Ensino Magazine Edição nº202

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dezembro 2014 Diretor Fundador João Ruivo Diretor João Carrega Publicação Mensal Ano XVII K No202 Distribuição Gratuita

www.ensino.eu Assinatura anual: 15 euros Autorizado a circular em invólucro fechado de plástico. Autorização nº DE01482012SNC/GSCCS

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Joaquim Vieira, jornalista

“O povo é melhor que as elites” Conhece como poucos a história dos principais políticos portugueses das últimas décadas. Joaquim Vieira faz a radiografia dos últimos 40 anos de país, aborda o papel das elites e do povo, fala de vícios e erros, e lança um olhar sobre as presidenciais de 2016.

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DEZEMBRO 2014 /// 01 A PARTIR DE JANEIRO 2015 NOVO SERVIÇO DE ENTREGA AO DOMICÍLIO


Joaquim Vieira, jornalista

«Não há um projeto para Portugal» 6 Conhece como poucos a história dos principais políticos portugueses das últimas décadas. Joaquim Vieira faz a radiografia dos últimos 40 anos de país, aborda o papel das elites e do povo, fala de vícios e erros, lança um olhar sobre as presidenciais de 2016 e debruça-se sobre as fragilidades de um jornalismo na encruzilhada. A dedicatória do seu mais recente livro, «De Abril à Troika» é para «o povo português, paciente, tolerante e estóico, na esperança de que não se deixe resignar». O povo é o melhor deste país? O povo é melhor do que as elites. Foram estas que conduziram Portugal ao estado em que se enconPublicidade

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tra. Não quero endeusar o povo como uma entidade mítica e perfeita, mas é preciso reconhecer que o povo, muitas vezes, foi mal liderado. Muitos dos que se candidataram a dirigir o povo e conseguiram vencer eleições acabaram por defraudar as expetativas, por terem preterido o interesse nacional e da coletividade por interesses particulares, interesses ocultos, etc. Por isso entendo que o povo tem o direito de exigir responsabilidades aos que os governaram até agora. Quando fala de elites, refere-se às elites políticas, económicas ou culturais? São elites de toda a espécie. Os casos BES e BPN ao nível das elites financeiras foi um pesadelo. Ao

nível das elites políticas constatamos os inúmeros políticos envolvidos em casos dúbios e com fortes indícios. Os «Vistos Gold» denunciam outras práticas repudiáveis ao nível dos altos cargos dirigentes da função pública. Isto já para não falar da promiscuidade entre interesses políticos e interesses particulares no caso dos gabinetes de advogados que atuam na elaboração de leis que terminam no Parlamento e eles, melhor do que ninguém, sabem como contornar. Julgavamos que o sistema saído da Constituição de 1976, e na sequência das revisões sucessivas a que foi sujeita, era o modelo perfeito e democrático, que nos conduziria rumo à evolução e ao progresso mas, infelizmente, houve

quem se tivesse apropriado dele, pervertendo-o por completo. Esta é a principal conclusão que eu tiro dos últimos 40 anos da história de Portugal. Para cada um dos 10 capítulos do livro define um primado. Qual é para si o mais decisivo nos últimos 40 anos? Tivemos o Bloco Central que coincide com a integração, a que eu chamo primado da integração. De facto, a entrada na União Europeia foi uma mudança completa de agulha, depois de finalizado o ciclo colonial e do império que durou mais de meio milénio. Por outro lado, o Bloco Central inaugura aquilo que se chama o «bloco central de interesses», em que os

dois maiores partidos, PS e PSD, se vão revezando no poder, conservando o monopólio do exercício da atividade política. Penso que nesse momento nasceram vícios e erros que se agravaram com o passar dos anos. Nomeadamente o endividamento. Mas também tivemos períodos de vacas gordas… É a fase dos fundos europeus em que a Europa era vista como uma árvore das patacas. Há que admitir que progredimos muito devido a isso, mas por outro lado também de forma muito inconsciente, entrámos num período completamente louco. Julgou-se que existia um tesouro inesgotável, em que se podia sempre recorrer,

para gastar e gastar. A crise financeira de 2007/2008 despertou-nos para a dura realidade e para os vícios estruturais na organização do país que tínhamos. A crise e a austeridade que se seguiu e que pode manter-se por uma geração é a pesada fatura que temos de pagar. O primado da austeridade, que é o último do seu livro, está para durar? Ninguém sabe quando isto vai acabar. Em 2011 escrevi um livro chamado «Só um milagre nos salva», em que entrevistei vários economistas sobre o futuro do país. E o que se concluiu é que não há um projeto para o país e ninguém sabe como sair do buraco onde caímos. Para sair daqui


em prejuízo da causa pública. O caminho certo passa por uma maior transparência de comportamentos e uma maior integridade das pessoas, sem esquecer, claro está, uma crescente exigência dos eleitores para com os seus eleitos.

é preciso uma conjuntura favorável, mas também saber qual é o nosso papel e isso está longe de ser claro. O que se perdeu de mais significativo dos valores e das conquistas pós-revolucionárias?

Conhece bem os políticos portugueses, tendo publicado biografias de Mário Soares e Álvaro Cunhal. Quais são os maiores políticos nacionais dos últimos 40 anos?

Ao nível da educação, constata-se que algumas famílias não têm condições económicas para proporcionar uma educação condigna aos filhos, porresidirem em locais isolados e fora dos grandes centros, o que revela que a educação deixou de ser um direito igual para todos. Na saúde ainda estamos na expectativa, apesar de a perspetiva de privatização total não é boa, veremos o que vai acontecer. Em suma, ao nível do bem estar retrocedemos, claramente. Por outro lado, em termos dos direitos fundamentais, liberdade de expressão , informação e democracia não creio que tenhamos recuado. Pelo contrário.

Mário Soares é, porventura, o político mais importante, pelo seu papel na transição para a democracia. Cavaco Silva também não pode ser esquecido, mais pela sua década enquanto primeiro-ministro, do que propriamente pelos seus dois mandatos em Belém. Os governos de Cavaco foram de tal modo reformistas, que fizeram todos os anteriores executivos pós-25 de abril parecerem governos de gestão. Bem sei que aproveitou a conjuntura de feição, desde a adesão europeia aos fundos estruturais, mas revelou um inegável ímpeto reformista.

E a Justiça permanece sempre no olho do furacão…

Em 40 anos de democracia, Cavaco esteve 20 anos no poder, primeiro em São Bento, depois em Belém. É natural que lhe sejam apontados os olhares mais críticos?

A justiça nunca funcionou bem em Portugal e agora não está melhor. As reformas mais recentes falharam, nunca altura em que a justiça tinha necessariamente que evoluir. Penso que o problema reside no facto de após o 25 de abril nunca se ter dado verdadeira importância às reformas no setor judicial. Na conclusão do seu livro revela que o futuro do país é um ponto de interrogação. «Nada está seguro, tudo se encontra em aberto», escreve. Está assim tão cético? É uma incógnita. Ninguém consegue fazer previsões a um ano ano, quanto mais num horizonte de décadas. Nem os governantes, nem os pensadores. Ninguém. Os países não abrem falência como os negócios, mas se Portugal fosse um negócio porventura já teria falido. Certo é que Portugal vai continuar, só não sabemos em que condições. O desafio demográfico e o consequente envelhecimento da população são questões decisivas que não podem ser adiadas. As elites políticas estão sempre sob a sua mira. Como diria Jean Jacques Rosseau do ser humano, acha que elas são boas por natureza e a sociedade é que as corrompe? É uma questão moral e de valores. Impera o egoísmo, só pensam nos seus interesses, nos seus partidos, nos seus amigos. A escola também é responsável por não cultivar os valores. Se a política numa sociedade aberta e democrática não for praticada com altos padrões morais é caminho aberto para tudo descambar e emergirem soluções alternativas. Com a riqueza que produzimos, tínhamos todas as condições para sermos um país estável, sem necessidade de pedir ajuda financeira internacional. Paulo Morais, que já aqui entrevistá-

mos, defende que com metade da corrupção que tem Portugal seria um país próspero… Acredito. Basta pensar no dinheiro dos impostos que não é cobrado fruto da fraude e evasão fiscais ou na sua colocação em paraísos fiscais. Os recentes escândalos envolvendo políticos, que culminou com a prisão preventiva de José Sócrates, voltaram a relançar o argumento da crise do regime. Subscreve? A opinião pública olha para o que se está a passar com uma descrença muito grande. José Sócrates foi primeiro-ministro com maioria absoluta, o que significa que teve o voto e a confiança de quase metade dos eleitores. Imagine a quantidade de portugueses que confiaram nele. É verdade que ele ainda não foi condenado, mas o caso em si é um golpe terrível na auto-estima do país, ainda para mais envolvendo um político que governou há tão pouco tempo. Mas este é apenas um caso. Temos os «Vistos Gold», os casos BES e BPN, que levam as pessoas a pensar que o regime ideal democrático surgido em 1974 não terá acabado, mas precisa de levar um

valente abanão. Caso contrário, o terreno está fértil para a emergência dos populismos… Os fenómenos extremistas, sejam de esquerda ou de direita, alimentam-se destas conjunturas. Este é um mal europeu. Em Espanha, temos o partido «Podemos» que lidera as sondagens com vista às próximas legislativas. Na Grécia, temos o Syriza, que também está em primeiro lugar nas intenções de voto. Já para não falar da extrema direita que ganhou as eleições em França. Isto é sintomático que o eleitorado está a descrer das elites que os governam. Há uma definição clássica que diz que a política é a arte do possível. Podemos falar com a profusão de exemplos que saltam à vista que nos temos confrontado com uma burla democrática? Os políticos fecharam os olhos a muitos problemas, durante anos demasiados, e envolveram-se em muitas cumplicidades, beneficiando da falta de escrutínio. Talvez seja pesado chamar-lhe burla, mas muitos governantes ocuparam cargos executivos nem sempre com as melhores intenções,

Não acho. Ele é um entre outros. A desgraça nacional é coletiva e as responsabilidades têm de ser repartidas. Por tradição até são os governos de esquerda a quererem gastar mais dinheiro. Os problemas começaram com Guterres, mas estávamos na perfeita ignorância. Guterres não leva o mandato até ao fim e foge do «pântano», sem dar uma explicação cabal aos portugueses. Durão Barroso vem a seguir e diz que os socialistas tinham deixado o país de tanga. Só aí é que caímos em nós e percebemos onde estávamos metidos. Depois Barroso desertou para Bruxelas. A seguir veio Santana Lopes que pouco tempo lá esteve. Depois veio Sócrates, que tinha a mania que era reformista e ajudou a conduzir o país para a desgraça. Em que gastaram os políticos o nosso dinheiro? No que deviam e no que não deviam. O dinheiro vai para empresas amigas, para o financiamento partidário, que é uma podridão, entre outros expedientes pouco transparentes. Como perspetiva a corrida eleitoral para as presidenciais de janeiro de 2016? A tendência habitual é haver uma personalidade da esquerda e da direita. Como são eleições uninominais, em que contam mais as pessoas do que os partidos, prevê-se um sufrágio muito aberto. Pode aparecer um Marinho Pinto a baralhar as contas. Guterres seria o melhor candidato à esquerda, mas duvida-se que avance. À direita, Marcelo só pensa em ser candidato, mas ainda não convenceu Passos Coelho que teima em admitir que não tem um candidato tão forte quanto o comentador da TVI. Marcelo tem mais crédito como comen-

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tador ou como político?

é partilhada por milhões, em simultâneo. Isto fez a Comunicação Social perder muito espaço. As audiências caem, especialmente a rádio e a imprensa, e também as televisões generalistas. A quebra das receitas publicitárias é mais outro ingrediente para termos uma Comunicação Social desorientada e em crise.

Acho que as pessoas gostam de vê-lo no papel de comentador na TV, mas confiar nele para um cargo público não creio que recolha tanta unanimidade. E Marcelo também corre outro risco, que é as pessoas associarem-no ao sistema, quando o sistema está em xeque. Provavelmente os portugueses apostariam em alguém que estivesse à margem do sistema. O facto de Guterres se ter afastado da política portuguesa, e de desempenhar um cargo internacional de elevado prestígio, dá-lhe um certo ar de frescura que Marcelo não tem.

A migração dos jornais para o digital ainda está na fase embrionária? O problema é que em Portugal as pessoas habituaram-se a consumir informação à borla na internet. Vai ser muito difícil contrariar esse hábito, que é cultural, e está na cabeça das pessoas. Os jornais têm tido muita dificuldade em reinventarem-se a si próprios. Ainda não está definido o modo como a imprensa escrita deve responder ao advento da internet.

E Durão Barroso é uma carta fora do baralho? Barroso está muito colado à troika e a troika trouxe austeridade. As pessoas rejeitam-no. Ele percebe isso e diz que não quer nenhum cargo político.

O jornalismo de investigação está a cair em desuso e contam-se pelos dedo de uma mão os jornalistas portugueses que assim podem ser chamados. Tem saudades dos tempos de «O Independente»?

E à esquerda, a hipótese do independente Sampaio da Nova?

«O Independente» era um cocktail, tinha investigação, recados e instrumentalização política. E foi um instrumento de ascensão política de Paulo Portas que fez do jornal o seu trampolim, apesar de ter jurado que nunca iria fazer política, proferindo declarações que estigmatizavam os políticos…

Acho mais difícil, mas também é verdade que um partido pode dar força a um candidato. Veja o que aconteceu em 1976. Ramalho Eanes não era conhecido da opinião pública, mas ao receber o apoio dos três partidos do arco governativo fez com que ele ganhasse facilmente. Voltando a José Sócrates. Depois de seis anos no poder e agora em prisão preventiva, o ex-primeiro ministro é um seu potencial biográfavel? Acho que é. Não é só pelo facto de as pessoas triunfarem que têm entrada direta para a galeria dos biografáveis. Se se confirmar que ele tem uma vida secreta que corresponde aquilo que ele está a ser investigado, devo dizer-lhe que deve ser muito interessante fazer um livro com a sua história. Falemos agora de jornalismo e segredo de justiça. O jornalista é um mero mensageiro de fugas de informação promovidas por outros agentes ou tem culpas no cartório na violação do segredo de justiça? Os agentes de justiça é que saem desacreditados. O jornalista faz o seu papel, que é recolher a maior quantidade de informação possível. Se alguém de dentro do sistema judicial lhe dá informação útil e relevante ele não vai fechar os olhos. O jornalista, como tem os seus próprios meios de investigação, pode ter alcançado determinado tipo de informação através do seus próprios métodos, ou seja pelo seu próprio pé, longe de qualquer acusação de violação do segredo de justiça. Falo pela minha experiência. Eu publiquei informações de processos judiciais que estavam ainda em segredo de justiça, mas às quais cheguei através de uma investigação por minha conta e risco. Admito que muitas vezes falei com agentes de justiça que me deram informação fundamental e confesso que não lhes apontei uma pistola à cabeça para eles revelarem o que quer que fosse…

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Fecham jornais, despedem-se profissionais, os títulos concentram-se dentro de grupos económicos. O setor da comunicação social na encruzilhada reflete-se no produto? O quadro é adverso. A crise civilizacional fez com que a sociedade contemporânea mudasse os paradigmas face à comunicação. A era Gutenberg, através da palavra impressa, deu lugar à era da palavra dita, rádio e televisão. O apogeu da

informação digital, nomeadamente a internet, mudou tudo. A presença dos meios é permanente e a rapidez fundamental. Já ninguém espera pela manhã seguinte pelos jornais para saber as novidades. A interação do público nas redes sociais operou outra transformação relevante. O cidadão que consome informação também ele participa no espaço público virtual, que se converteu numa espécie de ágora dos tempos modernos. Em suma, basicamente o que mudou? O jornalista perdeu o monopólio da informação, informação que

CARA DA NOTÍCIA 6 O biógrafo dos políticos Joaquim Vieira nasceu em 1951, em Leiria. Jornalista, ensaísta e documentarista, foi diretor de vários órgãos de Comunicação Social e Provedor do Leitor do jornal «Público». Trabalhou ainda como diretor adjunto do «Expresso» e dirigiu a «Grande Reportagem». Durante dois anos foi diretor adjunto de programas da RTP. Assinou a série em dez volumes «Portugal Século XX – Crónica em Imagens» e dirigiu uma coleção de fotobiografias de personalidades do século XX. Foi coautor de «Mataram o Rei – O regicídio na imprensa internacional, República em Portugal - O 5 de outubro visto pela imprensa internacional e nas bocas do mundo – O 25 de abril e o PREC na imprensa internacional». Entre outros livros escreveu, «Mário Soares – Uma vida» e «Álvaro Cunhal – O homem e o mito». «De abril à troika» é o seu mais recente lançamento, em que traça o quadro das quadro décadas de democracia que transformaram Portugal. Apaixonado por jornalismo, ficou seduzido quando em 1974, quando estudava, o presidente norte-americano, Richard Nixon, é forçado a demitir-se após o trabalho de dois jornalistas do «Washington Post», Carl Bernstein e Bob Woodward, que destapam o escândalo «Watergate». Desde então essa inspiração tornou-o um jornalista comprometido com a investigação e a reportagem. Da sua experiência académica, deu aulas como professor convidado na extinta Universidade Independente. Atualmente é presidente do Observatório de Imprensa. K

Merkel diz que temos licenciados a mais, Passos Coelho contrariou-a. Em que é que ficamos no jornalismo? Há cursos de Comunicação Social a mais? Não tenho presentemente os dados atualizados, mas é uma evidência que o mercado não absorve os potenciais jornalistas saídos das universidades. A maior parte dos licenciados em Comunicação Social nem acabam no jornalismo, preferem trabalhar em empresas em relações públicas, assessoria de imprensa, comunicação institucional, etc. As redações da atualidade, por serem mais jovens ganham em energia e entrega o que perdem em memória. Tem algum caso grave que tenha conhecimento? Há dois anos morreu um piloto aviador num acidente de aviação que se chamava Costa Martins, um elemento muito importante durante o 25 de abril. O jornal «Público», que é um jornal de referência, deu a notícia na edição impressa mas sem uma única referência ao cargo da vítima na revolução. Não havia ninguém na redação com memória para associar este oficial da Força Aérea com o passado. Este é apenas um exemplo gritante de que a memória é fundamental nas redações e está a desaparecer. A pesquisa na internet ajuda, mas não chega, e os jornalistas cometem o pecado de utilizarem a net de forma acrítica. K Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H   

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Diretor Geral do Ensino Superior

