Ano 12 N0 88 R$ 7,90
VIAGEM AS SURPRESAS DA MONGร LIA, POR BETO CONTE
BEM VIVER AS BOAS NOVIDADES DO CENTRO DE PORTO ALEGRE
Segredos
da cozinha asiรกtica
Milene Leal milene@entrelinhas.inf.br
EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Bete Duarte, Beto Conte, Milene Leal, Taciane Corrêa, Letícia Remião REVISÃO Flávio Dotti Cesa DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade ILUSTRAÇÕES Moa FOTOGRAFIA Letícia Remião, Beto Conte COLUNISTAS Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Cris Berger, Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Tetê Pacheco
EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS) COMERCIALIZAÇÃO Carlos Eduardo Moi (eduardo@entrelinhas.inf.br) fones: 51 3026.2700 e 3024.0094 A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Entrelinhas Conteúdo & Forma, sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.
TIRAGEM 20.000 exemplares IMPRESSÃO Cromo Gráfica e Editora
ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Cel. Bordini, 675, cj. 301 Porto Alegre I RS I Brasil I 90440 000 51 3026.2700 www.entrelinhas.inf.br
Ano 12 N0 88 R$ 7,90
VIAGEM AS SURPRESAS DA MONGÓLIA, POR BETO CONTE
BEM VIVER AS BOAS NOVIDADES DO CENTRO DE PORTO ALEGRE
Segredos
da cozinha asiática
01a03_EstiloZaffari_88.indd 1
FOTO: LETÍCIA REMIÃO
03/10/2019 19:24:03
N OTA
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E D I TO R
É PRIMAVERA! É RENOVAÇÃO, É FRESCOR! Dias melhores virão. E a Primavera sempre chega avalizando essa frase tão popular. Bendita Primavera! Ela nos traz de volta a cor, a luz, o som dos pássaros, o clima mais ameno, aquela atmosfera completa de recomeço, frescor, renovação, positividade. Esta edição da Estilo Zaffari, que circula justamente durante os meses de vigência da Primavera, quer proporcionar a seus leitores momentos de puro deleite, deixando de lado os perrengues, preocupações e pressões do “mundo lá fora”. Nossa sugestão é: acomode-se, de preferência ao ar livre, e dedique alguns momentos para curtir, por exemplo, as inúmeras dicas da seção Cesta Básica. Nas primeiras páginas da revista reunimos um apanhado de novidades em restaurantes, bares, hotéis, programas culturais,
viagens, moda, literatura, arte, artesanato, saúde, para que você possa curtir muito mais o seu dia a dia. Aqui na revista você vai encontrar também o relato da fascinante viagem de Beto Conte pelas paisagens da Mongólia, o apanhado maravilhoso que a jornalista Bete Duarte fez de receitas da culinária asiática (com a assinatura de diferentes chefs) e o gostoso passeio de Letícia Remião pelo novo centro de Porto Alegre, que está cheio de atrações incríveis. Aproveite com calma os textos dos nossos colunistas, sempre tão habilidosos em proporcionar entretenimento, reflexão, informação. E, no final da revista, prestigie a seção Mulheres que Amamos, onde publicamos perfis de mulheres que se destacam em suas atividades profissionais. É Primavera! Que alegria!
OS EDITORES
Cesta Básica
8
Coluna Humanas Criaturas
28
Coluna Vida
36
Coluna Sampa
52
O Sabor e o Saber
70
Coluna Equilíbrio
84
Mulheres que Amamos
86
Coluna Palavra
90
Conheça a perfumada, criativa, bela e saborosa culinária asiática
54 O sabor e o aroma de uma nobre
Uma viagem cheia de surpresas pelas estepes e cidades da Mongรณlia
O Centro de Porto Alegre estรก cada vez mais saboroso e charmoso
74
38 fruta do mato, a guabiroba
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Cesta básica
CIDADANIA E CRIATIVIDADE
NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, MODA, LITERATURA, ARTE, LUGARES, VIAGENS, OBJETOS ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO! P O R
TAC I A N E
F OTO S
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Estilo Zaffari
C O R R Ê A
D I V U LG A Ç Ã O
Poupou é um livro sonoro, divertido e com ensinamentos importantes para a construção da cidadania. Por meio de rimas e ilustrações divertidas, a autora Paula Taitelbaum ensina às crianças que os animais sabem poupar: o passarinho poupa água, o cachorrinho poupa seu osso, o esquilinho poupa nozes. E cada um deles faz isso por um motivo. Assim, estimulando a imaginação e a criatividade das crianças, Poupou ensina o que é poupar, bem como sua importância. Já Ora Bolas é repleto de bolinhas, bolitas, bolotas e bolões, um livro cheio de cor e poesia. Paula Taitelbaum propõe uma espécie de charada, fazendo com que os pequenos leitores adivinhem “que bola é essa que todo mundo no mundo tem”. Círculos que são pingos, pontos, poás e botões. “Mas, entre todas as bolas mirabolantes, há uma que é ainda mais interessante porque guarda em si cada pequeno instante, uma mensagem de tolerância e valorização da individualidade”, afirma ela. POUPOU: FORMATO 17,5 CM X 17,5 CM I 20 PÁGINAS ORA BOLAS: FORMATO: 20 CM X 28 CM I 28 PÁGINAS AUTORA: PAULA TAITELBAUM I EDITORA PIU
O BRUNCH É A ESPECIALIDADE DA CASA Após o sucesso de seu primeiro ano na Av. Independência, a Santo Mimo Casa de Brunch abriu sua segunda unidade, agora no Boulevard Laçador. Com a mesma proposta caseira e acolhedora, oferece um cardápio de delícias para desfrutar sem pressa. Tudo é disposto em uma grande mesa, onde as pessoas podem se servir à vontade de uma variedade de produtos fabricados ali mesmo, como pães de fermentação natural, snacks, pastas, sanduíches, saladas, quiches, bolos, geleias, cucas e tortas. O cardápio do brunch sempre tem uma variedade e rotatividade de sabores, respeitando a sazonalidade e a produção local dos ingredientes. A nova casa tem algumas exclusividades: uma seleção de favoritos da mesa, em porções prontas para levar; o chá da tarde, sempre às quartas-feiras; opção de jantar a dois e as cestas para piquenique no local, aproveitando o charmoso gramado do Boulevard Laçador. Pratos à la carte também são servidos nos horários de almoço e jantar.
SANTO MIMO CASA DE BRUNCH BOULEVARD LAÇADOR I AV. DOS ESTADOS, 111 PORTO ALEGRE I RS I 51 98910.3272 SEGUNDA DAS 11H ÀS 17H DE TERÇA A SEXTA DAS 11H ÀS 22H SÁBADO E DOMINGO DAS 10H ÀS 22H BRUNCH DE SEXTA A DOMINGO, DAS 10H30 ÀS 16H FACEBOOK:@ SANTOMIMOCASADEBRUNCH
Estilo Zaffari
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Cesta básica
BALANÇANDO NO PILATES
CHARCUTARIA E TÁBUAS DE QUEIJOS No Brava Gastrobar as tábuas com queijos, charcutaria, pães, castanhas e outros acompanhamentos são as protagonistas, proporcionando uma saborosa experiência gastronômica. São oito tipos diferentes de tábuas no cardápio, preparadas com produtos premium vindos de diversos estados do Brasil, Itália, Alemanha, França, Dinamarca, Espanha e Holanda. Essas delícias podem ser harmonizadas pelo sommelier Vinícius Santiago, com mais de 50 rótulos de vinhos, espumantes e cervejas artesanais. Durante o dia a casa oferece um cardápio de sanduíches com os frios disponíveis e é possível levar para casa as tábuas e os produtos à parte, além das opções de risotos no almoço. Para eventos, é possível contratar o serviço de tábuas personalizadas.
O Studio Gabriela Zasso Pilates e Fisioterapia trouxe a Porto Alegre o Columpio, que chega para complementar os exercícios de solo no pilates. Trata-se de um aparelho suspenso confeccionado com tecido de paraquedas de alta resistência e costura reforçada, suportando até 160 kg, que complementa o trabalho feito no solo e nos demais equipamentos. Ele pode render uma sessão inteira de exercícios, devido a sua versatilidade. Columpio, que em espanhol significa balançar, é um aparelho originário da Yoga, utilizado por monges budistas para posições de inversão. No pilates, o treinamento consiste na realização de movimentos com o corpo suspenso, seja em partes ou por completo, em que o peso corporal é utilizado como principal ferramenta para que o praticante se desafie. Essa atividade fortalece a musculatura e exige coordenação motora e equilíbrio. Seu uso proporciona melhor controle entre mente e corpo, oferecendo estímulos diferentes daqueles a que estamos acostumados. STUDIO GABRIELA ZASSO
BRAVA GASTROBAR
PILATES E FISIOTERAPIA
RUA 24 DE OUTUBRO, 1.454 I LOJA14 51 3307 4331
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HIGIENÓPOLIS I PORTO ALEGRE I RS
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51 3398 2050 I 51 98404.9490
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FACEBOOK:@GABRIELAZASSOPILATES
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Estilo Zaffari
DOCES AFETIVOS COM GOSTO DE CASA DE VÓ
NOVIDADE NO CENTRO HISTÓRICO
A Doceria é a mais nova unidade da marca Charlie Brownie, pensada para ser um laboratório de doces com memória afetiva e gosto de casa de vó. Dona Mila, a avó do fundador Tiago Schmitz, foi pessoalmente treinar a equipe para reproduzir tortas e doces de sua autoria. Fotos da mãe, avós e tias doceiras decoram as paredes do salão, homenageando as origens e o afeto familiar. Quem chega para o café da manhã, chazinho da tarde ou happy hour sempre encontra gestos de gentileza, uma boa música e cheirinho de bolo saindo do forno. Os clientes são recebidos com café passado, que é uma cortesia da casa, e podem se deliciar com tortas, bolos caseiros, sonhos, pães, geleias, brownies especiais, omeletes e cafés brasileiros de origem com diferentes torras. A escolha dos locais das lojas também segue na mesma vibe. Casas de rua com história na cidade ou arquitetura peculiares, em bairros que dialogam com o propósito da marca na perspectiva afetiva.
A proposta moderna do Firma Bar se mostra no ambiente, no atendimento e nas comidas e drinks. O cardápio apresenta releituras de pratos populares ao redor do mundo, cheios de criatividade, que é o diferencial proposto pelos chefs, que inovam na maneira de servir e apresentar os preparos. Um dos mais pedidos da casa é o bao bun de costela bovina defumada, em que o pãozinho oriental cozido no vapor ganha um toque gaúcho, lembrando o delicioso churrasco de domingo. O bar tem diversas opções para compartilhar entre amigos e curtir o ambiente aberto, que permite uma interação maior entre o espaço interno do bar e a rua. Comer na Firma é uma experiência gastronômica acessível e divertida! FIRMA BAR
DOCERIA DO CHARLIE
RUA CEL. GENUÍNO 116 I
RUA FABRÍCIO PILLAR, 822 I MONT’SERRAT I PORTO ALEGRE
CENTRO HISTÓRICO I PORTO ALEGRE
TER A SÁB. DAS 8H ÀS 20H E DOMINGO DAS 10H ÀS 20H
DE SEG. A SÁB., DAS 18H ÀS 23H30
WWW.CHARLIEBROWNIEBR.COM/DOCERIA/
54 3407.6440 I WWW.FIRMABAR.COM Estilo Zaffari
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Cesta básica
INSPIRADA NA RIVIERA FRANCESA
L´ARRIVÉE AV. TEIXEIRA MENDES, 1236 CHÁCARA DAS PEDRAS I PORTO ALEGRE I RS DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 10H ÀS 19H, E AOS SÁBADOS DAS 10H ÀS 18H. 51 99100 5735 FACE/INSTA: @LARRIVEEOFICIAL
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Estilo Zaffari
Um novo conceito em moda, decoração e café abriu recentemente em Porto Alegre. Idealizada pela estilista Betina Sperb Albuquerque, a L´arrivée integra uma loja de roupas, acessórios e objetos de decoração com espaços exclusivos do designer de joias Adalberto Amorin e do chef pâtisserie Diego Andino. O objetivo da casa é proporcionar experiências que vão além do consumo. Betina selecionou as melhores referências em roupas, acessórios e artigos de décor feitos à mão em diferentes lugares do Brasil. “Busquei a elegância com simplicidade. Quero que as pessoas se sintam bem. Que saibam que aqui encontram as novas coleções do Amorim e as delícias do Diego Andino, mas podem simplesmente vir aproveitar o deck e o conforto da loja, visitar e ir embora. É aproveitar a chegada. É L’ arrivée”, diz ela. A arquitetura é inspirada na cidade de Saint Tropez. Além da fachada de madeira, o deck externo garante o clima descontraído e o interior da loja mistura o branco clássico com elementos de palha e dourado, além do paisagismo natural.
Oferece um currículo que visa o desenvolvimento global da criança por meio de atividades variadas e aulas especializadas em um espaço diferenciado e lúdico como extensão do turno regular.
Educação Infantil Turmas de multi-idades. Horários: manhã e tarde com opção de dias alternados. Atividades especializadas: Every day English, Oficina Literária, Laboratório Vivo, Jogos Motores e Culinária.
ENSINO FUNDAMENTAL Turmas de multi-idades. Horários: manhã e tarde com opção de dias alternados. Atividades especializadas: Every day English, Hora do Tema, Laboratório de Experiências, Horta e Culinária e Oficina de Artes.
Agende uma visita pelo site www.colegiomonteirolobato.com.br/matriculas ou pelo fone (51) 3328.5035.
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Cesta básica
ROMA COM REQUINTE
COMIDA AFETIVA
A Roco Forte Hotels, empresa anglo-italiana, inaugurou seu segundo hotel em Roma, o Hotel de la Ville, após a renovação de um histórico palácio do século XVIII. Localizado no coração de Roma, no topo da Escadaria Espanhola, com vistas deslumbrantes, o novo hotel de luxo possui toda a vibração e elegância da cidade. O designer italiano Tommaso Ziffer fez uma releitura contemporânea do Grand Tour do século 18, levando os visitantes a uma viagem de descobertas pelo legado cultural da Antiguidade Clássica e do Renascimento. A decoração combina cores e formas com estátuas inspiradas no Renascimento Romano, estampas históricas e peças de cerâmica azul e branca, que são símbolos de riqueza e cultura na Itália. O hotel conta ainda com seis bares e restaurantes, onde é possível se apaixonar pela gastronomia requintada do chef Fulvio Pierangelini, pelo bar efervescente da cobertura ou pelo bistrô de rua. E ainda desfrutar do encantador pátio ou do spa de inspiração siciliana.
