Revista Estilo Zaffari - Edição 96

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Sabor

Delícias feitas com o precioso mel de abelhas sem ferrão

3 SUITES | 116M² 2 VAGAS ST A NDDE V END AS RU A SANTACECÍLIA, 2 22 2 melnick.com.br/hillside

Registro de Incorporação sob o nº R3/210.710 em 21/05/2021 no Cartório da 1ª Zona do Registro de Imóveis da Comarca dePorto Alegre - RS. Projeto arquitetônico: Escritório Baldasso Arquitetura e Engenharia CAURS A20382-3. Projeto Paisagístico Implantação: Creare Paisagismo CREA 112.321. Projeto de decoração:Escritório Maena CAURS329673. Projeto de luminotécnica: Sandra Thomé Studio de Iluminação CAURS9999-6. As condições de pagamento e reajuste apenas estarão disponíveis no plantão de vendas. Possíveisalterações de projetoe/ou decoração dos ambientes serão executadas de acordo com o memorial descritivo do empreendimento.Todas as imagens são ilustrativas.

Milene Leal milene@entrelinhas.inf.br

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO

REDAÇÃO Bete Duarte, Beto Conte, Milene Leal, Taciane Corrêa

REVISÃO Flávio Dotti Cesa

DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade

ILUSTRAÇÕES Moa

FOTOGRAFIA Letícia Remião, Beto Conte

COLUNISTAS Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Cris Berger, Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Tetê Pacheco

EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS)

COMERCIALIZAÇÃO Carlos Eduardo Moi (eduardo@entrelinhas.inf.br) Fones: 51 3026.2700 e 3024.0094

A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Entrelinhas Conteúdo & Forma, sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. DISTRIBUIÇÃO

EXCLUSIVAMENTE DIGITAL. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.

CRIAÇÃO E ELABORAÇÃO www.entrelinhas.inf.br

FOTO: LETÍCIA REMIÃO
Delícias feitas com o precioso mel de abelhas sem ferrão

SEMPRE EXISTE UM BÔNUS

Zipt, zapt, zum! O ano passou voando e já é hora de falar em Natal, Ano Novo, férias. Aposto que na sua família já começaram as conversas sobre as festas. Acertei? Depois de um 2020 de pouquíssimos encontros e de comemorações muito íntimas, em 2021, graças à vacina, já é possível planejar festas de verdade, mesmo que ainda com muita atenção aos protocolos de prevenção da Covid-19.

Viajar também já é uma possibilidade. Os brasileiros que costumavam ir sempre para o exterior descobriram um Brasil cheio de atrações e de lugares belíssimos. Aliás, aqui na redação nós temos um lema: procurar sempre o bônus que vem embutido mesmo nas situações mais negativas. E a pandemia inegavelmente nos trouxe esta lição: o Brasil é, sim, bonito por natureza e estamos tendo a chance de olhar com mais carinho para o nosso país. Já quem não abre mão de usar o passaporte, finalmente pode escolher dentre vários países que abriram suas fronteiras para nós. Nesta edição, o globetrotter Beto Conte nos apresenta a Córsega, uma charmosa ilha francesa no Mediterrâneo.

O tema da seção Sabor é bem brazuca: o mel de abelhas sem ferrão e o uso dele na culinária. A jornalista especializada em gastronomia Bete Duarte nos conta tudo sobre esse ingrediente maravilhoso. O chef Carlos Kristensen, do Hashi, compartilha com os leitores da Estilo Zaffari quatro receitas deliciosas em que o mel faz toda a diferença. E a mestra Letícia Remião fotografou tudo, para encher nossos olhos de beleza e agitar as papilas gustativas.

Se você, assim como eu, até que tá curtindo estar dentro do casulo, ficar mais em casa, se envolver em atividades tranquilas no aconchego do lar, vai amar a matéria assinada pela jornalista Ana Guerra. Com o texto “Verde que te quero verde”, Ana nos fala sobre a forte tendência de colocar a natureza, plantas de verdade, muito verde dentro de casa. Veja as fotos dos lares repletos de verde que ilustram a matéria e inspire-se.

Aproveite também as dicas da seção Cesta Básica e os textos maravilhosos dos nossos colunistas. Boa leitura e até dezembro!

Mel de abelhas sem ferrão: preciosidade da natureza para a gastronomia

Alho negro: textura macia, sabor leve

Trazer o verde das plantas para dentro de casa é tendência!

Aventure-se na descoberta do sabor de vinhos feitos de uvas “diferentes”

70 60

e adocicado, inúmeros benefícios à saúde 24

Cesta básica

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA

DICAS E SUGESTÕES

PARA VIVER BEM O DIA A DIA

CURTIR A CASA E SE DIVERTIR:

MÚSICA, MODA, LITERATURA,

ARTE, LUGARES, OBJETOS

ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, COMIDINHAS, COMPRAS. BOM PROVEITO!

POR TACIANE CORRÊA FOTOS DIVULGAÇÃO

MODERNA COZINHA ASIÁTICA EM SÃO PAULO

O restaurante Dasian traz para o Brasil a moderna cozinha asiática, comandado pelo chef Flavio Miyamura, com uma proposta de servir pratos para compartilhar. “Nossos pratos são uma forma diferente e especial de comer. Sempre em porções para compartilhar, fazendo uso de técnicas de vanguarda para proporcionar ao cliente a experiência sensorial de aromas nunca sentidos, cores nunca vistas e sabores nunca visitados”, diz Flavio.

de tofu com chocolate branco. Também é possível optar pelo menu degustação, servido no mínimo para 4 pessoas.

A moderna adega do Dasian chama a atenção, acolhendo 200 rótulos, com vinhos do Novo e do Velho Mundo. Também se destacam os drinks autorais e os sakes importados do Japão.

Além do cardápio variado, outro destaque do restaurante é a ambientação, que tem linhas retas, contemporâneas, mesclando pedras, madeira, colunas de aço e vidro. Esses elementos ficam em evidência pelo pé-direito, que permite também acolher árvores e plantas na parte interna. A cozinha, localizada ao fundo do salão, é aberta e proporciona a visão completa de toda a preparação dos pratos. Uma seleção musical moderna e descolada deixa o ambiente ainda mais animado.

A primeira seção do cardápio tem entradas quentes e frias, com sugestões como o duck lettuce wrap, o frango satay e o dynamite camarão. Depois das saladas vem a seção de sushis, que inclui os especiais centola trufada e atum foie gras. A seção de pratos quentes tem duas áreas: especial dasian, com o pato ou porco pequim, e a área de pratos principais, com opções como ovo com cogumelos e tofu trufado e cordeiro hasin Oito sugestões de sobremesa completam o cardápio, com doces como o creme brulee matcha e o creme @DASIANSP I WWW.DASIAN.COM.BR

Cesta básica

UM NOVO CONCEITO DE HOTEL

A rede Swan Hotéis lança o Swan Generation, um empreendimento híbrido que apresenta três formatos: hotelaria design, coliving e coworking. O empreendimento abriu em modo soft open em 1º de setembro e combina vida e trabalho em um ambiente inovador e focado em experiências coletivas.

O espaço de coworking conta com estações de trabalho que podem ser contratadas por diária ou offices privativos para locações por períodos maiores, que vão de mensais a anuais, além de toda a infraestrutura: salas de reunião, de brainstorm, copa/cozinha coletiva, entre outras áreas que estimulam a interação. A Splace assina o coworking e é também responsável pela cogestão. A ideia é tornar o complexo um hub de startups que atuam no mercado imobiliário, na arquitetura e na construção civil, as chamadas proptechs.

Já o coliving é uma opção contemporânea de moradia ou hospedagem temporária, pensada para quem quiser (con)viver na comunidade do Swan Generation de forma compartilhada e descontraída. São quartos

coletivos, com quatro ou oito camas, locadas individualmente. Uma cozinha equipada com copa, estar de TV e mobiliário para uso coletivo exclusivo do coliving vai unir ainda mais os consumidores contemporâneos, acostumados a trocar vivências de forma espontânea e não linear.

Quem optar pela hotelaria design terá como alternativa apartamentos com curadoria de arte em cada unidade, com obras selecionadas de artistas plásticos e fotógrafos gaúchos. Algumas unidades desta linha de hotelaria tradicional têm opção de formatação similar aos flats, equipados com cozinha completa e estar. Um dos pontos altos são os apartamentos especiais, com tecnologia de comando de voz por meio da inteligência artificial Alexa e check-ins e check-outs 100% digitais, feitos em um app. Esse app também permitirá a abertura de portas por bluetooth do celular e a realização de pedidos à recepção.

WWW.SWANHOTEIS.COM.BR

CAFÉS ESPECIAIS E ARTE

Cafés, sanduíches e releituras de doces clássicos em um espaço aconchegante e repleto de arte e cultura. Esse é o Café Porto Farrô, que recentemente abriu suas portas pertinho do Parque da Redenção, em uma casa de arquitetura tradicional do bairro. Os cinco ambientes da casa propiciam viver bons momentos em confortáveis sofás e poltronas, ou até mesmo trabalhar no silêncio harmônico do coworking que o local oferece. O Farrô ainda tem mesinhas ao ar livre, espaço para eventos e exposições artísticas. No segundo andar há uma galeria própria, com exposições temporárias, obras interativas e homenagens a escritores gaúchos, além de livros sobre Porto Alegre. “Queremos ouvir e compartilhar as melhores histórias que a capital gaúcha tem para contar. Nosso projeto arquitetônico transita entre os estilos urbano, industrial e moderno, resgatando lembranças afetivas, valorizando a diversidade e possibilitando experiências sensoriais inesquecíveis”, diz o proprietário, Lucas Eibs.

@CAFEPORTOFARRO

WWW.CAFEPORTOFARRO.COM.BR

O ENCANTAMENTO

DAS PEDRAS NATURAIS

Kûara – marca de joia criada por Luciana Guindani – tem sua origem no Guarani e significa sol. A empresária é mais uma que se reinventou na pandemia e apostou em uma loja on-line com uma linha exclusiva de home décor. A loja é especializada em joias e pedras de decoração, com peças em ouro 18k e certificado de autenticidade. Como a marca utiliza pedras naturais, cada peça possui uma beleza única, exclusiva.

Entre a diversidade de produtos destacam-se as bases de apoio, mesas, porta-copos, tábuas para petiscos, velas, tampas de vinho e taças, acessórios para celular, kit lavabo (porta-sabonete, difusor e bandeja), entre outros produtos. Já no quesito joias, as opções são brincos, colares e braceletes.

@KUARAJOIAS

FUSÃO CRIATIVA DE ESPECIARIAS

A ideia central do casal Taiana e Ícaro partiu da busca por sabores e temperos saudáveis que fizessem diferença no dia a dia. E foi assim que nasceu a Madras Ervas e Especiarias, com foco na praticidade e visando tornar o ato de cozinhar uma experiência mais prazerosa. Os temperos são blends de ervas e especiarias selecionadas, à base de sal marinho não refinado, sem a utilização de corante, conservante ou aditivo químico. O processo de fabricação é todo artesanal e cada sabor criado tem uma história e inspiração nas culturas gastronômicas do mundo. Sempre em busca de novas combinações, o casal vem aprimorando cada blend e buscando excelência em sabor e qualidade. Já são quatro linhas de temperos disponíveis, todos elaborados a partir de receitas originais. “Cultivamos a criatividade e uma alimentação o mais natural e orgânica possível, e isso é o que queremos passar para os temperos.” Nas linhas de produtos destacam-se os blends à base de bergamota e as masalas, que, além de serem usadas em pratos salgados, são super bem vindas em doces, tortas e cafés.

O MOVIMENTO DA CERÂMICA

A artista plástica pelotense Renata Martins trabalha com cerâmica desde 1995. Demorou a encontrar seu estilo, pois as peças certinhas e desenhadas não a satisfaziam. Quando começou a trabalhar com óxidos e com peças mais rústicas foi que entendeu o que realmente queria com sua arte. Hoje o trabalho de Renata é totalmente autoral, resultando em peças únicas cheias de criatividade. “Faço da cerâmica um paralelo com a vida, onde temos que aprender a respeitar o tempo das coisas e entender que não temos o controle de tudo”, diz a artista. Suas peças utilitárias, embora tenham que ser funcionais, carregam um ar mais rústico e algumas vezes aceitam os caprichos da argila, como algumas trincas e até distorções. Além do trabalho em esculturas e peças utilitárias, Renata também ministra aulas em seu ateliê.

@RENATAMARTINSATELIE

APAIXONADOS POR

ASSADO

Desde abril deste ano opera na capital gaúcha o Ruta asado y bar, mesclando o tradicional churrasco gaúcho com uma pitada de parrilla uruguaia e um punhado de assado argentino. Tudo é preparado aos olhos do cliente, de forma transparente e supercool, já que tanto a parrilla quanto o bar são abertos e ficam no coração do restaurante. Soma-se a isso um generoso toque brasileiro, em um ambiente agradável para uma boa conversa e uma experiência única de consumo. No cardápio, diferentes opções de cortes, como assado de tiras, entraña, matambrito e o prime rib suspenso, com manteiga de ervas que derrete na focaccia. Isso tudo somado às entradas e às guarnições preparadas no fogo. É um pecado deixar de provar as sobremesas, em especial a banana na brasa com gemada, doce e divina. Em dezembro, reabre sua operação de verão no Ramblas by Roubadinhas em Atlântida.