João Queiroz assume cargo

Universidade da beira interior

Estrangeiros animam curso de Engenharia Civil

6 A turma do primeiro ano de Engenharia Civil da Universidade da Beira Interior conta este ano com nove estrangeiros entre 11 alunos, que ajudam assim a colmatar parte do problema do pouco interesse que estas áreas têm tido a nível nacional. Além dos dois portugueses, há estudantes provenientes da Síria, Brasil e Cabo Verde. Apesar dos problemas no recrutamento de estudantes atingir todas as instituições, quem escolhe esta área fá-lo por vocação e sabe que a formação continua a garantir emprego. A “fuga” a estes cursos e, neste particular, a Engenharia Civil, tem causas que o setor da educação discute há vários anos. Desde a pouca apetência pelas disciplinas das ciências exactas – matemática, física ou química – e a ideia de que a crise parou o setor da construção. Em parte é isto que se verifica, nomeadamente no que diz respeito à edificação de habitações. “Entre 1991 e 2011, de acordo com os Censos, construíram-se 80 mil alojamentos por ano, o equivalente a duas cidades da Covilhã”, lembra João Lanzinha, vice-presidente da Faculdade de Engenharia da UBI (FE-UBI). Mas se não vale a pena apostar para já nesta vertente, há muitas outras onde os engenheiros civis são necessários. “Algumas empresas portuguePublicidade

sas, as maiores, definiram estratégias de internacionalização, outras adaptaram-se e apostaram na reabilitação”, segundo João Lanzinha, que defende esta última opção porque pode contribuir para o crescimento económico. “O investimento público induz o investimento privado”, salienta o também docente de Engenharia Civil: “A Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) do Porto investiu 70 milhões de euros e isso resultou num investimento global de 800 milhões”. Mas há mais do que a reabilitação urbana. “Continuamos a construir hotéis, pavilhões industriais e depois, no âmbito do Horizonte 2020 e do aproveitamento dos fundos comunitários que vão continuar a chegar, não há uma aposta na construção de rodovia, mas há na ferrovia, portos e nesse tipo de infraestrutura. Além disso, há muito investimento para a eficiência energética, para a mudança no paradigma de consumo e adaptação aos efeitos das alterações climáticas. Os fundos estão aí, agora é preciso apostar na sua utilização adequadamente”, explica João Lanzinha, convicto de o setor continuará a empregar profissionais: “Nós vamos continuar a precisar de pessoas e não podemos deixar de as formar”, conclui. K Rodolfo Pinto Silva _

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6 João Queiroz, que até setembro de 2013 exerceu funções como reitor da Universidade da Beira Interior, é o novo diretor-geral do Ensino Superior. A escolha para a Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) é feita por comissão de serviço pelo prazo de cinco anos. João Queiroz é licenciado em Bioquímica pela Universidade de Coimbra e mestre em Biotecnologia pelo Instituto Superior Técnico. Tem um doutoramento no ramo de Química, pela Universidade da Beira Interior, onde é professor catedrático. O novo diretor-geral leciona na instituição sediada na Covilhã desde 1986 e passou por vários cargos diretivos no seu Conselho Científico, Faculdade de Ciências de Saúde e Departamento de Química, até chegar a reitor, um lugar que ocupou entre 2009 e 2013. Foi nessa qualidade que foi membro da Comissão Executiva da Fundação das Universidades

Portuguesas e da Comissão Permanente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, onde coordenou a comissão especializada “ação social”. António Fidalgo, Reitor da Universidade da Beira Interior, em comunicado à comunidade académica, felicitou João Queiroz desejando-lhe as maiores felici-

dades no exercício do novo cargo. Acrescenta que “é uma honra para a UBI que um dos seus professores tenha sido escolhido para tão alta posição na administração pública”. O Reitor acredita que João Queiroz “dará um contributo importante ao desenvolvimento do Ensino Superior em Portugal”. K

Acordo com a PT assinado

Dados da UBI na cloud 6 O Data Center da Portugal Telecom (PT) da Covilhã vai armazenar serviços e dados informáticos da Universidade da Beira Interior (UBI). O contrato, assinado a 28 de novembro por António Fidalgo, reitor da UBI, e Mário Seborro, diretor comercial da PT, permitirá à UBI economizar no investimento de equipamento e garantir serviços online mais rápidos. “Nunca poderemos ter a presunção de ter na Universidade um data center com as condições de segurança e com as infraestruturas que tem o da PT”, refere Paulo Gomes, coordenador do Serviço de Informática da UBI, salientando a mais-valia na garantia da “preservação dos dados” e da sua “disponibilidade para os utilizadores da Universidade”. Além do “hosting” de dados, disponibilizados em cloud, o contrato prevê ainda a componente de “housing”. Nos casos específicos em que a PT não tenha máquinas virtuais com as características que a UBI necessita, como “terminais que sejam capazes de correr aplicações de engenharia e desenho”, exemplifica Paulo Go-

mes, o Data Center alojará os servidores físicos da Universidade, com potenciais ganhos financeiros. “Teremos na mesma o custo da compra de servidores e da sua manutenção, mas deixamos de ter de pagar a eletricidade e refrigeração”. A transferência “deverá acontecer no início de 2015”, de acordo com Paulo Gomes, e não trará qualquer inconveniente para os utilizadores. “Será absolutamente transparente”, salienta. “Poderão aperceber-se, no futuro, se real-

mente conseguirmos aquilo que queremos, que é ter uma garantia de melhor qualidade de serviço. Por exemplo, agora temos servidores que disponibilizam o Moodle, o sistema de e-learning da Universidade, que vão passar para o Data Center. O que nós esperamos é que os alunos consigam perceber que a capacidade de resposta melhorou e em vez de estarem 20 segundos à espera de um documento, passam a estar 10”, acrescenta. K Rodolfo Pinto Silva _

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Novo recorde e vencedor “antigo”

Pontes de Esparguete em alta 6 Marco Canário voltou a exceder as expectativas na XIV edição do Concurso Humberto Santos de Pontes de Esparguete, realizado na Universidade da Beira Interior, com uma ponte que suportou 167 quilos, mais 21,4 quilos que o recorde já por ele conseguido em 2013. Uma proeza tendo em conta que o objeto que suportou todo este peso é uma construção que não ultrapassa 350 gramas, construída com esparguete e cola. Com este triunfo, alcançado a 26 de novembro, totaliza oito vitórias, seis delas com recorde da prova. Desde 2008 que constrói a ponte mais resistente e já se

podem considerar longínquos os tempos em que o propósito era ultrapassar pouco mais do que uns “meros” 108 quilos. Uma vez mais a sala encheu para assistir a uma tarde onde estiveram 31 pontes a concurso. Os 167 quilos da construção de Marco Canário são uma marca que atinge mais do dobro do alcançado pelo segundo classificado, Manuel Almeida (Engenharia Electromecânica), que conseguiu 82,39 quilos. Muito perto – com 81,7 quilos – ficou José Cardoso (Engenharia Aeronáutica), o terceiro colocado. Na categoria de Estética, que este ano juntava também as pon-

tes que estavam no concurso de Resistência, os três primeiros lugares foram para o vencedor Adriano Andrade, de Engenharia Aeronáutica, Rui Cruz, de Arquitetura, e José Cardoso, de Engenharia Aeronáutica, segundo e terceiro, respetivamente. No próximo ano o Concurso que homenageia Humberto Santos, o precursor da iniciativa, deverá ter lugar no início de dezembro, integrado no ICEUBI2015 – International Conference on Engineering, que decorre entre os dias 2 e 4, como anunciou João Lanzinha, vice-presidente da Faculdade de Engenharia. K Rodolfo Pinto Silva _

Chemistry Awards na UBI

Vencedores encontrados 6 João Serrano, licenciado em Química Medicinal, e André Oliveira e Petra Grilo, licenciados em Bioquímica, venceram a primeira edição do Chemistry Awards, concurso organizado pelo núcleo de estudantes de Química da Universidade da Beira Interior (UBIQuímica), cuja final decorreu a 28 de novembro. O vencedor concorreu com um projeto de síntese de moléculas com potencial anticancerígeno. “Ultimamente tem-se mostrado que análogos do fármaco nimesulida têm esse potencial”, refere o vencedor da categoria de Química, que sintetizou “moléculas parecidas estruturalmente com esse medicamento” para terem o mesmo efeito. Apesar de estar definido que existiria apenas um vencedor em cada categoria, Petra Grilo e André Oliveira dificultaram o trabalho do júri e conquistaram ambos o primeiro lugar no curso de Bioquímica. No projeto de Petra,

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UBI exercita idosos

como co-autoras Ana Rita Duarte e Sandra Rolo Morgado. K

TO Núcleo de Estudantes de Ciências do Desporto da Universidade da Beira Interior, em conjunto com a formadora Gnosies, organizou, entre os dias 22 e 29 de novembro, uma formação intitulada de “Exercício Físico na 3ª Idade”, uma iniciativa de 16 horas, destinada a profissionais ou estudantes da área desportiva. A população portuguesa encontra-se cada vez mais envelhecida e é a pensar nos baixos níveis de natalidade e no aumento da esperança média de vida que, Cédric Vieira, presidente do núcleo de desporto, considera essencial a criação de projetos como estes. “Este tipo de formação, para além de alertar para este fator, também tem como objetivo desenvolver capacidades técnicas e pedagógicas que permitam aos profissionais de desporto atuar de forma mais profissionalizada neste tipo de população”. K

Empreendedorismo em livro

UBI colabora com Argélia T A Universidade da Beira Interior, através da Unidade de Investigação C-MADE, assinou, no início de dezembro, um protocolo de cooperação com a universidade Bordj Bou Arreridj (UBBA), da Argélia. Intercâmbio académico e científico, nomeadamente no âmbito dos cursos de doutoramento, bem como a preparação de candidaturas conjuntas no âmbito do Horizonte 2020 - Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação, sendo a Argélia automaticamente elegível para financiamento neste programa, são alguns dos objetivos do protocolo. K

Passos Morgado premiado

a doença de Parkinson foi o ponto de partida. Uma vez que não existe cura, “os estudos que existem são no sentido de aliviar os sintomas”, explica a vencedora que trabalhou com a dopamina, um neurotransmissor cujos níveis reduzidos são característicos da doença. Petra estudou uma forma de a dopamina não se degradar e consequentemente não reduza os seus níveis, de modo a que a doença não se prolongue. No caso de André, a doença

de Alzheimer foi o foco principal e apesar desta envolver vários fatores, estudou apenas um: a formação de péptidos beta-amilóide. Atendendo aos tratamentos já existentes, André estudou a hipótese de um tratamento complementar. De forma a atenuar os sintomas purificou “duas proteínas que atenuam essa formação para eliminar esse péptido do cérebro”, uma vez que por ser neurotóxico provoca Alzheimer. K Cristiana Borges _

T Manuel Passos Morgado, docente da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, venceu o primeiro prémio APFH – IPSEN 2013/2014 atribuído pela Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) e pelo grupo farmacêutico Ipsen Portugal, pelo trabalho científico apresentado na área da Farmácia Hospitalar, com o título “Manual de atuação em caso de extravasão de injetáveis vesicantes não citotóxicos”. O trabalho teve como co-autoras Maria José Saldanha e Sandra Rolo Morgado. A primeira Menção Honrosa foi igualmente para a UBI, com o trabalho “Manual de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos Potencialmente Perigosos em Meio Hospitalar. Estratégias de Prevenção.”, igualmente da autoria de Manuel Passos Morgado, tendo

T João Leitão, docente do Departamento de Gestão e Economia da UBI e investigador do Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior Técnico (CEG-IST) da Universidade de Lisboa, e Rui Baptista, professor Catedrático da Brunel University London e investigador do CEG-IST da Universidade de Lisboa, acabam de publicar a obra “Entrepreneurship, Human Capital, and Regional Development: Labor Networks, Knowledge Flows, and Industry Growth”. O livro apresenta contribuições originais para a literatura, que reforçam, de forma inovadora, a ligação entre o empreendedorismo e as teorias do capital humano e do desenvolvimento regional, com o objetivo de melhor compreender as dinâmicas de crescimento, determinadas, em termos endógenos, por intermédio da ação do empreendedor no espaço regional. K

Ciências Júnior na UBI T A Academia júnior de Ciências da UBI abriu a 10 de dezembro, com o objetivo de levar à universidade os melhores alunos das escolas secundárias da região, sobretudo nas áreas de Matemática, Física e Química. Com um total de 20 alunos do ensino secundário selecionados pelas próprias escolas, “A Academia júnior das Ciências da UBI pretende estimular nos seus membros o gosto pela aventura da ciência, de os incitar à descoberta de novas realidades, e de os capacitar a trilharem caminhos de saber nunca antes percorridos”, reforça António Fidalgo. K

Covilhã com Prémio T Daniel Robalo, aluno de doutoramento na Universidade da Beira Interior recebeu (ex-aequo) o Prémio ANACOM-URSI Portugal 2014, pelo trabalho “Enhanced multiband scheduling for carrier aggregation in LTE-Advanced scenarios”, do qual também é autor o docente de Eletromecânica e investigador do IT, Fernando Velez. Este prémio é atribuído pelo Comité Português da URSI, com o patrocínio da ANACOM, destinado a premiar o melhor trabalho de investigação na área da radioeletricidade. O objetivo deste prémio é estimular a criatividade e o rigor no trabalho de investigação científica em Portugal. K


Empreendedorismo

Porto vence no México 6 Quatro estudantes da Universidade do Porto venceram um prémio de empreendedorismo no México, com o projeto WeTruck, uma solução de mobilidade elétrica para aplicar em veículos de transporte de cargas refrigeradas. O projeto foi considerado a segundo melhor modelo de negócio a concurso no RedEmprendia Spin2014, um encontro de empreendedorismo universitário, que conta com o apoio do Banco Santander, através da sua Divisão Global Santander Universidades. O WeTruck - Empower Trucks foi desenvolvido por quatro licenciados em Engenharia Eletrotécnica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto: Rodrigo Pires, Bruno Azevedo, Miguel Sousa e Ricardo Soares. Segundo eles, os veículos de transporte de

cargas refrigeradas “têm níveis de consumo de combustível muito elevados, emissões de CO2, custos de manutenção e ruído”. O objetivo de sua proposta é o desenvolvimento de um kit elétrico portátil “capaz de recuperar, produzir e armazenar energia elétrica que se fornece a sistemas complementares e como apoio na tração do veículo quando necessário”. Este projeto já tinha sido o vencedor da edição de 2014 do concurso de empreendedorismo IUP25K, que a Universidade do Porto elabora com o Banco Santander Totta. A equipa foi premiada com um prémio no valor de 15 mil euros, pecuniário e em serviços de incubação e mentoring, tendo sido igualmente convidada para ir apresentar o seu projeto a este evento no México. K

Violência no namoro

Aveiro cria jogo preventivo 6 Sensibilizar adolescentes e jovens para o tema da violência no namoro é o principal objetivo do UnLove, um jogo online de acesso gratuito em que os participantes, através de diferentes ‘avatars’, podem vivenciar e aprender a gerir situações de conflito, abuso ou violência física e psicológica entre os elementos do casal. Desenvolvido por estudantes do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro o protótipo do jogo foi apresentado na academia de Aveiro como forma de assinalar no Dia Internacional da Erradicação da Violência sobre as Mulheres, uma iniciativa do Movimento Democrático das Mulheres. O UnLove (http://unlove.web. ua.pt/) permite que os partici-

pantes, depois de escolherem entre uma relação hetero ou homossexual, personificarem a personagem com a qual pretendem jogar e entrem num jogo de base narrativa ao longo da qual poderão experimentar e testemunhar diferentes situações de violência no namoro. “Trata-se de um paradigma que parte do pressuposto de que existem diferentes cenários, visões e dimensões no fenómeno”, aponta Margarida Almeida, coordenadora do projeto, segundo a qual “o jogo UnLove pretende constituir-se como uma ferramenta de educação e promoção para a saúde e de apoio à intervenção social e educativa na área da prevenção e sensibilização para a Violência no Namoro”. K

publicações académicas

Novos livros na UBI 6 Domingos Vaz, docente do Departamento de Sociologia da Universidade da Beira Interior acaba de publicar o livro Transação Territorial: Novas Relações CidadeCampo, em colaboração com o sociólogo francês Gérard Baudin. Communicating Certainty and Uncertainty in Medical, Supportive and Scientific Contexts (2014) é o livro da John Benjamins Publishing Company no qual o docente Pau-

lo Osório é autor de um capítulo, juntamente com os docentes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, M. G. Castro Pinto e F. Martins. João Matias, diretor do 2º ciclo em Engenharia e Gestão e Industrial, publicou em co-autoria o livro “Escola vs. Empresa”, juntamento com o antigo aluno de doutoramento da UBI, Adelino Monteiro e Elizabeth Real, docente da Universidade Lusíada. K

Coimbra investiga

O sexo dos pinguins 6 Existe um grande número de animais em que é difícil diferenciar os machos das fêmeas. Para resolver esta questão, cientistas têm usado técnicas de genética, normalmente dispendiosas e que exigem algum tempo para obter os resultados. Numa pesquisa pioneira e interdisciplinar, investigadores da Universidade de Coimbra (UC), em colaboração com colegas de 3 países (Reino Unido, Espanha e Bulgária), exploraram a técnica de citometria de fluxo como método para determinar o sexo de espécies de pinguins e avaliar o potencial para aplicar esta técnica noutros animais. Em nota enviada ao nosso jornal, a Universidade de Coimbra explica que “a citometria de fluxo caracteriza-se por ser uma tecnologia rápida e precisa, que permite medir e avaliar um gigantesco número de células em simultâneo e obter a informação detalhada do comportamento de cada célula”. A mesma nota revela que “os resultados, aplicados a amostras de duas espécies de pinguins (pinguim gentoo Pygoscelis papua e pinguim de barbicha Pygoscelis antarctica), revelaram que, quando comparada com outras técnicas, a citometria de fluxo permitiu a correta iden-

tificação do sexo dos pinguins em mais de 80% dos indivíduos, evidenciando o seu carácter promissor para a identificação do sexo de animais com tamanhos de cromossomas sexuais distintos”. Citado pela nota de imprensa, João Loureiro, principal autor do artigo publicado no Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, realça que «este trabalho, que surgiu como um estudo piloto, revelou que a citometria de fluxo, técnica muito utilizada na área clínica, pode ser uma excelente alternativa aos métodos em uso para sexagem animal, por permitir obter resultados de forma mais rápida e menos dispendiosa».

