação de modo a que a possamos integrar no nos-

so processo de condução, tornando-o mais adequando às condições da via. Assim para situações mais críticas, como parece ser este caso, onde é mesmo necessário que o condutor absorva a informação, deixou-se de lado a sinalização normalizada e recorreu-se à banda desenhada para passar a informação de forma mais eficiente. Como se pode verificar no sinal da

foto, pretende avisar ou lembrar os condutores que, na subida que se segue, podem encontrar camiões em marcha muito lenta, devendo por isso estar prevenidos de modo a evitarem o abalroamento aos mesmos. Recorrer a esta forma de comunicar foi, sem dúvida, originada pela necessidade de baixar a sinistralidade daquele tramo de estrada. Não sei qual a eficácia efetiva da medida, no que respeita à redução dos acidentes, mas estou certo que a notoriedade da situação subiu os seus índices. Trata-se de uma medida simples e criativa, que não deixará de colocar um sorriso no condutor, pela forma carinhosa como comunica. E com um sorriso a ansiedade certamente diminuirá e a segurança aumentará. Vamos pois tentar conduzir sempre com um sorriso. K Paulo Almeida _

setor automóvel Novo Jaguar XF chega no outono

Land Cruiser em versão renovada

3 O novo Jaguar XF chega no outono a Portugal, informa a marca. Está maior, mais leve e tecnologicamente mais evoluído. As primeiras unidades já podem ser encomendadas a partir de 49 631 euros no caso da versão 2.0 Diesel com 163 cv de tração traseira, associada uma caixa manual. A versão mais potente desse motor, com 180 cv, está disponível por 51 774 euros. O XF 3.0 TDV6 com 300 cv tração traseira com caixa automática parte nos 81 131 euros. Existem outras versões. K

3 A Toyota anunciou a renovação do Land Cruiser. O facelift do SUV deverá estar disponível no mercado português ainda no decorrer deste ano. O Land Cruiser conta com alterações por dentro e por fora. Em termos de tecnologias de segurança e sistemas de assistência à condução, destaque para o novo sistema pré-colisão, aviso de transposição de faixa, cruise control dinâmico e máximos automáticos. Refira-se ainda o aviso de ângulo morto, medidor de pressão dos pneus e visão panorâmica em várias superfícies. K

Opel lança Karl ecoFLEX 3 Ainda não está confirmada a data de lançamento do Karl Ecoflex no mercado português, mas a Opel já anunciou a introdução do modelo no mercado alemão, onde já pode ser encomendado. É uma versão mais “amiga do ambiente”. do motor 1.0 de três cilindros a gasolina tem 75 cv e anuncia consumos de 4,1 l/100 km. O citadino carateriza-se pela utilização de um sistema start&stop no motor 1.0 Ecotec de três cilindros a gasolina com 75 cv. K Publicidade

026 /// SETEMBRO 2015


SIMO EDUCACIÓN

Ensino Magazine na feira de Madrid 6 O Ensino Magazine vai participar, enquanto media partner do evento, no maior salão de tecnologia de educação da Península Ibérica. No SIMO EDUCACIÓN, que decorre na Feira Internacional de Madrid, de 28 a 30 de outubro, o nosso jornal vai ser distribuído aos visitantes e terá um expositor promocional. Este salão, dedicado aos profissionais do setor, decorre anualmente na capital espanhola e é organizado pela IFEMA.

Recorde-se que este ano o Ensino Magazine já tinha participado na Feira Internacional de Educação de Moçambique, em maio, tendo marcado presença também como media partner e com expositores nas duas principais feiras de educação e juventude realizadas em Portugal, a Futurália, no parque das Nações, em Lisboa, e a Qualifica, na Exponor, no Porto. No SIMO EDUCACIÓN estarão representadas insti-

Aldeias de Xisto na base de prémio

prestando assim homenagem ao docente polaco que contribuiu, ao longo de 17 anos, para o crescimento da área da engenharia na Covilhã, lecionando as disciplinas de Resistência dos Materiais e de Estruturas. “É muito difícil dizer qualquer coisa”, disse durante a homenagem Andrzej Litewka, que deixou a atividade na UBI há sete anos. “Isto é uma surpresa muito grande e terá de passar algum tempo. Só depois compreenderei bem o que ocorreu aqui, porque nunca pensei que um dia a Universidade da Beira Interior fosse atribuir o meu nome ao sítio onde eu ensinava os alunos”, disse, com alguma emoção. K

