Suplemente - Guarda - Janeiro 2015

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janeiro 2015 Dossier dedicado ao Instituto Politécnico da Guarda Produção RVJ - Editores

www.ensino.eu

dossier

Politécnico da Guarda quer captar mais alunos

IPG

Vice-presidente e diretores tomam posse C

P III

cooperação

Docente do IPG no comité europeu C

P III

C

P III

C

P III

encontro nacional

Saúde e tecnologia em debate INovação

Politécnico cria impressora 3D Constantino Rei, presidente do Instituto Politécnico da Guarda

Ensino superior deveria ser gratuito 6 Constatino Rei foi reconduzido para mais um mandato à frente do Instituto Politécnico da Guarda. Em entrevista ao Ensino Magazine refere os objetivos principais que tem para a instituição. Frontal, como é seu timbre, faz críticas ao sistema de vagas e ao modo como muitos alunos do ensino secundário ficam de fora do ensino superior. Refere ainda que o ensino superior deveria ser gratuito. Tomou posse para mais um mandato, quais são as suas grandes prioridades para o Instituto Politécnico de Guarda? Face ao que tem acontecido nos últimos anos, relativamente à redução do número de alunos, a nossa principal preocupação é estancar esse processo e invertê-lo, se for possível. Iremos desenvolver um conjunto de estratégias que têm esse objetivo e que pretendem captar mais alunos. Esta é uma prioridade fundamental. Depois há uma outra vertente, que passa por colocar o IPG ao serviço da cidade e

da região. Ou seja, queremos colocar os nossos conhecimentos e investigação ao serviço das empresas e das organizações. Neste momento há uma quantidade enorme de jovens que termina o ensino secundário e não se candidata ao ensino superior. Como é que se podem atrair esses jovens? Fazendo aquilo que outros países já fizeram, tornando a educação pública gratuita. Mas para isso é preciso coragem política. Na Alemanha, por exemplo, o ensino público é gratuito. Esta não será a única questão, mas constatamos que o poder de compra de muitas famílias portuguesas reduziu drasticamente e não têm capacidade para suportar os custos. Se se quisessse atuar, acabando com as propinas, poderíamos ter mais alunos.

Constantino Rei, presidente do Instituto Politécnico da Guarda

E os cursos superiores de curta duração, podem ser benéficos? JANEIRO 2015 /// Eu e o próprio Conselho Coordenador


dos Politécnicos temos mostrado algumas reservas a esta formação. Mas também nunca dissemos que não a queríamos. Aquilo que afirmamos é que não a queremos com este formato. Fomos ouvidos uma única vez sobre um projeto de Decreto Lei. O que aconteceu é que foi montada uma nova formação para os politécnicos contra os politécnicos, em vez de ser feita com os politécnicos. Isso, do ponto de vista político, é um pecado capital. Ainda assim conseguimos minimizar alguns dos efeitos negativos desta nova formação. Não faz sentido co-existirem com os Cursos de Especialização Tecnológica (deixam de ser ministrados nos politécnicos, mas mantêm-se nas escolas profissionais e centros de formação). Nós - politécnicos - demos um passo, na minha opinião errado, de avançar com alguns cursos a título experimental. O que temos que fazer é tirar partido do melhor que estes cursos possam ter. Há vários aspetos que podemos potenciar. É importante que os jovens tenham a noção que se forem para um CET e pretenderem ingressar no ensino superior, terão que fazer um exame, enquanto que se fizerem um curso de técnicos superiores profissionais alinhado com a instituição, o acesso é direto e terão direito a alguma creditação (equivalência de disciplinas). O público a abranger é o mesmo... É exatamente o mesmo. Esta oferta está alinhada para acolher os alunos dos cursos profissionais. Recentemente o presidente do Conselho Nacional de Educação, David Justino, referiu que a especialização das instituições de ensino superior poderia ser um caminho para se manter a rede de oferta existente. É dessa opinião? Posso concordar com o princípio. No entanto, não considero que esse seja o caminho. Isso só faria sentido se a especialização fosse generalizada em todo o país e a todas as instituições. Se a intenção for repensar todo o sistema de ensino superior português, criando núcleos de especialização nos diferentes locais, parece-me uma boa ideia. Mas tenho dúvidas que possa ter pernas para andar, pois isso iria mexer com as universidades e todos nós sabemos os lobis que representam. No seu discurso criticou muito o atual sistema de vagas. O que é que deve ser feito? Não podemos enterrar a cabeça na areia. Convivemos durante anos num regime em que praticamente não existiam essas provas de ingresso ao ensino superior, e de repente passámos do 8 para o 80. O que se verifica é que há uma grande disparidade entre as notas obtidas nas provas de exame e as classificações internas do ensino secundário, num desvio que chega a atingir 3 e 4 valores. Isto demonstra que alguma coisa está mal no sistema. Não podemos afirmar se o problema é dos exames ou do ensino secundário. Mas se me perguntar se devemos confiar mais num sistema que avalia o aluno ao fim de 12 anos de escolaridade,