Por seu lado, o coordenador de projetos científicos na Antártida e autor sénior do mesmo artigo, José Xavier, sublinha que «este importante trabalho faz parte de programas científicos nacionais e internacionais sobre a Antártida em que a Universidade de Coimbra está envolvida, focado em compreender como o Oceano Antártico nos pode levar a compreender o efeito das alterações climáticas, pois o que acontece lá pode-nos levar a perceber melhor o que poderá vir a acontecer no resto do planeta». Mais, prossegue o investigador da UC, «este estudo contribui significativamente para desenvolvermos melhores técnicas aplicadas à ciência». K

Para daltónicos

Minho cria lentes 6 O Centro de Física da Universidade do Minho (CFUM), detentor do único laboratório do país especializado em visão das cores, está a desenvolver com um conjunto de técnicas de diagnóstico para identificar os padrões e o tipo de daltonismo. Os trabalhos são orientados para perceber como os daltónicos veem, no sentido de criar num futuro próximo mecanismos que atenuem esta disfunção visual através de mecanismos artificiais, nomeadamente lentes coloridas ou iluminação adequada, que melhorem a discriminação das cores nos daltónicos. Um daltónico é um indivíduo com uma anomalia genética que afeta os pigmentos que absorvem a luz ao nível da retina, havendo diferentes níveis de daltonismo – desde os que perdem 1% até aos que perdem até 50% dos cerca de dois milhões de cores existentes. Por razões genéticas, “8,5% dos homens

portugueses (cerca de 400.000) têm alguma forma de daltonismo, enquanto nas mulheres a taxa se fica por 1% (50.000)”, afirma Sérgio Nascimento, investigador responsável por esta unidade de investigação. Em termos científicos, a cura para o daltonismo ainda não existe, apesar de já haver algum desenvol-

vimento de terapias genéticas em animais, pelo que a investigação internacional “concentra muitos dos seus esforços no diagnóstico e na padronização de condições físicas artificiais que possibilitem uma convivência dos daltónicos com as cores o mais amigável possível”, enfatiza o especialista. K

DEZEMBRO 2014 /// 07


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UNIVERSIDADE DE ÉVORA

Fundo Social para Estudantes

6 Os estudantes da Universidade de Évora com muitas dificuldades financeiras são apoiados pelo designado Fundo de Apoio Social aos Estudantes da Universidade de Évora (FASE-UE). Criado em 2012, o FASE-UE tem como principal objetivo dar apoio aos estudantes em situação de emergência social ou com manifestas e comprovadas dificuldades económicas. O apoio prestado a cada estudante tem a duração de um ano letivo. Mas, cada estudante pode candidatarse em anos letivos seguintes. No presente ano letivo foram apoiados alunos de 27 cursos. O apoio, de acordo com o grau de necessidade apurado, pode envolver o pagamento total ou parcial da propina respeitante ao ano em questão, senhas de refeição e/ou comparticipação com os custos de residência universitária.

Novo produto gourmet em Aveiro

A folha da fruta Para a instituição, a sociedade portuguesa enfrenta hoje diversas dificuldades, especialmente, as famílias com estudantes a frequentarem o ensino superior. Tal situação, faz com que muitos alunos tenham dificuldades em conseguir suportar os encargos inerentes à prossecução dos seus estudos, nomeadamente o paga-

mento da propina e os materiais de suporte ao curso. Em alguns casos, as necessidades básicas de alojamento e alimentação são bastante visíveis. O FASE-UE tem também como finalidade promover a solidariedade e equidade social e, ainda, a redução do abandono escolar. K Noémi Marujo _

Participação cívica em análise no Minho

Crianças estão limitadas

6 A escola e o contexto municipal não têm espaços suficientes que fomentem a participação cívica das crianças e dos jovens, conclui a tese de doutoramento de Gabriela Trevisan, defendida no Instituto de Educação da Universidade do Minho. O estatuto de “infância” coloca os mais novos numa situação de fragilidade, sendo um dos principais obstáculos à criação da ideia de criança-cidadã e da participação política das crianças nos vários contextos. A investigação, intitulada “Infância e cenários de participação pública: uma análise sociológica dos modos de codecisão das crianças na escola e na cidade”, teve como principal objetivo englobar análises contemporâneas no quadro da cidadania e da participação política, olhando para as crianças como elementos ativos e participativos dos

contextos de vida no espaço público. Demonstrou-se que existem situações preferenciais que incentivam o envolvimento dos mais novos em determinadas questões. “Eles identificam os momentos ou as áreas em que a sua participação é mais significativa e contribui para a melhoria das instituições ou do espaço da cidade”, explica a autora,

que contou com a coordenação do professor Manuel Sarmento, um dos principais especialistas da área no país. “Quando essas oportunidades são criadas, ainda que reconhecendo dinâmicas assimétricas de poder entre adultos e crianças, e diferentes constrangimentos à sua implementação, estes agentes tendem a valorizar a sua posição social e acreditar que conseguem alterar a imagem social cristalizada sobre a sua incompetência e/ou limitação ‘natural’ para participar”, acrescenta a investigadora. Gabriela Trevisan é natural do Porto e tem 39 anos. Licenciou-se em Sociologia das Organizações na UMinho, onde também realizou o mestrado em Sociologia e doutoramento em Estudos da Criança – especialidade de Sociologia da Infância, sob supervisão do professor Manuel Sarmento. K

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Boas Festas

08 /// DEZEMBRO 2014

6 Uma película feita de fruta desidratada e não comercializada, tamanho A5 para caber numa mochila, foi idealizada por três alunos e quatro professores do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro. A película, que é apresentada em embalagens trendy e uma identidade gráfica forte, tem aspirações a entrar no exigente mercado alimentar de produtos gourmet. O projeto chama-se Folha de Fruta. Esta inovação permite criar valor a partir de 30 por cento da fruta produzida mas que não entra no mercado devido ao seu aspecto, seguindo para desperdício. Para tal, o processo passa por triturar, desidratar e, eventualmente, adicionar outros suplementos para obter uma película que pode ser vendida em folhas A5. Uma das particularidades do projeto é a forma de abordagem: a partir do Design. A ideia venceu a terceira edição do concurso universitário CAP – Cultiva o Teu Futuro. Esta edição do concurso, que contabilizou 114 inscrições, envolvendo 341 candidatos e 55 professores de

44 universidades, foi subordinada ao tema “Inovação no setor hortofrutícola”. Dos 16 melhores projetos selecionados com propostas para o setor hortofrutícola, quatro foram apresentados por grupos ligados à licenciatura em Design da Universidade de Aveiro. À iniciativa poderiam concorrer estudantes de todas as áreas, com orientação de docentes, tendo concorrido alunos de Agronomia, de Gestão, entre muitos outros. A ideia venceu ainda a categoria de Produto Inovação, na III Edição da Gala Viva “Frutas & Legumes”, promovida pelo Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), a 14 de Novembro. O grupo de alunos de Design da UA é formado por André Silva, Ana Beatriz Martins e Inês Seixas, sob orientação dos docentes Rui Costa, Teresa Franqueira, Raúl Pinto e Pedro Carvalho de Almeida, venceu com o projeto “Folhas de fruta!”. O grupo vencedor recebeu um prémio no valor de seis mil euros. Aos docentes que acompanharam a realização do trabalho foi atribuído um prémio no valor de três mil euros. K

Ecoturismo

Madeira com mestrado 6 A primeira fase de candidaturas ao mestrado em Ecoturismo da Universidade da Madeira, para o ano letivo 2015/2016, decorre entre os dias 19 de novembro de 2014 e 30 de janeiro de

2015, exclusivamente através do endereço https://candidaturas. uma.pt. O curso tem uma duração de 2 anos e está organizado em 4 semestres, correspondendo a um total de 120 ECTS. K


Português do ensino secundário

IPLeiria avalia e certifica manuais 6 O Instituto Politécnico de Leiria é uma das entidades acreditadas para a avaliação e certificação de manuais escolares, de acordo com a recente aprovação da Direção-Geral da Educação. Enquanto instituição de ensino superior autónoma, o Politécnico está acreditado para a disciplina de Português no ensino secundário, sendo a acreditação válida durante seis anos. “Este processo de acreditação constitui para o IPLeiria mais um importante sinal do reconhecimento da qualidade científica e pedagógica do seu corpo docente, mas, acima de tudo, do conjunto de esforços desenvolvidos continuamente no sentido de estreitar relações com instituições relevantes

de ensino da região”, refere Goreti Monteiro, subdiretora e docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria. O processo de avaliação e certificação de manuais tem início com a submissão da candidatura das instituições de ensino superior para serem acreditadas para esse efeito. Com a aceitação, o Politécnico integra agora uma lista de potenciais colaboradores com as editoras interessadas. Cada manual é avaliado de acordo com os requisitos legalmente estabelecidos. A ESTG é igualmente entidade certificadora de Matemática A para os manuais desta disciplina para o 10º, 11.º e 12.º anos de escolaridade. K

Lisbon&Estoril Film Festival

IPTomar recebe menção honrosa 6 O filme “Saba”, de Sara Santos, aluna do curso de Vídeo e Cinema Documental da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, do Instituto Politécnico de Tomar, ganhou uma Menção Honrosa no Prémio Meo de Melhor Curta Metragem do Lisbon & Estoril Film Fest. Esta competição europeia de escolas revela um alto nível com-

petitivo, sendo avaliada por um júri internacional. O filme de Sara Santos apresenta um tratamento extremamente cuidado, numa reflexão sobre o problema da memória (e o cinema), partindo de um caso de Alzheimer. A forma inteligente como a realizadora desenvolve o seu filme foi destacada pelos presentes na sessão. K

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Boas Festas

Internacionalização

Leiria com Pequim 6 O Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria), a empresa Moldetipo, da Marinha Grande, e o Centro Internacional de Transferência de Tecnologia de Suzhou da Universidade de Pequim (China), acabam de assinar um protocolo de cooperação que prevê a interação entre as três entidades no que toca à ciência, tecnologia e educação. A cerimónia contou com representantes das instituições envolvidas, três empresas chinesas da indústria de moldes, e representantes da Sociedade Portuguesa de Inovação na China. A cooperação será desenvolvida nos domínios da ciência e tecnologia, nomeadamente no desenvolvimento rápido de produto, ciência de materiais, engenharia e tooling, manufatura rápida, tecnologias de produção, tecnologias e conteúdos de realidade aumentada. O acordo pretende ainda estabelecer bases de cooperação em matérias de interesse comum, como a promoção da cultura e língua portuguesa e chinesa, formação avançada, transferência de conhecimento e tecnologia, e proporciona a mobilidade de estudantes. “A empresa Moldetipo está em

expansão comercial além-fronteiras e o desenvolvimento de projetos em conjunto trazem mais-valias para todos. A indústria de moldes tem tido um crescimento em novas tecnologias”, afirmou Rui Silva, diretor geral da empresa Moldetipo. Xinyue Liang, representante do Centro Internacional de Transferência de Tecnologia de Suzhou, salientou a satisfação em “assinar este acordo e reforçar as ligações entre China e Portugal. Temos várias ligações com diversas empresas na China, e com este protocolo esperamos desenvolver mais pontos de cooperação. A transferência de tecnologia pode ser muito interessante para as partes envolvi-

das”, concluiu a representante do centro tecnológico de Suzhou. O presidente do Politécnico, Nuno Mangas, demonstrou a ligação forte que o Politécnico de Leiria mantém com a língua e cultura chinesas, através dos protocolos com a Universidade de Línguas e Cultura de Pequim, e com o Instituto Politécnico de Macau. “Neste acordo aproximamos a academia à indústria, ao juntar uma empresa com que trabalhamos [Moldetipo] a duas instituições de ensino superior de países diferentes. Esperamos que a área de transferência de tecnologia seja apenas um início, e que possamos desenvolver outras áreas”, concluiu. K

Com o Instituto Militar dos Pupilos do Exército

Leiria assina protocolo 6 O Instituto Politécnico de Leiria assinou no dia 28 de novembro um protocolo de cooperação com o Instituto Militar dos Pupilos do Exército, que prevê o intercâmbio entre as duas entidades e uma futura integração daquele instituto na rede pública regional de ensino profissional com o Politécnico de Leiria. O acordo de cooperação, sem custos financeiros e válido por um ano, engloba a divulgação de ambas as instituições nas respetivas plataformas informáticas, e a disponibilização de informação sobre estágios em empresas com relações com as duas entidades, nomeadamente na área das engenharias. A este ponto da colaboração acresce a possibilidade dos estudantes do Politécnico realizarem estágios no Instituto. A sessão de assinatura do acordo entre as duas instituições contou com a presença do presidente do IPLeiria, Nuno Mangas, dos vice-presidentes do IPLeiria, Rita Cadima e João Paulo Marques, do subdiretor da Escola Superior de Tecnologia de Gestão do IPLeiria, Nuno Rodrigues, do presidente do

Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes, tenente-coronel Ley Gar-

cia, e do coronel de Infantaria do IMPE, João Augusto Soares. K

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Politécnico QUER BLOCO CENTRAL

Nova Esart é topo de gama 6 Carlos Maia, presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), solicitou ao Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho, a construção do Bloco Central para o Campus da Talagueira. O pedido foi feito durante a inauguração das novas instalações da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, situadas naquele campus que integra ainda as escolas superiores de Saúde e de Tecnologia. O presidente do IPCB recordou as muitas dificuldades que o Politécnico teve que enfrentar para que a construção fosse possível. “Este é um projeto com 15 anos e cinco governos. Por vezes parecia uma ousadia reclamarmos estas novas instalações para o interior do país”, disse, acrescentando depois que “o projeto não está terminado. Precisamos de um Bloco Central, o qual estava previsto no início do Campus, e que daria apoio às três Escolas”. Carlos Maia iria mais longe: “a sua construção permitiria libertar espaços das atuais escolas e transferir uma escola que temos no centro da cidade”, destacando o facto que a nova Esart foi construída sem se gastar um cêntimo a mais do que estava orçamentado. “Não houve derrapagem financeira e isso deve-se muito aos serviços técnicos do Politécnico”. Neste processo, o presidente do IPCB foi claro no apoio que a Câmara de Castelo Branco deu a este processo (a autarquia assumiu o pagamento da componente nacional da obra, sendo o restante pago por fundos comunitários), fazendo questão de chamar para a mesa de honra Joaquim Morão, anterior presidente da autarquia.

“Como disse muitas vezes, na hora da verdade não há impossíveis. Foi assim que no início de 90 criámos a então Escola Superior de Tecnologia e Gestão, em Idanhaa-Nova, e foi assim que contribuímos para a Esart, a qual é muito importante para combater a desertificação. Na hora da verdade todos temos que dar as mãos para fazer as coisas. E o atual presidente da Câmara, Luís Correia, fez sempre parte da minha equipa em Castelo Branco”, disse Joaquim Morão. Na sua intervenção, Carlos Maia falou ainda da importância do IPCB na região e

no país, e do papel da instituição a que preside no combate à desertificação e no desenvolvimento da região. “O IPCB tem um impacto anual de 40,2 milhões de euros na região, e por cada euro do Orçamento de Estado investido no politécnico, há um retorno de três euros”, disse, para acrescentar: “que devem existir medidas para estimularem a procura para estas instituições no interior, que têm capacidade instalada” para acolher mais alunos. Aquele responsável lembraria ainda a necessidade de medidas para o desenvolvimento das regiões do interior, sublinhan-

do que “deve ser feita uma aproximação dos serviços às populações. E nesse sentido as instituições de ensino superior têm um papel importante, até porque temos uma meta nacional a atingir perante a Europa, que é a de qualificar superiormente 40% da população entre os 30 e os 34 anos”. José Raimundo, diretor da escola, lembraria também na sua intervenção, que “somos merecedores deste novo edifício. Acreditamos que temos um papel importante a desempenhar. As artes são agentes de transformação social”. K

AUTARQUIA FINANCIOU A OBRA

Castelo Branco na rota das artes 6 O presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, começou por referir que “este projecto nasceu de uma ambição, concretizada graças à sólida situação económico-financeira da autarquia. Castelo Branco teve pensamento estratégico, visão de futuro e ambição para a nossa terra. O então presidente do Instituto Politécnico, Valter Lemos, soube interpretar essa ambição de Castelo Branco e também ele reconheceu que o reforço e afirmação da instituição dependia, em boa medida, da existência de novas instalações para a Escola Superior de Saúde e para a Escola Superior de Artes Aplicadas. Uma estratégia na qual foi secundado pelos presidentes seguintes, Ana Maria Vaz e Carlos Maia. O futuro – que é o presente – dar-nos-ia razão. Estes dois estabelecimentos de ensino são hoje pilares importantes do Instituto Politécnico de Castelo Branco”. Para o autarca “a Escola Superior de Artes Aplicadas já tem – e terá cada vez mais

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– uma importância fundamental na diferenciação de Castelo Branco – da cidade, do concelho e da região -, ao nível das artes,

da oferta cultural e da produção artística em termos alargados, incluindo a produção empresarial ao nível do design e do estilismo.

Esta escola é parte integrante do projeto de desenvolvimento que estamos a implementar em Castelo Branco e que passa por uma aposta forte e estruturante na atividade cultural, na criatividade, nas indústrias criativas. Castelo Branco aspira a impor-se, no âmbito nacional, como uma cidade de grande dinamismo cultural, não apenas ao nível da oferta, mas também ao nível da produção, da criação própria”. Luís Correia acrescentaria que “projetos estruturantes para uma região como a nossa nunca são demais. São desafios, são futuro, são responsabilidade. É por isso que o investimento público no interior não é demais. O investimento público é fundamental para deter a desertificação, para reanimar as atividades económicas, que os mesmo decisores, fazedores de opinião e ainda as tendências de mercado, exigem que mantenham a tradição, sem deixar de inovar e responder às novas exigências de uma sociedade moderna e cosmopolita”. K


ENSINO SUPERIOR

Passos Coelho quer diferenciação 6 A inauguração da nova Escola Superior de Artes Aplicadas permitiu ao Primeiro Ministro observar uma instituição viva, tendo tido a oportunidade de ouvir a Orquestra Sinfónica da Esart, a qual recebeu o chefe do Governo com o Hino Nacional, e música interpretada por vários alunos à medida que ia visitando as instalações. Pedro Passos Coelho nada prometeu quanto à construção do bloco central para o Campus da Talagueira, mas também não fechou a porta para que isso fosse possível, envolvendo, por exemplo, a autarquia albicastrense e o ministério da tutela. Esta posição foi dita já no final da sua intervenção, onde defendeu que o “IPCB, além da UBI, deve conseguir diferenciar-se para poder acolher gente de todo o país, e

usufruir da investigação que aqui está a ser feita”. O Primeiro Ministro defendeu ainda a necessidade de “termos mais pessoas a aceder ao ensino superior. Já não estamos tão longe de outros países desenvolvidos, mas precisamos de ir mais longe e mais depressa. E por isso, ao nível das universidades e dos politécnicos precisamos de movimentos que não fiquem ligados apenas ao passado, mas sim às transformações que precisam de ser feitas”. Na sua intervenção, Pedro Passos Coelho lembrou ainda que “temos que ter políticas especialmente direcionadas para os territórios de baixa e muito baixa densidade, adaptando as políticas públicas. O Estado na sua pluralidade tem que criar estímulos nesse sentido”. K

Esart em números

Como é a nova escola

6 A nova Escola Superior de Artes Aplicadas do IPCB surge num edifício em forma de U deitado, separado em três blocos. Custou três milhões 871 mil 424 euros, tendo sido financiado por fundos europeus em três milhões 123 mil 352 euros, tendo o restante sido assegurado pela Câmara de Castelo Branco. O bloco principal possui dois pisos. Entre outras valências apresenta o átrio principal, salas de ensino teórico, de multimédia, estúdios de audiovisuais (com auditório de 54 lugares, ilhas de edição e estúdio de música eletrónica), ateliês de design (de moda, de interiores e equipamento, têxtil, comunicação e impressão), laboratório de informática, centro de produção gráfica, centro de informática, auditório para 124

lugares, bar, espaços de convívio e para a associação de estudantes.