@SIGALARUTA

Cesta básica

RIVERSIDES LANÇA DELIVERY DE SUSHI PREMIUM

O prestigiado restaurante Riversides lança a marca de sushi Riversides Black Label 92, linha única criada, em comemoração aos 30 anos a serem celebrados em 2022. A linha especial consiste em um menu minimalista, privilegiando excelência e refinamento a cada peça. Elaborado com os melhores ingredientes da estação e especiarias do mar, contemplando criações contemporâneas originais dos sushimens, que primam por delicadas preparações. Para validar a experiência de exclusividade, a linha é limitada a 30 combinados por dia. Os pratos podem ser apreciados somente via delivery.

O menu Black Label 92 é composto por receitas irresistíveis, elaboradas com ingredientes como a barriga do salmão (harasu), parte mais nobre e gostosa do peixe, camarões e outras iguarias. O Combinado Contemporâneo, por exemplo, possui 14 tipos de

peças, e é indicado para quem procura degustar mais variedades. Já o Combinado Omakase é produzido com seis espécies de peças, oferecendo criações personalizadas, que surpreendem em cada pedido. Para fechar a excêntrica experiência gastronômica, o cardápio ainda oferece uma deliciosa opção de sobremesa, o Mousse Black Label, um doce de chocolate com ganache de limão siciliano.

Além da linha exclusiva, o tradicional sushi do Riversides segue com seu menu. São cerca de 20 tipos de combinados, entre eles o Low Carb, Gestantes, Kids, etc. O restaurante decidiu dar ênfase no que se tornou seu carro-chefe: a culinária japonesa. O Riversides, que sempre foi reconhecido pela diversidade da sua gastronomia, levantou a bandeira do sushi e passou a oferecer exclusivamente essa culinária.

DELIVERY: DIARIAMENTE, DAS 18H ÀS 23H I PEÇA ONLINE: WWW.RIVERSIDES.COM.BR/PEDIDO-ONLINE I WHATSAPP: (51) 98183.6696

COLHEITAS O ANO TODO

O Brasil é o único país no mundo que consegue colher uvas ao longo de todo o ano e em paralelos diferentes. Para mostrar um pouco dessa diversidade, a enóloga Juciane Casagrande Doro e a sommelière Andreia Milan, da Amitié, acabam de lançar a coleção Colheitas, com cinco vinhos especiais. O Colheita de Primavera é um rosé de Tempranillo, exemplo da viticultura tropical do semiárido do Vale do São Francisco, na Bahia, com duas colheitas por ano. O Verão tem dois exemplares da viticultura tradicional (de janeiro a março) do Rio Grande do Sul. O primeiro, um Cabernet Franc da Serra Gaúcha, e o segundo, um Tannat da Campanha. Para representar a colheita de Outono, um blend de Merlot, Malbec, Cabernet Sauvignon e Montepulciano, com uvas colhidas de janeiro a abril, no Planalto catarinense. O Colheita de Inverno é uma amostra da inovadora colheita de julho a agosto, resultado da técnica de poda dupla, expressada no Shiraz de vinhedos da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais.

Os cinco vinhos reunidos são uma oportunidade de conhecer produtos de diferentes terroirs (Bahia, Serra e Campanha do Rio Grande do Sul, Planalto de Santa Catarina e Sul de Minas Gerais) e de estações diversas.

JUCIANE E ANDREIA

COM A COLEÇÃO COLHEITAS

ESPECIALIDADE EM FRUTOS DO MAR

O Restaurante Maré abriu no início do mês de agosto com a proposta de surpreender os clientes com suas especialidades em frutos do mar. São vários petiscos, como bolinho de bacalhau, iscas de peixe, camarão crocante, anéis de lula na manteiga, casquinha de siri, ostras ao bafo, ceviche, entre outros. Já entre os pratos principais destacam-se o fetuccine com camarão al limone e o polvo com legumes. E para finalizar há uma variedade de sobremesas que já são conhecidas de quem acompanha o trabalho da Chef Tati Forster, como a cheesecake e a minipavlova de frutas vermelhas. Localizado em uma esquina do Parcão, tem ambiente superdespojado e aconchegante. A ideia foi trazer um pouquinho da praia para a cidade. Aquele clima despretensioso, de quem quer só curtir e contemplar a paisagem, petiscar e beber um bom drink, um vinho ou uma cerveja. Quem assina o cardápio é a proprietária e chef Tati Forster, sócia do Toninho, que já foi proprietário do Elo Perdido e, mais recentemente, do Basco Loco.

@MARERESTAURANTE

FASCINANTES ATRAÇÕES NATURAIS

O arquipélago da Madeira, famoso por suas paisagens naturais, está localizado em meio ao Oceano Atlântico, distante cerca de 1h30 de voo de Lisboa. Com uma infraestrutura turística excelente, continua sendo um dos destinos mais seguros para se visitar na Europa, com baixo número de casos de Covid-19 e boa taxa de vacinação da população. Este paraíso português tem atrações que permitem um maior contato com a natureza. São florestas, falésias, praias, cidades, montanhas, jardins e reservas naturais, que demonstram toda a diversidade de ambientes do arquipélago. É considerado o melhor destino insular do mundo. De origem vulcânica, sua localização privilegiada proporciona clima ameno e mar com temperatura agradável o ano inteiro. O arquipélago é formado por um conjunto de ilhas, sendo as principais – e únicas habitadas – Madeira e Porto Santo. Há excelentes opções em balneários,

monumentos históricos e ótimos hotéis e restaurantes, onde se pode provar a deliciosa gastronomia e os premiados vinhos madeirenses.

Considerada Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, a Floresta Laurissilva ocupa cerca de 20% do território da ilha e tem trilha e um lago formado por uma queda d’água de cerca de 100 metros.

Outro atrativo são as piscinas naturais de Porto Moniz e Seixal, compostas por rochas de origem vulcânica onde o mar entra naturalmente. E a cordilheira central da Ilha, localizada a 1.400 metros de altitude, que engloba altos picos e vales profundos. O local é de uma beleza exuberante e proporciona vistas de tirar o fôlego. Além disso, é possível conhecer cinco importantes reservas localizadas na ilha.

PARCERIAS EQUILIBRADAS

As uvas da Coxilha dos Vinhedos de Santana do Livramento vêm conquistando espaço no mercado. A vinícola Almabaska fechou algumas parcerias para oferecer os produtos da região. Com a responsabilidade técnica da Vinícola Don Giovanni são produzidos três tipos de espumantes Arlekina, pelo método tradicional champenoise, com segunda fermentação em garrafa e tiragens reduzidas. As três espumantes são a Arlekina Brut Rosé, a Blend Brut e a Arlekina Nature, mais seca e com maior cremosidade: não tem adição de açúcar no licor de expedição e permanece 24 meses exposta às leveduras durante a espumantização.

Já para a produção de vinhos a Almabaska fez parceria com a Vinícola Pizzato. Em 2017 foram produzidas as primeiras garrafas Tannat e Arinarnoa, uma combinação inesperada. Com a safra 2020 voltaram a vinificar a Tannat, agora um varietal de reserva, que poderá ser apreciada a partir de 2023. Enquanto isso, trabalham com a Cabernet Sauvignon, produzindo um vinho que surpreende: no sul do Brasil e no Uruguai é muito raro se obter essa uva, devido à latitude, fato que foi superado pelas bondades da safra 2020.

A uva Arinarnoa chega no final do ano em um vinho leve e frutado, um verdadeiro “tinto verano”. E no próximo ano a Almabaska volta com a produção do Tannats em blend com Arinarnoa. @ALMABASKA_OFICIAL

COMIDA SAUDÁVEL E CONFORTÁVEL

O Eat Kitchen nasceu em Novo Hamburgo em 2019 e chegou a Porto Alegre no ano passado, com o propósito de impactar as pessoas de forma positiva por meio de uma alimentação saudável, gerando transformação do corpo, da mente e do espírito. A escolha de produtores locais e insumos orgânicos aproxima os clientes da comida de verdade, sem sabores artificiais ou conservantes. As comidinhas leves do Eat são saboreadas em ambientes acolhedores, internos ou ao ar livre. No cardápio variado há opções criativas com frutos do mar, frango, carnes e vegies. Algumas delícias são o Bowl Mar (filé de peixe, purê de moranga e farofa crocante de banana) e o Amalfi (massa sem glúten, camarões salteados, mozzarella de búfala, tomate cereja com manjericão, amêndoas laminadas e um toque de limão siciliano). Os doces funcionais já conquistaram os clientes: cookies, sorvetes, tortas e brownies. Logo, logo será possível desfrutar de tudo isso as margens do Guaíba: a terceira unidade EAT já está prontinha para ser inaugurada no Cais Embarcadero.

WWW.EATKITCHEN.COM.BR @EATKITCHENGRAM

PURA CRIATIVIDADE

NO 4º DISTRITO

Uma iniciativa diferente e ousada, que reúne café, pub, restaurante, espaço de coworking, minifloricultura e oferece um cardápio ativado da abertura até o fechamento, de segunda a domingo. Esse é o Ofertório, onde é possível pedir um quindim à noite, um drink no almoço ou mesmo cappuccino no jantar, e almoçar a qualquer hora. Inaugurado em maio nesse recanto charmoso da cidade, o 4º Distrito, numa casinha geminada com quase um século de história. Um lugar onde expressão artística, sensibilidade e aconchego estão em todos os detalhes. O Ofertório é uma criação do casal de proprietários Rodrigo Guimarães e Andrea Venzon. Ela mora na casa da direita, ele na casa da esquerda, e no meio foi construído este incrível espaço. O processo de retrofit arquitetônico colocou em forma a antiga morada. Deixaram os tijolos à mostra, instalaram uma iluminação cenográfica, encheram a casa de plantas, obras de arte, peças garimpadas em briques e mensagens carinhosas pelas paredes, não se distanciando da decoração mais industrial, característica de boa parte dos empreendimentos novos da região.

@OFERTORIOPOA

ST. TROIS MAISON

Oferecendo uma experiência ainda mais exclusiva, a grife St. Trois inaugura seu espaço próprio, no bairro Moinhos de Vento. Idealizada nos mesmos conceitos da marca, a casa é simples, chique e acolhedora.

A St. Trois Maison foi arquitetonicamente pensada para proporcionar atendimento exclusivo. A decoração inclui um divã, objeto que homenageia o famoso sofá da loja anterior, conhecido pela troca de histórias e pelos laços criados entre clientes e a marca. No ambiente externo, há um espaço para curtir em todas as estações, com um charmoso deck, um belo jardim e uma lareira aconchegante para os finais de tarde mais frios. Outra novidade da marca é o lançamento do e-commerce.

@STTROIS

WWW.STTROIS.COM

IMUNIDADE EM ALTA

A Bonjour, Hi! Surgiu do desejo de duas empreendedoras apaixonadas por esporte e vida saudável de dar um up na imunidade e na performance, por meio do uso de ingredientes naturais na alimentação. Foi assim que surgiu a ideia de preparar blends com fórmulas cuidadosamente escolhidas e fracionadas por nutricionistas, para potencializar as propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias das poderosas especiarias, auxiliando no sistema imunológico. Com produção artesanal, os ingredientes são selecionados um a um, valorizando os produtores locais e priorizando os orgânicos. Disso resulta uma composição de vitaminas, minerais e ingredientes ricos em antioxidantes, derivados de frutas, raízes e especiarias. Tudo livre de corantes ou aromas artificiais. Atualmente, a marca oferece três shots naturais superconcentrados de fitoquímicos e compostos bioativos antioxidantes, com receitas exclusivas. Podem ser consumidos dissolvidos em água, sucos,

chás, leite ou usados em inúmeras receitas, desde tortas e bolos até pratos salgados, pois são ótimos para dar um toque especial em legumes, ovos mexidos e saladas.

O Boosting Shot une ingredientes estimulantes e termogênicos que auxiliam no rendimento físico e retardam a fadiga. O Defense Shot é perfeito para aumentar a imunidade, pois reúne especiarias que auxiliam na regulação da flora intestinal e reforçam o sistema imunológico, além de ser um poderoso antioxidante. Já o Golden Milk é um alimento funcional que traz uma dose de bem-estar para o corpo, mente e alma, harmonizando perfeitamente a tradição milenar ayurvédica e os superalimentos contemporâneos. Uma das sugestões é tomá-lo com leite vegetal quentinho adoçado com mel ou tâmaras.

