Ano 12 N0 86 R$ 7,90
RECEITAS O AZEITE DE OLIVA COMO SEGREDO E PROTAGONISTA
CANADÁ CENÁRIOS DE CINEMA NAS MONTANHAS ROCHOSAS
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ruby chocolate
A cor é surpreendente, o sabor mais ainda. Conheça a nova grande estrela mundial da chocolateria 04/04/2019 10:41:20
TUDO NOS MĂ XIMOS DETALHES.
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Perspectiva ilustrada da fachada
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Perspectiva ilustrada da quadra de tênis
As unidades apenas serão comercializadas após o registro do competente Memorial de Incorporação no respectivo Cartório de Registro de Imóveis. As condições de pagamento e reajuste apenas estarão disponíveis nos plantões de vendas participantes após o início da comercialização. Projeto em aprovação e sujeito a alterações de acordo com o Memorial Descritivo do empreendimento. As imagens ilustrativas deste material apresentam sugestão de decoração. Os móveis e utensílios são de dimensões comerciais e não fazem parte do contrato de compra e venda do imóvel. Projeto arquitetônico e de decoração de interiores: Roseli Melnick Arquitetura & Interiores SS, CAU A12427-3. Projeto paisagístico: Tellini Vontobel Arquitetura de Exterior, CAU A18370-5. Todas as imagens são ilustrativas.
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Milene Leal milene@entrelinhas.inf.br
EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Bete Duarte, Beto Conte, Milene Leal, Taciane Corrêa REVISÃO Flávio Dotti Cesa DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade ILUSTRAÇÕES Moa FOTOGRAFIA Letícia Remião, Beto Conte, Ana Carolina Bolsson, Fernando Bueno COLUNISTAS Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Cris Berger, Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Tetê Pacheco
EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS) COMERCIALIZAÇÃO Carlos Eduardo Moi (eduardo@entrelinhas.inf.br) fones: 51 3026.2700 e 3024.0094 A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Entrelinhas Conteúdo & Forma, sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.
TIRAGEM 20.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Cromo
ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Cel. Bordini, 675, cj. 301 Porto Alegre I RS I Brasil I 90440 000 51 3026.2700 www.entrelinhas.inf.br
Ano 12 N0 86 R$ 7,90
RECEITAS O AZEITE DE OLIVA COMO SEGREDO E PROTAGONISTA
CANADÁ CENÁRIOS DE CINEMA NAS MONTANHAS ROCHOSAS
ruby chocolate
A cor é surpreendente, o sabor mais ainda. Conheça a nova grande estrela mundial da chocolateria
FOTO: LETÍCIA REMIÃO
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ROSA CHOCOLATE Enquanto a gente sonha com um mundo cor de rosa (quem nunca?), aquele que todos sabemos que só existe mesmo em sonhos, que tal degustar um maravilhoso chocolate cor de rosa? Sim, isso existe! E não, não é resultado da aplicação de corantes! O lindo e delicioso chocolate Ruby, mais nova estrela da gastronomia mundial, é cor de rosa por natureza. E, além de uma textura macia e aveludada, tem um delicado e surpreendente sabor frutal. Nesta edição, a Estilo Zaffari apresenta a seus leitores essa novidade incrível, e mais: receitas criadas pelo chef chocolatier Cassio Cevallos tendo como base o Ruby. Tudo lindo, lindo. lindo. A arte de Cassio Cevallos no chocolate foi fotografada com maestria pela nossa especialista em coisas boas, Letícia Remião. Você vai se encantar, com certeza. Seguindo adiante na revista, vamos falar de outras coisas bonitas e saborosas: as Montanhas Rochosas do Canadá, por Beto Conte; receitas exclusivas do restaurante Seasons, de Porto Alegre, que têm no azeite o seu ingrediente mais importante; uma reportagem sobre a nova Orla do Guaíba, com texto e fotos assinados pela jornalista Ana Carolina Bolsson. E para fechar a edição com chave de ouro, muita cor e muita arte, um ensaio com fotos belíssimas dos grafites do bairro Bushwick, em New York, resultado do olhar atento, desbravador e talentoso do fotógrafo Fernando Bueno. Isso sem falar nos textos sempre gostosos de ler que os colunistas da Estilo Zaffari produzem e que chegam até você acompanhados das ilustrações sensíveis e criativas do nosso querido Moa. Puro luxo, luxo da mais autêntica espécie. Boa leitura! OS EDITORES
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Cesta Básica
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Coluna Humanas Criaturas
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Coluna Vida
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Coluna Sampa
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O Sabor e o Saber
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Estilo: Orla do Guaíba
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Coluna Equilíbrio
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Coluna Palavra
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Ruby, um chocolate naturalmente cor-de-rosa, lindo e delicioso
28 Ouro Líquido: o azeite de oliva, 04/04/2019 10:44:32
Cenรกrios deslumbrantes nas Montanhas Rochosas Canadenses
O bairro de Bushwick, em New York, e seus grafites multicoloridos
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seus segredos e sabores 06e07_EstiloZaffari86.pdf 2
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Cesta básica
NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, MODA, LITERATURA, ARTE, LUGARES, VIAGENS, OBJETOS ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!
COZINHA AFETIVA EM PINHEIROS Instalado no coração do bairro Pinheiros, Da Feira ao Baile é um misto de café, doceria e restaurante, com espaço para aulas de culinária e eventos. Além dos irresistíveis bolos e tortas salgadas que compõem sua vitrine, a grande novidade é o waffle de pão de queijo, que tem cinco opções de acompanhamentos: requeijão, mel, geleia de framboesa, doce de leite ou Nutella. Uma delícia para degustar junto com o cafezinho, a qualquer hora do dia. Segundo a chef Roberta Julião, que trabalha com o conceito de cozinha afetiva, muitas das delícias produzidas remetem à infância, mas com um toque atual. E o melhor é que elas podem ser desfrutadas no ambiente clean e aconchegante do Da Feira ao Baile. Na hora do almoço, a casa oferece diversas opções leves, como quiches, saladas e massas que variam diariamente. DA FEIRA AO BAILE RUA MATEUS GROU, 80 I PINHEIROS I SÃO PAULO
P O R
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C O R R Ê A
D I V U LG A Ç Ã O
11 3062.0450 WWW.DAFEIRAAOBAILE.COM.BR
FORMAS GEOMÉTRICAS ELEGANTES
O designer Ronald Sasson alia criatividade à versatilidade e busca na arte contemporânea inspiração para criar objetos únicos. A nova coleção de fruteiras e centros de mesa criados para a marca Riva apresenta linhas geométricas e sinuosas que formam uma composição visualmente impactante e equilibrada. Os seis produtos desenvolvidos por Sasson são feitos em materiais nobres, como se fossem verdadeiras joias para a decoração da casa. Sasson resume assim o conceito da coleção: “O uso da geometria simples com formas sinuosas, empregando apenas um elemento por peça, reflete força aos detalhes, dando vida à cena, que se torna original”. DESIGNER RONALD SASSON PARA RIVA WWW.ESTUDIORONALDSASSON.COM.BR I WWW.RIVA.COM.BR @RONALD_SASSON_ I @RIVAOFICIAL
SOFÁ COM DESIGN FLUIDO Após o sucesso da poltrona Mistral, chega ao mercado o sofá da mesma coleção, com design de linhas contínuas, suaves e leves. O desenho fluido das dunas de areia moldadas ao vento serviu de inspiração para a criação da Coleção Mistral, assinada pelo designer catarinense Bruno Faucz. Segundo Faucz, “o mais fantástico no design é buscar o intangível, o sentimento, os desejos e as necessidades das pessoas, e conseguir transformar isso em algo palpável, que em algum momento trará benefício a alguém, seja material, físico ou emocional”. COLEÇÃO MISTRAL WWW.SACCARO.COM.BR
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CAPINCHO BAR E RESTAURANTE Depois de uma boa espera – afinal, foram mais de seis meses de reforma –, o Capincho Bar e Restaurante abriu suas portas. O novo espaço de Marcelo Schambeck, Fred Muller e Flavia Mu reforça o potencial criativo do 4º Distrito, região de Porto Alegre que deve despontar nos próximos anos. O bar traz a ideia de comida sulista: um encontro entre Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina nos pratos e nos drinks. Não deixe de provar a milanesa com burrata e molho de tomate e o croquete de cordeiro com maionese de limão.
Além disso, o Capincho oferece vinhos e espumantes especiais e cervejas descoladas, com destaque para as latinhas da Narcose, cervejaria cool do litoral. O ambiente combina o industrial, que é característica do bairro São Geraldo, com toques delicados presentes nas enormes fotografias de Alexandre Raupp que decoram as paredes e nas muitas plantas suspensas. Em breve, o Capincho servirá também almoços aos sábados e aos domingos e terá jantares especiais. Acompanhe as novidades nas redes sociais.
CAPINCHO BAR E RESTAURANTE AVENIDA SÃO PAULO, 901 I SÃO GERALDO I PORTO ALEGRE I RS FUNCIONAMENTO: DE QUINTA A SÁBADO, DAS 18H ÀS 23H WWW.INSTAGRAM.COM/CAPINCHOBAR
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TURNO INTEGRAL
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Oferece um currículo que visa o desenvolvimento global da criança através de atividades variadas e aulas especializadas em um espaço diferenciado e lúdico como extensão do turno regular.
Educação Infantil
O trabalho desse segmento se propõe a desenvolver as áreas socioafetivas, cognitivas e psicomotoras das crianças. Considera as etapas do desenvolvimento infantil, propondo XP WUDEDOKR GHVDͤDGRU HP XP ambiente lúdico e afetivo, onde os alunos possam experienciar e desenvolver a socialização, a autonomia, a descentração, a criatividade para a construção dos conhecimentos.
Estilo 3328.5035. Zaffari 11 Agende uma visita pelo site www.colegiomonteirolobato.com.br/matriculas ou pelo fone (51)
ECOTURISMO E HISTÓRIA NAS ILHAS PARADISÍACAS DA GRÉCIA A Grécia é sinônimo de praias paradisíacas e uma rica bagagem histórica. Seja para desfrutar das paisagens naturais repletas de tons azuis e verdes ou mergulhar na cultura tradicional e misteriosa, o país atrai turistas de todas as partes do mundo. Com roteiros de 4 a 12 dias, a operadora Françatur oferece experiências extraordinárias e completas, para conhecer o destino a partir de diversas perspectivas. É possível optar por uma viagem pelas regiões mais tradicionais, como Atenas, Santorini e Mykonos, com todas as atrações clássicas. Há também um passeio de barco que leva o viajante às pequenas ilhas de Nea Kameni e Palea Kameni, que compõem a atmosfera paradisíaca do local. Um outro roteiro inclui visita aos tesouros arqueológicos da ilha de Heraklion (Creta) e uma noite na charmosa ilha de Rodes, que abrigava a estátua Colosso de Rodes, considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.Também é possível explorar o mar Jônico, conhecendo as paisagens naturais que misturam mar e montanha nas exuberantes ilhas de Zaquintos – conhecida como Zantes – e Cefalônia, por meio de passeios de barco e ferry boat. Os roteiros incluem café da manhã, todos os traslados necessários, acomodação e os passeios programados em cada opção.