No bloco central, também de dois pisos, surgem os gabinetes de docentes, salas de reuniões

e de direção, serviços de apoio à direção e sala de prática de teclado. Finalmente o bloco

posterior (um piso) é composto por 17 salas de estudo de instrumento. K

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Boas Festas

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Secretário de Estado

Disponíveis para afinar regras de acesso No dia do IPG

Rei defende medidas de coesão 6 O presidente do Instituto Politécnico da Guarda, Constantino Rei, aproveitou a sua tomada de posse e o Dia da instituição, para reclamar a introdução de “um mecanismo de ajustamento automático da oferta face à procura, através da indexação do número de vagas ao número de candidatos, sem prejuízo da manutenção ou aumento da oferta em áreas específicas”. Constantino Rei abordava uma questão há muito reclamada pelas instituições de ensino superior do interior do país, perante o Secretário de Estado da tutela. “Não vou mais reivindicar, porque já perdi a esperança, que o poder político tenha a coragem, e a vontade, de reduzir o número de vagas nos grandes centros urbanos, para provocar uma deslocação de candidatos para as regiões mais afetadas, onde existe capacidade instalada, onde existe tanta ou mais qualidade de ensino, e onde existe, de certeza, maior qualidade de vida”. O presidente do IPG reafirmou a ideia de que a “realidade mostra que a oferta de vagas atual não se adequa à procura, nem à rede de ensino superior instalada em todo o país, gerando sobrelotação numas instituições, e subaproveitamento da capacidade instalada noutras, conduzindo à sua insustentabilidade”. Constantino Rei falou também do Programa + Superior, o

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qual este ano “não trouxe um único aluno para as nossas instituições. Não falando já no facto de o programa ter sido lançado tardiamente, já depois de colocados os alunos da 1ª fase, que ainda assim podemos compreender, não conseguimos no entanto perceber a lógica dos critérios que foram fixados, e que se resumem a atribuir as bolsas, usando exclusivamente, como critério de seriação e passo a citar: a classificação final do ensino secundário que foi utilizada para a sua colocação no curso em que estão matriculados”. No entender de Constantino Rei, “este critério, exclusivo, só podia resultar, como resultou, em dar um prémio aos melhores alunos. Assim defendo dois ajustamentos: em 1º lugar, que seja pedido às instituições beneficiárias, à semelhança do que foi feito, ainda que tardiamente, com os incentivos para os estudantes internacionais, quais são os cursos aos quais pretendem que as bolsas sejam atribuídas, prevendo, evidentemente, mecanismos de reversão entre cursos, das bolsas não atribuídas; em 2º lugar, que a informação, ou seja, o número de bolsas, e a sua distribuição, sejam conhecidas no máximo, até ao mês de abril, preferencialmente em março”. No seu discurso, Constantino Rei criticou ainda a forma como os Cursos Técnicos Supe-

riores Profissionais (CTSP) estão a ser implementados: “nas condições atuais, não irão resolver nenhum dos problemas do ensino superior, nem dos politécnicos, nem do país. Tenho repetidamente perguntado a quem sabe alguma coisa sobre o sistema de qualificações português, qual a diferença entre os CET e os novos cursos, e a verdade é que ninguém, mas mesmo ninguém, conseguiu estabelecer ou perceber uma diferença minimamente fundamentada. A única solução coerente seria, e é, a de acabar com os atuais CET: a coexistência com os CTSP pode ser a causa do fracasso destes”. O presidente do IPG anunciou também o nome dos novos diretores das escolas. “para a Escola Superior de Tecnologia e Gestão, e para a Escola Superior de Saúde, será proposta a continuidade das atuais diretoras: Clara Silveira para a ESTG e Paula Coutinho, para a ESS. Quanto à Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto, será proposto Pedro Tadeu. Por último para a Escola Superior de Turismo e Hotelaria de Seia, era igualmente minha intenção propor a continuidade de Anabela Sardo. Todavia, por se terem levantado dúvidas de natureza legal, aguardamos ainda os esclarecimentos entretanto solicitados à Secretaria Geral do Ministério para tomarmos a decisão definitiva”. K

6 “Estamos disponíveis para afinar as regras de acesso ao ensino superior, em particular aos politécnicos, para verificar se há jovens que estão a ser empurrados para outro tipo de formação que eles não querem”. As palavras são do Secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, e foram proferidas no decorrer do Dia do Instituto Politécnico da Guarda. Depois de ter ouvido com atenção as intervenções do presidente do IPG e da Câmara local, Ferreira Gomes falaria ainda sobre o programa + superior, “o qual foi desenhado para regiões de menor pressão demográfica.

Estamos conscientes que o impacto foi menor que o expectável”, disse. O Secretário de Estado acrescentou, no entanto, que “o programa tem um potencial grande, pela capacidade de atração para instituições que estão subaproveitadas. Estamos disponíveis para que tudo seja prestado mais cedo. É crucial que os regulamentos estejam disponíveis em janeiro (para o programa do estudante internacional) e antes da Páscoa (para o + superior)”. Ferreira Gomes sublinhou ainda o facto “das instituições de ensino superior do arco do interior têm capacidade para serem melhor aproveitadas”. K

Ensino Magazine entrega bolsa

Premiar o mérito de alunos e docentes 6 Na cerimónia do Dia do IPG foram ainda distinguidos docentes e alunos da instituição. À semelhança de anos anteriores o Ensino Magazine entregou uma bolsa mérito a um dos melhores alunos da instituição. A bolsa foi entregue pelo diretor da publicação, João Carrega à mãe da aluna Soraya Silva, da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

(Curso de Comunicação e Relações Públicas), pois a aluna encontrase a trabalhar no Canadá. O IPG e o Novo Banco distinguiram ainda docentes que concluíram o doutoramento. Na cerimónia foram também entregues os prémios do concurso Polieemprende - fase regional, tendo ainda sido assinado um protocolo com a empresa Ouplan. K


Boas Festas DEZEMBRO 2014 /// 013


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politécnico de leiria abre ano escolar

Na rota do futuro 6 O Instituto Politécnico de Leiria assinalou, no passado dia 12 de novembro, o seu aniversário. Com 3900 novos estudantes, dos quais 2350 em licenciaturas; 600 em mestrados; 820 em cursos de especialização tecnológica; e os restantes em pós-graduações não conferentes de grau e no curso preparatório M23, o IPL tem bem definidas as suas linhas estratégicas. Nuno Mangas o seu presidente foi claro e objetivo. “Internamente devemos refletir sobre a nossa oferta formativa de forma a promover o seu melhor ajustamento às necessidades da região e à procura por parte dos candidatos. Isto é válido, quer para a oferta de cursos de 1.º ciclo quer, em especial, para a oferta de formações de 2.º ciclo e para os ciclos curtos de formação superior”, começou por referir. O presidente do IPL lembraria ainda, perante a presença do Secretário de Estado do Ensino Superior que “o Politécnico de Leiria não só foi pioneiro na oferta de CETs como é a instituição que disponibilizou a maior oferta formativa e que mais estudantes tem inscritos nestes cursos. Ofereceu estes cursos, não por necessidade, mas por acreditar que os mesmos eram úteis e necessários às empresas e às pessoas da região onde está inserido. E é por continuar a acreditar que este tipo de

oferta é essencial para a nossa região, que irá submeter a registo 30 novos Cursos de Técnico Superior Profissional”. No seu discurso, Nuno Mangas abordou ainda a questão da falta de candidatos nos cursos de engenharia. “O número de candidatos que reúnem as condições exigidas para a frequência daqueles cursos é cada vez menor, sem que, aparentemente se assista a um tomar das medidas necessá-

rias para contrariar esta tendência”, disse, para depois acrescentar: “nunca defenderei qualquer tipo de facilitismo no que se refere ao acesso ao ensino superior. De igual modo, considero que as regras de acesso têm que continuar a ser exatamente as mesmas, tanto para as universidades como para os politécnicos. Mas, parece-me imprescindível que se analisem as causas e se tomem medidas que permitam que o

número de candidatos que escolhem e que reúnem condições de acesso a estes cursos aumente, sob risco de comprometermos seriamente o desenvolvimento do país e, em particular, desta região”. O presidente do IPL falou ainda da necessidade da “publicação do despacho das vagas ser feita bastante mais cedo e de se reforçar a estabilidade das regras de fixação de vagas”. Já sobre o financiamento, ao ensino superior, Nuno Mangas lembrou que tem havido uma forte redução desde 2007. “Isso retira-lhes quase toda a capacidade de investimento, mesmo aquele que se destina à simples renovação de equipamentos e a uma adequada manutenção das suas instalações. Mas tão ou mais preocupante que esta asfixia financeira é a falta de estabilidade e a imprevisibilidade orçamental. Mais complicado do que gerir com pouco, é gerir sem saber com quanto se conta. E, infelizmente, é mais uma vez nesta realidade que vamos iniciar um novo ano orçamental”. Nuno Mangas foi mais longe: “impõese por isso que o orçamento inicial das instituições seja desde já ajustado aos compromissos reais a que estas terão que fazer face a partir do dia 1 de janeiro de 2015”. K

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World Congress of Engineering

Docentes do Politécnico de Setúbal em alta 6 Os investigadores Nuno Costa e João Lourenço, da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, foram distinguidos no Congresso Mundial de Engenharia com um Certificado de Mérito e um convite para escreverem um dos capítulos de um livro a ser editado e comercializado pela editora Springer. A distinção resulta do trabalho “Optimization Criteria Ability to Depict Pareto Frontiers”, que teve as melhores avaliações atribuídas pelos revisores. O trabalho realiza uma análise ao desempenho de métodos de otimização simultânea de múltiplos objetivos, que podem ser utilizados nas mais diversas áreas da enge-

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nharia, seja na melhoria dos processos de produção e/ou dos produtos, o que permite aos profissionais “escolher aquele que é mais eficaz, simples de implementar e que permite gerar um conjunto mais alargado de soluções de compromisso para este tipo de problemas”, refere Nuno Costa. Com este trabalho os autores dão continuidade às atividades que têm vindo a desenvolver e a publicar em revistas internacionais de relevante mérito académico e demonstram que existe uma alternativa eficaz ao denominado método “Desirability” ou método de “Derringer”, que está disponível nos mais conhecidos programas de análise de dados. K


Cante Alentejano património da humanidade

Unesco aprova candidatura

6 O presidente do Instituto Politécnico de Beja, Vito Carioca, emitiu este mês um comunicado onde se congratula com o reconhecimento, por parte da Unesco, do Cante Alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade. “Foi com enorme sentimento de orgulho que toda a comunidade académica do IPBeja recebeu a notícia do reconhecimento do Cante Alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade, um reconhecimento da singularidade desta dimensão cultural profundamente enraizada na nossa memória coletiva”, referiu aquele responsável. A classificação do cante alentejano como Património da Humanidade, decidida pela UNESCO, “ecoou” por vários “recantos” do Alentejo, com autarquias e outras instituições a congratularemse pela distinção. Para além do Instituto Politécnico de Beja, também a Universidade de Évora, cuja reitora Ana Costa Freitas acompanhou, em Paris (França), os trabalhos da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), manifestou “orgulho” pela inscrição do cante alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Trata-se de “um merecido reconhecimento para esta manifestação tão singular da cultura alentejana, que encerra em si séculos de história”, argumentou a reitora da academia, instituição que, em comunicado, agradeceu “a todos aqueles que mantêm viva a tradição” desta prática cultural. Quanto ao poder local, vários foram os comunicados enviados à Lusa por municípios alentejanos, sobretudo do distrito de Beja, mas também do de Évora e do litoral alentejano, a regozijarem-se com a proclamação do cante. O município de Serpa, promotor da candidatura, afiançou que “os grupos corais e demais população, reunidos na Casa do Cante, exultaram e emocionaram-se” com a decisão da UNESCO e lembrou que “o trabalho em prol da salvaguarda” deste canto polifónico “está longe

de estar terminado. A Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL) frisou que, com esta proclamação, “a cultura do Alentejo ocupa um lugar de honra entre os grandes valores da humanidade, graças à memória de um povo que soube preservar a sua identidade cultural ao longo de séculos de história”. A CIMBAL, que, “desde a primeira hora, apoiou todos aqueles que acreditaram na possibilidade do reconhecimento e esteve envolvida na comissão executiva que apresentou a candidatura”, prometeu continuar “profundamente comprometida com a promoção, dignificação e salvaguarda dos valores culturais do Alentejo”. A Câmara de Beja manifestou “a maior satisfação” com a classificação do cante, qualificando-a também como “o reconhecimento da importância da identidade cultural alentejana”, porque “é a alma” do Alentejo e das suas gentes que “está em cada moda, em cada palavra, em cada instante em que se canta”. O reconhecimento da UNESCO “é, acima de tudo, a confirmação” do Alentejo “como um valor único”, referiu a autarquia, prestando homenagem ao cante e aos seus detentores, os cantadores, aos quais agradeceu “por terem sabido preservar” a tradição e, assim, “contribuir para a sua salvaguarda”. A Câmara de Évora associou-se, igualmente, aos festejos, com o autarca Carlos Pinto de Sá a considerar que é “o Alentejo, no seu todo, que está de parabéns” e que, agora, o cante alentejano “pertence a todos, é do mundo”. “É importante este reconhecimento internacional do cante alentejano, como contributo para a sua divulgação à escala mundial”, mas “importa lembrar” que esta prática cultural “é, há muito, um património identitário único, genuíno e com enorme valor cultural para os alentejanos”, sublinhou. Em Moura, a câmara manifestou a intenção de continuar a apoiar o cante e realçou que a distinção “vai

contribuir para a salvaguarda, valorização e modernização do cante, bem como para o desenvolvimento de projetos inovadores em torno da música e do turismo”. O cante é “um dos grandes valores da identidade do Alentejo”, realçou, por seu turno, a Câmara de Barrancos, enquanto, na outra

“ponta” da região, o município de Odemira, concelho onde existem vários grupos corais, disse tratar-se de uma prática que é “a mais intensa e reconhecida forma de expressão” da cultura alentejana. Na Vidigueira, o município argumentou que o reconhecimento da UNESCO

“presta homenagem a todos os alentejanos” e vai tornar a região do Alentejo “ainda

mais atrativa em termos turísticos”. K Lusa _

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Joaquim Mourato, presidente do IP Portalegre

Que ensino superior queremos para Portugal?

6 No dia do Instituto Politécnico de Portalegre, o seu presidente, Joaquim Mourato, lançou para debate a questão “que ensino superior queremos para Portugal?”. O também presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos acrescentaria ainda outro conjunto de perguntas que no seu entender devem merecer uma forte reflexão: “Queremos um ensino superior que se esgota na formação para as profissões? Um ensino superior centrado exclusivamente no valor económico e na competitividade imediata? Um ensino superior minimalista? Um sistema mais britânico que o britânico? Ou queremos um ensino superior que vá para além da preparação para as profissões? Um sistema que responda à dimensão da educação e da cultura? Centrado na pessoa humana? Que forma para a vida?”. Na sua perspetiva, “mais ensino superior significa dispor de uma sociedade mais apta para o exercício pleno da cidadania, fundamental para a solidez da democracia em Portugal. Por isso, para além dos números que o demonstram de forma inequívoca, devemos sempre afirmar que não temos licenciados a mais, ao contrário do que disse a chanceler alemã. Temos feito importantes progressos nos últimos anos mas ainda estamos longe das metas europeias e da OCDE. Não nos podemos desviar do objetivo, a bem de Portugal e dos portugueses”. Joaquim Mourato falaria ainda do financiamento das instituições: “as questões do financiamento do ensino superior são, sobretudo, de natureza ideológica. Sem esta ques-

tão estar resolvida não faz sentido escolher o método ou o modelo de financiamento. Primeiro temos que decidir que ensino superior queremos. Depois que sistema de ensino superior melhor serve os nossos objetivos. Só depois vem o modelo de financiamento que não é mais do que um meio para atingir o que antes foi definido”. O que acontece, diz, é que “temos assistido, ano após ano, a uma discussão em torno da repartição do bolo orçamental sem se discutir a dimensão desse bolo. Ora se o bolo é pequeno, independentemente da fórmula de repartição, ninguém é saciado”. Joaquim Mourato recordou ainda que “temos assistido à transferência da intriga para dentro das instituições de ensino superior. O problema de fundo não se resolve e opta-se por colocar as instituições umas contra as outras, na disputa por mais uns euros, cada uma com argumentos válidos, assentes em critérios que lhes são favoráveis. Algumas, porque têm mais alunos, invocam o critério do

financiamento por aluno, outras, porque são mais pequenas, refe-

rem os custos de estrutura e o impacto regional. Pergunto, qual dei-

xa de ter razão? Podemos aplicar o ditado popular, “em casa onde não há pão todas ralham e ninguém tem razão”. Neste caso todas têm razão!”. Por isso diz que “o problema está a montante de qualquer fórmula de financiamento. O meu apelo vai no sentido de cada um de nós se recusar a discutir fórmulas sem se definir primeiro que ensino superior queremos para Portugal. Não podemos cair na armadilha que promove a divisão entre as instituições. É fundamental estarmos unidos para, em conjunto, colocarmos o debate no sítio certo”. K

Ensino Magazine entrega prémio 6 O Ensino Magazine voltou a atribuir uma bolsa de mérito ao melhor diplomado do IPP, no grau de mestre. Raquel Carmo recebeu a bolsa Ensino Magazine, tendo concluído o seu mestrado em educação e proteção de crianças e jovens em risco. Nessa cerimónia foram ainda entregues os prémios da Caixa Geral de Depósitos aos quatro melhores alunos licenciados (Andreia Maurício, Joana Damas, José Gama e Cláudia Vaz), da Câmara de Portalegre (Cláudia Dias), Delta Cafés Ana Barrocas), Alain Afflelou (Joaquim Rodrigues), e Francisco Tomatas (Carolina Raimundo). Na sessão foi também atribuído o prémio de boas práticas no IPP ao projeto “Intervenção Psicossocial em situações de crise, emergência e

catástrofe, da autoria de Miguel Arriaga, João Junceiro e Raúl Cordeiro. Na cerimónia, Joaquim Mourato lembrou ainda a criação da Associação Académica do IPP. “Há muito que a desejávamos porque entendemos que todos juntos poderão defender e representar melhor os estudantes do IPP. Este projeto global não impede nem deve retirar

de cada uma das Escolas o associativismo estudantil. As atividades muito próprias em cada Escola devem continuar. Queremos uma participação forte dos estudantes nos órgãos das Escolas, da Ação Social e do Instituto. São parte interessada e parceiros no desenvolvimento do projeto IPP”, disse. K

nuar a ouvir reitores, presidentes de politécnicos, o Ccisp e o Crup a afirmar que não há dinheiro é grande”. Como segundo cenário, David Justino fala da “racionalização administrativa. Vem a ordem de cima e diz-se o que fechar”. Facto no seu entender é o cenário mais perigoso, e que pode ser irracional. “É uma medida que normalmente os governos adotam no primeiro ou segundo anos de mandato. Mas antes de se chegar a este cenário é importante que as instituições preparem uma resposta e a apresentem. Pior que esta situação é o que tem sido feito com cortes por igual a todas as instituições”. O terceiro cenário e aquele que diz defender “passa pela especialização competitiva. Face à diversidade e perfis de oferta, era

bom que as instituições tivessem a coragem de encerrar alguns cursos, desde que isso significasse investir onde eram mais competitivos. Esta oferta de especialização competitiva, tem o pormenor de algumas instituições terem que manter a formação generalista. Mas tudo isto tem custos que devem ser suportados a partir de cima”. David Justino abordaria ainda o papel importante que as instituições de ensino superior tiveram no interior do país. “Sem ensino superior essas regiões estavam mais desertificadas”, disse, enquanto defendeu “medidas de discriminação positiva, nomeadamente nos modelos de financiamento, os quais deveriam favorecer a especialização competitiva”. K