ONJOURHIHEALTHY.COM.BR

@BON.JOURHI

SURPRESA CHARMOSA

NO INTERIOR

Agora é possível se hospedar em uma das poucas charqueadas remanescentes na cidade de Pelotas. Uma das fábricas de carne salgada – que foi a base da economia próspera da cidade nos séculos 18 e 19 – transformou-se em pousada de charme às margens do Arroio Pelotas, mantendo muitas das suas características originais. O novo e o antigo convivem em harmonia, propiciando uma experiência única, em um cenário encantador. São 18 suítes recentemente restauradas e preparadas para oferecer o melhor aos hóspedes. Os aconchegantes quartos têm vista para o jardim ou para o rio e uma decoração charmosa e romântica, com antiguidades da época. A Charqueada Santa Rita ocupa 12 hectares arborizados e tranquilos às margens do Arroio Pelotas, onde é possível desfrutar da natureza exuberante e de uma piscina com vista deslumbrante, ter acesso gratuito ao campo de golfe (localizado no Dunas Clube, a 1,3 km da propriedade da pousada) e conhecer parte da história da região no museu local. Além do variado café da manhã, o local oferece uma gastronomia que vai do “Sal ao Açúcar”, o sabor da culinária da época das charqueadas.

WWW.CHARQUEADASANTARITA.COM.BR

@CHARQUEADASANTARITA

CULINÁRIA FUSION

ORIENTAL E GAÚCHA

Inaugurado em 2021 na capital gaúcha, o Mizu oferece um cardápio variado, com criações exclusivas que despertam sensações e pretendem proporcionar verdadeiras experiências gastronômicas.

“A ideia foi fundir os sabores orientais com a tradição gaúcha. Na fusion Mizu Japanese Cuisine queremos despertar memórias e oferecer aos clientes a oportunidade de desfrutar os sabores do mundo”, explica o chef Luciano Rodrigues. Algumas opções inusitadas do cardápio são a massa negra de frutos do mar frescos, onde o lagostim é o protagonista e a bottarga finaliza o prato; já o niguiri faz referência ao churrasco gaúcho, trazendo o niguiri de angus, associado ao cítrico da bergamota; e o ebi sasori é composto por um camarão finamente preparado e temperado ao molho de rosa.

@MIZURESTAURANTE

DOCE REINAUGURAÇÃO

O espaço Griffe Patisserie reinaugurou há quatro meses sob nova gestão, após reforma nos ambientes e criação de um novo cardápio. A casa oferece produtos artesanais e fresquinhos, pois conta com confeitaria, padaria e restaurante, abertos todos os dias da semana. O espaço interno é aconchegante, com música ambiente; o deck é bem arejado, com espaço verde e petfriendly, e tem bicicletas para empréstimo aos clientes.

Durante a semana oferece almoço executivo e nos finais de semana um cardápio a la carte. A padaria produz pães artesanais, de fermentação natural, além de croissant, quiches e doguinhos. Da confeitaria saem doces tradicionais, como mil-folhas, strudel, brigadeiros, palha italiana e uma variedade de tortas – destaque para a Torta Griffe, de ninho com nutella, e a Chamonix, de doce de leite com nozes e bombom, finalizada com caramelo. Os delicados entremets e a bavaroise de frutas vermelhas com cobertura de ganache de chocolate branco também são queridinhos do local, assim como o café William & Sons, que pode ser moído na hora e levado para casa. A Griffe Patisserie também trabalha com encomenda de tortas, doces e salgados, box de frios e cestas de café da manhã, além de mimos corporativos.

@GRIFFEPATISSERIE

LITERATURA + CAFÉ = COMBINAÇÃO PERFEITA

Inspirada no escritor Prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez, a cafeteria Senhor Gabo estava fechada há dez meses e agora reabre com novos proprietários. Próxima a diversas livrarias e sebos, e também da Biblioteca Pública Estadual e da Feira do Livro, a casa, no coração do Centro Histórico, traz aconchego e um mundo particular, que relembra as obras do autor. Flores amarelas estão dispostas na janela de entrada, parafraseando uma frase de sua autoria: “enquanto houver flores amarelas nada de mau me pode acontecer.”

A confeitaria, especialidade dos novos sócios, produz doces artesanais como a torta blindada, o naked cake, o dressed cake e bolos caseiros. Mas o carro-chefe é o pudim – lisinho, sem furinhos, cremoso e em uma embalagem que você pode levar para casa e desenformar no almoço em família.

A Senhor Gabo oferece café espresso como cortesia para quem apresentar o cartão comprovando que tomou as duas doses da vacina contra a Covid-19 e tem também incentivo para quem estiver em home office ou em estudos na cafeteria.

@SENHORGABO

TRIP & TRAVEL REPAGINADA

A Trip & Travel Viagens e Intercâmbios, empresa com o selo de qualidade VIRTUOSO, concedido às melhores agências de viagens do mundo, e que atua em Porto Alegre desde 1988, está repaginada. A empresa, conduzida pelo globetrotter Beto Conte, que já percorreu 139 países nos seis continentes, é renomada por seus Petit & Grand Tours – viagens de imersão cultural desvendando a diversidade natural e cultural do planeta. A agência gaúcha construiu a história do intercâmbio no Rio Grande do Sul junto com o STB, empresa que representou com exclusividade por mais de três décadas, que abre loja própria na cidade. A qualificada equipe Trip & Travel, com ampla vivência internacional e que é referência em educação internacional, segue na orientação de cursos no exterior e na sua missão de proporcionar experiências transformadoras.

LITORAL CATARINENSE TERÁ A PRIMEIRA VINÍCOLA SUBAQUÁTICA

Já pensou em mergulhar para visitar uma área de envelhecimento de vinhos e depois degustar os produtos retirados diretamente do mar? Pois essa é a proposta que começa a tomar forma em Bombinhas, Litoral de Santa Catarina. A ideia de criar o projeto Adega de Vinhos Subaquáticos e Enoturismo é de Raniére Balestro, sócio fundador da empresa de mergulho Pata de Cobra, e de Eduardo Lazzarin, instrutor de mergulho e sommelier da empresa Catta Wines, ambas da cidade catarinense, com o apoio da Prefeitura local.

A previsão é de que, até novembro, mil garrafas de vinhos de vinícolas da Serra catarinense sejam submergidas no mar, dentro de uma gaiola de aço inox, entre as praias de Bombinhas e do Retiro. Devendo permanecer a uma profundidade entre 10 e 15 metros, de 3 a 6 meses. Biólogos e sommeliers vão acompanhar de perto a evolução da bebida, com degustações periódicas.

O projeto, no entanto, vai mais além: prevê que os visitantes possam mergulhar e visitar o local, escolher o que beber e degustar a bebida, então, em terra firme. Restaurantes de Bombinhas também deverão servir esses vinhos especiais.

Enólogos, há algum tempo, vêm testando novas técnicas para criar rótulos cada vez mais incomuns. Mas seria apenas esse o motivo para submergir o vinho no mar? A justificativa, na verdade, é de que o Oceano oferece um ambiente fresco e pressurizado, ausência de luz e relativa falta de oxigênio, além de temperatura, baixas e quase constantes. Tudo o que vinhos e espumantes gostariam para uma boa maturação. E mais: a bebida submersa por 3 a 6 meses teria característica de envelhecimento correspondente a 2 a 3 anos.

Apesar de se tornar a primeira vinícola subaquática brasileira, essa não é uma ideia nova para evoluir vinhos nacionais. Em outubro de 2016, a vinícola Miolo foi a pioneira: criou o projeto Under de Sea e submergiu um lote de 500 garrafas do espumante Miolo Cuvée Tradition Brut nas águas da Ilha de Ouessant, na Bretanha,

IPSIS

na França. Quando retirado, um ano após, o espumante surpreendeu pela evolução apresentada. Em provas às cegas, os resultados indicaram que os espumantes apresentaram sabor mais rico e floral, adquiriram complexidade sem perder o frescor, além de notas de manteiga e castanha.

A degustação desse produto pelos consumidores em geral depende apenas de uma licença de comercialização, que está tramitando nos órgãos oficiais. A garrafa será entregue em uma embalagem que imita um escafandro e vem acompanhada de uma mapa que mostra a localização exata de onde foi submersa. Outros lotes já foram submersos.

ORIGEM DA IDEIA

A ideia concreta teria surgido há cerca de dez anos, quando uma equipe de mergulhadores encontrou no mar Báltico 168 garrafas de champagne em um navio naufragado. Entre elas, 48 de Veuve Clicquot de 1839 a 1841. Amostras analisadas mostraram que várias das garrafas mantiveram boas condições e estavam aptas

ao consumo. Leiloadas, algumas alcançaram quase US$ 15 mil. O que fez com que muitos produtores resolvessem experimentar o envelhecimento de vinhos embaixo d’água.

Conta-se, no entanto, que a experiência já havia sido testada antes. Em 2003, o espanhol Raul Pérez teria mergulhado garrafas de Rías Baixas, no oceano, por 60 dias. E Piero Lugano, da Ligúria, na Itália, teria tentado o método, em 2008, para solucionar o problema de falta de espaço para envelhecer os espumantes produzidos na sua vinícola Bisson.

Foi logo depois da descoberta no mar Báltico, porém, que vinícolas de diferentes partes do mundo decidiram empreender e mergulhar suas garrafas no mar como teste, com acompanhamento da evolução e análises dos resultados. Entre elas, a Mira Winery (Napa Valley), Château Larrivet Hant-Brion (Bordeux), Cavas Submarinas (Chile), Veuve Clicquot (França) e o Grupo Miolo (Vale dos Vinhedos). São espumantes, vinhos brancos e tintos e até Jerez que atualmente amadurecem nos oceanos.

Bastidores de Cozinha

Alho

Um alimento natural, versátil e saudável

Acredita-se que o alho negro tenha surgido na Coreia do Sul, sendo depois utilizado em grande escala no Japão, onde se tornou popular. O alimento, bastante consumido no Oriente, é produzido a partir do alho convencional: ele passa por um processo de maturação em que os bulbos são deixados em forno durante mais ou menos 40 dias, com alta umidade, entre 70% a 90%, temperatura de 65°C a 90°C e sem o acréscimo de qualquer tipo de aditivo químico. Assim, sob temperatura e umidade controladas, o alho é fermentado por um tempo, o que resulta em uma coloração escura, com novas características de textura (mais macia), odor e sabor. A fermentação também reduz o sabor e o cheiro fortes, o que confere ao produto um sabor adocicado – todo o açúcar que está dentro do alho natural aparece e suas propriedades medicinais são potencializadas.

POR TACIANE CORRÊA

Bastidores de Cozinha

Como fica o sabor?

O sabor do alimento torna-se adocicado e frutado, remetendo ao melaço e ao tamarindo, sem aquela característica pungente do alho comum. Também se pode notar um toque de aceto balsâmico e defumado, bem como a presença de um gosto umami. Ele é muito sutil e delicado.

INÚMERAS PROPRIEDADES

O alho negro traz diversos benefícios para a saúde. No Japão, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Showa elencaram mais de 20 propriedades medicinais dessa iguaria. Rico em antioxidantes, ele fortalece a imunidade, previne e ameniza os sintomas da diabetes e do câncer, apresenta resultados favoráveis no tratamento da insônia e da pressão alta, combate a prisão de ventre, dores

de estômago e gripes, o colesterol e a memória. Também exerce o efeito de um poderoso anti-inflamatório, combate o envelhecimento precoce e ajuda no emagrecimento. Além disso, possui efeitos neuroprotetores, hepatoprotetores e anticancerígenos. É possível dizer que essa versão do alho é mais nutritiva que o alho comum, pois com a fermentação suas propriedades tornam-se mais poderosas. Ressalte-se ainda que o alho negro é rico em vitaminas do complexo B, C e E. E, para completar, é igualmente fonte de minerais como cálcio, potássio, magnésio e zinco. Por tudo isso, pode ser considerado um alimento funcional, já que proporciona múltiplos benefícios para a saúde.

OBTIDO A PARTIR DO ALHO COMUM, O ALHO NEGRO TEM SABOR MAIS SUAVE E ADOCICADO, TEXTURA MAIS MACIA E PROPORCIONA MUITOS BENEFÍCIOS À SAÚDE

Na sua cozinha:

Confere um sabor muito agradável à comida e pode ser usado de várias formas, como em molhos, risotos, no tempero de carnes, saladas ou massas.

Para fazer o famoso pão de alho ou no preparo de pastas e geleias.

Para aromatizar azeites.

Seu sabor adocicado permite a utilização em sobremesas gourmet.

Por ser muito versátil, é utilizado em pizzas e na culinária japonesa.

Aqui no Brasil pode ser encontrado em empórios e em lojas de produtos naturais ou orientais.

Humanas criaturas

AS COISAS QUE DEIXAM DE SER NOSSAS

Eu tive por muitos anos um piercing no dente.

Um belo dia encontro uma amiga que me diz: ”Não acredito que você ainda tem piercing no dente!!!”.

Foi um chacoalhão. Ela me chamava a atenção para algo que eu nunca havia pensado, que aquela relação íntima entre o piercing e eu poderia ter um fim.

Foi bom enquanto durou, ele me emprestou estilo e uma certa ousadia por um período, mas logo passou a significar que eu estava ultrapassada. Eu tenho tatuagem desde os anos 80. E tenho com ela a mesma relação. Nunca a questionei. Ela mora lá, atrás do meu ombro, e porque não a vejo quase nunca lembro dela. Ela virou uma espécie de relógio biológico. Mostra claramente de que tempo vem a minha ousadia.

a um grupo e não a indivíduos. Quanto mais o tempo passa, mais claro fica o que as nossas escolhas representam a longo prazo.

A busca pela originalidade, pelas coisas que agregam sentido para o indivíduo de forma atemporal, deveria ser possível para todos no início da vida.

