5
décadas
transformando a educação
5 décadas transformando a educação
agradecimentoa
Expressamos nosso profundo agradecimento a todos que colaboraram na construção deste livro comemorativo às 5 décadas do Colégio Monteiro Lobato. Este trabalho eterniza momentos inesquecíveis de famílias, alunos, professores e funcionários que construíram parte de suas histórias de vida aqui, contribuindo para a nossa história coletiva.
apresentação
Este livro relata a história de cinco décadas dedicadas à transformação da educação. A narrativa, escrita de maneira singular pelo jornalista Alexandre Bach, emociona ao começar com o romance de dois jovens empreendedores do interior do Rio Grande do Sul, que acabam formando uma grande família com um lindo sonho.
As cenas descritas pelos personagens do livro ilustram a construção do sonho dessa família, que teve início com o Trenzinho Alegre e hoje é conhecida como Colégio Monteiro Lobato.
Ao longo de sete capítulos, os leitores encontrarão depoimentos, histórias inusitadas e uma dose generosa de amor. As memórias afetivas são relembradas em diferentes cenários, desde os casarões do Moinhos de Vento até a chegada na nova sede da Rua 14 de Julho. A narrativa abrange desde a convicção em formar a primeira turma de 1º ano até a implementação do High School no Ensino Médio. Grandes eventos são revividos, assim como desafios superados em conjunto pela comunidade escolar, especialmente durante a pandemia.
No último capítulo, fica evidente que a nova geração, também composta por jovens empreendedores, está projetando o Colégio para o futuro. Mais décadas estão por vir, continuando a transformar a educação pelo prazer de ensinar e aprender.
capítulo
Página
Página
História
capítulo
Página
um dois três
capítulo
Ensino-aprendizado construído em três dimensões
Um ensino em constante ebulição
Página
Página
capítulo
capítulo
quatro cinco sete seis
Página
Monteiro High School –desafios além das fronteiras
Os desafios de ensinar e aprender na pandemia
Eventos: o envolvimento da comunidade escolar
capítulo capítulo
O futuro em quatro partes
prefácio
Loucura? Sonho?
Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira – mas tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum.
Monteiro Lobato
A história da família Lobato pode ser lida como um romance. Aquele romance que nos prende da primeira à última página. Com um enredo contagiante, com ambientes e personagens inspiradores. Um romance atemporal se pensarmos no cenário da educação, pois o Trenzinho Alegre que saiu da sua primeira estação na Casa Azul, no bairro Moinhos de Vento, continua sua viagem, encantando crianças, adolescentes, famílias e profissionais que fazem parte desta trajetória há 5 décadas.
Neste livro, você encontrará uma narrativa que inicia com uma pequena mas significativa faísca lançada como um desafio por um pai a suas filhas: por que não unir as brincadeiras da infância com a formação de magistério para empreender na área da educação? Surge, assim, o empreendedorismo da família Lobato na educação.
E essa faísca se transformou em uma forte chama, uma chama que foi alimentada com o passar do tempo, com as buscas, com os estudos e com os novos desafios. A chama que aquece e que desperta a paixão pelo ensinar e pelo aprender.
Se houve no início desta história uma brincadeira de criança, de seis irmãos que brincavam de construir cidades nas quais as escolas tinham um papel de destaque, com o passar do tempo, a brincadeira deixou de ser sonho ou imaginário infantil para virar realidade.
Como continuar alimentando este fogo? Como fazer para transformar uma escola infantil em uma escola de 1º Grau? Que novos compromissos assumir? Outros protagonistas entram nesta história, outros ambientes, e todos levam adiante a concretização do sonho da família Lobato, com a sede na 14 de Julho para o Ensino Fundamental e Ensino Médio.
A lenha principal para alimentar a chama desta escola sempre foi o diálogo, e foi pelo diálogo que a família decidiu que o Colégio Monteiro Lobato seria uma escola que primasse pela qualidade acadêmica de seus estudantes e que permitisse que todos se conhecessem e valorizassem a convivência entre a comunidade escolar.
A ideia deste livro surgiu para contar a história dessas 5 décadas do Colégio Monteiro Lobato, iniciada em uma conversa em família. Alguns poderiam indagar se era sonho ou loucura e concordar com o escritor Monteiro Lobato, ao concluir que tudo é loucura ou sonho no começo.
Aproveito para agradecer o convite, pois ao escrever este prefácio tive a oportunidade de me aproximar mais ainda da história desta família que se entrelaça com a de tantas outras pessoas que acreditam e buscam uma educação que faça, realmente, sentido. Concordo com Eduardo Galeano quando diz que podemos enxergar o mundo como um montão de gente, um mar de fogueirinhas, no qual cada pessoa brilha com sua luz própria. O Monteiro Lobato é isto: várias fogueirinhas com luz própria; não existe uma igual a outra e todas são importantes!
Todas contribuem para que não falte o combustível necessário que impulsiona o Trenzinho Alegre a seguir em frente. A chama permanece acesa, fortalecida com as novas gerações da família Lobato, rumo ao futuro!
O convite está feito!
Uma ótima leitura!
Cláudia Belmonte Rahal Coordenadora do Ensino Fundamental II
um
História
Esta é a história de um colégio de Porto Alegre, que começa com o namoro de dois jovens em Lagoa Vermelha, na Região dos Campos de Cima da Serra, uma terra de muitos campos tomados pela araucária.
Para contá-la, é preciso voltar ao início dos anos 1940, época de muita tristeza para a humanidade – a Segunda Guerra Mundial devastava a Europa –, mas de grandes alegrias e desafios para esse jovem casal.
Foi a Lagoa Vermelha que chegou Francisco José Pinós Lobato, a convite de uma família de amigos. Nascido em Cachoeira do Sul e formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1940, Francisco se transferiu para a cidade para fazer um estágio no escritório de advocacia dos amigos e começar a ganhar experiência na área. Foi em um dos momentos de folga, dançando em um baile que agitava a vida social da cidade, que conheceu Eloah Boscacci Rodrigues, uma migrante que, como ele, também havia trocado o convívio da família para começar uma vida profissional.
Natural de Sant‘Ana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, Eloah revelou sua veia de mulher destemida aos 18 anos. Recém-formada no curso de Magistério no tradicional internato Colégio São José, de São Leopoldo, foi morar sozinha em Nonoai e dar aula em uma escola estadual. Queria ganhar o mundo com pernas próprias, algo não muito permitido ao público feminino de então. No ano letivo seguinte, seguiu sua aventura longe da família e se transferiu para Lagoa Vermelha.
O encontro fortuito no baile do advogado-estagiário com a professorinha da cidade virou namoro. E o namoro rendeu frutos. Seis.
Chuí: onde a família passava as férias de verão
A família Lobato
Francisco e Eloah se casaram em Livramento, em 1943. Na cidade, a professora seguiu em suas aulas nas escolas estaduais do município e, em 1945, Francisco ingressou no Ministério Público como promotor. Nos anos seguintes, o casal voltou a viver uma rotina de nômades, com os filhos nascendo pelas diferentes comarcas para onde o promotor era transferido. O primeiro filho, Celso Tiberê, veio em seguida ao casamento, nascido em Cachoeira do Sul, e depois o segundo menino, João Pedro, nascido em Livramento. A primeira filha, Maria Helena, a Lena, nasceu em Caçapava do Sul. Depois chegou Nara Maria, novamente em uma passagem da família por Livramento. Vera Maria, a terceira filha, nasceu em Santa Vitória do Palmar, quando a família também recebeu uma nova integrante: Lucila era babá, cozinheira, acompanhante, confidente e parceira dos Lobato, sustentando uma relação que duraria quase 40 anos. Exemplo de amor incondicional e dedicação à família que deixou sua marca em todos que a conheceram. A quarta menina, Maria Alice, a Lica, também nasceu em Livramento, exatamente dez anos depois da irmã mais velha.
Nesse ponto da história, é importante destacar esses nomes: Maria Helena Rodrigues Lobato, Nara Maria Lobato de Almeida, Vera Maria Lobato da Costa e Maria Alice Rodrigues Lobato. A história delas vai chegar em breve. Enquanto isso, seguimos com a peregrinação dos Lobato pelo interior do Rio Grande do Sul.
Nos anos 50, mesmo com a constante mudança de casa, Francisco e Eloah mantiveram uma rotina profissional e familiar enquanto os filhos cresciam. Ele seguia atuando como promotor e, como a legislação permitia na época, também trabalhava como advogado. Ela seguia dando aulas na rede estadual e, como gostava de cultura e das expressões artísticas, se dedicava a falar das artes para suas turmas. Em cada cidade, a família fazia uma imersão nas diferentes realidades locais, mas mantinha suas ro tinas caseiras.
A primeira, a disciplina no dia a dia da casa. Havia hora para comer, hora para estudar, hora para conversar, hora para dor mir, hora para brincar, e todas eram respeitadas com harmonia, sem sobressaltos ou birras, o que garantia o ambiente tranquilo mesmo numa casa habitada por seis crianças. A segunda, e mais importante rotina para uma casa tomada pelos pequenos: todos os momentos eram de brincadeiras. As crianças foram criadas com total autonomia nos espaçosos pátios das diferentes casas para investir na criatividade e brincar muito. De diferentes for mas, mas sempre juntas, aproveitando os recursos da natureza para criar os entretenimentos. E, em alguns momentos, com a liberdade de ir além do pátio e se aventurar pelas ruas e praças das tranquilas vizinhanças.
Desejando manter esse padrão de vida interiorana, Francisco rejeitou diversos convites para se transferir para o Ministério Público em Porto Alegre, evitando levar a família para as agruras da cidade grande. Preferia manter a tranquilidade da vida do interior. Ainda que a conta fosse pesada. Com os filhos em idade escolar, e a família morando novamente em Livramento, os seis foram matriculados no antigo ginasial – os meninos em colégio de padres e as meninas em colégio de freiras. Eloah seguia como professora da rede estadual e Francisco, para engordar o caixa da casa, além de atuar como promotor e advogado, passou a dar aulas de Língua Portuguesa e Latim também na rede pública e privada. Foi diretor durante dois anos do Colégio Estadual Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha. Nesse momento, o futuro de um dos filhos colocou Porto Alegre no rumo dos Lobato.
Confiante em seguir a carreira do pai, Celso Tiberê deixou Livramento para passar no vestibular do curso de Direito da UFRGS e se transferir para Porto Alegre. Francisco, então, viajou à capital para conhecer a nova morada do filho: um quarto apertado, sem ventilação e sol, em um apartamento de fundos na Rua Riachuelo, no Centro. Ambiente bem diferente do que a família estava acostumada a viver.
Família reunida em Sant’Ana do Livramento em 1960
Ao encontrar o jovem cercado de livros em um pequeno espaço, Francisco se deu conta de que a família começaria, a partir daquele momento, a viver outra fase, quando os filhos, aos poucos, vão saindo de casa para assumirem seus projetos de vida. Ele não podia impedir o andar natural das coisas, mas podia torná-las mais fáceis para todos mantendo algo que fora fundamental para a criação dos filhos até ali: a união de todos. Assim, decidiu que estava na hora de aceitar a promoção para Porto Alegre e manter os filhos juntos.
No final de 1963, os Lobato chegaram a Porto Alegre e passaram a morar temporariamente em um apartamento na Avenida Osvaldo Aranha, em frente ao Parque da Redenção. Os filhos foram matriculados em diferentes colégios. Celso Tiberê seguiu na UFRGS, e João Pedro foi para o Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho. Maria Helena, a Lena, foi matriculada no Curso Normal do Instituto de Educação. Nara e Vera foram para o Colégio Americano e a pequena Maria Alice, a Lica, para o Colégio Rio Branco, inicialmente, e, mais tarde, também concluiu os estudos no Colégio Americano. A moradia permanente da família passou a ser uma ampla cobertura próximo ao Colégio Americano, onde havia um terraço que teve um destino natural: transformou-se em uma
horta. Ali, Francisco plantava morangos e temperos, uma de suas paixões, seguindo a tradição e os costumes da vida do interior.
Promovido a procurador por merecimento em 1965, Francisco viu os filhos também avançarem um passo em suas vidas estudantis. Celso seguiu o caminho do pai, tornando-se promotor e, posteriormente, também procurador do Estado. João Pedro, seguindo os passos do tio materno, o médico Rubens Rodrigues, cardiologista e fundador do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, passou no vestibular da então Faculdade Católica de Medicina (embrião da hoje Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre). As três meninas mais velhas, já formadas no Magistério, também assumiram a vida universitária. Maria Helena foi cursar Letras na primeira turma da Faculdade Porto-Alegrense (FAPA), Nara foi fazer Artes na
UFRGS, e Vera, Biblioteconomia, também na UFRGS. Maria Alice, a caçula da casa, ingressou mais tarde na Faculdade de Ciências (ênfase em Química) da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS).
Mesmo cursando faculdades distintas, as três irmãs mais velhas permaneceram em contato com as lides da sala de aula. Formadas no Magistério, estavam habilitadas a dar aula do primeiro ao quinto ano do antigo primário (hoje Ensino Fundamental I). Frequentemente, buscavam cursos na área da Educação, aprimorando o conhecimento adquirido no Magistério. Em um desses momentos, surgiu a oportunidade de fundir as lembranças do passado vivido em meio a brincadeiras nos pátios das casas onde moraram com a prática da docência escolar adquirida durante a formação no Magistério.
Desafio lançado
Quem percebeu que essa fusão poderia ser transformada em uma grande oportunidade para as filhas foi o pai, Francisco. No início dos anos 70, as três jovens dividiam o tempo entre as aulas nas faculdades e o trabalho.
Maria Helena estava na Secretaria Estadual da Educação, Vera e Nara trabalhavam como professoras em escolas infantis. O pai assistia às filhas cada vez mais envolvidas em novas tarefas e atividades, e o assunto educação de crianças sempre fazia parte das rodas de conversa das irmãs. Em uma reunião familiar, uniu um terceiro elemento à fusão “lembranças da infância” mais “formação no Magistério”: o empreendedorismo.
– Se vocês fizeram Magistério, frequentaram cursos de especialização em educação, por que não criam uma escola?
