Revista Estilo Zaffari - Edição 87

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Ano 12 N0 87 R$ 7,90

VIAGEM O EMBLEMÁTICO E LINDO CONTINENTE BRANCO

LIFESTYLE ROTEIRO DE LUGARES PET FRIENDLY EM PORTO ALEGRE

Revolução na Tradições revistas: chefs apostam nos ingredientes regionais trabalhados de forma inovadora




Milene Leal milene@entrelinhas.inf.br

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Bete Duarte, Beto Conte, Milene Leal, Taciane Corrêa REVISÃO Flávio Dotti Cesa DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade ILUSTRAÇÕES Moa FOTOGRAFIA Letícia Remião, Beto Conte, Cris Berger, Milene Leal COLUNISTAS Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Cris Berger, Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Tetê Pacheco

EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS) COMERCIALIZAÇÃO Carlos Eduardo Moi (eduardo@entrelinhas.inf.br) fones: 51 3026.2700 e 3024.0094 A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Entrelinhas Conteúdo & Forma, sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É ve­dada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.

TIRAGEM 20.000 exemplares IMPRESSÃO Cromo Gráfica e Editora

ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Cel. Bordini, 675, cj. 301 Porto Alegre I RS I Brasil I 90440 000 51 3026.2700 www.entrelinhas.inf.br

Ano 12 N0 87 R$ 7,90

VIAGEM O EMBLEMÁTICO E LINDO CONTINENTE BRANCO

LIFESTYLE ROTEIRO DE LUGARES PET FRIENDLY EM PORTO ALEGRE

Revolução na Tradições revistas: chefs apostam nos ingredientes regionais trabalhados de forma inovadora 01_EstiloZaffari_87.indd 1

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

03/07/2019 01:27:55


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MARAVILHAS PARA VER, COMER, DESCOBRIR Todos sabemos que o mundo vem mudando, e muito. São novidades e mudanças em todas as áreas. E na cozinha não poderia ser diferente. Chefs pelo Brasil afora começaram a trabalhar de forma diferente com a tradição culinária de suas regiões. Aqui no Rio Grande do Sul, onde estamos sediados, a onda é usar ingredientes clássicos com uma interpretação contemporânea. Chefs renomados investem na busca dos melhores produtores locais e criam receitas com os mesmos ingredientes do passado, mas em concepções totalmente novas. Já imaginou um sorvete de batata-doce roxa com molho de sagu e farofinha de cuca? Pois a Arika Messa não só imaginou como criou essa sobremesa deliciosa, que, aliás, é uma das receitas da matéria principal desta edição. Além da capa maravilhosa, com os croquetes de cordeiro elaborados pelo chef Carlos Kristensen e fotografados por Leticia Remião, sua revista está cheia de coisas belas. Beto Conte nos traz o relato de sua recente

viagem pela Antártida, o Continente Branco, que encanta pela variedade de formas e cores dos icebergs, além dos animais belíssimos que habitam esse gelo todo. Cris Berger fez um roteiro especial para os porto-alegrenses que amam seus pets e querem a companhia dos bichinhos sempre que possível: um guia pet friendly da capital gaúcha, incluindo restaurantes, bares, cafés e até hotéis preparados para receber com conforto cães e gatos. E tem mais: uma matéria especial sobre a noz pecan, produto nobre, saudável e gostoso que tem no inverno a sua estação de safra. Pra quem curte viajar, um giro de um dia pela Universal Studios e Islands of Adventure, com foco especial no mundo de Harry Potter. Finalizando a edição, duas Mulheres que Amamos demais, duas jovens que estão arrebentando em suas áreas de atuação e fazendo trabalhos dignos de nota. Acomode-se na poltrona, pegue aquela xícara de chá ou de café bem quentinho e... boa leitura!

OS EDITORES


Cesta Básica

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Coluna Humanas Criaturas

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Coluna Vida

34

Coluna Sampa

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O Sabor e o Saber

58

Coluna Equilíbrio

70

Lugar: Universal Studios

74

Mulheres que Amamos

86

Coluna Palavra

90

O espetáculo da natureza na Antártica, com seus belos icebergs e animais

36

Saudável, nobre e versártil, a noz pecan é um ingrediente típico de inverno

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Mudança nos costumes: os pets agora frequentam restaurantes, cafés e hotéis

Identidade contemporânea: uma revolução na tradicional culinária gaúcha

62

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Cesta básica

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, MODA, LITERATURA, ARTE, LUGARES, VIAGENS, OBJETOS ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, CO­MIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!

OS ENCANTOS DA GUATEMALA

A primeira viagem de imersão cultural com Beto Conte em 2020 será para descobrir a incrível mescla da herança indígena e colonial da Guatemala, na América Central. Este Grand Tour mergulha na cultura Maya, desvendando as ruínas dessa antiga civilização, seu legado indígena na música, nos costumes, no idioma e no colorido trabalho de tecelagem. O roteiro se inicia em um hotel charmoso no Lago Atitlán, cercado por vulcões. Continua pela feira indígena de Chichicastenango, com toda riqueza cromática de seus tecidos tradicionais, segue para as ruínas de Tikal e finaliza na cidade colonial de Antigua, declarada patrimônio da humanidade pela Unesco.

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PRATOS TÍPICOS DA ARGENTINA Uma experiência gastronômica autêntica completa, com os tradicionais pratos argentinos inaugurou na capital gaúcha. São oferecidos 22 pratos, entre: empanadas, entradas, guarnições e a clássica parrillada, com chorizo, morcilla, e cortes como bife de chorizo, asado de tira e matambrito, tudo mantendo o máximo do sabor “de los hermanos”. Para completar o cardápio, os sócios, Livia Lehuguer e Luciano Griffo, oferecem as marcas já conhecidas, como: o sorvete Freddo e as cervejas Quilmes e Patagônia. Na carta de vinhos, cerca de 90% dos rótulos são argentinos. O nome a República de La Boca faz uma homenagem ao tradicionalíssimo bairro La Boca, conhecido por suas casas coloridas e a história do tango em Buenos Aires. A decoração é carregada de referências portenhas, incluindo as clássicas cores das casas do Caminito e a curiosa jarra de vinho em formato de pinguim, um clássico das famílias argentinas. “Nossa ideia é proporcionar o mais próximo de uma experiência tradicional argentina, com os melhores produtos e um pedacinho de Buenos Aires em plena Porto Alegre, de forma a transportar o cliente ao bairro La Boca, através da ambientação, da comida, e da música”, finaliza o casal.

REPÚBLICA DE LA BOCA PARRILLA ARGENTINA AV. BAGÉ, 489 I PORTO ALEGRE I RS TER A SEX DAS 18H30 ÀS 23H, SÁB DAS 12H ÀS 15H30 E DAS 19H ÀS 23H30. DOM DAS 12H ÀS 15H30. WWW. REPUBLICADELABOCA.COM.BR INSTAGRAM @REPUBLICADELABOCAPOA

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LUZ E ARTE

AZEITE PURO GAÚCHO A marca de azeite gaúcho de Cachoeira do Sul, Azeite Puro, estreia no mercado com o seu primeiro blend. A produção é a mais nova aposta da família dona do grupo Todeschini. A terceira geração, inspirada nas ideias do fundador de uma das maiores fábricas de móveis da América Latina, José Eugênio Farina, de 94 anos, começou o trabalho fazendo estudos e pesquisas na Espanha, Portugal e Uruguai, visitando produtores e fábricas. Assim aprenderam a importância da escolha das melhores mudas, além dos cuidados com o solo e com a poda, que resultam em um azeite de oliva extravirgem de qualidade. O azeite é um blend das azeitonas Arbequina, Arbosana e Picual. Focada na produção de alta qualidade, a marca gaúcha acredita que, assim como o caminho trilhado pelos vinhos brasileiros, o próximo produto a ganhar destaque e reconhecimento nacional será o azeite de oliva produzido em terras gaúchas.

O designer Ále Alvarenga buscou inspiração na joalheria e na ourivesaria para a criação de peças que iluminam não só ambientes mas também propõem novas abordagens de design. Suas luminárias são objetos sofisticados que resultam de extensa observação de mercado e de comportamento humano, agregando funcionalidade às práticas sustentáveis e tecnológicas de fabricação. Com suas peças, Ále busca elevar a iluminação ao status de arte, destacando diferentes bulbos e opções de laminação, que oferecem personalização e acabamento ímpares. O designer une o pensamento criativo e seu amplo conhecimento industrial para desenvolver, com estética sofisticada, objetos simples e funcionais. DESIGNER ÁLE ALVARENGA CASA DE ALESSA

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UM MUSEU, UMA PAISAGEM E UM RESTAURANTE Junto à beleza arquitetônica do Museu do Amanhã, em conexão plena com a natureza, fica o restaurante Fazenda Culinária. Um lugar para curtir com calma, contemplar a paisagem e saborear receitas criativas. O Museu do Amanhã é um dos símbolos da revitalização da região portuária do Rio. Seu acervo examina o passado, analisa tendências do presente e apresenta cenários do futuro. O restaurante do museu não poderia ser diferente. Em seu cardápio, o melhor da gastronomia moderna, sem abrir mão de receitas clássicas e com grande investimento no futuro da cozinha sustentável. O Fazenda Culinária tem parceria com o projeto social Diamantes na Cozinha, criado pelo chef João Diamante, que ministra aulas gratuitas de gastronomia para jovens e adultos cariocas. Para a entrada, boa pedida é o bolinho sertanejo de feijão, carne seca e queijo. Para o principal, o peixe grelhado com molho de açaí acompanhado de purê de banana da terra. Também é possível ir ao Fazenda apenas para tomar um drink no fim do dia: o Galo da Granja, o Cajumaru ou o Olhar 43 já merecem uma visita. FAZENDA CULINÁRIA AV. RODRIGUES ALVES, 2 I CENTRO I RIO DE JANEIRO I 21 99628. 0101 DE TERÇA A DOMINGO: 12H ÀS 18H I RESTAURANTE@FAZENDACULINARIA.COM.BR FACEBOOK:@FAZENDACULINARIARJ I WWW.FAZENDACULINARIA.COM.BR

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Cesta básica

CICLO DE PALESTRAS NA ESCOLA DE PAIS A Escola de Pais, ciclo de palestras temáticas realizado dentro do Instituto Ling, chegou à sua terceira edição. Em 2019 o ciclo conta com educadores, médicos e psicólogos que abordam temas constantes na pauta das famílias contemporâneas, sempre com leveza e profundidade. O objetivo das palestras é levar aos pais conhecimentos e reflexões de especialistas para que possam lidar melhor com os principais desafios da infância e da educação. A Escola de Pais quer tornar os pais e mães mais capacitados para entender suas próprias necessidades e as de seus filhos, com um olhar amplo e atual. Dentre os temas destacam-se: o incentivo às competências sociais; a autonomia e o empreendedorismo desde a infância; como contribuir no processo de alfabetização; o reflexo do estilo de vida familiar no desenvolvimento das crianças; como ajudar os filhos a superar conflitos e medos típicos de cada faixa etária.

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ESCOLA DE PAIS FACEBOOK/INSTAGRAM/YOUTUBE: @ESCOLADEPAIS018 ONDE ACONTECE: INSTITUTO LING I 51 3533-5700 JOÃO CAETANO, 440 I TRÊS FIGUEIRAS I PORTO ALEGRE


SEU PASSAPORTE PARA O MUNDO Em 2013, o Colégio Monteiro Lobato implementou o Programa Monteiro High School, em parceria com o Columbia International College, da cidade de Hamilton, na Província de Ontário, no Canadá. Desde então, a internacionalização do Ensino Médio se consolida com o reconhecimento do governo canadense e da comunidade acadêmica internacional.

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Cesta básica

SAUDABILIDADE NAS REFEIÇÕES Reconhecido por seus cafés especiais, o Santo Grão acaba de renovar o menu, incluindo opções vegetarianas e veganas, sem glúten, açúcares ou lactose. A novidade está presente tanto no cardápio de café da manhã como nas entradas, pratos principais e sobremesas, tudo pensado para acompanhar uma tendência de alimentação mais saudável. Alguns destaques: spaghetti de cenoura e abobrinha ao molho de shoyu de coco, risoto de couve-flor com pesto cremoso de pistache e tomate confit, burrata com figos caramelizados e saudáveis trufas feita com tâmaras, castanhas e cacau. As novidades não se limitaram ao cardápio de comidas, há também novas opções refrescantes na carta de drinques: o rosé fizz, o royal tea aperol e a kombucha nos sabores gengibre com chá verde, morango com hibisco ou maçã verde com cardamomo.

LEITERIA MULTIFUNCIONAL A Leiteria 639 é um espaço múltiplo que engloba restaurante, padaria, confeitaria e empório. Lá é possível desfrutar de um delicioso almoço, degustar uma sobremesa saborosa e ainda levar para casa um pão caseiro ou especialidades gastronômicas vendidas no empório. É um espaço para curtir café da manhã, almoço e jantar a qualquer hora. Aliás, este é um grande diferencial da casa: a cozinha funciona em período integral. Outro destaque é o magnífico Chá da Tarde, programa das quartas-feiras. A Leiteria apostou em uma experiência tradicional, mantendo a essência do encontro e do bate-papo entre amigos. Mas adicionou um novo olhar à tradição, com produtos diferenciados e um ambiente mais cool. O mascote oficial da Leiteria, o cachorro Churros, aguarda os amigos pets na agradável área externa da casa.