Imaginem quantas escolhas, se fôssemos dotados da visão a longo prazo, não teríamos feito de outra forma. Existe o que é eterno e o que veio passar uma chuva. Equilibrar as escolhas nos torna mais interessantes enquanto humanos.

Correr atrás da onda coletiva é possível, mas precisa estar clara a data de validade.

Com relação a piercings, tatoos, plantas na decoração, desenho de sobrancelha e a escolha de governantes existe essa questão para todos pensarem: não é preciso se agarrar a nada, vale deixar ir.

O tempo nos cobra uma atualização.

Pensar sobre isso tem sido interessante demais. É verdade que a maior parte das coisas que escolhemos para nos representar são datadas. Muitas inclusive são genéricas, seu significado diz respeito TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA

mel

DE ABELHA NATIVA

SEM FERRÃO

Um dos mais recentes queridinhos dos profissionais e amantes da gastronomia, o mel de abelha nativa sem ferrão tem impressionado pela cor, textura e variedade de sabores, invadindo a mesa dos restaurantes e de gourmets em forma de ingrediente para drinks, doces e até pratos salgados. Sem esquecer de cobiçadas porções de degustação.

Se ao ouvir falar em abelhas nativas sem ferrão você pensa naquelas grandes, pretas, com listras amarelas, retratadas nos desenhos animados, pode esquecer. As nativas costumam ser bem menores. E muito poucas têm listras amarelas no corpo. Algumas são totalmente negras. Os méis que elas produ-

zem também são bem diferentes. O ideal é não comparar com o conhecido e se abrir para novas perspectivas.

O que distingue esse mel de outros? Não é apenas o fato de ser produzido por abelhas com o ferrão atrofiado (Melíponas), também chamadas de indígenas ou nativas, diferentemente daquele das com ferrão (Apis mellifera), que foram originalmente importadas, conhecidas como africanizadas. Enquanto o mel das Apis é denso, tem alto teor de açúcar e facilmente cristaliza, o das melíponas é mais fluido, tem mais umidade (entre 23% a 30% mais água), mais acidez, mais adstringência e menor teor de açúcar (cerca de 70% menos).

POR BETE DUARTE FOTOS LETÍCIA REMIÃO

Sabor

O que, no entanto, mais tem atraído a atenção de quem está sempre em busca de conferir sabores diferenciados às receitas é a facilidade com que esse produto fermenta. E fermentação desde sempre mexe com o imaginário dos chefsde cozinha.

Carlos Kristensen, chef e proprietário dos restaurantes Um Bar & Cozinha e Hashi, ambos em Porto Alegre, explica que o mel das nativas trouxe uma enormidade de sabores, acidez, texturas e cores para a cozinha. “São novas possibilidades. É um mel que vai bem de pratos doces a salgados. Uma experiência que me agradou muito foi a de sorvete com esse produto, que fiz para um evento. Mas tenho desenvolvido vários pratos em que o mel das nativas vêm trazer novas sensações”, conta.

Outro apaixonado pelos produtos das melíponas é Rodrigo Bellora, representante do Slow Food na região da Serra gaúcha e que acabou por dar o nome de duas espécies para dois de seus empreendimentos. O Guaraipo Bar e Cozinha, em Farroupilha, e a padaria Tubuna Cultura Gastronômica, em Bento Gonçalves. No Guaraipo o cardápio pode mudar, mas dois preparos permanecem. O drink de boas-vindas, que leva o nome do restaurante, composto de gin, kombucha de gengibre, limão e mel de abelhas nativas; e a sobremesa, Colmeia: pão

de mel, curd de limão siciliano, kefir com chocolate branco, toffe de mel queimado, mel e pólen. Além de diferentes receitas com o produto em ambas as casas, caixas com colmeias adornam o Guaraipo.

A mesma preocupação com a manutenção dessas abelhas na natureza tem a chef Manu Buffara. Cinco caixas e uma flor de madeira (espécie de hotel para abelhas solitárias, que não pertencem a uma colmeia) foram instaladas na fachada do restaurante Manu, em Curitiba. O polén das nativas é utilizado, na casa, para aromatizar cachaça, na fermentação de massa de brioche e de coalhada (iniciando o processo em lugar do kefir). Um dos pratos reconhecidos da chef curitibana é vieira marinada com água de tucum (fruto de uma palmeira), mel de Mandaçaia e seu pólen.

MEL DE APIS

Alto teor de açúcar Cristaliza facilmente

Usado para adoçar e dar textura aos preparos

O sabor do mel depende das floradas

Cada colmeia produz em média de 10 a 30 kg por ano, divididos em três colheitas (Primavera, Verão e Inverno), com características diferentes de uma estação para outra, devido às floradas disponíveis

Costuma ser relacionado ao nome da florada: de laranjeira, eucalipto, etc.

MEL DE MELÍPONAS

Menor teor de açúcar

Alta umidade faz com que fermente facilmente

Ideal para finalização de pratos

O sabor do mel depende das floradas e também da espécie de cada abelha

Cítrico e floral, o pólen das abelhas nativas acrescenta acidez a pratos e drinks

O que importa na hora da escolha costuma ser o nome da abelha: Jataí, Mandaçaia, etc.

USO NA COZINHA

MEL DE APIS (COM FERRÃO)

Substituto do malte na panificação

Substituto de parte do açúcar no preparo de cookies e bolos

Para adoçar chá, café e sucos

Para dar sabor a nougats

Como ingrediente no molho barbecue e molhos agridoces

MEL DE MELÍPONAS (SEM FERRÃO)

Como calda de sorvetes de sabores suaves (baunilha) ou sorbets de frutas

Em sobremesas com frutas frescas e ingredientes menos marcantes (amêndoas, iogurte ou baunilha)

Para acrescentar notas ácidas a receitas

Em vinagretes ou molhos de saladas

Para adoçar ou dar acidez a drinks

A importância das abelhas, no entanto, vai muito além da produção de mel para consumo humano. O Earthwatch Institute, respeitado centro internacional de pesquisa e preservação ambiental, declarou recentemente, durante encontro da Royal Geographical Society, de Londres, que as abelhas são a espécie animal mais valiosa do mundo. São responsáveis por polinizar e garantir a reprodução de 75% de todas as espécies vegetais cultivadas para a alimentação do Homem e 90% de todas as plantas com flores na natureza.

Motivo pelo qual tem crescido o número de interessados em se dedicar à criação de abelhas nativas. Alguns pela questão ecológica, outros pelo promissor mercado de mel e muitos apenas como hobby. “As abelhas estão se tornando um novo pet”, analisa o chef Rodrigo Bellora, que conta ter ficado surpreso com a enorme procura, quando promoveu o primeiro curso de meliponicultura, no restaurante Valle Rústico, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves.

“Os alunos aprendiam como criar e manipular a colmeia, degustavam o mel e terminavam levando para casa uma caixa com as abelhas, para dar início à cultura”, explica o chef. Para iniciar os visitantes no mundo de sabores das abelhas nativas, Bellora serve, no Valle Rústico, uma degustação com três colherinhas de diferentes méis in natura.

O ecólogo Jerônimo Villas Boas, um dos principais difusores dos cursos de meliponicultura no país, lembra que as abelhas nativas ficaram por muitos anos escondidas nos rincões do Brasil. O olhar da gastronomia para os produtos dessas abelhas brasileiras veio contribuir para a defesa e expansão das espécies. “Lá pelos idos de 2012, chefscomo Ana Trajano, Alex Atala, Bel Coelho, Caco Marinho, Rodrigo Bellora e Manu Buffara começaram a se interessar pelo mel das nativas e a testar preparos em seus restaurantes. Hoje, reality shows gastronômicos, como o Master Chef, trazem visibilidade para os produtos e fortalecem a cadeia produtiva”, analisa.

Sabor

HARMONIZAÇÕES

EMERINA:

Baixa doçura, alta acidez e forte fermentação. Intrigante, com características de limão, resina e trufas.

Harmonização: Ideal para pratos salgados sofisticados.

BORÁ:

Alta acidez e fermentação, textura média e baixa doçura.

Harmonização: Pato, peixes, carne de porco

MANDAÇAIA:

Sabor picante com notas que lembram alcaçuz, capim fresco e caramelo. Baixa doçura e alta fermentação.

Harmonização: Ideal em saladas, drinks e gastronomia em geral.

JATAÍ:

Muito presente nas regiões Sul e Sudeste. O mel costuma ser dourado, mais líquido e com aroma que lembra flores. Tem doçura média/alta.

Harmonização: Com queijos, saladas e pratos frescos.

GUARAIPO:

Tem alta fermentação e intensa acidez

Harmonização: Preparos em que a acidez é bem-vinda, principalmente para os salgados e os drinks.

URUÇU AMARELA:

Mel bem escuro, parecido com um caramelo ou um xarope, com acidez marcante no paladar e notas que lembram licor. Har monização: Rústico, vai bem com queijos leves e receitas complexas.

TUBUNA:

Mel com toque agridoce, alta fermentação.

Harmonização: na produção e fermentação de cervejas, em drinks, pratos salgados, molhos para peixes e frutos do mar, saladas e doces em geral.

JUPARA:

Mel de alta fermentação, com boa acidez e doçura média.

Har monização: Indicado para alta gastronomia e finalização de pratos elaborados.

JANDAÍRA:

Típica do sertão, presença aromática marcante, densidade média, doçura elevada, acidez equilibrada, com notas de ervas e especiarias.

Harmonização: Ideal para confeitaria, queijos, iogurtes, sorvetes.

MANDURI:

Alta doçura, muito aromático, com corpo médio e baixa fermentação.

Har monização: Para adicionar sabor a iogurtes, queijos leves e para finalizar pratos doces.

URUÇU BOCA DE RENDA:

Muito aromático, com alta doçura e boa fermentação.

Harmonização: Harmoniza muito bem com queijos, pratos doces e alta gastronomia em geral.

TIÚBA:

Mel claro, com características mais florais, doçura elevada e baixa acidez.

Har monização: Por ser leve e delicado, é ideal para doces e confeitaria em geral.

TUBI:

Com doçura média/alta, acidez moderada e alta fermentação.

Harmonização: Bem versátil. Perfeito para preparos salgados e de confeitaria.

ALTO PREÇO, PEQUENAS PORÇÕES Sabor

VANTAGENS DA CRIAÇÃO

DE ABELHAS NATIVAS

Preservação da biodiversidade (flora e fauna)

Fácil de multiplicação de enxames

Podem ser criadas por qualquer pessoa, mesmo as alérgicas

Podem ser criadas junto a residências

Mel mais valorizado

Mel com menor teor de açúcar

Adaptadas ao clima, uma espécie para cada hábitat

Mercado de mel garantido

Um dos fatores que ainda impedem uma maior difusão do uso de mel de nativas na gastronomia é o preço. Custa cerca de 20 vezes mais do que o de Apis. Isso se justifica pela pequena produção das nativas. Apesar de existirem mais de 300 espécies catalogadas só no Brasil, essas abelhas produzem pequenas quantidades por ano, que podem variar de 1 kg a 3 kg. Com isso, costuma aparecer nos cardápios em pequenas porções, mais como um ingrediente para finalização.

O chef Carlos Kristensen preparou um menu completo tendo como ingrediente destaque o mel de abelhas nativas. Como entrada, erva-doce e azeite de mel de Tubuna. “O mel de Tubuna, com seu sabor doce e levemente ácido, combina muito bem com a erva-doce e o queijo mole. As raspas de limão-bergamota enfatizam o perfume e a acidez do prato”, avalia.

Como prato principal, polvo assado com musseline de batata-doce roxa, pomelo e vinagrete de mel de

Jataí. “O mel de Jataí funcionou perfeitamente bem na vinagrete: trouxe cor, doçura e leve acidez, que somada aos demais ingredientes resultou num lindo acompanhamento para o polvo assado”, explica Kristensen.

Para finalizar, uma sobremesa delicada e de sabores inusitados: figos assados, sorvete de mel de Tiúba e farofinha de pólen de Uruçu-Amarela. “O mel de Tiúba, leve e delicado, trouxe um sabor floral impressionante para o sorvete. A farofinha de pólen de Uruçu, além de textura, reforça a acidez e a personalidade do pólen.”

Para mostrar ainda mais a versatilidade do mel das nativas, o chef preparou também uma sugestão que une sabores bem brasileiros: aipim e mel de Jataí.

A decoração com flores comestíveis e brotos dá um toque primaveril. “O mel de Jataí, pelas suas características de dulçor, combinado com a manteiga, traz para a receita corpo e doçura bem equilibrados para glacear o aipim. O resultado é surpreendente”.

ONDE ESTÃO

A presença de abelhas sem ferrão foi registrada na América do Sul, América Central, Ásia, Ilhas do Pacífico, Austrália, Nova Guiné e África. No Brasil, há cerca de 300 espécies de abelhas indígenas. Só na Amazônia, existem mais de cem espécies. As principais encontradas no país são: Uruçu, Jataí, Mandaçaia, Tiúba, Jandaíra.