Confraternização de Final de Ano -
Associação Leopoldina Juvenil - 1978
Ao propor o desafio às filhas, Francisco externou algo que sempre deixou transparecer em suas conversas familiares. Entendia que os filhos homens estavam encaminhados profissionalmente em suas vidas, nas áreas do Direito e da Medicina. E que naquela época, ainda anos 60, quando a participação da mulher no mercado de trabalho era pouco expressiva, o melhor caminho para as filhas era cursar o Magistério, pois, com o diploma na mão, poderiam exercer a mais tradicional profissão feminina da época: ser professora.
Maria Helena, Nara e Vera (Maria Alice, a mais jovem, ainda cursava o ginasial) disseram “sim” ao desafio. Sentiram que a proposta do pai mexera com a paixão de trabalhar com a educação e a vontade de ter uma escola infantil onde a criança aprendesse brincando, tal como elas na infância, pelos pátios das diferentes moradias da família. E, principalmente, se sentiam amparadas pelos pais, especialmente por Francisco, que sempre teve o papel de ser o porto seguro de todos. No fundo, retomavam uma brincadeira dos seis irmãos pelas muitas casas por onde moraram: construir pequenas maquetes de cidades, onde as escolas tinham papel de destaque. Agora, no entanto, seria na vida real.
Um
É a minha casa, é a minha família. Conheci o Trenzinho Alegre por indicação de uma amiga, fui lá pedir emprego, conversei com a Vera (Lobato) e falei: nossa, como umas crianças vão abrir um colégio! Aí fui trabalhar com elas. Depois, no Monteiro, meu chá era uma maneira de agradar às crianças. Quando choravam, queriam colo. E oferecer um chazinho era a maneira de confortálas. Se eu pudesse voltar e trabalhar de novo, refazer essa história, com certeza eu iria. Tenho muito carinho. Eu me orgulho muito, como se fosse a minha casa que eu arrumo, que quero do bom e do melhor.”
Rosa Mellara Franção Primeira funcionária do Trenzinho Alegre
O Trenzinho Alegre
A primeira tarefa foi definir um bairro aprazível onde as famílias pudessem acolher uma escola infantil: o Moinhos de Vento. A segunda tarefa foi encontrar um imóvel que pudesse acomodar uma pequena área administrativa, salas de aula e, principalmente, que tivesse um pátio com muita areia e árvores para as brincadeiras. O escolhido foi um sobrado que ficava à direita de quem desce a ladeira da Rua Mostardeiro (na época, uma via com duas mãos), em frente ao final da Rua Comendador Caminha, que contorna o Parcão. Tinha quatro salas de aula, uma cozinha e uma sala para atendimento aos pais, e, devido à cor de sua fachada, foi chamado de Casa Azul.
Imóvel alugado, a próxima tarefa foi igualmente importante: que nome dar à escola infantil das irmãs Lobato? Na época, em Porto Alegre, eram comuns nomes de escolas infantis inspirados em personagens do universo das crianças. Mas Lena, Nara e Vera queriam algo que fosse além do tempo e do modismo, que retratasse o compromisso que seria assumido com as famílias de que as crianças, ao frequentarem a escola, seriam tratadas tal qual passageiras de um trem (a imagem surgiu em uma conversa entre as três) que tem seus vagões abastecidos de conhecimento a cada parada em uma estação,
repleto em sua viagem sempre para a frente, sempre rumo ao futuro. Um trem carregando crianças pela vida. É um trem transbordando carinho, sentimento que deve sempre fazer parte do contato com os pequenos. Um trenzinho, então. E abastecido pela mais nobre e justa das sensações, nascida das estripulias do mundo infantil: a alegria.
O resultado da conversa das irmãs foi óbvio. Nasceu o Trenzinho Alegre.
Na ata da assembleia que reuniu as irmãs, no dia 16 de novembro de 1970, ficou ajustado que a escola seria chamada de Escola Infantil Trenzinho Alegre, atendendo crianças dos 2 aos 6 anos, e que Lena, por ter experiência administrativa adquirida durante seu trabalho na Secretaria da Educação, seria a diretora-presidente da nova sociedade. Nara e Vera seriam diretoras-pedagógicas. A autorização para funciona mento do novo estabelecimento de ensino de Porto Alegre foi concedida pela Secre taria de Estado dos Negócios da Educação e Cultural do RS em 14 de junho de 1971, por meio da portaria 13.403.
As atividades da escola, no entanto, começaram antes. No dia 6 de janeiro de 1971, quando as irmãs, com a ajuda do pai, ainda davam alguns retoques na estrutura da Casa Azul, preparando o imóvel para receber crianças, uma mãe esbaforida entrou no local. Vizinha da escola, perguntou se ainda dispunham de vaga para sua filha, pois a família tinha se mudado recentemente para Porto Alegre. Assim, a pequena Cláudia Solares, então com 4 anos, foi a primeira aluna matriculada no Trenzinho Alegre.
Além de investir na construção e reforma da casa, o pai, Francisco, também apoiou financeiramente os primeiros anos do novo empreendimento das filhas. Pagava o aluguel da casa e também o salário da primeira funcionária, Rosa Mellara Franção, que havia se mudado do interior para a capital com o filho Antônio, um bebê de 6 meses, e passou a morar no sobrado.
O primeiro ano letivo começou com seis alunos (dois no turno da manhã e quatro à tarde) e terminou com 17. A rotina ficou estabelecida. Lena cuidava da parte administrativa, Nara e Vera davam aulas e Rosa tratava da limpeza e organização do local. As aulas eram basicamente atividades lúdicas e culturais que estimulavam as crianças a descobrirem o mundo à sua volta, além de muitas brincadeiras no pátio de areia nos fundos da Casa Azul, guarnecido por uma imensa árvore. A novidade da proposta pedagógica do Trenzinho Alegre começou a ser notícia no bairro Moinhos de Vento.
Fui muito feliz no Trenzinho
Alegre! Era lugar de afeto e acolhimento. A menina criativa e sensível que vive em mim foi vista amorosamente pelas professoras Lenara e Vera. A elas, toda a minha gratidão por tudo que recebi. O Trenzinho Alegre estará sempre no meu coração. Com amor.
Claudia Solares Ex-aluna
Fazer parte dessa história me deixa orgulhosa e muito feliz. Aqui iniciei minha formação como educadora e o meu encanto com os pequenos, e aprendi que a experiência da aprendizagem se inicia com afetividade, criatividade e encanto. O comprometimento, o amor e a dedicação de educadoras muito especiais, com grande visão, transformaram o nosso Trenzinho Alegre nesta escola de qualidade inigualável chamada Monteiro Lobato. Agradeço a oportunidade de vivenciar momentos tão felizes nessa escola! O que o coração ama, fica eterno. Ser mestre é isso: ensinar a felicidade, como disse Rubem Alves.”
Lenara Kruse Moreira Primeira professora do Trenzinho Alegre
Primeira confraternização de Páscoa com as famílias dos alunos
No ano seguinte, 1972, os 17 matriculados pularam para 60, exigindo de Lena a contratação de professoras. As primeiras foram Lenara Kruse Moreira e Léia Peixoto, e também mais funcionários para dar conta das atividades. Para a felicidade das irmãs Lobato, o Trenzinho Alegre havia entrado nos trilhos. E acelerava. Menos de dois anos depois de assumir o compromisso de ajudar financeiramente as filhas no novo empreendimento, Francisco foi dispensado da tarefa.
Em 1974, a Casa Azul ficou pequena. Foram 150 crianças matriculadas no Trenzinho Alegre, exigindo que as irmãs ampliassem a estrutura física. A solução foi alugar uma nova casa, na Rua Tobias da Silva, também no Moinhos de Vento. Igualmente era um sobrado, mas com estrutura mais moderna do que a Casa Azul, com um amplo pátio no formato em “L”, permitindo brincadeiras ao ar livre. Estava situada junto ao terreno onde hoje fica o Moinhos Shopping. Metade dos alunos foi transferida para lá.
O crescimento da escola se dava pelo fato de que, a cada ano, novas atividades eram oferecidas às crianças, como ballet, judô, inglês, culinária e artes, um diferencial em relação às demais escolas infantis na época.
O final do ano de 1975 trouxe um novo desafio para as irmãs: sair do Moinhos de Vento e conquistar famílias em outra área da cidade. Foi o momento de desativar a Casa Azul, que sofria com a deterioração de sua estrutura física. Também o movimento constante da Rua Mostardeiro, principalmente dos carros que desciam em alta velocidade, começou a incomodar as famílias que chegavam ao Trenzinho Alegre para deixar os filhos. A solução, então, foi devolver a casa para seus proprietários e alugar um novo imóvel na Avenida Lageado, próximo à Avenida Carlos Gomes, no bairro Petrópolis.
A Casa da Lageado era térrea, com amplas peças e um imenso pátio arborizado que foi coberto por muita areia para as brincadeiras ao ar livre. Tinha uma churrasqueira e uma área de lazer na parte dos fundos, permitindo que professores e pais confraternizassem em alguns momentos do ano. Rosa se mudou para o local com o filho e passou a ser a guardiã da primeira unidade do Trenzinho Alegre fora do Moinhos de Vento.
Gratidão e orgulho são sentimentos que o Colégio Monteiro Lobato representa em minha vida. Se hoje sou esta pessoa que cresceu muito profissional e pessoalmente, foi porque sempre tive o apoio e confiança da direção, coordenação e colegas de trabalho. Vocês me deram asas e me deixaram voar, sempre confiando em mim e no meu trabalho.
Orgulho de fazer parte desta história há 45 anos e acompanhar o crescimento não só na estrutura física, mas de uma escola modelo e referência em educação.
Julita Terezinha Vivian Funcionária da secretaria, com 45 anos de atuação na escola
Foto abaixo: sede
da Avenida Lajeado
Foto acima: sede
da Rua Tobias da Silva
A Proposta Pedagógica
Nesse ponto da aventura iniciada por sugestão do pai, Lena, Nara e Vera administravam duas casas (a da Tobias e a da Lageado), responsabilizando-se por dezenas de crianças e famílias. Entenderam que, a partir daquele momento, precisavam da ajuda de uma especialista para orientar as questões pedagógicas do Trenzinho Alegre, que eram, até então, definidas pela soma da paixão pelo tempo da infância, do empenho pelo trabalho e do conhecimento adquirido em cursos sobre educação. Foi essa inquietação que fez com que contratassem, em 1978, a pedagoga Maria Ângela Paupério Gandolfo, e outorgaram a ela a responsabilidade de definir e formalizar a linha pedagógica a ser adotada pela escola a partir de então.
Pedagoga formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maria Ângela integrava a equipe da coordenação pedagógica das escolas da rede municipal de Porto Alegre e fazia parte de um grupo de especialistas em educação que começava a estudar teorias nascidas na Europa, lastreadas em pensadores como Jean Piaget e Vygotsky. Destaca-se, aqui, o início do caminho da linha pedagógica da escola com a proposta socioconstrutivista, baseada na crença de que uma criança precisa sempre ser educada dentro da realidade de seu universo e ser protagonista na construção do seu conhecimento. Ao professor cabe a tarefa de mediar os processos de aprendizagem, respeitando o conhecimento que a criança traz de casa, do seu universo particular, ampliando e problematizando, sistematicamente, a sua visão de mundo.
Ao definir o socioconstrutivismo como a linha de trabalho do Trenzinho Alegre, Maria Ângela estabeleceu que a relação professor-aluno (afinal de contas, o foco do trabalho de Maria Ângela não era apenas as crianças, mas também os professores que iriam orientá-las) deveria estar alicerçada em pilares:
Um
Após 36 anos dentro de uma sala de aula, carrego muitos sentimentos guardados comigo com carinho no meu coração. São anos recheados de memórias afetivas que, com certeza, dariam para encher páginas e páginas de momentos significativos que marcaram essa trajetória.
As recordações de toda uma vida impulsionada pela convicção de estar no lugar onde sempre quis estar – onde encontrei pessoas que me deram apoio, estímulo e muitas oportunidades, e um ambiente de convivência, crescimento e aprendizado com as crianças –, só fortaleceram a certeza de que realizei o meu sonho de ser professora.
Ana Cristina Costa Ventura Zilberstein Professora da Educação Infantil
Passeios pelos bairros Moinhos de Vento e Petrópolis
• o respeito à individualidade e ao ritmo de desenvolvimento de cada criança;
• a proposta de atividades que levassem as crianças a descobertas;
• o incentivo à curiosidade, à investigação e à participação em atividades desafiadoras.
Depois do ingresso de Maria Ângela no time do Trenzinho Alegre, uma questão estrutural voltou à pauta das irmãs Lobato, indicando a necessidade de uma mudança de casa em 1984. A ocasião lançou Lena, Nara e Vera a uma nova aventura e, como no início da história, o pai, Francisco, teve papel fundamental.
Achar o novo imóvel foi a parte mais fácil da questão: foi comprado um sobrado que ficava também na Rua Tobias da Silva, quase em frente à outra casa. A distância entre ambas era tão pouca que a mudança foi feita durante uma tarde, com as diretoras, professoras e funcionárias fazendo tudo a pé, atravessando a rua carregando os móveis e objetos, com a ajuda dos alunos, responsáveis por levar os brinquedos de suas salas. A nova casa, também de dois pisos, tinha o maior dos pátios (e muita areia e árvores para as crianças brincarem) e carregava o simbolismo de ser o primeiro imóvel próprio da escola. O negócio também seria fundamental para um imenso passo a ser dado no futuro. Mas ainda não chegou o momento desse capítulo da história.
Capítulo Um
Foram 27 anos de vivência ininterrupta. O Monteiro consegue ser escola e família. E nós acreditamos que essas duas ‘entidades’ são o que há de mais importante nas nossas vidas. Ensinou-nos a respeitar as individualidades, aceitá-las e desenvolvê-las. Ensinou que é no aprender a pesquisar, ser curioso, que se forma um cidadão; a importância de vínculos; a importância de saber trabalhar em equipes; a importância da cultura, do teatro na formação. A delícia que é aprender! E com uma diferença que certamente nos transformou: o amor. Os professores e diretores da escola não têm medo de demonstrar afeto.
Adriana Fleck
Mãe dos alunos Renata, Felipe e Catarina
A segunda parte dos anos 80 transcorreu com as três irmãs administrando o Trenzinho Alegre na Casa da Tobias e na Casa da Lageado, e assim como na época da faculdade, elas seguiram frequentando cursos de especialização em Educação Infantil, estando atualizadas com as novidades para manter a qualidade do ensino que sempre ofereceram às famílias. Eram as donas cuidando do seu próprio negócio, uma apoiando a outra como foram criadas pelos pais e se relacionaram com os irmãos. A essa altura da vida, o tempo havia passado não só para o Trenzinho Alegre, mas também para cada uma delas: todas estavam casadas, com filhos, e administravam também os seus lares.