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LONGEVIDADE E BEM-ESTAR Há 37 anos o Kurotel oferece serviços inovadores e de qualidade, sendo considerado uma referência em saúde e bem-estar no Brasil. Conta com um método exclusivo que transmite a verdadeira filosofia de vida saudável. O estado de saúde dos clientes é pensado por uma equipe transdisciplinar que envolve medicina, alimentação, atividades físicas e emoções humanas. A reforma do Circuito das Águas e o lançamento da Ala Contemporânea foram pensados para receber um público diferenciado, pessoas que buscam desfrutar de momentos de relax, bem-estar e cuidados pessoais. A ampliação da infraestrutura tornou posível oferecer aos clientes, além dos planos médicos já tradicionais, planos não médicos, voltados para pessoas saudáveis que procuram manter a filosofia de bem viver. Com ambientes cada vez mais confortáveis e contemporâneos, sem perder o charme, o requinte e o cuidado em cada detalhe, o Kur passa, assim, a atender alguns outros nichos: o público corporativo, as noivas em seus preparativos nupciais e pessoas que priorizam o bem-estar. O programa Kur Relax e Spa (sem parte clínica envolvida) é ideal para este público. “Mais do que curar, queremos prevenção e hábitos saudáveis, que são capazes de mudar a vida dos clientes a partir da estada no Kur”, afirma o médico Luis Carlos Silveira, fundador. KUROTEL – CENTRO CONTEMPORÂNEO DE SAÚDE E BEM-ESTAR. RUA NAÇÕES UNIDAS, 533 I BAVÁRIA I GRAMADO I 0800 970 9800 RESERVAS@KUROTEL.COM.BR I WWW.KUROTEL.COM.BR

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Cesta básica

PARA DESCOBRIR PORTO ALEGRE COMIDA MEXICANA VERSÁTIL E SAUDÁVEL O Kaichili Mexican Food apresenta um conceito diferenciado, baseado na tendência casual food e em uma filosofia mais saudável, com utilização de ingredientes frescos, proteínas naturais e livres de hormônio. O menu contempla uma variedade de ingredientes, com diferentes toques de pimenta. O cliente pode montar o prato com seus ingredientes preferidos direto no balcão, com agilidade, mas há também opções à la carte. A casa funciona para almoço e jantar, sem fechar durante a tarde. Além do menu tradicioanl, o Kaichili oferece também alguns pratos para compartilhar, sobremesas, cafés e drinks. O ambiente é aconchegante, com um toque moderno e minimalista. KAICHILI MEXICAN FOOD RUA 24 DE OUTUBRO, 525 MOINHOS DE VENTO I PORTO ALEGRE I RS 51 3533.3903 WWW.KAICHILI.COM.BR 16

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O livro infantil “Porto Alegre na palma da mão: a evolução urbana da cidade para quem (ainda) não é urbanista” tem como proposta levar o público infantil a saber como Porto Alegre nasceu, se formou e se transformou ao longo do tempo. Realizada com recursos do financiamento coletivo online (Catarse), a obra tem como meta despertar nas crianças, por meio do conhecimento, o amor e o respeito por Porto Alegre, para que se tornem cidadãos com melhores condições de participar da vida urbana. A autora Ana Paula Alcantara e a ilustradora Bia Dorfman contam a história da evolução urbana de Porto Alegre utilizando um texto simples, muitos desenhos e mapas, para que os leitores possam ver e curtir a cidade sob seu próprio olhar, compreender suas histórias e perceber que podem descobrir muito em um simples passeio pelas ruas da capital. Depois de finalizado o projeto de financiamento coletivo, o livro poderá ser adquirido também pelo site. PORTO ALEGRE NA PALMA DA MÃO LIVRO + 9 MAPAS COM ROTEIROS + CARTELA COM ADESIVOS AUTORA: ANA PAULA ALCANTARA | ILUSTRAÇÕES: BIA DORFMAN PORTOALEGRENAPALMADAMAO@GMAIL.COM WWW.PORTOALEGRENAPALMADAMAO.ARQ.BR



Cesta básica

SANTIAGO E O PÃO DO TIAGO JOIAS COM DESIGN CONTEMPORÂNEO O designer carioca de joias Adalberto Amorim lançou recentemente a Coleção Genuine. As peças fazem um mergulho nos 10 anos de história das criações do designer, trazendo toda a essência do trabalho de Amorim: beleza, leveza e movimento. Nessa coleção, ele usa técnicas manuais e milenares para criação das joias e faz um lindo mix de texturas, conceitos e referências que se encaixam na vida cotidiana da mulher contemporânea. Este ano o designer está lançando também uma linha voltada para o público masculino. ADALBERTO AMORIM JOIAS INSTAGRAM: ADALBERTOAMORIMOFICIAL

Tem bombado a casa verde de esquina na Pompeia, bairro residencial em São Paulo que pela proximidade e certa similaridade pode vir a ser a nova Vila Madalena. O vuco-vuco é por causa do estonteante perfume de pão que de hora em hora perturba o povo que passa. A maior parte vai lá com essa intenção: provar ou levar as especialidades do padeiro gaúcho Tiago Saraiva, daí o nome da padaria - Santiago. Junto com seu partner Lucas Alves, os dois começaram a fazer pães de fermentação natural em casa para os amigos, que presentearam outros amigos e dizem que até os inimigos (se existem) não resistiram e se juntaram à fila que espera as fornadas de terça a domingo. O pão de alecrim com sal grosso é o carro-chefe. Pudera, é perfeito! Não requer manteiga nem azeite – e a casa tem vários, todos brasileiros, grande parte vindos dos produtores do Rio Grande do Sul. Tem pão só com esses azeites também. Multigrãos, de abóbora (feito com o creme suculento do fruto), de figo com nozes, uma obra de arte do sabor, de cacau e uma série de atrações que passa pela focaccia, muffins e berries, e vai até tortas de frutas. Café especial, cervejas artesanais, embutidos de origem, sucos, kombutcha e muitas especialidades compõem o espetáculo onde não falta nada, e tudo justifica a fila desencanada e amigável para colocar o papo e o pão em seus devidos lugares.

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Cesta básica

CAFÉ E CULTURA Um casarão histórico restaurado, rodeado por alamedas com jardins e árvores na região da Avenida Paulista, dá o clima inesperado em meio à metrópole: ali estão o Zel Café e a Livraria do Comendador. A casa dos anos 1930 recebeu em 2018 a reforma para abrigar o complexo que reúne as melhores paixões paulistanas: o café, a gastronomia e a cultura. O café Zel é produzido em Borda da Mata, Sul de Minas Gerais, e classificado com 86 pontos – está entre os prestigiados cafés especiais. A atmosfera do campo, o clima de fazenda definem a identidade da marca Zel e o estilo que foi ambientado no gastrocafé, que tem gastronomia

assinada pelo chef neozelandês Shaun Dowling. Ovos Benedict e combos para o café da manhã, camembert empanado e damascos para petiscar, carnes e peixes para o almoço e jantar são pedidas que podem ser desfrutadas em meio à paisagem e à companhia dos livros, tudo o que o lugar oferece. O café é uma atração e é servido em diferentes métodos. “Oferecemos uma bebida de agradável aroma, com notas doces e corpo denso, resultado do trabalho com os grãos especiais na nossa lavoura”, conta Carol Megale, que está à frente dos negócios. Os cafés da marca podem ser adquiridos no local em grãos, moído e em cápsulas ou também pelo site www.zelcafe.com.br

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Cesta básica

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EXPOSIÇÃO MIGRAÇÕES À MESA DOMETILA CAFÉ REABRE EM NOVO ENDEREÇO O Dometila tem 16 anos de história, uma clientela fiel e acaba de surpreender o público porto-alegrense: depois de um ano fechado o Café Bistrô reabriu, com os famosos sanduíches, as maravilhosas tortas, cremes e escondidinhos, além dos deliciosos cafés. Completando o cardápio do novo endereço foram incluídos pratos lowcarb (com redução de carboidratos simples) e diversos petiscos e massas, para que os clientes possam curtir os cinco ambientes por mais tempo. A nova casa conta com três ambientes internos – o salão principal, um espaço para cursos, palestras, degustações e exposições e outro para pequenos grupos ou casais que queiram maior privacidade – e dois ambientes externos.

A cultura, a história e as tradições de um povo passam pela cozinha, contadas através de utensílios e de receitas registradas em cadernos ou passadas oralmente de geração para geração. Uma exposição no Museu da Ufrgs reúne um pouco dos caminhos trilhados pelos imigrantes do Rio Grande do Sul e que ajudaram a compor a cozinha gaúcha. Os costumes de famílias são representados por objetos ligados ao ato de cozinhar. De panelas a pilões, de xícaras e moedores, cada um deles tem uma simbologia que revela os hábitos alimentares dos povos que por aqui chegaram. Livros e cadernos trazem ainda a personalidade de seus autores. Interessante ver ali exposto o caderno de uma alemã que vem para o Brasil sem falar português. As receitas em alemão são ladeadas por desenhos de frutas e ingredientes que ela iria encontrar por aqui. Na exposição também um caderno em que as receitas são transcritas por um homem para sua esposa. As tradições à mesa dos quilombolas e dos índios kaingangs e guaranis, por não estarem registradas em cadernos, são reproduzidas de forma oral em vídeos. Os quilombolas preparam e explicam a origem do mocotó. Migrações à Mesa pode ser vista até outubro.

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Cesta básica

SLIMSTONE SCA Depois do sucesso na Casa Cor SP, dentro do espaço assinado pelo arquiteto Felipe Hess, a Slimstone já está disponível no portfólio da loja S.C.A Mobiliário Contemporâneo de Porto Alegre. Tendo a inovação e a alta tecnologia como bases, a Slimstone é um material de revestimento que propõe uma alternativa para o uso das pedras naturais, como granito e mármore. A espessura de apenas 5 milímetros é um dos destaques do produto, que oferece uma gama de possibilidades de aplicação. Leveza, resistência e translucidez são diferenciais do produto, que pode ser usado em áreas internas de residências, em ambientes corporativos e até mesmo na decoração de barcos, iates, lanchas, aviões e até de elevadores. S.C.A. MOBILIÁRIO CONTEMPORÂNEO PORTO ALEGRE I RS (51) 2103-5855 WWW.SCA.COM.BR WWW.SLIMSTONE.COM.BR

INVERNO PEDE FEIJOADA A estação mais fria do ano chegou e, com ela, a deliciosa feijoada da Flor de Primavera. O prato mais consumido no Brasil está presente no tradicional almoço de sábado. Na Primavera, a típica feijoada tem vários acompanhamentos: aipim frito, arroz, batata-doce, banana à milanesa, couve com bacon, farofa, moranga e laranja. Tudo preparado de forma caseira, com muito carinho e o tempero já aprovado pela ampla e fiel clientela da casa. Além de todas estas gostosuras, a casa oferece sobremesa e uma degustação de cachaças, para aquecer ainda mais o cardápio. SANDUICHERIA FLOR DE PRIMAVERA RUA ERASTO ROXO DE ARAÚJO CORREA, 12 I BOA VISTA I PORTO ALEGRE I RS INSTAGRAM: SANDUICHERIAFLORDEPRIMAVERA FACEBOOK: SANDUICHERIAPRIMAVERA WWW.SANDUICHEPRIMAVERA.COM.BR


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Humanas criaturas T E T Ê

PAC H E C O

DOR NA COLUNA

Nem sempre gosto de escrever, mas tenho o vício de registrar. Lembro de mim bem pequena, sentada na ponta da cama, olhando para o nada, pensando. Passo a vida a pensar, por isso escrevo, para que as ideias e os pensamentos não fujam de mim. Não tem a ver com desafios de estilos ou gêneros, apenas me agrada a ideia de guardar o pensamento. Sempre carrego um caderninho e, se não me falha a caneta, anoto, anoto e anoto. Normalmente minhas anotações levam a coisa alguma. Às vezes rola um parágrafo. E, muito raramente, ideias desembocam num texto. Até hoje me espanto quando alguém diz gostar do que eu escrevi. E mais ainda quando me convidam para colaborar com uma revista. Para os editores que tive o privilégio de ter na vida, sou uma espécie de inferno. Sempre a última a entregar. Aqui, escrevo desde 2002. A Estilo tem uma média de 4 edições anuais. Portanto, se considerarmos os 17 anos de publicações, já são quase 70 textos e alguns editoriais. Haja assunto. Como o(a) leitor(a) deve estar percebendo, não estou fazendo questão de esconder um certo mau humor. É que escrever, pen-

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sar e ter a pretensão de registrar ideias neste Brasil de hoje não está mole, não. Fácil perceber que o humor, a ironia, a sutileza, a crítica e as entrelinhas não estão vivendo seus dias de glória. Concordamos? Como registradora, atento para o fato de que vivemos dias sombrios, onde a educação está amplamente desvalorizada e a cultura, atacada, a ciência é desacreditada, os questionamentos não são bem-vindos, a literalidade está reinando. Não nos enganemos. O literal tem seu papel numa sociedade que se desenha preconceituosa e conservadora. O papel de não gerar dúvidas. É fato que quando o ser humano sai da certeza e entra na dúvida um mundo se abre. O incerto e o questionador são engrenagens essenciais. Não fosse assim, muitas das conquistas e conhecimentos da humanidade não seriam alcançáveis por nós. Poderíamos até chegar a absurdos inimagináveis como afirmar, por exemplo, que a Terra não é redonda. Já pensaram nesse horror obscurantista? Pois é. Preguiça. Sei que a preguiça é um estado leviano, pois é justamente nesses momentos históricos que temos a obrigação de levantar as ideias e dar duro pela iluminação geral. Mas tá difícil, dói levantar. Não são as juntas, não. Nem os músculos que me dão sustentação. O que dói é ver. TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA


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D U A R T E

F OTO S

As nozes são um ingrediente típico de inverno. Calóricas, já foram vistas como inimigas da alimentação humana por serem ricas em gorduras. Atualmente, no entanto, passaram a ser recomendadas por trazerem grande benefício à saúde: ajudam a controlar o colesterol ruim e, consequentemente, a proteger o coração. Versáteis, integram receitas doces e salgadas. As mais tradicionais são as chilenas, que têm origem asiática, e são conhecidas como persas, pois eram consumidas pela rea­leza do povo persa há milhares de anos. Mas as que têm conquistado o paladar por aqui são as pecans, principalmente pelo custo menor. Conhecida como noz brasileira, a pecan tem, na verdade, a origem

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L E T Í C I A

R E M I Ã O

na América do Norte. Naquele país, os primeiros cultivadores eram os índios algonquin que, nos festivais tribais, serviam a powochicora, bebida intoxicante gerada da mistura fermentada da noz amassada em pedras e acrescida de água. As primeiras mudas chegaram no Brasil por volta de 1866, trazidas pelos imigrantes que fugiam da Guerra da Secessão nos Estados Unidos. No Rio Grande do Sul, que se tornaria o maior produtor brasileiro, foi na Granja de Pedras Altas, antigo município de Pinheiro Machado, que Joaquim Francisco de Assis Brasil teria plantado ao lado do castelo algumas nogueiras que podem ter sido as primeiras mudas comerciais do país.


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Bastidores de Cozinha CONSERVAÇÃO

Por conterem grande quantidade de óleos super-delicados, se mal armazenadas, as nozes podem se tornar rançosas. Com casca – devem ficar em lugar fresco, seco e longe da luz. Se estiver muito calor, vale conservar na geladeira. Sem casca – pedem embalagens hermeticamente fechadas e, de preferência, devem ser mantidas na geladeira, onde duram até 6 meses. Se guardadas no congelador, essa validade passa a ser de 1 ano. Na mitologia grega, a nogueira simboliza a profecia. Isto porque a deusa Ártemis – que tinha o dom da clarividência – teria sido transformada em uma nogueira. Para o povo grego, essa árvore está associada ao dom de prever o futuro. Ártemis era a irmã gêmea de Apolo e considerada o oposto de Afrodite – a deusa do amor. Virgem e cruel, vinga-se das mulheres que cedem aos encantos da paixão. Para os romanos, a noz simbolizava abundância e prosperidade.

NA COZINHA As nozes podem ser condimentadas. Para isso, basta levá-las ao fogo com manteiga por 5 minutos. Depois, juntar o açúcar mascavo, páprica picante e sal e mexer por cerca de 8 minutos, até derreter completamente o açúcar. Em seguida, espalhar em uma forma e deixar esfriar. Para caramelizar 1 xícara de nozes, leve ao fogo ½ xícara de açúcar com ¼ de xícara de água até borbulhar. Junte as nozes e vá mexendo até que o açúcar doure. Junte 1 colher (chá) de manteiga e misture bem. Distribua em uma forma para que esfriem. As nozes podem compor um delicioso molho pesto bem simples, quando batidas no liquidificador com folhas de manjericão, alho, azeite de oliva e sal. Finalizando com queijo parmesão ralado.