Erva-Doce e Azeite de Mel de Tubuna

POR CARLOS KRISTENSEN

1 BULBO DE ERVA-DOCE COM FOLHAS

100 G DE MEL DE TUBUNA

50 ML DE AZEITE DE OLIVA

1 LIMÃO-BERGAMOTA

100 G DE QUEIJO MOLE DE MOFO BRANCO

MODO DE FAZER: Corte o bulbo da erva-doce ao meio e retire o miolo para utilizar. Separe vários pedaços do miolo e monte em uma travessa. Corte o queijo em diversos cubinhos pequenos e disponha na travessa. Misture o mel de Tubuna com o azeite de oliva e emulsione com um batedor (fouet) até ficar homogêneo. Sirva sobre o queijo e os bulbos de erva-doce. Finalize com a raspa da casca do limão-bergamota e algumas folhinhas da erva-doce.

Sabor

Polvo Assado na Brasa, Batata-Doce Roxa, Pomelo e Vinagrete de Mel de Jataí

POLVO

8 TENTÁCULOS DE POLVO COZIDO

50 ML DE AZEITE DE OLIVA

SAL E PIMENTA-DO-REINO A GOSTO

MUSSELINE DE BATATA-DOCE ROXA

400 G DE BATATA-DOCE ROXA

100 ML DE CREME DE LEITE

SAL

VINAGRETE DE MEL DE JATAÍ

100 G DE CEBOLA ROXA

100 G DE MEL DE JATAÍ

70 ML DE VINAGRE DE ARROZ

30 ML DE AZEITE DE OLIVA

EXTRAVIRGEM

¼ DE MAÇO DE COENTRO FRESCO

1 POMELO

BROTOS DE SALSINHA

MODO DE FAZER: Tempere os tentáculos de polvo cozidos com azeite de oliva, sal e pimenta e leve para assar na brasa por 5 minutos de cada lado (cuide pra não passar o ponto). Reserve. Para musseline, asse a batata-doce com casca na brasa até ficar bem macia. Processe num liquidificador com o creme de leite até ficar bem liso. Tempere com uma pitadinha de sal (apenas para realçar o sabor da batata doce). Para o vinagrete, pique a cebola roxa e deixe de molho em água com gelo por 5 minutos para retirar um pouco do ácido e manter a textura crocante. Logo após, escorra a água. Misture o mel de Jataí com o azeite de oliva e o vinagre de arroz e emulsione até ficar homogêneo. Acrescente a cebola roxa e as folhas de coentro.

MONTAGEM: Em um prato, sirva a musseline de batata em forma de grandes gotas. Corte o pomelo em gomos e sirva ao lado da batata-doce. Monte o polvo no prato cuidando para dar um formato bonito. Regue a vinagrete por cima do polvo e finalize com os brotinhos de salsinha.

Aipim Glaceado em Manteiga e Mel de Jataí

POR CARLOS KRISTENSEN

1 KG DE AIPIM

100 G DE MEL DE JATAÍ

100 G DE MANTEIGA

SAL A GOSTO

FLORES ORGÂNICAS COMESTÍVEIS

MINIBROTOS VERDES

MODO DE FAZER: Descasque o aipim e cozinhe em água fervente com sal até ficar macio. Retire e deixe esfriar. Em uma frigideira, derreta a manteiga, adicione o mel e misture bem. Abaixe bem o fogo. Adicione o aipim e, com o auxílio de uma colher, vá regando com a manteiga de mel. Vire seguidamente e continue regando até que se forme uma crosta dourada. Retire da frigideira.

MONTAGEM: Disponha o aipim no prato e adicione o restante da manteiga de mel sobre ele. Finalize com as flores e os brotos.

Vida

UM PITBULL NO LA COUPOLE

Furei a pandemia com uma justificativa. Acompanhei a filha em seu deslocamento para estudar na França. Assumi o risco, pais vivem assim. Tentei furar menos em Paris, mas não fui de ferro. Juntei os pila e fui jantar no terraço do La Coupole. Quando estudei em Paris, no século passado, o La Coupole era inacessível para um estudante. Hoje é menos, devido a uma certa vingança do tempo, depois de muito trabalho para além do estudo.

Instalei-me no terraço (era verão) e pedi um copo de vinho rosé, da Provença, com uma garrafa d´água. Pouco vinho para muito preço, mas valeu. De entrada, ovos com maionese, sem exageros no investimento, que bolso nenhum é de ferro. O prato principal, rins ao molho mostarda, com batatas, mas, antes dele, senti uma pressão em um pé.

Constatei, então, que se deitava sobre o esquerdo um cão, mas logo vi que não era um qualquer. Cães continuavam reinando na França; mesmo assim, custei para crer. Era um pitbull. Seu dono fazia uns comandos, mas, já com meu outro pé completando o seu travesseiro, ele parecia ignorá-los, mais atento ao pão que eu molhava na maionese do que à voz frouxa do comando. O homem dizia couchez

e o bicho se levantava; depois, levez, e o bicho se deitava. Parecia um pitbull com transtorno de oposição desafiante. Meu medo era que o dono dissesse “vai lá fazer um carinho no tio”. Eu preferia que ele ordenasse “ataca”.

Eu agora molhava o pão, de forma trêmula. Sim, não há acasos e sim novas vinganças, no caso uma das bem divinas, contra quem furava a pandemia, no caso eu, ainda mais usando a filha. Ou era isso ou era azar. Foi de verdade um jantar tenso, especialmente na hora dos rins, tipicamente à francesa, ou seja, meio crus e sangrando muito.

O nariz do pit (sim, eu tentava alguma intimidade para sobreviver) balançava por todas as direções, mas o par de olhos determinados se fixava nos meus, com um leve desvio na direção dos meus rins, quer dizer, dos rins do meu prato. Já estava negociando com o cão que escolhesse as vísceras francesas, mas ele, de fato, não obedecia a comandos.

Então, rezei, rezei muito, exatamente como venho fazendo quando não estou no La Coupole.

CELSO GUTFREIND

É

PSICANALISTA DE CRIANÇAS E ADULTOS E ESCRITOR

Uma ilha mediterrânea francesa

com cultura autenticamente local

Viagem

TERCEIRA MAIOR ILHA DO

MEDITERRÂNEO, A CÓRSEGA FICA A

150 KM DE GENOVA E 170 KM DE

NICE. É UMA ILHA MONTANHOSA

COM ALTITUDE MÉDIA DE 570 M

A França fascina por sua diversidade cultural. Em nossos Grand Tours de France que acompanho há décadas, sigo o legado do saudoso Monsieur Roche, historiador e intelectual francês, de imersão cultural nas diferentes regiões do país. Ao longo dos anos percorremos as belezas da Normandia e Bretanha, os vinhedos da Borgonha e Alsácia, a “France Profonde” no Perigord e Auvergne, o charme da Provence e do vale do Loire, as praias da Cote d’Azur e da Aquitânia, as montanhas dos Pirineus e Alpes, além dos povoados ao longo dos vales do Sena e Ródano – desvendando toda a França continental. Em nossa 10ª edição cruzamos o Mediterrâneo até a sua última fronteira, a ilha da Córsega – que após cinco séculos de domínio francês passou em 1769 ao domínio francês –, experiência que compartilho com vocês.

GEOGRAFIA E HISTÓRIA

Uma das 22 regiões da França com o “prefect” indicado pelo presidente da república, e dividido em dois departamentos – Haute-Corse com capital em Bastia e Corse-du-Sud com capital em Ajaccio –, sede administrativa também de toda a ilha.

A Córsega, terceira maior ilha do Mediterrâneo, tem 183 km de comprimento por 85 km de largura. A ilha francesa, que fica a 150 km de Genova e 170 km de Nice, está separada por apenas 12 km da Sardenha italiana. Trata-se de uma ilha dramaticamente montanhosa com uma altitude média de 570 m e seu maior pico – Monte Cinco – se elevando a 2.700 m.

Viajar por locais com longa história tem todo um sabor especial para mim, ainda mais quando concilia

com um povo orgulhoso de sua cultura e através de cênicos povoados. A posição estratégica da Córsega, no caminho das rotas comerciais do Mediterrâneo, ocasionou sucessivas invasões ao longo dos tempos, onde fenícios, gregos, romanos e bizantinos se estabeleceram na ilha. Pisa, que a controlou do séc. XI ao XIII, é lembrada pelas igrejas românicas ainda preservadas daquele período. Os genoveses deixaram forte influência no idioma, costumes, fortificações e cidades costeiras que construíram. O recente controle francês estabeleceu uma relação delicada que perdura até hoje. Napoleão Bonaparte, o cidadão corso mais famoso, ligou ainda mais a ilha à França continental, desapontando seus conterrâneos que ansiavam por maior autonomia.

Em 1884 a Córsega tinha uma população de 276.000, caindo para o mínimo de 170.000 em 1955, em função da migração devido às dificuldades econômicas nessa ilha agropastoril. Os jovens partiam em busca de condições melhores na França continental e nas oportunidades com a expansão colonial francesa. Hoje tem mais corsos vivendo fora da ilha do que na Córsega, e um terço da população das montanhas tem mais de 60 anos.

A brutalidade fascista na ilha durante a II Guerra Mundial afastou ainda mais a população local de qualquer pretensão italiana sobre a Córsega. A partir dos anos 60 a situação se complica com a recolocação na costa leste da ilha de franceses expulsos da

Argélia, quando a antiga colônia conquistou sua independência em 1962, com o início da perda da sua homogeneidade cultural e o surgimento de movimentos nacionalistas. Em 1976 surge a Frente de Libertação Nacional da Córsega, com atentados diários a investimentos franceses.

Atualmente a situação está sob controle, mas o povo corso mantém seu espírito independente. A ilha, de 320 mil habitantes, tem 40% da sua população originária da França continental, Norte da África e outras partes da Europa, reforçando o sentimento de nacionalismo dos corsos frente à perda da sua cultura insular. Por outro lado, a língua corsa, que sofreu muita influência do Lígure e Toscano, e era

apenas de tradição oral até recentemente, passou a ser ensinada nas escolas da ilha.

Em uma ilha sem indústrias e de agricultura pouco produtiva, o turismo aparece como o caminho para a autossuficiência econômica, apesar da descaracterização cultural que possa provocar. Compartilho com vocês minha viagem pela instigante Córsega.

CALVI

É possível chegar à ilha por via aérea ou ferry. Nosso Grand Tour Trip & Travel pela Córsega aterrissou em Calvi no noroeste da ilha, e ao longo de dez dias fizemos um “loop” em torno de todo seu território. Este ponto de chegada foi ótimo, pois aca-

PODE-SE CHEGAR À ILHA POR VIA AÉREA OU DE FERRY. NOSSO

PONTO DE CHEGADA FOI CALVI, NO

NOROESTE, UM DOS LUGARES MAIS

ENCANTADORES DA CÓRSEGA

Viagem

A ILHA TEM CIDADELAS MURADAS DO SÉCULO XV, CHARMOSAS E MOVIMENTADAS MARINAS, ÓTIMOS RESTAURANTES,

bou sendo um dos lugares mais encantadores da ilha, com sua cidadela genovesa murada do séc. XV, a área do porto com movimentados restaurantes, uma marina decorada com veleiros e yatchs, além do belo cenário com o mar azul e montanhas nevadas ao fundo. A cidade disputa com Gênova o título de terra natal do navegador Cristóvão Colombo, tanto aqui como lá tem ruínas da possível casa onde teria vivido. Como a cidadela é do período em que Calvi pertencia a Gênova, há possibilidade de que tenha passado a infância nessas duas localidades separadas pelo Mar Tirreno.

CAP CORSE

Seguimos ao extremo norte da ilha ao longo de uma estrada sinuosa cortada nos penhascos junto ao mar que representa toda a dramaticidade da natureza da ilha. Na região de Patrimônio conferimos a produção de vinhos, e na Balagne, considerada o Jardim da Córsega, seus pomares de laranjeiras e limoeiros. Passamos pela Igreja de la Trinitè do séc. XII, quando Pisa dominava a ilha, o povoado Sant’ Antonino, um dos mais antigos da Córsega, e Ile Rousse – fundada pelo líder nacionalista Pascal Paoli para se contrapor à genovesa Calvi. Fizemos a travessia da região das Agriates,

UMA HISTÓRIA RIQUÍSSIMA E A BELEZA DRAMÁTICA DA SUA PAISAGEM, COM MONTANHAS, FALÉSIAS, VALES E O MAR

que era utilizada para pastagens temporárias, e que ficou desabitada com a emigração massiva no séc. XIX dos pastores buscando sucesso econômico nas colônias francesas da África e no exterior. Graças à prosperidade além-mar, inclusive nas Américas, constroem-se grandes casas em Cap Corse chamadas de “casa dos americanos”. Gostei muito de Saint-Florent com um charmoso pequeno porto e terminamos o dia no vilarejo de Erbalunga, com sua torre genovesa junto ao mar.

BASTIA

CORTE

De Bastia seguimos em direção ao coração e centro montanhoso da ilha. Com a tomada da costa pelos conquistadores genoveses por cinco séculos, o povo nativo se refugiou no centro da ilha para

Outra cidade fortificada, que foi a sede do governo genovês e hoje a capital da parte norte da ilha. Passamos um dia prazeroso percorrendo suas atrações: a capela de Santa Cruz, joia da arte barroca, os bairros de Terra Vecchia e Terra Nova e sua cidadela – a parte fortificada da cidade – onde fica o Palácio dos Governadores e a Igreja Santa Maria.