O final dos anos 80, no entanto, trouxe um novo desafio para as três empreendedoras. Insatisfeitos por terem que pensar em trocar o ambiente e a filosofia educacional do Trenzinho Alegre por outras escolas à medida que as filhas e os filhos cresciam e precisavam ser matriculados na 1ª série do antigo 1º grau (hoje 1º Ano do Ensino Fundamental), os pais começaram
a questionar as diretoras sobre a necessidade de continuarem o trabalho. Surgia a necessidade de levarem os trilhos do Trenzinho Alegre para mais longe, sem uma estação final no momento da vida em que as crianças chegavam aos 7 anos e iniciavam o processo de alfabetização. Em outras palavras: que criassem sua própria escola de 1º Grau e garantissem que as crianças seguiriam sendo protagonistas de seus aprendizados, como o trabalho proposto por Maria Ângela e que seguia encantando todos.
As dúvidas voltaram ao seio dos Lobato e, como sempre nos momentos de impasse, houve muito diálogo e conversa entre as irmãs, repetindo uma rotina da época em que os seis filhos pequenos ainda moravam com os pais e se depararam com situações
conflitantes: todos tinham espaço para falar, para apresentar seus argumentos e defender seus pontos de vista, mas o respeito pela posição de um ou de outro deveria, sempre, prevalecer. O pai não permitia espaço para palavras ásperas ou ditas em momento inapropriado. A harmonia familiar sempre era vencedora de qualquer discussão.
Como fazer para transformar uma escola infantil em uma escola de 1º Grau? Que novos compromissos assumir? Havia insegurança para promover uma transformação e no centro dela uma questão se apresentava: uma coisa era oferecer Educação Infantil, área que as três irmãs dominavam pela paixão pela infância. Outra, bem diferente e bem mais complexa, era assumir a responsabilidade de formar jovens para o mundo.
Então, a decisão foi tomada.
Nasce o Colégio Monteiro Lobato
Uma escola nova, de 1º Grau, seria criada a partir do zero, e assim, seria preciso investir em um imóvel novo. Também seria necessária a continuidade do trabalho pedagógico, seguindo as bases sedimentadas pelos dez anos de trabalho de Maria Ângela e que tinha a aprovação das famílias. E também uma dolorosa questão emocional precisaria ser enfrentada. Em março de 1988, Francisco, o pai que sempre agregou os filhos e os manteve mobilizados em busca de seus sonhos, faleceu. Lena, Nara e Vera estariam pela primeira vez em suas vidas sem a parceria solidária do pai na tarefa de expandir os trilhos do Trenzinho Alegre rumo a um novo público, contando com a mãe, dona Eloah, que sempre apoiou as filhas e acompanhou a formação da colégio na nova sede. Eloah faleceu em 8 de setembro de 2015, mas deixou como herança para as filhas a paixão pela educação.
Para a construção da nova sede, foi escolhido um terreno na Rua 14 de Julho, no bairro Boa Vista, na época uma área desabitada de Porto Alegre, tanto é que em 1989, próximo a esse terreno, habitavam capivaras, imensos e peludos roedores. De acordo
Um
Temos três filhos e todos estudaram no Monteiro. Isso aconteceu desde a mudança do Trenzinho Alegre para Monteiro Lobato. Nossa experiência foi muito gratificante, porque percebíamos o quanto nossos filhos gostavam e se sentiam acolhidos na escola. Percebemos que o ‘ensinar a pensar’ era um processo importante na formação deles, hoje todos adultos e levando suas vidas, de forma plena. A criação da Associação de Pais foi resultado da abertura da participação família-escola, dada pelo Monteiro. Isso, certamente, nos aproximou mais e fez dos mais de dez anos de convivência uma época muito importante da nossa família.
Arno Bauer
Pai dos alunos Julliana e Felipe e ex-presidente da Associação de Pais e Alunos (Apalu)
com o planejado, a nova estrutura seria construída apenas na parte da frente do terreno, com amplas salas para receber a Educação Infantil (as turmas do Trenzinho Alegre) e uma sala para os pioneiros alunos da 1ª Série do 1º Grau.
As obras começaram em novembro de 1989 com força total, pois precisariam estar prontas três meses depois, em março de 1990, no início do ano letivo. O desafio era imenso: erguer uma escola em 90 dias. E como no nascimento do Trenzinho Alegre, a questão do nome voltou à pauta do debate: como chamá-la?
Havia uma percepção das irmãs de que as crianças chegariam à adolescência na nova escola à medida que fossem passando de ano e dificilmente nas festinhas gostariam de dizer aos amigos e amigas que estudavam numa escola chamada... “Trenzinho Alegre”. Um nome mais, digamos assim, adulto era necessário.
A escolha por homenagear Monteiro Lobato surgiu após uma reflexão da família. Nascido em 1882 em Taubaté, no interior de São Paulo, o escritor criou um dos mais ricos universos da literatura infantil brasileira com os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, além de outras obras dedicadas a esse público. E essas histórias sobre brincadeiras e fantasias da infância as irmãs conheciam bem, pois as viveram com muita intensidade nos pátios das casas por onde moraram. Além disso, havia a coincidência do sobrenome.
Da junção dos dois sentimentos surgiu o nome Colégio Monteiro Lobato. No dia 9 de fevereiro de 1990, cerca de um mês antes do início do ano letivo, a Portaria 00297 da Secretaria Estadual da Educação autorizou o funcionamento, “com a implantação gradativa de séries”, da então Escola de 1º Grau Incompleto Monteiro Lobato. Quando as aulas começaram, em 13 de março de 1990, a Educação Infantil tinha 189 alunos e a turma pioneira da 1ª Série do 1º Grau contava com 23 alunos. Em algumas partes do imenso pátio ainda existia material da obra recém-acabada, e pelos corredores e salas era possível sentir o cheiro da tinta recém-posta nas paredes.
Quando criaram o Monteiro Lobato, Lena, Vera e Nara consideraram uma série de convicções pessoais. Uma primeira, empresarial. Assim como o Trenzinho Alegre, o Monteiro Lobato seria uma sociedade das irmãs Lobato, sem a participação de uma fundação mantenedora e sem ligação com alguma associação religiosa, dois modelos de gestão que sempre foram comuns em estabelecimentos de ensino particular. Toda receita gerada seria reinvestida na própria escola, e as três sócias, mesmo na condição de proprietárias, seriam remuneradas como diretoras. O Monteiro Lobato não seria uma escola pequena, mas também não seria uma daquelas imensas que não permitem que todos se conheçam e valorizem a convivência entre a comunidade escolar.
A segunda convicção era pedagógica, ampliar o Trenzinho Alegre para o 1º Grau, colocando sempre o universo da criança no centro das atividades, com o professor no papel de gestor do trabalho pedagógico. Esse princípio, que é a base da Teoria Socioconstrutivista, deveria continuar, evidentemente adaptado e preparado para um novo público que passaria a frequentar a escola. Assim, ao final de sua vida escolar no Colégio Monteiro Lobato, a criança que entrasse brincando na Educação Infantil deveria sair um jovem líder e inspirador capaz de intervir para um mundo melhor.
O Colégio Monteiro Lobato está presente na vida da minha família desde a minha infância, quando eu frequentava a educação infantil do Trenzinho Alegre, assim como na infância dos meus filhos, Isabela e Joaquim, sua primeira escola. No Monteiro, sentimo-nos acolhidos como em nossa própria casa, onde a educação lastreia-se no afeto e respeito aos valores que nos são caros e onde as diferenças convivem em harmonia. Obrigada, Monteiro!
Luciana Caringi Xavier Aluna do Trenzinho Alegre e mãe dos alunos Isabela e Joaquim
E ainda mais: o relacionamento entre as famílias e a escola, e entre professores e alunos, e entre funcionários e direção, e entre todos seria sustentado pelo tripé razão, emoção e paixão – a razão que pauta o saber científico, a emoção que marca cada descoberta, a paixão que transborda do aprendizado conjunto.
À medida que os anos 90 vão passando, o Monteiro Lobato vai crescendo. A estrutura física da escola vai sendo ampliada no terreno de 3 mil metros quadrados com novas obras por conta do aumento das turmas, ocupando os turnos da manhã e da tarde. Em 1997, as crianças que entraram em 1990, na pioneira turma da 1ª Série, concluíram o 1º grau. Como já ocorrido anteriormente, era preciso que o trem seguisse seu trilho e uma nova estação fosse pensada: o 1º ano do 2º grau (hoje, Ensino Médio). Também foram criadas, ao longo da década, salas especiais para laboratórios, para as atividades artísticas (música e teatro) e espaços para as atividades de educação física. O espaço da biblioteca, dividido em áreas para os momentos de leitura dos pequenos e dos alunos maiores, ganhou o nome de Biblioteca Francisco Lobato, uma maneira de as filhas homenagearem o pai. O Monteiro Lobato foi se ampliando ano a ano, de maneira sólida, tal qual a trajetória do Trenzinho Alegre: sempre em frente nos trilhos, rumo ao futuro.
Os anos 90 marcaram, também, uma mudança significativa para Maria Helena, Vera e Nara. A caçula da família, que até então, como professora de Ciências da Escola Estadual Daltro Filho, acompanhava as novidades dos primeiros anos do Monteiro Lobato nos encontros de família, se juntou às irmãs. Com formação em Química e com experiência em docência no Ensino Fundamental II, Maria Alice iniciou, nesse período, sua trajetória na Direção da Escola trazendo uma importante bagagem. Agora, as quatro irmãs estavam juntas novamente.
A chegada de Maria Alice permitiu uma reorganização nas tarefas da direção que permaneceu durante muitos anos. Maria Helena assumiu como diretora administrativa do Monteiro Lobato, assim como fora no tempo do Trenzinho Alegre. Vera passou a dirigir a Educação Infantil. Nara assumiu a direção do Ensino Fundamental I (até o 5º ano) e Maria Alice ficou com a responsabilidade de dirigir o Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e o Ensino Médio.
Direção formada pelas quatro irmãs: Maria Helena, Nara Maria, Vera Maria e Maria Alice
A maturidade do Monteiro
A virada do século e a chegada da primeira turma ao Ensino Médio encontraram um Monteiro Lobato maduro em seus dez anos de vida, amparado por outros 18 anos de existência do Trenzinho Alegre, e também colocaram na agenda dos alunos uma nova atividade: as viagens de estudo e a possibilidade de intercâmbios culturais. No Brasil, as saídas de campo foram até Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Conquistado o Brasil, chegou o momento do mundo. A primeira viagem internacional foi até o Uruguai, a segunda foi mais longe, até a Argentina e depois ao Chile. Na sequência, a viagem foi mais longe ainda: até o Canadá. Maria Alice foi quem comandou as delegações formadas por alunos e professores. Também foi a diretora que acompanhou os intercâmbios culturais para a Espanha.
A viagem ao Canadá rendeu frutos. Ex-aluno do Monteiro, Eduardo Lima viajou ao país e conheceu o Columbia International College, na cidade de Hamilton (província de Ontário). Ficou encantado com a proposta e as instalações da escola e, na volta, sugeriu à direção do Monteiro que levasse os alunos até lá para uma temporada de verão, atividade tradicional nas escolas americanas e canadenses. Em julho de 2011, Maria Alice participou então de uma viagem com sete alunos: passaram um mês estudando inglês e com atividades no campus de verão, com viagens pelo país e contato com a multicultura canadense. No ano seguinte, foram 16 alunos no intercâmbio, dando início à parceria acadêmica com o Columbia International College, que, além do Programa de Intercâmbio Summer Camp, em 2013 inicia o Programa Monteiro High School, em que os alunos, a partir do 1º Ano do Ensino Médio, têm a opção de cursar, em paralelo com as matérias da grade curricular de ensino brasileiro, as matérias da grade curricular de ensino canadense, com certificados de conclusão que permitem aos alunos do Monteiro Lobato aplicarem para universidades de língua inglesa.
Para se manter atualizada com novas práticas e teorias de ensino, a direção do Monteiro também tomou o rumo do exterior. Em diferentes momentos, Lena, Vera, Nara e Maria Alice conheceram escolas e estabelecimentos de ensino em viagens internacionais educacionais organizadas pelo Sindicato das Escolas Particulares de São Paulo (SIESP) e pelo International Exchange Services para destinos distintos como Finlândia,
Diretoras em visita ao Ministério da Educação da Dinamarca, em 2011
Dinamarca, Itália, Coreia do Sul, Canadá, Espanha, China, Cingapura, Rússia, Holanda, Estados Unidos e Turquia. Nesses países, a delegação brasileira era recepcionada por membros do Ministério da Educação e das embaixadas locais, possibilitando conhecer novas práticas administrativas e educacionais por meio de contato com diretores, professores e alunos, sempre por intermédio da embaixada brasileira no país. No contato com educadores estrangeiros que são referências nesses países, as irmãs entenderam que para estarem conectadas em um mundo em transformação é preciso desenhar o presente para prever o futuro.
Dentro desse espírito de formação no exterior, a equipe de Coordenação Pedagógica e Professoras da Educação Infantil estiveram na cidade de Reggio Emilia (na Itália), próxima a Milão, no Centro Internacional Loris Malaguzzi (pedagogo que inspirou a filosofia que aponta a criança como a protagonista na construção do seu conhecimento). Durante uma semana de intensa programação de estudos e visitas às escolas locais, surgiram o encantamento e a determinação de criar um espaço pedagógico na Educação Infantil: o Ateliê, que se transformou em um rico espaço de criação e protagonismo pelo fato de seu ambiente facilitar novos entendimentos sobre processos cognitivos e expressivos das crianças.
O final dos anos 90 também trouxe outro desafio ao Monteiro Lobato: o mundo digital como cenário possível para o surgimento de novas estratégias de aprendizagem. No Monteiro Lobato, o mundo digital como parceiro no processo de aprendizado ingressou pela porta aberta por Tibiriçá Índio da Costa, o Tibi. Marido de Vera e atuando na área do Comércio Exterior, Tibiriçá havia ajudado, junto com Romar, marido de Lena, a esposa e as fundadoras em diferentes momentos do Trenzinho Alegre e do Monteiro Lobato, principalmente em questões envolvendo as áreas financeira e administrativa.