O Grão Real Food lançou na Primavera diversas novidades. Uma delas é o cardápio “Cozinhando para minha avó – Sezione Uno”, que levou mais de um ano para ser produzido e nasceu às margens do rio Tâmisa, em Londres. A ideia do cardápio, que tem mais de 80 páginas, é traduzir a essência da marca, propondo uma conexão com as memórias afetivas, a natureza e a alimentação orgânica e consciente. Entre os destaques está o Afternoon Tea (AT). A chef Ana Carolina fez uma releitura do chá da tarde tradicional, usando ingredientes orgânicos, livres de glúten e leite, o que o torna inédito no mercado. O menu do AT conta com sanduíches de pães de fermentação natural, brioches e os famosos scones, servidos com nata de coco e geleia de frutas vermelhas. A seleção de bolos e doces é finalizada com o encantador parfait, e o chá, por sua vez, é preparado com frutas e especiarias em infusão. Uma experiência para ser saboreada sem pressa e compartilhada com amigos.
HOTEL DE LA VILLE
ALAMEDA ALÍPIO CÉSAR, 114 I BOA VISTA I PORTO ALEGRE
VIA SISTINA, 69 I ROME I 00187
51 99160.7689 I 51 3907.8505
FACEBOOK: @HOTELDELAVILLEROME
FACEBOOK E INSTAGRAM: @OGRAOREALFOOD
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Estilo Zaffari
O GRÃO REAL FOOD
PRESENTES FEITOS À MÃO O Instituto Ling acaba de inaugurar a loja fixa da Pra Presente, que valoriza e comercializa peças feitas à mão, idealizadas e produzidas por artesãos, artistas e designers de diferentes regiões do Brasil. No espaço criado pela publicitária Elisa Hegedus Craidy, o público encontra um atendimento personalizado, pois ela escolhe pessoalmente os objetos de decoração, obras de arte, acessórios e demais produtos assinados que fazem parte do acervo. Destaque para as coleções de El Mundo de Musgo, Designacional, Terra Matre, Devaneio, Tun, Maria Oititica, Atelier Pedra da Terra e os brinquedos educativos e artesanais da Vira Lua. Além de peças de artistas paulistas e franceses e um grande mix de produtos de artistas e designers gaúchos e objetos mineiros da Capitania das Fibras. LOJA PRA PRESENTE NO INSTITUTO LING I RUA JOÃO CAETANO, 440 I TRÊS FIGUEIRAS I PORTO ALEGRE 51 3533 5700 I DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 10H30 ÀS 22H, E SÁBADOS, DAS 10H30 ÀS 20H INSTAGRAM: @PRA_PRESENTE I WWW.INSTITUTOLING.ORG.BR Estilo Zaffari
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Cesta básica
DIVERSÃO EM FAMÍLIA O mais novo refúgio de Gramado tem a proposta de reconectar a família proporcionando uma perfeita combinação entre natureza e elegância. O Wyndham Gramado Termas Resort Spa é o primeiro Resort Termal gaúcho construído com base nos modelos europeus de resort de inverno, e o primeiro hotel com bandeira internacional da cidade. Um lugar para aproveitar e desfrutar com toda a família. A programação propõe atividades em conjunto entre pais e filhos, que vão de trilha ecológica a aulas de gastronomia. O resort está situado a menos de sete minutos do centro, o que garante aos hóspedes a opção de sossego, lazer ou diversão na hora que quiserem. Está também a 300 metros do Snowland, o único parque de neve indoor das Américas, que além de neve o ano inteiro possui também uma exclusiva pista de ski e snowboard.
UM PEDAÇO DE PARIS NO BOM FIM A La Croissanterie é um lugar charmoso, com salinhas acolhedoras distribuídas em uma linda casa antiga, com atendimento atencioso. Já é referência na vizinhança pelos seus croissants e agora tem mais uma novidade: um cardápio variado de pães. O tradicional pão francês, o pão italiano, o australiano, o pão sete grãos e o pão de vinho com salame são as especialidades que saem do forno diariamente, quentinhos e saborosos. A ideia do proprietário André Motta Soares de trabalhar com a temática francesa veio por conta das memórias afetivas de viagens que fez pelo país europeu, onde se encantou pela croissanterie e decidiu reproduzir esse sabor em Porto Alegre. LA CROISSANTERIE
WYNDHAM GRAMADO TERMAS RESORT & SPA
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ESTRADA – LINHA ÁVILA, 801 I CARAZAL
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Cesta básica
CULINÁRIA PORTUGUESA A Casa Aveiro by Dolores, restaurante da família do jogador Cristiano Ronaldo, está comemorando um ano de atividade em Gramado. O cardápio traz pratos típicos portugueses, com receitas exclusivas de Dolores Aveiro, mãe do craque. O restaurante é o primeiro da família no Brasil e também o primeiro fora de Portugal. Além da variedade gastronômica portuguesa ser o ponto alto, o local oferece uma carta de vinhos com os melhores rótulos portugueses. Para harmonizar é possível eleger entre diversas opções de pescados e carnes, com destaque para o bacalhau à brás, prato favorito de Cristiano Ronaldo, batizado de “Bacalhau CR7”. Também dá para escolher entre as iguarias da culinária lusitana, como: arroz de polvo, bacalhau com natas e o Pica-Pau – prato típico da Ilha da Madeira –, centrado em um suculento filé mignon. O restaurante também oferece petiscos e sobremesas variadas, como bolinho de bacalhau e o famoso pastel de Belém. A decoração une o moderno e o rústico, com destaque para os azulejos portugueses e fotografias da família Aveiro.
DELÍCIAS FRANCESAS O perfume que sai da casinha branca na rua Santo Ângelo é um convite para entrar e conhecer as delícias da Liz Patisserie. A especialidade são receitas francesas adaptadas a ingredientes brasileiros. A confeiteira é a francesa Liz Dahan, uma bióloga que chegou ao Brasil em 2013 e resolveu abandonar a carreira e se dedicar ao preparo de doces. O cardápio de macarons inclui sabores como preliné de pistache, caramelo e gergelim, chocolate e maracujá, flor de laranjeira, lavanda e mel, coco e castanha, praliné de avelã, chocolate e bergamota. O destaque, no entanto, fica por conta das éclairs. Tem de baunilha e pecan, pistache, limão e gengibre, chocolate belga e a tradicional paris brest, mas com variação, em lugar do creme de confeiteiro um de praliné de avelã. A casa está aberta de quarta a domingo, das 12h30min às 19h.
CASA AVEIRO BY DOLORES AV. BORGES DE MEDEIROS, 2507 I CENTRO I GRAMADO
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BURGERS COM SABORES INTERNACIONAIS O cardápio da nova Mark Hamburgueria conta com a mesma seleção de burgers que já é sucesso no espaço da Cidade Baixa. São 14 opções de lanches fixos e uma opção de Burger do Chef, que muda de tempos em tempos. Uma característica marcante da casa é a variedade de sabores da cozinha internacional. Aproveitando a bagagem adquirida trabalhando com gastronomia ao redor do mundo, o chef Mark Bandeira apresenta receitas que remetem a diversos lugares por onde passou: o L’Amour tem toque francês, o Times Square é feito com ingredientes clássicos americanos, o Toscana é a versão italiana de burger com calabresinha toscana caramelada. O cliente tem a liberdade de escolher o tipo de pão, o acompanhamento (batata rústica ou fritas) e se o burger será de carne ou vegetariano. O pedido é feito pelo menu digital, diretamente na mesa, visando mais praticidade e rapidez. Na decoração, elementos industriais e referências gráficas das principais cidades do mundo dão o toque cosmopolita.
NO CORAÇÃO DA AMAZÔNIA O hotel de selva Juma Amazon Lodge oferece aos viajantes uma vivência sustentável, com total conforto. São 19 bangalôs construídos sobre palafitas, na copa das árvores, mesmo método usado pela população local para construir suas casas. Seis deles têm vista para a floresta, 12 para o Rio Juma e um é panorâmico. A incrível experiência pela floresta começa desde a travessia entre Manaus e o hotel (100 km). Parte do trecho é feito de barco, pelo famoso encontro dos rios Negro e Solimões. O trajeto é acompanhado pelos ribeirinhos, conhecedores dos segredos da maior floresta tropical do mundo. Em uma área de 7 mil hectares, o hotel propõe um mix de atividades. Os visitantes aprendem os processos naturais que regem a vida na região, como a sabedoria ancestral que ensina como extrair remédio e alimento de plantas. Da pesca de piranha à focagem de jacaré, passando pela visita à Samaúma – a mais alta e mais larga árvore amazônica –, a cada atividade os sentidos são despertados para novos cheiros, tons, sabores e sons. O restaurante é focado em culinária internacional, com toques de sabores e aromas amazônicos. Outras atrações do Juma são o bar, o redário, a piscina que utiliza a água do próprio rio e o deck com telescópio para apreciar o céu da Amazônia.
MARK HAMBURGUERIA AV. MARILAND, 908 I AUXILIADORA
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CLÁSSICOS DA FRANÇA
FLANANDO POR PARIS
A Oui Oui, padaria artesanal com inspiração francesa, produz em pequena escala produtos típicos, utilizando receitas e farinha legítima francesa. Todos os produtos utilizam levain (fermento natural que atua lentamente como agente de crescimento, resultando em sabor e textura únicos). Entre a linha de produtos da boulangerie, que a todo o momento estão saindo do forno, alguns são imperdíveis: baguette tradition, baguetine gruyère, fougasse de azeitonas, roulé fromage, pão rústico multigrãos e pão de nozes. A Oui Oui também se dedica à autêntica viennoiserie francesa, com delícias como croissant au beurre, pain au chocolat, pain aux raisins e croissant aux amandes. O cliente pode degustar ali mesmo os produtos da casa acompanhados de café, além de levar para casa os clássicos franceses.
O novo livro de Celso Gutfreind nos faz viajar pelo imaginário da cidade de Paris. “A porta do chapéu – Crônicas em Paris” está dividido em oito partes, fazendo um passeio por ruas, bairros, personagens, cinema, literatura, situações que retratam a crise social e pela encantadora e diversa comunidade parisiense. Como leitores, a sensação é de estar com uma baguete e uma taça de vinho às margens do Sena, ou sentados em um clássico café de esquina ou mesmo caminhando e desfrutando de cada pedacinho da realidade parisiense. Para o autor, Paris tem uma forma de sempre surpreender: “Cada emoção demanda uma poesia. Paris é uma pergunta a que ainda não pude responder. Já não era por causa do Hemingway, da Gertrude Stein, do Jim Morrison ou do Rimbaud que buscava uma resposta. Precisei ir mais longe para encontrar a minha própria história”, diz Gutfreind, ao dividir suas vivências conosco.
OUI OUI BOULANGERIE RUA MIGUEL TOSTES, 317 BAIRRO RIO BRANCO I PORTO ALEGRE I RS
A PORTA DO CHAPÉU – CRÔNICAS EM PARIS
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242 PÁGINAS I AUTOR: CELSO GUTFREIND
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NOVA ESTAÇÃO UNIDADE BOA VISTA: RUA 14 DE JULHO, 654 I MONTEIRO OPEN I 51 3407 6980 UNIDADE MOINHOS: RUA SCHILLER, 14 I 51 3388 6605 PORTO ALEGRE I RS WWW.NOVAESTACAO.ART.BR
ESCOLA DE ARTISTAS A Nova Estação, escola de artistas, nasceu da união de duas bailarinas e uma musicista. As três sócias, Caroline Danni Stein, Melina Baumgarten e Cynthia Geyer, juntaram talentos e experiências para oferecer à comunidade um projeto contemporâneo, com a missão de educar por meio da arte. A ideia é uma completa formação de artistas. Para isso, decidiram unir a trajetória de 17 anos da escola de música Estação Musical com a proposta contemporânea de ensino da dança, em um projeto que contempla música, dança e teatro. As sócias acreditam que não basta só ensinar, os alunos precisam vivenciar a arte. “A paixão pela arte transborda e transforma pessoas”, afirmam
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elas, destacando que essa transformação se dá pela inspiração e pelo exemplo. O teatro musical é um diferencial da Nova Estação. Pioneira nessa área em Porto Alegre, a escola conta com profissionais especializados e uma experiência de 14 anos no processo de formação de alunos cantores/atores. A escola oferece aulas integradas de várias modalidades e possibilita que o aluno esteja capacitado para participar de audições e espetáculos do gênero. As turmas são divididas em kids, teens e adultos e participam de aulas de Belting Contemporâneo (técnica de canto), Teatro, Jazz Broadway, Montagem e História do Teatro Musical.
COMIDA DE RUA ASIÁTICA LEVE E SABOROSA ESPAÇO GASTRONÔMICO INTERATIVO Um novo ambiente dedicado à gastronomia inaugurou no terceiro andar da Casa Bordini, loja de objetos decorativos e mobiliário de design assinado. O espaço é dedicado a cursos, palestras, eventos e jantares personalizados. Foi inspirado em mercados europeus, como o Mercado Central de Florença e o Mercado da Ribeira, em Portugal. O ambiente disponível é amplo, flexível e cheio de personalidade, um convite à integração, ao convívio e ao lazer. Assim, a Casa Bordini agora une decoração, arte e gastronomia em um só lugar. “Ao expandir a loja optamos por gerar vivências diferenciadas para os nossos clientes, não só com a diversidade de valores e de estilos dos objetos, mas também unindo decoração e culinária”, resume a empresária Tanara Garcia de Abreu.
O Galangal Leve funciona junto ao já consagrado restaurante Galangal, servindo comida saborosa, de um jeito leve, rápido e prático. O cardápio, assinado pela chef Arika Messa, traz combinações surpreendentes. “São pratos com identidade própria, mas com a cara do Galangal, valorizando cada sabor”, revela a chef. A ideia é servir a comida de rua asiática de forma prática, criativa, descontraída e sensorial. Mas não é apenas ao paladar que a proposta causa surpresa. O conceito engloba sustentabilidade e bem-estar. Os alimentos são servidos em embalagens biodegradáveis e comestíveis, que não geram lixo, pois são feitas com fécula de mandioca. “O Galangal Leve é para pessoas de espírito livre, que estão cada vez mais conectadas com o todo, com a natureza e consigo. Valorizamos o ato de alimentar-se com consciência, consumindo comida de verdade”, explica a idealizadora da ideia, Magda Correa. O ambiente é inspirado em um jeito mais descontraído de viver. O cliente faz seu pedido no balcão e aguarda na mesa. Se preferir, pode optar por combos que estão na geladeira, prontos para comer ou levar para casa. Ao final da refeição, o cliente recebe uma tag com semente de rúcula para que possa plantar e cultivar em casa seu próprio alimento.