RECEITA

A chef confeiteira Sharisy Lauxen tem predileção pela noz pecan, que considera mais rica em sabor do que a chilena, além de mais econômica. E dá uma dica para qualquer preparo com essa noz: tostá-la bem, mas cuidado para que não passe do ponto, porque pode amargar. Atualmente, Sharisy tem se dedicado à produção de sobremesas mais saudáveis e menos doces, por isso fez algumas adaptações à clássica receita norte-americana de pecan pie, a torta de noz pecan. A massa frola leva farinha integral, raspas de laranja e um leve toque de canela. No preparo do recheio, entram o açúcar mascavo e as aromáticas nozes moscada e fava tonka.

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SAIBA MAIS

NA MITOLOGIA

O nome pecan deriva de uma língua nativa da América do Norte que significa “noz de casca dura”. As nogueiras levam 8 anos para começar a produzir e podem dar frutos por mais de 300 anos. Para obter todos os benefícios à saúde, basta comer 5 nozes (28 gramas) ao longo do dia. 87% do total de gorduras encontradas na pecan são as consideradas gorduras boas (mono e poli-insaturadas). O Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro de nozes pecan. A cidade de Anta Gorda, conhecida como Capital da Noz Pecan, é, hoje, a segunda maior produtora, perdendo apenas para Cachoeira do Sul. A China é o maior produtor e consumidor de nozes do mundo.


TENDO EM VISTA AS PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES E ANTI-INFLAMATÓRIAS, A NOZ PECAN É UM ALIMENTO ESSENCIAL NO CARDÁPIO DE QUEM DÁ IMPORTÂNCIA À QUALIDADE DE VIDA E AO BEM-ESTAR


Bastidores de Cozinha

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Pecan Pie S H A R I S Y

L AU X E N

MASSA 300 G DE FARINHA INTEGRAL 3 GEMAS 150 G DE MANTEIGA 75 G DE AÇÚCAR 1 PITADA DE CANELA RASPAS DE 1 LARANJA RASPAS DE 1 LIMÃO 5 ML DE EXTRATO DE BAUNILHA RECHEIO 130 G DE NOZES PECAN TRITURADAS 3 OVOS 80 G DE AÇÚCAR MASCAVO 150 G DE MEL 60 G DE MANTEIGA 5 ML DE EXTRATO DE BAUNILHA 1 PITADA NOZ-MOSCADA PARA DECORAR 100 G DE NOZES INTEIRAS 20 G DE MANTEIGA PARA PINCELAR AS NOZES

MODO DE FAZER A MASSA: misture todos os ingredientes até formar uma bola. Com a massa, forre o fundo e as laterais de uma forma de 20 cm e leve para gelar. Leve ao forno para pré-assar, a 1800C, até dourar. MODO DE FAZER O RECHEIO: bata os ovos e junte as nozes trituradas. Incorpore a manteiga derretida, o açúcar e o mel. Adicione as especiarias e mexa bem. Preencha a torta previamente assada com o recheio e leve ao forno, a 1800C, por aproximadamente 20 minutos. Acrescente as nozes inteiras para decorar e finalize com manteiga derretida para dar brilho. DICA: para dar um toque especial, pode acrescentar uma raspinha de fava tonka (cumaru) ao recheio.

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Vida C E L S O

G U T F R E I N D

AMOR DE PALAVRA* Quando pronunciamos um nome estrangeiro – Alexandre Dumas, por exemplo – podemos ignorar a pronúncia de origem e utilizar a nossa. Em alguns casos, acrescenta-se um fonema; em outros, o “estrago” é maior. Claude Lévi-Strauss, por exemplo, pode ser falado em “auss” e não “ôs” como no original. Coloquei aspas de propósito na palavra estrago, porque não acho que estrague alguma coisa. Na França, sempre fui chamado de “Celzô”. Acolhi-o naturalmente como faziam os meus amigos, o fotografo “Achutti”, acentuado no i final ou o jornalista “Dinhô”. A sorte não era melhor para os brasileiros do Paris Saint-Germain. Leonardo era Leonardô, Ronaldinho, Ronaldinhô, mas, quando chegou o Raí, eu pensei que ele não mudaria de nome. Mudou e virou Rái. Tempos depois, o lateral Ceará virou Cearrá com a devida multidão de erres. Confesso que isso nunca me deixou sozinho, tampouco deixei de atender a algum chamado. A minha atração pela pronúncia caseira não resgata nenhum sentimento de desforra ou vingança. Celso ou “Celzô”, nunca deixei de ser eu mesmo, embora faça parte de mim eu valorizar a força de uma palavra. Do som ao sentido. Não fomos educados no Brasil para atingir certos sons e a pronúncia francesa “correta” é impossível na maioria dos casos, daí a existência dos sotaques, um estoque do que somos não importa onde. Confesso que tentei dizer “corretamente” Montreuil e, não raro, não me reconheci com aqueles bicos estranhos em minha boca torta e desesperada. Certa vez, ao pronunciar o nome do

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ator Daniel Auteuil, quase tive uma parada respiratória. Interrompi em tempo de recuperar o fôlego, ficar quieto e dar gracias a la vida em bom portunhol. Adaptar pronúncias à nossa fonética também pode significar um convite para que o estrangeiro entre em nossa pátria. A minha pátria é minha língua, conforme cantou o Caetano ou Caetanô, figura assídua no teatro Chatelet (ou Chatelete) em Paris. Bebeu a ideia em Pessoa ou Pessoá, poeta muito lido por aqui. A adaptação linguística ao local, seja de quem ou como for pronunciada, alcança-nos uma leitura amigável e cosmopolita. Mas estamos falando de palavras e elas são suficientemente ambíguas para revelar o nosso estado de alma, sempre afeito a outras versões. O meu melhor amigo francês é italiano, o Ulysse Coco. Ele foi o único que atingiu a pronúncia correta de meu nome. Amizade e respeito aos sons originais andaram sempre juntos na boca do meu amigo. A recíproca jamais foi verdadeira, mas ele teve humor suficiente para entender por que eu sempre abrasileirei o seu sobrenome. Cocô, em francês, não quer dizer nada, a não ser o sobrenome do meu amigo Ulysse. Já cacá é cocô, e quando o cineasta Cacá Diegues foi chamado ao palco em Cannes, a plateia riu. Isso sim é sujeira. Prevalecimento da pessoa com a língua. *Do livro A Porta do Chapéu – crônicas em Paris, lançamento da editora Bestiário em julho de 2018. CELSO GUTFREIND É PSICANALISTA DE CRIANÇAS E ADULTOS E ESCRITOR



Viagem


Antártica Conhecida também como Continente Branco, a Antártica causa no viajante um imenso impacto visual. Lá você vai ver enormes colônias de pinguins, observar baleias, ver centenas de focas descansando sobre o gelo e maravilhar-se com as espetaculares formas, tamanhos e cores dos icebergs T E X T O

E

F O T O S

P O R

B E T O

C O N T E


Viagem

A Antártica é um daqueles locais emblemáticos, sonho de todo viajante. Após ter circulado bastante por 5 continentes eu estava superentusiasmado com a experiência de desvendar também o continente branco. Já havia vivenciado alguns cenários nos extremos do planeta – Alaska, Groenlandia e circulo Ártico Escandinavo ao norte, bem como Patagônia e Nova Zelândia no hemisfério sul –, mas nada se comparava ao sonho de explorar a distante e pouco acessível Península Antártica. Glaciares, montanhas nevadas, baías isoladas e ilhas com natureza selvagem haviam me encantado nas viagens anteriores, e fui surpreendido por uma sequência contínua de cenas polares únicas. Cada dia mais impactante que outro, onde parecia estarmos em uma série da “NatGeo”. A seguir faço o relato cotidiano de nossa expedição de 11 dias a abordo do “silversea cloud” – uma embarcação com todo o conforto de um cruzeiro de luxo e a segurança para enfrentar os locais mais desafiadores.

ROTEIRO POLAR

Partimos de Ushuaia, na Terra do Fogo, rumo ao sul. Deixando o extremo sul do continente Americano tínhamos pela frente a temida passagem de Drake, 800 km de

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mar aberto entre o extremo sul das Américas e o extremo norte da Antártica. Como não há nenhuma porção de terra ao longo de toda essa latitude do globo terrestre, a corrente circumpolar Antártica é maior corrente oceânica que percorre todo globo terrestre com as condições mais extremas de navegabilidade. Mas apesar de todo o receio, fomos premiados com um mar “tranquilo” para essa travessia. No dia seguinte o “tabular” A57A nos dá o primeiro indício de que estamos nos aproximando da Antártica. Trata-se de uma placa de gelo que se desprendeu do continente gelado com 20 km de comprimento por 7 km de largura, compondo uma plataforma flutuante de 188 km2, e com uma média de 50 m de altura, que corresponde ao tamanho da ilha de Aruba. No terceiro dia de navegação chegamos às ilhas Shetland do Sul, no extremo norte da península Antártica. Nossa primeira expedição em terra foi na Half Moon Island, onde fomos recebidos, em grande estilo, por pinguins e focas, e nos despedimos com um belo sol sobre as montanhas de gelo. Em outro dia de céu azul, águas tranquilas e agradável temperatura de -30C chegamos à Baía Willemina, ainda nas ilhas Shetland do Sul, onde fomos agraciados com dança de baleias. A partir das ilhas Shetland do Sul, passamos pelo Estreito de Bransield, com montanhas geladas nos dois lados,


A DISTANTE E POUCO ACESSÍVEL PENSÍNSULA ANTÁRTICA NOS RESERVA INCRÍVEIS SURPRESAS, CENAS ÚNICAS

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Viagem

PELO ESTREITO DE GERLACHE FIZEMOS VÁRIOS PASSEIOS COM BOTES E DESCIDAS EM TERRA PARA CAMINHADAS

que proporcionam lindas vistas, para finalmente explorar a parte continental pisando os pés na península Antártica – e carimbando meu 6º continente em um dos cenários naturais mais maravilhosos que já estive. Nosso primeiro “cume Antártico” foi do topo de uma montanha com vista espetacular para Horn Harbour Bay e nossa “casinha” – o Cruzeiro SilverSeaCloud –, isolado naquela baía rodeada de montanhas nevadas e gelo. Na península Antártica estão a maioria das Estações de Pesquisa, por ser a parte mais acessível do continente, tanto por mar como pelo ar, mas somente na primavera e verão. Fora desse período, navios ou aviões não conseguem chegar em função da grande quantidade de gelo. Passamos por estações argentinas e chilenas, e visitamos a Estação Antártica Ucraniana, que fica a 650 latitude sul. Ao longo de uma semana navegando em torno da Península Antártica continuamos presenteados com águas tranquilas, sol e céu azul para embelezar ainda mais o cenário de montanhas nevadas e icebergs. Nesses dias fomos nos

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familiarizando com pinguins e focas em seu hábitat natural, baleias jubarte e orcas nos dando shows de acrobacias aquáticas e aves nos supervisionando lá de cima. A maravilhosa sensação de estar imerso na doce vida selvagem. A parte mais cênica da viagem foi pelo estreito de Gerlache, onde fizemos vários passeios com botes e descidas em terra para caminhadas por suas lindas baías e enseadas. Como na Paradise Bay, onde cruzamos por focas na praia e por pinguins ao longo de uma trilha no gelo para do topo da montanha apreciar o cenário maravilhosos de montanhas nevadas, ilhas e costa recortadas e intocadas. As focas, das quais sabia tão pouco, têm sido nossas companheiras desde o primeiro dia na Antártica, mas em nosso 7º dia de navegação foi ainda mais espetacular. Passamos aquela tarde de bote por entre icebergs em uma baía protegida observando focas descansando nas placas de gelo flutuantes. Federico, o biólogo argentino a bordo, nos explicando sobre a sua alimentação, características de cada gênero, hábitat, reprodução, diferença entre espécies.


HÁ LINDAS BAÍAS E ENSEADAS, FOMOS PRESENTEADOS COM ÁGUAS TRANQUILAS, SOL E CÉU AZUL TODOS OS DIAS

Uma das melhores experiências da minha vida foi deslizar de caiaque por entre blocos de gelo em uma baía protegida por montanhas nevadas, estando totalmente imerso nesse cenário antártico. Em outro dia tivemos o privilégio de ter duas dezenas de orcas nos acompanhando por 30 minutos ao longo da península antártica. No caminho de volta paramos na Deception Island, uma ilha de formação vulcânica no Oceano Antártico ainda com atividades geotermais, com última erupção bem recente em 1969. Graças aos vapores quentes emanados a ilha tem temperaturas mais elevadas que na península antártica. A ilha-cratera com apenas um estreita abertura de acesso oferece uma baía natural protegida onde floresceu Whalers Bay – uma vila onde acontecia todo processamento de baleias abatidas. Jane, a bióloga australiana, nos conta que a cidade-fantasma foi a única comunidade do continente na primeira metade do século XIX. A indústria baleeira funcionou de 1919 até 1931, quando a queda do valor do óleo de baleia no mercado in-

ternacional levou ao fim das operações locais. Naqueles 12 anos foram abatidas 118 mil baleias. Chegamos até 660 latitude sul – quase no círculo Antártico – continuamente imersos nesse cenário natural impactante. Expedição ainda mais cênica que Islândia, Tasmânia e outros destinos de montanhas e neve que já haviam tanto me encantado.

FORMAÇÃO POLAR

Há 152 milhões de anos, na era Jurassic, a Antártica estava ainda ligada a América do Sul , África, Índia e Austrália e era bem mais quente que hoje, inclusive com dinossauros polares. Antártica, 30 milhões anos atrás, se separa dos outros continentes, e em função da Drake Passage cessa a transferência de calor das regiões mais quentes ao norte para a calota polar, que vai ficando cada vez mais fria. O continente gelado, hoje com 13,7 milhões km2, tem 98% de sua superfície coberta de gelo.

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Viagem EXPEDIÇÕES ANTÁRTICAS

A península da Antártica que visitamos é a parte mais acessível do continente, sendo o ponto de partida de todas as etapas históricas da exploração do continente gelado. Em 1531 já aparece Terra Austráles na cartografia de Oronce Fine, e em 1772 james Cook foi o primeiro a circunavegar a Antártica , mas sem avistar terra. Somente em 19/2/1819 foi comprovada a existência da Antártica, ao serem avistadas as South Shetland Islands, e exatamente nessa mesma época, 200 anos depois, estávamos avistando esse mesmo arquipélago que segue paralelo à península Antártica, formando um corredor de mar entre essas duas massas de terra. As primeiras expedições dos grandes poderes mundiais acontecem de 1838 a 1843, com franceses, britânicos e americanos interessados em uma possível colonização. No final do século XIX são retomadas expedições, mas já com interesse científico, com Amundsen, Rakovikze e Cook. Seguidas pela corrida ao polo sul no início do século XX, com Sir Shackleton, explorador britânico, que liderou 3 expedições à Antártica entre 1901 e 1909. Foi o explora-

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PINGUINS, FOCAS, ORCAS, JUBARTES, INÚMERAS AVES: A VIDA PULSA E DÁ ESPETÁCULO NO CONTINENTE GELADO dor norueguês Roald Amundsen que conquistou o polo sul em 14/12/1911, cinco semanas antes do grupo liderado pelo inglês Robert Scott – que morreram na viagem de regresso. Sir Shackleton retorna com a expedição Transamerica imperial (1914-17), quando o navio Endurance acaba preso no gelo, demandando um salvamento in-extremis, sem perdas humanas, que garantiu seu status de herói. Os primeiros turistas surgem em 1933 e em 1966 aconteceu o primeiro Cruzeiro, cujo trajeto refizemos em 2019 em nosso primeiro Grand Tour STB Trip & Travel à Antártica.