II

/// JANEIRO 2015

No que respeita ao último objetivo da sua estratégia - colocar o instituto ao serviço das empresas e da região - o IPG é já uma referência, ao potenciar o aparecimento de uma empresa ligada às novas tecnologias... Esse é o exemplo que nós gostaríamos de replicar. Não é fácil o convívio entre o empreendedorismo e o meio académico, a investigação e a prestação de serviços. Mas essa empresa é um exemplo de sucesso, na medida em que a empresa está em funcionamento há três anos, tem uma saúde financeira boa, embora o objetivo não seja ganhar lucro, mas sim desenvolver soluções tecnológicas para públicos alvos específicos a custos controlados. Falamos de soluções que sejam aceitáveis do lado do cliente. E se tivermos que prescindir do lucro fazêmo-lo. Outro aspeto importante é que o pacto social da empresa impede a distribuição de lucro entre sócios. Os lucros obtidos são para aplicar na investigação.

ou num que avalia o estudante em duas horas de exame, respondo-lhe que confio mais no sistema de 12 anos. Perante este cenário, em que há esta divergência, em que as notas das provas de ingresso são muito baixas, em que o grau de exigência das provas não se coaduna com o que é exigido no ensino secundário, nós temos que retirar alguma carga excessiva às provas de ingresso. Além disso, esta carga excessiva e o vício que temos em Portugal pelas notas e classificações, às vezes, pode levar a que as escolas inflacionem as classificações internas. Será justo um aluno que no 10º, 11º e 12º anos teve média de 13 valores e que numa prova de valores teve 8,5 valores ser afastado sistema de ensino superior? E obrigá-lo a estar mais um ano em casa, com a família a pagar explicações para que no ano seguinte tente de novo a entrada? Nós não recuperávamos antes? Perante este problema, e estamos numa situação de emergência nacional, pois a falta de alunos já chegou às universidades, teremos que fazer alguma coisa. Como? Baixando a influência que os exames têm na nota de candidatura. Essa é uma das variáveis, a outra está relacionada com o número de vagas no litoral e no interior do país? Essa é uma guerra perdida, pelo menos com este governo. Pois se não quiseram resolver o problema em três anos, não é agora que o vão fazer. Mas aquilo que atrás referi é uma medida que pode ser implementada no próximo ano. Ainda em relação às vagas, foi também reclamado para que o despacho das vagas fosse apresentado mais cedo às instituições... Já há muitos anos que andamos a reclamar isso. Nós começamos a fazer a divulgação a partir de finais de feverei-

ro. Por isso, nessa altura precisamos de saber quais os cursos e o número de vagas que vamos abrir e temos disponíveis. Tenho esperança que isso irá acontecer este ano. No caso das vagas para o «estudante internacional» já existe o despacho, e penso que até março deveremos ter o despacho de vagas. Com a entrada de João Queirós para a Direção Geral de Ensino Superior, o qual tem conhecimento do que faz falta às instituições, estou convicto que haverá sensibilidade para isso. O programa Mais Superior foi lançado este ano, mas além de ter sido regulamentado tarde de mais, os critérios também não foram ao encontro das instituições? Foi um programa mal regulamentado. Os critérios foram perversos. O mérito deve ser valorizado, mas não o pode ser da forma generalista como aconteceu. Pois as bolsas foram atribuídos aos alunos que têm melhores classificações, quando nós temos que as atribuir no sentido de atrair alunos para cursos onde temos falta de alunos. Bastava que nos tivessem perguntado quais eram os cursos a que daríamos preferência. Obviamente que dentro de cada curso o mérito académico seria tido em conta. A grande maioria dos alunos que vai para medicina e para os cursos de saúde, normalmente são oriundos de extratos sociais mais elevados, e foram os mais beneficiados. E há abertura para isso ser mudado por parte do Secretário de Estado? Sim, estou convencido que isso vai ser feito. Espero que venha a tempo da primeira fase. Esse é um instrumento importante. Quando vamos às escolas secundárias queremos dizer aos alunos que têm este programa.