CASA BORDINI R. CEL. BORDINI, 652
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Cesta básica
UM CLÁSSICO QUE ESTÁ DE VOLTA O Chiwawa, um clássico da gastronomia porto-alegrense, especializado em frutos do mar, reabriu suas portas em novo local. Relembrando os sucessos gastronômicos das décadas de 1970, 80 e 90, o Chiwawa retorna pelas mãos do seu fundador, João Maciel, mais conhecido como “Careca”. “Sabemos que estamos mexendo com a memória afetiva de muitos gaúchos, por isso prezamos pelo toque familiar e aconchegante, selecionando cada ingrediente para chegar à mesa do cliente”, diz ele. O cardápio tem pratos tradicionais – como o crocante camarão à milanesa e o camarão ao catupiry – mas também estreia com novidades, como o bacalhau do marinheiro: lombo de bacalhau com alho, pimenta dedo-de-moça e cebola roxa, regado com muito azeite de oliva. Além dos diversos pratos de peixes e frutos do mar, há opções de carnes e também pratos kids. CHIWAWA RUA TEIXEIRA MENDES, 1216 CHÁCARA DAS PEDRAS I PORTO ALEGRE I RS 51 3105 6767 WWW.CHIWAWA.COM.BR
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AZEITE GAÚCHO COM BLEND ESPECIAL
Recém chegou às prateleiras do UM Bar&Cozinha a nova edição do azeite Internacionalmente Local, resultado de uma parceria entre o chef Carlos Kristensen e a Prosperato, produtora de Caçapava do Sul. O azeite é um blend especial e exclusivo: o Frantoio, que traz notas verdes, toques frutados, muito frescor, leve picância, e o Picual, conhecido por sua estabilidade, riqueza em ácidos graxos, antioxidantes naturais e polifenóis. Kristensen esteve em Caçapava acompanhando a colheita das olivas e desenvolvendo a receita. O produto pode ser encontrado no UM Bar & Cozinha da Mariland e na recém-inaugurada loja do Barra Shopping Sul, que mantém o mesmo cardápio e a proposta do restaurante do bairro Mont’Serrat, porém também funcionando aos domingos, com brunch. UM BAR E COZINHA
Av. Mariland, 1.388 Mont’Serrat I Porto Alegre I RS Barra Shopping Sul I Porto Alegre I RS www.instagram.com/umbarecozinha/
ROTA DA MÚSICA NOS EUA COM A STB A STB Trip & Travel, agência de viagens que atua há 31 anos em Porto Alegre, reconhecida por suas viagens de imersão cultural, está lançando o Grand Tour Jazz & Blues, com enfoque na musicalidade norte-americana. Esta verdadeira “Rota da Música” se inicia pela cênica New Orleans, a multicultural terra do blues e onde nasceu o jazz, passa por Memphis, o berço do rock’n’roll, Nashville, capital mundial da música country, e termina em Chicago, cidade que levou o blues ao mundo. A viagem apresenta uma das regiões musicais mais ricas do planeta, com um mergulho
revigorante nas raízes do Jazz, Blues & Rock. O grupo, que sai acompanhado desde Porto Alegre pela equipe STB Trip & Travel, será conduzido desde o Deep South, no delta do Mississipi, até Chicago, na região dos Grandes Lagos, pela brasileira Mary Mello. Ela é especialista em rotas musicais pela América e vive há mais de 20 anos nos EUA. Mais informações sobre essa viagem, que acontece de 23 de maio a 7 de junho de 2020, com caren@stb.com.br ou em qualquer uma das quatro unidades da empresa. A STB Trip & Travel tem o selo de qualidade Virtuoso, concedido às melhores agências de viagens do mundo.
STB TRIP & TRAVEL WWW.TRIPTRAVEL.COM.BR I 51 4001.3000
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Humanas criaturas T E T Ê
PAC H E C O
EX-SÍMBOLOS
Muitas das coisas que os seres humanos consumiam como símbolos de riqueza e status, no mundo de hoje ou não possuem mais nenhum sentido ou se tornaram exemplos de inadequação. Listei. Casaco de pele de animais – A pessoa sendo vista como rica e sofisticada, vestindo dezenas de lontras, martas, chinchilas e raposas em cima do corpo. Moda do século XIX, símbolo de ostentação e poder através do século XX, chega ao século XXI como sinônimo de pobreza de espírito e inconsciência ambiental. Vista um casaco de peles hoje e seja visto como um ser das cavernas. Carro – “Em novembro de 1891 o primeiro carro motorizado chegou ao Brasil. Nas primeiras décadas do século 20, São Paulo recebeu fábricas da Ford e da General Motors. Entre 1920 e 1939, só no Estado, o número de carros saltou de 5.596 para 43.657, e o de caminhões foi de 222 para 25.858. Em 1956, foi inaugurada em São Bernardo do Campo a primeira fábrica da Mercedes-Benz. A revolução automotiva dos anos 50 trouxe a São Paulo tecnologia, empregos e desenvolvimento. Hoje, o Estado produz mais de um milhão de veículos por ano.” Este texto mezzo ufanista, mezzo calabresa, eu encontrei no site do Governo do Estado de São Paulo. Procurei a auto-critica, mas não encontrei. Além de inconclusivo ele soa parado no tempo, assim como o automóvel, parado no trânsito. Já foi um orgulho da modernidade. Na contemporaneidade mais incrível que ter automóvel é ser móvel. Né? Mansão – Ideia que se prendeu ao DNA da nossa pobre elite de sonhos palacianos e machistas. Para ser bem sucedido no reino, o sujeito tinha que ter seu próprio castelo. Não apenas uma moradia, mas um latifúndio, recheado de riquezas acumuladas em prateleiras, gavetas e garagens. E pelo menos uma princesa bem submissa que desse conta do batalhão de empregados domésticos que, de preferência, dormissem no 28
serviço. Algo tão antigo que não se encontra mais com as necessidades da vida prática. Os antigos reis-patrões hoje estão mais para funcionários domésticos deles mesmos. Escravizados e encastelados nesse sonho de consumo datado da idade média. E tente vender um ex-sonho desses. Armas- da era em que o ser humano descobriu que só a força física não seria suficiente para batalhar a comida. Virou meio de defesa (ou conquista) de territórios, um baita negócio para governos dominadores e fomentadores de violência e, hoje em dia, sem o glamour das grandes conquistas, os seres armados mais soam como patéticos, inseguros, defensores deles mesmos e de meia dúzia de metros quadrados. Em lugares que prezam as pessoas, andar armado é mais sinônimo de psicopatia do que de segurança. Tão velho oeste isso. Camarão - de comida da moda nos anos 70, no formato de coquetéis esdrúxulos e lambuzada de maionese se fingindo de molho, à criação em viveiros artificiais, esse ser marítimo perdeu seu status, seu preço alto e seu frescor. Atualmente deixou de frequentar as mesas da elite comilona e passou a viver empobrecido de suas proteínas originais, vivendo a era do gelo, congelado em freezers de super mercado, aguardando sinais de evolução da espécie. Embaixador – já significou que a pessoa tinha uma formação, educação, que falava varias línguas, que tinha condição de dialogar, representar os interesses de um país, para além dele mesmo. Uma pessoa que vinha com Embaixador antes do nome costumava obter respeito e atenção. Mas hoje não. Que bobagem isso. Basta ter no currículo a passagem por alguma lanchonete fast-food e uns anos fazendo nada encostado em alguma instância de governo. Dispensa-se falar a língua do país. Ai lav iu. TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA
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Bastidores de Cozinha
Guabiroba Uma fruta doce, suave e cheia de lembranças
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TAC I A N E
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Bastidores de Cozinha
A GUABIROBA É UMA PEQUENA, DELICADA, CHEIROSA E DOCE FRUTA DO MATO. É A FRUTA DAS MEMÓRIAS DA INFÂNCIA INTERIORANA EM MUITAS REGIÕES DO SUL E SUDESTE. E PODE RENDER SOBREMESAS SABOROSAS! Com a chegada da Primavera algumas ruas da cidade ficam repletas de frutinhas saborosas que têm muitas histórias pra contar. Pelas ruas do bairro Auxiliadora, em Porto Alegre, por exemplo, é possível encontrar, nesta época do ano, árvores com copas cheias de pequenas flores brancas, dando um agradável e suave aroma à cidade. Com o avanço da estação as árvores ficam tomadas de guabirobas, uma frutinha cheia de vitamina com sabor bem adocicado. A fruta que para muitos traz lembranças de infância também é chamada de gabiroba ou guavira. Fruto produzido pela gabirobeira, um arbusto silvestre que cresce nos campos e pastagens do serrado brasileiro. Planta nativa do Brasil, sendo muito encontrada nos cerrados das regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, e hoje, já disseminada em outros países da América do Sul, como Argentina e Uruguai. O florescimento ocorre de setembro a novembro e a maturação dos frutos de outubro a dezembro. A quantidade produzida depende do tamanho de cada planta. Não existem dados de produtividade, pois não existem plantações comerciais de guabiroba. Para saboreá-la é preciso um pouco de sorte, pois os frutos maduros têm um curto período para serem aproveitados, de 5 a 7 dias, e já começam a cair quando passam do ponto. O VITAMINADO E DOCE SABOR DO CERRADO É uma fruta arredondada, de coloração verde-amarelada, com polpa esverdeada, suculenta, envolvendo diversas sementes, muito parecida com o araçá. Rica em fibras e ferro, contém vitaminas A e C, sais minerais e poucas calorias. A FRUTA DA INFÂNCIA E DO AMOR É a fruta da memória da infância interiorana de muitas regiões do sul e do sudeste do Brasil, pois procu-
rar guabiroba no mato significava uma excitante aventura para a criançada. Era considerado muito inteligente quem sabia fazer a seleção minuciosa nos guabirobais e colher as melhores frutas. Em muitos locais, a guabiroba entrou no imaginário coletivo, fazendo parte de contos, casos, mitos, rituais e até de uma canção popular interpretada por Nara Leão. O autor dessa canção “Penas do Tiê”, ao usar imagens da natureza para celebrar a beleza e as qualidades da amada, refere-se ao sabor e ao cheiro doce das frutinhas. Em algumas regiões, além de fazer parte da alegria das crianças, a guabiroba era o símbolo do início de um verdadeiro amor, sendo usada no ritual do enlace, em forma de arranjos naturais da planta. Se essa frutinha fez parte da sua infância e você acha que não a encontrará mais, ou se ouviu falar, mas nunca experimentou, fique atento às ruas da cidade. Às vezes, ela aparece surpreendentemente diante de nossos olhos numa calçada ou num parque, e só é preciso colhê-la. Ultimamente, ela vem se destacando na gastronomia local, já que muitos chefs têm procurado o potencial renovador da culinária brasileira por meio da valorização das frutas nativas da estação. NA SUA COZINHA Os frutos maduros são deliciosos para serem consumidos in natura ou na forma de suco ou batidas Muito usada no preparo de doces, geleias, pudins, mousses e sorvetes São ideais também para fazer um apreciado licor ou para curtir na cachaça Como a colheita só ocorre um mês por ano, os frutos podem ser conservados em sacos plásticos na geladeira ou congelador, se desejar aproveitar por mais tempo.
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Bastidores de Cozinha
Sorvete de Guabiroba P O R
C A R LO S
K R I S T E N S E N
400 G DE POLPA DE GUABIROBA REDUZIDA 200 ML DE LEITE 200 G DE CREME DE LEITE 200 G DE NATA 130 G DE AÇÚCAR 6 GEMAS
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MODO DE FAZER: Aqueça em uma panela o leite, o creme de leite e a nata. Em um bowl misture bem as gemas com o açúcar e adicione a polpa de guabiroba reduzida. Acrescente aos poucos a mistura do leite às gemas, incorpore bem e volte à panela para dar o ponto “napê” (ao passar o dedo na espátula deve ficar riscado). Leve a mistura para a geladeira até esfriar. Em uma máquina de sorvetes, no modo sorvete, gele previamente o bowl da máquina e, quando estiver pronto, despeje a mistura e inicie o processo. Leva em média 1h. OBSERVAÇÕES: para fazer a polpa de guabiroba processe os frutos em um liquidificador. Passe pela peneira fina até obter uma polpa. Reduza essa polpa de butiá em uma panela em fogo baixo até evaporar toda a água e ficar bem espessa.
TRECHO DA MÚSICA AS PENAS DO TIÊ (HEKEL TAVARES) Vocês já viram lá na mata a cantoria Da passarada Quando vai anoitecer E já ouviram o canto triste da araponga Anunciando que na terra vai chover Já experimentaram guabiroba bem madura Já viram as tardes quando vão anoitecer E já sentiram das planícies orvalhadas O cheiro doce das frutinhas muçambe Pois meu amor tem um pouquinho Disso tudo
Vida C E L S O
G U T F R E I N D
O MITO DO AMOR INCONDICIONAL Não que expliquemos os mitos. Toda explicação é incompleta e provisória. Mas parece que construímos mitos como uma forma de lidar, justamente, com o que não conseguimos explicar. Ou, uma vez explicado parcialmente, não deu conta do todo de nossos anseios e necessidades. A origem do mundo, por exemplo. De onde viemos, como ficaremos, para onde vamos. O amor. A morte. Não cabem em nossas vãs filosofias. Para isso, também, concebemos a ciência. E, como ela também não explica totalmente ou em definitivo, seguimos concebendo novos mitos e crendo nos antigos. Um deles, meio antigo e sempre novo, é o mito do amor incondicional. Está na arte, nos romances, nas canções, nos filmes e, sobretudo, no nosso imaginário. Desde cedo, entramos nos amores sob a égide do incondicional e, com frequência, custamos a sair por causa disso. Costuma ser assim entre os amantes e, mais ainda, entre pais e filhos. Faça-se o que fizer, acreditamos que o amor continuará ali: intacto, intocado, em riste. Mito. Na realidade, não continuará. Malcuidado ou maltratado, o amor cansará, enfraquecerá e, inclusive, morrerá. E, sob essa marca do incondicional, seguirá como um zumbi, morto-vivo, como somos testemunhas diante de tantos desamores ambulantes. Por isso, é preciso cuidar-se de um amor. E cuidar-
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-se antes de cuidar do amor. A ideia de cuidar do outro como anterior ao cuidado de si mesmo está no olho do mito, alimentada por alguma religião e pela necessidade humana de acreditar nisso. Como se a nossa mãe e o nosso pai pudessem ter sido assim. Não puderam. Cuidaram de nós porque, antes, podiam cuidar de si. Por isso, é preciso defender a dignidade diante da violência que aflora na ânsia da incondicionalidade de um amor. Da tirania de um amor. No mito de um amor que esteja ali para dar conta de toda falta, de toda incompletude e de toda efemeridade, inclusive. E, na busca desses mitos todos, chega a matar amor e amante. Não somos Deuses. Somos homens e mulheres forjados por um amor humano, falho (fora do mito), e por, essa sim eterna, busca do seu reencontro. Somos demasiado humanos e podemos morrer a qualquer momento, antes, durante ou depois do amor. E, como cantou Cássia Eller, de costas para o mito e de frente para a realidade: “Ela quer me ver bem mal Vá morar com o diabo que é imortal”. CELSO GUTFREIND É PSICANALISTA DE CRIANÇAS E ADULTOS E ESCRITOR
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Viagem
Mongรณlia
A última nação nômade do planeta T E X T O
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A MONGÓLIA OFERECE EXPERIÊNCIAS ÚNICAS, BELAS PAISAGENS E UMA IMERSÃO NA HISTÓRIA A Mongólia, que seria apenas a etapa inicial de nosso Grand Tour Transiberiano, acabou sendo o seu ponto alto. Mergulhamos na cultura nômade e no passado glorioso do império que Gengis Khan criou e seus descendentes ampliaram. Acordar em um Ger (construção circular típica dos nômades, com estrutura de estacas de madeira e revestimento em lã manualmente prensada) no meio das estepes, entre pastores com seus rebanhos de bovinos, equinos, caprinos e ovinos, é uma experiência única. A Mongólia tem 3,3 milhões de habitantes, um terço dos quais vivendo na capital Ulan Bator. Metade da população mantém suas tradições nômades, como no século XIII, quando os mongóis conquistaram um império de 20 milhões de km2 que durou vários séculos e mudou drasticamente o mapa político global.