Viagem

manter maior autonomia e a essência da cultura local.

Por tudo isso é que Corte foi escolhida como sede do único governo independente corso que ocorreu de 1755 a 1769, liderado por Pascal Paoli – político revolucionário nativo da cidade. Continua como centro da cultura corsa e do espírito insular e independente do povo local, com a única universidade da ilha. Aconselho conferir o Museu da Córsega dentro da cidadela do século XV. Seguindo rumo ao sul contornamos o maciço de Bavella com suas magníficas paisagens de montanha e passamos por Porto-Vecchio – a mais badalada praia da Córsega, com águas cristalinas.

BONIFÁCIO

A mais cênica das cidades da Córsega – com sua cidade genovesa murada no topo de uma falésia e sua charmosa marina na parte baixa. A homogeneidade do conjunto nos leva no tempo, combinada com o conforto de veleiros, hotéis e restaurantes atu-

ais. Ficamos na parte baixa da cidade junto ao porto de pesca e de passeio numa enseada protegida, de onde zarpamos para uma navegação pelas ilhas Lavezzi no estreito entre a Córsega e a Sardenha. Foi ótimo para registrar as imagens da cidadela genovesa de Bonifácio no topo de altas falésias brancas.

AJACCIO

Terminamos o circuito em Ajaccio – que é a capital da ilha. Cidade onde nasceu Napoleão Bonaparte, fazendo com que tudo na cidade se relacione com seu nome. Apesar do ressentimento que os corsos têm pelo imperador que relegou sua ilha natal e acelerou sua absorção pela França, o nome Bonaparte funciona bem para o desenvolvimento turístico da cidade. No museu Fesch, além de uma grande quantidade de pinturas de primitivistas italianos, tem retratos de toda família Bonaparte, enquanto que a Maison Bonaparte retrata a vida na sua casa natal.

TREKKING

Em função da natureza intocada e do desafio de suas grandes montanhas, a ilha é um paraíso para adeptos de esportes junto à natureza. Entre as muitas trilhas que cruzam a ilha, por vales e montanhas passando por pitorescos e pequenos povoados, uma das mais famosas é a Mare a Mare de 7 dias que atravessa a ilha de uma costa à outra.

QUANDO IR

A Córsega oferece um clima mediterrâneo com temperatura média de 25ºC no verão, a estação mais procurada pelos visitantes. A primavera e o outono, com menos turistas, possibilitam uma imersão maior na cultura local. Evite o período de chuvas de novembro a dezembro, quando as temperaturas baixam a 10ºC. Mais informações sobre a Córsega e viagens pela França com beto@triptravel.com.br.

POR SUA GEOGRAFIA, A ILHA É UM PARAÍSO PARA ADEPTOS DE ESPORTES

JUNTO À NATUREZA

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Sampa

RIO, MARAVILHOSO E PET FRIENDLY!

Acabo de retornar de uma temporada no Rio de Janeiro. Eu havia esquecido de como o Rio é escandalosamente bonito! O recorte das suas montanhas junto do mar realmente faz jus ao título de Cidade Maravilhosa.

Eu e a Ella (minha filha peluda e sócia pet) fomos dar assessoria a alguns hotéis pet friendly que

fazem parte de um projeto bárbaro chamado Better Cities for Pets, da Mars Petcare, e vamos dividir com vocês locais incríveis para ir na companhia dos pets.

PARA HOSPEDAR-SE COM SEU PET

Abrimos nossa temporada em solo carioca no hotel Santa Teresa

MGallery. Lindo, charmoso e singular, está localizado no bairro de Santa Teresa, em cima do morro, em uma antiga fazenda de café. É um outro Rio, mais bucólico e artístico. Vale dar uma volta por suas ruas estreitas e cheias de curva, conferir o trabalho dos artistas plásticos locais e escolher um restaurante para sentar, pedir

um chope e deixar o dia acontecer... Invista algumas horinhas à beira da piscina do MGallery, prove as caipirinhas do barman, jante no Terese olhando os telhadinhos das casas vizinhas e durma muitos minutos a mais em um dos quartos bem decorados e ultraconfortáveis. Os pets amam o jardim lindo com graminha e mil cheirinhos a investigar. Para quem prefere estar mais perto do mar tem o Fairmont Rio como opção 5 estrelas e uma vista de suspirar. Basta atravessar a rua para pisar nas areias de Copacabana. Sua praia é uma piscina com borda infinita rodeada de espreguiçadeiras e simpáticos

garçons? Neste caso, você vai amar as duas piscinas do hotel. De manhã, o sol bate na piscina com vista para o Leme e Copa, onde à noite vira palco para shows. Já no turno da tarde, mova-se para a piscina interna e curta o som que o DJ coloca de uma das varandinhas. Se você estiver hospedado em um quarto voltado para o mar, poderá assistir ao espetáculo de música de camarote, da varanda do seu quarto. E seu pet poderá tirar um longo cochilo ao seu lado enquanto você aplaude e pede mais uma. Para comer bem, coloque no GPS o restaurante Escama ambientado em um sobradinho do Jardim Botânico. Pelo caminho,

namore o bairro, que é uma graça. Ao chegar, peça uma das mesas da varanda que é pet friendly e prepare-se para comer divinamente. Como entrada, sugiro o “primeira onda” com pão de fermentação natural e acompanhamentos com sabores do mar. Prato principal? Não hesite, escolha o strudel de pirarucu. Nada menos do que divino.

Voltamos para São Paulo com uma lista de locais pet friendly a conhecer no Rio. Portanto, espere encontrar por aqui mais do Rio e de locais para curtir com os filhos de quatro patas.

BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA

CRIS

Casa

verde que te quero verde

POR ANA GUERRA

Casa

OS BRASILEIROS ENCONTRARAM NAS PLANTAS UMA FORMA DE ABRAÇAR A NATUREZA E TRAZÊ-LA

PARA DENTRO DE CASA, INVESTINDO EM QUALIDADE DE VIDA, BEM-ESTAR, SAÚDE EMOCIONAL

Desde o início de 2020 pessoas de todas as partes do mundo tiveram as suas rotinas alteradas, seus planos adiados e suas relações profundamente transformadas. A pandemia da Covid-19 nos levou para dentro de casa, em uma convivência intensa com os nossos parceiros, pais e filhos. O isolamento social estreitou também a conexão com o nosso lar, que se transformou em escritório, consultório, academia e sala de aula. Enquanto multiplicamos tarefas domésticas, despertamos para a necessidade de ter, em nossas casas, mais contato com a natureza.

A saudade de momentos de lazer em parques, praças e praias foi sentida profundamente por muitos. Uma forma encontrada de trazer mais vida às casas foi investindo em plantas, fenômeno que se multiplicou país afora. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura, o setor cresceu 10% em 2020. As flores de corte, mais usadas em grandes eventos como casamentos e formaturas, deram espaço às plantas de vaso. Os brasileiros encontraram nas plantas uma forma de abraçar a natureza e investir em qualidade de vida, saúde e bem-estar.

Esse comportamento foi notado por profissionais como a designer de interiores Mariana Ordahy. Acostumada a aplicar em seus projetos os princípios da arquitetura orgânica, ela sabe da importância de levar materiais naturais para dentro da casa dos clientes. No caso das plantas, destaca que é muito importante analisar o estilo de vida e necessidades de cada família para auxiliar na escolha das espécies corretas, sempre respeitando as características de cada ambiente, como incidência de sol, vento e presença de animais de estimação, por exemplo.

Casa

A HORTA INSTALADA JUNTO À BANCADA DA COZINHA E INTEGRADA À SALA DE ESTAR PERMITE O ACESSO FÁCIL

AOS TEMPEROS E TRAZ MAIS VERDE PARA O CONVÍVIO FAMILIAR. O EFEITO ESTÉTICO TAMBÉM É ÓTIMO

Mariana foi contratada pelos empresários Maria Teresinha e Plínio e ajudou na implementação de uma horta dentro da casa do casal. Ela se guiou pelo desejo de Maria Teresinha, que é filha de agricultores e tem forte vínculo com a natureza, e queria trazer mais verde para o convívio familiar. A sua horta urbana foi instalada junto à bancada da cozinha e integrada à sala de estar, assim todos têm acesso direto a temperos como alecrim, sálvia, manjerona, manjericão, salsa e hortelã. Na casa ainda cultivam lírios da paz, orquídeas, ráfia e jabuticaba. As plantas também são um refúgio para a professora Ines e o médico veterinário Marcos. Ambos nasceram e cresceram no interior, com uma vida mais leve e de muito contato com a natureza. Agora vivendo na capital gaúcha, sentiram a necessidade de trazer o verde para dentro de casa, não apenas para o bem-estar de ambos, mas também para aproximar o pequeno Pedro, de 3 anos, dos elementos que consideram essenciais. Com a ajuda de Maria Borsa e Greyci Bolzan, do escritório Sah Arquitetura, transformaram o apartamento do bairro Partenon em um pequeno oásis.

Estilo Zaffari

Casa

SOMOS SERES ORGÂNICOS E VIVOS, FAZEMOS PARTE DA NATUREZA E PERTO DELA NOS SENTIMOS MAIS

TRANQUILOS, COMPLETOS E FELIZES. ESSE CONVÍVIO TRAZ INÚMEROS BENEFÍCIOS FÍSICOS E EMOCIONAIS

Para Inês e Marcos, cuidar das plantas auxilia a aliviar o estresse do dia a dia, e no início da pandemia chegaram a montar um sistema de cultivo hidropônico de saladas. Com o projeto das arquitetas Maria e Greyci, o apartamento ganhou móveis pensados para a integração das plantas, e elas ajudaram o casal a melhor localizá-las no ambiente interno para, assim, receberem a correta incidência de sol e luminosidade. Pensando no ritmo de vida da dupla, as profissionais indicaram espécies de fácil manutenção, como suculentas, folhagens e orquídeas.

VERDE VIVER

Por meio dos depoimentos colhidos para esta matéria, tanto das profissionais das áreas de arquitetura e design de interiores quanto de seus clientes, ficou evidente que o convívio com a natureza traz inúmeros benefícios físicos, emocionais e mentais. Somos seres orgânicos e vivos, fazemos parte da natureza e perto dela nos sentimos mais tranquilos, completos e felizes.

Casa

AS PLANTAS PODEM APARECER EM DIFERENTES PONTOS DA CASA, TORNANDO-A MAIS VIVA E VIBRANTE.

A NATUREZA NOS RELAXA, NOS ENERGIZA E NOS AJUDA A RESPIRAR, COMER E DORMIR MELHOR

Quem estuda e aplica o assunto em seus projetos, como Mariana Ordahy, Maria Borsa e Greyci Bolzan, entende conceitos como design biofílico, arquitetura orgânica e psicologia ambiental. Elas sabem que o ambiente em que vivemos influencia nosso humor, bem-estar e emoções, e por isso levam aos seus clientes soluções práticas para tornar a casa cada vez mais viva e vibrante. Ambientes barulhentos, abafados e escuros podem nos agitar, enquanto que lugares amplos, silenciosos e ventilados nos deixam tranquilos. Estamos em constante troca com o mundo exterior através de sentidos como a visão, a audição e o olfato, e mesmo inconscientemente somos influenciados pelo que acontece ao nosso redor.

Inserir plantas, pequenas árvores e flores em nossos lares desperta sensações ancestrais e familiares. A natureza nos relaxa, nos energiza e nos ajuda a respirar, comer e dormir melhor. Mesmo que você não tenha muito espaço nem tempo para cuidar de plantas, confira as dicas a seguir e leve um pouco de verde e alegria para o seu lar.

DEZ DICAS VERDES DA MARIA E DA GREYCI, DA SAH ARQUITETURA:

Se você está começando na jardinagem, prefira plantas que demandam poucos cuidados, como as suculentas.

Para quem passa muito tempo fora de casa ou viaja muito, o ideal são plantas que não precisam de rega frequente.

Se você costuma esquecer de regar, opte pelas plantas de água: bambu da sorte, xanadu e aglaonema.

Para quem tem crianças ou pets em casa, escolha plantas pet-friendly, como peperomias, calathea e maranta.

Cada planta precisa de diferentes cuidados – estude a insolação e ventilação do ambiente antes de comprar a sua plantinha.

Em lugares de pouca luz, como corredores e banheiros, prefira as de sombra, como zamioculca e espada de São-Jorge.

Em varandas ou perto de janelas ensolaradas escolha plantas de sol pleno: pata de elefante, árvore da felicidade e lavanda são bons exemplos.

Em locais pequenos, aposte nos jardins verticais.

Para prateleiras altas, prefira plantas pendentes (peperômias, jiboias e lambaris)!

Nada melhor que cozinhar com temperos frescos – faça uma horta na sua cozinha com os seus favoritos.

Wine lovers

Certamente você já deve ter lido nomes como Ancelotta, Marselan, Petit Verdot e Pinot Grigio em contrarrótulos de garrafas de vinhos degustadas. Na quase totalidade das vezes, deveriam estar ali como pequenas contribuições para controlar acidez, dar cor, maciez, equilíbrio ou mais sabor para castas mais conhecidas, como Tannat, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e tantas outras. Porém, se antes as variedades eram coadjuvantes, agora estão se tornando protagonistas, ganhando destaque como varietais nas vinícolas brasileiras.