Tibiriçá trabalhou durante muitos anos na Edisa Informática, empresa gaúcha pioneira na área da computação. Foi ali que viu nascer os sistemas informatizados para as empresas e sugeriu que, em meados dos anos 90, as irmãs comprassem um singelo laptop (mas um potente equipamento para a época) com programas para ajudar nas tarefas administrativas da escola. Em seguida, a biblioteca foi equipada com outro computador, para ajudar no controle de retiradas de livros. O passo adiante foi criar um laboratório de informática, pela dimensão que as questões digitais começavam a ganhar na sociedade e no mercado de trabalho.
Em um processo natural do desenvolvimento do ambiente digital, todos os equipamentos e programas, que funcionavam em plataformas separadas, foram integrados em uma rede única, que também foi expandida para as demais atividades pedagógicas. As salas de aula foram equipadas com televisores de 55 polegadas, conectadas a um computador com internet, para que o professor pudesse apresentar o conteúdo digital à turma, em uma ação pioneira entre as escolas de Porto Alegre. Na avaliação da direção, o sistema de apresentar o conteúdo selecionado na internet por meio de televisões dava ao professor maior autonomia do que as lousas interativas que estavam surgindo na época.
A professora Ana surgiu da confiança e liberdade do Monteiro Lobato. Há 25 anos, meu currículo não apresentava mais do que a experiência de uma estudante dedicada em Matemática, com muita vontade de aprender e de ensinar. Olhando para trás, percebo o quanto cresci pessoal e profissionalmente. O que poderia ser uma jornada árida foi se tornando um passeio por mundos cheios de sentido, respeitando ritmos e diferenças. Estudantes protagonizando histórias. Quantos olhares de surpresa e descoberta me fizeram exultar de alegria. Aulas em que números e afetos se misturaram. Em que a liberdade e o respeito andaram de mãos dadas. Hoje, compreendo melhor as palavras do Guimarães Rosa: mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”
Ana Lúcia Blumentritt Araújo
Falar do Monteiro Lobato é falar de mim, sobre mim... acompanhar o crescimento da escola, assim como o meu pessoal durante esses 28 anos de trabalho, tornou-se parte da minha história de vida. Foi aqui que aprendi valores que hoje formam meu caráter. Valores de educação, convivência, respeito e, acima de tudo, muito amor por aquilo se faz quando se acredita! Tive oportunidade de trabalhar em diversos setores da escola e crescer profissionalmente. Sou e sempre serei muito grata pelo carinho, reconhecimento e aprendizados transmitidos pelas diretoras do Monteiro ao longo de todos esses anos.”
Milena Marczwski
Funcionária há 28 anos, que começou como estagiária e hoje é responsável pelo Setor de Relacionamento
No final de 2014, a equipe de Tecnologia da Informação apresentou a proposta “Smartclass”: o wifi instalado nas salas de aula do Ensino Fundamental permitiu que todos os alunos se conectassem à rede da escola, e o tablet levado de casa virou material escolar, colocando em prática o conceito americano conhecido como Byod (Bring Your Own Device, algo como “traga seu próprio dispositivo”). Iniciado no Ensino Fundamental I, o Smartclass foi expandido para as demais turmas da escola.
A experiência vai ajudar na estratégia
Manter a essência humana dos Lobato e seguir crescendo é uma tarefa que a partir de meados da década de 2010 começou a mudar de mãos, mas não de família. Com ajuda de uma assessoria externa, Lena, Nara, Vera e Lica iniciaram o processo de sucessão familiar. A proposta é que, neste momento da vida, as quatro irmãs possam contribuir de forma mais estratégica e, aproveitando a larga experiência de lidar com alunos, professores e famílias, atuem como Conselho Consultivo.
A administração do dia a dia da escola está com a segunda geração, em uma sucessão que já começou mantendo no Conselho Consultivo as diretoras fundadoras e compondo a Direção Executiva com Frederico Lobato Arend (filho de Lena), Ana Lobato Índio da Costa (filha de Vera) e Adriana Lobato de Almeida e Daniela Lobato de Almeida (filhas de Nara). Eles têm a missão de seguirem os passos das mães, sustentando uma relação de harmonia no momento de tomar decisões e no desafio de fomentar na escola um constante processo de inovação para manter o Monteiro Lobato entre os principais estabelecimentos de ensino privado do Rio Grande do Sul.
E, de forma inesperada, um desafio para a nova geração se apresentou em março de 2020, quando um vírus, do Sars-CoV-2, causador da Covid-19, transformou o mundo em um refém de uma pandemia que obrigou famílias a mudarem hábitos, em-
presas a definirem novas rotinas e processos e a sociedade a adotar novos comportamentos. Como todos, o Colégio Monteiro Lobato também foi atingido por esse mal, mas foi ágil para enfrentá-lo e consolidar sua caminhada como uma escola de referência. Toda a escola se reinventou.
Em depoimento no livro Ao Seu Tempo, editado pelo Instituto Sucessor, Magda Geyer Ehlers narra as trajetórias de fundadores de empresas familiares. Lena, Nara, Vera e Lica deixaram registrado como enxergam a passagem de bastão para a geração de seus filhos e como imaginam a perpetuidade da escola que criaram.:
As quatro irmãs fundadoras e a segunda geração à frente do Colégio
Para mim, o Colégio Monteiro Lobato é um desdobramento da minha própria casa. Tenho uma profunda gratidão por nossas diretoras e me sinto muito realizada por todas as experiências que vivi nesse lugar. Além disso, tive a oportunidade de me desenvolver como pessoa e como profissional. Com essa jornada vivida aqui na escola, pude dar aos meus filhos uma vida melhor, e foi graças ao meu trabalho. Enfim, desejo que o Monteiro Lobato continue por mais 50 anos transformando vidas. Muito obrigada!
Silvia Regina Souza dos Santos Responsável de turno, com 26 anos de atuação no colégio
“É um orgulho pensar que a empresa familiar Lobato se perpetua nos nossos filhos e filhas. Alguns dos nossos filhos foram professores, outros trabalharam nos mais diversos setores da escola e outros ainda optaram por atuar em diferentes áreas. Nossa alegria é que todos, de variadas formas e com múltiplos olhares, agregaram valores a esse grande projeto, alicerçado na crença de que, a cada geração e a cada novo cenário, é possível se reinventar.”
Em 2021, o Monteiro Lobato chegou aos seus 50 anos com 920 alunos e 160 profissionais. Meio século depois que a semente foi plantada na Casa Azul da Mostardeiro que recebeu os primeiros seis alunos do Trenzinho Alegre, em 1971. Meio século de uma história construída com muitas transformações, mas que nunca perdeu a essência de lidar com o ser humano em formação na busca de encontrar seu lugar na sociedade.
A simbolizar essa caminhada de muitos momentos está a areia, um conjunto de partículas de origem mineral.
A areia foi o chão de Lena, Nara, Vera e Maria Alice. Ela esteve presente no pátio das muitas casas por onde Francisco criou os filhos e deu às meninas o gosto pelas aventuras e brincadeiras da infância. Também esteve presente nos pátios das quatro casas por onde andou e estacionou o Trenzinho Alegre, sempre à disposição das atividades lúdicas dos pequenos. E hoje faz parte de amplas áreas do Colégio Monteiro Lobato, servindo de terreno de integração entre crianças e jovens de diferentes turmas.
dois
capítulo
Ensino-aprendizado construído em três dimensões
A proposta socioconstrutivista serviu como base para o início do projeto pedagógico da escola. A teoria adotada, inicialmente de forma empírica, pela direção do Trenzinho Alegre, desde seu surgimento, em 1971, seguiu sendo aprimorada por meio do aprofundamento de estudos e da definição de processos pedagógicos ao longo dos anos, tendo, hoje, um forte embasamento teórico e atualizado com pensadores como Loris Malaguzzi.
Basicamente, o socioconstrutivismo coloca o aluno, em qualquer tempo, da criança que ingressa na Educação Infantil ao jovem que está concluindo o Ensino Médio, no centro do processo de aprendizagem: ele será protagonista do seu desenvolvimento, e o conhecimento será construído a partir da interação com a realidade do seu mundo, com respeito a sua individualidade. Ao professor caberá o papel de orientá-lo nessa jornada, mediando o processo da busca pelo conhecimento que será permanente ao longo do desenvolvimento humano, na interação com o grupo social.
O Trenzinho Alegre foi uma das primeiras escolas em Porto Alegre a adotar a Teoria socioconstrutivista para fundamentar sua proposta pedagógica e legou isso ao Monteiro Lobato. Ao definir a filosofia a ser seguida, as irmãs Maria Helena, Vera e Nara Lobato, fundadoras das duas instituições, consideraram uma premissa apresentada a elas pela pedagoga Maria Ângela Pauperio Gandolfo quando começaram a trabalhar juntas: a faculdade ensina o professor a como ensinar, mas não ensina como os alunos aprendem. Este era o convite: pensar no processo de ensino e, também, de aprendizagem. Na verdade, pensar e educar crianças e jovens a partir de uma lógica diferente e desafiadora sempre foi o combustível presente desde os primeiros vagões do Trenzinho Alegre na casa azul.
No DNA do Monteiro Lobato sempre esteve a convicção de que uma escola não é um projeto. Uma escola é formada por ações projetadas pelos atores que constroem referências comuns, buscando nortear estratégias para enfrentar os desafios do cotidiano. Essas ações integradas compõem redes de comunicação capazes de produzir sinergia.
O público protagonista das ações: o aluno
O aluno do Colégio Monteiro Lobato é ativo em seu processo de aprendizagem. Ao professor cabe o papel de instigar, problematizar as situações. Nessa jornada, o estudante vai entender que o conhecimento não é dado ou transmitido, tampouco é fruto de decorar ou memorizar, é muito mais complexo: o conhecimento é construído com a ajuda de um professor mediador. Mais do que buscar respostas, o aluno é instigado a pensar e formular perguntas.
Ensino-aprendizado construído em três dimensões
O aluno precisa pensar e se relacionar com os colegas em um ambiente multidisciplinar. Precisa interpretar. Compreender. Conviver. Desenvolver o posicionamento crítico sobre a realidade social e, inserido nessa realidade, respeitar as diferenças.
Ao problematizar as questões, os professores do Monteiro Lobato oferecem ao aluno a oportunidade de aprender pela pesquisa, por um processo em que curiosidade e persistência são combustíveis essenciais para a investigação da realidade e a compreensão dos fenômenos naturais, tecnológicos e culturais, cada um em seu momento.
Na Educação Infantil, a criança brinca muito e, nesse tempo, faz muitas e profundas investigações. Como as formigas fazem os formigueiros? – pergunta um pequeno. No momento seguinte, toda a turma é incentivada a criar formigas em potes de vidro para que possam enxergar a organização dos pequenos animais embaixo da terra. E começam a surgir hipóteses: algumas trabalham mais do que as outras? Elas dormem? A curiosidade vai sendo saciada pela busca de informações, pela pesquisa, e se transforma em conhecimento.
Desvendado o mundo das formigas, o momento seguinte é partir para o Ensino Fundamental. Há um currículo básico a ser atendido, norteado pela Base Nacional Comum Curricular, definida pelo Ministério da Educação. E a trama das formigas começa a ganhar novos ingredientes. Junto com os temas a serem estudados, chegam competências e habilidades a serem desenvolvidas ao longo dos anos, como a capacidade de se comunicar, de liderar equipes, de atuar em grupo.
Participação das famílias no processo de aprendizagem
Em 1985, aula ministrada segundo o conceito “Aprender pela Pesquisa”
Nesse contexto, a investigação já presente na Educação Infantil é acompanhada por uma curiosidade intelectual dos estudantes dessa faixa etária.
O aprender pela pesquisa toma uma proporção de complexidade com o trabalho sistematizado através das etapas do método científico. Se antes havia a indagação inicial, por parte dos pequenos, de como as formigas fazem os formigueiros, agora, os alunos buscam confirmar ou refutar suas hipóteses a partir de pesquisas.
As aprendizagens ficam, a cada ano, mais complexas, e o caminho que podemos vislumbrar é de uma espiral de construção de conhecimento. O espaço do laboratório de biologia torna-se o ambiente investigativo por excelência, de um aluno protagonista, agente de suas descobertas.
Também é o momento de investir em áreas do saber que encontram mais afinidade com a maneira de cada aluno lidar com a construção do conhecimento. Aqui, destaca-se o trabalho desenvolvido na área da Matemática, em que se prioriza o processo no lugar do resultado. A abordagem propõe mobilizar o modo próprio de cada estudante raciocinar, representar, comunicar, argumentar e, com base nas discussões e validações, aprender conceitos e desenvolver representações e procedimentos cada vez mais sofisticados. Os estudantes descobrem que há mais de um caminho para solucionar um problema matemático – e o esforço para descobri-los é que leva à aprendizagem.
Se na Educação Infantil, pela manipulação dos objetos e brinquedos, os pequenos descobrem características e propriedades (som, textura, cheiro, forma) e suas possibilidades associativas (empilhar, rolar, encaixar), agora, os jogos possibilitam que os jovens possam explorar, desenvolver, levantar hipóteses, testar, discutir e aplicar conceitos matemáticos, percebendo a existência de padrões e regularidades.
Nesta etapa também são sugeridas participações nas atividades extracurriculares, como os clubes temáticos de Relações Internacionais, Cinema, Biologia e Astronomia, além das práticas esportivas, a partir do perfil de cada estudante.
Por fim, chega a hora do Ensino Médio. Além de desenvolver o amplo domínio em matérias que exigem o pensamento abstrato (como cálculos, geometria), os olhos já estão voltados para um dos objetivos dessa etapa escolar, que é a preparação para a realidade do mercado de trabalho. Ao longo dos três anos, além do aprofundamento de estudos e da maior complexidade de conhecimentos e relações, os estudantes também frequentam a Semana Projetos de Vida, mantêm encontros com profissionais que são ex-alunos do colégio e voltam ao Monteiro Lobato para promover rodas de conversa, participam de saídas de campo, jornadas culturais e intercâmbios que vão além de Porto Alegre, e estruturam seminários científicos para discutir temas que consideram relevantes, com a avaliação de convidados externos.
Ao sair do Colégio Monteiro Lobato, a pequena formiga observada na Educação Infantil cresceu. E, agora, está pronta para construir o seu mundo. Seja ele qual for, levando na sua bagagem vivências e a certeza de que uma boa pergunta desencadeia uma rede de ações que podem transformar o mundo para melhor.