PATRIMÔNIO NATURAL DA HUMANIDADE

O Tratado Antártico assinado em 1959 pelos 15 países que disputavam posses parciais do continente gelado o reconhece como área internacional a ser utilizada somente para fins pacíficos e científicos. Era a época da guerra fria e as superpotências, USA e URSS, garantiram a não utilização do continente para fins militares. Em 1998 esses países assinaram protocolo da proteção do meio ambiente, garantindo a Antártica como patrimônio natural da humanidade. Todos alinhados no ideal de que “Podemos compartilhar os privilégios da Antártica, bem como as responsabilidades”.

A regulamentação também determinou o volume de turistas, a fim de evitar impacto negativo no meio ambiente. Em 2018 foram 47 mil visitantes, um crescimento de 17% em relação ao ano anterior.

CRUZEIRO SILVER SEA

O formato da viagem foi ótimo, nossa “casinha” – o SilverSeaCloud – tinha o tamanho perfeito de apenas 230 passageiros, com todo o conforto das grandes embarcações e atendimento bem personalizado. O bacana de uma viagem de expedição como esta é o acompanhamento a bordo de biólogos e geólogos nos apresentando, in loco, a formação de geleiras e a fauna polar. Na simpática e prestativa equipe hispano-hablante havia também historiadores que nos faziam sentir como se estivéssemos seguindo os passos dos grandes exploradores da Antártica do início do séc. XX. Como Scott & Admunsen, que disputaram a conquista do polo sul geográfico em 1911, Shackleton, que resgatou sem perdas sua tripulação isolada no gelo por 18 meses, em 1916, e tantos outros que desbravaram o continente gelado. Apesar de ser um século depois e em grande estilo, foi muito bom fazer parte dessa história.

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Viagem

SAIBA MAIS: Mais informações sobre a Antártica e outras viagens pelo mundo com betoconte@stb.com.br, coordenador das 4 unidades em Porto Alegre do STB Trip & Travel, empresa participante da rede Virtuoso (www.virtuoso.com).

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Ta p e t e s p e r s o n a l i z a d o s J a s m i n . Escolha estampa, medidas, cores, texturas e tenha um tapete Ăşnico, sĂł seu.


Sampa C R I S

B E R G E R

RUMO À PAZ Sampa é sinônimo de trabalho, trânsito pesado, a melhor gastronomia do país, paraíso cultural e 20 milhões de pessoas aglomeradas. Sim, ela é isso mesmo. Quem mora na “pauliceia desvairada” precisa de escapadas para ver as montanhas, respirar ar puro e desacelerar. Eu tenho minha lista de lugares favoritos: vale para os forasteiros como eu, paulistanos de

PEGADA DA ONÇA, TAPIRAÍ

Pouca gente ouviu falar da terra do gengibre. Não há muito o que ver em Tapiraí, mas 10 quilômetros adentro, pegando uma estrada de terra, você chega em uma pousada incrustada no meio da Reserva Legado das Águas. Nela, há 10 suítes com ofurô e lareira e a visão de 360 graus de verde. Um lugar para desconectar, onde a internet pega mal (ainda bem!), a comida é feita com capricho, o cheiro da lenha queimada e o ar puro fazem bem à alma. POUSADAPEGADADAONCA.COM.BR

verdade e turistas. Existe “Sampa, além da capital!” cheia de verde e maravilhosa!

UNIQUE GARDEN

Luxo. Extremo bom gosto. Ele surpreende, como já se era de esperar, do primeiro ao último minuto. A arquitetura assinada por Ruy Othake seduz. Há flores por todos os lados. Escolha pela Vilas, que ficam mais afastadas e são privativas. Aproveite a jacuzzi do deck e as espreguiçadeiras do jardim interno. Até mesmo o banheiro é uma atração: monicolor, com chuveiro duplo e entrada de luz natural. Você circula de carrinho de golfe pela propriedade de 300 mil quadrados. Há dois restaurantes e um SPA. E, claro, eles são pet friendly. Difícil fazer check out, a vontade é de ficar para sempre. UNIQUEGARDEN.COM.BR

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CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA crisberger@crisberger.com

BROTAS, RECANTO SHANGRI-LÁ

Brotas é conhecida como um destino para curtir turismo de aventura: há rafting e trilhas para todos os gostos. Também tem um hotel delicioso para fazer nada, comer bem e curtir a natureza. Passei um pouco mais de 24 horas no Recanto Shangri-lá e prometi voltar com mais tempo. Em uma antiga fazenda, foi construída uma pousada. O quarto em que dormi havia sido um estábulo. Estas pequenas peculiaridades deixam o lugar instigante. As refeições são servidas em cima do fogão a lenha e o deck é um charme. RECANTOSHANGRILA.COM.BR

TORIBA

Um antigo hotel da badalada Campos do Jordão, frequentado pelas famílias da alta sociedade paulistana. Sinônimo de hospedagem cinco estrelas nas montanhas, foi renovado e manteve o glamour dos tempos passados. Entrega conforto e charme. A gastronomia é sublime. As atividades ao ar livre são várias: desde a incrível piscina aquecida com água natural e jacuzzi até as trilhas. A música clássica tem destaque na programação com piano, jazz e violino. O cenário é dominado pelas araucárias, o que nos faz lembrar do sul. Ali vi o jardim de araucárias mais bonito da minha vida. O paisagismo deixa a natureza ainda mais exuberante. Penso no Toriba como um hotel rodeado de verde. Sair de lá é completamente desnecessário. TORIBA.COM.BR Estilo Zaffari

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Sabor

Revolução na P O R

B E T E

D U A R T E

L E T Í C I A

R E M I Ã O

A cozinha gaúcha está passando por uma re-

desses pagos. E a inovação não vem da reestrutu-

volução. Acostumado a defender as tradições por

ra de pratos clássicos, tradicionais. Ela é resultado

conta de ser um Estado de fronteira, que precisa

de um investimento em comum: nos ingredientes

preservar o território e a cultura, o Rio Grande do

regionais e nos produtores. A inexistência de re-

Sul vive agora, à mesa, momentos de moderniza-

ceitas determinadas é resultado da predominância

ção, sem desprezar suas raízes. Muitas mentes e

da sazonalidade, da disponibilidade dos produtos

mãos comandam essa jornada, e três deles repre-

que vão compor cada prato. E acima de tudo do

sentam aqui o movimento que cada vez mais ganha

respeito ao que a natureza oferece.

adeptos fiéis.

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F OTO S

Não pense, no entanto, que os resultados são

Os chefs Arika Messa, Carlos Kristensen e

iguais. Muito pelo contrário, cada chef traz a sua mar-

Marcelo Schambeck trabalham na construção de

ca, propostas ligeiramente diversas, trilhadas por di-

uma identidade contemporânea para a culinária

ferentes caminhos que conduzem ao mesmo objetivo.

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INEDITISMO CRIATIVO

Sabor

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Arika Messa se dedica a muitas atividades: é professora de Gastronomia, consultora de restaurantes, chef requisitada para eventos particulares e sócia em um empreendimento gastronômico: o Beta Food, em Porto Alegre, que reúne dois cafés/ bistrô e serviços para eventos. Seu foco está em difundir o uso e o conhecimento de ingredientes locais, mas com apresentações inusitadas. “Valorizar a matéria-prima, respeitar a sazonalidade e dar aproveitamento total aos produtos não é mais uma tendência, é uma obrigação de todo cozinheiro”, analisa a chef. O que defende é que é preciso conhecer a fundo cada ingrediente local disponível, estudar sua utilização e buscar formas de levar até o cliente algo inovador. É o que tem feito em suas criações, como o sorvete de batata-doce roxa combinado com o tradicionalíssimo sagu e a transposição da farofa de cuca para dar crocância ao conjunto.

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Batata-Doce Roxa e Sagu de Uva P O R

A R I K A

M E S S A

SORVETE DE BATATA-DOCE 1 LITRO DE LEITE INTEGRAL 8 GEMAS 250 G DE AÇÚCAR 1 KG DE BATATA DOCE ROXA 500 G DE NATA CALDA DE SUCO DE UVA 1LITRO DE SUCO DE UVA INTEGRAL 200 G DE AÇÚCAR SAGU DE UVA 200 G DE SAGU 2 LITROS DE ÁGUA 500 ML DE SUCO DE UVA INTEGRAL FAROFA DE CUCA 100 G DE MANTEIGA GELADA EM CUBINHOS 100 G DE FARINHA DE TRIGO 100 G DE AÇÚCAR CRISTAL RASPAS DE LIMÃO SICILIANO

MODO DE FAZER O SORVETE: Ferva o leite com a batata-doce. Reduza o fogo e deixe as batatas cozinharem até que fiquem bem macias. Coe a mistura e reserve separadamente as batatas e o leite. Bata as gemas com 150 g de açúcar até que a mistura fique branca e espumosa. Despeje suavemente o leite quente, coado, sobre as gemas, mexendo bem. Despeje tudo de novo na panela e deixe engrossar em fogo baixo por cerca de 10 minutos, mexendo regularmente. Desligue o fogo e mexa de vez em quando para que esfrie. Leve ao liquidificador com a batata-doce e bata bem. Leve a mistura para gelar. Com a nata e 100 g de açúcar, bata o chantilly em picos firmes e incorpore ao creme. Coloque em um recipiente e leve ao freezer. Nas primeiras 4 horas, bata a mistura suavemente com uma colher. Repita a operação nas próximas 4 horas e deixe descansar no mínimo por 12 horas. MODO DE FAZER A CALDA DE SUCO DE UVA: Coloque todos os ingredientes em uma panela e leve ao fogo médio. Deixe reduzir até o açúcar dissolver e engrossar a calda. Reserve para montagem. MODO DE FAZER O SAGU DE UVA: Em uma panela média, ferva a água e coloque o sagu. Abaixe o fogo e cozinhe até que as bolinhas fiquem transparentes, mexendo de vez em quando para não grudar no fundo. Retire do fogo, escorra em uma peneira, lavando bem em água corrente, para tirar toda goma. Em um tigela, cubra o sagu com o suco de uva integral, misture e reserve para montagem. MODO DE FAZER A FAROFA DE CUCA: Coloque todos os ingredientes em um bowl e amasse com a ponta dos dedos, até obter uma farofa grosseira. Ponha a mistura em uma assadeira e reserve na geladeira, enquanto o forno aquece a 160 graus. Asse até que a superfície da massa fique corada. Reserve para montagem. MONTAGEM: Em um prato de cerâmica, disponha a farofa. Ao lado, o sagu, a calda de uva, o sorvete de batata-doce roxa e finalize com nata fresca, flores comestíveis e brotos.

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Sabor Croquete de Cordeiro e Mostarda de Butiá P O R

C A R LO S

K R I S T E N S E N

CROQUETE DE CORDEIRO 1,5 KG DE PERNIL DE CORDEIRO 1 CEBOLA BRANCA 2 DENTES DE ALHO 500 ML DE VINHO TINTO 1 SALSÃO 1 CENOURA 2 MAÇOS DE HORTELÃ 100 G DE FARINHA DE TRIGO

DO RS PARA O MUNDO

1 OVO

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Pelos idos de 2011, Carlos Kristensen, que já reunia inúmeros prêmios com sua cozinha, criou o projeto Internacionalmente Local. O localismo está no ato de estudar os biomas, os produtos, a cultura e a gente do Sul e aproximar as cadeias produtivas da gastronomia. O internacionalismo agrega produtos de outras regiões do país e revela qualidades que podem colocar qualquer um dos preparos em mesas de todo o mundo. Para que isso ocorra, o chef faz uso de técnicas modernas e tradicionais na busca do resgate da importância histórica de produtos e receitas, valorizando as raízes culturais gastronômicas do povo gaúcho. O cardápio do seu Um Bar & Cozinha é uma amostra desse movimento. Produtos de diferentes “Brasis” vêm se associar a ingredientes locais, em testes que resultam em sabores surpreendentes, como a coxinha de galinha caipira com molho de pequi, o croquete de cordeiro e mostarda de butiá e o robalo que ganha companhia de cuscuz de pinhão e hollandaise de butiá. Alguns desses produtos inovadores, como a mostarda de butiá e o picles de batata-doce são comercializados com a marca do projeto de Kristensen.

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80 G DE FARINHA PANKO MOSTARDA DE BUTIÁ 1KG DE BUTIÁ 50 G DE SEMENTE DE MOSTARDA 100 ML DE VINAGRE DE ARROZ 20 G DE MEL BRANCO MODO DE FAZER O CROQUETE: Faça uma marinada com a cebola, alho, salsão, cenoura, 1 maço de hortelã e vinho tinto e deixe o pernil de cordeiro marinando por 48 horas. Após esse período, moa a carne e tempere com sal e pimenta a gosto e a hortelã picada em julienne bem fina. Molde na mão o formato de croquete, passe no farinha de trigo, no ovo e empane na farinha de panko. Frite em óleo a 1800C. MODO DE FAZER A MOSTARDA DE BUTIÁ: Retire os caroços do butiá e processe os frutos em um liquidificador. Passe pela peneira fina até obter uma polpa. Reduza essa polpa de butiá em uma panela em fogo baixo até evaporar toda a água e ficar bem espessa. Coloque as sementes de mostarda e o vinagre de arroz em um recipiente e deixe as sementes hidratando por 45 minutos. Separe metade e reserve. A outra metade processe no liquidificador junto com a polpa de butiá, até ficar bem liso. Coloque essa mistura numa tigela e adicione o mel e a outra metade das sementes de mostarda hidratadas. Mexa bem. Está pronta para servir.