Como é que é possível gerir uma instituição sem conhecer a verba que é atribuída em Orçamento de Estado? Faz-se uma gestão de mercearia. Vive-se o dia a dia. E isso é um pouco angustiante, pois temos o nosso plano de atividades, que gasta recursos. Infelizmente, do ponto de vista financeiro e da gestão orçamental das instituições e naquilo que são os grandes projetos andamos a navegar à vista. Em função das coisas que aparecem vamos reagindo. Planeamos, mas nunca sabemos se conseguimos implementar os nossos projetos. Sou defensor da mudança do sistema de financiamento. O Governo deveria, numa base de lesgislatura, definir qual era a percentagem do PIB afeta à educação. As instituições teriam uma noção daquilo que poderia vir a receber. Se houvesse crescimento no PIB nós já sabíamos que haveria mais verbas, e se acontecesse o contrário saberíamos que haveria uma redução. Mas também devo dizer, que a gestão financeira é o aspeto que menos me preocupa, pois a gestão estrutural - como o número de alunos é importantíssima. E porque temos uma estrutura de custos que depende pouco de nós, o Estado tem que assumir a sua responsabilidade. Por exemplo, nós reduzimos o número de docentes nos últimos dois anos, mas aumentámos a despesa em muito mais. E isso deveu-se ao regime transitório da carreira docente aprovado na Assembleia da República. Ou seja, tomei uma decisão de gestão em reduzir o número de docentes e em fechar as escolas nos períodos não letivos para não gastar energia e gás, e a despesa aumentou. Eu não deixarei de fazer o que tenho de fazer. Quando faltar o dinheiro, o Governo tem que cá colocar o dinheiro. Porque quem assumiu as responsabilidades e aumentou os descontos para a Caixa Geral de Aposentações e da ADSE foi a Assembleia de República e o Governo. K   

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Docente do IPG integra

Instituto Politécnico da Guarda

6 Maria del Carmen Arau Ribeiro, docente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), foi selecionada para integrar uma equipa de vinte especialistas que irá analisar, planear e definir novas estratégias para o ensino superior na Europa. Este grupo de trabalho (International Higher Education Reform Experts), coordenado pelo ministério da Educação e Ciência Alemão (Federal Ministry of Education and Research) e financiado pela Comissão

6 No Instituto Politécnico da Guarda decorreu, no passado dia 12 de janeiro, a cerimónia de tomada de posse dos vice-presidentes do IPG, diretores e subdiretores da Escola Superior de Tecnologia e Gestão; Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto; Escola Superior de Saúde e Escola Superior de Turismo e Hotelaria. Este ato ocorreu na sequência da ratificação das propostas de nomeação dos diretores pelo Conselho Geral do Instituto Politécnico da Guarda e subsequentes propostas dos diretores indigitados. Gonçalo Poeta Fernandes e Pedro Cardão continuam como vice-presidentes do IPG; como diretora da ESTG mantem-se Clara

Comité Europeu Europeia, integra especialistas em matéria de ensino, investigação, ciência e ensino superior e irá, nos próximos 18 meses, trabalhar com vista à elaboração de propostas para uma melhor definição e articulação do ensino superior no espaço europeu. A cerimónia oficial de apresentação e arranque do projeto STEERING (Support to European Higher Education Reforms in Germany) decorreu, recentemente, em Berlim. K

Diretores tomam posse

Silveira, tendo como subdiretor Fernando Marcos. Paula Coutinho mantém-se como Diretora da Escola Superior de Saúde, tendo agora como subdiretora Fátima Roque. A Escola Superior de Educa-

ção, Comunicação e Desporto passou a ter como diretor Pedro Tadeu e como Subdiretora Rosa Tracana; na Escola Superior de Turismo e Hotelaria o cargo de Diretor passa a ser desempenhado por Adriano Costa. K