A AGITADA CAPITAL Começamos a visita a Ulan Bator pela sua praça central – Sükhbaatar –, onde se destaca o prédio do Parlamento, que tem em sua fachada a estátua de
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Gengis Khan, acompanhado do filho Ogedei, que herdou e expandiu seu império, e do neto Kublai Khan, que conquistou a China. Ao lado do Parlamento visitamos o didático Museu Nacional, que nos conduz pela história dos diferentes governantes dessas estepes ao longo dos tempos: desde os hunos, que de lá partiram e enfrentaram os romanos, os povos turcos e os uigures das vizinhanças; passando pelo período áureo mongol, nos séculos XIII e XIV; depois a época da dominação chinesa, que durou vários séculos; a influência soviética, no século XX, até os momentos e desafios atuais. Outro ponto a ser visitado é Gandantegchinlen, o mosteiro mais importante do país, construído em 1809 pelo 5º Jebtsundamba, título do líder espiritual mais elevado da hierarquia do clero mongol. No mosteiro, apenas um pilar de madeira permanece da construção original. O templo principal, MegjidJanraiseg, foi erigido em 1912, em estilo sino-tibetano, para celebrar o fim do domínio Manchu, e abriga uma enorme estátua de Avalokiteshvara.
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A CONGESTIONADA E APINHADA CAPITAL, ULAN BATOR, ONDE VIVE UM TERÇO DA POPULAÇÃO
Na década de 1930, o governo comunista da Mongólia, sob influência de Stalin, destruiu quase todos os mosteiros e desmontou a estátua, que foi levada em pedaços para a antiga URSS. Com o fim do marxismo na Mongólia, em 1990, as restrições religiosas foram abolidas e a estátua de Avalokiteshvara foi reconstruída durante a restauração do templo, em 1996. Já em Bogd Khan, Palácio de Inverno do último Khan, líder religioso e político da Mongólia ate 1924, encontramos um registro da vida da corte. O mosteiro real funciona hoje como museu de arte religiosa, com refinadas pinturas e estatuaria budistas.
O SILÊNCIO DAS ESTEPES Saímos de Ulan Bator, a congestionada e apinhada capital da Mongólia, para ficarmos imersos na imensidão silenciosa e tranquila das grandes estepes da Ásia Central. Durante três dias nossa vista nos conduziu por campos de gramíneas que se perdiam no horizonte, salpicados por aglomerações de algumas poucas gers. Essas habitações temporárias são práticas de montar e desmontar em poucas horas, adequadas às quatro migrações anuais que os
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METADE DA POPULAÇÃO DA MONGÓLIA MANTÉM AS TRADIÇÕES NÔMADES. MAS UM TERÇO DA POPULAÇÃO, DE 3,3 MILHÕES DE HABITANTES, VIVE NA AGITADA E COSMOPOLITA CAPITAL, ULAN BATOR (ULAANBAATAR)
pastores têm de fazer em busca das pastagens ideais para seus rebanhos em cada estação do ano. Em nosso primeiro dia nas estepes percorremos pela manhã a reserva natural de Khustay, terra dos últimos cavalos selvagens, onde observamos os famosos cavalos Przewalski circulando livremente, como na época dos grandes Khans. Chegamos ao entardecer em nosso acampamento, a tempo de subir em frondosos camelos, outra montaria tradicional na Mongólia. No suave movimento dos animais, como no tempo das antigas caravanas, fomos deixando as pastagens e adentrando uma região de dunas de areias chamadas de “little Gobi” que se estendem por 80 km. De lá apreciamos a magia da luminosidade do pôr do sol banhando tudo em diferentes tons de amarelo. Já à noite, sob as estrelas, a lua cheia iluminava o grande céu mongol: a entidade máxima para Gengis Khan, que permitiu liberdade de culto em seu império, onde conviveram budistas e muçulmanos com os mongóis animistas.
teos (a base da alimentação), fogareiro de esterco seco para cozimento e aquecimento, um baú para as poucas posses e um templo familiar aos antepassados, divindades budistas e shamanistas que compõem o sincretismo religioso local. A vida nômade é bastante atarefada, com a ordenha pela manhã, a condução do rebanho para as melhores pastagens ao longo do dia e o reagrupamento deles junto ao ger ao entardecer. Cada membro da família tem um lugar na tenda e um trabalho designado: as crianças pequenas coletam esterco para secar, as mais velhas cuidam dos cordeiros e bezerros, as mulheres processam o leite em iogurte, queijo, creme e airag (leite de égua fermentado), além de preparar refeições e reparar o feltro da tenda. À noite o fogo é aceso com esterco seco para cozer os alimentos e produzir fumo, que repele moscas e mosquitos. Enquanto isso, os homens estão ocupados com a seleção dos cavalos para cavalgar, reunindo o rebanho de bovinos, caprinos e ovinos.
A VIDA DENTRO DO GER Nossa “casinha” foi um ger repaginado para visitantes, com camas em torno do fogareiro, agradavelmente decorado com tapetes. No interior das gers tradicionais há todos os utensílios básicos da vida nômade. Em um canto, os equipamentos para as lides dos animais, em outro, para as lides domésticas: armazenamento da carne e produtos lác-
MOSTEIROS E MUSEUS No dia seguinte seguimos para Karakorum, capital do império mongol na época de sua máxima expansão – do Cáucaso ao Pacífico –, quando tinha a pompa de uma cidade imperial. Em 1235, Ögedei, filho de Gengis Khan, construiu uma muralha de mais de 2 km em torno da cidade, que assumiu seu papel de centro econômico e político.
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NAS ESTEPES, CENAS TÍPICAS DE FILME, COM AS GERS, OS ANIMAIS E OS CAVALEIROS MONGÓIS
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Fomos surpreendidos por um excelente museu, nos conduzindo àquele período áureo que durou até 1380, quando a dinastia chinesa Ming destruiu a cidade. Das ruínas da antiga capital surgiu, dois séculos depois, o mosteiro de Erdenezuu, celebrando a adoção do budismo como religião oficial do reino que renasceu com a unificação de diversas clãs da Mongólia por Altan Khan, descendente de Gengis Khan. Foi o primeiro complexo budista da Mongólia. No seu auge era composto por 100 mosteiros e mais de 1.000 monges. Em 1937, apenas 3 mosteiros e as paredes do complexo sobreviveram à destruição soviética, e o complexo só voltou a ser reativado como local de peregrinação em 1990, com a queda do regime comunista. Nosso ger superdescolado ficava próximo ao mosteiro, de onde cavalgamos pelos campos e riachos, montados nos descendentes daqueles pequenos e resistentes cavalos mongóis. Compunham com este belo cenário os cavaleiros mongóis que nos acompanhavam: seus traços e vestimentas tradicionais nos transportavam ao tempo dos temíveis mongóis que, há 800 amos, atacavam a galope, conquistando o mundo chinês, persa e árabe de então. Os mongóis continuam a valorizar essas habilidades. No maior festival do país, Naadam, que acontece em julho, ocorrem competições de arco e flecha, corrida de cavalos e luta livre. À noite,
sob a luz das estrelas, conversamos sobre a experiência singular de estarmos nesse distante mundo nômade e falamos de Gengis Khan e de suas conquistas estupendas.
DESPEDIDA INESQUECÍVEL Em nosso último dia nas estepes da Mongólia fomos presenteados pela manhã com a cena de um rebanho de camelos na planície, tendo ao fundo o maciço granítico Khogno Khan, um grande parque nacional de 47 mil hectares onde habitam cervos, cabras, entre outros animais desse amplo cenário de vida selvagem. Ao longo dos 380 km de volta a Ulan Bator acompanhamos suaves colinas verdes com as pastagens de verão, intermediadas por eventuais plantações, campos arados e floridos, compondo um belo mosaico colorido. Mas o dia ainda nos brindou com uma experiência única: acompanhar um grupo de nômades desmontando seus gers e carregando em carroças as peças que os compõem, as varas de madeira da estrutura e as telas de lã de ovelha compactada que fazem o revestimento. Os iaques seguiam à frente puxando as carroças, e os cavaleiros montados em cavalos e camelos acompanhavam o rebanho. Uma cena típica de “National Geographic”, ainda mais emocionante por nos darmos conta de que
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talvez estivéssemos presenciando as últimas gerações predominantemente nômades. Nossa guia, Sara, uma artista plástica que viveu a infância em gers em uma região isolada, mencionou que, assim como ela, a maioria dos jovens que vão estudar nos povoados e depois na capital não retornam à dura vida nômade, se estabelecendo no meio urbano. A Mongólia é a nação menos densamente povoado do planeta, comprimida entre a Rússia e a China. Esteve sob jugo dos Qing – a última dinastia que comandou a China até 1912 – e na área de influência da União Soviética desde 1924 até o seu colapso. Precisa conti nuar praticando suas habilidades diplomáticas com esses vizinhos poderosos, que dominou no passado remoto e por quem foi subjugada até recentemente. Um fascinante país que nos faz viajar no tempo e refletir sobre essa complicada geopolítica local. Nossa aventura pelas extensas estepes, com seus gers e rebanhos, chegou ao fim, mas a terra do lendário Genghis Khan e de seu povo nômade, que mantém as tradições em pleno século XXI, continuará por muito tempo em nossa memória afetiva dessa distante Mongólia.
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UM POUCO DE HISTÓRIA Genghis Khan unificou diferentes tribos nômades e formou em 1206 D.C. um estado mongol. Ele e seus sucessores conquistaram em 75 anos uma região imensa: quase toda a Ásia e a Rússia Europeia, constituindo o maior império da história, com 20 mil km2, que se estendia do Mar Cáspio ao Pacífico. Seu neto Kublai Khan venceu os chineses em 1279 e estabeleceu em Beijing a dinastia Yuan – descrita nas narrativas do viajante Marco Polo –, que durou até 1368, quando a Mongólia passou a ser controlada pela China. Em 1691 a Mongólia passou ao controle Manchu, que lhe restituiu uma certa autonomia, possibilitando um “revival” mongol. No século XX conquistou a independência e proclamou em 1924 a República Popular da Mongólia, na área de influência da União Soviética. A capital passou a ser chamada Ulan Bator (Ulaanbaatar), que significa “Herói Vermelho”. Com a queda do Muro de Berlim caiu o regime comunista local. Desde 1990 a Mongólia retomou a economia de mercado e fortaleceu suas relações com a China.
OS JOVENS MONGÓIS QUE VÃO ESTUDAR NA CIDADE NÃO COSTUMAM VOLTAR À VIDA NÔMADE Estilo Zaffari
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Viagem COMO CHEGAR:
O QUE FAZER EM ULAANBAATAR:
A Turkish Airlines tem voos regulares São Paulo/ Istambul/Ulaanbaatar e a Air France voa São Paulo/ Paris/Moscou, de onde se faz conexão com Aeroflot para Ulaanbaatar.
Show tradicional de música e dança Tumen Ekh concert. Jantar no The Bull Hot Pot, com preparo na hora de carnes e legumes crus em caldeirões individuais, e carnes no Bluefin steak house. Compra de souvenirs no 5º andar do State Department Store e de Artesania étnica da minoria Kazak no Mary Martha. Desfile de trajes tradicionais na Torgo Fashion Store.
ONDE FICAR: No Blue Sky Hotel, em frente à praça Sukhbaatar, no coração de Ulaanbaatar. Em gers camps em Khogno Khan e Karakorum.
LEITURA RECOMENDADA: GENGIS KHAN e a Formação do Mundo Moderno de Jack Weatherford. Uma fascinante revisão histórica da imagem do bárbaro sanguinário em um líder visionário, cujas conquistas uniram as culturas florescentes do Oriente à Europa, desencadeando um despertar global, uma explosão sem precedentes de tecnologia, comércio e ideias.
MAIS INFORMAÇÕES Com betoconte@stb.com.br que visitou recentemente o país e coordena as 4 unidades do STB Trip & Travel em Porto Alegre. (51) 4001.3000
MONGÓLIA Capital: Ulan Bator (Ulaanbaatar) Língua oficial: Mongol Governo: República semipresidencialista Área: 1,5 milhão de km² (18º) População: 3,3 milhões de habitantes PIB per capita: US$ 4.200 (104º) IDH: 0,741 (92º) Moeda: Tugrik (MNT)
Sampa C R I S
B E R G E R
AONDE VOCÊ VOLTARIA? Toda vez que vou escrever esta coluna, fecho os olhos e lembro de onde estive nas últimas semanas. Quais foram as minhas descobertas? Quais locais merecem estar nestas páginas? Aonde eu voltaria, considerando que vivo em uma cidade com centenas de ótimas opções gastronômicas? Pois aqui está: o melhor das minhas recentes andanças pela pauliceia.
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MOCOTÓ
KOMAH
Eu fui ao Mocotó pela primeira vez em “1830”, quando nem morava em São Paulo. Mês passado passei alguns dias percorrendo a zona norte, em busca dos melhores lugares para indicar em um livro, e é claro que o restaurante do chef Rodrigo Oliveira estava na rota. Cheguei em um dia de semana: a casa estava cheia, mas sem as filas enormes comuns aos sábados e domingos. Sentei no segundo salão, em uma mesa perto da janela, porque queria a luz natural para fotografar. Pedi a moqueca vegetariana e os dadinhos de tapioca, dois clássicos do cardápio. A comida do Rodrigo “abraça” e o astral do Mocotó contagia. Simples e bonito. Bem conceituado e com comida boa. Quem vai à zona norte não pode perder.