O público curador do conhecimento: o professor
Não é possível trabalhar a construção do conhecimento do aluno sem, antes, cuidar do professor e acompanhá-lo nesta missão.
Dos professores e da equipe pedagógica do Colégio Monteiro Lobato se exige um amplo comprometimento no desenvolvimento de projetos que incentivem os alunos na construção de suas aprendizagens e que os estimulem a ir em busca de novos desafios, postura herdada dos primeiros anos do Trenzinho Alegre e que, ao longo dos 50 anos, sempre foi o diferencial na escolha do corpo docente.
Ensino-aprendizado construído em três dimensões
Escolher uma escola para um filho é tarefa nada fácil, pois penso que os valores da família e da escola precisam convergir. Em 1976 escolhi o Trenzinho Alegre para complementar a educação de meus filhos Ricardo e Fernando, e, mais tarde, o Artur. Hoje o Monteiro Lobato é a escola que complementa a educação de meus netos Guilherme, Helena e Maria Eduarda. A amizade e o respeito que tenho por todos se desenvolveram ao longo do tempo e se traduzem no respeito e no carinho. O Monteiro Lobato é um espaço de criação alegre e seguro onde o conhecimento transmitido vem alicerçado na empatia e no respeito às diferenças e individualidades de cada um de nós.
Maria Izabel Barros Cantalice Mãe e avó de alunos
O professor precisa não apenas entender como se dá o processo da construção do conhecimento, mas estar instrumentalizado para colocá-lo em prática na sala de aula e em todos os espaços do colégio. Precisa propor desafios que façam as crianças e os jovens migrarem de um estágio para outro. Como andar de bicicleta. Primeiro, o triciclo, depois as duas rodinhas laterais. Quando o equilíbrio melhora, sai uma rodinha e, por fim, a outra, permitindo o pedalar firme rumo à liberdade que só o conhecimento oferece.
A gestão pedagógica da Escola entende que o professor precisa compreender que o aluno aprende quando brinca, resolve conflitos, escreve, lê e cria histórias, desenha, questiona. Precisa entender qual a hipótese que está por trás do questionamento de cada criança ou jovem, pois esse detalhe é fundamental para sua intervenção assertiva na questão proposta: por que o transatlântico gigante navega em mares revoltos e o singelo barquinho de papel afunda em águas plácidas? A resposta, terá que perceber o professor do Monteiro, está menos nos mistérios marítimos e mais nos cálculos de Física e Matemática.
O professor é um mediador da aprendizagem, e esse papel no processo da construção do conhecimento a direção do Colégio Monteiro Lobato reforça em cada momento em que oferece ao corpo docente condições para que participem de seminários, cursos e jornadas de estudo e aprimoramentos, além de programas e viagens culturais. Em uma sociedade em transformação, em que a escola está inserida, a curadoria do professor é de extrema importância. Perceber que o aluno adquire informações em diferentes momentos de sua vida, como em uma conversa entre amigos ou no mundo digital, torna-se significativo. Pensar em suas ações diárias, na sala de aula, tendo como norte as estratégias que serão utilizadas para que todas essas informações possam ser problematizadas e cheguem, de fato, à construção de conhecimento para os estudantes, faz parte do olhar do professor. Assim, para assumir o seu papel na construção do conhecimento do aluno, o professor precisa alimentar uma constante construção do próprio conteúdo.
Ensino-aprendizado construído em três dimensões
O cuidado e o acompanhamento do grupo de professores do Monteiro Lobato são um diferencial e uma meta da gestão pedagógica. Os professores participam de reuniões pedagógicas semanais, onde são discutidos conceitos e programas de estudo. Além disso, a cada 15 dias, participam de reuniões individuais de avaliação com seus coordenadores. Nesses momentos, um recado sempre é reforçado: eles são “autores” em sala de aula e a eles cabe colocar em prática seus projetos.
O público aliado da escola: as famílias
Um convite formulado pela direção ilustra a importância do papel das famílias no processo de ensino-aprendizado proposto pelo Colégio Monteiro Lobato.
“Esse é um convite para a tradicional quermesse junina, no dia 16. Pedimos que as mães combinem com as professoras a doação de um prato e brinquedos para uma rifa e para a pescaria. Todo o dinheiro arrecadado será usado para a aquisição de material destinado a enriquecer e completar as atividades recreativas da escola.”
A data do convite, distribuído em uma folha de ofício xerocada, é 6 de junho de 1973, quando o Monteiro Lobato existia na forma de Trenzinho Alegre. Os anos passaram, e o envolvimento de mães, pais e irmãos na formação dos alunos seguiu tão intenso quanto nos primórdios da instituição.
Já trabalhava em conceituadas escolas de Porto Alegre e um dia minha irmã deixou na casa de nossos pais alguns informativos sobre o Monteiro, onde minha sobrinha já estudava. Li e fiquei encantada com o projeto pedagógico e com a valorização dos profissionais da escola. Perguntei para ela se tudo o que lera era verdade: ‘Sim, é’. Nunca imaginei que já existisse uma escola assim. Vislumbrando o futuro pensei... É aí que quero trabalhar... É nisso tudo que acredito! Meus sobrinhos, meu enteado e meu filho são todos Monteiro na essência e no coração, pois cá estou há 22 anos. Já não sei se eu faço parte da história do Monteiro ou se ele faz parte da minha história.
Zaliana Sanfelice
Professora de Biologia que está no Monteiro Lobato desde o início do Ensino Médio, em 1999
As famílias que procuram o Monteiro Lobato buscam um processo de ensino-aprendizado diferenciado para os filhos: querem que as crianças e os jovens sejam desafiados e adquiram, além das competências acadêmicas, também competências socioemocionais.
Em parceria com a família, o Monteiro Lobato participa da formação moral das crianças e jovens, propiciando ao longo de seu desenvolvimento e trajetória escolares situações que oportunizem a vivência dos princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum.
A família, por sua vez, ajuda o Monteiro Lobato a fazer a escola. As reuniões periódicas não são apenas encontros informativos ou de prestação de contas feitos pela direção, mas troca de informações entre pais, professores e coordenações sobre como as crianças e os jovens estão interagindo com o saber, que evoluções são percebidas, que assuntos pautam as conversas familiares, como se dá a interação com os problemas do cotidiano e como essas questões podem ser trazidas e exploradas na sala de aula.
Os pais vivem a escola tanto quanto os filhos, em uma parceria em que os dois lados saem maiores.
Com o passar dos anos e a possibilidade de viver a escola de forma completa, as famílias perceberam que o resultado do tempo dos filhos dedicado ao Monteiro Lobato não pode ser mensurado somente pela quantidade de cadernos preenchidos, mas sim pelos destaques alcançados pelas turmas nas participações em eventos externos, como salões científicos, simulados para o vestibular ou aplicações para universidades no exterior, demonstrando preparo para lidar com as complexas relações humanas e demandas do mundo contemporâneo.
Na convivência ano após ano com o Monteiro Lobato (no caso de muitas famílias, uma convivência que começa ainda nas salas da Educação Infantil e vai até o final do Ensino Médio), as famílias percebem claramente a evolução do aprendizado de seus filhos a cada ano letivo que se encerra e serve de degrau para o ano seguinte. Assim, quando chega a época das provas dos vestibulares de diferentes instituições superiores ou os testes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o resultado positivo conquistado pelos filhos é visto não como um preparo focado apenas em responder certo a cada questão proposta, mas sim consequência de um processo que foi constantemente construindo o conhecimento de forma sólida.
construído em três dimensões
Ao deixar o Ensino Médio rumo à vida universitária, a aluna e o aluno do Monteiro Lobato estarão preparados para dar os primeiros passos em uma jornada que vai orientá-los para uma vida profissional. Serão, certamente, grandes universitários. Mas, antes disso, para alegria das famílias que investiram na parceria com o colégio, serão grandes mulheres e grandes homens.
Ao deixar o Ensino Médio rumo à vida universitária, a aluna e o aluno do Monteiro Lobato estarão preparados para dar os primeiros passos em uma jornada que vai orientá-los para uma vida profissional. Serão, certamente, grandes universitários. Mas, antes disso, para alegria das famílias que investiram na parceria com o colégio, serão grandes mulheres e grandes homens.
três
capítulo
Um ensino em constante ebulição
Um ensino em constante ebulição
A firme crença de investir em uma prática pedagógica que considera o aluno como sujeito ativo em seu processo de aprendizagem levou o Colégio Monteiro Lobato a assumir uma postura de vanguarda no Rio Grande do Sul: desde sua origem, a instituição adotou uma proposta de ensino inovadora.
A partir do momento em que recebe os pequenos da Educação Infantil até a formatura dos jovens no Ensino Médio, a equipe do Colégio Monteiro Lobato está consciente de sua responsabilidade junto às famílias que buscam uma educação de qualidade para os filhos, o mais importante legado que será deixado pelos pais à geração seguinte.
Por isso, o compromisso do Monteiro Lobato com uma vida escolar de qualidade é estrategicamente planejado a cada período letivo, em um ritual que já dura 50 anos e é permanentemente atualizado pelas transformações impostas por um mundo em ebulição. E o mais importante: para que faça sentido para a vida do aluno na construção de seu conhecimento e em seus projetos de vida.
Educação Infantil: o tempo de aprender brincando
A Educação Infantil está na gênese do Colégio Monteiro Lobato. Foram as ativi dades do Trenzinho Alegre, em 1971, que deram origem ao irmão mais velho em 1990.
Ainda que o conteúdo das aulas nesta etapa seja reflexo da curiosidade espontânea das crianças, no Monteiro Lobato o que será apresentado e trabalhado pelos professores desde a Educação Infantil até o último ano do Ensino Médio faz parte de um planeja mento transversal que abrange diferentes áreas do conhecimento, cada uma com seus objetivos e de acordo com cada período do desenvolvimento escolar: Linguagens, Ma temática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza, aliados ao desenvolvimento de competências e habilidades socioemocionais.
Três
Tenho uma missão muito difícil. Escrever em poucas linhas sobre a importância do Colégio Monteiro Lobato na minha vida. Comecei minha jornada no Monteiro há 30 anos. Minha história se mistura com tudo que vivi e vivo neste colégio que é gigante em tudo que faz. Só quem tem o privilégio de trabalhar com educação no Monteiro sabe que ele é único, transformador e apaixonante no que diz respeito a formar pessoas. Sou uma professora e aluna ao mesmo tempo, porque aprendo ensinando todos os dias.
Larissa Gomes Cardoso
Os pequenos ingressam na Educação Infantil do Monteiro Lobato com 1 ano e saem de lá com 6, depois de passarem por cinco níveis (Pré-Maternal, Maternal 1 e Maternal 2, Nível A e Nível B), sempre acompanhados por uma professora e uma assistente de classe. O eixo norteador das atividades do dia a dia é o brincar, criado a partir da imaginação e da fantasia das crianças. À professora e à sua assistente cabe orientar essa atividade, seguindo os preceitos apresentados pelo pedagogo italiano Loris Malaguzzi, criador da abordagem Reggio Emilia, que incentiva a criança a explorar o ambiente e a utilizar todas as linguagens e modos de expressão. Nessa filosofia de ensino e aprendizagem, os pequenos são encorajados a explorar o ambiente e a se expressar usando todas as suas linguagens naturais, como palavras, movimentos, desenhos, pinturas, montagens, esculturas, teatro de sombras, colagens, dramatizações e música. Boa parte dessas atividades são desenvolvidas no Ateliê que integra o espaço da Educação Infantil, criado a partir de inspiração na abordagem Reggio Emilia. No local, as crianças lidam com diferentes expressões artísticas, como pintura, desenho, escultura e colagens, em um ambiente propício para que a criatividade de cada uma seja expressa no mundo real.
Na Educação Infantil, o brincar é fonte de investigação em um ambiente planejado e seguro para as crianças, oferecido pelo colégio. Não se trata de uma escola onde as crianças passam o tempo enquanto os pais cuidam de suas atividades domésticas ou profissionais, mas sim de um espaço em que os pequenos ocupam o próprio tempo com projetos, com suas inquietações que vão dar o rumo da atividade a ser desenvolvida com a intencionalidade pedagógica que é planejada pelo professor. A criança que brinca movida por sua curiosidade com o passar dos anos dará lugar a um adulto que investiga para saciar as inquietações surgidas por seus questionamentos de vida.
A rotina, na Educação Infantil, perpassa por diversos momentos, entre eles a contação de histórias embaixo de árvores, o momento do lanche com os colegas, a hora de desenvolver os trabalhos de artes e as rodas de conversas, entre outras situações. O processo de ensino-aprendizado permeia todos esses momentos e vai se tornando mais desafiador para os pequenos à medida que a criança cresce e está mais propensa a compreender o mundo. No momento de brincar, por exemplo, quando dois pequenos querem ser a personagem Bruxa da história, a “aula” é sobre comportamento, respeito e relacionamento, e a sugestão é de que, quem sabe, a história tenha duas bruxas? Ou que outros personagens temos nesta história e podemos representar? Na hora do lanche, a “aula” é de Matemática: o coleguinha que for colocar os pratos na mesa tem que prestar atenção, pois é preciso um prato para cada um dos amigos. Se faltou alguém, a mesa poderá ter um prato a menos. Na hora do pátio, uma pequena lagartixa apareceu. Hora da “aula” de Ciências e vão todos pesquisar que outros pequenos habitantes existem no ambiente que serve para brincadeiras. Em cada momento, é importante ouvir a hipótese de cada criança a respeito da situação e todas devem ser investigadas, aguçando a curiosidade do grupo.
das plantas
Ao ter acesso a livros e participar da Hora da Leitura, quando as professoras leem histórias para a turma, a criança começa a perceber que existe alguém que inventa uma história e alguém que a escreve. Ao verem seus nomes escritos, começam a perceber que têm o mesmo som do nome de alguns dos personagens das histórias e começam a identificar as letras responsáveis por cada um deles. Em seguida, percebem que muitos coleguinhas têm o nome começando com a mesma letra. Uns nomes têm mais letras, outros menos. Nesse momento, já estão construindo hipóteses sobre o código da língua escrita. Todos os registros dos processos de aprendizagens das crianças, na Educação Infantil, estão presentes nos portfólios individuais, contemplando as diferentes linguagens.