THelder Gutiérrez e Fábio Pereira, estudantes do mestrado de Design da Universidade da Beira Interior, venceram um prémio da Design and Design, plataforma independente desenvolvida pelo designer francoalemão Marc Praquin, após terem participado com um projeto desenvolvido para as Aldeias de Xisto. O trabalho, denominado “Dez”, feito este ano no âmbito do projeto “Agricultura Lusitana”, da rede de aldeias localizadas na região Centro Interior, teve orientação do docente Afonso Borges, e resultou num conjunto de três pratos de porcelana. O protótipo foi produzido por impressão 3D em termoplástico ABS, a partir de um molde em madeira de pinho com o negativo da peça e esteve em exposição na International Fair For Applied Arts And Design, em Karlsruhe, na Alemanha, em maio. K

Andrzej Litewka distinguido na UBI TSala Andrzej Litewka é a nova designação da sala 9.38 da Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior (FE-UBI),

tuições de ensino superior, para além de instituições e empresas ligadas ao mundo digital, ao setor audiovisual e ao meio editorial. É também neste certame que serão apresentadas novas ferramentas digitais para a área da educação, bem

como operadores de telecomunicações e internet. Para o Ensino Magazine a participação na feira espanhola surge integrada na estratégia que a publicação tem vindo a seguir no sentido da sua internacionalização. K

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Economia da UBI acreditada T O 2º ciclo em Economia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UBI foi acreditado pelo período de seis anos, pelo Conselho de Administração da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). O diretor do curso, João Leitão, afirma que, para a decisão, contaram as boas infra-estruturas de suporte ao desenvolvimento de atividades de ensino e aprendizagem, bem como as atividades de investigação orientadas por um corpo docente altamente qualificado e dotado de um curriculum científico relevante nas suas áreas de especialidade. K

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Universidade de Évora

Reitora na Comissão Europeia 6 Ana Costa Freitas, Reitora da Universidade de Évora, foi convidada pela Comissão Europeia (CE) para integrar um grupo de peritos de alto nível no âmbito do Policy Support Facility (PSF), um novo instrumento do Programa Horizonte 2020

criado para apoiar os Estados-Membro na conceção, implementação e avaliação de reformas nas políticas de Investigação e Inovação (I&I) aos níveis nacionais e regionais. Ana Costa Freitas considera que “participar na definição e implementa-

ção de políticas de I&I que permitam aos EstadosMembro otimizar o seu desempenho, reforçando assim a capacidade científica e de inovação nacional e europeia, é uma oportunidade ímpar”. Um alto desempenho dos sistemas ID&I atua

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028 /// SETEMBRO 2015

Qualidade de Vida em Santarém

CA-T E

NOS

bro, incluindo a avaliação, pelos pares, dos sistemas nacionais de I&I, a participação em exercícios de aprendizagem mútua entre Estados-membro e a prestação de aconselhamento pontual sobre questões específicas solicitadas pelos Governos. A Bulgária e a Hungria são os primeiros países a beneficiar deste programa. K

Congresso

6 O Congresso ‘Investigação em Qualidade de Vida, Inovação e Tecnologia’ decorrerá na Escola Superior de Desporto de Rio Maior nos dias 11 e 12 de fevereiro de 2016. A organização é do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria

LIFI

CON

como o pontapé de saída do crescimento económico e criação de emprego. As reformas nos sistemas de ID&I, necessárias para incrementar a qualidade do financiamento público nesta área, são, por isso, consideradas prioritárias. É exatamente aqui o PSF, lançado em março deste ano, atuará ao prestar apoio prático aos Governos do Estados- Mem-

com o Instituto Politécnico de Leiria, que criaram o Centro de Investigação em Qualidade de Vida (CIEQV). A submissão de comunicações decorre até 6 de dezembro e a data de comunicação da aceitação será 13 de janeiro. K

Investigação recebe meio milhão 6 O Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (CICS-UBI) foi contemplado com cerca de meio milhão de euros, através da aprovação para financiamento de vários projetos pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Este financiamento será utilizado para desenvolver estudos nas áreas da obesidade, cancro e ainda de dispositivos para aplicações biomédicas. Na área da obesidade, concretamente, serão desenvolvidos estudos sobre “Hormonas gastrointestinais e metabolismo testicular: mecanismos da infertilidade masculina associada à obesidade”. São instituições parceiras o Hospital Universitário Nino Jesus (Espanha) e o Instituto de Ciências Biomédicas

Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS/UP). Na área do cancro, será investigada a “Relação entre a adenosina e a instabilidade cromossómica: uma nova perspetiva para o entendimento dos mecanismos oncogénicos no glioblastoma”. As instituições parceiras são o Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (IMM/FM/UL) e o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNBC/UC). Ainda na área do cancro, com a parceria do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB), será também estudada a “Validação do modelo de avaliação do risco para o cancro da mama baseado em polimorfismos genéricos de baixa penetrância”. K


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