Nova tecnologia Docente do IPG avalia

O vulcão de Cabo Verde 6 André Sá, docente do Instituto Politécnico da Guarda, participou, em Cabo Verde, num trabalho de campo que incidiu em observações geodésicas e sismológicas. Esta atividade, iniciada a 25 de dezembro, decorreu até 13 de janeiro, na sequência do pedido de colaboração que o governo daquele país africano formulou ao C4G - Collaboratory for Geoscien-

ces, face à erupção do vulcão da ilha do Fogo. O Collaboratory for Geosciences (C4G) desenvolveu trabalho de campo no local, nomeadamente observações geodésicas e sismológicas. Tratou-se de uma campanha intensiva de observações, para a qual havia a necessidade de serem estabelecidos vários grupos de trabalho, de forma a garantir o sucesso da mesma. K

JORNADAS NACIONAIS

Saúde em debate 6 O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) vai promover, no dia 17 de abril, nesta cidade, as VIII Jornadas Nacionais sobre Tecnologia e Saúde. Este ano as jornadas são subordinadas ao tema “Saúde Pública, Cooperação e Inovação”, englobando o programa vários eixos temáticos. A submissão de Comunicações ou Posters deverá ser feita até final do corrente mês de janeiro. Os trabalhos aceites para as Jornadas, e validados Publicidade

pela Comissão Científica, serão considerados para publicação em número especial da revista científica Egitania Sciencia, editada pelo Instituto Politécnico da Guarda e indexada à Latindex e Copernicus No decorrer Jornadas vão ser atribuídos os prémios “Melhor Comunicação” e “Melhor Poster”. Outras informações complementares podem ser solicitadas à Comissão Organizadora das Jornadas, através do e-mail gic@ipg.pt. K

IPG faz impressora 3D 6 O Instituto Politécnico da Guarda assinou, recentemente, protocolo de parceria com uma empresa fabricante de máquinas que pretende produzir e comercializar uma impressora 3D, concebida por esta instituição de ensino superior. “A máquina foi completamente concebida através de recursos CAD/CAE/CAM, isto é, os desenhos tridimensionais, ensaios mecânicos e fabrico de cada componente foram digitalmente realizados em computador e só depois foram fabricados em ambiente FabLab dentro do conceito ‘máquinas que fabricam máquinas’”, como nos explicou Luis Miguel Lourenço, docente da ESTG/IPG. A IPrinterG dispõe de uma estrutura em alumínio, diversos mecanismos constituídos por pequenas peças onde também predomina o referido material. “A mesa onde o plástico fundido é depositado foi construída em fibra de carbono para ser rígida mas ao mesmo tempo muito leve. Globalmente trata-se de um conjunto de mecanismos movidos por 5 motores, comandados por controladores electrónicos montados numa espécie de ‘motherboard’ que é por sua vez controlada por um vulgar PC”, acrescenta Luis Miguel Lourenço, responsável pelo laboratório de prototipagem rápida do IPG. Para se utilizar este equipamento é necessário ter o “desenho de um sólido no computador e enviar as informações de fabrico para a máquina através de um software apropriado”; de seguida será depositado um fio de plástico em

sucessivas camadas até formar o sólido que inicialmente era apenas virtual. Como nos referiu este docente do Politécnico da Guarda, a IPrinterG é “robusta, tem uma precisão idêntica a máquinas profissionais, a sua manutenção é muito simples, sendo fácil e muito económica a substituição de qualquer componente, exceto os componentes que não existem no mercado porque são inéditos e para já só nós os podemos fabricar”. Luis Miguel Lourenço recorda que, na sequência do projeto final do FabAcademy, que desenvolveu no FabLab Coimbra, decidiu implementar uma máquina de fabrico por adição (vulgo im-

pressora 3D), até “porque havia, também, interesse da ESTG/IPG em prestar apoio aos alunos que necessitam de recorrer à prototipagem rápida por impressão 3D. Este equipamento fabrica maquetes, modelos e protótipos a custos reduzidos permitindo assim colocar ao alcance de todos a prototipagem rápida por deposição de um plástico de qualidade industrial, o ABS.” Na IPrinterG tem sido utilizado, sempre, ABS, “com sucesso, mas se pretendermos produzir com PLA é só baixar a temperatura de fusão do extrusor”, acrescentou este docente da ESTG/IPG a propósito deste modelo de impressora 3D. K

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