Foi amor à primeira vista! Gostei de tudo, do começo ao fim. A pitoresca casa da Barra Funda, com o janelão emoldurado pelo verde das plantinhas, o salão minimalista e lindo, o excelente atendimento dos garçons – que nos explicam os pratos do cardápio de pratos coreanos –, a comida saborosa e linda. O Komah é o “Mocotó” da zona oeste, já tem fãs e faz sucesso entre público e crítica. O chef Paulo Shin é um dos queridinhos da vez. Quando vamos ao seu restaurante fica fácil de entender o porquê: ele conseguiu a fórmula de sucesso, acertou na trilogia local + atendimento + comida. É o típico lugar em que, mesmo antes de ir embora, já fazemos planos de voltar.
NOSSA SRA. DO LORETO, 1.100 VILA MEDEIROS
RUA CÔNEGO VICENTE MIGUEL MARINO, 378, BARRA FUNDA
CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA
crisberger@crisberger.com
OISHIISA
VIE ROSE
THE KITCHEN BY FRANK&CHARLES
Se eu não tivesse lido uma crítica sobre ele, não teria ido. Fica fora do eixo zona sul, está no coração do bairro do Ipiranga. De fora, parece uma lanchonete, com paredes revestidas de azulejos brancos e sem grandes atrativos. Definitivamente, ninguém vai pela decoração. A sensação começa a mudar quando a dona, a nissei Meire, vai até a mesa e faz o primeiro atendimento. Junto da saudação de boas-vindas vem a pergunta: “Você já conhece a casa? Servimos comida japonesa caseira”. Resolvi pedir o teishoku de peixe, que vem acompanhado de arroz branco, misoshiru, legumes, sunomono, rolinho primavera e guioza e o tradicional yakissoba com a massinha feita por eles. Resultado: adorei! Comidinha caseira da melhor qualidade, com capricho na apresentação dos pratos e o sorriso da Meire, que deixa a experiência autêntica e ainda melhor.
Ele entra facilmente na categoria “almoço de mil horas”. Bem, o meu almoço durou cinco... Tudo é mimoso, romântico e acolhedor. As mesas do jardim, que ficam na parte de frente da casa e são separadas do “mundo exterior” por um portão de ferro, são os melhores locais para sentar. Quem vive com um cachorro, como eu, adora, pois os pets são muito bem-vindos nessa área e recebidos com um pote de água fresquinha. Com ou sem o melhor amigo do homem, esse cantinho convida para encontros entre amigos ou a dois. Um cenário bonito é muito atraente, não é mesmo? No cardápio, vale apostar nas entradinhas (com tamanho para serem compartilhadas) e no risoto de funghi. Sem esquecer do pudim de doce de leite.
É nova casa do chef Marcelo Campos, dono do já consagrado Frank&Charles, em Higienópolis. Na verdade, são endereços vizinhos: a hamburgueria (bem cotadíssima como uma das melhores de Sampa) fica na ruela que desemboca na Alagoas; o The Kitchen está exatamente na esquina, de cara para o prédio histórico da Faap. Fui fazer uma pauta pet friendly e, por isso, fiquei curtindo o sol de fim de inverno no deck da frente – local permitido para a dupla “humanos&pets”. Dei uma espiadinha nas mesas de dentro e garanto: são uma graça. Mas o que realmente chamou a minha atenção foi o cardápio. São de comer de joelhos os bolinhos de camarão (nota máxima) e o nhoque de batata doce (nada menos do que sublime). Comer bem em São Paulo não é nada difícil, mas neste caso foi “comer divinamente”.
RUA VUPABUSSU, 199, PINHEIROS
ALAGOAS, 852, HIGIENÓPOLIS
RUA BOM PASTOR, 2302, IPIRANGA Estilo Zaffari
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Sabor
Segredos da cozinha asiática P O R F OTO S
B E T E
D U A R T E
L E T Í C I A
R E M I Ã O
Sabor
OS BRASILEIROS TÊM PROCURADO DESVENDAR A RIQUEZA
Vista como exótica pelos ocidentais, a cozinha asiá tica tem despertado o interesse e desafiado o paladar de muitos outros povos. Por aqui, apesar de mais familiari zados com a gastronomia chinesa, japonesa e indiana, os brasileiros têm procurado desvendar a riqueza de sabores e aromas da mesa de diferentes países da Ásia. Afinal, são mais de 3 mil anos de história e uma variedade de ingredientes e culturas resultantes da diversidade de biossistemas, colonizações e costumes. As gastronomias da Tailândia, do Vietnã, do Laos e da Indonésia têm ingredientes em comum, mas as formas de preparo e utilização podem ser bem distintas. O arroz, que recebe denominações diferentes em cada país, é co mum aos quatro povos e sempre com destaque à mesa. Em tailandês, convidar alguém para uma refeição se diz “kin khao”, que literalmente significa “venha comer arroz”.
DE SABORES E AROMAS DA CULINÁRIA ASIÁTICA
Na Tailândia, é a base das refeições. Os outros pratos é que o acompanham, e não o inverso. Durante o cozimento, não é acrescentado sal, porque é servido com molho e temperos bastante condimentados. O mais tradi cional é o thai jasmim. No Vietnã, o arroz (com) também é componente essencial, servido com peixe (ca) e legumes. Na Indonésia, é acompanhado com carne, frango, peixes ou legumes, todos com molhos. No Laos, o arroz (kao) é glutinoso, considerado o mais pegajoso do mundo, e sempre comido com as mãos. A pimenta e os condimentos integram as quatro cozinhas, mas em graduações que variam bastante. A culinária do Laos é muito aromática e está entre as mais condimentadas e picantes da Ásia.
Sabor
Sa Teh 4 PEDAÇOS DE FILÉ DE FRANGO TIPO SASSAMI 4 PALITOS LONGOS PARA CHURRASCO MARINADA 15 G DE CEBOLA 10 G DE ALHO 2 G DE RAIZ DE COENTRO 5 G DE GENGIBRE 1 G DE COMINHO GRÃO TOSTADO 0,5 G DE COENTRO TOSTADO 2,5 G DE AÇAFRÃO EM PÓ 23 G DE SHOYU 130 G DE LEITE DE COCO 2 G DE SAL
A Mesa Tailandesa Uma das mais conhecidas e apreciadas pelos brasileiros, a cozinha tailandesa é envolta em preceitos religiosos. Com grande parte da população budista, há um limite para o consumo de proteína animal, mas ela está presente. Os costumes à mesa também seguem algumas regras que podem causar estranheza aos visitantes. O jantar tailandês costuma ter o número de pratos igual ao número de pessoas que dele participam, e todos são servidos ao mesmo tempo, inclusive as sobremesas, e compartilhados. Há uma crença no país de que comer sozinho traz má sorte. Facas não vão à mesa. São vistas como símbolo de violência e agressão. Por isso, os alimentos já vêm cortados do tamanho ideal para serem levados à boca. Os tailandeses utilizam apenas colheres e garfos. Os garfos são utilizados para ajudar a pôr o alimento na colher ou para pegar pedaços de carne, mas é indelicado levá-los à boca. Zelda Dall’Molim, chef do restaurante Koh Pee Pee, diz que é frequente clientes solicitarem
14 G DE AÇÚCAR DE PALMEIRA MOLHO AGRIDOCE DE PIMENTA KOH PEE PEE 150 G DE PIMENTA DEDO-DE-MOÇA SEM SEMENTE 1 LITRO DE VINAGRE DE ÁLCOOL 875 G DE AÇÚCAR CRISTAL 18 G DE ALHO 12 G DE RAIZ DE COENTRO MOLHO DE AMENDOIM KOH PEE PEE 85 G DE PASTA DE AMENDOIM 70 G DE AÇÚCAR CRISTAL 60 G DE ÁGUA 385 G DE LEITE DE COCO 75 G DE RED CURRY 25 G DE TAMARINDO
MODO DE FAZER A MARINADA: Misture muito bem todos os ingredientes a frio e envolva os espetinhos nesta mistura. Deixe-os marinando, na geladeira, por no mínimo 1 hora. MODO DE FAZER O MOLHO AGRIDOCE DE PIMENTA: Liquidifique e leve ao fogo, mexendo de vez em quando, até começar a formar borbulhas. Resfrie uma pequena quantidade para ver o ponto (deve ser cremoso, mas ainda líquido). O MODO DE FAZER O MOLHO DE AMENDOIM: Leve ao fogo o curry, o leite de coco, a água, o açúcar cristal, o tamarindo e, no final, acrescente a pasta de amendoim. Assim que ferver e começar a separar os óleos, retire do fogo imediatamente. FINALIZAÇÃO: Grelhe os espetinhos e sirva acompanhados dos molhos. DICA: Sassami é um pequeno filé retirado da parte interna do peito, próximo do osso.
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Sabor NA TAILÂNDIA, OS CURRYS TÊM PRESENÇA
Kaeng Kiew Whan Goong
OBRIGATÓRIA. MAS SÃO BEM DIFERENTES DOS
150 G DE CAMARÃO
INDIANOS, COM UM SABOR CÍTRICO, ÚNICO
30 G DE BROTO DE BAMBU 30 G DE ERVILHA CONGELADA 40 G DE BERINJELA EM TIRAS
facas por acreditarem que foram esquecidas. Outro costume dos brasileiros é pedir um prato para cada pessoa, sem pensar em compartilhá-los. Questões de hábito. Na Tailândia, os currys têm presença obrigatória. Não devem, no entanto, ser confundidos com os indianos. Apesar da influência, conseguem um sabor cítrico, único, mesmo incorporando muitas especiarias indianas, pois adicionam manjericão, gengibre e capim santo (cidró). O curry amarelo é o mais suave. O vermelho é apimentado, e o verde, o mais apimentado de todos. Entre os ingredientes mais presentes na mesa tailandesa estão limão kaffir, galanga (semelhante ao gengibre), pimentas, creme de coco, camarões, nam pla (molho de peixe), nam prik (molho de pimenta), noodles (macarrão de arroz), açúcar de palmeira, capim cidró, manjericão, alho, cardamomo, anis estrelado, arroz jasmim, chá, coentro, pasta de tamarindo, molho de ostra e os currys. Além dos legumes: berinjela, acelga, broto de feijão e brócolis. As sobremesas costumam ser à base de frutas, principalmente manga e papaia. O arroz com leite de coco e manga é tradicional, além dos sorvetes. Aos nossos leitores, a chef Zelda Dall‘Molin oferece duas das receitas mais pedidas no Koh Pee Pee: o Sa Teh e o Kaeng Kiew Whan Goong. O Sa Teh são espetinhos de frango, servidos como entrada, com molho de pimenta e de amendoim. O Kaeng Kiew Whan Goong é um prato à base de camarão, legumes, curry verde e leite de coco, acompanhado de arroz jasmim.
5 G DE MANJERICÃO DOCE 200 G DE LEITE DE COCO 150 G DE CALDO DE LEGUMES 45 G DE CURRY VERDE 30 G DE AÇÚCAR DE PALMEIRA 20 G DE MOLHO DE PEIXE ARROZ THAI 100 G DE ARROZ THAI JASMIM 100 G DE ÁGUA ALCALINA CALDO DE LEGUMES PONTAS DE CEBOLA ALHO CENOURA AIPO BERINJELA MODO DE FAZER: Coloque na wok os ingredientes, na seguinte ordem: leite de coco, manjericão doce, curry, broto, ervilha congelada, berinjela, ervilha, caldo de legumes e açúcar; o último ingrediente deverá ser o camarão. O camarão não pode passar do ponto (assim que “enrolar” estará pronto). Não reduza muito o caldo, deve ser muito espesso, mas ainda líquido. MODO DE FAZER O ARROZ: Coloque em panela de arroz, o grão estará pronto em 20 min. MODO DE FAZER O CALDO: Acrescente todos os ingredientes a 1 litro de água alcalina e deixe ferver por no mínimo 20 min. Mantenha quente para uso.
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Sabor
Fresh Spring Rolls 4 FOLHAS DE PAPEL DE ARROZ 1 PEPINO JAPONÊS 1 CENOURA 4 FOLHAS DE ALFACE FRISÉ 30 G DE QUEIJO DE CABRA CREMOSO 20 FOLHAS DE HORTELÃ OU MENTA ½ AVOCADO MOLHO DE AMENDOIM 50 G DE AMENDOIM EM PASTA OU CREME 10 ML DE SHOYU LIGHT 30 ML DE MOLHO DE OSTRAS 100 ML DE ÁGUA 50 G DE AÇÚCAR DE PALMEIRA MODO DE FAZER: Corte o pepino em tiras de aproximadamente 10 cm. Descasque a cenoura e corte em tiras do mesmo tamanho. Desfolhe a hortelã. Corte o abacate em tiras mais grossas. Lave as folhas de alface e seque bem. Em um recipiente com água morna, coloque 2 folhas de papel de arroz, durante 10 segundos, e retire. Coloque as folhas abertas uma em cima da outra em uma tábua e dobre apenas 3cm de cada lado. Sobre as folhas de arroz coloque a alface, as tiras de pepino, as tiras de cenoura, as folhas de menta, o avocado e o queijo de cabra, e comece a enrolar cuidadosamente, fechando o rolo. Para finalizar, corte o spring roll ao meio, em diagonal. Sirva com o molho de amendoim.
Cozinha do Vietnã A mesa do país tem três culinárias distintas. A do Norte é similar à chinesa e tem como prato principal o pho, que lembra uma sopa, mas é um caldo de carne de gado temperado com nuoc mâm (condimento à base de peixe fermentado), gengibre, cebola, especiarias e massa. A do Centro, mais elaborada e condimentada, tem como destaque o bun bo hue, macarrão fino de arroz e carne de gado temperado com a pasta de peixe. A do Sul é a mais aromática e o prato símbolo é o nem cha, pasta de lombo cru moído, condimentado e temperado com salitre, acompanhado de fatias finas de pele de porco, embrulhado em folhas de bananeira e conservado por sete dias, ficando curado. Na cozinha, só é utilizado óleo de amendoim no preparo dos pratos. Os vietnamitas não comem com colheres, como na Tailândia, mas com hashis, como na China. E todos os pratos são servidos de uma só vez. Entre os ingredientes mais utilizados no Vietnã, além do arroz, estão o macarrão, que pode ser de arroz, de soja ou de trigo, e os legumes. O manjericão é cítrico e aromatiza sopas e saladas. A erva cidreira ou capim cidró tem um bulbo macio e aromático, utilizado em pratos agridoces. O coentro está sempre presente e costuma ser adicionado ao final do cozimento, uma vez que o aroma é muito volátil. A banana é um dos principais ingredientes das sobremesas vietnamitas. A chef Flavinha Mello, que esteve recentemente em visita à Ásia, revela os segredos dos rolinhos vietnamitas, uma receita simples, mas extremamente saudável. Como acompanhamento, molho de amendoim.