SALA BRANCA A Sala Branca é o anexo da Galeria Alice Floriano, mas agora em novo formato. A joalheira Alice, que representa mais de 80 artistas joalheiros contemporâneos dos quatro continentes, se uniu aos fotógrafos Fábio del Re, Letícia Remião e Lucas Cuervo Moura, num permanente diálogo entre fotografia e joalheria. A cada dois meses a Sala Branca define um assunto-guia pra provocar o quarteto a ocupar as paredes do espaço, que conta ainda com a produção de convidados especiais, no intuito de cruzar olhares. A ideia é criar uma cena onde fotografia, joalheria e moda possam conversar e servir de inspiração pra quem passar por lá. Todas as peças estão à venda. As fotografias têm série limitada, mas podem se adequar ao tamanho do seu espaço. As joias que estão na parede podem ser vestidas e as roupas e os acessórios são especialmente escolhidos pra harmonizar com o ambiente. Depois das exposições, joias e fotografias seguem pelas paredes e caixas do acervo.
WWW.FRANCATUR.COM.BR
GALERIA ALICE FLORIANO
@FRANCATURTURISMO
FÉLIX DA CUNHA, 1143 I PORTO ALEGRE I RS
11 3149.3163 I 21 2102.2440
DE TERÇA À SÁBADO, DAS 13H ÀS 19H
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ANDRÉ KREBS CAROLINE KRELING FERNANDO THUNM HB INTERIORES LÍDIA MACIEL MÁIRA RITTER RENATO BING SUSANA NEDEL WJW ARQUITETURA ZECA AMARAL
A PARTIR DO DIA 31.03 NA JASMIN: AV. CARLOS GOMES,1371 PORTO ALEGRE
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Cesta básica
RESTAURANTE BAH COMEMORA 10 ANOS O Bah é o primeiro restaurante brasileiro especializado em cozinha do RS revisitada. Desde que abriu as portas, em 2008, é uma referência na culinária contemporânea gaúcha, combinando sabor e inspirações colhidas pela diretora criativa do Grupo Press, Carla Tellini, em inúmeras pesquisas, viagens pelo interior em suas memórias de infância. “A ideia foi exaltar o que temos de melhor. Valorizar as diferentes culturas do nosso mapa-múndi particular e mostrar que os ingredientes cotidianos também fazem uma cozinha sofisticada e sem frescura. Regional, mas com potência e originalidade globais”, afirma. Compondo o cardápio aparecem inúmeras reinterpretações de pratos típicos, que buscam identificar a verdadeira cozinha regional com suas diferentes influências, como a costela gaúcha assada com feijão mexido e farofa de erva-mate. O Bah oferece ainda uma vista privilegiada para o Guaíba, ideal para desfrutar de uma gastronomia que reúne tradição, sofisticação e criatividade. BAH RESTAURANTE AV. DIÁRIO DE NOTÍCIA 300 I PORTO ALEGRE I RS 51 3247.3000 WWW.FACEBOOK.COM/BAHRESTAURANTEREAL
BARBEARIA E SEBO NO MESMO LOCAL A unidade da QOD Barber Shop no bairro Moinhos de Vento inaugurou junto à sua barbearia um sebo, com o propósito de deixar a experiência do cliente ainda mais completa e interessante. São 170 títulos de livros e revistas antigas disponíveis. É possível encontrar por lá grandes obras da literatura brasileira e estrangeira, como Alice in Wonderland, Frankenstein, Guerra e Paz, O Manipulador, Carcereiros, alguns exemplos que estão à venda. Além de proporcionar essa experiência cultural, a marca oferece uma variedade de produtos de qualidade para cuidar da beleza masculina.
QOD BARBER SHOP RUA 24 DE OUTUBRO 524 I PORTO ALEGRE I RS SEGUNDA DAS 13H ÀS 20H; TERÇA A SEXTA-FEIRA DAS 10H ÀS 20H; SÁBADO DAS 10H ÀS 18H I 51 3391.3633 QODBS24@GMAIL.COM I WWW.QODBARBERSHOP.COM
GASTRONOMIA DIFERENCIADA AO PÔR DO SOL O SUI é o primeiro Rooftop Lounge Bar do Rio Grande do Sul. A culinária do espaço investe em uma pegada mais asiática, com uso de pimentas fermentadas e com toque japonês, chinês e coreano. O cardápio foi elaborado pelo chef de São Paulo Thiago Maeda, em parceria com Lúcio Martins, sócio do SUI e empresário que está à frente do selo Embaixada Gourmet. A ideia central do SUI está fundamentada em seu nome: uma palavra de origem japonesa que significa “gosto saboroso e agradável”. Ideia que se expande pela alta gastronomia, pelos drinks e pela vista espetacular da cidade de Porto Alegre. O destaque do cardápio fica por conta da harmonia do Rock Shrimp (camarões marinados na combinação da acidez de limão, uma leve doçura do alho confit e a potência do óleo de gergelim, finalizada com a maionese spicy apimentada da casa) com um dos drinks sem álcool, o Kola kola, uma refrescante bebida com manjericão, erva-doce e maracujá, perfeita para as noites quentes. SUI ROOFTOP RUA DR. VALE 579 I HOTEL LAGHETTO VIVERONE MOINHOS I MOINHOS DE VENTO I PORTO ALEGRE I RS DE TERÇA A DOMINGO DAS 17H ÀS 23H30 I 51 9 9127 2489 I WWW.SUIROOFTOP.COM.BR I @SUIROOFTOP Estilo Zaffari
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MELHOR ESPUMANTE DA AMÉRICA LATINA
CHARME SERRANO COM INSPIRAÇÃO FRANCESA O Hotel Casacurta, em Garibaldi, passou por um processo de restauração e modernização na decoração de seus 31 apartamentos. O ícone arquitetônico da Serra gaúcha, inaugurado em 1953, é inspirado nos castelos do Vale do Loire na França. Por trás das novas páginas da longa história do Casacurta está o jovem casal Cesar e Fernanda Nicolini. Há cinco anos estão investindo em melhorias para proporcionar cada vez mais conforto e charme sem perder a sua autenticidade. Do Salão dos Lustres às acomodações, os ambientes mesclam, sempre com elegância, o design atual e o estilo vintage. O pequeno restaurante Hostaria Casacurta oferece uma inesquecível experiência gastronômica slow food com pratos originais das cozinhas italiana e francesa. As massas frescas produzidas artesanalmente há mais de 60 anos pela funcionária mais antiga do Hotel Casacurta, Dona Pina, são o ponto alto da experiência. HOTEL CASACURTA RUA LUÍS ROGÉRIO CASACURTA, 510 I CENTRO I GARIBALDI I RS 54 3462.2166 I RESERVAS@HOTELCASACURTA.COM.BR WWW.HOTELCASACURTA.COM.BR
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A espumante Sur Lie Nature, da vinícola Casa Valduga, ganhou – com 93 pontos – o título de melhor espumante da América Latina pelo Catad’Or Wine Guide. O guia de vinhos teve sua primeira edição este ano e faz parte da organização do Catad’Or Wine Awards, que completa 24 anos e é considerado o prêmio da categoria mais antigo e de maior reputação da América Latina. O grande diferencial do Sur Lie Nature é que ele é um espumante em sua forma mais bruta, que continua envelhecendo por tempo indeterminado. A decisão de interromper esse processo é única e exclusiva do consumidor, que vai escolher o tempo de maturação da bebida, para apreciá-la conforme sua preferência. Outros produtos da vinícola também receberam ótima pontuação no Guia Catad’Or. Foram o Gran Nature e o 130 Blanc de Noir – com 92 pontos. O 130 Brut Blanc de Blanc, o 130 Brut Rosé e o Gran Extra Brut obtiveram 91 pontos. Já o vinho Leopoldina Gran Chardonnay D.O. recebeu 92 pontos. CASA VALDUGA VIA TRENTO, 2355 I LINHA LEOPOLDINA DINA VALE DOS VINHEDOS I BENTO GONÇALVES ALVES I RS 54 2105 3122 FALECONOSCO@CASAVALDUGA.COM.BR BR WWW.CASAVALDUGA.COM.BR
GASTRONOMIA SAZONAL Seguindo a proposta de apresentar menus sazonais para aproveitar os melhores ingredientes locais de cada momento do ano, o restaurante Alma RS cria cardápios especiais para cada estação. Focada em uma gastronomia contemporânea, a casa apresenta versões sofisticadas de pratos típicos da culinária gaúcha, protagonizados por ingredientes como erva-mate, queijo serrano, truta e cordeiro. Um dos sucessos do menu de verão foi a salada de pato defumado com gomos de laranja, brotos e flores. O steak tartar de cordeiro transformou-se em best seller. Entre os pratos principais destacaram-se o carré de javali ao chimichurri fresco, com minivegetais tostados e picles de moranga; a truta grelhada ao molho de espumante, arroz negro com espinafres e falso caviar de moscatel. Aos sábados, é possível se deliciar com o tradicional churrasco preparado por 6 horas no fogo de chão e com o cordeiro enterrado na brasa, além de saborosos acompanhamentos. RESTAURANTE ALMA RS PARADOR CASA DA MONTANHA I ESTRADA DO FAXINAL, S/N° I MORRO AGUDO I CAMBARÁ DO SUL I RS DIARIAMENTE: DAS 12H ÀS 15H E DAS 19H ÀS 23H I 54 3504.5302 E 54 3295.7575 RESERVAS@CASADAMONTANHA.COM.BR I WWW.PARADORCASADAMONTANHA.COM.BR/GASTRONOMIA
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Cesta básica
HOTEL VILA INGLESA RUA MARIANNE BAUMGART, 3400 I VILA INGLESA CAMPOS DO JORDÃO I SÃO PAULO 12 3669.5000 RESERVAS@HOTELVILAINGLESA.COM.BR WWW.HOTELVILAINGLESA.COM.BR
UM CLÁSSICO EM CAMPOS DO JORDÃO Inaugurado há mais 60 anos, o Hotel Vila Inglesa é sinônimo de elegância e sofisticação até hoje. Seu estilo normando se tornou uma grande influência e marca registrada da hotelaria da cidade paulista. É com a mesma vitalidade do início que o hotel chega aos dias atuais totalmente renovado, preservando todo o seu charme e tradição, agora com o selo Folha Verde de Hospedagem Sustentável. Além do conforto e da qualidade dos serviços, o hotel disponibiliza: circuito de arvorismo, tirolesa, passeios a cavalo e de charrete. Todas essas atrações proporcionam uma experiência única, que une o clima europeu à exuberante natureza da Serra da Mantiqueira. A gastronomia também encanta, com duas opções de restaurante: um deles oferece buffet e “cozinha show”, o outro é um bistrô chamado Moya. O Bar da Torre preserva uma atmosfera de elegância inspirada nos bares europeus dos anos dourados, com várias opções de bebidas, petiscos e lanches rápidos.