O último ano da Educação Infantil não é um momento de despedida, mas de preparação para que o aprendizado siga no ano seguinte, que será o primeiro ano do Ensino Fundamental. Os alunos, então, ampliam seu espaço na escola e têm contato com novos ambientes durante as atividades. Há saídas para atividades externas em praças e parques da cidade, começando um processo de incentivar a busca pela autonomia. O novo ano é apresentado como um degrau a ser alcançado, não um obstáculo a ser superado em uma trajetória continuada. O estojo de lápis, que passará a ser individual e não mais coletivo, pode ser considerado como o símbolo dessa nova história de descobertas e aprendizagens no Ensino Fundamental: cada um vai escrevê-la com suas próprias canetas.
Ensino Fundamental: o investimento na curiosidade intelectual
Os nove anos do Ensino Fundamental no Colégio Monteiro Lobato são vividos em duas etapas. Na primeira, do 1º ao 5º ano, o estudante tem uma única professora ou professor como referência na sala de aula, responsável por coordenar todo o processo em uma perspectiva interdisciplinar. Em disciplinas especializadas (Arte, Educação Física, Inglês, Espanhol e Música), o desenvolvimento das aulas é de responsabilidade de outros professores.
Nessa primeira etapa, o aluno preserva o processo lúdico da Educação Infantil, acrescido de uma maior sistematização de estudo em sala de aula, a começar pela alfabetização, que respeita as individualidades de cada criança. A escola estimula a criatividade, a imaginação e a descoberta da leitura e da escrita, experiências que ampliam a construção do conhecimento, e a inserção do estudante no mundo letrado é construída a partir do repertório de conhecimento que cada um carrega. Também se amplia o contato de modo mais formal com o mundo dos números e com o universo da literatura, produzida por diferentes autores em diferentes estilos. O momento das leituras socializadas desperta em cada um a importância de aprender a ouvir e contar uma história, por estimular a criatividade na hora de apresentar uma narração, o uso correto das palavras e a boa expressão do pensamento. A capacidade de interpretar textos e o desenvolvimento da oralidade vão se tornando mais complexos à medida que o aluno avança em sua trajetória escolar. A criança também é estimulada nessa etapa a fazer perguntas, construir hipóteses e buscar as respostas, como forma de alimentar permanentemente sua curiosidade durante as aulas. Ao pesquisar, ela se apropria de ideias que precisa para construir um ponto de vista crítico consistente sobre uma determinada questão, e não apenas repetir ideias já consolidadas por outros.
Em março de 1998, comecei minha caminhada como professor de Química no Monteiro, que introduzia no 1º ano do Ensino Médio a ciência das transformações, que possuíam variáveis como, por exemplo, a busca do conhecimento pelas inúmeras formas de pesquisa. Foi justamente aí que mudei a forma ministrar a minha aula, com a utilização de laboratório. Foram momentos indescritíveis ao presenciar a entrada dos pequeninos no laboratório, cada um escolhendo seu lugar e com os olhos brilhando de curiosidade. No momento da aula prática, a chuva de perguntas, questionamentos e uma satisfação tremenda.
Alberto Jacó Becker Professor pioneiro no Laboratório de Química e avô dos alunos Arthur e Marina
Desenvolver a empatia é outro objetivo dessa primeira etapa do Ensino Fundamental, reforçando a crença do Monteiro Lobato de que o respeito e a gentileza são os sentimentos que vão permitir a convivência saudável entre todos. Assim, em paralelo ao trabalho com o conteúdo pedagógico, o colégio desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de Habilidades Socioemocionais, procurando tratar com as crianças e as famílias emoções e sentimentos que são externados durante as atividades e são discutidos em reuniões entre famílias e escola. O acompanhamento é importante para ajudar os alunos a definirem hábitos de estudos e a resolverem conflitos entre os colegas.
Nessa etapa há, ainda, o Conselho de Classe Participativo, realizado a cada semestre com a participação dos professores e dos alunos. Na primeira parte do encontro, as crianças falam das atividades desenvolvidas, avaliam o que aprenderam e indicam o que gostariam de seguir aprendendo. Esse é um dos momentos em que se revela a importância das atividades literárias em sala de aula, pelos seus reflexos na hora de o aluno se expressar com clareza e de demonstrar o senso crítico perante o grupo, além da escuta de outros pontos de vista. Em seguida, os professores fazem a sua avaliação, discutindo os avanços e as dificuldades do grupo, visando a busca de novas estratégias que contribuirão para a continuidade do processo de ensino-aprendizagem. Por fim, os professores realizam a avaliação individual dos alunos.
O 5º ano se apresenta como uma preparação para a etapa seguinte do Ensino Fundamental, que será do 6º ao 9º ano, agora com os assuntos a serem estudados divididos por diferentes componentes curriculares, cada um sob a responsabilidade de um único professor. Os componentes curriculares são distribuídos em quatro grandes áreas de conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas.
Nessa etapa, ampliam-se as visitas aos Laboratórios para o desenvolvimento de atividades práticas e a participação em projetos interdisciplinares.
A chegada da adolescência traz o momento dos questionamentos, das cobranças e de assumir algumas responsabilidades em nome do grupo. A primeira é escolher o professor-conselheiro e, em seguida, os alunos representantes de turma, com diferentes funções: o cultural, o educacional, o do meio ambiente e o social.
As habilidades desenvolvidas até então, na primeira etapa do Ensino Fundamental, são imprescindíveis para dar conta da agenda prevista para os quatro anos, com o envolvimento dos alunos em projetos interdisciplinares, além do domínio dos conceitos discutidos em sala de aula.
A aplicação da metodologia científica é compreendida pelos estudantes como forma de protagonizar suas aprendizagens, estimular a análise de dados e textos com uma visão crítica. Após a documentação da pesquisa, também é objetivo apresentar o conhecimento construído por meio de diferentes linguagens, como a gráfica, a audiovisual e a prototipagem.
As notícias das revistas do Monteiro falam por si: ‘Formatura do Ensino Médio (2000): Diversidade cultural ou preconceito? Relações entre grupos étnicos promove debate em sala de aula; Congresso sobre préHistória: projeto de pesquisa científica norteando o trabalho em sala de aula; Mitos da criação e construção da cultura; Julgamento de Nero: trajetória de seis anos; Todas as tribos: temática da adolescência desenvolvida a partir da pesquisa...’ Ao entrar no Monteiro em 1999, já era um professor que tinha uma trajetória sólida, mas sem dúvida nenhuma o protagonismo e o espaço qualificado para criação e pesquisa foram de fundamental importância para minha vida profissional e meu desenvolvimento pessoal.
Ricardo Martinez Fortes Professor de História por
No 6º ano, há o Congresso: desvendando o cotidiano pela curiosidade (o aluno estuda e aplica a metodologia científica para explicar fatos ou vivências do seu cotidiano como pré-adolescente). No 7º, o Cidadania Digital (o aluno reflete sobre os usos das tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, reflexiva e ética a partir de uma pesquisa científica). No 8º ano, o projeto é Juventudes e Identidades: diversidade de grupos na sociedade contemporânea (o aluno pesquisa e promove visibilidade aos inúmeros grupos da sociedade contemporânea a fim de compreender os elementos fundamentais da construção das identidades dos jovens); e, no 9º ano, o Café Cultural: que arte me alimenta? (com o objetivo de promover, com o aluno, um espaço de reflexão sobre a arte ao longo dos séculos XX e XXI, a fim de valorizar a cultura por meio da produção audiovisual). Há, ainda, as saídas de campo, para estudos em espaços culturais e históricos em diferentes locais e os Intercâmbios Linguísticos e Culturais, nos quais o 6º ano vai a Curitiba, o 7º e o 8º ano viajam juntos com alternância entre os estados de Pernambuco e Minas Gerais, e o 9º voa mais longe, para a atividade do Summer Camp no Columbia International College, no Canadá.
O 9º ano do Ensino Fundamental merece uma atenção especial, pois é o momento de transição para o próximo ciclo de estudo, o Ensino Médio. Enquanto muitos familiares começam a questionar os jovens sobre “o que farão da vida”, o Monteiro Lobato atua sob uma nova perspectiva, auxiliando o jovem a de fato se conhecer e a projetar o seu futuro A escola considera prematuro que, nessa hora, o adolescente seja pressionado a construir uma história única fruto de uma decisão definitiva. Não é esse o caminho na visão do colégio. O aluno é incentivado a uma imersão acadêmica nas áreas do conhecimento com que mais se identifica e a refletir sobre cada conteúdo, a partir da proposta do Projeto Mochileiro, que propõe fazer uma “viagem” na busca por mais informações sobre os assuntos de sua preferência antes de tomar qualquer decisão. Nessa viagem, os alunos têm o destino final conhecido com a chegada ao Ensino Médio, mas com a possibilidade de traçarem caminhos diferentes antes de chegarem a esse destino. É o momento, por exemplo, de rodas de conversas com jovens profissionais de áreas de interesse dos estudantes, de diálogos com seus professores em um resgate de suas trajetórias escolares.
No final do 9º ano, em vez da tradicional festa de formatura, a escola propõe uma noite especial para que os alunos celebrem o Encerramento do Ensino Fundamental II com as famílias e professores. A atividade marca, simbolicamente, a despedida do Ensino Fundamental e a passagem para o próximo desafio: o Ensino Médio.
Ensino Médio – a construção do mundo
A nova fase escolar no Colégio Monteiro Lobato reserva mudanças não apenas pedagógicas aos jovens que chegam ao 1º ano em torno dos 16 anos e se formam com 18, exatamente na fase da vida marcada pelo início das transformações físicas e emocionais rumo à idade adulta. A primeira percepção dos alunos é de que há uma mudança no relacionamento com os professores e com o colégio: crescem a autonomia e a liberdade no agir, que deve ser exercida com responsabilidade. A segunda percepção é que suas atitudes passam a inspirar os alunos menores.
O colégio está preparado para os questionamentos naturais desse momento da vida, quando o jovem imagina já saber tudo no alto dos seus 16 anos de existência. O papel dos professores, como mediadores, será de estreitar a parceria e mostrar os motivos para investir no estudo e construírem, juntos, um futuro.
Desde 2022, com a reestruturação do Ensino Médio no Brasil, o Monteiro Lobato agregou as matérias em cinco itinerários informativos, formando um currículo interdisciplinar organizado em áreas do conhecimento com o objetivo de desenvolver diferentes competências e a construção de projetos de intervenção social e ambiental. São eles:
Interlocução Cultural, Mídia e Processos Criativos: a proposta é desenvolver a capacidade de argumentação e o posicionamento crítico. Agrega os conteúdos de Língua Portuguesa, Educação Física, Literatura e línguas estrangeiras.
Sustentabilidade e Economia: a proposta é, por meio de experiências práticas, desenvolver pesquisas e produzir tecnologia que ajude na sustentabilidade do planeta. Agrega os conteúdos de Química, Biologia, Física e Matemática.
Contemporaneidade - Tensões e Perspectivas Globais: estuda e propõe estratégias de mediação e intervenção para problemas de natureza social, cultural e ambiental em um contexto local e também global. Agrega os conteúdos de Filosofia, Geografia, História, Sociologia e línguas estrangeiras.
Aprofundamento Acadêmico para o Futuro: aprofunda o conhecimento acadêmico em diferentes áreas para superar fragilidades e reconhecer potencialidades, buscando incentivar o empreendedorismo. Agrega os conteúdos de Matemática, Geografia, Química, História, Física e Biologia.
Projetos de Vida: incentiva a aprendizagem colaborativa a partir de vivências com o mundo profissional, buscando preparar o jovem para inserção no mercado de trabalho.
Durante os três anos, o Ensino Médio do Monteiro Lobato propõe aos seus alunos aprofundar o conhecimento sociocientífico por meio da interlocução entre os diferentes componentes curriculares e a compreensão do conhecimento como um bem único, não fragmentado. As atividades preparam o jovem para o ingresso no Ensino Superior e a inserção no mercado do trabalho sustentado por um espírito crítico, autonomia intelectual e respeito à ética. Ao encerrar a festa de formatura, nos últimos dias do Ensino Médio, o aluno está preparado para construir o mundo mais importante de todos: o seu mundo.
Já são 27 anos na escola, começando lá no Trenzinho Alegre. Vivi Monteiros diferentes à medida que assumia novos papéis e que o próprio colégio ia se reinventando. Lembro de cada mudança e de ver a escola crescer junto comigo. Fui/sou cuidada e nutrida por cada professor, colega e funcionário que me transformaram na pessoa e na profissional que sou hoje. O Monteiro me ensinou que a vida é uma constante metamorfose e que os desafios devem ser encarados como grandes oportunidades. Aqui aprendi na prática que o afeto move montanhas e que uma mente aberta nunca vai deixar de aprender e de (se) surpreender.
Marina Sanfelice Valenzuela
Professora de Física e responsável pelos clubes de Astronomia e Física
capítulo
quatro
Monteiro High School –desafios além das fronteiras
O Monteiro High School é uma parceria pioneira no Rio Grande do Sul, que começou em 2014, firmada com o Columbia International College, estabelecimento de ensino situado em Hamilton, no Canadá. Com a união dos dois estabelecimentos de ensino situados nos extremos das Américas, o Monteiro passou a oferecer a seus alunos do Ensino Médio a opção de cursarem, em paralelo com a grade de ensino brasileira, o currículo canadense. A diferença essencial do Monteiro High School para as demais propostas de educação internacional é o currículo compartilhado entre as duas instituições de ensino.
As aulas são ministradas durante três semestres por professores do Columbia, via plataforma on-line, acompanhadas por professor tutor, presencial, na escola. Após a conclusão desse período de formação no Brasil, o estudante opta entre três diferentes certificações, conforme o tempo que deseja permanecer no Canadá.
O Programa Monteiro High School oferece três tipos de certificação acadêmica:
• Distinction (três semestres de aulas on-line)
• Full Connection (três semestres de aulas on-line mais quatro meses de aulas presenciais no Canadá)
• Full Connection + (três semestres de aulas on-line mais seis meses de aulas presenciais no Canadá)
Para os alunos e suas famílias, fazer parte do Monteiro High School é ter a oportunidade de conquistar um currículo internacional, vivenciar a rotina na maior escola particular do Canadá e enfrentar os desafios do Ensino Superior além da fronteira nacional.