MODO DE FAZER O MOLHO DE AMENDOIM: Coloque água em uma panela pequena e aqueça até ferver. Logo acrescente o amendoim, mexendo até incorporar. Desligue o fogo, coloque o açúcar e misture bem. Por fim, junte o shoyu e o molho de ostras e mexa mais um pouco. Ponha o molho em um recipiente e leve para a geladeira até esfriar.
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Sabor Phanaeng Kal 200 G DE PEITO DE FRANGO 10 G DE CHILLI PASTA (PASTA DE PIMENTA) 150 ML DE LEITE DE COCO TAILANDÊS
A Gastronomia no Laos Como toda a culinária do Sudeste da Ásia, a do Laos é muito aromática e uma das mais condimentadas. Muitos pratos são cozidos a vapor em cestos de bambu, outros refogados ou fritos. A pimenta é utilizada em profusão. A culinária do país sofre grande influência da Tailândia, com quem faz fronteira, e pela abundância de peixe fresco pescado no rio Mekong. Também tem forte influência francesa. Os peixes costumam ser cozidos de maneira bem simples, com ervas aromáticas ou marinadas à base de cítricos. Carnes, legumes e sopas são temperados com alho, gengibre, pimentas, folhas de limão kaffir e guarnecidos com folhas frescas de manjericão, coentro e hortelã. A população é essencialmente budista, e a religião molda também os hábitos alimentares. Uma das tradições é a Ronda das Almas: todos os dias, aos nascer do sol, os moradores se ajoelham nas calçadas das ruas principais à espera dos monges, que enfileirados saem dos monastérios para receber doações em arroz, na maioria das vezes, a única refeição do dia. O arroz é tão pegajoso que é comido com as mãos e mergulhado nos molhos. Um prato tradicional é a salada de papaia verde, bastante apimentada. A carne de cordeiro, os miúdos, o porco, o frango e a carne de búfalo também estão presentes à mesa. Na hora da sobremesa, arroz doce com leite de coco e manga, pudim e banana frita. O curry de frango (phanaeng kal) é uma das receitas tradicionais do Laos. A chef Flavinha Mello, que trouxe para os eventos que realiza a cozinha asiática, costuma servi-lo dentro de uma metade de coco. O acompanhamento tradicional para esse prato é o arroz glutinoso, mas por aqui é servido com arroz jasmim.
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20 G DE CEBOLA ROXA EM TIRINHAS 5 G DE ALHO 1 COLHER (SOPA) DE MOLHO DE OSTRAS 1 COLHER (SOPA) DE AÇÚCAR 1 COLHER (SOPA) DE ÓLEO DE GIRASSOL 100 ML DE FUNDO DE FRANGO OU LEGUMES 1 CAPIM LIMÃO (A PARTE DO BULBO) MODO DE FAZER: Em uma wok, coloque o óleo, a cebola, o alho, o capim limão (cidró), os cogumelos e a pasta de pimenta. Em seguida, acrescente o molho de ostras, o frango e o açúcar. Por fim, acrescente o leite de coco e o caldo de legumes ou de frango. Deixe cozinhar por aproximadamente 10 min. Sirva com arroz jasmim.
Sabor
Oseng Oseng Daging de Camarão 120 G DE CAMARÃO GRANDE EVISCERADO 1 COLHER (SOPA) DE ÓLEO DE SOJA 1 COLHER (SOPA) DE ALHO PICADO 1/2 COLHER (SOPA) DE GENGIBRE PICADO 1/2 XÍCARA DE CEBOLA CORTADA EM MEIA LUA 1 XÍCARA DE SHITAKI FRESCO FATIADO 1 XÍCARA (CHÁ) DE SHIMEJI FRESCO 1/2 COLHER (SOBREMESA) DE AJISAL 1/3 DE PIMENTA DEDO-DE-MOÇA EM RODELAS CEBOLINHA PICADA 50 ML DE SHOYU DOCE ARROZ THAI JASMIM COZIDO MODO DE FAZER: Em uma wok, com o óleo bem quente, adicione a cebola, o alho e a pimenta. Salteie até que fiquem dourados. Adicione o camarão e metade do Ajisal e refogue. Acrescente os cogumelos e refogue. Junte o shoyu doce, o restante do Ajisal, a cebolinha e finalize o cozimento. Sirva com o arroz thai jasmim.
Sabores da Indonésia O arquipélago com mais de 18 mil ilhas, das quais apenas 6 mil são habitadas, tem em seu cardápio receitas com influências chinesas, árabes, indianas e europeias, o que resulta em muitos sabores suaves, doces e agridoces e ao mesmo tempo bem temperadas. Os currys condimentados são realçados por leite de coco e açúcar de palma. Nas regiões em que há presença muçulmana, a carne de porco raramente está presente à mesa. É considerada haraam, comida impura. Assim como as bebidas alcoólicas. Nas demais regiões, a carne pode ser servida e compõe muitos pratos. O óleo de amendoim é muito utilizado no preparo dos alimentos. Da mesma forma que a pasta de tamarindo e a pasta de amendoim picante. Como tempero, o nam pla (caldo de peixe) e a trasi (pasta de camarão fermentada). Magda Correa, do restaurante asiático Galangal, traz um prato típico que recebeu o reconhecimento do governo da Indonésia por sua autenticidade: o oseng oseng daging de camarão, mas que pode ser preparado com frango ou carne. No Galangal, é servido como uma torre, o que dá um toque especial à apresentação. O perfume e o sabor desse prato são surpreendentes.
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Sabor SAIBA MAIS A cozinha asiática não utiliza sal, o shoyu e o mo lho de peixe fazem as vezes do tempero.
A chef Zelda costuma preparar o que ela chama de teabrodo, um caldo à base de capim cidró, folha de limão e/ou bergamota, hortelã e gengibre. Esse caldo é utilizado no preparo de alguns pratos, em lugar do caldo de legumes. O leite de coco, na cozinha ocidental, pode subs tituir o creme de leite. Os laticínios não fazem parte da culinária asiática, com exceção do Laos, que pode incluir muçarela de búfala. Os pratos costumam ser preparados com óleo e nunca com óleo de gergelim ou azeite de oliva. Os talos do capim cidró são perfeitos para aro matizar sopas. Os asiáticos preparam pesto de coentro e acre ditam que o tempero está fortemente relacionado com a longevidade, que teria a função de retirar os metais pesados do organismo. A acidez nos pratos costuma ser conferida pelo tamarindo, em polpa ou pasta.
A PIMENTA E OS CONDIMENTOS INTEGRAM AS QUATRO COZINHAS – TAILÂNDIA, INDONÉSIA, LAOS, VIETNÃ – EM DIFERENTES GRADUAÇÕES
Um dos preceitos da culinária asiática é não ter receio de misturar os tipos de carne, camarões ou frango em uma só receita. Foram os chineses que levaram à Tailândia o noo dle (macarrão de arroz) e a panela wok de aço.
SERVIÇO CHEF FLAVINHA MELLO Fone: 51 9327-5077 GALANGAL Rua Dona Laura, 196, em Porto Alegre Fone: 51 3377.5065 Avenida Osvaldo Aranha, 321, em Canela Fone: 54 3282.8205 KOH PEE PEE Rua Schiller, 83, em Porto Alegre Fone: 51 3333.5150
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O sabor e o saber F E R N A N D O
LO K S C H I N
ASPARGOS
HORTALIÇA PRECIOSA, COMIDA DE GRÃ-FINO, O ASPARGO PROVOCA IDEIAS AGRADÁVEIS No fim do Séc. XIX, Thomas Veblen descreveu a Lei do Consumo de Ostentação. Alguns bens de consumo, artigos de alto luxo, têm na exorbitância do preço boa parte de seu fascínio. O objeto é de desejo em função do custo, em vez de entrave, um valor agregado. Sua posse é totêmica, anuncia poder financeiro, expressa status social. Um século antes de Veblen, tal comportamento era bem conhecido pela proprietária de uma quitanda em Paris. Quando Brillat-Savarin (A Fisiologia do Gosto, 1825) comentou que os aspargos à venda – “o menor do tamanho de um dedo” – por 40 francos só seriam acessíveis a um rei, ouviu como resposta: “O senhor está errado. Neste momento há 300 parisienses ricos, confinados em casa pela gota, bronquite ou pelos médicos, que, à procura de ânimo, mandam seus criados ao mercado. Alguns deles comprarão estes aspargos a qualquer preço”. E complementou: “Ou então, uma linda jovem vê os aspargos e exclama: ‘Que lindos!’” O amante, comme il faut, não hesita nem barganha. É assim, o caro pode ser vendido mais facilmente que o barato. No Séc. XIX o aspargo era a ‘hortaliça preciosa’; que tantas outras – alho-porró, lúpulo, funcho, espinafre – fossem chamadas de ‘aspargo do povo’ é um testemunho da sua qualificação. Em contraposição ao miserando repolho, o aspargo é o ‘produto mais nobre’, o ‘luxo da horta’, desde Roma Antiga, quando a importância de uma ceia se traduzia pela presença de aspargos. O aspargo foi o primeiro vegetal a ter valorização equiparável à carne. O imperador Augusto (Séc. I A.C.) não só criou a ‘Frota dos Aspargos’ – barcos, coches e maratonistas para a entrega rápida – como cunhou a expressão ‘mais rápido que cozinhar aspargos’, que se tornou
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proverbial em latim. Plutarco (Séc. I A.C.) conta de Cesar, pai de Augusto, em visita a Milão, comendo aspargos preparados com mirra em vez de azeite e repreendendo sua comitiva por demonstrar desagrado: “Falta de educação é desmerecer um hábito alheio como falta de educação”. Os romanos foram os pioneiros no cultivo dos aspargos. No primeiro texto de agricultura (Séc. I A.C.), Varrão dedica um capítulo inteiro ao aspargo, ‘o mais saboroso dos vegetais’. No Google da época, Plinio (História Natural, Séc. I A.C.) faz mais de 30 menções ao aspargo “merecedor da maior atenção na horta” e lastima “o custo proibitivo desta erva do jardim”. Juvenal (Satiras, Séc. I D.C.) contrapõe a vida urbana a “aspargos selvagens colhidos pela esposa do caseiro... junto com ovos ainda aquecidos pela palha do ninho e à galinha que os deitou”. Com as invasões bárbaras o aspargo se exilou no Oriente Médio para ressurgir com força total na Europa do Iluminismo. Os 10 hectares do Le Potager du Roi, o ‘jardim de cozinha’ de Versalhes, contavam com 6 mil pés de aspargos, inclusive com variedades precoces para desfrute de Luís XIV antes da primavera. A Enciclopédia de Jardinagem de Loudon (1822) fala dos aspargos ocupando a maior parte – 1/8 – da horta do senhor, mas ausentes na do camponês. ‘Aspargos’, poema de Mariott Edgar (1930), satiriza a distância entre o aspargo e o povo. Mr. Rambooth ganha cinco libras no hipódromo e decide presentear a esposa com “ass.paragus (sic) comida de grã-fino ... esquisitos alho-porrós sem ramos, amarrados em feixe tal gravetos”. Não resiste a exibi-los no pub e, após umas rodadas, corta “as estranhas pontas esverdeadas para doá-las aos coelhos de um amigo”. Chega em casa na madrugada
e cai na cama imaginando a felicidade que o presente causará. Sol a pino, é acordado pela esposa reclamando não conseguir acender o fogão com “aquela lenha tão úmida que trouxera...”. O descarte das pontas, porção mais nobre, já ocorreu na minha cozinha – e nem foram reservados aos coelhos, mas ao lixo. A vida imita a arte... O paraíso perdido, o desperdício do principal, é um tema clássico do viver. Conta-se do anfitrião recebendo o convidado que desprezava as pontas dos aspargos e obrigando-se a fazer o mesmo. As regras de comensalidade são frágeis. O obituário do matemático francês Fontenelle (New Monthly Magazine, 1757) registra que recebendo um abade a cear, Fontenelle mandou preparar aspargos, metade no azeite, sua preferência, e metade na manteiga, ao gosto da visita. Eis que o abade é fulminado por um ataque de apoplexia e Fontenelle corre aos gritos até a cozinha: “Todos no azeite, agora todos no azeite!”. Da família das liláceas, o aspargo é primo da cebola, alho-porró e tulipas, plantas de caules alongados e folhas rudimentares. É nativo da Eurásia temperada, onde ainda brota em estado selvagem em vales, praias e ribanceiras. O aspargo, como a berinjela, é uma das raras hortaliças perenes. A parte comestível são os brotos – turiões – que afloram no solo a cada primavera. São colhidos, na descrição de Gerard (1597), quando “no tamanho da pena de ganso e espessura de um lápis”, pois depois que as extremidades florescem tornam-se lenhosos. A diferença entre o aspargo verde e o branco é que
o verde foi exposto à luz solar – tem clorofila e faz fotossíntese –, enquanto o branco cresce à sombra, coberto por palha ou folhas. Os aspargos são plantados em ‘trincheiras, de tamanho que acomode um adulto’, envoltos em terra macia e esterco. As primeiras brotações são desprezadas, mas recorrem por 7 ou 8 anos até que as raízes envelheçam e percam produtividade. Os canteiros podem ser revestidos por pano, plástico ou vidro (no passado, fragmentos de cerâmica) para evitar a dispersão das raízes: “os aspargos, como alguns animais domésticos, tentam retornar à sua natureza selvagem”, diz Plinio. A colheita é manual, à faca, e tem de ser diária. O corte de 1 quilo de aspargos exige meia hora de trabalho e dois quilômetros de deslocamento. A produtividade média é de 5 toneladas por hectare, quatro vezes menor que a do tomate, dez vezes menor que a batata. Hoje o maior produtor do mundo é a China, o maior exportado, o Peru. Como tudo na gastronomia, as auras medicinal e afrodisíaca condimentam o paladar. O nome botânico Asparagus officinalis invoca a ‘oficina’, termo latino para farmácia. No Tratado Sobre Todas as Comidas (1745), M. Lemery, ‘Médico do Rei’, teoriza: “o Sal essencial do Aspargo penetra nos Recessos das Partes dissolvendo Substâncias glutinosas e degradantes, fazendo caminho em todos os Tubos por quebrar e remover Obstáculos do Percurso.” Com justificativas desta ordem, o aspargo foi tratamento para edema, gastrite, icterícia e dor de dente. Creme de aspargos era usado para tratar picadas de serpentes e prevenir as de abelhas. Para Brillat-Savarin, os “aspargos, como a baunilha”