PARCERIA QUE RENDE UM INVERNO SENSACIONAL Valle Nevado, a maior estação de esqui e snowboard do Chile, e a rede hoteleira de luxo Explora estão oferecendo descontos de 30% em pacotes para o período de 29 de junho a 22 de setembro de 2019. As opções de hospedagem se dividem entre Chile e Peru e a oferta é válida para reserva mínima de 6 noites, sendo 3 nos hotéis Valle Nevado ou Puerta del Sol – localizados ao lado das mais de 40 pistas do Valle Nevado Ski Resort – e 3 noites em um dos hotéis Explora localizados no Atacama, em Rapa Nui (Ilha de Páscoa) e na Patagônia, no Chile, ou no Valle Sagrado, no Peru. A proposta das duas empresas é oferecer ao turista a chance de aproveitar o próximo inverno em grande estilo pela América do Sul. Já é possível fazer reservas antecipadas com descontos de até 50%, pagando até 1º de abril.
TEMPERE COM CARINHO Com produção 100% manual e sem o uso de corantes, conservantes ou quaisquer tipos de aditivos nocivos à saúde, a marca Salsa vem conquistando espaço no mercado da gastronomia. São 7 sabores de sais aromatizados e temperados, 2 temperos especiais e 4 masalas. Cada um deles tem uma graduação diferente de sal, ervas e especiarias, para ajudar a reduzir a quantidade de sódio nos preparos. Segundo a idealizadora e proprietária da marca, Bárbara Machado, “a proposta é despertar a curiosidade sobre novos sabores e aromas, além de ajudar a tornar as receitas mais práticas, apetitosas e criativas no dia a dia”. Para todas as embalagens é possível montar kits de presente personalizados e customizados, além de brindes corporativos e lembrancinhas para casamento ou datas especiais. Os pedidos podem serw feitos online.
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Cesta básica ESTUDOS NO EXTERIOR EM QUALQUER IDADE
SIMPLES E SAUDÁVEL
Novíssimo em Novo Hamburgo, o Eat Kitchen chegou com uma proposta de oferecer “comida de verdade”, priorizando insumos de produtores locais e, sempre que possível, produtos orgânicos. A ideia central é respeitar a sazonalidade dos alimentos, sem uso de refinados, conservantes ou sabores artificiais. Os proprietários acreditam na melhoria da saúde por meio da alimentação. O almoço é bem variado e colorido, incluindo bowls fit, alimentos do mar, além de opções veganas, sem glúten e sem lactose. O ceviche da casa é o ponto alto. Na happy hour o interessante é compartilhar uma das delícias: burrata artesanal, mix de batata-doce com a maionese da casa ou chips de banana orgânica com hummus. A decoração do local segue a concepção do projeto. Sustentável e rústico, traz um toque industrial, pela escolha dos bancos de metal, parede de cimento queimado e instalações elétricas aparentes. Já a área externa parece o quintal de casa, com sofás de paletes com almofadões em meio às plantas e árvores. EAT KITCHEN RUA JOÃO ANTÔNIO DA SILVEIRA, 504 I NOVO HAMBURGO I RS 51 3279.8662 FACEBOOK.COM.BR/EATKITCHEN INSTAGRAM.COM/EATKITCHENGRAM
O mundo é uma grande sala de aula. Ao mesmo tempo que os jovens estão começando cada vez mais cedo a frequentar esta escola, cresce o número de adultos e também idosos que estão se tornando alunos. Os programas Executivos e Sêniors mostram que a busca por vivências internacionais não tem mais limite de idade. Atualmente, há um maior planejamento na educação internacional, e as vivências se iniciam a partir dos 12 anos. Um dos programas que mais transformam positivamente a vida dos jovens é o High School: cursos de um trimestre a um ano letivo na América do Norte, Europa ou Oceania. “O programa proporciona conhecimentos acadêmicos e fluência em uma língua estrangeira, além de desenvolver senso de responsabilidade e a capacidade de adaptação a diferentes culturas”, afirma Beto Conte. Já os profissionais com mais de 30 anos investem na carreira, buscando maior competitividade no mercado de trabalho. As áreas mais procuradas são Direito, Marketing, Finanças, Recursos Humanos e Comunicação. Os programas seniores, por sua vez, conciliam o idioma com atividades prazerosas para qualquer momento de vida, como artes, cultura e gastronomia. Há opções de educação internacional de diferentes tipos, adequadas para cada faixa etária e cada perfil. STB TRIP & TRAVEL 51 4001. 3000 WWW.TRIPTRAVEL.COM.BR
VOGAL LUXURY BEACH HOTEL & SPA
Vem aí uma novidade linda na hotelaria de Natal/RN. Instalado na área mais exclusiva de Ponta Negra, o Vogal Luxury Beach Hotel & SPA abrirá suas portas no dia 7 de junho, preparado para receber hóspedes exigentes. O luxuoso hotel pé na areia tem todos os seus 84 quartos e 21 suítes com vista para o mar, 5 piscinas outdoor – sendo duas térmicas –, SPA by L’Occitane, 2 restaurantes, entre eles um francês, beach service e fitness center. Os hóspedes contarão com serviço de mordomo em todas as acomodações, concierge, enxoval Trussardi em algodão egípcio 600 fios, talheres de prata e welcome drink com champagne Veuve Clicquot. VOGAL LUXURY BEACH HOTEL & SPA R. CEL. INÁCIO VALE, 8861 I PONTA NEGRA I NATAL I RN 84 3227.1000 I WWW.VOGALHOTEL.COM.BR I @VOGALHOTEL
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Cesta básica
ESPECIAL
SERRA
POR
CARLA
LEIDENS
TORO, ARMAZÉM VIEZZER, FEIRINHA DE CANELA
FORA DA ROTA Sabe aqueles lugares que fogem do roteiro turístico e que a gente tem que procurar bem para encontrar? Pois bem, sempre que viajo é este o meu foco: encontrar aqueles jardins secretos, aqueles lugarzinhos escondidos ou até aquele prato diferente que tem no lugar da moda, mas que ninguém sabe. Gosto do diferente, do inusitado, do que foge ao comum. Com essa ideia, selecionei algumas dicas de lugares, pratos e pessoas para você conhecer em Gramado e Canela 22
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ARMAZÉM VIEZZER Pense naqueles armazéns antigos. Aqueles com vidros gigantes, cheios das mais diversas especiarias. É isso que você vai encontrar no Armazém Viezzer. Tem de tudo: sementes, grãos, produtos sem glúten, sem lactose e farinhas especiais para celíacos e intolerantes. O atendimento é precioso, o ambiente familiar e parece que você volta no tempo. O preço é outro diferencial. RUA JOÃO PESSOA, 622 I CANELA I RS
FEIRINHA A Feira Ecológica e Cultural de Canela é um passeio obrigatório nos sábados de manhã. Orgânicos, artesanato, antiguidades e diversos produtos vendidos por quem faz estão disponíveis para os amantes da “feirinha”, como é carinhosamente chamada. A dica é ir cedo, levar sacolas retornáveis e comprar verduras, frutas e condimentos fresquinhos para preparar o almoço. Também vale tomar café da manhã por lá. No café da feira tem um bolinho de banana com aveia e um café passado na hora que é “dos deuses”. RUA DANTON CORREA DA SILVA, 400 I CANELA I RS TODOS OS SÁBADOS DAS 7H ÀS 13H
GALANGAL, CONTAINNER, JOSEPHINA
RESTAURANTE GALANGAL Foi o primeiro restaurante asiático de Canela e depois de 9 anos continua na minha lista de lugares preferidos. O combinado do Chef, lançado este ano, é meu favorito. Leve, colorido e cheio de sabor. Uma das iguarias é o Joe, com uma lâmina de salmão maçaricado e um ovo de codorna com gema mole. Não consigo explicar a explosão de sabores desta peça. Dica: vá sem pressa e deguste cada etapa da sequência especial. Você vai se surpreender. RUA OSVALDO ARANHA, 321 I CANELA I RS DE TERÇA A DOMINGO DAS 19H ÀS 23H SÁBADOS E DOMINGO ABRE TAMBÉM PARA ALMOÇO
JOSEPHINA As mesinhas charmosamente colocadas em frente ao restaurante já dão o tom do lugar logo na chegada. O Josephina Café é puro charme. A casa pertence à família Moras e hoje os filhos dos donos administram o bistrot, que serve almoços com prato do dia e tem ótimas sugestões no cardápio. Amo a salada Josephina, com alface, presunto parma
e gorgonzola, servida com um molho especial. Mas pra mim o mais bacana do lugar é o jardim dos fundos. Quase escondido, é um daqueles lugares em que a gente se perde no tempo. Em pleno coração da cidade, perca algum tempo em meio à natureza, peça um drink e esqueça da vida lá fora. Vale a pena. RUA PEDRO BENETTI, 22 I GRAMADO I RS
CONTAINNER BISTROT Chegue até a igreja em Canela e olhe à esquerda. É lá que você vai encontrar um lugar lindo, com 12 grandes contêineres formando a fachada. Com pouco mais de três anos, o Containner Bistrot já é um sucesso. Fica bem perto da Catedral de Pedras. O lugar tem como principal diferencial o ambiente moderno e descolado. Mas não para por aí. Tem muitas coisas que amo no Containner: palitos de berinjela (crocantes com crosta de parmesão), o deck, que sempre me encanta e me chama para um drink, as saladas, que no almoço deixam o dia leve e saboroso. RUA BORGES DE MEDEIROS, 580 I CANELA DIARIAMENTE, DAS 10H ÀS 23H, EXCETO NAS QUARTAS-FEIRAS
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Cesta básica
ESPECIAL
SERRA
POR
CARLA
NONONO
CASA FRANCESA BISTRÔ DA LU, ESTAÇÃO CAMPOS DE CANELLA
CASA JOLI O recém-aberto pub tem um deck maravilhoso, vários petiscos, mas os vinhos e cervejas feitos pela casa são o diferencial. O cardápio inclui um prato com três brusquetas, quem vem acompanhado dos vinhos que eles sugerem como harmonização. Uma graça só. Tem também clericot e um entrecot perfeito. Sim, porque entrecot bem-feito não é em qualquer lugar que a gente encontra. O prato pensado pelo chef Alexandre Reolon é servido em uma frigideira de ferro: o entrecot vem em tiras com um molho de cogumelos. Uma delícia. RUA BORGES DE MEDEIROS, 771 I CANELA I RS
BISTRÔ DA LÚ
O Casal Júnior e Lú trabalham juntos. O Bistrô abre de sexta a domingo apenas e serve o menu confiança, ou seja, você chega lá e não sabe o que vai comer. Mas uma coisa eu garanto: é sempre uma experiência espetacular. Reserve uma mesa, escolha um vinho e saboreie o que a chef Luciana Diehl Fort prepara. Tudo é feito com tanto esmero e carinho que a receita sempre dá certo. Só não esqueça de reservar, o lugar é requisitado por um público seleto que vem de Porto Alegre para conferir o menu. AV. JOSÉ LUIZ CORREA PINTO, 235 I CANELA I RS 24
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NONNO MIO
Você já ouviu falar sobre pratos secretos em restaurantes? No Brasil isso não é muito frequente, mas na Europa e EUA é bastante comum. Pois o Nonno Mio, tradicional restaurante de galeto em Gramado, tem um prato fora do cardápio. Quem acha que o Nonno Mio serve somente o melhor galeto primo canto da região se engana. Chegue como quem não quer nada e diga ao garçom que você sabe que há um prato fora do cardápio. Prepare-se para provar um inesquecível polvo com batatas, pimentões, arroz e azeite aromatizado com ervas. AVENIDA BORGES DE MEDEIROS, 2070 I GRAMADO I RS
EMPÓRIO DO AZEITE O nome já diz tudo. Você vai encontrar o mundo dos melhores azeites dentro deste lugar. Localizado em uma rua paralela à Borges de Medeiros (que é a principal avenida de Gramado), o Empório do Azeite é uma boutique e tudo é perfeitamente apresentado para encantar você. Eu garanto, vale a pena sair da rota de turismo para encontrar um lugar diferenciado. Os melhores azeites do mundo estão ali. Chilenos, espanhóis, gregos, portugueses e também os brasileiros, que têm
NONNO MIO, EMPÓRIO DO AZEITE
dado um show à parte no mundo dos azeites. Ah, lá também você encontra os vinhos da Uruguaia Bodega Garzon. R. SÃO PEDRO, 224 I LOJA 2 I GRAMADO I RS
TORO Prove o drink da Pati. Isso mesmo, o drink tem nome de gente. A Pati, que inspirou a bebida, é casada com Gustavo Wisel, bartender especialista em drinks. Depois de provar você vai entender a minha paixão pela taça de gin com ibisco flambado. A cor é linda e o sabor, superintenso. O Toro é um lugar diferente, sempre com música ao vivo – e estou falando de música boa de verdade –, drinks pra lá de bons e um cardápio enxuto e muito gostoso. As carnes são um caso à parte, adoro. Qualquer pedida no Toro é uma boa pedida, brinque com o menu e divirta-se. AV. DAS HORTÊNCIAS, 804 GRAMADO I RS DE SEGUNDA A SEXTA DAS 12H ÀS 16H E DAS 18H ÀS 24H. FINAIS DE SEMANA DAS 12H ÀS 24H.