Bebida

Essa leva de produtos que chega ao mercado oferece uma deliciosa oportunidade de viajar por experiências sensoriais ainda não vividas. O presidente da Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul (ABS-RS), Júlio César Kunz, vê o movimento como a possibilidade de fazer novas descobertas, em um tempo em que muita gente passou a ver o vinho como algo apenas para beber. “Cada vez que a gente se encontra frente ao novo, costuma-se parar, prestar atenção para poder entender. Então, ao degustar uma taça de um vinho não tão familiar abre-se a possibilidade de procurar conhecer sua história, de onde veio a uva, quais características fornece àquela bebida e até compartilhar a descoberta.”

André Gasperin, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), concorda que é im-

portante buscar outras sensações, e garante que o mercado ainda verá muita novidade. Ele revela que as vinícolas brasileiras vêm fazendo diversos testes com variedades importadas de regiões que têm microclimas similares aos do Brasil, para saber quais as que melhor se adaptam, e pretendem lançar os melhores vinhos elaborados com elas.

Desde que o vinho deixou de estar obrigatoriamente à mesa, acompanhando uma refeição, o perfil dos consumidores vem mudando. A turma mais jovem levou a bebida de Baco para a beira da praia e da piscina, para a mesa de bares no happy hour ou mesmo para o consumo solitário ao final do dia. Outro fenômeno que tem contribuído para a busca de diferentes vinhos é a onda de confrarias e cursos de degustação, agora on-line, em que a novidade

ANCELOTTA, MARSELAN, PETIT VERDOT E PINOT GRIGIO, UVAS QUE ANTES ERAM COADJUVANTES, AGORA ESTÃO

SE TORNANDO PROTAGONISTAS, GANHANDO DESTAQUE COMO VARIETAIS NAS VINÍCOLAS BRASILEIRAS

é mais do que bem-vinda. Júlio César lembra que, mesmo que se conheça a variedade das uvas, cada região, com seu terroir, vai conferir características diferentes aos produtos. Não se pode esquecer que o Brasil é um país continental e que faz tempo que a produção de vinhos não se restringe à região Sul. O sommelier cita como exemplo os vinhos Syrah, que ganharam nuances mais tropicais ao serem produzidos no Nordeste, diferentes ainda dos elaborados em Minas Gerais, São Paulo e Goiás.

“O Petit Verdot, uma variedade difícil, ganhou equilíbrio e uma boa complexidade por aqui. O Teroldego apresenta maciez e muita fruta. O Pinot Grigio da Campanha Gaúcha mostra um perfil aromático de muita fruta madura, mantendo a acidez e mais álcool. A Barbera, ao passar por madeira,

traz o aroma de cereja em calda e ganha taninos macios. O Gewürztraminer no Brasil é mais frutado e menos floral que o alsaciano, por isso menos enjoativo. O espumante de Trebbiano, uma uva que já foi a mais plantada no Rio Grande do Sul e que ficou quase esquecida, explode em aromas de abacaxi. Então, experimentar esses vinhos produzidos em diferentes regiões do Brasil, mesmo que se tenha provado a variedade em outros países, é uma aventura que vale a pena viver”, ressalta Kunz. Se você quiser embarcar nessa aventura, cheia de descobertas e sensações, basta escolher a taça e sair em busca dos varietais que mais chamem sua atenção. E para ajudar a dar um Norte para essa viagem, seguem algumas dicas que vale a pena conferir. E de quebra, uns toquezinhos das melhores parcerias à mesa.

Bebida

Os

Brancos

ALVARINHO

Uva que dá origem ao Vinho Verde, de Portugal, resulta em vinhos frescos, de acidez elevada e com marcante caráter mineral. Os aromas lembram banana, pêssego, limão, maracujá, com toques florais de violeta e flor de laranjeira, amêndoas e mel. Os vinhos podem passar por barrica.

HARMONIZAÇÃO: por ser muito versátil, se dá muito bem com peixes gordos de carne branca, bacalhau assado ou grelhado, pratos da culinária japonesa, ostra, carne de siri, massas, pizzas e queijos de massa mole (Camembert, Brie, Serra da Estrela).

CHENIN BLANC

Vinhos brancos complexos, com excelente acidez, boa estrutura e bem aromáticos. Com essa uva podem ser elaborados vinhos demi-sec, espumantes (demi-sec e brut) e vinhos de sobremesa. Tem potencial de guarda, quando ganha aromas de mel. Quando colhida precocemente, confere ao vinho aroma de maracujá. Quando mais madura, de pêssego. Nos espumantes, aparecem aromas de frutas cítricas e flores brancas. Os colheita tardia (de sobremesa) ganham toques de geleia de laranja e gengibre.

HARMONIZAÇÃO: frutos do mar, frango, presunto. Como espumante brut, podem ser servidos como aperitivo ou acompanhar antepastos e petiscos. Se leves, vão bem com queijo de cabra. Os demi-sec, com queijos e pratos mais salgados.

PEVERELLA

Foi a primeira uva trazida da Itália para o Brasil.

O nome vem do dialeto vêneto pevero, pimenta, devido à leve picância. Resulta em vinhos simples, que passados em barrica são refrescantes e com acidez equilibrada. Existem exemplares nacionais em que as uvas são maceradas com a casca, o que confere mais estrutura, taninos e cor característica (laranja). Podem também aparecer como espumantes. O aroma remete a notas cítricas (limão siciliano). Como espumante, ganha notas tostado, pão fresco e avelã.

HARMONIZAÇÃO: frutos do mar, peixes, molhos brancos, queijos leves, carnes brancas. Como vinho laranja, combina com pratos vegetarianos, receitas da culinária árabe, salmão com crosta de gergelim. Os espumantes vão bem com entradas, sobremesas, pratos agridoces.

PINOT GRIGIO

De origem francesa, na Borgonha, é uma mutação genética do Pinot Noir. O nome vem da cor da casca da uva, que pode ser cinza ou rosada. Os vinhos têm coloração quase dourada, são encorpados, com acidez marcante e textura amanteigada. Resultam em belos vinhos tranquilos e espumantes. Variam de estilo: podem ser leves e refrescantes, encorpados e amadeirados, secos e dozes. Os aromas lembram bergamota, pêssego, tomilho, mel, erva-cidreira e flores silvestres.

HARMONIZAÇÃO: yakisoba, camarão grelhado, frutos do mar, peixes brancos, massa à carbonara, massa ao pesto. Se for mais estruturado, vai bem com frango ensopado, vitela e queijo Grana Padano. Se for rosé, com penne ao pomodoro.

Bebida

Os Tintos

ANCELOTTA

De origem na região da Emiglia Romana, na Itália. No Brasil, rende vinhos suavemente frutados com boa acidez, taninos maduros e cor rubi intenso (um dos motivos para ser muito utilizado em cortes). Tem aromas de frutas vermelhas e pretas maduras (ameixa, morango, mirtilo) e notas de especiarias (baunilha, tostados) ao passar por madeira.

HARMONIZAÇÃO: filé ao poivre, massas com molhos intensos e condimentados, queijos curados, massa ao pesto e nozes, lombo ao molho de amoras e vinho, carne de caça, feijoada, eisbein (joelho de porco).

ARINARNOA

De origem basca, surgiu do cruzamento de Cabernet Sauvignon e Tannat, como resultado de

pesquisas em laboratório feitas por Pierre Marcel. Resulta em vinhos que costumam passar por madeira e que apresentam médio corpo, taninos bem presentes, cor rubi intenso e boa acidez. Traz aromas de frutas negras maduras (cereja, ameixa), figo em compota, toque defumado e de especiarias. Na boca, frutas secas e toque picante ou herbáceo.

HARMONIZAÇÃO: carnes vermelhas, queijos fortes, massas com molhos condimentados.

BARBERA

Uva de maturação tardia, de origem italiana, tem cor rubi escuro, taninos moderados, costumam ter intensidade média, leves, frutados e pouco complexos.

HARMONIZAÇÃO: a acidez evidente parece pedir gordura, por isso vai bem com barriga de porco, car-

ESTA LEVA DE VINHOS QUE CHEGA AO MERCADO OFERECE UMA DELICIOSA OPORTUNIDADE DE VIAJAR POR

EXPERIÊNCIAS SENSORIAIS AINDA NÃO VIVIDAS E CONHECER VÁRIAS UVAS “DIFERENTES”, SURPREENDENTES

nes ensopadas, carne suína, bacalhau, embutidos, baião de dois. Mas também com burrata, massas com molho de tomate, funghi e peixes defumados.

GARNACHA

Uva originalmente encontrada na Espanha (conhecida como Grenache) e no Sul da França, resulta em vinhos muitas vezes considerados selvagens por sua forte personalidade, alto teor alcoólico e alta complexidade aromática. Costumam ter cor violeta vibrante, taninos pouco presentes e acidez de média para alta. Os aromas são de frutas vermelhas e negras maduras ou como geleia (morango, ameixas) e notas de ervas, tanto frescas quanto secas. Quando passam por barrica, podem ganhar notas de frutas secas, couro, chocolate e baunilha. Com essa uva podem ser elaborados vinhos brancos, rosés e espumantes.

HARMONIZAÇÃO: culinária indiana, charcutaria (salame, pastrami, copa, jamon), pratos condimentados (com pimenta, curry e páprica), ensopados de carne ou vegetais, frutos do mar (desde que com molhos intensos e que o vinho não tenha passado por barrica), lombinho assado, tutu à mineira, carreteiro, fondue de queijo, queijo Gouda, carnes grelhadas.

MARSELAN

A uva que dá origem ao vinho é resultado do cruzamento, feito em laboratório por Paul Truel, da Cabernet Sauvignon com a Grenache, em 1961, em Marseillan, na França. Ganha acidez (da Cabernet Sauvignon) e leveza (da Garnache). Dela resultam vinhos de médio corpo a encorpado, de cor rubi intenso e com taninos finos. Os aromas remetem a framboesa e mirtilo.

HARMONIZAÇÃO: carnes vermelhas, queijos médios (Gruyère e Emmental), fondue de queijo, massa ao sugo ou com molhos condimentados, pizza 4 queijos ou ao funghi, torta de frango com catupiry.

PETIT VERDOT

Da região de Bordeaux, na França, resultam em vinhos robustos, de cor escura e intensa, com acidez elevada e taninos presentes. Os aromas lembram frutas negras maduras (ameixa, amora e cassis) e toques florais (violeta).

HARMONIZAÇÃO: cordeiro grelhado, picanha, massas com molho vermelho, embutidos, cogumelos, pratos condimentados, caponata de berinjela e nozes, receitas à base de abóbora, queijos Pecorino, Grana Padano, Gouda defumado. Vai muito bem com pratos gordurosos.

PINOTAGE

É um cruzamento de Pinot Noir e Cinsault, feito por Abrahan Izak Perold, em 1925, na África do Sul. Seus vinhos são de coloração escura, potentes, encorpados, bem alcoólicos e com taninos macios. Os aromas remetem a frutas vermelhas e pretas (framboesa, mirtilo), além de leve toque de especiarias, conforme o envelhecimento ( banana, manga) e notas de chocolate.

HARMONIZAÇÃO: os de corpo médio acompanham bem risoto de funghi, carnes vermelhas grelhadas. Os mais encorpados ficam melhor com carnes assadas, chocolate 70%, comidas condimentadas (carne com chilli, frango com curry, pizza calabresa), tutu à mineira e massas com molhos cremosos.

Bebida

SANGIOVESE

A variedade tinta mais cultivada na Itália (região da Toscana) produz vinhos que costumam passar por madeira e tem cor rubi intenso. Os aromas são de frutas vermelhas e pretas maduras (ameixa, cereja, morango), geleia de amora, com toques de tostado, baunilha. A acidez é moderada e os taninos macios.

HARMONIZAÇÃO: sopa de capeletti, ossobuco com polenta, vegetais grelhados, ratatouille, porco assado, carnes curadas (salame, presunto, copa), frutos do mar com molhos intensos, lasanha, nhoque e massas ao sugo, queijos Grana Padano e Parmesão.

TEMPRANILLO

Originária da Espanha, a uva também é conhecida como Tinta Roriz. O vinho, quando jovem, tem aroma de frutas vermelhas, ervas e toque picante. Quando passa por carvalho, ganha o aroma de frutas vermelhas e negras (cereja, ameixa), figo seco e especiarias (cravo). Costumam ser vinhos com acidez equilibrada, teor alcoólico de médio para alto, taninos elegantes, cor vermelho rubi intenso com traços violáceos.

HARMONIZAÇÃO: risoto de tomate seco e pesto, carreteiro, carne de panela, dobradinha, frango com quiabo, baião de dois, rabada com polenta mole, carne de porco, risoto de funghi, feijoada, cordeiro assado com vinho e ervas, cozido, lasanha à bolonhesa, fondue de carne, queijos Brie, Gruyère e Provolone.