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NO SÉCULO XIX O ASPARGO ERA A “HORTALIÇA PRECIOSA”. É O “PRODUTO MAIS NOBRE”, O “LUXO DA HORTA”, DESDE A ROMA ANTIGA. FOI O PRIMEIRO VEGETAL A TER VALORIZAÇÃO EQUIPARÁVEL A DA CARNE (<vanilla, um gêmeo de vagina) “deixam os sonhos leves e agradáveis, promovendo a longevidade”. No outro lado do Canal da Mancha, Charles Lamb concorda, “aspargos provocam ideias agradáveis”. Precursor vegetal do Viagra, o aspargo tem o apelido de Asparagus phallicus – o caule alongado, liso, ereto e com uma protuberância na extremidade fala por si –, ou seja, na elegância Elisabetana, “um aspecto que insinua e chama a Vênus”. Há poucos anos, a capa da Newsweek com uma sensual boca feminina prestes a morder um aspargo teve enorme repercussão. Em seus ‘Preceitos Conjugais’, Plutarco (Moralia, Séc. I D.C.) conta das noivas da Beócia usando uma coroa de aspargos “para não ficarem relutantes ou acanhadas nas primeiras abordagens, tornando assim o casamento mais agradável e prazeroso”. Tal reputação ajudou o aspargo a viajar. Conforme o Jardim Perfumado, clássico erótico mouro (Séc. XV), “aspargos fritos com gemas de ovos estimulam desejos amorosos e fortalecem o coito”, já o Ananga Ranga (Séc. XVI), manual sexual indiano, fala em “vigor e desejo acesos pela presença de fósforo no talo”. Nas petits chambers de Versailles, Século das Luzes, as culottes de Madame Pompadour, a amante de Luís XV, eram violáceas, a cor das pontas de aspargos, chamados então de points d’amour. Asperges à la Pompadour tornou-se uma receita célebre: aspargos em molho de manteiga, gemas, farinha e limão. Cem anos depois da amante&mandante, as noivas francesas se preparavam para a noite de núpcias com três pratos diários de aspargos, o vegetal lascivo. Rico em fibras e ácido fólico, pobre em calorias e sódio, o aspargo é uma solução aquosa (93%) de quase tudo: cálcio, magnésio, zinco, caroteno, fosforo, potássio manganês, selênio, crômio e vitaminas C, E, e do Complexo B. De sabor leve e textura delicada, os aspargos tendem a guarnecer pratos mais substanciosos. Podem ser cozidos, grelhados, assados, fritos, eventualmente comidos crus. O preparo é sempre fácil e rápido, e quanto mais elaborada a receita, pior o resultado. As recomendações de Apicius no primeiro texto de gastronomia (Re Coquinaria, Séc. I D.C.), “para que os as-
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pargos sejam mais agradáveis ao palato”, permanecem atuais: 1 – Lavar, raspar e deixar os aspargos de molho (como as batatas – compostos que comprometem o sabor são assim hidrolizados). 2 – Secar, amarrar em feixe, cozinhar ao reverso (L. rursun, ‘de costas’) na vertical num recipiente estreito, mantendo as pontas fora da água (o aspargo juvenesce de baixo para cima: ponta mais macia e delicada, base mais seca e fibrosa). 3 – É crítico o tempo exato de cozimento: “quando o aspargo terá melhor coloração e sabor, um minuto ou dois a mais destroem ambos”. John Kenedy dizia que o único ato de finesse que ensinara a Jackie foi comer aspargos com as mãos. O aspargo é um dos raros alimentos em que a etiqueta ocidental tolera prescindir do talher e comer com os dedos, “sem apertar muito para que o caldo não escorra pelo braço”. Por isto são servidos mornos, nunca quentes. Muitas pessoas percebem um forte odor na urina produzida até 6h após a ingestão de aspargos. Benjamim Franklin, então embaixador dos Estados Unidos na França, menciona o fenômeno à Royal Society de Londres (1781) numa carta irônica que ganhou o título de Fart Proudly: “Uns poucos talos de aspargos conferem à nossa urina um odor desagradável, uma pílula de terebintina, não maior que uma ervilha, e a urina exala a fragrância agradável de violetas”. Embora Proust escreva que “os aspargos transformam meu urinol num frasco de perfume”, o odor é fétido – os compostos sulfurosos voláteis excretados são afins aos da flatulência e da secreção perianal do gambá, arma química capaz de afugentar cobras e cães. Um estigma olfatório afim às manchas de batom e roxos carnais, a crônica do Séc. XIX conta de encontros clandestinos descobertos pela urina cheirando a aspargo. Ao potencializar o encontro amoroso, o aspargo pode fazer sua delação premiada. FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br
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Meu novo
Centro A elegância do Centro de Porto Alegre permanece nos prédios antigos que marcaram sua história T E X T O
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F O T O S
P O R
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"NOSSO VELHO CENTRO, AOS MEUS OLHOS, TEM SABIDO SE TRANSFORMAR COM ELEGÃ&#x201A;NCIA, DEVAGARINHO, COMO OS VELHOS PRUDENTES COSTUMAM SE MOVIMENTAR"
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Quando visitamos uma nova cidade, em geral vamos ao seu Centro Histórico, e a partir dele desvendamos o resto. Se o tempo é curto, em geral fixamos a imagem do lugar a partir do que vimos nesse centro e seguimos contando ao mundo como é essa cidade. Onde nascemos e vivemos, essa lógica não vale tanto. Nosso centro acaba sendo onde moramos e onde trabalhamos, essa é a minha teoria. Pois tenho agora um novo centro, no centro da cidade em que nasci. Meu estúdio desde abril deste ano é em plena e plana rua Duque de Caxias, rua da Prefeitura, da Catedral Metropolitana, da Pinacoteca, do Museu Júlio de Castilhos e de muitos outros prédios interessantes. Tenho descoberto todos os dias um pedaço a mais desse miolo da cidade, o Centro Histórico de Porto Alegre. O “velho centro”, que de velho parece só guardar o lado bom, e que resiste e se renova como as boas vanguardas. Já me explico. Nosso velho centro, aos meus olhos, tem sabido se transformar com elegância, devagarinho, como os velhos prudentes costumam se movimentar. É verdade que vivemos “tempos bicudos” e temos
sofrido perdas de investimento na nossa infraestrutura e manutenção, o que não permite que nosso velho centro possa gozar da sua melhor aparência… mas ainda temos uma base lindíssima, com prédios do final dos 1800 e construções modernistas co-habitando e seduzindo o olhar novo do visitante. A ousadia do nosso velho centro tem vindo dos novos moradores e profissionais que resolveram aproveitar esse ar de pequena cidade, cheia de vida e histórias em todas as esquinas e que ganhou um reforço de energia com a revitalização da nossa orla, na região em volta do Gasômetro. Pra quem não lembra, a Duque começa praticamente no Gasômetro e vai até a Santa Casa de Misericórdia. Nesse trecho temos um pouco de tudo que uma cidade precisa ter. Muitas residências, padaria, escola, mercadinho, sapataria, ferragem, restaurantes, museus, livraria, hotel e outros vários pequenos comércios. Gente caminhando pelas calçadas, velhos vizinhos, novos moradores… enfim, uma rua viva. Se incluirmos umas quadras pra cima e umas pra baixo, as opções crescem maravilhas e se pode fazer uma vida toda a pé. Ou de bicicleta, ou de patinete, já que essas modernidades estão disponíveis pra locar em pontos pela Duque. Só o que não tem, por incrível que pareça, é aquela
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superpopulação e o barulho do centro-centro, que pra mim fica naquele miolo da Rua da Praia. Então fica aqui o meu convite ao turista e ao morador da cidade que queiram dar umas voltas por essa Duque e seus arredores, pra descobrir o que temos de novo por aqui, ou pra curtir esse pedaço da cidade e seu velho charme.
PARA COMER: JUSTO
Nas escadarias da Borges de Medeiros, 741, descendo uns degraus da Duque, fica esse bar espaçoso com comidinhas e sobremesas feitas inteiramente lá, por um time superespecial de sócios-cozinheiros que sabem tudo de massas e fermentações de pães e pizzas. As receitas são superoriginais e saborosíssimas, com opções pra todos os gostos, dos clássicos aos ousados, dos salgados aos doces, além de vários drinks, chopes, kombuchas, etc. e tais. Abre de segunda a sábado das 17h às 22h30, mas a cozinha fecha às 22h.
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A cozinha é industrial e aberta pro salão espaçoso, dividida por uma vitrine deliciosa e pelo caixa, onde se faz o pedido. Eles trabalham com o sistema de senha no painel eletrônico, então dá pra sentar onde quiser, nas mesas de dentro, nas mesas de fora, ou na escadaria externa. A sensação é de estar numa pequena praça, com a cidade passando lá embaixo.
FIRMA
Recém inaugurado na Cel. Genoíno, 116, quase esquina com a Lima e Silva, o bar do Ricardinho e do Vini (Ricardo Dornelles e Vinicius Gomes Cézar), jovens, curiosos e experientes e excelentes chefs, oferece uma releitura dos pratos populares do mundo usando ingredientes locais e apresentando tudo em montagens de encher os olhos. Dá pra ver a dupla em ação, já que a cozinha só é dividida do salão por um pequeno balcão, e sentar nesse ambiente aconchegante e bem iluminado pra escolher a sua aventura gastronômica curtindo um drink (tem opções ótimas), ou ainda ficar no balcão do bar ou ali pela calçada, que tem um movimento interessante… Do outro lado da rua tem mais
"TEMOS UMA BASE LINDÍSSIMA, COM PRÉDIOS DO FINAL DOS 1800 E CONSTRUÇÕES MODERNISTAS CO-HABITANDO E SEDUZINDO O OLHAR"
uns dois ou três bares que juntos constroem uma ambiente mais boêmio. Abre de segunda a sábado das 19h às 23h30.
360 GASTROBAR
Finalmente podemos comer num restaurante à beira do Guaíba. E o que é melhor, praticamente dentro do rio. O 360 é, como sugere o nome, um restaurante que tem vista de 360 graus. Uma pequena nave espacial envidraçada, onde podemos escolher pra qual lado do rio queremos olhar. Eles servem almoço das 11h às 16h e jantar das 19h às 23h. O cardápio é bem variado e a cozinha da casa é ótima. Se você quiser aproveitar pra tomar alguma coisa e beliscar umas batatinhas fora de hora, dá pra sentar no enorme deck externo, ao lado do Gasômetro, e ficar vendo o movimento das embarcações chegando e partindo pros passeios no rio. O deck funciona das 16h às 23h. A melhor localização da cidade pra levar um amigo de fora, ou pra se sentir um turista na própria cidade. Durante a semana é encantadoramente tranquilo, mas prepare-se pra ver a cidade toda na orla nos finais de semana, e daí a espera é grande, apesar das muitas mesas do local.
Lugar
CAFÉ DA DUQUE
Em frente ao Hotel Everest e ao lado da escadaria do Viaduto da Borges, o Café do Duque é um pequenino oásis pra quem curte um café especial. Tem vários tipos de extração, do expresso à prensa francesa, doces e salgados do balcão, e ainda oferece um almoço do dia. De segunda a sexta das 10h às 19h30 e no sábado das 12h às 19h30. Só não abre domingos.
LA TASCA
Uma padaria artesanal, com sotaque argentino, no meio da Duque. A La Tasca fica no número 678 da Duque e abre todos os dias das 10h às 21h. Um bom lugar pra sentar, tomar um café e pedir um doce ou salgado do balcão tentador. O alfajor artesanal, com doce de leite argentino, se desmancha na boca. Meu preferido é o da versão sem cobertura de chocolate. Sabor de infância. Eles também oferecem opções de almoço, massas recheadas com molhos preparados no local, sanduíches e empanadas que podem ser apreciadas na mesa alta coletiva da pequena sala da frente, com sensação de adega.
RAW
O meu querido Raw do Bom Fim abriu uma unidade no Centro, ali na Siqueira Campos, 932, perto do Mercado Público. Pra quem não conhece, o Raw serve comida viva, ou seja, cozida à baixa temperatura, orgânica e vegana. Eu, que não sou vegana, saio superfeliz e satisfeita de cada almoço que faço lá. O sistema é de buffet, com poucas mas excelentes opções de saladas, grãos e pratos quentes. Eles ainda têm a delicadeza de oferecer água fresca e shots de cúrcuma pra acompanhar a refeição, além das opções de sucos e outras bebidas comercializadas no cardápio. O restaurante é uma miniversão do Raw original, uma ótima opção pro meio-dia no Centro, uma referência pra quem gosta de comida vegana e uma ótima iniciação pra que não conhece muito bem esse tipo de cardápio e não abre mão do sabor à mesa.
"A RUA DUQUE DE CAXIAS COMEÇA PRATICAMENTE NO GASÔMETRO E VAI ATÉ A SANTA CASA DE MISERICÓRDIA. NESSE TRECHO TEMOS UM POUCO DE TUDO QUE UMA CIDADE PRECISA TER"
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Lugar
PRA CIRCULAR: ORLA DO GASÔMETRO
Esse programa não tem hora, vale o que couber na sua agenda. Dia ou noite. E dá pra aproveitar de acordo com a sua energia ou vontade. Os decks, os bancos e a grama são um convite à contemplação, e as pistas e calçadas o melhor lugar pra andar de bici, patinete, patins, skate, ou a pé mesmo. Dá pra levar o seu equipamento ou alugar lá. Dá pra levar a sua toalha e fazer um pic-nic ou lanchar num dos bares que fazem parte do projeto. Nos finais de semana, dá pra escolher entre pipocas e cachorrinhos das carrocinhas que se instalam pela via fechada aos carros. Democrático e seguro. Espero que continue assim.
THEATRO SÃO PEDRO
PARA QUEM CURTE GASTRONOMIA, HÁ UMA VARIEDADE DE OPÇÕES DE CAFÉS, RESTAURANTES, BARES, PADARIAS
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A nossa maior joia do centro, ao menos eu acho. Vale passar pra ver a programação, entrar pra visitar, ou subir até o foyer pra tomar um café no DuÁttos Café. Nas quartas-feiras, entre maio e outubro, eles servem um buffet de chás, das 16h às 18h30. E às vezes dá pra ver alguma apresentação musical especial ali no foyer mesmo!