CASA FRANCESA Também fora da rota turística, esse lugar te leva diretamente para a França. A boulangerie é administrada pelo
casal Mariane e Frederic, ele francês e ela brasileira. Essa alquimia dá asas a um lugar muito charmoso em Canela. Você encontra pães, croissaints, caneles, baguetes, Pain au chocolat, brioches e o meu favorito, o Croque Monsieur. Prove também o incrível pão de azeitonas. Se quiser misturar tudo, compre um bom vinho e um azeite no Empório do Azeite, busque um pão na Casa Francesa e faça um piquenique em um dos parques da cidade. Você realmente vai esquecer que está no Brasil. AV. JOSÉ LUIZ CORREA PINTO, 299 I 4 I CANELA I RS DE TERÇA A SÁBADO, DAS 9H ÀS 19H E DOMINGO, DAS 9H ÀS 17H.
ESTAÇÃO CAMPOS DE CANELLA A Estação Campos de Canella tem pouco mais de um mês de vida e ainda não é um ponto turístico. Mas será, com certeza. A primeira parte do projeto tem foco na cultura, no entretenimento e na gastronomia. Férreo Restaurante (novo empreendimento dos donos do Magnólia e Emporio Canela) e Velha Bruxa são os destaques, mas o local conta também com Mundo a Vapor, SG Facas e Florybal Chocolates. RUA LARGO DA FAMA, 77 I CANELA I RS WWW.FACEBOOK.COM/ESTACAOCAMPOSDECANELLA
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Humanas criaturas T E T Ê
PAC H E C O
NANOPARTÍCULAS DO FIM DOS TEMPOS
Nossa vida mudou e muita gente não percebeu. No novo mundo, o que antes era grande e perceptível ganhou outras dimensões. Os piores inimigos não chegam mais em tanques ou aviões carregando bombas, não são nada que possamos temer ou confrontar a olho nu. Na maioria das vezes invisíveis, eles podem, por exemplo, invadir redes e sistemas com nomes estranhíssimos e configurações que não conseguimos entender, causando estragos bem grandes. Ou podem ser organismos vivos e carregados de toxinas bravas capazes de derrubar nosso esquadrão imunológico sem que tenhamos sequer dado um espirro, em sinal de alerta. Hoje lutamos com coisas que não conhecemos, nunca vimos, sequer imaginamos. Nanopartículas plásticas passeiam pela carne de nossos ex-peixes e se espalham pela água que bebemos, invadindo nossas células e nossos oceanos quase todos os dias. Nossa comida não traz mais vitaminas e minerais
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imprescindíveis, e sim centenas de milhares de agentes químicos distribuídos em microssubstâncias que, ingenuamente, pensamos ser sabor mas que na verdade são pequenas doses de venenos se acumulando. Temos alergias inexplicáveis, dores de cabeça sem justificativa, estamos poluídos, lotados de imundícies anônimas. No mundo da invisibilidade inimiga, não podemos esquecer de listar as de efeito ainda mais devastador. As ideias nanicas, o egoísmo, a falta de informação, a ignorância, a crença no fake, a falta de consciência, de noção de humanidade, o preconceito, a estupidez. São nanopartículas comportamentais que estragam relações, adoecem famílias, incendeiam nações, acabam com o diálogo, com a paciência, com o amor. E não há deus que possa arcar com tamanha irresponsabilidade humana. Tetê saiu do grupo.
TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA
90 anos de uma grande história ao lado de quem faz a cultura. Apoio à Cultura Ao longo de 90 anos, o Banrisul esteve ao lado de quem produz e vive a nossa cultura, seja por meio de patrocínios, seja no investimento em outros projetos importantes para a nossa comunidade. A gente acredita na força criativa da nossa gente. E é por isso que afirmamos: não existe desafio no mundo capaz de dobrar o povo do Rio Grande.
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Bastidores de Cozinha
ruby chocolate
A cor é surpreendente, o sabor mais ainda. Conheça a nova grande estrela mundial da chocolateria P O R
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Ruby é o nome de um novo e surpreendente tipo de chocolate, recentemente lançado no Brasil, que agora se soma ao time dos três clássicos: amargo, ao leite e branco. Foi criado em 2017, após 13 longos anos de pesquisas realizadas por um grupo franco-belga, a mundialmente famosa Callebaut, junto com uma universidade alemã. De cor rosa e sabor intenso de fruta, proporciona uma experiência única ao ser degustado. A grande surpresa do Ruby é sua coloração rosada, sem qualquer adição de corantes. Difícil acreditar que o lindo tom rosa-claro é natural do produto. O chocolate apresenta uma intensa cremosidade e tem notas frutadas e cítricas naturais, pois também não recebe aromatizadores. Seu sabor não é amargo nem muito doce, remetendo ao chocolate branco e guardando um fundo sutilmente ácido de frutas vermelhas. É a primeira grande inovação no setor desde que a Nestlé criou o chocolate branco há 80 anos. A diferença em relação aos outros tipos de chocolate, segundo a companhia Callebaut, é o sabor que lembra “frutas frescas com suavidade”. A cor vibrante é a aposta da empresa para conquistar o mercado mais jovem.
DE ONDE ELE VEM
O chocolate Ruby procede de uma variedade de sementes de cacau de cor rosa escura, por isso foi denominado de ruby cocoa bean. É elaborado a partir de grãos de cacau já existentes, misturando as três espécies primárias: forasteiro, crioulo e trinitário. Estas espécies são encontradas sobretudo na Costa do Marfim e também no Equador e no Brasil. O segredo para a obtenção do Ruby está em selecionar as amêndoas certas e processá-las corretamente para obter as características do chocolate rosa. As sementes são submetidas a etapas-padrão no campo e na indústria, como fermentação, secagem e torrefação, com fases próprias que realçam propriedades no chocolate, tais como a cor, a textura e o sabor. O chocolate Ruby, com quase 50% de cacau em sua composição, foi lançado em uma feira em Xangai, na China, e aqui no Brasil chegou em 2018 por meio da Nestlé, com o KitKat Ruby. A Nestlé foi a primeira marca a criar uma versão comercial do chocolate rosa. Mas a partir deste ano já será possível encontrá-lo em combinações únicas no universo da confeitaria.
COMBINAÇÕES PERFEITAS ESPECIARIAS Wasabi, Gengibre, Pimenta Rosa, Baunilha, Curry, Canela ERVAS Menta, Açafrão, Violeta, Manjericão, Alecrim XAROPES Caramelo, Mel, Maple Syrup CERVEJAS Kriek, Geuze, Rodenbach VINHOS Champagne Rosé, Cava Rosé, Syrah Tinto NOZES E SEMENTES Amêndoas, Caju, Amendoim, Avelã, Macadâmia, Pipoca CHOCOLATES Amargos, Gold CAFÉS E CHÁS Chá Verde, Chá Mate, Café Arábica ALCOÓLICOS Saquê, Gin, Cognac, Whisky, Rum QUEIJOS Roquefort, Mascarpone, Gorgonzola, Camembert FRUTAS E LEGUMES Limão, Lima, Manga, Frutas Vermelhas, Cenoura, Tomate ÓLEOS E VINAGRES Óleo de Gergelim, Balsâmico, Molho de Soja
RUBY É UM NOVO E SURPREENDENTE CHOCOLATE, DE COLORAÇÃO ROSA NATURAL E COM SABOR INTENSO DE FRUTA
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Bastidores de Cozinha
NA SUA COZINHA
Neste momento só será possível adquirir o produto em grandes quantidades para a confecção de doces e sobremesas. Mas vale aguardar, em breve o Ruby estará mais disponível no mercado. Ideal para ampliar a criatividade e preparar diferentes receitas: bombons, ganaches, mousses, sorvetes, brigadeiros, bolos e caldas. Perfeito para ser servido com queijos azuis e acompanhado de vinhos e/ou espumantes rosés.
Mousse de Chocolate Ruby com Morango P O R
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MOUSSE 200 G DE POLPA DE MORANGO
A HISTÓRIA DO CHOCOLATE
Um dos símbolos supremos de prazer gustativo, frequentemente associado a emoções positivas e a delicadas representações de afeto, o chocolate tem suas origens em tempos imemoriais. De acordo com Eagranie Yuh, autor do kit The Chocolate Tasting, “os primeiros humanos a consumirem cacau foram os mokaya, um grupo de pescadores e fazendeiros que vivia onde hoje é o estado mexicano de Chiapas. Isso teria ocorrido entre os anos 1900 e 1500 A.C. Mais tarde, Cristóvão Colombo encontrou cacau na costa de Honduras, mas foi somente em 1585 que os comerciantes espanhóis deram início ao caso de amor mundial com o chocolate”. O chocolate era então bebido, e, dado o seu amargor, os espanhóis passaram a lhe agregar açúcar, o que incrementou o consumo do produto. Contudo, por decreto real, os monges tinham o monopólio de manufaturar o líquido e o preço dele era altíssimo. Em meados do século XVII, o chocolate já havia se difundido pela Inglaterra, França, Holanda e estados alemães. Quebrado o monopólio espanhol, o preço da bebida baixou e ela se tornou popular. Em meados do século XIX, os holandeses inventaram uma prensa hidráulica que permitia tanto a extração da massa quanto da manteiga do cacau. A mistura entre ambas possibilitou o surgimento das primeiras barras de chocolate e das bebidas achocolatadas. A partir daí, seu consumo se tornou universal.