Presidente do Conselho Nacional de Educação

As cinco questões de Justino 6 O presidente do Conselho Nacional de Educação, David Justino, marcou presença no dia do IPP, apresentando um conjunto de reflexões importante sobre o ensino superior, e acerca das quais apresentou três cenários. As questões do antigo ministro da Educação referem-se à sustentabilidade da estrutura de oferta perante a atual situação; ao financiamento aplicado às instituições (saber se tem retorno social, ou seja se o que se gasta não é despesa, mas sim investimento); saber se existe massa crítica em quantidade e qualidade para assegurar todos estes cursos; saber se a dispersão de financiamento público é facilitadora de desenvolvimento de clusters e competitividade à esca-

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la nacional e internacional; e se o Estado deve continuar a financiar cursos sem empregabilidade (o que não deve ser um fator único)”. David Justino apresenta, em resposta àquelas questões por si levantadas, três cenários: “o pri-

meiro é manter tudo na mesma. E este é o mais provável, isto por falta de iniciativa das instituições - que para algumas será mais vantajos, ou por falta de coragem política”. Sobre este cenário, David Justino acrescentaria que “a probabilidade de conti-


Campanha para São Tomé e Príncipe

Presidência do CCISP

Portalegre solidário

Joaquim Mourato reeleito

6 O Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) está a realizar um projeto solidário com o objetivo de angariar presentes para 200 crianças carenciadas da região e bens de primeira necessidade para cerca de 100 de São Tomé e Príncipe. O projeto “Todos temos amor para dar”, desenvolvido, anualmente, desde 2009, vai decorrer até ao dia 18 deste mês. “Nós começámos em 2009 ao ajudar poucos miúdos. Nos últimos anos, demos um grande salto e ajudamos já um número considerável de crianças em Elvas e Portalegre”, disse à agência Lusa a coordenadora do projeto, Ana José. Durante a campanha, os interessados em ajudar poderão entregar os presentes ou bens de primeira necessidade nos serviços centrais e nas quatro escolas do politécnico e nas residências de estudantes de Portalegre e de Elvas. A distribuição das prendas de Natal pelas crianças de Portalegre e de Elvas será

6 Joaquim Mourato, presidente do Instituto Politécnico de Portalegre, foi no passado dia 11, reeleito para presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP). Durante a reunião que decorreu no Instituto Politécnico da Guarda, os presidentes dos politécnicos voltaram a escolher Joaquim Mourato para mais um mandato de dois anos à frente do CCISP. “Continuarei a fazer tudo o que for possível para apoiar as instituições politécnicas e o ensino superior politécnico português, a nível nacional e internacional”, afirmou Joaquim Mourato, sublinhando que se sentiu “honrado com a confiança” dada pelos seus colegas. Os dirigentes dos politécnicos reelegeram assim o presidente do CCISP, que teve um primeiro mandato marcado por cortes financeiros nos politécnicos e pela criação de uma nova oferta formativa: os Cursos Técnicos Superiores Profissionais. Estes novos cursos existem há cerca de um ano, mas o CCISP tem-se queixado da falta de meios humanos e financeiros para os pôr a funcionar normalmente. Durante uma audição na Assembleia da República realizada no mês passado, Joaquim Moura-

efetuada através das diversas instituições parceiras do projeto, enquanto a ajuda a São Tomé e Príncipe chegará através da HELPO - Organização Não Governamental para o Desenvolvimento. “A razão de ajudar cerca de 100 crianças de São Tomé e Príncipe prende-se com o facto de termos no IPP um grupo de alunos oriundo desse país”, disse. Indicando que a campanha “está a avançar” no terreno, Ana José sublinhou, contudo, que, em anos anteriores, “decorreu de forma mais célere junto do grande público”. “Nós pedimos às pessoas para virem até nós, que não tenham vergonha de entrar nas nossas escolas e que ajudem”, referiu. Ana José fez ainda questão de frisar que o projeto é desenvolvido por um grupo de voluntários do grupo de comunicação, professores e alunos do curso de marketing do IPP. K

www.ensino.eu

to disse que faltavam 20 milhões de euros. Cabe ao CCISP pronunciar-se precisamente sobre todas as matérias relacionadas com o sistema de ensino superior politécnico público, tanto no plano legislativo como orçamental. Em novembro, o CCISP defendeu no parlamento a alteração do modelo de financiamento das instituições, de forma a incluir a ação social e os investimentos necessários para as obras de manutenção e conservação dos edifícios e equipamentos. O CCISP é o órgão de co-representação dos 15 institutos politécnicos públicos e das cinco escolas politécnicas públicas não integradas, estando também representadas neste órgão as Universidades dos Açores, Algarve, Aveiro e Évora. K

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Cooperação

ESTG de Viseu

6 A Escola Superior de Educação de Setúbal, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e o Ministério da Educação de Angola realizaram o Workshopfinal do Projeto de Formação de Formadores de Professores para o ensino Primário em Angola, que decorreu em Benguela nos dias 29 e 30 de outubro. O Workshop contou com a participação de representantes das escolas de formação de professores das províncias de Benguela, Luanda, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Nami-

6 A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu organiza a sétima edição do Mestrado em Finanças Empresariais, um programa de formação avançada que visa desenvolver competências e qualificações profissionais no do-

Setúbal forma em Angola

be, Malange, Huambo e Huila, que se encontram a perspetivar uma segunda etapa do projeto PREPA, que incide especialmente

Finanças Empresariais mínio das finanças empresariais. As aulas funcionam em horário pós-laboral, terças, quintas e sextas-feiras, e aos sábados na parte da manhã. As candidaturas decorrem até 16 de janeiro de 2015. K

na expansão das atividades e disseminação dos guias metodológicos e dos manuais de formação produzidos na primeira fase. K

Politécnico lança projeto

Viana contra abandono 6 Contrariar o abandono escolar e a desvalorização do percurso académico é o objetivo do programa “Vale a Pena Estudar”, lançado pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), afirmou à Lusa fonte daquele instituição. De acordo com a mesma fonte, aquele programa surge na sequência de um estudo realizado durante três anos pelo IPVC, junto de alunos das escolas do distrito. A maioria dos alunos, segundo o IPVC, apontou “as questões financeiras como o principal entrave no acesso ao ensino superior”. “Estamos muito preocupados com o facto de muitos alunos afirmarem que não estão a pensar prosseguir os seus estudos por razões financeiras e desvalorizarem o percurso académico em prol da entrada rápida no mercado de trabalho, sendo que estes mesmos alunos manifestam não conhecer os formatos de apoio social existente no ensino superior”. O estudo revelou ainda que “a maioria dos alunos inquiridos “desconhece as regras de atribuições de Publicidade

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bolsas de estudo e do período de candidaturas, bem como de outros apoios sociais existentes no ensino superior”. “Existe um problema importante de acesso a informação sobre os formatos de apoio financeiro por parte dos alunos do ensino secundário, sendo esta uma situação que deverá ser corrigida rapidamente, pois os atuais formatos de apoios sociais disponibilizados, quer pelo Estado, quer pelas instituições de ensino superior garantem que nenhum aluno fica fora do ensino superior por razões financeiras”, disse Diogo Moreira. Estes dados, a par do aumento da desvalorização da continuação de estudos justificou, segundo o IPVC, o lançamento, pelos Serviços de Acão Social (SAS) do programa “Vale a Pena Estudar”, através do qual se pretende dar a conhecer cada vez mais os apoios existentes no ensino superior em Portugal. Interligar o ensino secundário e a comunidade com o ensino superior, incentivando os atuais alunos a prosseguirem o seu percurso aca-

démico, particularmente os alunos com maiores dificuldades socioeconómicas, fazendo com que a equidade de acesso, ao ensino superior, seja uma realidade são as metas do programa agora lançado. Ações nas escolas secundárias da região e a criação de um Gabinete de Acesso Permanente ao Ensino Superior, para que, ao longo de todo o ano (e não apenas no período de candidaturas), as necessidades sentidas pelos alunos, psicólogos/ orientadores vocacionais das escolas secundárias e famílias tenham respostas adequadas, são iniciativas a realizar em 2015. O “Vale a Pena estudar” vai ainda realizar campanhas de divulgação da ação dos SAS e dos respetivos apoios à comunidade junto de associações de pais, Juntas de Freguesia e paróquias. Promover exposições públicas, que percorrerão os dez concelhos do Alto Minho, e a organização de um congresso internacional com a participação de especialistas nesta área são também ações previstas para o próximo ano. K

Viseu

Mariano na Aula Magna 6 O Instituto Politécnico de Viseu inaugurou a 26 de novembro a exposição de artes plásticas “Mariano Past and Present”, que estará patente ao público até ao último dia do ano. A mostra, como o nome indica, faz uma longa viagem pelo mundo criativo

do artista plástico viseense Mariano, desde os seus primórdios até aos tempos mais recentes. Um percurso por mais de 30 anos de cores vivas e fortes e tons espontâneos e vibrantes impregnados de vivências e perceções sensoriais. K

Hotelaria

Turismo em Viseu 6 Estudantes dos cursos de Hotelaria, Restauração, Lazer e Turismo de escolas profissionais e secundárias de toda a região Centro estiveram em Viseu a 2 de dezembro para participarem no II Encontro Regional de Estudantes de Turismo: O Mundo na Tua Mão!

O encontro visou mostrar a multiculturalidade do mundo, com foco danças características de algumas regiões do mundo e em iguarias de vários países. O evento foi organizado pelos do 3.º ano da licenciatura de Turismo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu. K


Vendas Novas e Vidigueira

Gulbenkian inova nas escolas Literatura

Prémio para Évora 6 Duarte Barradas, da Escola Conde de Vilalva, em Évora, Sara Lopes, da Escola El Rei D. Manuel I, de Alcochete, e Pedro Campião, também da Escola Conde de Vilalva, foram o primeiro, segundo e terceiro classificados, respetivamente, do Prémio Literário Eu sei escrever bEM sobre Esclerose Múltipla, uma iniciativa que pretende distinguir o melhor texto sobre a patologia, elaborado por alunos do segundo ciclo (5º e 6º anos de escolaridade) e também celebrar o 30º aniversário da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) e o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla, que se assinalam ambos a 4 de dezembro. Os autores dos três melhores textos receberam prémios e o reconhecimento da SPEM. O júri deste concurso foi composto por Vita Lains, da direção da SPEM, pela escritora Maria João Lopo de Carvalho e por Dulce Godinho, em representação da DGE. K

6 A Samsung e a Fundação Gulbenkian acabam de entregar os primeiros equipamentos da Sala de Aula Samsung a professores e alunos do 1.º e 2.º ciclo das escolas de Vendas Novas e da Vidigueira. O projeto insere-se no Programa Gulbenkian Qualificação das Novas Gerações, que visa integrar novas aptidões e competências no currículo escolar. Para já, foram distribuídos 60 tablets em Vendas Novas e outros tantos na Vidigueira. No total serão distribuídos equipamentos a 186 alunos de escolas da região. A Fundação Calouste Gulbenkian e a Samsung assinaram em julho um protocolo para viabilizar um projeto-piloto destinado a promover mudanças na aprendizagem, ao nível do 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico. Este projeto, desenvolvido pelo Programa Gulbenkian Qualificação das Novas Gerações, tem a duração de seis anos e visa integrar novas aptidões e competências no currículo escolar exigidas por um mundo em rápida mudança e que o atual modelo educativo não tem conseguido acompanhar. A colaboração da Samsung nesta iniciativa traduz-se na doação de equipamento informático às escolas envolvidas no projeto, incluindo 186 tablets para uso dos

alunos e professores. Este projeto inserese no programa de responsabilidade social da Samsung em Portugal, na área da Educação, iniciado em 2013. A seleção dos equipamentos doados levou em consideração a idade dos alunos, o contexto social e escolar e a possibilidade do seu uso em

casa para atividades educativas. A Fundação Gulbenkian convidou uma equipa da Universidade de Évora, liderada por José Verdasca, que coordenará o projeto. O mesmo será também acompanhado por um conselho consultivo constituído por vários especialistas na área educativa. K

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Psicóloga Clínica (Novas Terapias) Ordem dos Psicólogos (Céd. Prof. Nº 11479)

EspaçoPsi - Psicologia Clínica Av. Maria da Conceição, 49 r/c B 2775-605 Carcavelos Telf.: 966 576 123 E-Mail: psicologia@rvj.pt “Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira. Pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular (…). Outras vezes uma palavra é quanto basta.” José Saramago, “Jangada de Pedra”

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Protocolo assinado com a Escola Portuguesa de Macau

Já chegamos a Macau!

6 O Ensino Magazine vai passar a ser distribuído em Macau, já a partir de dezembro. Esta distribuição resulta de um protocolo assinado entre a publicação portuguesa e a Escola Portuguesa de Macau, no âmbito de uma missão empresarial realizada à China entre 12 e 23 de novembro, promovida pela ACICB - Associação Empresarial da Beira Baixa, em parceria com o InovCluster e a Câmara de Castelo Branco. De acordo com o diretor do Ensino Magazine, esta distribuição, será alargada também às instituições de ensino superior daquela região autónoma da China. De resto, a missão empresarial em que o Ensino Magazine participou também envolveu uma visita de trabalho ao Instituto Politécnico de Macau. A Escola Portuguesa de Macau foi criada em 1998 com o objetivo de ministrar “o ensino da língua portuguesa e para manter vivas a cultura e a língua portuguesa. Ao longo dos 16 anos de existência temos lecionado um currículo que obedece ao desenho curricular português”, explicou na cerimónia solene o diretor do estabelecimento de ensino, Manuel Machado. Com alunos do 1º ciclo ao ensino secundário, a Escola Portuguesa de Macau tem hoje cerca de 546 alunos, de 21 nacionalidades. Manuel Machado adian-

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Os diretores da Escola Portuguesa de Macau e do Ensino Magazine na assinatura do acordo

O Instituto Politécnico de Macau acolheu a comitiva portuguesa

tou que “para além da oferta curricular, a escola participa em diversas atividades junto da comunidade”. O diretor da Escola Portuguesa de Macau mostrou-se satisfeito com o protocolo assinado, com o qual “esperamos contribuir para projetar a escola quer a nível nacional, quer internacional, dando também o nosso contributo ao Ensino Magazine”. João Carrega explica que o protocolo, “para além de estabelecer a distribuição gratuita do Ensino Magazine na Escola Portuguesa de Macau, garante àquele estabelecimento de ensino a publicação de notícias relacionadas com atividades desenvolvidas na escola, numa seção dedicada à Lusofonia e criada no Ensino Magazine”. O Ensino Magazine tem distribuição gratuita em Portugal, junto das escolas do ensino básico ao ensino superior, em Espanha, e nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop’s). “O espaço Lusófono constitui uma forte aposta do Ensino Magazine”, garante João Carrega. Recorde-se que, há dois anos, o Ensino Magazine assinou protocolos semelhantes com a Universidade Eduardo Mondlane e com a Escola Portuguesa de Maputo, em Moçambique, também no âmbito de uma missão empresarial promovida pela ACICB. K


Em Castelo Branco

Mercado de Natal e muitos prémios

6 Se ainda não fez todas as suas compras de Natal, então tome nota: o Mercado de Natal volta à zona da Devesa, EM Castelo Branco, nos dias 12, 13, 14, 19, 20 e 21 de dezembro, numa iniciativa conjunta entre a ACICB - Associação Empresarial da Beira Baixa e a Câmara de Castelo Branco . Este ano, com mais expositores, cerca de 60, o mercado apresenta um conjunto de atividades paralelas que prometem animar a cidade. O mercado abre sextas-feiras, às 17H00. Nos sábados a feira funcionará entre as 10H00 e as 23H00 e nos domingos entre as 10H00 e as 20H00. Luís Correia, presidente do Município, justifica esta aposta “na perspetiva de dinamizar o comércio de proximidade. Toda a

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programação foi desenhada pela ACICB, e com estas iniciativas pretendemos fixar as pessoas no centro da cidade, incentivando-as a comprar no comércio local. De igual modo, com o mercado de Natal permitimos a quem tem pequenos negócios que possam expor os seus produtos”. O presidente da Câmara recorda que “no ano passado a aposta do mercado e das atividades paralelas foi positiva. pelo que na perspetiva de irmos ao encontro daquilo que os nossos empresários querem, voltámos a apoiar a iniciativa”. Por sua vez Adelino Minhós, presidente da ACICB, encara estas atividades “como dinamizadoras do centro da cidade e da atividade económica de Castelo Branco.