TEROLDEGO

Vinhos com essas uvas de origem italiana costumam apresentar fortes taninos, ser escuros e intensamente frutados, na Campanha Gaúcha e Serra do Sudeste. Os da Serra, com as temperaturas mais baixas, se apresentam menos potentes e menos aromáticos e com coloração mais clara. Os aromas lembram frutas pretas (ameixas), além de café, alcaçuz, couro, especiarias, tabaco e cacau.

HARMONIZAÇÃO: caça, churrasco, molhos condimentados e intensos, queijos curados, costela bovina, feijoada, paleta de cordeiro assada, charcutaria, risoto com queijos.

TOURIGA NACIONAL

Considerada a uva rainha de Portugal, se deu muito bem principalmente na região da Campanha Gaúcha (Candiota) e da Serra do Sudeste (Encruzilhada do Sul). O vinho feito com essa uva tem a característica de ser encorpado, tânico, com cor intensa e profunda e com boa graduação alcoólica. Nos aromas, tem predominância do floral (violeta), do frutado (amora, ameixa e mirtilo) e pode apresentar notas de alecrim, menta e chocolate escuro. Com essa uva são elaborados espumantes, vinhos tintos secos e licorosos.

HARMONIZAÇÃO:

vai muito bem com receitas agridoces, como cordeiro com damasco, frango com passas e laranja, lombo com abacaxi. Também faz boa parceria com carnes vermelhas, defumados, leitão assado, comida indiana, caças. Em Portugal, com a uva fazem vinhos do Porto e servem com queijos azuis, chocolate e sobremesas com nozes.

AS VINÍCOLAS BRASILEIRAS VÊM FAZENDO DIVERSOS TESTES COM VARIEDADES IMPORTADAS DE REGIÕES QUE

TÊM MICROCLIMAS SIMILARES AOS DO BRASIL, PARA SABER QUAIS AS QUE MELHOR SE ADAPTAM POR AQUI

Equilíbrio

CHERRINE CARDOSO

QUANDO NÃO NOS ACHAMOS MERECEDORES

Você, leitor, assim como eu, certamente já se questionou (talvez entre muitas coisas) sobre por que determinadas situações simplesmente não dão certo.

Você se dedica incansavelmente para suas provas, mas o resultado nunca é o que você gostaria. Você faz inúmeras especializações, buscando um melhor posicionamento no seu trabalho, mas ele simplesmente não vem. Você procura ser a melhor pessoa dentro de uma relação, mas simplesmente não se sente amado o bastante para acreditar que seja especial.

E daí as perguntas começam a surgir: “Mas o que eu estou fazendo de errado?”.

Ainda que pudéssemos vasculhar milhares de possibilidades para responder a essas perguntas, certamente nenhuma delas seria o suficiente para agradar às suas possíveis frustrações. E muitos de nós simplesmente vivem de duas maneiras: ou aceitamos o fato de que parece que em nossa vida nada muda ou dá realmente certo; ou buscamos meios e métodos para que algo mude e nos traga os resultados que queremos.

A primeira maneira é a mais fácil. Afinal, se eu já pareço dar o meu máximo em tudo o que eu faço e nunca é suficiente, por que me esforçar mais ou

correr atrás de incertezas se só o que a vida me apresenta é mais do mesmo, não é?

Zona de conforto não tem esse nome à toa. Ela nos paralisa, nos acomoda e, no fim, só aumenta ainda mais as nossas sensações de sofrimento, por nunca acharmos que merecemos o melhor. E, de certa forma, também não nos movemos para fazer com que as coisas sejam diferentes.

A segunda maneira é que requer esforço. Requer questionamentos internos. Requer coragem. Requer mudanças! E muitos de nós estão tão cansados vivendo o básico que ter coragem parece algo muito distante. Porém, é quando nos damos uns chacoalhões ou recorremos a formas de instigar um novo movimento em nossa vida que as coisas meio automaticamente vão se modificando. Você passa a achar que está com mais sorte. Passa a acreditar que haja chances de as coisas serem diferentes para você. E isso te inspira a seguir na direção da mudança que, inevitavelmente, trará as recompensas.

Basicamente, por vivermos num mundo dual, as duas únicas opções que temos para nos sentirmos merecedores da vida que queremos ter depende de uma coisa apenas: sua escolha!

A partir do momento em que você escolhe fazer algo diferente, seja

em qual área da vida isso te pedir, tudo o que você sempre quis e desejou parecerá estar mais próximo do seu alcance. Escolher é o que torna seu livre-arbítrio uma dádiva ou um martírio.

Importando pouco a consequência das escolhas, você estará vivendo exatamente aquilo que veio destinado a viver. Mesmo que desejasse ter outra situação ou outras respostas da vida, a partir da sua decisão virão as consequências. E sendo elas boas ou ruins, se tornarão as experiências que você precisa ter.

Dessa forma, nós somos sempre merecedores do que estamos vivendo. Podemos mudar? Sim. E devemos. Devemos mudar tudo o tempo todo. A forma, a maneira, a atitude, a energia, a comunicação, os desejos. Quanto mais enxergamos onde as coisas não estão fluindo ou estão apenas se repetindo em looping, te fazendo parecer voltar sempre pro mesmo lugar e pros mesmos resultados, esta será a melhor hora

para você respirar, aquietar e se questionar: “O que eu posso fazer diferente, para, então, ter resultados diferentes?”. Soa clichê, mas no fim é exatamente assim.

A gente só quebra um padrão de repetição de comportamento quando, enfim, nos conscientizamos de que fazer sempre tudo do mesmo jeito, esperando efetivamente ter retornos diferentes, nunca dará certo. Talvez precisemos repetir mais de uma vez tudo, até mesmo os erros, para nos darmos conta de o que exatamente temos que mudar. Mas no momento em que a ficha cair, corre da zona de conforto! O mais longe e rápido que conseguir. Só assim você vai olhar para o que tem e vai entender que sempre foi merecedor de tudo o que recebeu.

CHERRINE CARDOSO É AUTORA DOS LIVROS A INCRÍVEL ARTE DE DESAPEGAR E REINVENTE-SE E PERSONAL YÔGA LIFESTYLE

mulheres que amamos

A MULHER QUE ESTRELA ESTA

SEÇÃO É UMA DESBRAVADORA.

EM UMA IDADE QUE PARA

MUITAS REPRESENTA A

HORA DE DESACELERAR,

ELA APRENDEU NOVOS OFÍCIOS,

SE AVENTUROU, REINVENTOU-SE.

MIRÉIA BORGES É UMA MULHER

QUE INSPIRA, ENCORAJA,

ANIMA, FAZ A DIFERENÇA.

UM BRINDE A ELA!

FOTO: PEDRO ANTONIO HEINRICH/DIVULGAÇÃO

MIRÉIA BORGES

Miréia Borges é o perfeito exemplo de que é possível mudar de carreira e se reinventar sempre, independentemente da idade. A porto-alegrense de 64 anos estudou química, pedagogia empresarial e fez uma pós em administração hospitalar. Atuou por muitos anos na área de Recursos Humanos, mas ao completar 50 anos de idade sentiu a necessidade de promover mudanças.

Abandonou o trabalho e, enquanto decidia seus novos rumos, leu um anúncio no jornal Zero Hora, que chamava pessoas comuns para se tornarem criadoras de conteúdo. Foi aí que nasceu sua versão blogueira –um desafio que ela topou sem nem mesmo saber muito bem o que significava.

Foi selecionada e durante cerca de sete anos escreveu semanalmente sobre as curiosidades e delícias do bairro onde vive há décadas, o Moinhos de Vento. Ela criava textos para o blog do jornal, mas às vezes suas pautas migravam para a versão impressa. Esse trabalho permitiu que estreitasse ainda mais os laços que tem com os moradores e comerciantes do bairro. Enquanto buscava pautas e notícias interessantes, criou relacionamentos e vários convites e oportunidades começaram a aparecer.

Nessa época nasceu uma parceria com o Moinhos Shopping, que durou cerca de quatro anos. Ela encarou o desafio de realizar, na praça de alimentação do centro comercial, palestras em formato de talk show, onde ela conversava com profissionais de diferentes áreas, trazendo informação sobre assuntos como saúde, bem-estar e estilo de vida.

Esse projeto aumentou ainda mais seu repertório, já que aprendeu na prática a produzir eventos. Ela fazia tudo sozinha: definia o tema do encontro, convidava o palestrante, negociava com os comerciantes do shopping para que cedessem itens para sorteio e fazia

a divulgação para atrair o público. Todos os encontros promovidos por ela tiveram casa lotada, e assim Miréia foi se consolidando como uma grande comunicadora.

Mas nem tudo foram flores. Mesmo amando o que faz, sofreu muito preconceito e era chamada de “essa velha” entre o crescente grupo de blogueiras que pipocava pela capital gaúcha havia uma década. Alguns inclusive debochavam de seu blog, cujo nome era “Nos passos da Maturidade”.

Uma das pioneiras em criar conteúdo para um público com mais de 50 anos, entrou no radar da WGSN, agência global de pesquisa de mercado, que já enxergava o potencial de consumo das mulheres maduras. Nessa época mudou o nome do seu blog para “Conversando com Miréia”, sempre com pautas de interesse das mulheres mais experientes e levantando questões relevantes e que até hoje são consideradas tabu, como menopausa, cabelos brancos e a sexualidade na melhor idade. Há cerca de três anos foi recrutada pelo Google para fazer parte de um grupo de influenciadores digitais de todo o país – era a única gaúcha. Entrou então para o casting da agência Silver Makers, que conecta marcas a influenciadores digitais com mais de 50 anos.

Agora que é Influenciadora Digital, dedica-se diariamente a criar conteúdo para os seus seguidores e só trabalha com marcas com as quais realmente se identifica. Em seu perfil de Instagram @mireiabrg, dá dicas de filmes e seriados, comenta livros, conta histórias e conversa sobre os assuntos relevantes à maturidade do homem e da mulher. Essa curiosa e inquieta geminiana, que é também uma apaixonada esposa, mãe e avó, não para de criar. Louca por tecnologia, criou e lançou recentemente o podcast “Idade não é documento”, que está disponível na plataforma Spotify.

Palavra

FÉ EM ALGUMA COISA

Horizonte turvo, estreitado de modo bárbaro – e bota bárbaro nisso – pela conjuntura brasileira, eu faço, sem pensar, como todo mundo: procuro lugares onde depositar minha esperança.

Troquei um whatsapp esses dias com uma irmã, contando de um problema, e ela disse que resistia nela uma vaga crença no anjo da guarda, que as crianças católicas saudavam numa oração ritmada. Eu respondi que agradecia a lembrança e por um momento revivi aquela prece, sem fé alguma mas com certo conforto.

Então onde, em quem depositar meus tostões de desejo de coisa melhor?

Um lugar inesperado para mim tem sido alguns podcasts, em especial um, que não me vexo de reconhecer que estou ouvindo inteiro pela terceira vez – são uns 30 episódios, e o assunto é meio inesperado: um recorrido dos últimos mil anos, desde um sábio humanista chamado Al Farabi (de onde veio “alfarrábio” em nossa língua) até a criação da ONU, passando por Dante Alighieri, Maimônides, Thomas Morus, Damião de Góis, Spinoza, Alfred Dreyfuss e outros heróis do pensamento e da ação.

O foco do podcast recai justamente sobre figuras que desejavam e promoviam a convivência, a tolerância, em meio a polarizações intensas. O podcast se chama “Agora, agora e mais agora” e seu autor é Rui Tavares, historiador, ex-eurodeputado. Vai por mim: é sensacional, em toda a linha, desde o sotaque portuga tão bonito até a erudição conduzida com zero pernosticismo e total simpatia.

O outro lugar não podia ser mais óbvio: os livros. Tenho lido, relido, recomendado, compartilhado, talvez como nunca antes. Tanta coisa maravilhosa, tanta história, tanta

imaginação, tanta superação, tanto confronto com limites pesados, tanta tragédia, tanta comédia.

Mas queria aqui mencionar dois, que representam uma renovação da minha velha fé no livro como lugar privilegiado das grandes virtudes humanas. Um deles é Um livro, muitas histórias, edição da Quatorze VinteUm, que reúne depoimentos de alunos atuais da Fundação O Pão dos Pobres, essa entidade tão meritória que faz o bem há 126 anos.

Histórias singelas, de alunos que contam o que eram e o que conseguem ser ou ao menos sonhar em ser por causa da escola profissionalizante que se mantém viva naquele lindo prédio, que ficava na margem do Guaíba, antes do aterro.

O outro se chama O tempo é prioritário, mas traz na capa outro ainda, “Poeta do asfalto”, preparado pela Filos editora, de Canoas. O autor é Jonatã Nunes e ele aparece sorrindo numa foto já na capa – com seu uniforme de, eu ia dizer lixeiro, mas a segunda aba do livro diz que ele, aos 32 anos, é “poeta e coletor de resíduos recicláveis” em Canoas.

Sua poesia é direta ao ponto, tratando de dores de amor, de anseios de vida melhor, de dúvidas existenciais fortes, inclusive sobre o poder que as palavras têm (ou não têm) para dizer o que vai na alma.

Poderia terminar este texto como nos antigos documentos cartoriais: o declarado é verdade e assino embaixo como testemunho da minha fé.

AUGUSTO FISCHER,

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