10 G DE SUCO DE LIMÃO 6 G DE GELATINA EM PÓ 36 G DE ÁGUA 374 G DE CHOCOLATE CALLEBAUT RUBY 382 G DE CREME DE LEITE FRESCO OU 35% NATA MODO DE FAZER: Ferver a polpa de morango com o suco de limão. Incorporar a gelatina previamente hidratada e dissolvida. Verter sobre o chocolate Ruby derretido e incorporar. Adicionar o creme de leite batido levemente (se bater demais, vira chantilly). Preencher taças ou tigelas de serviço e refrigerar. DECORAÇÃO: Servir com calda e frutas vermelhas.
O CHEF CHOCOLATIER CÁSSIO CEVALLOS É UM DOS PIONEIROS NO TRABALHO COM O CHOCOLATE RUBY NO BRASIL. ELE CRIOU DIVERSAS RECEITAS USANDO O CHOCOLATE COR DE ROSA COMO PROTAGONISTA
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Bastidores de Cozinha Como temperar o chocolate? A temperagem ou pré-cristalização é um processo físico-químico necessário, em função da manteiga de cacau existente em qualquer chocolate. Para que após o derretimento o chocolate volte a endurecer, mantendo as mesmas caracteríticas de brilho, textura e resistência, é necessário que ele passe por um ciclo de diferentes temperaturas, controlado por termômetro, em ambiente fresco (17º – 20º). MODO DE FAZER: Em um bowl, preferencialmente de plástico, derreta o chocolate em micro- ondas ou banho-maria até a temperatura de 45º. Em uma pedra de granito ou mármore, jogue duas partes de três do chocolate derretido e espalhe com ajuda de uma espátula, movimentando para resfriar até 27º-28º. Depois retorne ao bowl. Aquela parte de chocolate que permaneceu aquecida ajudará a reaquecer sutilmente as duas partes resfriadas, deixando o chocolate mais fluido e pronto para trabalhar. No reaquecimento, o chocolate nunca poderá ultrapassar a temperatura de 34º ou o processo estará comprometido e será necessário refazer a temperagem.
Tablete de Chocolate Ruby com Nuts P O R
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500 G DE CHOCOLATE CALLEBAUT RUBY 25 G DE AMÊNDOAS 25 G DE CRANBERRIES SECOS 25 G DE MIRTILOS SECOS 25 G DE UVA-PASSA
DICA: Após a realizacão da temperagem, molhe um pedacinho de papel-manteiga no chocolate e leve por no máximo 5 minutos na geladeira. O chocolate tem que descolar com muita facilidade e permanecer rígido, sem derreter.
MODO DE FAZER: Disponha as nuts e frutas secas no molde de tablete desejado e preencha com Chocolate Ruby previamente temperado (veja ao lado). Refrigere até secar para desmoldar.
O CHOCOLATE RUBY PROCEDE DE UMA VARIEDADE DE SEMENTES DE CACAU DE COR ROSA ESCURA, DENOMINADO DE RUBY COCOA BEAN. A COMPOSIÇÃO DO CHOCOLATE TEM QUASE 50% DE CACAU
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Madeleine de Pistache com Chocolate Ruby P O R
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MADELEINE 145 G DE OVOS 130 G DE AÇÚCAR REFINADO 30 G DE MEL 60 G DE LEITE INTEGRAL 200 G DE FARINHA DE TRIGO 10 G DE FERMENTO EM PÓ 2 G DE SAL 200 G DE MANTEIGA 90 G DE PASTA DE PISTACHE COBERTURA 300 G DE CHOCOLATE CALLEBAUT RUBY 70 G DE ÓLEO DE CANOLA 25 G DE COCO SECO RALADO
MODO DE FAZER: Na batedeira ou com batedor de arame, bater os ovos com o açúcar e o mel até branquear. Acrescentar o leite até incorporar. Adicionar a farinha peneirada com o fermento e o sal. Adicionar a manteiga derretida e ainda quente. Por último, incorporar a pasta de pistache. Dosar a massa em forminhas de alumínio untadas com óleo ou silicone, no formato desejado. Preencher apenas 1/3 da forma, já que a massa irá crescer. (Opcional) Acrescentar pedacinhos de damasco seco picado e gotinhas de chocolate Ruby. Assar em forno baixo (160ºC) por aproximadamente 15 minutos. Desenformar e reservar refrigerado. DICA: Na falta da pasta de pistache, bater no liquidificador ou processador de alimentos 100g de pistache com 15g de óleo de canola. MODO DE FAZER A COBERTURA: Derreter o chocolate e incorporar os três ingredientes. Quando a cobertura estiver em temperatura ambiente, banhar as madeleines geladas para que rapidamente se forme uma casquinha levemente crocante. Decorar com lascas de coco e lascas de chocolate Ruby.
O SABOR DO RUBY LEMBRA FRUTAS FRESCAS COM SUAVIDADE. NÃO É AMARGO NEM MUITO DOCE, TEM INTENSA CREMOSIDADE. PROPORCIONA UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA
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G U T F R E I N D
O PASSEADOR DE CACHORROS E O ESTAR COM “Quando estamos vivos, é porque houve um apoio, e o psicanalista deve ajudar o paciente a procurá-lo.” (Heitor D’Dwyer de Macedo)” É preciso respeitar os cachorros. É preciso respeitar o passeador de cachorros. É preciso respeitar todos os seres vivos e, quando for o caso, as suas ocupações. Não há hierarquia entre elas, todas importam, todos contam. Mas o passeador de cachorros, essa nova profissão, entra na brecha e a brecha costuma ser perigosa. Toda brecha é um vazio à espera de um preenchimento e, no caso, o grande vazio é o de estar com. Estar com é um produto raro hoje em dia. Seguimos fazendo crianças e acessando cachorros, mas a disponibilidade de estar com está abalada. Vivemos o tempo de nós mesmos. Fazemos para nós mesmos e pouco nos ocupamos do outro, seja quem for. Não damos conta da manutenção que necessita da continuidade. De fato, descontinuamos e aqui entram nossos sintomas principais em torno do vazio e das adições a drogas que aliviam dos buracos cavados pela falta de estar com. Aqui entra o passeador de cachorros, ícone do quanto já não podemos estar com. Do quanto entre eu (o primeiro) e o outro (o segundo), recorremos a terceirizar. E pode ser no sábado, no feriado, no domingo que nos encontra aditos a uma rede social, a um trabalho, a qualquer coisa que não seja estar com um filho ou um cachorro que tentamos adotar ou um outro qualquer que tentamos encontrar.
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Porque só estar com preenche, acalma e anima. Só estar com constitui um sujeito. Tudo de mais humano depende de um encontro com o outro. Nascemos completamente vulneráveis, e essa vulnerabilidade, no caso dos humanos, é duradoura. É a mais duradoura do reino animal em que reinamos apesar de uma fragilidade que não está no calcanhar, mas na alma, justamente na falta constituída lá onde não estivemos com. Em termos absolutos, a necessidade de estar com é interminável. Em termos relativos, não é. E, algum dia, podemos estar sem, mas só depois de muito estar com. Não há prosa para continuar se não houve poesia no começo. É como poder estar sozinho só depois de se sentir acompanhado. É como abandonar a onipotência somente depois de, no meio de tanta fragilidade, muito brincar de super-herói. Aí poderemos estar sem superpoderes. E estar sem para aceitar a solidão até mesmo desfrutando dela. Estar sem para esperar o próximo momento de estar com. E procurá-lo com um sentimento suficiente de autoestima de quem, antes de amar novamente, já se sente amado para passar o amor adiante. E poderá novamente estar com para encontrar uma vida individualmente melhor e socialmente mais empática, o que incluiria desbravar uma nova ocupação para o passeador de cachorros também continuar se sentindo útil, contente e estando com. CELSO GUTFREIND É PSICANALISTA DE CRIANÇAS E ADULTOS E ESCRITOR
Viagem
Canadรก O CENร RIO DESLUMBRANTE DAS MONTANHAS ROCHOSAS T E X T O
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Viagem
O CANADÁ E SUA DIVERSIDADE
O Canadá sempre me fascinou por suas belezas naturais, o respeito ao meio ambiente, a diversidade cultural e sua elevada qualidade de vida em uma sociedade bastante igualitária. A minha primeira experiência foi voltada ao seu lado francês no leste do país: quando ainda estudante de High School nos Estados Unidos, o clube de francês da escola passou uma semana praticando o idioma na província de Quebec. Voltei uma década depois para essa região para esquiar em Mont-Tremblant, 140 km ao noroeste de Montreal – a segunda maior cidade de língua francesa do mundo, depois de Paris. Em outra oportunidade visitei Toronto, que é uma das cidades mais multiculturais do mundo, com quase 50% da população pertencente a 200 diferentes minorias étnicas, onde o idioma principal inglês convive com outros 160 idiomas. Na costa oeste já tinha me encantado com Vancouver, entre o mar e as montanhas, quando finalmente me deparei com a impactante beleza das Montanhas Rochosas.
MONTANHAS ROCHOSAS CANADENSES
O Canadá impressiona por seu tamanho, com quase 10 milhões de km2, o segundo maior país do planeta, estendendo-se do oceano Atlântico ao Pacífico, com o oceano Ártico ao norte. Essa vastidão territorial e a variedade geográfica oferecem ao visitante grande diversidade natural, com as montanhas rochosas canadenses no ápice nos quesitos de imponência e beleza natural. Trata-se de um dos cenários de natureza intocada mais impressionantes que já desvendei em minhas andanças por nosso diverso planeta. A minha rota terrestre começou em Calgary, seguindo até a charmosa Vancouver, uma viagem inesquecível pela costa oeste canadense percorrendo o melhor das Montanhas Rochosas. Recomendo alugar um carro no aeroporto de Calgary e já pegar Trans-Canada Highway em direção às Montanhas, elegendo alguns locais como base – as minhas foram Banff e Jasper –, ambas dentro de Parques Nacionais e nas pontas do maciço rochoso.
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AS MONTANHAS ROCHOSAS SÃO UM DOS CENÁRIOS DE NATUREZA INTOCADA MAIS IMPRESSIONANTES DO MUNDO
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Viagem
OS PARQUES NACIONAIS CANADENSES ABRIGAM PRECIOSIDADES DA FLORA
Iniciamos pelo Parque Nacional de Banff, com suas bem preservadas maravilhas naturais – lindos lagos, extensas florestas, picos nevados e animais selvagens –, e seguimos para o norte pelos 230 km da estrada mais fotografada do planeta até o Parque Nacional de Jasper, com direito a geleiras e cascatas no caminho.
E DA FAUNA. SÃO PARAÍSOS NATURAIS NAS 4 ESTAÇÕES
DADOS GEOGRÁFICOS.
As Montanhas Rochosas seguem por mais de 4.800 quilômetros a partir da parte norte da Columbia Britânica, no oeste do Canadá, até o Novo México, no sudoeste dos Estados Unidos. Foram formadas há cerca de 70 milhões de anos, e desde então a erosão pela água e os gla-
ciares esculpiram a região, dando origem a vales e picos íngremes. No final da última era glacial, os seres humanos começaram a habitar o lugar. Grande parte da cordilheira foi transformada no Parque Nacional das Montanhas Rochosas, preservando os ecossistemas naturais e a beleza cênica do local, além de hoje declarado patrimônio natural da humanidade pela Unesco.