Sabor


Robalo Grelhado, Cuscuz de Pinhão, Legumes Tostados e Hollandaise de Butiá P O R

C A R LO S

K R I S T E N S E N

800 G DE FILÉ DE ROBALO 100 ML DE AZEITE DE OLIVA DEFUMADO PIMENTA-DO-REINO MOÍDA SAL CUSCUZ DE PINHÃO 1 KG DE PINHÃO 1 CEBOLA ROXA 1 PIMENTÃO VERMELHO 1 PIMENTÃO AMARELO ½ MAÇO DE COENTRO ½ MAÇO DE SALSINHA ½ MAÇO DE CEBOLINHA 50 ML DE AZEITE DE OLIVA EXTRAVIRGEM 50 ML DE SUCO DE LIMÃO 25 ML DE VINAGRE DE VINHO BRANCO SAL E PIMENTA-DO-REINO ACOMPANHAMENTOS 3 BATATAS-DOCES DE CORES VARIADAS ¼ DE MAÇO DE ALECRIM 100 ML DE AZEITE DE OLIVA SAL A GOSTO 1 MAÇO DE BRÓCOLIS RAMOSO 1 MAÇO DE ESPINAFRE

MODO DE FAZER O ROBALO: Tempere os filés de robalo com sal e pimenta a gosto e grelhe com azeite de oliva em uma frigideira antiaderente até dourar. Reserve. MODO DE FAZER O CUSCUZ DE PINHÃO: Cozinhe e descasque o pinhão. Pique em cubinhos bem pequenos. Pique a cebola roxa e os pimentões em cubinhos bem pequenos. Pique o coentro, a salsinha e a cebolinha. Misture todos os ingredientes secos. Em outro recipiente, misture bem o suco do limão, o azeite e o vinagre. Misture todo o líquido aos ingredientes secos e tempere com sal e pimenta a gosto. MODO DE FAZER OS ACOMPANHAMENTOS: Corte as batatas-doces em rodelas, regue com azeite de oliva e alecrim picado e asse no forno. Branqueie os brócolis e os quiabos, colocando em água fervente com sal por 2 minutos e, logo após, em água gelada por mais 1 minuto. Escorra. Toste os brócolis e os quiabos em uma frigideira bem quente com um fio de azeite de oliva. Lave bem o espinafre e tempere com azeite de oliva e sal. MODO DE FAZER A HOLLANDAISE DE BUTIÁ: Em um recipiente refratário, coloque as gemas, o vinagre e a água. Misture bem. Leve este refratário ao banho-maria, mexendo sempre. Adicione a manteiga líquida bem devagar, mexendo sem parar, até emulsionar bem e estabilizar. Adicione a polpa de butiá e misture bem devagar. Sirva imediatamente. MONTAGEM: Sirva o filé de robalo, o cuscuz e os legumes. Regue todos os legumes com a hollandaise de butiá. Finalize com azeite de oliva defumado.

200 G DE QUIABO HOLLANDAISE DE BUTIÁ 200 G DE POLPA DE BUTIÁ 6 GEMAS 60 ML DE VINAGRE 30 ML DE ÁGUA 150 G DE MANTEIGA

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Sabor


Carne Cruda, Framboesa, Morango e Pecorino P O R

M A R C E LO

S C H A M B E C K

400 G DE FILÉ MIGNON LIMPO 200 G DE FRAMBOESA 200 G DE MORANGOS 200 G DE HIBISCO

50 G DE PIMENTA-DO-REINO PRETA 25 G DE SAL 50 G DE AÇÚCAR 50 ML DE AZEITE SUCO DE 1/2 LIMÃO MODO DE FAZER: Para o preparo das frutas, corte o morango em lâminas e disponha em um tapete de silicone. Reserve. Bata as framboesas no liquidificador e passe na peneira para tirar as sementes, formando um purê. Pegue metade deste purê e disponha no tapete de silicone, com ajuda de uma espátula espalhe até formar uma fina camada. A outra metade guarde na geladeira. Limpe os hibiscos e coloque numa forma. Leve ao desidratador os morangos, a lâmina de framboesa e os hibiscos, desidrate a 50 graus. Esse processo pode ser feito no forno na mesma temperatura. Depois de desidratar, reserve os morangos. Bata o hibisco e a lâmina de framboesa no liquidificador até formar um pó. Reserve. Para uma cura leve do filé, misture a pimenta do reino moída, o sal e o açúcar. Em seguida, esfregue essa mistura na peça de carne e coloque em um recipiente em que o ar possa circular, tipo uma grade de assar. Deixe na geladeira sem tampar por 4 horas. Retire a carne da geladeira, lave em água corrente, retirando os pedacinhos de pimenta-do-reino. Seque bem com a ajuda de um papel absorvente. Corte a carne em cubos bem pequenos, misture o purê de framboesa, coloque azeite e o suco de limão. Disponha a mistura em um prato. Coloque o pó de hibisco e framboesa, num ralador bem fino rale o queijo por cima e finalize com o morango desidratado.

EM DEFESA DO SULISMO

100 G DE QUEIJO PECORINO

Desde muito cedo Marcelo Schambeck se interessava pelas coisas da cozinha. Aos 16, ingressou na Unisinos para cursar Gastronomia. Aos 19, abriu um Bistrô na antiga barbearia do pai. Atualmente, é no Capincho Bar que desenvolve o seu projeto Identidade RS. O chef acredita que a cozinha do Rio Grande do Sul está longe do estereótipo do galeto, churrasco e chimarrão. Parece fazer parte de outro Brasil. Está mais próxima, culturalmente, da Argentina, Uruguai e Chile do que das regiões Sudeste, Norte ou Nordeste. É o que chama de sulismo. Por isso, no cardápio do Capincho, é possível encontrar panchos e milanesas, típicos dos países vizinhos. As pesquisas do chef o têm levado cada vez mais para perto dos produtores. Além de contar as histórias deles no site do projeto Identidade RS, Schambeck tem procurado desenvolver pratos que coloquem no mercado produtos pouco utilizados por aqui. Como o hibisco, do sítio do Dodô, no Lami, que passou a dar sabor à carne cruda, na companhia de framboesa, morango e pecorino. Uma receita que surpreende no sabor e que o chef compartilha com você, leitor.

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O sabor e o saber F E R N A N D O

LO K S C H I N

JERUSALÉM, NOSSO BERÇO O mundo é uma luz acesa. Conforme o Velho Testamento só havia abismo e trevas quando soou a voz de comando: – ‘Fiat Lux’, ‘faz-se a luz’! A luz é a filha primogênita de Deus, mas bizarro que tenha inaugurado a criação, se o sol, sua fonte primordial, só nasceu quatro dias depois. Sem sol, como haver luz, como haver dia? Na Enciclopédia de Plínio (Séc. I), “o Sol é a alma e a mente do universo, o regulador e a divindade da Natureza, reverenciado até pelos elefantes, o mais religioso dos animais”. Davi, o primeiro poeta hebreu, compara o nascer do sol com “o noivo que sai do seu quarto e exulta, como um herói, a trilhar seu caminho”. (Sl 19: 5). Marcus Varrão (Séc. I AC) dizia que Sol era gêmeo de só (L. solus) por ser único em grandeza celestial; já dia (L. dies) invocaria deus por revelar a presença divina do sol no céu. Nosso lugar ao sol é no giro perpétuo em sua órbita. Toda a matéria e energia do universo é procedente do ‘astro rei’. Cada átomo do planeta é imigrado do Sol. O centro incandescente da Terra é sol não esfriado e os metais radioativos são fagulhas incandescentes, carregam a instabilidade solar. Vivemos de dia: temos pupilas pequenas e, imitando o sol, levantamos no alvorecer para deitar à noite. Há um renascimento a cada amanhecer. Manhã deriva do L. mane ‘a hora boa’ – manes eram os ‘deuses bons’ dos latinos. A manhã raia junto com o otimismo. Aurora

era a deusa romana da manhã; o termo surgiu de sua coloração amarelada – aurora tem a mesma raiz que ouro e este. Varrão dizia que no raiar do dia o ar fica dourado (L. aurescit), contaminado pelo ouro do Sol. Tanto origem como oriente derivam do L. oriri, ‘sair, levantar’, o nascer do Sol. Orientar-se é saber onde está o oriente, o sol nascente. Os primeiros mapas eram orientados não ao norte, mas a leste. O norte é germânico, sua base é nertru, ‘à esquerda’, direção à esquerda de onde nasce o sol, o oriente. Até a palavra sul vem do Sol, o anglo-saxão sunth, região onde o sol (sunne) brilha mais forte, faz menos frio. Se o polo magnético é o norte, o oriente é o polo histórico de atração. O Gênesis explicita: “Deus plantou um jardim do Éden, ao oriente...” (Gn 2:8), ou seja, o Paraíso ficava a leste. Até a porta do Paraíso mantém a orientação: “(Deus) colocou, a oriente do jardim do Éden, querubins armados de espadas flamejantes, para guardar o caminho.” (Gn 3:24) A começar pelos Reis Magos seguindo a ‘Estrela do Oriente’, todas as grandes viagens do passado se dirigiram ao nascer do Sol: as peregrinações religiosas, as cruzadas, o caminho das Índias, as viagens de Marco Polo, a ‘descoberta’ da Ásia. Esta é a razão de usarmos orientado e não ‘ocidentado’. Sem uma ‘janela para Mediterrâneo’, os portugueses foram compelidos a outras rotas via o Atlântico,

A CULTURA JUDAICO-CRISTÃ, TAL COMO O SOL, NASCEU NO ORIENTE, EM JERUSALÉM. ORIENTAR-SE

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tendo a Estrela Polar como referência. Daí o desnorteado, quem perdeu a referência (da Estrela) Norte, inexistente nos outros idiomas ocidenteais. No português, um norte é qualquer orientação correta. Assim como o sol (re)nasce a cada manhã ele mor-

re a cada anoitecer. Ocidente (L. cadere, ‘cair’) é onde o Sol se ‘põe’, o poente. Num parentesco invocado pelo estado islâmico, ocidente é queda, termo afim a ocaso, caduco, decadente, cadáver. Para o legionário, ocidere era ‘tombar em combate’ e, para o soldado inglês, go West, ‘ir a oeste’, é morrer em serviço. Nesta família, a palavra que tem um sentido positivo é ocasião, o momento em que o sol põe. A cultura judaico-cristã, tal como o sol, nasceu no oriente, em Jerusalém. A cidade é citada nada menos que 660 vezes no Velho Testamento, 146 no Novo! Isto sem contar as quatro vezes com o nome de Salem e 47 como Sião. Jerusalém foi fundada por ninguém menos que o rei Davi e no local bem onde Deus firmou a aliança com Abraão, o patriarca do monoteísmo. Salomão ali erigiu o Primeiro Templo, incendiado por Nabucodonosor, (diz Flavo Josefo) “470 anos, 6 meses e 10 dias após sua construção”. Foi no segundo Templo de Jerusalém – junto ao muro remanescente, os judeus vem rezando por 2.000 anos! – que Jesus expulsou os vendilhões, contou parábolas, questionou tributos, discutiu com rabinos e curou cegos e mancos. E foi em Jerusalém, durante o Seder – jantar da páscoa judaica –, que Jesus instituiu a eucaristia, sua liturgia máxima: despediu-se dos doze apóstolos repartindo seu corpo e sangue como pão e o vinho. No dia seguinte, uma sexta-feira, percorre a via dolorosa até a crucificação. A ressurreição ocorreu quatro dias depois do Seder, uma data fixa, mas é celebrada na Páscoa, uma

É SABER ONDE ESTÁ O ORIENTE, O SOL NASCENTE. FOI EM JERUSALÉM QUE JESUS INSTITUIU A EUCARISTIA

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O sabor e o saber F E R N A N D O L O K S C H I N

PAULO CHAMOU O PARAÍSO DE “JERUSALÉM LÁ DE CIMA”. NA VELHA JERUSALÉM AQUI DE BAIXO, A FERTILIDADE DO DESERTO PARIU A MORAL JUDAICO-CRISTÃ. DELA SOMOS TODOS FILHOS data astrológica móvel: o primeiro domingo (L. dominus dies, ‘dia do senhor’) de lua cheia após o equinócio de primavera no hemisfério norte. A Páscoa é o fundamento da fé cristã, mas assumiu a data e símbolos pagãos de fertilidade primaveril, daí o ovo, o coelho e a lua cheia. Se o latim mantém a conexão hebraica da Páscoa (H. pesach, ‘passagem’), as línguas nórdicas usam easter, termo afim a leste, a direção do sol nascente. Eostre era a deusa germânica da aurora, seu festival celebrado no equinócio de primavera. A paixão de Cristo ocorreu em Jerusalém – ‘a terra santa’ – porque todo judeu para lá peregrinava na celebração do Pesach. Com a Diáspora, de lá se espalharam mas passaram a repetir o mantra ‘no ano que vem em Jerusalém’ e a rezar em sua direção – “quem não souber o lado, volte-se com o coração”, dizia o pragmatismo de Maimomedes. As primeiras capelas cristãs mantiveram a tradição, e ainda hoje, o altar-mor das igrejas costuma ter orientação leste. No ‘campo santo’ medieval, os fieis mortos aguardam a ressurreição no pátio de suas paróquias com os corpos dispostos a leste para facilitar o encontro com as almas. Jerusalém recebeu Abraão, Davi, Salomão, Jesus, Madalena e Maomé. O que comiam naquela região em suas épocas? As escrituras respondem: No Éden a doação de “todas ervas com sementes ... todas árvores frutíferas.” (Gn 1:9) Adão e Eva fazem de folhas de figueira, tapa-sexo. (Gn 3:7) Noé planta a vinha, toma muito vinho e sua embriaguez é a primeira documentada na história. (Gn 9:21) Uma sopa de lentilhas é a moeda para adquirir a progenitura de Esaú. (Gn 25:29) Um carneiro é sacrificado por Abraão a mando de Jeová. (Gn 22 13) Da Terra Prometida emanam prosperidade, leite e mel. (Ex 3:8). As oferendas a Deus são espigas torradas untadas em azeite guarnecidas som sal, ‘sinal

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da aliança’. (Lev 2:11) Salomão pagou em azeite de oliva a construção do Templo de Jerusalém. (1Rs 5:11). O corpo da amada é comparado a especiarias, açafrão, canela e cinamomo. (Cant 4:14) Para quem desfalece de amor, o conforto da passa de uva, o fortalecimento da maça. (Cant 2:5) A romãzeira e a macieira secas mostram a terra enlutada (Jl 1:12). Vinagre embebido em pão era a refeição de Rute e dos que sevam trigo, a cevada e a espelta. (Rut 2:19). Por não dispor de frutos, Jesus comete um crime ambiental e destrói a figueira, única mácula de uma biografia modelar. (Mt 21:19) O ‘pão nosso de cada dia’ é qualquer alimento. (Mt 9:11) Jesus se intitula ‘pão da Vida’ e anuncia abolir a fome e sede dos fiéis. (Jo 6:35). Cinco pães de cevada e dois peixes são multiplicados. (Jo 6:90) Água é transformada em vinho (Jo 2:1) – o primeiro e mais poético entre 37 milagres de Cristo! João Batista tem uma dieta à base de gafanhotos (Mt 3:14). Comia-se de quase tudo, mas não o porco, uma interdição divina (Lev 11:7) Passados quatro milênios é difícil encontrar presunto ou bacon em Jerusalém. Para quem vê no porco a pérola atirada à mesa, esta é uma objeção. Será coincidência que nosso berço esteja no Oriente onde o sol a cada dia se levanta? E que emblemático que a região seja tão instável e tumultuosa. Numa geografia de muito sol e pouca água fresca, muita pedra e pouca terra há o acirramento da luta pela sobrevivência na escassez de recursos. A luta é mais renhida no deserto que no trópico. Paulo chamou o Paraíso de ‘Jerusalém lá de cima’, e João, de ‘Nova Jerusalém, nossa mãe”. Na velha Jerusalém aqui de baixo, a fertilidade do deserto pariu a moral judaico-cristã. Dela somos todos filhos. FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br


Dê um na sua A Sulgás existe para trazer um novo jeito de viver: mais moderno, prático e sustentável. A Sulgás é energia, uma solução econômica e inovadora para indústrias, estabelecimentos comerciais, residências e veículos. Na sua casa, o gás natural pode ser utilizado em aquecimento de água, lareiras, aquecedores, fornos, fogões, pisos, saunas e piscinas, entre outros. Confira algumas vantagens:

• Praticidade e conforto: fornecimento contínuo, sem necessidade de reposições. • Economia: preço competitivo, pagamento após o consumo. • Segurança: mais leve que o ar, se dissipa rapidamente em caso de vazamento. • Respeito ao meio ambiente: queima limpa, com baixíssima emissão de poluentes.

sulgas.rs.gov.br Estilo Zaffari

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Pet Friendly

HOTEL LAGHETTO STILO HIGIENÓPOLIS


Adorável

mundo novo T E X T O

E

F O T O S

P O R

C R I S

B E R G E R

Muito tempo atrás, as famílias tinham quatro, cinco, até seis filhos. Depois, o “normal” era ver um casal. De um tempo para cá, os filhos únicos viraram tendência, mas se você prestar bem atenção, encontrará um novo integrante nas famílias brasileiras e mundiais: os pets. Cães e gatos ganharam um local no porta-retrato e o IBGE de 2015 comprovou: há mais animais de estimação do que crianças nos lares brasileiros. O melhor amigo do homem tornou-se filho, saiu de dentro de casa e passou a frequentar bares, cafés, restaurantes e hotéis, que se declaram pet friendly, ou seja, aceitam clientes com cães educados. Neste “novo mundo” tem movimento para legalizar os cães em faixas de areia das praias brasileiras, as companhias aéreas já permitem pets de pequeno porte dentro da caixinha de transporte a bordo das aeronaves e na capital paulista cães de até 10 quilos podem entrar no metrô com seus tutores.