São iniciativas bem vindas para a atividade comercial e cultural, pois também aqui houve a preocupação de envolver grupos da região”. O presidente da ACICB mostrase satisfeito com o sucesso da edição do ano passado e lembra que “este ano o número de expositores aumentou, o que também demonstra a satisfação das pessoas”. Adelino Minhós recorda que paralelamente ao Mercado de Natal, a ACICB está a promover um sorteio de Natal, junto dos clientes dos seus associados que a ele aderiram. No total estão em disputa 10 mil euros em prémios. Os clientes do comércio aderente recebem cupões tendo em conta as compras aí efetuadas, os quais depois serão sorteados. K

Estudo na Universidade do Porto revela

Economia paralela é elevada 6 O peso da economia paralela em Portugal subiu ligeiramente em 2013 para o valor recorde de 26,81% do PIB, equivalente a 45,9 mil milhões de euros ou 60% do empréstimo pedido à ‘troika’, segundo um estudo divulgado este mês. Face a 2012, este valor – também equiparável a seis orçamentos anuais do Ministério da Saúde - representa uma subida de 0,07 pontos percentuais face aos 26,74% estimados como tendo sido o peso da economia não registada em 2012, referiu em conferência de imprensa o vice-presidente do Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF) da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Durante a apresentação da atualização para 2013 do Índice da Economia Não Registada, no Porto, Óscar Afonso atribuiu, em parte, a menor subida da

economia não registada face a anos anteriores ao crescimento do produto interno bruto (PIB), que passou de 160.455 milhões de euros entre 2000 e 2012 para 171.211 milhões em 2013. Segundo os cálculos do OBEGEF, bastaria que os níveis de economia paralela em Portugal caíssem para a média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) – 16,4% do PIB, contra os 26,81% portugueses – para, aplicandose uma taxa média de impostos de 20% ao rendimento adicional considerado, o défice público descer dos 4,85% do PIB de 2013 para os 2,51%, cumprindo assim o limite de 3% determinado pela Comissão Europeia. Já num cenário de total inexistência de economia não registada no país, com aplicação de uma taxa média de imposto de 20% ao valor extra arrecadado,

Portugal deixaria de ser um país deficitário, para atingir, mesmo, um excedente de 0,40%. Analisando a evolução da economia paralela em Portugal, verifica-se que o seu peso no PIB mais do que duplicou relativamente aos 12,68% estimados pelo OBEGEF para o ano de 1970, enquanto, em termos absolutos, o seu valor aumentou mais de 300 vezes face aos 151 milhões de euros do início da década de 70. “Mais do que os valores concretos, é de destacar a trajetória de evolução crescente [do índice], com um aumento significativo nas décadas de 80 e 90”, salientou Óscar Afonso. Como “principais causas consideradas” pelo observatório da FEP para aumento da economia não registada estão a carga fiscal e a carga de regulação em percentagem do PIB, assim como a evolução do mercado de trab-

alho, sendo o desemprego uma das variáveis associadas a uma subida deste indicador. E, embora admita que, “por um lado, os Estados parece que têm vontade” de apertar o combate à economia paralela, o investigador considera que, “por outro, pactuam com coisas grandes, como as ‘offshores’ [paraísos fiscais]”. Acima de tudo, defendeu, “tem que haver uma atuação concertada” ao nível de uma maior transparência na gestão dos recursos públicos, uma justiça mais “rápida e eficaz” (nomeadamente com implementação do crime de enriquecimento ilícito, “invertendo o ónus da prova”) e combate à fraude empresarial e à utilização abusiva de convenções de dupla tributação. Também necessária é uma aposta na educação da sociedade civil sobre os “efeitos perversos”

da economia paralela, um uso crescente de meios eletrónicos de pagamento e um combate ao branqueamento de capitais através de uma melhor supervisão do sistema financeiro, melhor regulação do setor, legislação adequada e “vontade por parte das autoridades” em atuar. Questionado sobre a divergência entre os valores apontados pelo OBEGEF e os dados avançados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo o qual a economia paralela em Portugal valerá 13% do PIB, Óscar Afonso sustentou que o observatório recorre a “metodologias cientificamente testadas e validadas”, já reconhecidas por uma revista internacional que aceitou o trabalho do observatório para publicação, e que “outros estudos internacionais que incluem Portugal se aproximam” dos valores da FEP. K

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Educação na agenda

Papa fala em escravatura moderna 7O papa menciona como causas da “escravatura moderna” a pobreza, o subdesenvolvimento e a exclusão, combinadas com a falta de acesso à educação ou “com uma realidade caraterizada pelas escassas, para não dizer inexistentes, oportunidades de trabalho”. As empresas devem oferecer aos seus empregados “condições de trabalho dignas e salários adequados, segundo a mensagem de Francisco. O papa considera uma forma de opressão moderna “a corru-

pção dos que estão dispostos a fazer qualquer coisa para enriquecerem”, denunciando que a corrupção “acontece quando no centro de um sistema económico está o deus dinheiro e não o homem, a pessoa”. Como formas de escravatura moderna refere a prostituição ou o tráfico de órgãos e assinala que “o direito de toda a pessoa a não ser submetida à escravidão ou à servidão” deve ser “reconhecido no direito internacional como norma não anulável”.

Francisco vai evocar os “muitos migrantes (…) privados de liberdade, despojados dos seus bens e dos quais se abusa física e sexualmente”, que “são detidos em condições às vezes inumanas” e que se “vêm obrigados à clandestinidade” ou que “para ficarem dentro da lei, aceitam viver e trabalhar em condições inaceitáveis”. Para o papa, “os conflitos armados, a violência, o crime e o terrorismo” são “outras causas da escravatura”. Na mensagem, Francisco apela

Facebook Oficial H

a todos os cidadãos, organismos internacionais e chefes de Estado e do governo para que unam esforços

na luta contra esta “escravatura moderna” e para que “não sejam cúmplices deste mal”. K

“Pedagogia (a)Crítica no Superior” / “Questões de (não) Pedagogia no Superior”

ERASMUS in: a curtição do sol 7 «Pobre português! Quer queira, quer não, está sempre de cócoras diante de qualquer estrangeiro.» (Miguel Torga, Diário, vol. XII, 2ª edição, 1977)

Nesse semestre, o Prof.S. teve mais estudantes Erasmus que os habituais 1-2 por turma. Vindos de diversos países da Europa, em especial de Espanha (a maioria do País Basco) e, agora também, do Brasil. Estavam todos pela primeira vez em Portugal. A escola acolhia sempre mais estudantes no 2º semestre. Era o sol a razão primeira da escolha dos europeus. Queriam lá eles(as) saber da qualidade: nem se deram ao trabalho de consultar o ranking de Xangai (onde só as universidades do Minho, Lisboa, Coimbra e Porto integravam a lista das 500 melhores). A opção por aquela escola tinha a ver, sobretudo, com a sua localização: junto ao mar, belas praias, logo, altas expectativas de trabalho… “para o bronze”. Alguns deramse a conhecer ao fim do primeiro mês, aproveitando, até ao limite, as 4 semanas que lhes eram “facultadas” para concretizarem o

Learning Agreement, tratarem da logística académica (havia sempre umas UCs em horário sobreposto e lá tinha que se procurar outra em alternativa) e, naturalmente, participarem nas actividades de “recepção e integração”. Como país hospedeiro, continuamos a fazer tudo para acolher bem. Queremos mesmo que gostem de nós! Ao contrário da cultura americana, em que a emancipação da família se adquire com a entrada na universidade, os europeus ganham-na com a ida para Erasmus. Vivem então a experiência da liberdade completa, fora da tutela dos pais (excepto no suplicado reforço da mesada visto que «isto por aqui é tudo muito caro»), durante um período relativamente longo (antes só houvera a escapadela curta na desbragada viagem de finalistas) e, se possível, não ficando sequer na residência de estudantes. Nas raparigas essa autonomia era bem mais visível nos ensaios de experimentalismo estético: as roupas, garridas, iam do ligeiro ao ultra-leve, numa semana apareciam com um corte arrojado de cabelo, semanas depois

mudavam-lhe a cor (louro palha, vermelho fogo, azul turquesa,… um autêntico arco-íris). – Desculpe, não se enganou na sala? – indagava o Prof.S., não reconhecendo, no seu novo visual, a basca Nerea (e ele que até tinha uma memória visual invejável). A turma ganhava outro colorido com aqueles estrangeiros. Lá para Abril-Maio, apareciam com a denunciadora “cor de lagosta”. Eram, de facto, os primeiros a ir à praia… Por sua vez, o empenho nos trabalhos era bem mais moderado; aí, andavam em sentido contrário… pediam mais uns dias para lá do deadline; por regra, era-lhes concedido; para eles, o laxismo académico era (ainda) mais notório. O Prof.S, grande adepto destes programas de mobilidade, estava consciente que as vantagens do Erasmus advinham mais da componente informal (lúdica, turística e comunitária) que da estritamente académica. Nesse período, cada um deles crescia mais como pessoa e ser social do que como estudante de comunicação social, de educação, de trabalho social,…

Do grupo do Prof.S, dois desconheciam por completo a nossa língua: um belga e uma austríaca. E não era suposto as aulas serem dadas em inglês (apesar da crescente pressão para a escola oferecer aos seus “clientes” o “serviço” no “latim” do novo “império”, o anglo-saxónico). Os efeitos colaterais dessa tão desejada integração europeia, em sala de aula, eram óbvios: esses dois estudantes “desligavam” rapidamente pois não conseguiam agarrar o elo comunicacional mínimo. Consequência: no intervalo, da aula de 3 horas, lá vinha o pedido de autorização para irem falar com a coordenadora Erasmus pois tinham um problema para resolver… blah blah blah (em inglês, claro). E o Prof.S. que, logo nas primeiras aulas, lhes recomendara o filme Albergue Espanhol de Cédric Klapisch (França-Espanha, 2002), centrado numa experiência Erasmus na cidade de Barcelona, e o artigo “Communication interculturelle: exemples de rhétorique et de pragmatique culturelles” (Educação, Sociedade e Culturas, nº 35,

2012, pp. 147-169), em que Claire Chaplier analisava aquela comédia como um exemplo paradigmático das interferências culturais na interacção comunicativa! Mas ali, na aula de Antropologia Cultural, não se tratava de nuances culturais mas da não existência da comunicação básica. Para um dos trabalhos orais de avaliação, propôs ao estudante belga que falasse do seu país, segundo uma perspectiva multicultural (a diversidade linguística e a ameaça da emergência nacionalista). No dia aprazado, Robbe, de seu nome, fez a apresentação, com um cuidado powerpoint, e num fluente discurso… em flamengo.K Luís Souta _ luis.souta@ese.ips.pt Este texto está redigido segundo a “antiga” e identitária ortografia _

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Editorial

Os professores e a sociedade do conhecimento 7 Temos vindo a afirmar que, pela primeira vez na história da educação ocidental, ocorre um momento único pela sua singularidade e muito preocupante pelas transformações que irá imprimir no trabalho dos docentes e na organização das escolas: – existem hoje poderosíssimos instrumentos de aprendizagem e de acesso ao saber (os PCs; os smartphones; as tablets; TVs interctivas….) que os alunos já dominam melhor que a maioria dos professores e que manipulam com mais destreza que a generalidade dos pais. O computador pessoal e o smartphone modificaram, rápida e radicalmente, os rituais de iniciação nos grupos de pares, a comunicação intra e intergrupal, os graus de socialização e de integração, já que criaram novos gestos, linguagens, códigos, símbolos, valores e um mundo infindável de engenhos periféricos. Numa só geração desapareceram muitos dos artefactos que constituíam a memória e a referência do mundo dos adultos contemporâneos: - o vinil foi o primeiro; agora agonizam os CDs, as cassetes VHS e os DVDs de primeira geração; um aluno de 1º Ciclo não faz a mínima

ideia do que era uma cassete áudio ou um rolo de fotografia a cores; um vídeo gravador é um aparelho obsoleto e o arquivo de dados em disquetes, CDs e DVDs pertence a um passado quase pré-histórico; grande parte da informação disponível já não existe em suporte de papel, e pouco falta para que Pens Drives e Discos Externos possam ser dispensados. A informação vai parar a Clouds (“nuvens”), onde tudo pode ser armazenado para ficar disponível, em qualquer momento, e em qualquer parte do mudo onde haja acesso à internet. Se tanto não bastasse, há nas escolas uma geração de professores e de educadores já nascidos na era digital, que trabalham lado a lado com outros docentes que, envergonhadamente, se sentem info-excluídos, pois pertencem a uma outra geração que amadureceu, pessoal e profissionalmente, antes da era da internet, dos motores de busca, das bases de dados digitais, do matraquilho das mensagens por SMS ou da presença orwelliana do Messenger, do Facebook, do Twitter…. São professores e educadores

que olham para as novas tecnologias da informação e da comunicação com a desconfiança dos traídos, pois sabem que é ali que está a fonte do mal que os levará à desactualização precoce e, logo, ao mal-estar profissional que acompanha o desgaste, a indisfarçável angústia e o stress. É nossa profunda convicção de que aquilo que aqui descrevemos implica um perigosíssimo ‘corte geracional’ que tem que ser rapidamente atenuado e corrigido, se queremos eliminar a iliteracia digital e ter as nossas escolas a fazer parte da sociedade do conhecimento. Porém, a introdução, quase sempre inconsequente, das TIC nas escolas acentuou drasticamente esse corte geracional, já que os governos decidem sempre ‘equipar’ primeiro os alunos e as escolas, esquecendose de ‘equipar’ previamente os professores com formação específica. Infelizmente, a educação padece sempre deste estigma: o calendário eleitoral da classe política funciona no curto prazo dos ciclos eleitorais de quatro anos, exigindo resultados rápidos, imediatos e mediáticos. Daí que o investimento em educação,

sobretudo na formação dos seus actores, não lhe interesse, já que só permite medir os resultados a médio e a longo prazo, e muitas vezes em contra ciclo eleitoral… Por tudo isso, os professores devem exigir imediata formação nas tecnologias da informação e da comunicação ou correm o perigo de se tornarem infoexcluídos e profissionalmente “desajeitados”. Urge diminuir esse fosso digital, porquanto não há escola do futuro que consiga sobreviver sem incorporar essas novas tecnologias. Até porque a generalização cega das TIC, sem sentido e contexto pedagógico, pode provocar uma deriva na utilização destes instrumentos do saber, com desperdício do investimento realizado e com perigosas consequências para os aprendentes. Hoje, não basta que o aluno só aprenda a ler e escrever textos na linguagem verbal. É necessário que ele aprenda a ‘ler’ e a ‘escrever’ noutros meios, como o são a rádio, a televisão, os programas de multimédia, os programas de computador, as páginas da Internet… Só assim conseguiremos erguer uma escola pública que seja exigente na valorização do

conhecimento e promotora da autonomia pessoal. Uma escola pública que não desista de uma forte cultura de motivação e de realização de todos os membros da comunidade escolar. Uma escola pública que assuma os seus alunos como primeiro compromisso e os professores como seu principal valor. E que, em fim, se revele como um espaço de aprendizagem promotor do debate e da reflexão crítica, incentivando-se a participação cívica nesta aldeia global que é o mundo de hoje. K João Ruivo _ ruivo@rvj.pt Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico _

primeira coluna

Informação global e sem fronteiras 7 O último mês voltou a marcar a história do Ensino Magazine, com a assinatura de um protocolo de cooperação com a Escola Portuguesa de Macau, assinado naquele território chinês. O acordo permitirá que a nossa publicação passe a ser distrbuída, já a partir desta edição, em Macau, e permitirá aprofundar as relações com o espaço lusófono. Esta perspetiva de nos ligarmos ao mundo da Lusofonia não é nova para o Ensino Magazine. Há vários anos que somos distribuídos nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Uma aposta que em 2012 foi reforçada com a assinatura de dois protocolos em

Moçambique. O primeiro com a Universidade Eduardo Mondlane, a mais importante daquele país e também a maior em número de alunos (cerca de 30 mil). O segundo com a Escola Portuguesa de Moçambique, uma instituição de referência em África. O acordo com a Escola Portuguesa de Macau veio reforçar esta nossa estratégia, numa lógica de que a educação não tem fronteiras. Orgulhamo-nos de estar presentes nesses países, mas também em Espanha, com particular destaque para as universidades de Salamanca e da Extremadura. A língua não será certamente obstáculo a quem nos lê do lado de lá

da fronteira, ou para os milhares de portugueses que na mesma edição podem ler textos escritos em castelhano por docentes universitários e colaboradores que mantemos em Espanha. Em Portugal, o Ensino Magazine é também parceiro da Unesco, através da sua rede de escolas associadas. Uma cooperação de anos que reforça o caminho de levar a voz das instituições e da educação mais longe, numa partilha de informação rigorosa. Uma informação que torna a nossa publicação numa referência em Portugal e que já deu origem à publicação de vários livros. O Ensino Magazine é ainda

parceiro das principais feiras de educação realizadas no país: a Futurália (em Lisboa - na FIL) e a Qualifica (Porto - Exponor), e anualmente entrega um conjunto significativo de bolsas de mérito aos melhores alunos de diferentes instituições de ensino superior portuguesas. Continuamos apostados em levar, de forma gratuita - como sempre o fizemos - toda a informação aos jovens e às suas famílias. Não só do ensino superior, mas também do básico, secundário e profissional. Nesta perspetiva prestamos também um serviço público de informação, num tempo de crise económica, em que estar infor-

mado permite evitar erros futuros. Esperemos que 2015 nos traga mais alegrias e esperança num futuro melhor. Boas festas e um próspero 2015. K João Carrega _ carrega@rvj.pt

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crónica salamanca

Universidad pública y territorio 6 Dos actividades científicas recientes en las que he participado, ambas relacionadas con la universidad pública y el entorno o el territorio de referencia próximo, me invitan a reflexionar sobre esta cuestión tan debatida con frecuencia, y nunca resuelta del todo. La pregunta es aún más concreta, se dirige a valorar el impacto social y económico que ejerce la universidad sobre la ciudad donde se instala un centro universitario. No nos referimos a una propuesta de universidad privada, en la que ya sabemos que priman los intereses mercantiles y gananciales sobre todos los demás, exceptuando aquéllas que siendo particulares se sostengan por razones sociales o confesionales. Pero el debate aludido se situaba en torno a las universidades públicas financiadas por todos los ciudadanos. Y nos referimos primero a una mesa redonda celebrada en el Casino de Salamanca, en la que participaban personalidades tan cualificadas como rector, exdirector generales de universidades, exdiputado y exalcalde, catedráticos, empresarios exitosos. Las ideas defendidas eran casi siempre antagónicas, y no vale la pena resumirlas, más allá de lo que en este tema nos atrae. Hubo quien proponía la práctica desaparición de las universidades públicas porque no pintaban ni aportaban nada al entorno social, empresarial, ni apenas a la formación cultural de los jóvenes. Otros, es obvio, defendían otras propuestas muy distintas. Pero quedaba flotando la idea, cada vez más sugerente, de que la universidad en el siglo XXI tiene que añadir a sus misiones clásicas (docente, investigadora y difusora de cultura) la de impulsar el desarrollo social, económico, tecnológico, incluso industrial, del entorno próximo donde se ubica. Ello es así porque una universidad genera demanda de servicios diversos, atrae y fija población cualificada, promueve la creación de parques Publicidade

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científicos (apoyo a iniciativas punteras de estudiantes ya profesionalizados y emprendedores, nidos e incubadoras de iniciativas y proyectos empresariales), genera consumo de todas clases, facilita la creación de un clima cultural más elevado y diversificado. Ello se produce así, con el añadido de desarrollar las tareas asignadas de su competencia: formar profesionales del más alto nivel, investigar y producir conocimiento, difundir la cultura generada o inducida en el seno de la institución en todas sus manifestaciones. La otra oportunidad de reflexionar sobre el mismo tema, “Universidad y territorio”, se produjo en el seno del Seminario Helmantica Paideia, organizado en la Facultad de Educación por el GIR “Memoria y proyecto de la educación”, donde intervino la profesora Margarita Heinzen, de la Universidad de la República de Uruguay, especialista justamente en este asunto. El modelo histórico de Uruguay en materia universitaria ha sido central, es decir, una única universidad pública para un país pequeño, pero en el que se advierten desigualdades enormes de acceso de los jóvenes a la educación superior, dependiendo de la proximidad a su capital, Montevideo, donde se asienta la Universidad de la República. En el curso de la sesión del seminario se explicó con lucidez los límites de ese modelo de organización universitaria, así como los cambios introducidos desde hace muy pocos años, que tratan de conceder mayor protagonismo a las ciudades del interior del Uruguay, instalando en cuatro grandes polos de atracción sendos espacios de desarrollo universitario. De esa manera, dentro de un concepto multicampus de universidad, se proyecta mejorar y facilitar el acceso a la educación superior de muchos de los estudiantes del interior de la República del Uruguay, con recursos limitados para estudiar en la universidad, más aún si deben desplazarse.