A partir da implantação do Novo Ensino Médio brasileiro, o Programa Monteiro High School passou a compor a grade dos Itinerários Formativos, configurando mais uma opção para os alunos que desejam ampliar os seus estudos, vivenciar um ambiente multicultural e lançar-se a novos desafios!
cinco
Eventos: o envolvimento da comunidade escolar
Desde a sua fase de educação infantil, ainda no Trenzinho Alegre, a proposta sempre foi envolver os alunos, os professores, as famílias, a comunidade escolar em atividades que vão além do conteúdo acadêmico, promovendo experiências interativas, colaborativas e integradoras. Assim, como parte do calendário anual do Colégio Monteiro Lobato encontram-se os eventos institucionais.
Semana Literária
O envolvimento com a criação e a disseminação de histórias e o valor da literatura na formação humana acompanham os alunos desde a Educação Infantil, com a narração das histórias infantis, passando pelo Ensino Fundamental, com a consciência textual a partir da leitura de diferentes gêneros, e chegando ao Ensino Médio, com a análise dos estilos dos autores, também envolvendo as línguas estrangeiras, na reflexão com as questões universais.
A Semana Literária é o momento em que os alunos têm a oportunidade de apresentar vivências e atividades que são trabalhadas nos diferentes níveis de ensino. Histórias contadas na Educação Infantil são compartilhadas entre as turmas dos pequenos, por meio de um teatro encenado pelos educadores ou por colegas de outras etapas de ensino. Papos com escritores e ilustradores? Sim, também acontecem, mas um dos destaques desta semana é o momento em que pais ou avós juntam-se aos pequenos ouvintes para contar histórias.
Pequenos e grandes leitores são envolvidos neste clima de uma típica festa literária, celebrando a literatura, envolvendo múltiplas linguagens, como o cinema, a oralidade, a expressão corporal e outras apresentadas na forma de contação de histórias, teatro, cobertura jornalística, sarau literário, produção textual.
Se hoje a Semana Literária já está consagrada e esperada pela comunidade escolar, é importante lembrar que a própria escolha do nome da escola, em 1990, passou por uma inspiração literária –o escritor Monteiro Lobato – e o quanto as histórias sempre fizeram parte da família Lobato. O colégio invariavelmente respirou literatura, e a comunidade compreende que os pequenos-grandes leitores buscam os livros no momento em que vivenciam e sentem a magia da literatura.
Eventos: o envolvimento da comunidade escolar
O Monteiro Lobato representa para nossa família uma etapa fundamental da vida. Foi lá que nossos três filhos iniciaram suas vidas escolares e só saíram para a vida universitária. Tiveram seu desenvolvimento educacional e cultural apoiado por competentes e dedicados professores, construíram sólidas amizades e viveram momentos inesquecíveis e enriquecedores. Foram 15 anos nos quais a escola foi nosso segundo lar e que ficarão guardados eternamente em nossas lembranças e corações. Obrigado, Monteiro!!!
Mauro e Martha Fischer Araújo Santos
Pais dos alunos Ana, Antônia e João
Tendas para roda de conversa, releituras de livros e apresentações em linguagem teatral, personagens consagrados da literatura como estátuas vivas no pátio da escola, professores de diferentes áreas compartilhando leituras com seus estudantes, piquenique literário. A cada ano, a temática da Semana Literária é pensada pela equipe do Monteiro Lobato e, nesse instante, é como se ocorresse o resgate das velhas e promissoras conversas de Francisco e Eloah com seus filhos: pensar, criar e agir com responsabilidade.
O convite a seguir deixa clara a participação e o envolvimento da comunidade escolar nesta semana: Prezados familiares, os alunos do 6º ano convidam vocês a voltar no tempo, tempo em que vocês tinham a idade de seus filhos. A partir das perguntas propostas, procurem lembrar das leituras realizadas no período escolar em que vocês estavam no 6º ano (5ª série). Participem, compartilhando bons momentos de sua trajetória escolar!
Monteiro HUB ou Monteiro Mostra
É o grande momento de os alunos e professores apresentarem à comunidade escolar os trabalhos que desenvolveram ao longo das aulas e mostrar como o conhecimento é construído de forma única e diferenciada no Monteiro. O evento é de fato ímpar, pois explora as diferentes áreas, desde a preparação dos materiais, passando pela formalização das pesquisas e chegando às propostas de interação com o público.
As experiências práticas realizadas em laboratórios, como o de Biologia e o de Física, ou nas salas de aula ganham a audiência do grande público. A cada ano, uma nova temática é o fio condutor que, interdisciplinarmente, organiza os projetos que são apresentados à comunidade.
Novamente, esse relato poderia começar com “Era uma vez”... Sim. Era uma vez uma Feira de Atividades do Colégio Monteiro Lobato em que professores separavam os trabalhos desenvolvidos pelos alunos e organizavam uma exposição em grandes painéis expostos para apreciação da comunidade escolar. Os inquietos estudantes eram convidados a participar e ficavam à frente dessa exposição, colaborando com relatos sobre as atividades. Aos poucos, o Monteiro viu que essa modalidade já não era suficiente. Não refletia o quanto de construção de conhecimento ocorria em sala de aula. A escola estava, justamente, na virada para o que veio a se chamar de Monteiro Mostra: a apresentação, além dos resultados, de todo o processo anterior, ou seja, das aprendizagens desenvolvidas nas diferentes áreas do conhecimento, propondo, ainda, a interação do público por meio de oficinas e workshops.
Grupo participante da Atividade Solidária dos Jogos do Monteiro 2019
Empreendedorismo
Social para Escola Estadual Bahia Clube de Astronomia
Jogos do Monteiro
O Colégio Monteiro Lobato acredita que a construção do conhecimento é um processo alicerçado na interação do sujeito com o meio, enriquecido na relação com os demais indivíduos. Por isso, a valorização da prática esportiva e das relações interpessoais, por meio de diferentes linguagens e expressões, tem papel importante no desenvolvimento dos alunos de forma integral. Os Jogos do Monteiro são um exemplo dessa forma de pensar a educação.
A primeira edição dos Jogos do Monteiro ocorreu em 2001. O projeto foi idealizado como um evento esportivo para as comemorações dos 40 anos do Colégio Monteiro Lobato. Hoje, a semana dos Jogos faz parte do calendário e da cultura escolar. O evento agrega os alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio, que se organizam em equipes temáticas e de multi-idades. Os Jogos do Monteiro já não se restringem apenas às modalidades esportivas, contam com tarefas de conhecimentos gerais, culturais, artísticas, solidárias e desafios acadêmicos. A proposta de ampliar o espectro foi alcançar o maior número de habilidades e competências dos alunos.
O Monteiro significa para a nossa família acolhimento, alegria, empatia, compreensão, valores, desenvolvimento de habilidades e construção do conhecimento por meio da pesquisa e do diálogo. No Monteiro, nossos filhos puderam ser quem são, com suas personalidades e características específicas. Passaram pelas fases do desenvolvimento com tranquilidade e num ambiente seguro e rico em experiências que os marcaram para toda a vida. Nossos três meninos, que já saíram do Monteiro, criaram amizades e memórias eternas. E esta parceria ainda continua com nossas duas meninas que estão no colégio desde a Educação Infantil. Obrigado por tanto, Colégio Monteiro Lobato.
Ricardo e Paula Menalda
Pais dos ex-alunos Eduardo, Felipe e Henrique e das alunas Mariana e Fernanda (depoimento concedido em 2021)
Os Jogos do Monteiro nem sempre tiveram essa dimensão. No início, a disputa se dava em uma gincana que, com o passar dos anos, começou a ganhar um espírito competitivo demais para quatro irmãs que cresceram colaborando uma com a outra, e não dividindo as forças. Assim, a gincana deu lugar aos Jogos do Monteiro, que têm duração de uma semana. A partir do 1º ano do Ensino Fundamental, todas as turmas são divididas em cores que representam princípios educativos. Os estudantes ficam unidos em equipes formadas pela mescla de crianças que estão começando a vida escolar com os jovens que estão saindo dela rumo à universidade. Então, é comum os pequenos da equipe Azul, por exemplo, se sentirem “empoderados” ao passar pelo pátio e cumprimentar um jovem do Ensino Médio também “azul”. Jovem que, por sua vez, sabe que tem a responsabilidade de zelar pelas crianças que estão em sua equipe. Nessa troca, os grandes cuidam dos pequenos, e os pequenos se veem inseridos no grupo com os grandes, criando um imenso senso de comunidade.
O que começou como uma gincana entre turmas evoluiu para uma atividade focada em integração e no desenvolvimento de valores, aproximando alunos, professores e famílias dos diferentes segmentos da escola. Os Jogos do Monteiro são inovadores também ao colocar os alunos do Ensino Médio como coordenadores, com diferentes responsabilidades: coordenação esportiva, coordenação cultural, coordenação de conciliação, coordenação de dança e coordenação acadêmica.
Na semana do evento, a atmosfera da escola é outra: crianças e jovens unidos para a realização de tarefas que destacam os princípios da cooperação, da diversidade, da tolerância, do respeito, do companheirismo, da autonomia e da solidariedade. A cada edição, os Jogos do Monteiro se tornam a atividade mais aguardadas por todos. Eventos: o envolvimento da comunidade
Comecei no Monteiro em 1996. A ginástica olímpica (como era chamada na época) era uma ideia nova a ser implementada em escolas. Levamos a ideia às diretoras e fomos recebidos de braços abertos. Logo a ginástica estava lotada de alunos. E lá se foram 23 anos, cada dia uma nova experiência, às vezes uns dias mais difíceis, mas sempre me sentindo apoiada pelos profissionais, pais, alunos e amigos que conquistei nessa caminhada. Em 2019 aposentei-me, saudades sinto todos os dias, mas fica um sentimento de fazer parte de uma história de sucesso e vontade de construir um mundo melhor junto ao Monteiro e suas crianças maravilhosas.
Rosane Biedermann Mariante Professora do extraclasse de ginástica artística
Quermesse Junina
A Quermesse ocorre em um sábado letivo e é o grande momento de confraternização da comunidade escolar do Monteiro Lobato, composto pelas tradicionais brincadeiras da pescaria, bola ao cesto e túnel do terror (as preferidas das crianças), entre outras. Outras grandes atrações da festa são as danças folclóricas gaúchas apresentadas pelos alunos e as comidas típicas.
No Monteiro, a Quermesse começa bem antes do sábado marcado para a festa. O colégio vive este momento desde a reunião de pré-evento, realizada com as famílias representantes de turma, quando são compartilhado os detalhes da organização. A conversa acontece também com os estudantes representantes de turma, que junto à comissão organizadora definem quais serão as brincadeiras pelas quais serão os responsáveis e como tudo isso ocorrerá no dia da Quermesse. A comunidade escolar presente na Quermesse cresce a cada ano, pois além das famílias e dos alunos, o evento é palco de reencontro de ex-alunos.
Mas se pensarmos nos ingredientes listados acima, todos estarão presentes em uma Quermesse. Então, o que diferencia a Quermesse do Monteiro? Por que ela é, sem dúvida, o grande momento de confraternização da comunidade escolar? A resposta nos remete à história inicial desta escola, ou melhor, da família Lobato. As brincadeiras de infância, as conversas em família e a alegria presente já na primeira sede do Trenzinho são valores que aparecem na Quermesse desde a organização do espaço físico à chegada da comunidade.
seis
Os desafios de ensinar e aprender na pandemia
Os desafios de ensinar na pandemia
Nunca houve na longa história de 50 anos do Colégio Monteiro Lobato um dia como o de 18 de março de 2020.
A data exigiu uma virada de chave na operação do dia a dia do colégio, numa transformação que atingiu não apenas o prédio da 14 de Julho, mas todo o planeta. Naquele momento, um ser quase invisível era o inimigo a ser enfrentado.
No final de 2019, o mundo entrou em alerta por conta do surgimento do coronavírus Sars-Cov-2, na cidade de Wuhan, na China, causador da doença Covid-19. O mal se revelou com sintomas parecidos com o de uma gripe, mas com maior agressividade e alta taxa de contágio e, por não ter cura, mortal. Com a rápida disseminação da doença nos primeiros meses de 2020, a Organização Mundial da Saúde decretou o estado de pandemia, e os países entraram em uma crise sanitária como não ocorria desde a época da Gripe Espanhola, há 100 anos.
Para evitar a transmissão do coronavírus, que já chegara ao Rio Grande do Sul, o Governo do Estado decretou o isolamento social, interrompendo as atividades econômicas não essenciais (incluindo aí o funcionamento dos estabelecimentos de ensino) e determinando o isolamento de todas as pessoas em casa. As medidas passaram a valer em 18 de março de 2020.
A situação estabelecida foi na contramão da essência do Monteiro Lobato. Desde sua fundação, ainda como Trenzinho Alegre, a escola praticou o caminho inverso, ou seja, que pais, professores, famílias e comunidade escolar transformassem o colégio no centro de encontros e de reuniões, em um palco onde desfilassem e fossem partilhados o conhecimento e as boas práticas da vida comunitária. O que o governo determinou foi exatamente o contrário disso: a necessária frieza do isolamento.
Entendendo a gravidade do momento, a direção do Monteiro Lobato resolveu que continuaria unida com os alunos e suas famílias, sem abrir mão do “ajuntamento” (palavra que passou a ser malvista por todos) que sempre esteve na essência da atuação do colégio. Só que o palco seria outro: com suas portas fechadas e suas salas e corredores que antes estavam sempre cheios de vida agora vazios, o Monteiro Lobato decidiu ir para dentro da casa das famílias, no formato virtual. Estariam separados, como determinou o governo, mas unidos, como sempre mandou a tradição do Monteiro.
O Colégio Monteiro Lobato representa, para a nossa família, um grande parceiro para o nosso maior projeto de vida: a formação de dois seres humanos éticos, afetivos, curiosos e criativos. É um ambiente que as crianças adoram, sentem-se acolhidas, respeitadas e estimuladas. Um lugar onde o amor pelo estudo está sendo desenvolvido com prazer.
Filipe Corbetta Antunes da Cunha Aluno do Trenzinho Alegre e pai dos alunos Carmela e Ramiro
Nesse momento, foi de extrema importância a cultura digital implantada no colégio em 2015, com o projeto Smart Class, que possibilitou aos alunos o estudo com o uso da tecnologia e o acesso à internet. Uma vez instalados nas salas de suas casas, os alunos passaram a usar essa conexão para se manterem em contato com os professores e suas tarefas pedagógicas.