CASA DE LA MADRE

São Paulo desponta como a cidade mais pet friendly do Brasil. Mas Porto Alegre dá seus passos e mostra grande potencial. Há bons hotéis, academias de ginástica, salões de beleza e restaurantes antenados nessa nova clientela. A boa notícia é que o conceito pet friendly também já chegou à Serra Gaúcha. Afinal, uma coisa é certa: quem é apaixonado por seu cachorro não quer ficar longe dele.

CASA DE LA MADRE

Uma mistura fofa de loja de decoração, café e pequeno restaurante, que fica aberta o dia todo. Dá para curtir de diversas formas: para comer um docinho no meio da tarde, para comprar presentinhos ou coisas bonitas para a casa e para almoçar o prato do dia, que tem gosto de comida de vó. O bacana é que os cães são mais do que bem-vindos. Inclusive, espere encontrar a Pepa: mascote da casa deitada na porta, olhando o movimento. O espaço pet friendly vai além das mesinhas da calçada – que, diga-se de passagem, são uma graça –, pois a parte interna também é liberada para os cuscos. Só cuide ao transitar na loja com eles porque há peças frágeis nas prateleiras.

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HOTEL DEVILLE

HOTEL DEVILLE

Apesar de ele não estar no “meio” da cidade, pois fica ao lado do aeroporto, no caminho que leva à Grande Porto Alegre e à Serra gaúcha, é uma das melhores opções de hospedagem na capital. Os quartos são ultraconfortáveis com grandes camas e lençóis macios, têm poltrona de leitura e room service 24 horas. Um hotel para mimar-se. Os cães podem circular pelo jardim, que fica ao lado da piscina, e de onde se vê a quadra de tênis. Para tomar café da manhã ao lado deles, a dica é sentar no pergolado, que é um charme. Um diferencial que agrada a todo pet lover: a equipe da recepção é apaixonada por cachorros. Espere um pedido de selfie com o seu cão.

STUDIO KANGOO

O clima não é de academia. Pelo contrário, “há “cantinhos” dentro do Studio Kangoo, que buscam reproduzir a atmosfera de casa. E no meio disso, uma labradora chocolate, a Cacau, com a energia de quem é jovem; recepcionando as alunas e seus cães. Pets são bem-vindos e ficam deitados na área de descanso, en-


STUDIO KANGOO

quanto suas donas pulam com a bota, que promete absorver 80% do impacto, de kangoo. A modalidade teve origem na Europa, foi inventada por um suíço e promete queimar um número grande de calorias. Como a música é alta, avalie se o seu cão está acostumado com lugares cheios e barulhentos.

ORLA DO GUAÍBA

Uma cidade com um rio! Não, mais do que isso: um rio onde o sol morre todos os dias. A Orla do Guaí­ ba está incrível. A revitalização fez muito bem a Porto Alegre. Difícil dizer se o melhor é visitá-la durante o dia ou à noite. Sugiro chegar uma hora antes do entardecer para aproveitar um pouco da luz diurna e assistir ao grande espetáculo do pôr do sol. Mas não vá embora. A iluminação do parque Moacyr Scliar prolongou as horas de lazer por ali. Os cães adoram socializar com outros cachorros e o chimarrão pode ser facilmente substituído por um drink, pois há vários bares entre as arquibancadas e pelo caminho que começa no Gasômetro e vai até o Monumento das Cuias. Nada mais pet friendly que um parque, natureza e um rio.

OS PETS JÁ SÃO BEM-VINDOS E PODEM CURTIR PERTINHO DE SEUS DONOS LUGARES TÃO DIVERSOS COMO LOJAS, RESTAURANTES, HOTÉIS, ACADEMIAS


Pet Friendly

SWAN TOWER

TAUBER SALON

A entrada do Tauber é convidativa: tem um deck de madeira com uma grande árvore no meio. São 400 m2 divididos em dois andares. Se você seguir em linha reta, passando a porta principal, vai se deparar com o sofá de couro onde pode sentar com o seu pet e fazer as unhas. No andar de cima está a Gabi Cruz, que faz maquiagens lindas. E, mais uma vez, os cães podem estar presentes. Eles oferecem pote de água para os clientes de quatro patas porque realmente gostam de recebê-los. Inclusive, Matheus Tauber, que dá nome à casa, faz parte do Intercoiffure Brasil e é artista Club Wella, adora cachorros.

SWAN TOWER

Um hotel clássico, que apesar de limitar os clientes pets em apenas 10 quilos, deu o primeiro passo e levanta a bandeira pet friendly. Certamente, com o tempo deve flexibilizar o porte aceito. Os quartos do Swan são bons porque oferecem uma salinha e uma minicozinha. O café da manhã deve ser pedido no quarto, pois não há uma área externa para sentar com os cães perto do restaurante.

LAGHETTO STILO HIGIENÓPOLIS

TAUBER SALON

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Ele entrega o frescor do novo, o bom gosto do moderno e tem um rooftop de babar, de onde se tem uma linda vista dos bairros arborizados de Porto Alegre. Nos dias claros, dá para ver as colinas no horizonte. A piscina na cobertura é, sem dúvida, o ponto alto do hotel. Passar algumas horas entre um mergulho e outro, com seu cão pertinho, é o melhor dos programas. Esta área é liberada para cuscos comportados. Não é o máximo? O quarto é bem decorado e confortável.


O BUTIÁ

Ir ao O Butiá sem seu cachorro é algo impensável. O lugar pede pela companhia de um cão. Esta fazenda, que se tornou uma mistura de experiência gastronômica, contato com a natureza, o melhor lugar para ver o pôr do sol e escutar música com o rio como fundo infinito, fica em Viamão, uma hora de carro de Porto Alegre. Há algumas opções de viver a experiência, o que sugere retornos. Vá para almoçar no restaurante e peça uma mesa com vista para o rio, mesmo que você tenha que esperar um pouquinho para sentar. Em outra ocasião, curta um piquenique sentado no gramado. E, também, vá para assistir a um dos shows incríveis que acontecem nos entardeceres de domingo. A comida é boa, o cenário é inspirador e certamente seu cachorro vai adorar tantos cheiros e liberdade.

SER PET FRIENDLY SIGNIFICA RECEBER OS BICHINHOS COM CARINHO, ESPAÇOS ADEQUADOS E ATÉ ALGUNS MIMOS

O BUTIÁ

AO AR LIVRE, EM CONTATO COM A NATUREZA, PETS E SEUS DONOS PODEM USUFRUIR DE MOMENTOS INESQUECÍVEIS

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Pet Friendly

PARADOR HAMPEL

PETIT CASA DA MONTANHA

O CONCEITO PET FRIENDLY JÁ CHEGOU À SERRA GAÚCHA. ELLA, QUERIDA PERSONAGEM DESTA MATÉRIA, AMOU SER MIMADA EM HOTÉIS E RESTAURANTES DE GRAMADO E CANELA

PARADOR HAMPEL

Aqui reina a palavra rusticidade. Você volta algumas décadas no tempo. O Parador, que é um hotel e restaurante com interessantes projetos gastronômicos, foi fundado em 1899. Quase tudo permanece igual: o ar ainda é puro e a natureza exuberante. Na casa principal, pouco foi mudado. Esta é a parte mais bonita e convidativa: o passado cai bem e você se sente fazendo algo diferente. Os pets estão liberados na varanda, onde as araucárias dominam a paisagem. As acomodações, para quem está com cachorros, são nos chalés e em alguns quartos do prédio de alvenaria. Espere encontrar um local simples, mas confortável. Fique o máximo de tempo no pátio, que aos domingos é palco do A Ferro e Fogo com churrasco e comidas campeiras preparadas no fogão a lenha.

EMPÓRIO CANELA

Ir à Serra gaúcha pressupõe visitar a Igreja de Canela e tirar uma foto na frente dela. Pertinho dali está o Empório Canela. Do balcão da área externa, feito com tronco de árvore, é possível ver a bela catedral de pedras. Este espaço e o

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lateral, todo coberto, são onde os clientes com cães podem sentar e provar do vasto e ótimo cardápio. Destaque para o risoto de funghi preparados com cogumelos da região. Mas não acaba aí, além de comer bem e contemplar o cartão postal de Canela, dê uma voltinha por dentro do empório e confira as adoráveis “quinquilharias”, vinis e curta fazer nada na sala de sofá vermelho. Sim, os pets são bem-vindos. Os donos amam cachorros.

PETIT CASA DA MONTANHA

O hotel mais pet friendly e adorado da Serra gaúcha. Ele encanta pelos mimos que oferece aos hóspedes peludos. Na calçada, ao lado da porta branca, a estátua de um cão e um pote de água são os primeiros sinais do que será visto na parte interna. Na pequena recepção, em cima do balcão, há um pote com petiscos, e abaixo, um rolinho de cata-cacas. Você faz check-in, recebe o código que deve digitar para entrar no seu quarto e uma plaquinha de “não perturbe” com o nome do seu cão escrito à mão. Uma vez dentro do apartamento, percebe a cama e o comedouro duplo com a base em ferro. Tudo lindo, chique e perfeito.


EMPÓRIO CANELA

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Equilíbrio C H E R R I N E

C A R D O S O

A ESPERA DE UMA MUDANÇA COLETIVA Estive em férias recentemente e viajar sempre nos dá uma visão maior de mundo. Já percebeu? Nem é preciso ir muito longe, basta sair da sua rotina e dos lugares que já está habituado a frequentar para perceber coisas novas. Se dentro do nosso próprio país isso já acontece, indo para um pouco mais longe as percepções se ampliam. Nos faz enxergar o quão limitado ainda somos quanto a tantas importâncias! A principal delas é a preservação do que temos gratuitamente neste planeta e não cuidamos: nossa natureza. Passei por praias lindíssimas na Grécia e em Portugal e em todas, sem exceção, vi muito lixo. Garrafas plásticas, sacolas, papel, isopor, vidro. Eu ainda me pergunto: que dificuldade é esta que as pessoas têm em perceber que o lixo que deixam para trás, por onde passam, não é só sinal da falta de educação, mas sim a demonstração de uma grande ignorância? Não é porque há quem limpe que eu tenho que deixar sujo. Não é porque eu não vejo para onde o lixo vai que ele não esteja indo para lugares onde habitam outros seres, que não merecem esse nosso descuido. Milhares de espécies marinhas estão sumindo ou sendo intoxicadas por conta do nosso descaso. E as coisas não parecem mudar. E eu que achava que isso era comportamento de países subdesenvolvidos, mas não. As pessoas que vi em viagem vêm de países de primeiro mundo, ou seja, o problema segue nos indivíduos mesmo. Há uma grande limitação nos humanos, que consiste em achar que as coisas nunca acontecerão consigo ou com o lugar em que vive. Todos os filmes que já vi sobre as mudanças climáticas, sobre as catástrofes naturais causadas no planeta ou as intervenções planetárias para

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tentar salvar a Terra dos humanos sempre me causaram espanto e medo. Mas não por ver na ficção coisas assustadoras, e sim por sentir lá no fundo que todas elas são superpossíveis. A Terra já existe há bilhões de anos, o que nos faz achar que nós é que estamos no comando? Se isso não é ser ignorante, então não sei bem o que é. Quanto mais despertamos nossa consciência, mas nos damos conta de que cedo ou tarde as coisas vão acontecer e será um salve-se quem puder, se é que haverá alguém para contar a história depois. Estou lendo o livro O antigo segredo da Flor da Vida, de Drunvalo Melchizedek, e se posso sugerir algo a você é: leia. Não é um livro fácil, nem mesmo indolor. Mas é essencial para aqueles que querem entender como estamos rumando para um caminho já sem volta. Essencial para os que nunca nem pensaram sobre o assunto. Afinal, despertar é uma forma de minimizar os possíveis estragos que causamos ao nosso redor. Estar em equilíbrio não consiste apenas em observar as coisas mais próximas de nós, como cuidar da saúde, da alimentação, do corpo ou da mente. Equilíbrio é um processo contínuo e coletivo. Importante começar por si sim, mas mais importante é fazer por onde para conscientizar outras pessoas também das necessidades que temos para preservar a nossa casa maior e a nós mesmos como espécie, se quisermos seguir por aqui. O alerta parece duro, mas foi mesmo muito chocante chegar em praias paradisíacas, que seriam casas de golfinhos e baleias, e não ver nem peixes quase. Onde antes diziam ver centenas deles, aos meus olhos não vi sequer um. Para mim este foi um grande sinal. Não seria também para você? E viajando, uma das coisas às quais me atento


sempre também é: somos tantos! Milhares e milhares de pessoas, que mais parecem formigas aglomeradas ao redor de um doce. Muita gente circulando, admirando, fotografando, gastando, comendo. Tudo isso é muito bom, divertido! Mas tente se comunicar com as pessoas de nacionalidade diferente… Por mais que haja um esforço para se entender, falamos línguas diferentes. Impossível se expressar como gostaria num idioma que não é o seu. Mesmo usando uma língua mais comum a todos, que ainda é o inglês, é impossível dialogar com alguém sobre um assunto importante como este, porque primeiro: alguns nem ligam;

e segundo, mesmo que ligassem, seria difícil se fazer entender completamente quando não se fala a mesma língua. Este é o outro problema que vejo para as mudanças que precisariam ser feitas de forma mundial. Cada um defende seu lado, dentro do seu paradigma e dos seus interesses e na sua língua. Quase como se fossem seres de planetas diferentes tentando se comunicar. Quanta coisa ainda para se transformar, né? Posso parecer meio desesperançosa, mas não sou não. Faço o que está mais ao meu alcance para contribuir com o que acredito como equilíbrio. Procuro levar os cutucões em forma de palavras, durante as minhas aulas e bate-papos coletivos, com o intuito de quem sabe acontecer como foi comigo, uma revolta interna para fazer diferente. Se consigo? Acredito que sim, nas devidas proporções. Quanto mais nos juntarmos para defender o mesmo objetivo: conscientização, mais certo é que as coisas poderão parecer menos nebulosas lá na frente. Vamos nos unir então? O que será que você pode fazer já para contribuir com as mudanças mais próximas de você? Se já estiver mais atento ao que acontece à sua volta e o que pode mudar de atitudes para minimizar os estragos naturais, já estaremos conseguindo algo! Assim fica meu desejo. CHERRINE CARDOSO É AUTORA DOS LIVROS A INCRÍVEL ARTE DE DESAPEGAR E REINVENTE-SE: QUANTAS VIDAS SE VIVE EM UMA VIDA? WWW.AINCRIVELARTE.COM