Lo que se viene comprobando en los escasos años de implantación (no sin dificultades) de este modelo de expansión de la universidad pública en otros territorios del interior de la República del Uruguay es que mejora sustancialmente el porcentaje de los jóvenes que se encaminan a la universidad. Pero también, y no menos importante, es que dicho proceso ha impulsado a nuevas y numerosas inversiones empresariales a fijarse de manera permanente en los puntos físicos de instalación del centro universitario. Esa nueva estructura demográfica y económica viene suscitando nuevas y diferentes oportunidades de desarrollo social en varias ciudades y territorios del interior del Uruguay, como consecuencia directa de la implantación de distintos centros universitarios. La universidad así se erige en un valor añadido a su aportación natural, que sería la docencia y la investigación, cuando genera nuevas y diferentes formas de cultura, de consumo, de negocios, transporte y servicios en general. Las relaciones entre universidad y territorio estuvieron siempre presentes, y a veces disputadas, en el mapa universitario español, por sus consecuencias administrativas, jurídicas, económicas, generalmente beneficiosas para las ciudades con sede universitaria. De ahí que una aspiración inaplazable para varias ciudades españolas, derivada de la transición democrática desde el franquismo, en los años 1970, fue la de conseguir que se instalaran en tales localidades nuevas universidades (o centros y campus universitarios), con la esperanza de impulsar el comercio, la vida social, cultural y económica de las mismas. Algo se consiguió, pero no de manera contundente y decisiva. Y si volvemos nuestra reflexión hacia el caso de Portugal, algo semejante podemos pensar y evidenciar, cuando nos dirigimos hacia los Institutos Politécnicos creados a partir de 1979,

Publicação Periódica nº 121611 Dep. Legal nº 120847/98 Redacção, Edição, Administração Av. do Brasil, 4 R/C Apartado 262 Telef./Fax: 272324645 6000-909 Castelo Branco www.ensino.eu ensino@rvj.pt Director Fundador João Ruivo ruivo@rvj.pt Director João Carrega carrega@rvj.pt Editor Vitor Tomé vitor@rvj.pt

especialmente los ubicados en la Raya Interior , considerando que bien pudieran haber sido un factor de desarrollo del territorio mucho más incisivo de lo que han alcanzado a ser al cabo de los años. Esto es algo que forma parte del debate vivo que se mantiene encendido en Portugal. Tenemos, al fin, reflexiones comparadas suficientes como para pensar que el peso socioeconómico de una universidad no resulta fácilmente mensurable, y menos aún en magnitudes solo económicas, aunque nadie duda de su importancia e influencia. Aunque también es preciso subrayar que no es una relación mecánica la que deben mantener la universidad y el territorio, sino de búsqueda crítica, de apoyo mutuo, porque al fin la variable educativa viene condicionada por otros factores. Y al contrario también, los aspectos económicos y sociales de una comunidad o de un país tienen una estrecha relación con los de orden educativo. Y universitario en este caso. El bien cultural y formativo que representa la universidad pública en su entorno, en su territorio de acogida e influencia, solamente es cuestionado por quienes proponen reflexiones cegadas por el interés en desacreditar la aportación que llevan a toda la sociedad en varios ámbitos, y los que buscan el modelo alternativo de negocio, y al fin un concepto elitista de universidad K José Maria Hernández Díaz_ Universidad de Salamanca jmhd@usal.es

Editor Gráfico Rui Rodrigues ruimiguel@rvj.pt Serviço Reconquista: Agostinho Dias, Vitor Serra, Júlio Cruz, Cristina Mota Saraiva, Artur Jorge, José Furtado e Lídia Barata Serviço Rádio Condestável: António Reis, José Carlos Reis, Luís Biscaia, Carlos Ribeiro, Manuel Fernandes e Hugo Rafael. Guarda: Rui Agostinho Covilhã: Marisa Ribeiro Viseu: Luis Costa/Cecília Matos Portalegre: Maria Batista Évora: Noémi Marujo noemi@rvj.pt Lisboa: Jorge Azevedo jorge@rvj.pt Nuno Dias da Silva Paris: António Natário Amsterdão: Marco van Eijk Edição RVJ - Editores, Lda. Jornal Reconquista Grafismo Rui Salgueiro | RVJ - Editores, Lda. Secretariado Eugénia Sousa Francisco Carrega Rogério Ribeiro Relações Públicas Carine Pires carine@rvj.pt Colaboradores: Albertino Duarte, Alice Vieira, Antonieta Garcia, António Faustino, António Trigueiros, António Realinho, Ana Castel Branco, Ana Caramona, Ana Rita Garcia, Belo Gomes, Carlos Correia, Carlos Semedo, Cecília Maia Rocha, Cristina Ribeiro, Daniel Trigueiros, Dinis Gardete, Deolinda Alberto, Elsa Ligeiro, Ernesto Candeias Martins, Fernando Raposo, Florinda Baptista, Francisco Abreu, Graça Fernandes, Helena Menezes, Helena Mesquita, Joana Mota (grafismo), Joaquim Cardoso Dias, Joaquim Serrasqueiro, Joaquim Bonifácio, Joaquim Moreira, João Camilo, João Gonçalves, João Pedro Luz, João Pires, João de Sousa Teixeira, João Vasco (fotografia), Joaquim Fernandes, Jorge Almeida, Jorge Fraqueiro, Jorge Oliveira, José Felgueiras, José Carlos Moura, José Pires, José Pedro Reis, Janeca (cartoon), José Rafael, Luís Costa, Luis Lourenço, Luis Dinis da Rosa, Luis Souta, Miguel Magalhães, Miguel Resende, Maria João Leitão, Maria João Guardado Moreira, Natividade Pires, Nuno Almeida Santos, Pedro Faustino, Ricardo Nunes, Rui Salgueiro, Rute Felgueiras,Sandra Nascimento (grafismo), Sérgio Pereira, Susana Rodrigues (U. Évora) e Valter Lemos Contabilidade: Mário Rui Dias Propriedade: RVJ - Editores Lda. NIF: 503932043 Gerência: João Carrega, Vitor Tomé e Rui Rodrigues (accionistas com mais de 10% do Capital Social) Clube de Amigos/Assinantes: 15 Euros/ Ano Empresa Jornalistica n.º221610 Av. do Brasil, 4 r/c Castelo Branco Email: rvj@rvj.pt Tiragem: 20.000 exemplares Impressão: Jornal Reconquista - Zona Industrial - 6000 Castelo Branco


CRÓNICA

Desabafo Docente 7 É sabido que nós, os profesores, pertencemos a um dos grupos profissionais que mais estão a sofrer a pressão por parte da sociedade. Na maioria dos casos consideram-nos os únicos responsáveis pelos resultados e fracassos escolares dos nossos alunos, quase nunca recebendo nem reconhecimento, nem apoio externo pelas tarefas que realizamos, na maioria das vezes, sozinhos e com muitas dificuldades. Como a maioria dos meus colegas, sinto a necessidade de expressar a sensação da falta de compensação em termos de realização pessoal e profissional, além do sentimento de desmotivação perante os fatores contextuais existentes nas nossas escolas. As causas do mal-estar docente visualizam-se desde três pontos. O primeiro encontra-se na relação entre professores/alunos e viceversa, a percepção do seu desinteresse e apatia pela vida escolar, a falta de crença no seu futuro, a indisciplina dentro e fora da sala de aula, as exigências cada vez maiores em contexto pedagógico, a falta de implicação das famílias na vida escolar e a pouca empatia que alguns encarregados de educação possuem em relação à nossa profissão. O segundo ponto estaria integrado no ámbito das políticas ministeriais, as contínuas reformas educativas em Portugal durante os últimos anos, aquelas que têm levado à maioria dos

professores a desgastes psíquicos e mal-estar entre eles de forma progressiva e alarmante, nomeadamente durante o consabido e fracassado processo de avaliação docente, a insuficiência salarial, o congelamento da carreira docente, a mobilidade especial e a falta de incentivo e apoio por parte das autoridades educativas. O terceiro ponto seria o próprio sistema e clima organizacional que o professor vivencia dentro da sua escola. Resulta alarmante o desconhecimento dos órgãos diretivos da necessidade imperativa de saber oferecer incentivo e motivação aos seus professores como os únicos e verdadeiros instrumentos na obtenção de resultados, de saber apostar nos seus recursos humanos e conhecê-lo em profundidade. Em lugar de procurar soluções na imposição de estratégias complexas, burocráticas e parciais sem quaisquer base científica, opta-se por estigmar, duvidar e questionar permanentemente a atuação dos professores dentro e fora da sala de aula, como se não existissem outros responsáveis ao longo do processo educativo. Por vezes nos deparamos nas escolas com uma hierarquia compartimentada e pouco aberta às iniciativas dos seus integrantes, sem tempo para ouvir a cada um dos seus participantes. Todos os professores, sem exceção, fazem parte da mesma equipe e como qualquer trabalhador, têm a neces-

sidade de se sentirem úteis e serem ouvidos, de poder contribuir e oferecer ideias sem a perceção de desigualdade entre os seus pares e entre os seus superiores. Nós, os professores, precisamos que desapareça a sensação de nos sentirmos desatendidos e ignorados, de padecermos ações humilhantes de domínio com atitutes deliberadamente destrutivas que excluem, por vezes, toda a nossa possiblidade de atividade ou influência profissional. Dever-se-ia refletir sobre a distribuição de tarefas em consonância com as nossas capacidades, habilitações profissionais e académicas, questionando a eterna supremacia do tempo de serviço frente à formação, o empenho e a ética profissional. Fazer uma reflexão sobre a parcialidade e o fomento das relações interpessoais negativas promovidas pelos amiguismos e interesses pessoais dos nossos superiores, questionar-se o abuso de poder daqueles que apoiados no seu status hierárquico, abusam da sua posição sobre os restantes colegas, infelizmente, com a cumplicidade e conhecimento dos seus superiores, quem consente também é cúmplice. Substituir o papel do diretor que adota um papel de controlo e que considera os restantes colegas irresponsáveis e incapazes de exercer as suas funções, pelo papel daquele diretor que conhece e tem em conta de forma imparcial, as contribuições positivas de cada

professor na escola e nao só os seus erros. Alguns professores sentimo-nos desaproveitados, ignorados e desprezados, verificando no dia-a-dia como impera na escola a hipocresia, a desigualdade e a falta de transparência. Caberia perguntar-se, será que não convém ter em conta a todos os professores por igual e dar asas às suas iniciativas? Afinal este sentimento de malestar e frustração reverte em prejuízo da nossa saúde e provoca a longo prazo, absentismo e abandono da profissão. Uma profissão pela qual investimos expetativas, entusiasmo e formação. A ideia inicial de poder transmitir conhecimentos, intervir no sucesso dos alunos e formar futuros cidadãos passou a ser um sentimento de impotência e de desesperança de poder algum dia sentir-se útil, participando na toma de decisões ou projetos que possam melhorar a vida dos nossos alunos. Algo que ofereça sentido à difícil tarefa de ensinar e potencie a identidade profissional do professor inserida no contexto de cada centro educativo, com essa pequena contribuição de cada um de nós. Para isso é preciso que as escolas treinem a inteligência emocional e social, que facilitem a comunicação e a convivência entre os seus membros, que deem as mesmas oportunidades a todos os seus professores, independentemente do seu grau de antiguidade ou cargo, que permitam a manifestação das

preferências que levem a autorrealização e desenvolvimento dos recursos pessoais e profissionais, e que a direção das escolas saiba motivar os professores fazendo com que os mesmos se sintam válidos, representados e em situação de igualdade na toma democrática de decisões. Uma direção que aposte em definitivo, no seu recurso mais valioso, o recurso humano. A ausência destas condições no trabalho afeta a própria dignidade do professor e limita as possiblidades do seu trabalho. Ninguém tem o monopólio da verdade. A escola que possui instrumentos de motivação para os professores, quer seja desde a própria direção, quer desde cada um dos intermediários, é uma escola que conseguirá chegar as metas estabelecidas, melhorar as suas estratégias face aos resultados académicos dos seus alunos e por conseguinte, destacar e atingir mais facilmente os seus objetivos. Investir mais na motivação e autoeficácia dos professores é o seguro mais valioso que a escola pública tem para combater a sua própria destruição. K Carmen López-Sangil García _ sangilc@hotmail.com

CRÓNICA

Cartas desde la ilusión 7 Estamos viviendo y, en muchos casos, asistiendo atónitos a muchos casos de corrupción en la sociedad. El problema se magnifica cuando se encuentran implicados en esta lacra los políticos que nos gobiernan y que han aprovechado esa situación privilegiada para enriquecerse a costa de los ciudadanos. Pero no es sólo una cuestión que atañe a los políticos, sino que, por desgracia, asistimos casi a diario a las corruptelas que se propagan aquí y allá, en toda hora y momento, en el funcionamiento de la vida diaria... No es necesario entrar en detalles, porque todos somos conscientes de lo que está pasando en esta nuestra “sociedad del bienestar” que nos ha acarreado muchos problemas al lado de los grandes logros. Todo este comentario viene a cuento por la necesidad que hay, cada vez más urgente, de que en el sistema educativo se solucione el problema del abandono de la educación en valores. Sabes que, en

más de una ocasión, te he comentado mi pesar por la centración, casi absoluta, de nuestro quehacer educativo en la promoción del conocimiento. Son los conocimientos los que, desde hace muchos años, dirigen el quehacer profesional de los educadores en las aulas. Y nadie se va a sugerir que se supriman los conocimientos como foco de actuación pedagógica, pero sí sería necesario relativizar su papel, compartiendo importancia con otros aspectos vitales como son las emociones y los valores. Estamos viviendo una situación, que yo calificaría como insólita por impropia de una sociedad que se cree “madura”, en la que determinados dirigentes sociales con altas responsabilidades de gobierno (incluso la responsabilidad máxima, como ha sucedido en el caso de José Sócrates, exjefe de gobierno de Portugal, que ha entrado en prisión acusado de corrupción, y de algunos ministros en España, así como responsables de las enti-

dades financieras, etc.) han puesto de manifiesto una falta de ética y de valores que en la sociedad no pasan ni pueden pasar desapercibidos, como sabemos, con el coste político que esto supone. Llevamos, en nuestro país, una sucesión de problemas sociales (terrorismo, narcotráfico, corrupción…) que ponen de relieve las grandes lagunas que el sistema educativo ha dejado en todos los momentos de nuestra historia reciente. Es cierto que la democracia, la libertad, el ejercicio de los derechos humanos de todas las personas, etc., dejan margen a las actividades delictivas de determinadas personas que, si aparecen como “importantes” desde el punto de vista social (políticos, banqueros, artistas, etc.), se convierten en situaciones mediáticas. Y ahí, creo yo, radica el problema: los “personajes sociales”, en los que se fijan las personas (y que con frecuencia alimentan programas de la “televisión basura”), no son, precisamente, ejemplos de

ejercicio de valores personales y sociales. Este problema se agudiza en la medida en que nuestros adolescentes (alumnos de E.S.O. y de Bachillerato) y jóvenes universitarios están recibiendo, casi a diario, noticias acerca de estas circunstancias que estamos viviendo. Mi pregunta es: ¿cómo reaccionan –o reaccionarán- estos adolescentes y jóvenes ante tanta bajeza social? La respuesta no es fácil. Pero sí puede aventurarse que, sin una sólida formación en valores que prime sobre las “ventajas” (aparentes) de determinadas “desviaciones” sociales que están viviendo, estos ciudadanos futuros responsables de la sociedad no tendrán claras las ideas ni los objetivos que manejar y a los que dirigirse. Creo, una vez más, que es hora de comenzar a poner los pilares de una educación definitiva basada en valores. Si formamos a la persona en valores de desarrollo personal y social, tendremos la base de un

posible futuro mejor, ya que los valores movilizan el sentido de la responsabilidad sobre la propia vida y la de los demás. Adicionalmente, se obtendrá una mejor y mayor dedicación, por parte de los alumnos, a todo aquello que incumba a sus responsabilidades y a la promoción de los valores de solidaridad y colaboración con sus colegas y con la sociedad en la que están viviendo. ¿Tendremos que esperar mucho para que esto se vaya materializando? Esperemos que no. Hasta la próxima, como siempre, salud y felicidad. K Juan A. Castro Posada _ juancastrop@gmail.com

DEZEMBRO 2014 /// 025


b4 Em entrevista ao ensino magazine

«Trazemos uma lufada de ar fresco à cultura lusófona» 7 Os B4 nascem de uma parceria entre dois dos músicos angolanos de maior sucesso, Big Nelo e C4 Pedro. Com hits contagiantes e atuações vibrantes, a dupla chegou para refrescar a cultura lusófona. Comecemos por um pequeno resumo da vossa carreira na música, até ao lançamento do álbum de estreia «Los Compadres». O Big Nelo já tem mais de 20 anos de carreira. Foi fundador de um grupo angolano de rap que se chamava SSP e depois lançou-se numa carreira a solo, no início da década de 2000. Já a minha carreira começou em 2010. Decidimos juntarmonos num duo numa fase em que eu estava um pouco na ribalta. Os fãs iam pedindo uma colaboração entre nós por causa dos duetos que iamos produzindo e das digressões conjuntas por Angola e não só. Assim, quando sentimos necessidade de lançar novos trabalhos, em vez de lançar cada um o seu, achámos que seria interessante trazer uma lufada de ar fresco ao mercado e cultura lusófonos. Daí nascem, em 2013, os B4 e o lançamento do disco «Los Compadres». Essa lufada de ar fresco apresenta vários ritmos dentro das tendências atuais, que rapidamente conquistaram África e a Europa. Exatamente. Se fosse um álbum só meu teria coisas mais calmas, dentro do