PINACOTECA RUBEN BERTA
Em frente ao Solar dos Câmara, no número 973 da Duque está a nossa Pinacoteca. Num prédio do final dos 1800, está a coleção que Assis Chateaubriand montou em parceria com Pietro Maria Bardi, com um recorte heterogêneo da pintura regional e nacional, além de algumas obras de pintores estrangeiros, do século XX. Além das exposições e mostras de arte, a Pinacoteca também promove recitais de música no seu auditório nos finais de tarde. Vale conferir a programação no blog pinacotecasaldolocatellierubemberta.blogspot.com
Mobiliรกrio outdoor Jasmin. Garden room - CasaCorRS 2018 Arq. Fernando Thunm
Equilíbrio C H E R R I N E
C A R D O S O
AQUELA BOA ONDA
Sabe aquele momento em que você percebe que tem algo mudando e é pra melhor? Vejo isso acontecendo! Sei que você, leitor, dependendo do que esteja vivendo agora, poderá concordar ou não comigo, mas preciso “re-afirmar”, algo muito bom está em andamento. E não, não acordei vendo passarinhos verdes nem ganhando na loteria. Posso te dizer, inclusive, que este nem tem sido o meu melhor ano, emocionalmente falando. Todas as áreas da minha vida vão superbem, mas aqui dentro, coisas pesadas me incomodam muito e pesam no meu dia a dia. Vejo a desigualdade social no Brasil crescendo em níveis assustadores e isso me deixa incomodada e desconfortável. A você não? Moro numa grande metrópole e se tem algo que me machuca são as várias horas que passo de um lado para o outro na cidade, me deparando com tantas pessoas de olhar cansado e sem esperança. Pessoas que clamam por atenção dos que têm mais, e são ignoradas, literalmente. Afinal, seguimos naquele desequilíbrio da balança, onde tantos têm tão pouco e poucos vivem com tanto. Luto para não puxar as dores e sofrimentos dos outros para mim, e nem sempre venço esta luta, não. Porém, ao mesmo tempo que vejo e sinto muito por perceber quantos ainda precisam ter mais oportunidades nessa vida, volto o olhar para o lado mais positivo e digo: mas tem uma rede de energia mudando cenários, até mesmo esses, da desigualdade. E prefiro me conectar com essa teia. Uma teia de ações, grupos e movimentos positivos, em busca de mais harmonia para este nosso mundão. Você certamente já sentiu ou percebeu o quanto se fala mais de consciência para tudo. Estar mais consciente do que se come. Estar mais consciente de como se vive. Estar mais consciente daquilo que se consome. Estar mais consciente do que se veste. Estar mais consciente de como descartar
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seu lixo. Estar mais consciente de como cuidar dos animais. Estar mais consciente de como tratar as pessoas com respeito e dignidade. Se toda essa boa onda for na direção dessa expansão contínua de consciência, então, essa mudança está vindo sim e com força, com intensidade. Com ela poderemos mover montanhas! Por meio dela realmente conseguiremos mudar o mundo. E sabe por quê? Porque quando eu entendo que estar consciente parte de dentro de mim para fora, percebo que as mudanças acontecem por meio das minhas atitudes. Parece pequeno, mas não é. Porque quando isso se torna coletivo, mesmo que começando pouco a pouco por cada um, reverbera e se expande para um grupo maior, e é assim, e só assim, que poderemos criar uma mudança em escalas maiores. Tudo isso que aparece na mídia e nos cansa, de notícias ruins, não é a única verdade do mundo. As incoerências de atitudes dos grandes líderes não serão capazes de inibir o que os grupos de pessoas mais bem intencionadas têm conseguido com seu esforço e boas ações. Então, foque no que é bom. Não se deixe influenciar por tudo o que pipoca à sua volta. Se colocarmos foco em voltar nosso olhar para as coisas boas, elas estarão mais visíveis e será nessa energia que você estará vibrando. E ela também te coloca num estado de paz maior, consciente de que está fazendo a sua parte! Então siga assim e fique muito feliz por fazer parte desse movimento, em breve vamos sentir os frutos coletivos dos esforços de cada um de nós. A palavra do momento é: confie! CHERRINE CARDOSO É AUTORA DOS LIVROS A INCRÍVEL ARTE DE DESAPEGAR E REINVENTE-SE: QUANTAS VIDAS SE VIVE EM UMA VIDA? WWW.AINCRIVELARTE.COM
mulheres que amamos
UMA JORNALISTA QUE ADORA GASTRONOMIA E SE ESPECIALIZOU EM VINHOS, UMA PUBLICITÁRIA QUE SEMPRE TEVE PAIXÃO PELO DESENHO. ELAS SÃO JAQUELINE MENEGHETTI E MARIANA GOMES PRESTES, AS MULHERES QUE AMAMOS DESTA EDIÇÃO. EM COMUM, ELAS TÊM A DETERMINAÇÃO E A CORAGEM PARA ABRIR CAMINHOS, SE REINVENTAR E INVESTIR EM SEUS PROJETOS DE VIDA, NAQUILO QUE LHES FALA AO CORAÇÃO. CONHEÇA A SEGUIR ESSAS DUAS LINDAS, DESBRAVADORAS, CRIATIVAS E INTRÉPIDAS MULHERES.
Jaqueline Meneghetti é, sem dúvida, moderna e visionária. Encontrei nela uma mulher focada, batalhadora e independente. Notei que sempre olha para o futuro, mas respeitando e honrando o passado, vivendo em equilíbrio entre o ontem e o amanhã. Seu jeito aguerrido vem de berço. Ela faz parte de uma família empreendedora, cresceu rodeada por pessoas que vão lá e fazem. De origem italiana, sabe que a comida não apenas nutre, tem um papel social e cultural. Não por acaso, nasceu e amadureceu como empresária do ramo gastronômico. Jaqueline faz parte do grupo Petiskeira, uma empresa familiar, onde cresceu entre salões e cozinhas. Entrou como aprendiz, passou por todas as áreas da organização e hoje faz parte do conselho que gerencia 10 restaurantes. Nos anos 2000, em busca de um bom espresso (e sem encontrá-lo nos cafés de Porto Alegre), associou-se a uma amiga e criou o Grupo Press. A princípio abriram uma cafeteria, que logo se multiplicou, e com o sucesso nasceram restaurantes e até uma confeitaria, a Presstisserie. Voltando um pouco no tempo: Jaqueline formou-se jornalista e aos 20 anos atuou como produtora de eventos. Dessa época orgulha-se por ter realizado o último show de Cazuza em Porto Alegre. Esse capítulo de sua vida, entretanto, foi breve, e logo ela voltou – para não mais sair – a atuar na gastronomia. Em 2016, afastou-se do Grupo Press e decidiu criar um negócio que fosse só dela. Com seu inegável expertise e tino comercial afiadíssimo, voltou-se ao mundo dos vinhos. Fez cursos, viagens, mergulhou em livros e conversou com profissionais da área. Feito o tema de casa, arregaçou as mangas e partiu para o projeto que deu vida, em 2018, à Dionísia – assim mesmo, com pronome feminino. O restaurante e wine bar, localizado no coração do bairro Moinhos de Vento, trouxe à capital gaúcha uma forma nova de beber vinho. A casa traz 64 rótulos à disposição simultaneamente, entre vinhos tintos, brancos, rosés e espumantes. Com a taça em punho, o cliente escolhe o que beber e em qual quantidade – 50ml, 75 ml ou 125ml. O público, predominantemente feminino, amou a ideia de degustar entre uma variedade de opções. O interesse pelos vinhos extrapola a fronteira profissional: em sua adega particular não faltam vinhos da região da Borgonha, na França, o Cabernet Sauvignon Don Melchor da Concha Y Toro e, é claro, a espumante rosé desenvolvida por ela em conjunto com a vinícola Vallontano, de Bento Gonçalves. Com mais esse sucesso na conta – a Dionísia chega ao primeiro ano com êxito total –, Jaqueline Meneghetti já planeja sua expansão. Brindemos a isso! POR ANA GUERRA, JORNALISTA
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FOTO: ANDRÉA GRAIZAKG/DIVULGAÇÃO
JAQUELINE MENEGHETTI
mulheres que amamos
As linhas da vida de Mariana Gomes Prestes, 32 anos, são traçadas com tinta e aquarela. Aprendeu a desenhar ainda pequena, incentivada pelos pais Eleone e Cézar. Muitas de suas brincadeiras de infância incluíam lápis, caneta e papel. Além do convívio com os amigos da família, entre eles os artistas Iberê Camargo, Maria Lídia Magliani e seu padrinho, Humberto Vieira, ela cresceu visitando museus e em contato íntimo com a arte. Formou-se publicitária pela PUCRS, mas cursou em paralelo Artes Visuais com Ênfase em Desenho. Escolheu a princípio o caminho da comunicação, atuando como executiva de contas em agências de Porto Alegre. Seus colegas criativos, entretanto, descobriram seu dom para o desenho e a encorajaram a desenvolver seu talento. Sua transição para o mundo do design, em 2013, iniciou-se de forma curiosa. Mariana teve um sonho: desenhava uma borboleta em aquarela, que seria transformada em estampa. No dia seguinte, contou o sonho para a mãe, que foi a primeira a incentivá-la a se dedicar ao design de superfície. Não demorou para descobrir que há uma forte relação entre seu trabalho e o bem-estar das pessoas. Ao imprimir seu talento em materiais têxteis ou paredes personalizadas, por exemplo, ela cria um ambiente acolhedor e afetuoso, que mexe com os sentidos e emoções das pessoas. Em um de seus projetos recentes, para o Hospital Moinhos de Vento, levou vibração e natureza a um ambiente que, em geral, é frio e neutro. A explosão de cores mostrou-se eficaz em prol da saúde, e o feedback do cliente e seus usuários foi surpreendente: as criações de Mariana trouxeram bem-estar e aceleram a recuperação dos pacientes. A natureza, aliás, é sua grande paixão e inspiração. Preocupada com a preservação animal e florestal, usa seu trabalho como ferramenta para contribuir para essas causas. Para suas primeiras
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coleções, pesquisou sobre espécies ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul, retratando-as em suas obras, com o intuito de criar uma reflexão sobre os nossos hábitos de consumo e o nosso comportamento perante a fauna e a flora. Com a grife Mariana Prestes Design, cria cerca de duas coleções autorais por ano, com desenhos aplicados à moda, mas principalmente para a decoração, como papéis de parede, porcelanas, vidros e quadros em aquarela. Recentemente fechou parceria com uma empresa de tapeçaria e no próximo ano pelo menos três modelos de tapetes levarão sua assinatura. Mariana também dedica parte de seu tempo a compartilhar conhecimento, ministrando aulas de aquarela, estamparia e desenho para leigos e também para profissionais das áreas de arte, design e arquitetura. No ano passado deu mais um importante passo: ao lado dos pais, criou uma empresa que une comunicação, criação e produção cultural. Os três são muito unidos dentro e fora de casa e trabalham em perfeita harmonia. A equipe conta ainda com Bibiana, uma golden retriever de 8 anos que é o xodó da família. Mariana brinca que a filhota de quatro patas é a musa inspiradora e C.E.O. do Studio Prestes. Quando não está criando, Mariana se dedica ao esporte. É na atividade física que ela organiza os pensamentos, alinhando corpo e mente. Já foi corredora, mas hoje pratica beach tennis e inclusive participa – e vence! – de torneios. Reconheço nela uma mulher completa, realizada na vida e na profissão. Lembro do sonho que mudou seus rumos, aquele com a borboleta em aquarela, e concluo que não foi por acaso: Mariana também passou por uma metamorfose para poder voar.
POR ANA GUERRA, JORNALISTA
FOTO: EDUARDO CARNEIRO/DIVULGAÇÃO
MARIANA GOMES PRESTES
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Palavra LU Í S
AU G U S TO
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ROSNAR PARA O INIMIGO
O senhor é como eu? Também gosta de evitar o evitável? E a senhora, mesma coisa? Por temperamento e jeito familiar, nunca soube levar bem os confrontos. Não me sinto confortável, em geral. Ok, tem vezes que eu xingo no trânsito, rosno um pouco, buzino. Mas na maior parte das vezes eu prefiro calar. Gente estacionada em lugar errado na frente da escola? Bá, me cresce um fel que vou te dizer. O Brasil, aliás, o Ocidente todo, talvez o mundo inteiro, anda assim. Aí dá vontade de reagir. Mas para quê, mesmo? Bem, não estou aqui sugerindo passividade, nem tenho estofo para imitar um Mahatma Gandhi com sua revolta pacífica, sua não violência ativa. Apenas estou tipo desabafando, abrindo o coração. Esses dias vi um videozinho numa das redes insociáveis que dá o que pensar: separados por um portão de barras, duas matilhas rosnam e latem, arreganhando os dentes, uma para a outra. O detalhe é que o portão tem abertura automática, e o portão está visivelmente sendo recolhido, desparecendo daquela posição intermediária. E acaba por sumir, fim, ponto. O que fazem os cães, então? Um ingênuo como eu imaginaria que, bueno, nesta hora eles se comeriam vivos uns aos outros. Os dentes babados de um iam frequentar o cangote do outro, e os dois sangrariam, e outros entrariam na refrega. Mas não: simplesmente todos os cachorros, dos dois lados, apenas saem dali, sem mais. Tipo cachorro que late para um pneu rodando e depois cala ao vê-lo parado. Tudo isso me ocorreu agora mesmo, com incontáveis cenas do governo federal, mas também ao presenciar mais um setembro, mais um ciclo de festas gauchescas e tal. Nada tenho contra elas, salvo quando alguma lei quer emanar daquele meio para nos fazer crer que só há um jeito de ser gaúcho. Não, meus caros: tem gaúcho de tudo que é jeito,
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inclusive do jeito que o Tradicionalismo preconiza. E isso é uma riqueza da vida. Biodiversidade. Ocorre que no cerne dessas celebrações está uma velha e nem tão escondida tradição justamente de confronto, de olho no olho, de ameaça, de bravata, até de luta mesmo. Tradição gerada pela existência de fronteira: desde o século 17 ao menos, os brancos e caboclos do lado de cá eram basicamente lusitanos, e os do lado de lá eram espanhóis. Essa mesma história de rivalidade envolvia até mesmo descendentes de nativos americanos, para nem falar nos escravizados, que sequer dispunham da liberdade elementar mais radical, a de dizer não. O tempo foi polindo essas arestas, arredondando as pedras que rolavam no fundo dos arroios e rios, e o que se vê hoje é que na nossa língua portuguesa cotidiana, aqui no extremo sul, há uma série de elementos característicos da língua castelhana, em especial na sua variedade platina e, justamente, gauchesca. Esses dias ainda dei umas três entrevistas falando nisso. Lembrei, por exemplo, que aqui a gente diz canha (caña, do espanhol) para caninha, cachaça. Os diminutivos em ito, como solito, piazito, solzito. Chamar a garrafa térmica amiga de todos os dias, como faz? Termo, com “e” fechado. A gente usa aqui, na boa, “tu te imagina”, com essa abundância de pronomes tão platina. As oscilações populares entre o “v” e o “b”, como em travesseiro/trabesseiro, vassoura/ bassoura, bergamota/vergamota. As hesitações entre verdureiro e verdulero, ou entre salsicha e sachicha. A la putcha! Bá, não para mais. Quer dizer que é isso. De tanto rosnar uns pros outros... LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR
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