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iluminado LEVE E

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metaverso é um lugar onde o mundo virtual tenta replicar a vida humana em todas as suas manifestações. Teoricamente, nele podemos encontrar tudo aquilo que faz parte do universo real. É como uma extensão da realidade física, onde virtualmente conseguimos interagir, conhecer lugares e pessoas, viajar, ir a shows, museus, fazer compras, etc. Em suma, vivenciar múltiplas experiências humanas. Nesse espaço ilimitado tudo é possível, desde comprar imóveis, obras de arte e roupas das mais variadas grifes de luxo até participar de eventos virtuais, imaginativos e prazerosos.

Seu maior foco é exatamente a conexão social, pois as pessoas poderão se vincular on-line em busca de entretenimento, companhia e outras formas alternativas de relacionamento. Para a imersão dos usuários, o metaverso utiliza tecnologias de realidade virtual, que podem ser acessadas por meio de óculos de realidade aumentada e de manoplas, conectados a computadores e, até mesmo, a smartphones.

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De acordo com a empresa global Wunderman Thompson, a ideia para o metaverso é a de que ele dissolva cada vez mais as fronteiras existentes entre o físico e o virtual, de tal modo que os avatares criados por seus usuários venham a ser uma extensão do corpo humano.

Nutri O Digital

O psicólogo, sócio fundador da LZ Psicologia

Aplicada e doutorando em psiquiatria, Igor Londero, faz um alerta sobre a imersão no mundo do metaverso, pois tudo nesse ambiente foi planejado a partir de um design comportamental que tem a finalidade de fazer o usuário permanecer mais tempo em suas redes sedutoras. Desta maneira, ele começa a ter inúmeros desejos e necessida- des, dentro de um universo onde tudo é satisfatório e, ao mesmo tempo, muito rápido e volátil. Essa imersão sem equilíbrio leva-o a aceitar o princípio da lei do menor esforço como um padrão, desenvolvendo certa alienação acerca da existência concreta e, por isso, diminuindo sua tolerância às inevitáveis frustrações que a vida real acarreta.

Londero ressalta a importância do conceito trazido pela psicóloga americana Kimberly Young – especialista em transtorno de dependência de Internet e comportamento on-line – a respeito do que ela chama de nutrição digital, isto é, um consumo adequado entre qualidade e quantidade digital. Esse equilíbrio é o que poderia nos proteger dos princípios mercadológicos, que se transformam em mecanismos de controle comportamental, pois buscam o tempo todo criar instâncias de gratificação no cérebro do usuário. “Apesar de a tecnologia ser um campo de refúgio para a nossa sobrevivência, não podemos deixar que ela sequestre a nossa autonomia, a ponto de passarmos a fazer algo que não sabemos mais a finalidade”, assinala o psicólogo Londero.

Origem Do Metaverso

O conceito de metaverso apareceu pela primeira vez em um romance de ficção científica chamado Snow Crash, do escritor Neal Stephenson. O nome surgiu a partir da junção das palavras “meta”, que significa em grego “além”, e “verso”, que representa universo, portanto, “além do universo”. O significado que atribuímos hoje ao termo surgiu na década de 1990, na indústria dos games, com o lançamento de um headset de realidade virtual inédito, o Sega VR. Contudo, foi somente em 2021 que a realidade virtual, com a expansão das redes sociais, começou a ganhar força.

A MARS HOUSE FOI A PRIMEIRA CASA

VIRTUAL VENDIDA NO MUNDO. É UM PROJETO

FEITO PELA ARTISTA PLÁSTICA KRISTA KIM

@KRISTA.KIM

Mercado Imobili Rio

Em 2020, o mercado imobiliário ingressou na era virtual e as negociações começaram a ser realizadas por videochamadas, tour virtuais, realidade aumentada e com ajuda de drones. No entanto, em 2022, muitos imóveis e terrenos passaram a ser completamente digitais e comercializados apenas em espaços virtuais. A empresa Nova York Republic Realm anunciou um acordo de US$ 4,3 milhões para comprar terrenos digitais no The Sandbox, uma das maiores plataformas de compra e venda de imóveis.

O crescimento desse mercado é de tal monta que foi criada a primeira imobiliária voltada exclusivamente para o mundo virtual, a Metaverse Property. Esta empresa já comercializou terrenos no metaverso por US$ 2,43 milhões. Um dos benefícios do universo meta é a desburocratização dos processos através do blockchain , tecnologia que facilita o processo de registro de transações e de controle de ativos na rede. É via blockchain que se estabelece o NFT, uma espécie de certificado digital que define originalidade e exclusividade a bens digitais. Sigla para “Non-fungible Token” (“Token não fungível”), os NFTs têm chamado a atenção após somas milionárias terem sido usadas para comprar esse tipo de ativo na Internet.