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afrojazz ou da world music, mas o Big Nelo está mais próximo do rap. Para o projeto B4 queríamos lançar um disco acessível e imediato, que fosse só ouvir e dançar. O single «É melhor não duvidar» é um dos grandes sucessos de 2014. O videoclip foi gravado em Miami com a participação especial da atriz portuguesa Rita Pereira. Como surgiu essa colaboração? Primeiro que tudo nós queríamos encontrar uma forma de tirar férias, porque estávamos com a agenda muito preenchida desde que lançámos o projeto B4. Como Miami é a cidade dos meus sonhos mas nunca lá tinha estado, escolhemos esse local. Dizer à nossa editora que queríamos gravar um videoclip em Miami, foi a única forma que encontrámos para meter os pés nessa cidade [risos]. Quanto à Rita Pereira, soube que ela tinha publicado no Facebook o vídeo da canção «É melhor não duvidar», acompanhada de um elogio. Era a pessoa ideal para colaborar connosco e o carinho demonstrado tornou tudo mais fácil. Esse videoclip já ultrapassou os 10 milhoes de visualizações no Youtube. Estavam à espera de um hit destes? Se nós esperávamos que o projeto fosse um sucesso? Sim, mas não tão grande. Não queríamos permitir que fosse um fracasso, para não afetar as nossas carreiras a solo, por isso demos tudo

para que o projeto funcionasse. Mas, claro, não existe fórmula certa para o sucesso. Vão apostar em mais singles neste disco? Sim. Queremos lançar dois singles no início do próximo ano. Ainda estamos a terminar as tournées deste ano e em janeiro começamos uma nova era. Os B4 surgem numa altura em que os ritmos africanos têm conquistado muito público em Portugal. Foi a altura certa para aparecerem? A música angolana, e a música africana em geral, têm estado a crescer bastante. Nós fomos entrando no mercado português com calma, ainda no ano passado, com concertos e colaborações. Este ano surgiu o grande sucesso de B4. Face ao sucesso do disco e dos espetáculos em Portugal, nesta altura já podem considerar este país uma segunda casa. Já consideramos Portugal uma segunda casa. Já demos dois grandes espetáculos, no Campo Pequeno que originou um DVD e no Coliseu dos Recreios, e depois espetáculos por tudo quanto é canto do país. E temos ainda muitas datas agendadas. Visualizando o DVD que refere dá para perceber a simbiose entre a vossa

dupla e o público. Sim, os nossos espetáculos são 50% responsabilidade dos B4 e 50% do público. Sentimos que é isso que nos faz quem somos. A maior parte do espetáculo acontece na plateia e é bonito de se ver. O vosso grande sucesso, «É melhor não duvidar», ja sofreu algumas remisturas. Como encaram essas versões? A música só pertence ao músico até ser editada. A partir do momento em que chega ao público, pertence a todo o mundo. Então, é normal que alguns fãs que também são músicos peguem na música e façam remisturas. Para nós, isso é a prova de que as pessoas gostam daquilo que fazemos. O objetivo no próximo ano é dar continuidade aos B4 ou colocar um ponto final no projeto e regressarem às vossas carreiras a solo? Por agora o projeto está a correr bem e vamos continuar com ele. Há pessoas que são fãs da dupla, mas não do Big Nelo ou do C4Pedro. O nosso público pede mais e tentaremos corresponder. K Entrevista: Hugo Rafael _ Texto: Tiago Carvalho _ musicalcovers.pt H


edições

Novidades literárias

7 gradiva. A Chave de Salomão, de José Rodrigues dos Santos. O corpo de Frank Bellamy, o diretor de Tecnologia da CIA, é descoberto no CERN, em Genebra, na altura em que os cientistas procuram o bosão de Higgs, também conhecido por Partícula de Deus. Entre os dedos da vítima é encontrada uma mensagem incriminatória, que torna o historiador português Tomás Noronha o principal suspeito do homicídio.

leya. Atlas Histórico dos Maiores Heróis & Vilões, de Howard Watson. Uma fascinante galeria cronológica das 50 mais heroícas ou famigeradas figuras da História, de Calígula a Gandhi e de Átila, o Huno, a Madre Teresa de Calcutá. Os bons, os maus e os verdadeiramente perversos de todos os continentes e épocas, da Antiguidade aos nossos dias. bertrand. O Assalto, de Daniel Silva. O lendário restaurador de arte e espião ocasional Gabriel Allon está em Veneza a restaurar um retábulo de Veronese quando recebe uma chamada urgente da polícia italiana. Julian Isherwood, o excêntrico negociante de arte londrino, é suspeito de um homicídio brutal. Para salvar o amigo, Gabriel tem não só de descobrir os verdadeiros assassinos, como também encontrar a mais famosa das obras de arte desaparecidas.

gente & livros

Pepetela 7 Mas foi numa aula de educação física, mais propriamente de vólei, que surgiu a alcunha. Às tantas, o professor, irritado com a falta de jeito ou de empenho do aluno, gritou: - Jaime, salta. Salta com a bunda, porra! A partir daí, ficou Jaime Bunda para toda a escola. De facto, as suas nádegas exageravam. Ele, aliás, era todo para os redondos, até mesmo os olhos que gostava de esbugalhar à frente do espelho, treinando espantos. A mãe é que não gostou nada quando ouviu colegas tratarem-no assim, és um mole, não devias deixar que te chamassem um nome ofensivo, mas ele encolheu os ombros, a minha bunda é mesmo grande, vou fazer mais como então?”. In Jaime Bunda, Agente Secreto Vencedor do Prémio Camões em 1997, Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em Benguela, Angola, em 1941 e é autor de um conjunto significativo de obras. É um dos escritores mais prestigiados do mundo da lusofonia. A Wikipédia refere que “a sua obra reflete sobre a história contemporânea de Angola, e os problemas que a sociedade angolana enfrenta. Durante a longa guerra, Pepetela, angolano de ascendência portuguesa, lutou juntamente com MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) para libertação da sua terra natal. O seu romance, Mayombe, retrata as vidas e os pensamentos de um grupo de guerrilheiros

durante aquela guerra. Yaka segue a vida de uma família colonial na cidade de Benguela ao longo de um século, e A Geração da Utopia mostra a desilusão existente em Angola depois da independência. A história angolana antes do colonialismo também faz parte das obras de Pepetela, e pode ser lida em A Gloriosa Família e Lueji”. O seu lado satírico também lhe é muito caro. Exemplo disso são os romances policiais Jaime Bunda. Docente na Universidade Agostinho Neto em Luanda, Pepetela frequentou o Ensino Superior em Lisboa mas acabou por licenciar-se em Sociologia, em Argel, duran-

te o exílio. Segundo a Wook, iniciou a sua actividade literária e política na Casa dos Estudantes do Império. Como membro do MPLA, participou activamente na governação de Angola, após o 25 de Abril. O mesmo portal revela que “a partir de 1984, foi professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e tem sido dirigente de associações culturais, com destaque para a União de Escritores Angolanos e a Associação Cultural Recreativa Chá de Caxinde. A atribuição do Prémio Camões (1997) confirmou o seu lugar de destaque na literatura lusófona”. K

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esfera dos livros. Educar com Amor, de Mário Cordeiro. Educar é um ato de amor e uma das tarefas mais exigentes com que os pais se deparam. Devo castigar? Estou a mimar demais o meu filho? As regras em excesso são positivas? Somos assaltados diariamente por dúvidas como estas. Mário Cordeiro, o pediatra mais lido em Portugal, recorrendo a casos práticos, explica-nos que educar é a maior prova de amor que os pais podem dar a um filho. K

d.quixote. O Leopardo, de Jo NesbØ. O novo livro do autor norueguês leva-nos de Hong-Kong a Oslo, da Suíça à República Democrática do Congo, da brancura gelada de uma avalanche ao inferno escaldante de um vulcão. É nestes cenários que o inspetor Harry Hole enfrenta os demónios mais sinistros da Noruega. K DEZEMBRO 2014 /// 027


press das coisas

pela objetiva de j. vasco

Novembro mês do Fado e do Cante Alentejano

Sony Shake-33 3 Este sistema de áudio doméstico de alta potência com Bluetooth é ideal para festas particulares. Combina uma potência de 2200 W RMS e um design de coluna Pressure Horn que reproduz graves mais altos e mais nítidos. Cria ainda o dobro da pressão de um subwoofer convencional. Custa 699 euros. K

Diabo na Cruz – «Diabo na Cruz»

3 Foi a 27 de novembro de 2011 que o Fado passou a ser reconhecido, pela UNESCO, como Património Imaterial da Humanidade. Foi também no passado dia 27 que o mesmo aconteceu com o Cante Alentejano. Aqui fica o testemunho do Fado (com Teresa Tapadas, no passado mês de novembro, no auditório da Malaposta em Odivelas) e do respetivo Cante (foto de arquivo). K

3 O álbum sucessor dos muito aclamados «Virou!» e «Roque Popular», é composto por 11 canções peneiradas de 2 anos de trabalho. Incapazes de se repetirem, com o novo disco, os Diabo na Cruz prometem continuar a sua caminhada ímpar no panorama musical português. Os singles «Vida de Estrada» e «Ganhar o Dia» são já bem conhecidos. K

Prazeres da boa mesa

Um Cheirinho de Natal… As Filhós em Mil Folhas 3RECEITA

demolhada. Juntar ao queijo e envolver as restantes natas batidas.

Ingredientes p/ as Filhós (25 pax): 3 Cháv. Café de Azeite 2 Cháv. Café de Aguardente 1 Cháv. Café de ANIS SECO DÓMÚZ 3 Cháv. Café de Leite 3 Cháv. Café de Sumo de Laranja 3 Ovos 1 Kg de Farinha Q.B. de Sal

Ingredientes para os Medronhos (25 pax): 200g de Medronhos 50g de Açúcar 1 Laranja em Zeste 25g de Manteiga 750 ml de Garraf. do Comendador Preparação para os Medronhos: Derreter o açúcar na RESERVA DO COMENDADOR com a manteiga. Adicionar a zeste de Laranja, por fim os medronhos.

Preparação da Filhós: Misturar todos os ingredientes até ficar uma massa homogénea. Deixar descansar por 30 minutos. Esticar, cortar e fritar em azeite. Ingredientes Gelado de ANIS DÓMÚZ (25 pax): 1,5 L de Leite 1,5 L de Natas 600g de Gemas 600g de Açúcar 150g de ANIS MEL DAMAS DÓMÚZ 60g de Estabilizante Preparação do Gelado de ANIS DÓMÚZ: Ferver o leite e as natas. Misturar aos restantes ingredientes. Deixar arrefecer completamente e levar à máquina de gelados até ficar cremoso e sólido.

Empratamento: Num prato fazer camadas de filhós e de mousse de queijo. Aplicar um cordão de molho de medronhos e dióspiro. Finalizar Ingredientes Mousse de Queijo (25 pax): 180g de Natas 1 Vagem de Baunilha 6 Folhas de Gelatina 120g de Açúcar em Pó 600g de Queijo Neutro 440g de Natas

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Preparação da Mousse de Queijo: Levar as 1ªs natas ao lume com a baunilha e o açúcar em pó até ferver. Adicionar a gelatina

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com o gelado. K Chef Mário Rui Ramos _ Chef Executivo Ô Hotels & Resorts - Termas de Monfortinho


Cinema

Mau é mesmo Mau 7 A atração do cinema pelos maus vem de longe, sendo que uma das faces mais exploradas desta faceta são os filmes de gangsters, popularizados a partir dos anos 20 e 30 do século passado, principalmente quando, a partir de 1920, com a aprovação da Lei Volstead, que proibia o consumo de álcool, logo o seu fabrico e distribuição, mais conhecida por Lei Seca, levou ao aumento exponencial dos gangs, muitos deles mafiosos, que exploravam as transações clandestinas de bebidas alcoólicas, bem como os locais de consumo, os célebres “Speakeasy”, onde, curiosamente, também se consumia muito Jazz e onde muitos músicos deste género musical encontraram poiso para divulgarem a sua arte e crescerem. Mas voltemos aos filmes. Apesar do boom dos anos 20 e 30, um dos precursores do género foi D. W. Griffith com “The Musketeers of Pig Alley”, de 1912, onde aparece um dos temas recorrentes do género: a rivalidade entre gangs. Mas não esteve só. Também Scott Sidney com “The Gangsters and the Girl”, de 1914 e Raoul Walsh, com “The Regeneration”, de 1915, se anteciparam à era dourada, que teve em Joseph von Sternberg um dos primeiros realizadores a olhar para o quotidiano e para o aumento da criminalidade que tão bem viria a retratar na sua trilogia “Underworld” (Vidas Tenebrosas, 1927), “The Dragnet”(A Rusga, 1928) e “The Docks of New York” (Docas de Nova Iorque, 1928), todos protagonizados por George Brancroft, e cujos densos argumentos, brilhantemente filmados em negros profundos e brilhantes nos transportam para os ambientes sórdidos dos bares e becos frequentados por escroques e oportunistas, onde dominam os criminosos e muitas vezes a polícia assobia para o lado. Na mesma época apareceram outras fitas importantes como “The Rackett” (A Lei dos Fortes, 1928), de Lewis Milestone, que aborda a proteção que os bootleggers recebiam de alguns políticos corruptos e de juízes. Das centenas de filmes feitos sobre

o tema na altura, há três, além de outros, claro, que pelo tema abordado se tornaram verdadeiros clássicos, “Little Caesar” (O Pequeno César, 1931), de Mervyn LeRoy, “Public Enemy” (O Inimigo Público, 1931), de William A. Wellman e “Scarface” (Scarface, o Homem da Cicatriz, 1932), de Howard Hawks, apesar de sobre ângulos diferentes, todos

abordam a ascensão e queda dos reis do crime, com destaque para Al Capone, filmes que lançaram para o estrelato três grandes atores de teatro, respectivamente, Edward G. Robinson, James Cagney e Paul Muni. Numa segunda fase os filmes de gangsters cederam o primeiro plano ao policial, principalmente a partir de “G’Men” (O Império do crime, 1935), de

William Keighley, desta vez com Cagney do lado da lei, para nos anos 50 e 60 se voltar ao início, agora com biopics dos lendários criminosos da época em filmes como “Baby Face Nelson”, 1957, de Don Siegel, “Al Capone”, 1959, de Richard Wilson, “The Rise and Fall of Legs Diamond”, 1960, de Bud Boetticher, “The Bonnie Parker Story”, 1958, de William Witney, ou o incontornável “Bonnie and Clyde”, de Arthur Penn, com Faye Dunaway e Warren Beatty no papel do tristemente célebre casal. Pelo meio a II Guerra vai alterar novamente as coisas e apareceu um novo centro de atenção: o detetive privado, alguns regressados da guerra, com dificuldades de integração, individualista, o que é bom para fintar criminosos e polícia em filmes como “Assassinos”, 1945, de Robert Siodmak, “O arrependido”, 1947, de Jacques Tourneur, “The Glass Key” (Sou eu o Criminoso, 1942), de Stuart Heisler, adaptado romance de Dashiel Hammett, “A Sede do Mal”, 1958, de Orson Welles ou “Chinatown”, 1974, de Roman Polanski. Entretanto novos talentos foram brotando e com novas abordagens o tema foi sendo revisitado por nomes hoje consagrados como Francis Ford Coppola e a sua trilogia “O Padrinho”, o primeiro de 1974 e o último de 1990, à volta dos Corleone, chefes da máfia, e onde brilharam, entre outros, Marlon Brando e Al Pacino; Martin Scorcese e o seu “Goodfellas” (Tudo Bons Rapazes, 1990), com Robert De Niro e Joe Pesci, este como o imparável assassino Tommy de Vito; Brian de Palma com “Os Intocáveis”, 1987, com De Niro como Al Capone; ou Quentin Tarantino que com “Reservoir Dogs” e “Pulp Ficton”, nos dá uma visão alucinante do mundo do crime. E como falámos de Don Siegel, recordar aqui os Dirty Harry, com Clint Eastwood, uma abordagem também peculiar do combate ao crime nas ruas. Até à próxima e bons filmes!K Luís Dinis da Rosa _ Joaquim Cabeças _

Cartoon: Bruno Janeca H Argumento: Dinis Gardete _

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Quatro rodas

Fui conhecer o 312 T4 c Estamos em 1962 no estádio olímpico de Amesterdão. Nenhum benfiquista que se prese vai esquecer os dois golos de Eusébio que contribuíram para dar a volta ao resultado que permitiu a conquista da segunda taça dos campeões, frente ao Real Madrid neste 2 de Maio. Para os sportinguistas o momento mais inesquecível, é de certeza o célebre cantinho de Morais que permitiu em 15 de Maio de 1964 a conquista da Taça da Taças frente ao MTK da Hungria. Na noite de 27 de Maio de 1987, o FC Porto, selou a vitória no estádio do Prater em Viena com um magistral golo de calcanhar de Rabah Madjer. A vítima foi o poderoso Bayer de Munique, e este golo passou a ser um ícone da história do clube do norte. Temos aqui 3 exemplos que o tempo não vai apagar da memória, dos adeptos do futebol e vão continuar a fazer parte dos manuais da modalidade. Desculpem os adeptos do automobilismo estas referencias futebolísticas, mas achei por bem falar delas para acentuar aquele que me parece ser o ponto alto da história da formula 1. O momento eleito como o mais marcante da fórmula 1, não é qualquer acidente, nem

uma daquelas cenas dramáticas que proliferam nas corridas. Recuemos então até a 1 Julho 1979. Por cá estávamos a sair da primeira intervenção do FMI, mas o centro das atenções do mun-

do do desporto automóvel, estava em Dijon, França. O Campeonato de fórmula 1 estava a ser dominado pelos Ferrari, no entanto estava a emergir a equipa Renault com a inovadora tecnologia turbo.

Apesar da notícia da corrida, poder ser, a primeira vitória de um Renault na F1, o que se passou na luta para o segundo lugar é que ficou na história. Dessa luta retemos a participação de 4 protagonistas. Os pilotos René Arnaux com o seu Renault RS10 e Gilles Villeneuve no Ferrari 312 T4. Na altura as realizações televisivas não dispunham dos meios que hoje podem usar, mas a “luta” que protagonizaram Arnaux e Villeneuve, ficou suficientemente registada, e é sem dúvida o vídeo de fórmula 1 mais visto no youtube. Protagonistas de exceção que interpretaram o papel de heróis do desporto automóvel. Não me foi possível estar com o Villeneuve nem com o Arnaux. Com o Renault RS10, estive em tempos no stand da Renault do Champs-Élysées. Calhou agora conhecer de perto o Ferrari 312 T4, também no seu ambiente em Maranello, no museu Ferrari. Para finalizar deixo apenas uma nota. Nesse ano quem ganhou o campeonato do mundo foi Ferrari 312 T4 número 11 de Jody Scheckter, mas o modelo que está exposto é o número 12 de Gilles Villeneuve. É raro isto acontecer, mas neste caso a notoriedade do taleto de quem lutou, superou o de quem venceu. K Paulo Almeida _

sector automóvel

Hyundai i20 Coupé e i30 Turbo em 2015

Volvo XC90 chega em maio 3 A segunda geração do Volvo XC90, SUV sueco de sete lugares, chega em maio ao mercado nacional, mas está já disponível para encomenda. Terá duas motorizações. A opção Diesel D5 2.0 AWD com 225 cv e 470 Nm começa nos 71 147 euros e a motorização gasolina T6 2.0 AWD com 320 cv e 400 Nm começa nos 78 946 euros. Ainda em 2015 chega a versão de acesso, Diesel D4 com 190 cv e 400 Nm, a partir dos 60 mil euros. K Publicidade

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3 A Hyundai anunciou que a variante três portas do i20 vai estar à venda em maio do próximo ano e que no início do outono será lançado um i30 Turbo, com 186 cv. O primeiro modelo tem uma estética dinâmica, devido à ausência das portas traseiras e uma linha de tejadilho 25 mm mais baixa, bem como um pequeno spoiler traseiro. Já o i30 Turbo é uma derivação com o bloco 1,6 litros T-GDi com 186 cv, com caixa de dupla embraiagem de sete relações. K

Audi híbrido no próximo ano 3 A Audi deverá apresentar o Q7 híbrido plug-in Diesel no próximo ano, que combinará os préstimos de um motor a combustão V6 3.0 com um elétrico. Este será o primeiro modelo com estas caraterísticas do grupo Volkswagen e o segundo à venda em Portugal, depois do Volvo V60. A Audi considera que esta tecnologia irá contribuir para a redução das emissões de CO2 K


DEZEMBRO 2014 /// 031


032 /// DEZEMBRO 2014


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