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Estilo de Vida

Comida de verdade Quando pensamos em comida de verdade, automaticamente nos vem à mente aqueles pratos caseirinhos, feitos pela avó, saborosos, compostos com ingredientes bem tradicionais. No entanto, dentro de uma nova tendência alimentar que avança mundo afora, esse conceito de comida de verdade vai um pouco além: é preciso também pensar em alimentos densamente nutritivos, que garantam não apenas o suprimento de energia para o corpo, mas saúde e nutrição completas para o organismo, a longo prazo. A ideia de saudabilidade vem se tornando cada vez mais forte e hoje parece ser uma tendência irreversível entre os consumidores que buscam hábitos de vida mais equilibrados e positivos. Neste contexto, aparece uma necessidade de resgatar a naturalidade e a ancestralidade do ser humano. Esse movimento é, no entendimento do CEO e fundador da empresa B-ON/Nutrição Inteligente, Edgar Neto, um movimento pendular ou cíclico, a exemplo de quase tudo o que ocorre na vida, mas que tem na alimentação a sua forma mais óbvia, fácil e imediata de se manifestar.

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“Chegamos a um extremo e precisamos voltar ao natural. Nunca na história do mundo vimos uma população com tantos obesos, tantos desnutridos ou diabéticos. A gente está consumindo uma quantidade de químicos e açúcares sem precedentes”, informa ele. E complementa: “Por isso, o resgate da saudabilidade no mercado e nas formas de consumo já está acontecendo”. No entanto, na contramão deste resgate, vivemos uma rotina intensa que dificulta uma alimentação adequada, rica em frutas, verduras e saladas frescas. É exatamente a falta de tempo que leva as pessoas a recorrer cada vez mais a alimentos rápidos – fastfoods –, produtos gordurosos e enlatados, que normalmente contêm uma quantidade imensa de açúcar, alta concentração de sódio e pouquíssimos nutrientes. Diante desta realidade, não basta apenas termos consciência sobre os hábitos alimentares saudáveis, é preciso adotar no dia a dia o consumo de alimentos mais naturais, pois passamos as 24h do dia produzindo novas células. “Nosso corpo é um ‘fazedor’ de células. Em sete anos a


SAUDABILIDADE, A TENDÊNCIA FOCADA EM UMA ALIMENTAÇÃO MAIS SAUDÁVEL, NUTRITIVA E SABOROSA gente troca o corpo. Daqui a sete anos você não terá mais nenhuma das células que tem hoje. Você será outra pessoa. E qual é a matéria-prima que estamos disponibilizando para o nosso corpo produzir células de qualidade? Se você só colocar ‘porcaria’ para dentro, terá um corpo fraco, frágil. Se colocar matéria-prima de qualidade, você terá um corpo saudável. Dentro do possível, busque alimentos mais puros, que não tenham pesticidas. Isso não é uma moda, é uma necessidade”, enfatiza Neto. Em busca de novos hábitos alimentares, é preciso priorizar os cuidados com a saúde e com o corpo, e para isso, passamos a selecionar produtos livres de lactose, glúten, gorduras, sódio e outros compostos que prejudicam o bom funcionamento do organismo. É fundamental desenvolver uma consciência de comer bem e constituir uma prática para que isso ocorra, ou seja, buscar, além do sabor, produtos mais saudáveis. Esta nova tendência preza um conjunto de valores que abrange conceitos como: praticidade, bem-estar, ética, qualidade, sustentabilidade, conveniência e compreensão da origem dos alimentos. O mercado já está entendendo este movimento e vem fortalecendo os segmentos de vegetarianos, veganos,

alérgicos, diabéticos, estilo de vida fitness, bem como o mercado de orgânicos. Hoje, por exemplo, já encontramos uma variedade de leites vegetais, maionese e queijos veganos, ovos de galinhas criadas livres, sal sem sódio, além de inúmeros produtos que oferecem a comida de verdade de forma rápida e prática.

ALIMENTOS MAIS NUTRITIVOS PARA O SEU DIA A DIA

Segundo Edgar Neto, existem cinco grupos de alimentos densamente nutritivos que devem estar presentes em uma alimentação de verdade: Carnes - com uma ressalva ao frango, que sofre impacto no processo de criação (opte por frango criado solto) Ovos Algas e peixes Verduras escuras e crucíferas, como brócolis, couve-flor, couve de Bruxelas “Frutas gordas” (as chamadas frutas ricas em gorduras saudáveis), como coco e abacate O momento de deleite na comida de verdade fica por conta do chocolate, ou melhor, do cacau presente nos chocolates acima de 80%.

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Lugar

Aventuras na Universal Studios Orlando P O R

M I L E N E

L E A L



Lugar

OBJETIVO PRINCIPAL DA VIAGEM: FAZER UMA IMERSÃO NO MUNDO DE HARRY POTTER, SEM DEIXAR DE CURTIR AS OUTRAS ATRAÇÕES

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A paixão da minha filha Gabriela pelo Harry Potter foi o que nos levou, em fevereiro de 2019, a uma incursão relâmpago por Orlando, Flórida. Foram somente dois dias na cidade, mas aproveitados ao máximo. Nosso objetivo principal era curtir os parques Universal Studios e Islands of Adventure, com ênfase nas áreas temáticas de Harry Potter, mas também queríamos aproveitar as outras atrações do Complexo Universal. Nosso grupo tinha 6 pessoas: duas crianças (Gabriela, de 10, e Isadora, de 6 anos), dois adultos e dois “seniores”, os avós, que nunca tinham visitado os parques da Universal e, portanto, tinham direito a um “recorrido básico” pelas atrações. Como fazer isso tudo em apenas um dia de parques? Foi fácil. E foi ótimo! Optamos pelos ingressos com Express Pass, o tradicional e tão desejado “fura-filas”. Com esses passes na mão conseguimos percorrer os dois parques sem correria (mas com agilidade e planejamento), brincamos em praticamente todas as atrações mais famosas e foi possível satisfazer os desejos de cada um dos membros da nossa turma. O Express Pass coloca as pessoas sempre nas menores filas de cada atração, específicas para quem tem esse ticket. Com isso, os brinquedos mais disputados, que podem demandar uma hora ou mais de espera, são acessados em minutos ou até imediatamente. É incrível a diferença que o Express Pass faz, tanto no aproveitamento das horas de parque como na disposição dos visitantes. Sem precisar enfrentar longas filas a gente consegue fazer muito mais coisas em um dia e, melhor ainda, tem muito mais disposição. O dia literalmente rende.


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Lugar MANHÃ: DIVERSÃO PARA TODOS

Começamos nosso dia pela Universal Studios. E já na chegada curtimos duas grandes atrações: Shrek e Minions. As filas para esses brinquedos são sempre longas, mas não esperamos mais do que 5 minutos em cada um deles. Foi um ótimo início! O simulador dos Minions é uma das minhas atrações preferidas na Universal: alegre, divertida, colorida, com movimento e emoção na medida certa. Shrek já é um clássico, não se pode perder. E a Isadora, que tinha seis anos na época, adorou a atração. Dali partimos direto para a montanha-russa Revenge of the Mummy. Enquanto uns brincavam na atração, outros da nossa turma aproveitavam para conhecer aquela parte do parque, que é linda, reproduz a atmosfera de grandes cidades americanas e tem vários restaurantes e opções gastronômicas. A parada seguinte foi na área de Fisherman’s Wharf e no cenário de Tubarão, onde tiramos muitas fotos. E ainda deu pra curtir a atração Transformers, um simulador moderno, agitado, eletrizante, de dar frio na barriga mesmo. Passamos na frente da entrada da área de Harry Potter – o Beco Diagonal, zona dos bruxos na cidade de Londres –, mas só para uma rápida olhadinha e mais algumas fotos. Nosso objetivo era percorrer primeiro as atrações da Kid Zone e só depois entrar de verdade no mundo de Potter. Isadora curtiu demais a Kid Zone, em especial a montanha-russa do Pica-Pau, que é bem leve, perfeita para crianças pequenas e adultos que não apreciam atrações muito radicais (como eu!). Lá nessa área infantil está também o brinquedo do E.T., outro clássico lindo, imperdível. Para os bem pequenos a Kid Zone tem várias atrações, algumas delas concebidas propositalmente para as crianças saírem encharcadas. São ideais para dias de calor, claro. Não esqueça de levar roupas extras! Por lá circulam personagens que as crianças amam, como a turma do Scooby-Doo, os personagens dos filmes Trolls e a Dora Aventureira. Fizemos várias paradas para fotos. No caminho de volta para o mundo de Harry Potter compramos donuts, passeamos pela área dos Simpsons – onde há vários brinquedos old stile, como jogo de argolas, pescaria e tiro ao alvo, com prêmios para os jogadores mais habilidosos – e ainda aproveitamos a ótima atração Man in Black, que coloca os visitantes para combater alienígenas e é divertida para todas as idades.

PRECISANDO FAZER O TEMPO RENDER, VISITAMOS OS DOIS PARQUES EM APENAS UM DIA, USANDO O EXPRESS PASS, O FAMOSO “FURA-FILAS”

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Lugar


TARDE: O MUNDO BRUXO EM LONDRES

Adentrar o Beco Diagonal (Diagonal Alley) é uma emoção, mesmo para quem não é tão aficionado pela história dos bruxos. Os cenários são simplesmente per-fei-tos, a gente se sente dentro dos filmes de Harry. Um dos locais imperdíveis dessa área é a loja Olivanders, onde as crianças podem comprar as varinhas de qualquer um dos personagens da série e, melhor ainda, participar de uma brincadeira mágica: ser escolhido por uma varinha. Depois da aquisição, leve seu pequeno para brincar de mágico. As varinhas são interativas e dentro da área de Harry Potter há vários locais sinalizados onde as crianças podem exercitar seus poderes mágicos, fazendo, por exemplo, uma fonte jorrar água ou objetos mudarem de lugar. É divertido para os adultos e absolutamente emocionante para a criançada. Aliás, você verá por todos os cantos desse mundo de Harry Potter crianças e adultos vestindo as capas e acessórios típicos dos bruxos dos filmes, cada um usando as cores de sua “casa” de Hogwarts preferida. A Gabi é uma bruxa da Grifinória (Griffindor), casa a que também pertencem os personagens principais da série: Harry, Ronny e Hermione. Nessa área do parque a principal atração é Escape From Gringots, cuja ação acontece dentro do banco dos bruxos. Apesar de ser um simulador bastante movimentado e hiper-realista, cheio de momentos assustadores e solavancos, a Isadora curtiu a atração, assim como os avós. Para se recompor dos sustos, tome um sorvete na Florean Fortescue, outro lugar icônico dos filmes de Harry e muito prestigiado pelos visitantes do parque. Vale a pena enfrentar a fila. Circule bastante por todo o Beco Diagonal. Já que na história este é um local secreto só frequentado pelos bruxos, existem muitos recantos, cantinhos escuros que nos reservam surpresas, cenários iguais aos dos filmes. Saindo dali já nos dirigimos para a King’s Cross Station para pegar o Hogwarts Express, trem que transporta os visitantes até o outro parque do complexo, o Islands of Adventure. A “viagem” é uma delícia. Você vai se sentir embarcando em um antigo trem, vai sentar em uma cabine com janela e observar a paisagem (imagens que passam em uma tela, como se você estivesse realmente saindo da cidade e percorrendo longos quilômetros através do campo e de pequenos vilarejos).

AS ATRAÇÕES DE HARRY POTTER ESTÃO DIVIDIDAS ENTRE OS DOIS PARQUES. USE O TREM PARA SE DESLOCAR E NÃO PERCA NADA, MAS PRESTE ATENÇÃO NO GRAU DE “RADICALIDADE” DE CADA SIMULADOR ANTES DE EMBARCAR

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Lugar MAIS POTTER NO ISLANDS OF ADVENTURE

Ao desembarcar do trem você chega a Hogsmeade, cidade que é palco das principais aventuras de Harry Potter e onde se localiza Hogwarts, a escola de bruxos. O cenário é belíssimo, uma reprodução exata do que se vê nos filmes da série. Várias lojas e restaurantes ocupam a alameda central de Hogsmeade. Lá você vai poder comprar capas, varinhas e acessórios, provar a famosa cerveja amanteigada (Butter Beer) que os personagens do filme tanto amam (e que é horrível, por sinal... parece um suco de marshmellow!), matar a fome em lanchonetes e restaurantes temáticos, fazer mais algumas mágicas com a sua varinha interativa e, finalmente, chegar ao castelo de Hogwarts. Visualizar o castelo é outra emoção. A Gabriela enlouqueceu e nós também. A ambientação é tão perfeita que você se sente um personagem das histórias de Potter. Do lado de fora do castelo os visitantes param para tirar fotos dos mais diversos ângulos. Dentro dele está localizada uma das principais atrações do parque: Harry Potter and the Forbidden Journey, que simula um voo a bordo de uma vassoura igual à de Harry, percorrendo a área que fica em torno de Hogwarts. Esse simulador é bastante radical, incluindo momentos em que você vai ficar de cabeça para baixo. Pense bem antes de embarcar... Mais adiante está a montanha-russa Flight of the Hippogriff, essa já bem mais amena. Frio na barriga na medida certa e um visual lindo.