COMPÕEM OS PARQUES NACIONAIS CANADENSES:
Parque Nacional Banff Parque Nacional Jasper Parque Nacional Kootenay
Parque Nacional Waterton Lakes Parque Nacional Yoho O turismo é a atividade econômica mais relevante, com milhões de pessoas do mundo inteiro anualmente visitando os parques para caminhar, acampar ou praticar atividades esportivas de montanha, e no inverno esporte de neve. Em uma oportunidade passei uma semana esquiando em Banff Sunshine e Lake Louise Ski Resort – uma das melhores experiências de neve da minha vida, com pistas longas por entre bosques com a vista do vale lá embaixo. Fantástico! Na minha última visita no verão a grande pedida eram as trilhas junto aos rios e lagos. Um paraíso natural selvagem para as quatro estações do ano.
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Viagem
PARQUE NACIONAL BANFF
O meu parque preferido é o de Banff – e a cidade com o mesmo nome é a melhor base para explorar a parte sul dessa região, onde recomendo ficar três dias, pois cobre uma área de 6.641 km² e contém mais de 1.600 quilômetros de trilhas. Entre as minhas prediletas está a de Johnston Canyon, com tranquilos caminhos pelo bosque, bem como dramáticas passarelas junto a paredes rochosas com o rio lá embaixo e cascatas decorando o conjunto. Trata-se do primeiro parque nacional do Canadá, criado em 1885, e hoje é um dos principais centros turísticos do país, atraindo mais de 4,5 milhões de visitantes por ano para caminhadas no verão e esquiar no inverno. E merece! Os lagos Moraine e Esmeralda parecem “clichê” com suas águas, turquesa e esmeralda, respectivamente, circundados por bosques com montanhas nevadas ao fundo – além de caiaques nas águas serenas e a possibilidade de algum urso ou alce quebrarem essa tranquilidade toda. 46
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BANFF
A cidade que leva o nome do parque nacional em que está inserida foi minha base todas as vezes que visitei a região – tanto no verão como no inverno. E recomendo. Banff se situa num magnífico enclave, contornado pelas Montanhas Rochosas, com vários pontos de interesse no entorno, como a Banff Gondola, que oferece vistas maravilhosas lá do alto. O ponto mais icônico da cidade é o mundialmente famoso Hotel Fairmont Banff Spring – onde tive o privilégio de ficar em uma ocasião e que é fotogênico de qualquer ângulo –, um castelo no alto do povoado e junto à natureza.
LAKE LOUISE
O Lago Louise, próximo a Banff, é considerado um dos lugares mais espetaculares do mundo, com suas águas azul-turquesa e sua magnífica vista da Geleira Victoria ao fundo. Uma ótima pedida é almoçar no Fairmont Chateau Lake Louise, com o lago como vista.
ICEFIELD GLACIER
Seguindo em direção ao norte se entra no Parque Nacional Jasper, com a mais alta montanha da província de Alberta, o Mt. Columbia. Além das montanhas, florestas, rios, cascatas como a de Athabasca, com suas quedas d’água de 23 m, belos lagos como Peyto Lake, o lago mais azul das montanhas rochosas, e o impressionante Columbia Icefield – uma das maiores acumulações de gelo e neve ao sul do Polo Ártico, formando 8 geleiras. Aconselho o passeio de snowcoach, um ônibus-caminhão adaptado para subir nas geleiras, no Columbia Icefield Glacier, com 324 km2 de extensão e a uma altitude média de 3.000 m.
JASPER
Esta pequena e charmosa cidade de apenas 5 mil habitantes, no vale do Athabasca River, é a outra base para conferir as atrações da parte norte do Parque Nacional das Montanhas Rochosas Canadenses – os lagos Patricia e Pyramides, além do Maligne Lake, que é o mais longo e profundo entre os lagos do parque, com 22 km de comprimento e 318 m de profundidade. Recomendo muito também fazer uma bela trilha no Maligne canyon – muito bem sinalizada por um ambiente natural intocado. O Parque Nacional Jasper, com 11 mil km2, é o maior das Montanhas Rochosas Canadenses. Saindo de Jasper em direção a Vancouver se percorre o Parque Provincial Mount Robson, o maior da província de Brittish Columbia, com 225 mil hectares em torno dessa montanha de 3.984 m. As Montanhas Rochosas são uma das regiões mais belas do planeta. Coloque em sua lista. Recomendo, muito!
GELEIRAS, CASCATAS, LAGOS DE ÁGUAS MUITO AZUIS, BOSQUES, MONTANHAS, ANIMAIS SELVAGENS. É BELEZA QUE NÃO ACABA MAIS!
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ROTEIRO IDEAL
O roteiro que recomendo começa com uma noite em Calgary, seguido de duas noites em Banff e outras duas em Jasper, pernoitando em Sun Peaks, um charmoso centro de esqui, no caminho de Vancouver – que merece outras quatro noites. Um real imersão de dez dias na natureza, saindo revitalizado com ar puro e as paisagens instigantes de geleiras, lagos, extensas florestas, picos nevados e animais selvagens. Um destino inspirador.
É UM DESTINO INSPIRADOR. DEZ DIAS NESSA REGIÃO REPRESENTAM UMA IMERSÃO NA NATUREZA, NO AR PURO E NA BELEZA DO UNIVERSO
ONDE FICAR
Além dos maravilhosos “Chateaux” da rede Fairmont – em Banff e Lake Louise –, recomendo o Rimrock resort, em Banff, e o Fairmont Jasper Park Lodge.
SAIBA MAIS
Mais informações sobre as Montanhas Rochosas e viagens pelo mundo com betoconte@stb.com.br , viajante que já percorreu 137 países nos 5 continentes e que coordena as 4 unidades em Porto Alegre do STB Trip & Travel, com a chancela VIRTUOSO, concedida às melhores agências do mundo.
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Sampa C R I S
B E R G E R
CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA crisberger@crisberger.com
PARA ALMOÇOS DEMORADOS Nada como matar a saudade de amigos queridos e ver horas passarem em minutos, colocar o papo em dia e rir com vontade. Melhor ainda se o cenário for um restaurante charmoso com boa comida, bebida e atendimento. Acabo de descrever o meu “bloquinho preferido”: minha segunda-feira de carnaval aconteceu em um almoço de cinco horas de duração. Inspirada neste delicioso encontro, resolvi escrever esta coluna. Com vocês, 5 restaurantes em São Paulo que valem almoços demorados. Bem demorados. 50
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CONDESSA Vou começar por onde “tudo aconteceu”. O Condessa é um bistrô. Ele começou em uma portinha da Vila Nova Conceição com poucas mesas. Há três anos, ganhou o espaço maior em que está hoje, mas não perdeu seu ar de aconchego. Como fica perto da minha casa, volta e meia apareço por lá. E todas as vezes é uma delícia. No cardápio, a cozinha de autor da criativa chef Shanti. Na decoração, muitas cores e móbiles lindos a la Cirque du Soleil. RUA BUENO BRANDÃO, 66 I VILA NOVA CONCEIÇÃO WWW.CONDESSABISTRO.COM.BR
TON TON Já me vejo sentada na mesa de quatro lugares da varanda, próxima ao murinho que separa a calçada da área externa. Repleta de plantinhas, em uma rua mais tranquila dos Jardins, a casa é indicada para aqueles dias em que se tem vontade de comer bem. Muito bem. Comece com uma garrafa de branco e pelas vieiras. Como prato principal, sugiro o bobó de camarão. Quem assina essas maravilhas é o chef Gustavo Rozzino, que antes de assumir o fogão do Ton Ton passou temporadas na Europa e no litoral norte de SP. RUA CACONDE 132 I JARDIM PAULISTA WWW.TONTONSP.COM.BR
MYTHO Novinho em folha (abriu no final de 2018) e com sabores gregos. A fachada branca da casa com janelas azuis sugere: sinta-se na Grécia. Uma trilha sonora um pouquinho mais alta dá um clima de baladinha, e logo você considera este o lugar perfeito para encontrar amigos. A carta de gins é surpreendente e foge do tradicional gin + tônica + limão siciliano. O camarão picante vai bem como acompanhamento. Apesar de ter pratos principais apetitosos, gosto da ideia de ir ao Mytho para beliscar e desbravar os gins. RUA DIOGO JACOME, 591VILA NOVA CONCEIÇÃO
ARMAZEM Ele fica dentro do Hilton Morumbi. Aos finais de semana, serve brunch. O do café da manhã sai de cena e dá lugar a pratos quentes, uma ilha de risotos e seleção de queijos e doces. O lounge é descolado, charmoso e reservado. Você pode, inclusive, entrar pela rua lateral, que dá acesso direto aos sofás e mesinhas baixas. O cenário dos prédios espelhados e a decoração elegante são um convite para boas horas de bate-papo e idas frequentes ao buffet, para ir provando diferentes pratos. Quem quiser fazer o programa com seu cachorro, saiba que o espaço é pet friendly. AV. DAS NAÇÕES UNIDAS, 12.901 I BROOKLIN PAULISTA WWW.HILTONMORUMBI.COM.BR /RESTAURANTES/ARMAZEM-MORUMBI
BUONÍSSIMO
CINCO ENDEREÇOS GASTRONÔMICOS PARA CURTIR SEM PRESSA, DEGUSTANDO OS SABORES, OS AMBIENTES, AS COMPANHIAS
Pizza no estilo napolitana para comer com a mão. Elas são individuais, mas dá para dividir. Quem sabe pedir dois ou três sabores? Se sobrar, leve para casa – eles têm uma caixinha para isso. E sabe o que mais? Antes de pedir pela redonda, comece com a burrata com presunto parma, tomates, rúcula e torradinhas. Para beber, eu iria de Aperol Spritz. Tudo bem italiano. O ponto alto é o sabor dos ingredientes. Sim, a qualidade dos insumos é notável. RUA SIMÃO ÁLVARES, 31 I PINHEIROS Estilo Zaffari
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Sabor
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ouro líquido POR BETE DUARTE FOTOS LETÍCIA REMIÃO
Nascido no Mediterrâneo, onde é considerado ouro líquido e tão importante quanto o pão, o azeite de oliva nunca esteve tão em alta. Os bons produtos têm conquistado cada vez mais lugar de destaque à mesa de todo o mundo, ganhando brilho em cardápios específicos para que melhor harmonizem com os pratos servidos em restaurantes sofisticados. Os chefs fazem muito bem ao selecionar o tipo de azeite mais apropriado para cada prato, assim como fazem com os vinhos que oferecem. Afinal, é mais importante conhecer e selecionar as propriedades do azeite, porque este integra o sabor das receitas, enquanto o vinho tem a função apenas de acompanhamento. A escolha pela melhor harmonização é, no entanto, aparentemente tão temida pelos leigos como a dos vinhos, mas observar alguns detalhes pode ajudar em muito a facilitar a seleção do azeite mais adequado ou preferido para cada ocasião.