A versão virtual de residência no metaverso servirá como uma extensão do imóvel do mundo real, permitindo ao comprador hospedar reuniões, eventos e festas com convidados de todo o mundo. “O metaverso cria uma experiência nova para o usuário. Tudo acontece através de avatares, em um ambiente 3D, onde há networking, comunicação e aprendizado. Os NFTs aparecem como um meio de realizar as transações dentro desse ambiente. É possível fazer lançamentos de coleções, de imóveis ou adquirir benefícios que também incorporam o mundo físico”, explica Fernando Godoy, CEO da Flex Interativa, startup pioneira no metaverso no Brasil.

Em janeiro de 2022, por exemplo, a Roca Brasil Cerâmicas foi uma das primeiras empresas do setor da construção a se aventurar na apresentação de seus lançamentos no metaverso, simulando um showroom virtual, com produtos em cores e texturas fidedignas. Além da exibição dos itens, a empresa também ofereceu aulas de gastronomia, palestras com especialistas e games com premiações, tudo no ambiente virtual.

A IMERSÃO NO UNIVERSO VIRTUAL PODE LEVAR A UMA ALIENAÇÃO ACERCA

DA EXISTÊNCIA CONCRETA E UMA

INTOLERÂNCIA ÀS FRUSTRAÇÕES

QUE A VIDA REAL ACARRETA

A Primeira Casa Digital

A Mars House, primeira casa virtual vendida no mundo, é um projeto feito por Krista Kim, que foi vendido por 288 Ethereum, uma das criptomoedas mais valorizadas. O montante, convertido para reais na época da transação, equivalia a cerca de R$ 2,75 milhões.

A casa desenhada pela artista plástica consiste em um arquivo 3D e pode ser explorada por meio de realidade virtual ou aumentada. A propriedade digital parece uma escultura artística que brinca com luzes e formatos. Segundo Kim, sua ideia foi criar uma casa com o objetivo de cura, incluindo tecnologias de ponta para garantir o bem-estar. Não por acaso o arquivo vem acompanhado por uma trilha sonora feita pelo músico Jeff Schroeder, da banda de rock alternativo The Smashing Pumpkins.

Um Novo Mercado Arquitet Nico

As soluções do metaverso alcançam a construção civil. A tecnologia sempre foi uma aliada de designers, arquitetos e engenheiros, e o metaverso vem aumentando as possibilidades. Construir, projetar e decorar no metaverso deve ser uma das tendências dominantes nos próximos anos, o que vai proporcionar experiências únicas para os clientes.

Imagine o seu avatar levando-o para onde você quiser e permitindo experiências contínuas, inovadoras e lúdicas. Além de construir ativos digitais, como casas, edifícios e cidades para vender para jogos, filmes e outros ambientes virtuais, você poderá criar projetos arquitetônicos exclusivos para os colecionadores de NFTs, executando simu- lações de cenários reais no mundo virtual, dentre outras coisas.

O papel do arquiteto e do designer neste contexto é o de criar os espaços onde acontecerão as interações dos avatares. O metaverso também possibilita a venda do projeto não só uma vez, mas sim diversas vezes, para empresas diferentes, sem precisar refazê-lo, já que o código está pronto.

Em contrapartida, no metaverso o projeto ficará somente no âmbito virtual e, por isso, alguns dos limites de construção civil podem ser deixados de lado: o projeto de arquitetura no mundo virtual deve apenas ser acessível aos seus usuários, os avatares.

Para contemplar essa demanda, a empresa Zaha Hadid Architects (ZHA) já criou uma pequena cidade virtual chamada “The Liberland Metaverse”. Assim que estiver concluída, os usuários poderão comprar lotes e acessá-los com seus avatares. A cidade terá prefeitura, lojas, espaços para trabalho corporativo, incubadora de negócios e uma galeria de exposição de arte NFT.

O arquiteto que tiver interesse em ingressar no metaverso precisa estar familiarizado com big data, inteligência artificial, realidade aumentada e realidade virtual. É importante também aprender a programar para conseguir produzir os seus projetos.

Analisando o avanço desse mercado, o psicólogo Londero destaca que um dos fatores positivos do universo digital refere-se ao processo criativo, pois mais facilmente se materializa aquilo que está em nosso imaginário. E conclui que nesse universo não existe algo totalmente bom, nem totalmente ruim, pois tudo é uma questão de ética e de equilíbrio.

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