A MONTANHA-RUSSA DO HULK TEM VÁRIOS LOOPINGS E É MEGARRADICAL. À NOITE, ILUMINADA, ELA FICA LINDA

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DINOSSAUROS E KING KONG

Não foi sem lamentar que deixamos The Wizarding World of Harry Potter, mas o parque Islands of Adventure ainda tinha muito a nos oferecer. Passando a ponte ao lado do castelo a gente chega à área dedicada aos Dinossauros, inspirada no filme Jurassic Park. São várias atrações com esse tema, algumas bem tranquilas, próprias para crianças pequenas, e outras mais radicais. A melhor delas é Jurassic Park River Adventure. Fica a dica: invista em uma capa plástica ou capuz. É bem provável que você saia ensopado. Um pouco mais adiante está uma das atrações mais legais desse parque: Reign of Kong, aventura que os visitantes percorrem dentro de um caminhão e que os coloca praticamente no meio de uma luta entre King Kong, dinossauros e outras criaturas. Cenas hiper-realistas, sustos e muita emoção. Finalizamos o Islands of Adventure no final da tarde, curtindo a “área molhada do parque”. Somos fãs da atração do Popeye, uma espécie de rio de corredeiras de onde ninguém consegue sair seco. Todo mundo fica encharcado e, ainda assim, sai dando risada. Ainda deu tempo de curtir o simulador do Spider Man, um dos mais antigos do parque, sempre uma grande pedida. Na hora de ir embora ficamos uns minutos embaixo da montanha-russa do Hulk, só escutando os gritos dos passageiros e observando os vertiginosos loopings. Cadê coragem pra embarcar naqueles carrinhos?

REIGN OF KONG É UMA DAS MELHORES ATRAÇÕES DO ISLANDS OF ADVENTURE. NA ÁREA DOS DINOSSAUROS CURTIMOS O JURASSIC PARK RIVER ADVENTURE

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Lugar

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NOITE NO CASTELO

Nessa jornada de apenas um dia, só nos faltou um pouco de tempo pra curtir melhor a área dos personagens de quadrinhos, especialmente os super-heróis da Marvel. Para quem tem meninos essa parte do parque é imperdível, repleta de ídolos como Wolverine, Capitão América, Duende Verde e muitos outros, os preferidos dos garotos. E ela é uma das áreas mais bonitas do Islands od Adventure, é multicolorida, alegre e lá estão diversas atrações radicais: além do simulador The Amazing Adventures of Spider-Man e da montanha-russa The Incredible Hulk Coaster, já mencionadas, vale curtir a Doctor Doom’s Fearfall e a Storm Force Accelatron. Nossas meninas preferiram usar o tempo na área dos dinossauros e nas atrações molhadas, que são mesmo muito divertidas, como a Dudley Do-Right’s Ripsaw Falls, que tem uma queda de 23 metros de altura na água. O Islands of Adventure tem ainda muito mais: Doctor Seuss, Posseidon, Betty Boop, Hello Kitty... Faça as suas escolhas, pois é impossível brincar em todas as atrações. Planeje o passeio antes de entrar no parque, senão é certo que sua turma vai ficar perdida, sem saber para onde ir primeiro. E se a galerinha aguentar, não deixe de ficar no parque para o show de luzes e projeções no Castelo de Hogwarts, que é simplesmente inesquecível. Em uma das etapas do show, as quatro casas da escola de magia – Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa – são homenageadas com muita mágica, luzes, efeitos especiais e projeções mapeadas. Nessa hora os Potterheads (fãs, apaixonados pela saga de Harry Potter) literalmente piram.

NOVA ATRAÇÃO NO ISLANDS OF ADVENTURE

A Universal acaba de inaugurar (em junho de 2019) a mais nova atração do mundo de Harry Potter: Hagrid’s Magical Creatures Motorbike Adventure. Não tivemos a oportunidade de conhecer essa nova – e linda – montanha-russa, mas ela já está na nossa wish-list para uma próxima viagem. O novo brinquedo leva os visitantes a um passeio de moto pela Floresta Proibida, enquanto encontram algumas das criaturas mais raras do mundo mágico. A inspiração para a nova atração foi uma cena do filme “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, em que o gigante Hagrid pilota uma moto mágica e leva o protagonista num sidecar durante uma emocionante fuga por Londres. A Hagrid’s Magical tem sete lançamentos e uma queda livre vertical, além de outras quedas de mais de 5 metros. Um dos pontos altos do passeio é quando o carrinho é catapultado a 19 metros no ar em um ângulo de mais de 70° para, em seguida, cair imediatamente para trás em um único movimento. A Hagrid’s é a montanha-russa mais longa da Flórida, com 1.540 metros. O passeio dura cerca de 3 minutos.

RECÉM-INAUGURADA, A HAGRID’S MAGICAL CREATURES MOTORBIKE ADVENTURE É UMA MONTANHA-RUSSA DIVERTIDA, EM UM CENÁRIO LINDO E COM PERSONAGENS QUE PARECEM REAIS

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OS SORRISOS LINDOS DE NATÁLIA TUSSI E FERNANDA PANDOLFI ILUMINAM AS PÁGINAS DESTA SEÇÃO. DUAS JOVENS QUE ALCANÇARAM SUCESSO EM SUAS CARREIRAS, ELAS SÃO INSPIRADORAS E MUITO CARISMÁTICAS. NATI É CHEF DE COZINHA, CRIOU SUA IDENTIDADE NO UNIVERSO DA GASTRONOMIA E COMANDA AS PANELAS DE UM DOS BADALADOS RESTAURANTES DE PORTO ALEGRE. FÊ PANDOLFI É UMA JORNALISTA QUE RESOLVEU CONCILIAR DUAS PAIXÕES: ESCREVER E VIAJAR. HOJE É FAMOSA PELOS RELATOS DE SUAS AVENTURAS PELO MUNDO AFORA.

PELO PÚBLICO NAS REDES SOCIAIS.

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FOTO: ISABELA DALCIN/DIVULGAÇÃO

SUAS DICAS DE VIAGEM SÃO ACLAMADAS


NATÁLIA TUSSI As experiências que vivemos quando crianças nos marcam para sempre, moldando nossas histórias. Não por acaso, muitas das melhores recordações da infância de Natália Tussi foram vividas dentro de uma cozinha. Com a avó paterna Gladys, ela aprendeu brincando como fazer agnolini. Ela e as irmãs se divertiam amassando, abrindo a massa e ajudando a nonna a montar peça. Foi também muito jovem que ela teve o primeiro contato com uma cozinha industrial, trabalhando com a mãe Diva, na época dona de uma fábrica de massas na cidade de Panambi, no norte gaúcho. Aos 17 anos mudou-se para Porto Alegre para fazer vestibular. O plano era cursar Medicina, mas o destino a faz arriscar uma mudança de roteiro, ingressando na faculdade de Gastronomia. Não demorou para ela descobrir seu dom nato para viver entre o calor do forno e do fogão. Já no primeiro semestre de faculdade, abraçou a oportunidade de trabalhar em um bistrô do chef Floriano Spiess, na cidade de Canela. Ele acabou tornando-se um grande professor e inspiração. Nos cinco anos de vivência no bistrô, Natália aprendeu inúmeras técnicas e processos, domou as dificuldades de trabalhar sob pressão e entendeu a dificuldade de administrar uma equipe. Depois de trabalhar como subchef de Floriano, recebeu o convite para liderar, aos 25 anos, a cozinha do bar de tapas Rambla, em Porto Alegre, com inspiração espanhola. Esta experiência lhe rendeu o desafio de liderar uma equipe noite após noite, atendendo até

600 pessoas. Desenvolveu assim novas habilidades, enfrentou medos e perdeu inseguranças. Paralelamente, ministrava aulas de gastronomia na Fundação Pão dos Pobres, aprendizado que a fez compreender o poder social e agregador da cozinha. Após 4 anos, saiu do Rambla fortalecida como cozinheira e líder. Entendeu como trabalhar com grandes demandas e a domar a logística de um restaurante. Na cozinha, a inquieta Natália encontrou o foco que precisava, canalizando sua energia para a complexa criação que a gastronomia exige. Há pouco mais de um ano assumiu a cozinha do Roister, restaurante do bairro Auxiliadora, no coração da capital gaúcha. Apaixonou-se pelo conceito da casa, com cozinha artesanal e contemporânea, onde o democrático menu conta com os clássicos que todo mundo adora – cerveja, hambúrgueres e batata frita, por exemplo – e também pratos da fusion cuisine, que dão a ela a liberdade de inovar. A chef Natália, hoje com 31 anos, procura a evolução constante dentro da cozinha, seja pesquisando técnicas, aprimorando processos ou experimentando sabores pelas viagens que faz pelo Brasil e pelo mundo. Na vida pessoal, busca o equilíbrio perfeito entre os ingredientes que cultiva com carinho: uma família amorosa, bons amigos e a parceria dos felinos Bife e Pudim. Em suas poucas horas vagas, é com e para eles que ela gosta de cozinhar – e, como boa italiana, sempre acompanhada de uma boa taça de vinho, é claro. POR ANA GUERRA, JORNALISTA


mulheres que amamos

FERNANDA PANDOLFI Enquanto meditava na Índia, voava de balão na Capadócia e pulava de Bungee Jump na Nova Zelândia, sua versão bem pessoal de “Comer, Rezar, Amar” estava sendo escrita. Mal sabia que, uma semana após o retorno ao Brasil, embarcaria em outra viagem – desta vez mais duradoura e ainda mais transformadora: o amor. Ela, que andava com o coração adormecido, encontrou por acaso o empresário Felipe Hemb e desde então os dois não se desgrudaram mais. Alguns meses depois, a dupla FêFê juntou as escovas de dente e decidiu se casar. Esta nova fase acabou inspirando um projeto profissional inaugurado no final de 2018, o Antinoiva. Com o anel de noivado na mão, Fernanda começou a entender os desafios e emoções que todas as noivas vivem. Criou então um canal no YouTube, onde publica vídeos bem-humorados e onde dá dicas, mostra novidades e trata sem frescuras sobre o universo – e a indústria – do casamento. Ela agora participa de palestras e encontros para noivas, além de dividir com seus fãs e seguidores os detalhes de seu casamento com Felipe, que acontecerá em outubro deste ano, com direito a lua de mel no Tahiti. E a intrépida Fernanda não para por aí: estreou recentemente como professora universitária, está escrevendo um livro sobre sua Volta ao Mundo e pretende carimbar o passaporte inúmeras vezes ainda neste ano. Viajaremos com ela através das redes sociais, torcendo para que essa incrível aventura chamada VIDA lhe seja sempre generosa e feliz. POR ANA GUERRA, JORNALISTA FOTO: DIVULGAÇÃO

A jornada da pequena grande Fernanda Pandolfi começou há 32 anos, em Passo Fundo, onde aprendeu a dançar e a gostar do contato com o campo – prazeres que ela carrega consigo até hoje. Comunicadora nata e apaixonada por contar boas histórias, estudou jornalismo na PUC-RS e trabalhou na RBS por mais de sete anos, onde atuou em diferentes editorias e veículos, como o rádio e a televisão. Mas foi no Jornal Zero Hora que ela, aos 26 anos, assumiu um enorme desafio: assinar uma coluna com 8 edições semanais. Sua Rede Social inaugurou um novo conceito de colunismo social, tendo a pauta como protagonista e engajando o público com eventos presenciais e uma linguagem moderna. Após 3 anos de uma pesada rotina de trabalho, Fernanda entrou em crise. Sentindo-se triste e fora do prumo, decidiu que era hora de mudar. Pediu demissão e criou, em 2016, a Ida e Volta, uma plataforma onde reúne duas de suas maiores paixões: viajar e escrever. Com textos, fotos e vídeos, divide suas histórias de viagem, dá dicas, faz parcerias online e offline e promove eventos. No ano seguinte, a realização de um sonho: colocou a mochila carinhosamente chamada de “Monstra” nas costas e deu a volta ao mundo. Passou por 100 cidades em 37 países, e os 9 meses de estrada geraram e deram à luz uma nova Fernanda. O renascimento veio ao encontrar a tranquilidade e o amor próprio perdidos. Seu contato com diferentes culturas, pessoas e cenários rendeu ótimas histórias e reflexões, que ela dividiu com seu fiel grupo de leitores. Fernanda tornou-se referência e hoje é mais do que uma influenciadora digital – ela cria conteúdos que emocionam e com os quais as pessoas se identificam.

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Palavra LU Í S

AU G U S TO

F I S C H E R

CHICO PREMIADO

Abre o jornal num dia – horror. Abre no outro, mais um horror. Quem era para dar o exemplo fez errado; quem devia ter feito não fez; e quem fez não devia ter nem começado a fazer. Sensação de que o mundo está de pernas para o ar, ou que abriram a porta do inferno. Estamos todos assim, caríssima leitora, prezado leitor. É tal e tanta a confusão que, sei lá, dá vontade de reencontrar coisas estáveis, para ancorar a vida de modo sereno. Coisas que estão onde devem estar. Como a boa e valha cultura brasileira. Ponha o leitor o que lhe parecer melhor neste lugar – a literatura, a dança, o teatro, o cinema, a gravura, o cartum. Eu ponho, agora, o Chico. Por extenso, Chico Buarque de Holanda. Um senhor que completa 75 anos agora dia 19 de junho. (Se-ten-ta-e-cin-co. Digo o número e paro um pouco para respirar.) Por uma curiosa lei que não sei de onde vem, nem ele, nem o Caetano (completa 77 em agosto), nem o Gil (77 em junho), nem o Paulinho da Viola (77 em novembro), nem a Rita Lee (72 em novembro) – isso para ficar apenas nos gênios incentestes da geração e do metiê – , nenhum deles engordou. Já reparou? Passaram dos 70 e estão já perto dos 80 sem engordar. Talento rima com magreza e elegância? Quem eu levaria para uma ilha deserta? A obra completa de todos eles. (Mais as completas do Machado de Assis, do Erico Verissimo, do Guimarães Rosa, do Jorge Luis Borges...) Ia passar os dias do infinito ouvindo (e lendo) um desfile da história humana, em forma concentrada. E o Chico, bem, ele é realmente excepcional. Pode o leitor ou a leitora não gostar de seus romances, que são excelentes mas, concordo, são esquisitos. Por algum motivo,

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tudo que o Chico tem de ameno e suavemente melancólico nas canções – ponha aí a velhíssima “A banda”, de 1966, ao lado da recentíssima “Mssarandupió”, de 2017 – parece figurar em seus romances em outra frequência, como se fosse um som distorcido, desafinado, desconexo, mas ainda assim fosse seu som. Eu gosto de todos os seus romances, até mesmo do fraquíssimo Fazenda modelo, o primeiro experimento de narrativa longa publicado em 1974 (que ele, autocriticamente, não aceita republicar). O penúltimo de seus grandes romances, Leite derramado, de 2009, talvez seja o mais indicado para o leitor que quer conhecer seu lado romancista. Nele, um velho, talvez centenário, está numa cama de hospital, meio confessando suas mazelas, meio desfiando suas memórias, meio alucinando. Só se lê a voz dele mesmo, que de vez em quando se dirige à pessoa que talvez seja a enfermeira de turno, mas talvez seja um parente qualquer. Ele é um homem da antiga elite proprietária do mundo brasileiro, aquela gente que está no poder desde o tempo da colônia, e que passou sucessivas revoluções e alterações sempre encontrando jeito de se dar bem. Mas a decadência veio, o leite está derramado, e agora é ou chorar sobre ele, ou nada. Chico ganhando agora o prêmio Camões, a mais alta distinção na literatura de língua portuguesa, não é apenas um grande acerto: é um conforto para nossas almas atormentadas.

LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR


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