Comece deixando de lado o mito de que quanto mais baixa a acidez melhor o azeite. Menor valor de acidez indica apenas que o processamento das azeitonas foi bem realizado e serve para classificar o tipo de azeite. É apenas um elemento de um bom produto e varia de acordo com o tipo de azeitona que deu origem ao óleo. Um azeite com 0,2% de acidez pode não ser melhor que um com 0,8%. Tudo vai depender de uma combinação de fatores. Importante ressaltar que a acidez não é detectável pelo sabor. É preciso levar em conta que solo, clima, tipo de oliva e extração influenciam na característica do azeite. Por isso, uma verdade é que azeite bom é extravirgem. O óleo é obtido diretamente de azeitonas prensadas a frio, logo após a colheita. Com isso, o processo controla o nível de acidez (até 0,8%) e aroma da azeitona. Sabor, aroma e intensidade estão associados às dezenas de compostos presentes na azeitona,
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Sabor que resultam de diversos fatores, como variedade e maturação quando do processamento. A principal recomendação dos especialistas é abastecer a cozinha com mais de um tipo, para que haja um melhor casamento com os pratos, sempre por similaridade. Afinal, como vai compor o prato, deve estar em consonância com os sabores do mesmo. Não se deve esquecer, no entanto, que, como no caso do vinho, cada pessoa possui gostos e preferências próprios, por isso só a degustação permite a criação de uma memória sensorial das diferenças e características e a escolha mais adequada a cada paladar. Por isso, experimente, experimente, experimente.
DEGUSTAÇÃO O olfato e o paladar são as análises mais importantes para identificar as diferenças, características e particularidades de qualidade de um azeite. É importante sentir os sabores, provar a untuosidade, sentir os perfumes. Especialistas recomendam que, para a degustação, a pessoa coloque 20 ml de azeite em um copo pequeno, tampe com uma das mãos e segure por baixo com a outra. Desta forma, haverá um pequeno aquecimento do líquido. Com movimentos circulares, deve-se mover o azeite e, então, destampar o copo e inspirar suavemente para sentir o aroma. As notas aromáticas mais comuns são de erva cortada, banana-verde, maçã-verde, tomate, nozes e amêndoas. Por sua vez, a maneira mais fácil de sentir o sabor – os degustadores oficiais que nos perdoem – é regar uma fatia de pão com o azeite e provar. Os métodos oficiais são cheios de técnicas dispensáveis para os simples mortais. E aí o que vale mesmo é gostar ou não gostar, ou apenas preferir. A análise visual vai mostrar a cor, que varia entre o verde intenso e o amarelo-ouro e normalmente está associada ao estágio de amadurecimento do fruto: o azeite mais verde é obtido de azeitonas mais verdes, o mais amarelado de azeitonas mais maduras.
DICAS
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AS AZEITONAS Da mesma forma que as uvas nos vinhos, as diferentes características de cada variedade de azeitona dão um toque especial a cada azeite de oliva. Os azeites podem ser multivarietais – quando compostos de diversos tipos de azeitonas, as quais muitas vezes não são especificadas nos rótulos – ou monovarietais, com um só tipo, o que permite maior percepção das características de aromas e sabores. Os multivarietais podem ser comparados com os vinhos assemblage, que combinam diferentes tipos de uva para alcançar a cor, as particularidades e o sabor desejados para determinado produto. Confira as características de algumas das azeitonas mais utilizadas e dos azeites que delas resultam: ARBEQUINA: azeitona típica espanhola, que rende um azeite fresco e frutado, com notas de alcachofra e tomate, bem equilibrado e com sabores mais picantes (quando a azeitona é colhida verde) e mais doces (quando maduras). ARBOSANA: típica espanhola, produz azeite picante e levemente amargo. É um médio frutado, com notas de tomate maduro. CORATINA: com origem italiana, resulta em azeite com notas muito frutadas, picantes e amargas. FRANTOIO: azeitona de origem italiana, produz um azeite aromático e frutado. Pode ter toques de amargor e picância agradáveis. Se a azeitona for colhida no final do estágio de maturação, confere sabor suave, adocicado, amendoado. GALEGA: típica dos azeites portugueses, frutados suaves e bem frescos. PICUAL: uma das espécies mais consumidas do mundo, tem origem espanhola. A partir dela se produz um azeite de sabor intenso e amargor pronunciado, picante. KORONEIKE: grega, resulta em azeites equilibrados, frutados, com leve frescor e acidez, aromático, com notas de maçã verde. Com leve picância e amargor. PICHOLINE: francesa, rende azeite com sabor rico e suave, porém bem frutado, adocicado, mas com alguma picância.
O azeite é um produto natural, feito com o sumo do fruto das oliveiras, sendo o único óleo que é produzido de uma fruta, já que os demais são extraídos de sementes. Experimentando é que se apura o paladar. Dê preferência aos azeites embalados na origem. Opte pelos mais jovens. O prazo de validade varia entre 12 meses e 3 anos da data de fabricação, mas quanto mais fresco melhor. São inimigos do azeite: claridade, calor, oxigênio e tempo de estocagem. Os azeites chilenos costumam ser leves e ótimos para o dia a dia. Os espanhóis e portugueses, mais intensos, enquanto os gregos, mais aromáticos.
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Sabor
OS AZEITES A diferença entre os tipos de azeite está no número de etapas de refinamento pelas quais cada um passa. Com isso, há uma alternância de acidez do óleo, do sabor, do aroma, das propriedades e também da qualidade. EXTRAVIRGEM: impecável, o melhor dos azeites. É obtido diretamente das azeitonas prensadas a frio, logo após a colheita, e não passa por nenhum refino. A acidez deve estar entre 0,2% e 0,8%. Preserva os aromas e sabores das azeitonas. VIRGEM: pode ter até 2% de acidez. A extração do óleo emprega processos físico/mecânicos. É um produto de qualidade inferior ao extravirgem por apresentar ligeiros defeitos. AZEITE DE OLIVA OU REFINADO: é um tipo de óleo que mistura azeite refinado (alterado quimicamente e sem cor, sabor ou aroma) com azeite de oliva virgem ou extravirgem. Pode chegar até 3% de acidez.
HARMONIZACÕES MENOS FRUTADOS: pratos cozidos ou fritos, como peixes, carnes, legumes e batatas. MAIS DOCES E SUAVES: pratos crus, como saladas. FRUTADOS: pratos leves, como peixes cozidos, frango, massas, risotos, legumes e molhos. Combinam muito bem com receitas vegetarianas e sobremesas. MAIS INTENSOS, AMARGOS E PICANTES: pratos com sabor mais acentuado, como pizzas, paellas, carnes, churrasco e risotos intensos. MAIS HERBÁCEOS: peixes e saladas.
COMBINAÇÕES PERFEITAS Para os assados de peixes, aves e carnes (incluindo cabrito e cordeiro), bacalhau e caldeiradas de frutos do mar, prefira os azeites mais encorpados, frutados, de médios a fortes. Pratos delicados, como peixes de carne branca, legumes, caldos, sopas, pratos infantis e antepastos, pedem os mais leves, frutados frescos, mais suaves. Carnes adocicadas, de aves ou porco, combinam melhor com azeites mais amargos e picantes. Sobremesas à base de frutas e sorvetes (baunilha ou creme) ganham um toque especial com azeites frutados leves, bem aromáticos.
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O USO DO AZEITE É TÃO ANTIGO QUE AS HISTÓRIAS QUANTO AO SEU SURGIMENTO SE CONFUNDEM. INDÍCIOS APONTAM QUE A OLIVEIRA JÁ ERA CULTIVADA EM 3500 A.C.
Azeites aromatizados – com ervas, trufas, limão, bergamota ou pimenta – conferem mais sabor e aroma aos pratos. Pratos com especiarias pedem um azeite frutado maduro, com notas amendoadas. Por contraste, sobremesas com chocolate ao leite harmonizam muito bem com o amargor do azeite. Sorvete de creme regado com um azeite de limão siciliano, baunilha, ou até mesmo, para aqueles mais ousados, um bom extravirgem com notas adocicadas Alimentos amargos de intensidade média a alta – alcachofra, berinjela, pão italiano, costeletas de porco grelhadas – pedem um azeite com toque picante, como os à base de azeitona Picual. Os de amargor sutil, como alface, com azeite frutado suave. Alimentos doces – sobremesas, crustáceos e massas adocicadas – harmonizam bem com azeite com toque mais doce e maduro, amendoado. Alimentos ácidos – tomate, cítricos ou com vinagre – pedem azeites frutados médios ou leves, sem amargor ou picância.
ORIGEM As oliveiras vêm permeando todas as culturas do Mediterrâneo, desde a Pré-História. Os faraós egípcios eram lacrados nas pirâmides junto com peças folhadas a ouro esculpidas em madeira das oliveiras. Os gregos costumam untar seus atletas com azeite. A primeira chama olímpica teria sido um ramo de oliveira incandescente. Roma tinha um mercado de valores e uma marinha mercante só para o comércio do azeite. O uso do azeite é tão antigo que as histórias quanto ao seu surgimento se confundem. Indícios apontam que a oliveira era cultivada ao redor de 3500 a.C. Há quem prefira a versão mítica, que diz que a oliveira teria sido plantada n região da Grécia por Palas Atena, a deusa da sabedoria e da “guerra justa”, que teria descido do Olimpo para oferecer a espécie aos mortais. Na época, Atena estaria disputando com Poseidon, o deus dos mares, qual o melhor bem a dar aos homens. Poseidon teria oferecido o cavalo, e Atena, a oliveira. Zeus, o todo-poderoso, teria decidido que o animal serviria para a guerra, e a oliveira, para a paz, dando a vitória a Atena. A deusa é representada pela coruja – sabedoria e inteligência – e pela oliveira – forte, resistente, fecunda e vitoriosa.
Em sua homenagem o local do embate teria passado a se chamar Atenas, que viria a ser a futura capital do país. Conta-se, ainda, que Aristeu – filho de Apolo com uma ninfa, nascido na região da Líbia – é quem teria ensinado o homem a extrair o óleo das azeitonas. O terceiro presidente dos Estados Unidos, Thomas Jefferson, dizia: “A oliveira é, sem dúvida, a mais generosa dádiva dos deuses”.
PRODUTO NACIONAL São pouco mais de dez anos do início da produção de azeites de oliva no Brasil. Mas o produto brasileiro já conquistou prêmios internacionais. Apesar de ainda raros nas gôndolas dos supermercados, apresenta vantagens em relação aos importados, que respondem por 98% do consumo. A principal delas é o curto tempo entre o campo e o prato. Os importados precisam enfrentar uma longa jornada até aqui. Como quanto mais novo melhor o azeite, ganhamos essa parada. Além disso, por ser engarrafado pelo próprio produtor, escapa de fraudes e adulterações, que têm sido frequentemente denunciadas. Como o solo brasileiro é muito diferente do mediterrâneo, região onde tradicionalmente são plantadas as oliveiras, as plantas precisam de cuidados durante todo o ano para que frutifiquem em todo seu potencial. E, por razões climáticas, as plantas têm se adaptado melhor em duas regiões: no Rio Grande do Sul e na Serra da Mantiqueira: Minas Gerais e São Paulo. Já temos até uma variedade própria, a Maria da Fé – evolução das primeiras mudas da portuguesa Galega. O nome é em homenagem à cidade mineira onde as plantas foram cultivadas há décadas.