Tudo planejado com muito cuidado
Em um detalhado plano pedagógico apresentado ao Conselho Estadual de Educação, o colégio informou como as atividades seriam desenvolvidas a partir do início do isolamento social:
“As aulas serão ministradas através de recursos tecnológicos, utilizando a Plataforma Google For Education, implantada em 2020, que possibilita criar espaços digitais de ensino. Nessa plataforma, os professores terão salas de aulas virtuais (Google Classroom) nas quais atividades, mensagens, links, vídeos, entre outros materiais pertinentes ao seu nível de ensino, serão postados. Além dessas modalidades, haverá a sistematização das aprendizagens através de lives e videoaulas. A discriminação do meio de comunicação utilizado para a interação com os estudantes será por meio do planejamento individual do professor”.
O documento também fez um alerta: “É importante destacar que o Colégio Monteiro Lobato, antecedendo o decreto, já havia assumido o compromisso com a saúde e com o bem-estar da sua comunidade escolar com a criação de uma comissão multidisciplinar com a proposta de pensar e executar ações preventivas no ambiente escolar, além de manter os profissionais da escola e as famílias informados acerca deste novo cenário”.
Na sequência, o plano apresentado ao Conselho Estadual de Educação detalhou como seriam as atividades com os pequenos da Educação Infantil, com as crianças do Ensino Fundamental e com os jovens do Ensino Médio. Ele procurou manter
a sistemática da sala de aula: horários fixos para a discussão de conteúdo entre a turma e os professores e muitas lives para tirar dúvidas sobre as matérias. Para os alunos do 3º ano do Ensino Médio, foram acrescidos horários de revisão e simulados on-line como preparação para os vestibulares e o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
Três semanas depois do 18 de março, as aulas fluíram normalmente no Monteiro Lobato, seguindo o plano estabelecido pela direção. Todos aprenderam a se relacionar no novo ambiente e a encontrar novas maneiras de se envolver com o conhecimento. As aulas exigiram dos alunos e professores um foco maior na qualidade do conteúdo apresentado. Alguns indicadores mostraram que, num ano em que era para dar tudo errado, muitos resultados positivos foram obtidos. Em agosto, por exemplo, as crianças do 1º ano do Ensino Fundamental estavam alfabetizadas.
E no ritmo do ensino on-line, o ano de 2020 chegou ao seu final. Então, um novo desafio surgiu pela frente: a volta dos alunos e professores à sala de aula.
O dia mais feliz de uma vida de 6 anos
A direção entendeu que o ponto central da volta às atividades presenciais de alunos e professores era a questão do distanciamento, que impedia a propagação do coronavírus (além do uso da máscara e do álcool em gel para eliminar o microscópico inimigo).
Ainda em outubro de 2020, houve o regresso de um pequeno grupo de alunos para o ensino presencial, em um modelo híbrido que revezava turmas nas salas da 14 de Julho e turmas em casa. O colégio, no entanto, se preparou para o funcionamento integral de turmas presenciais a partir do ano letivo de 2021, que começou em fevereiro. Em reportagem publicada por Zero Hora no dia 17 de fevereiro, a pequena Valentina Oliveira Rother, de 6 anos, definiu a sensação de voltar a conviver com colegas e professores:
– É o dia mais feliz da minha vida de 6 anos.
Máscaras e distanciamento para proteger a saúde
Para dar segurança sanitária à Valentina e seus colegas, a direção do Monteiro Lobato trabalhou muito entre o final do ano letivo de 2020 no sistema a distância e o início do ano letivo de 2021 de forma presencial. O objetivo era que todos pudessem voltar às aulas e à convivência simultaneamente, sem um rodízio entre as turmas. Assim, todo o espaço físico da escola foi reestruturado em 43 dias de obras para garantir um maior espaçamento entre os alunos nas salas de aula. Paredes foram derrubadas e áreas de estudos ampliadas, e, em pouco tempo, 24 salas viraram 12. Os espaços dedicados às atividades especializadas, como laboratórios de Ciências e áreas da cultura, foram transformados em salas de aula. Até mesmo o Monteiro Open, que fica em frente ao prédio do colégio e sempre se caracterizou por ser uma área de atividades extraclasse, ganhou cara nova e passou a conviver com a presença de alunos e professores para atividades pedagógicas. Junto às famílias, o colégio trabalhou a necessidade de todos respeitarem as normas de segurança sanitária, pois em uma convivência comunitária a ação de um deve sempre respeitar o direito de todos. Todo o esforço da direção foi reconhecido pelo jornal Zero Hora, que mostrou na capa da edição de 17 de fevereiro o preparo, a inovação e a consistência do plano apresentado pela escola para receber as turmas.
Depois de um ano em que muita coisa poderia ter dado errado para o colégio, e que se revelou como uma noite escura na trajetória da humanidade, a vida e o conhecimento voltaram a radiar nos corredores do Monteiro Lobato – evidentemente, usando máscara e passando muito álcool em gel nas mãos.
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O futuro em quatro partes
O futuro do Colégio Monteiro Lobato começou a ser traçado em 2010, quando a escola preparava as celebrações dos seus 40 anos. Longe da agitada rotina das salas de aula, as famílias de Lena, Nara, Vera e Lica, as quatro irmãs que sempre estiveram no comando do Trenzinho Alegre e depois do Monteiro Lobato, passaram a pautar as reuniões familiares com debates sobre a continuidade do negócio educacional que estava sob sua responsabilidade já havia quatro décadas. Nesse momento, os integrantes da segunda geração das Lobato – Adriana, Ana, Daniela e Frederico –, depois de serem alunos das duas instituições, construíram carreiras e atuaram em diferentes áreas e funções no Monteiro, e não havia dúvidas entre as famílias de que os quatro seriam os responsáveis por construir o futuro do colégio.
O que os Lobato precisavam, então, era de uma assessoria técnica para que essa sucessão fosse formalizada não como uma tradicional passagem de bastão de mães para filhos, mas de sócias para novos sócios. Uma empresa especializada em sucessão traçou um planejamento em que estava prevista a passagem das quatro irmãs para um colegiado com funções mais estratégicas, cabendo à nova geração (chamada de G2) assumir a operação do Monteiro.
A proposta nesse momento foi importante para criar a consciência de que o processo sucessório formal era fundamental para criar critérios e organizar parâmetros na formação de uma cultura empresarial, sem, e isso sempre ficou claro entre as famílias, perder a essência do Monteiro, que é o fomento de um conhecimento transformador alinhado às boas práticas da convivência social. As reuniões de família se seguiram, a sucessão sempre esteve no debate central, e a ideia foi amadurecendo com o passar dos anos. Um dos eixos-chave da discussão era que os integrantes do G2 precisariam
estar tecnicamente preparados para assumir as novas funções, e não apenas herdá-las por pertencerem à família. Ficou evidente para todos que, nos novos tempos, não mais o negócio se adaptaria à família, mas o contrário: a família precisava se adaptar aos desafios da profissionalização para encarar um mundo em constante transformação. Assim, os quatro G2 passaram a ter um processo de acompanhamento e desenvolvimento individual.
O novo formato da gestão do Monteiro Lobato, elaborado com o auxílio de uma consultoria externa, surge de uma necessidade operacional natural no mercado educacional, mas também respeita o trabalho realizado pelas fundadoras há 50 anos. Nesse formato, é criado o Conselho Consultivo, composto por Lena, Nara, Vera e Lica, com a responsabilidade de enxergar o futuro de maneira mais estratégica. Ligado a ele está o Colegiado Executivo, dividido em quatro áreas operacionais que serão comandadas pelo G2: a estrutura física e administrativa, sob responsabilidade de Adriana; a tecnologia e inovação, com Frederico; o desenvolvimento de pessoas, com Daniela; e a pedagógica, com Ana.
O futuro do corpo
O desafio da arquiteta Adriana Lobato de Almeida é criar e implantar o plano diretor do Monteiro Lobato. Desde sua fundação, em 1990, a estrutura física do colégio foi crescendo respeitando a lógica do aumento das turmas, e não de um planejamento estrutural.
Por mais adequados que sejam os espaços no presente, o futuro trará uma unificação de toda a estrutura física, com a imposição que tenha uma lógica pedagógica e aconchegante e dê ao aluno a sensação de que está realizando suas atividades em casa. Esse novo formato está sendo elaborado com a ajuda de um escritório especializado.
A questão do espaço físico também ganhou uma nova dimensão com a pandemia, quando parte da operação das salas de aula foi transferida para dentro das casas dos estudantes. Agora, em 2022, no retorno dos alunos e professores, é preciso entender que talvez o futuro exija um novo formato do espaço físico, contemplando alternativas digitais e modelos híbridos no momento de se estabelecerem as convivências. O Monteiro Lobato precisará estar atento às tendências nessa área que foram deixadas pela pandemia, assim como precisará a todo momento incorporar ao seu dia a dia as melhores técnicas de gestão administrativa e financeira, compatíveis com os desafios de processos educacionais cada vez mais complexos.
O futuro das conexões
Frederico Lobato Arend foi durante muitos anos o braço direito de Lena na administração do Monteiro Lobato e agora terá a responsabilidade de cuidar da tecnologia e inovação. Quando a pandemia se instalou e mandou todos para casa, ficou claro para a direção que a partir daquele instante o sucesso da atuação do colégio estava ligado a sua capacidade de operar em uma rede digital, algo que será cada vez mais intenso no futuro.
O desafio que está posto será o da criação de um espírito digital e de inovação permeando todas as áreas da escola. O sistema precisará dar respaldo não apenas para as questões pedagógicas, mas também administrativas, financeiras e de recursos humanos, tornando a gestão do colégio cada vez mais ágil. Também deverá estar preparado para operar não apenas nas atividades no prédio da 14 de julho, mas com extensão para as casas dos alunos, onde parte das tarefas serão realizadas. O setor ou as pessoas que não estiverem alfabetizadas digitalmente ficarão isolados no futuro, um cenário que por sua filosofia inclusiva jamais será aceito pelo Monteiro Lobato.
O principal desafio digital está na área pedagógica, pois uma aula transmitida ao vivo requer novos elementos didáticos além da tradicional apresentação feita em sala de aula. Será necessário encontrar o equipamento e a linguagem adequados para cada momento (ao vivo e digital), de modo que façam sentido no mundo do aluno. Tam bém por sua relevância, a programação digital deverá virar matéria de sala de aula: dominar tecnicamente o assunto, ou pelo menos ter noções básicas, é tão importante em um mundo digital quanto foi há alguns anos o domínio do inglês no processo de globalização do mundo.
O futuro das relações
A psicóloga e psicanalista Daniela Lobato de Almeida terá a tarefa de preparar e administrar o futuro das pessoas do Monteiro Lobato: são professores, assistentes e funcionários que se envolvem no dia a dia de diferentes áreas, dos que são responsáveis pela limpeza e segurança aos que cuidam da administração financeira; dos estagiários da Educação Infantil aos coordenadores pedagógicos.
Ainda que mirando o futuro, os desafios dos recursos humanos vão buscar inspiração no passado de desenvolvimento de pessoas do Monteiro Lobato. Algumas características no perfil do profissional a ser encontrado não mudarão. É preciso ter afetividade, a empatia nas relações, buscar o constante aperfeiçoamento e estar sempre disposto a ampliar o conhecimento. Será alguém que não se considere pronto, mas em uma trajetória de constante evolução em direção à permanente qualificação.
Ao mesmo tempo, precisará entender que a exigência do público é cada vez mais complexa e precisa ser atendida com excelência. Para isso, é essencial saber trabalhar em equipe, alinhado com a direção na busca de soluções conjuntas, oferecendo clareza na comunicação e qualidade no contato ao se relacionar com os estudantes e suas famílias. O desafio da área de recursos humanos não será o de apenas dar condições de trabalho para todos, mas de criar um ambiente para fluir as relações humanas e suas trocas de experiências em direção aos melhores resultados possíveis.
O futuro da alma
Caberá à psicóloga Ana Lobato Índio da Costa fazer a gestão do coração do Colégio Monteiro Lobato: a área pedagógica, como diretora educacional.
O futuro será impulsionado pela história do colégio, pelos seus princípios, pelo seu DNA de colocar o aluno no centro da busca pelo conhecimento como a essência de uma educação transformadora. O desafio será buscar novas maneiras e técnicas de seguir provocando a curiosidade no aluno para que ele permaneça como o protagonista do processo.
A escola planeja seguir com cerca de mil alunos e 160 professores e funcionários, em um modelo de gestão pedagogicamente consistente e financeiramente sustentável, em um cenário que permita oferecer um ensino personalizado. Os conhecimentos serão cada vez mais interdisciplinares, com os assuntos permeando diferentes temas, em sintonia com a tendência de que um assunto da vida real seja discutido sob diferentes pontos de vista pelas inúmeras possibilidades das conexões digitais que estão ao alcance de todos.
O Monteiro Lobato também já conta com o novo Ensino Médio, que passou a valer no Brasil a partir de 2022 e apresenta uma divisão em quatro áreas de conhecimento: Matemática e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Essa separação em grandes áreas já era praticada pelo Monteiro e agora foi acrescida da internacionalização do currículo com o uso da metodologia CLIL (Content and Language Integrated Learning, ou o ensino de idiomas integrado). Nesse método, os estudantes desenvolvem suas atividades sempre em contato com a língua inglesa, tornando o aprendizado do idioma uma rotina nas atividades de classe.
O futuro pedagógico trará novas ferramentas no processo do ensino-aprendizado, mas seguirá com a crença de que as potencialidades são do aluno e deve fazer parte dessa jornada o seu desejo de aprender – o aprendizado se dá quando os dois se encontram.
O Colégio Monteiro Lobato sempre será esse elo. Foi no passado do Trenzinho Ale-
As quatro fundadoras do Colégio Monteiro Lobato:
EXPEDIENTE
Criação e Execução: Entrelinhas Conteúdo & Forma
www.entrelinhas.inf.br
Concepção Editorial e Edição: Milene Leal
Pesquisa, Reportagem, Redação: Alexandre Bach
Projeto Gráfico e Design Editorial: Carolina Fillmann
Coordenação do Projeto no Colégio Monteiro Lobato: Departamento de Comunicação
Fotografia: Acervo do Colégio Monteiro Lobato
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Tiragem: 500 exemplares
Impressão: Gráfica Comunicação Impressa