CARDÁPIO Os azeites estão em alta. Destacam-se nas melhores cozinhas e se transformam em protagonistas em diferentes receitas. Podem compor o prato, complementá-lo ou realçá-lo. Para dar uma mostra da versatilidade desse ouro líquido, o chef Gabriel Zambon preparou, em seu restaurante Seasons, um cardápio completo, em que o azeite de oliva é a estrela, uma vez que responde por grande parte do sabor.
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TURISMO E SABOR
Entrada
O que oliveiras, azeite, boa mesa, turismo e Gramado têm em comum? Ali, na Linha Nova, a 14km do centro, todos esses ingredientes estão reunidos no Olivas Gramado, o mais novo complexo turístico da cidade serrana. A área de mais de 150 hectares abriga 12 mil mudas de oliveiras e tem este ano a primeira colheita e a produção do azeite de oliva local. O comercializado hoje é um blend exclusivo, com 60% Arbequina e 40% Koroneike, processado com azeitonas da parceira Verde Louro.
Como entrada, escolheu a sutileza do hummus, prato da cozinha árabe, que consiste em uma pasta à base de grão de bico e tahine (pasta de gergelim). No restaurante, o chef apresenta este prato em três diferentes versões: com camarões grelhados, legumes ou carne. Para a versão com os camarões, mais adocicados, recomenda um azeite mais suave, maduro, amendoado.
O espaço reúne ainda minifazenda, para visitação dos turistas, horta orgânica e pomar, que abastecem o restaurante. A proposta é resgatar à mesa a antiga e tradicional cultura gastronômica da cidade, de raiz, como a galinha caipira, a polenta cortada a fio, o tortéi, o café colonial. Além disso, o visitante pode fazer uma degustação de azeites extravirgem, acompanhada de pães, tábua de frios, queijos e embutidos. Vale experimentar os azeites aromatizados: com baunilha, limão, canela e outros tantos sabores.
Hummus
OLIVAS DE GRAMADO Rua Vereador José Alexandre Benetti Linha Nova I Gramado I RS 54 9 9974.4578 www.olivasdegramado.com.br
90 G DE LIMÃO
SEASONS Av. Carlos Gomes, 400 I Porto Alegre I RS De segunda a sexta: das 11h30min às 15h e das 18h às 23h. Sábados: das 12h às 16h e das 18h às 21h 51 3907.5600
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500 G DE GRÃO DE BICO 2 COLHERES (CHÁ) DE BICARBONATO DE SÓDIO 10 G DE SAL 1 DENTE DE ALHO PEQUENO 50 G DE TAHINE
120 ML DE AZEITE DE OLIVA MODO DE FAZER: Deixe o grão de bico em um recipiente com água e 1 colher (chá) de bicarbonato por 24h. Escorra o grão de bico. Coloque para cozinhar em panela com água e o bicarbonato restante. Cozinhe até que fique bem macio. Adicione todos os ingredientes no processador e bata até que fique bem liso. Sirva com azeite de oliva, pão e camarão.
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Prato Principal A picanha de cordeiro foi o ingrediente eleito para compor o prato principal, acompanhado de purê de berinjela e iogurte. Para reduzir o amargor da berinjela, o chef Gabriel adiciona abobrinha italiana. Na hora da harmonização com o azeite, para enfrentar o forte sabor do cordeiro, optou por um mais intenso, até com certa picância, como os com predominância de azeitona Picual, Arbosana ou Coratina, por exemplo.
Picanha de Cordeiro com Purê de Berinjela e Iogurte 250 G DE PICANHA DE CORDEIRO SAL E PIMENTA A GOSTO PURÊ DE BERINJELA 2 BERINJELAS 1 ABOBRINHA 1 DENTE DE ALHO TOMILHO A GOSTO AZEITE DE OLIVA A GOSTO SAL E PIMENTA A GOSTO PARA SERVIR 6 TOMATES-CEREJA 100 G DE IOGURTE NATURAL 3 FOLHAS DE HORTELÃ PICADAS SUCO DE ½ DE LIMÃO
MODO DE FAZER O CORDEIRO: Tempere o com sal e pimenta. Sele o cordeiro de todos os lados em uma frigideira bem quente. Após, leve ao forno preaquecido, a 1800C, por 15minutos. Deixe descansar por 10 minutos, antes de fatiar. MODO DE FAZER O PURÊ: Descasque metade da berinjela. Corte toda ela em cubos grandes e tempere com sal. Deixe descansar por 30 minutos. Lave em água corrente por 5 minutos, escorra. Leve a berinjela picada e a abobrinha também picada em cubos, o alho e o tomilho ao forno preaquecido, a 1800C, por 45minutos ou até que fiquem bem secas. Após, triture no multiprocessador até ficar uma pasta bem lisa. Tempere com sal, pimenta e azeite de oliva a gosto. PARA SERVIR: Corte os tomates-cereja na metade. Reserve. Numa tigela, misture o iogurte, o hortelã, o suco de limão, o azeite, a pimenta e o sal.
AZEITE DE OLIVA A GOSTO SAL E PIMENTA A GOSTO
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Sabor Sobremesa Antes de torcer o nariz ao se deparar com uma sobremesa harmonizada com azeite, experimente. Certos doces combinam muito bem com sabores específicos de determinados produtos. Aqui, a escolha do chef foi preparar um delicadíssimo bolo com azeite, que recebeu uma aromática calda de mel, passas e hortelã. A delicadeza do bolo pede como ingrediente um azeite mais suave e frutado, como o com azeitonas Galegas (português) ou à base de Arbequinas maduras, o que lhe confere certa doçura.
Bolo com Calda Passas e Mel 210 G DE FARINHA DE TRIGO 1 COLHER E1/2 (CHÁ) DE FERMENTO EM PÓ 1/4 DE COLHER (CHÁ) DE SAL 85 G DE AZEITE DE OLIVA 3 COLHERES (SOPA) DE LEITE INTEGRAL 4 OVOS GRANDES 215 G DE AÇÚCAR RASPAS DE 2 LIMÕES CALDA 100 G DE AÇÚCAR 100 G DE ÁGUA CALDA DE MEL 2 COLHERES (SOPA) DE MEL 1 COLHER (SOPA) DE PASSAS BRANCAS 1 COLHER (SOPA) DE MANTEIGA 3 FOLHAS DE HORTELÃ PICADAS
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MODO DE FAZER: Misture a farinha e o sal. Reserve. Em uma tigela, bata os ovos com açúcar até aerar bem. Adicione as raspas de limão, o azeite e o leite. Adicione a mistura de farinha e sal aos poucos. Por último, adicione o fermento. Em uma forma untada com manteiga e farinha, adicione a massa e asse por 30 minutos, em forno preaquecido a 180 graus, ou até ficar dourado. MODO DE FAZER A CALDA: Numa panela, misture o açúcar e a água. Leve ao fogo até o açúcar ficar totalmente dissolvido. Após, pincele a calda sobre o bolo para umedecer. Para a calda de mel, numa panela, coloque o mel, as passas brancas e a manteiga. Leve ao fogo até desmanchar a manteiga. Retire do fogo e adicione a hortelã. Sirva com iogurte drenado. DICA: O chef Gabriel Zambon revela também os segredos do seu iogurte drenado. Depois de preparado o iogurte caseiro, coloca em um pano bem fino e deixa suspenso para que escorra todo o líquido. Para acompanhar o cordeiro, o iogurte é mais líquido e misturado com folhinhas de hortelã bem picadas. Para o bolo, fica mais tempo drenando para que ganhe mais firmeza.
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O sabor e o saber F E R N A N D O
LO K S C H I N
VEGETARIANISMO: A HORTA Expondo a natureza humana nua e crua, O Velho Testamento é um tratado de violência, ambição e luxúria. Do Genesis a Malaquias há muito sangue derramado, um universo mais carnívoro que vegetariano. É assim até no alto comando; ainda que a primeira das mordidas tenha sido num fruto e não num bife, foi a flagrante preferência divina pela oferenda de carnes de Abel sobre as verduras de Caim o motivo para o crime fraticida. É bizarro que o agricultor tenha sido o assassino, e o pecuarista, a vítima. ‘Mais vale um prato de legumes servido com amor que um vitelo gordo com ódio’, diz o provérbio bíblico (Prov. 15:17) realçando duas valorizações: a da emoção sobre a refeição, a da carne sobre o vegetal. Para rivalizar com o sabor da carne gorda, somente muito amor a condimentar um legume. A exceção é Isaias, ‘o profeta vegetariano’, que concebe a natureza redimida, um ex-matadouro onde até os animais carnívoros tornam-se herbívoros. “E morará o lobo com o cordeiro e o leopardo deitará com o cabrito ...a vaca e a ursa pastarão juntas... e o leão comerá palha como o boi.” (Is 11:6-7) Escrito entre 500 a 1500 anos depois, o Novo Testamento é todo bom-comportamento. A sangrenta saga tribal e sua subordinação a um poder irrestrito dão lugar a um sacrifício pessoal redentor. Há uma clara fusão entre alimento e divindade, a nutrição do corpo e da alma, mas a ênfase na carne já não é nítida. Mesmo que cordeiro de Deus, Jesus é representado como pão e vinho, seu corpo é feito de grãos, seu sangue, de uvas. Vivendo às margens do Lago da Galileia e do rio
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Jordão, nunca a mais de 50 km de do oceano, Jesus seguia a saudável dieta mediterrânea: frugal, branda, variada e tendo como base peixe, pão, vegetais, frutas, sementes e vinho. Carne vermelha, somente na páscoa judaica e outras festividades. Causa espanto que Jesus tenha sido chamado por Mateus de ‘glutão e bebedor de vinho’ (vorax et potator vinun). Jesus era magro, alegre à mesa, não fumante e caminhando bastante, não houvesse a crucificação, Jesus seria um longevo, viveria quem sabe três vezes os 33. A Judeia, sua terra natal, era um estado monoteísta – o único –, mas conquistado por Pompeu, era vassalo de Roma, uma cultura imperialista pagã que reproduzia o politeísmo grego. O Monte Olimpo é o ponto mais alto da Grécia, natural que fosse a morada dos deuses. Mesmo que a dieta do Olimpo – néctar e ambrosia – não fosse de proteína animal, a oferenda aos deuses greco-romanos era sempre carne assada. O tamanho do animal imolado definia o recurso e o pleito do fiel. Plinio dizia que o touro era o melhor presente a um deus, para Ateneu, o mais sagrado dos sacrifícios. A geografia grega propiciou o surgimento de cidades autônomas e democráticas, mas é péssima para a agricultura e pecuária. Península e arquipélago com mais de 3 mil ilhas, solo montanhoso e árido onde só crescem a oliva e vinha, a Grécia tem uma área 60 vezes menor que a do Brasil, mas com o dobro de litoral. Seus heróis arquétipos, os argonautas, são navegadores que jamais pescam ou comem um peixe! Comem carne vermelha.
ESQUARTEJADA Como escreveu com graça Ateneu (Séc. II D.C.), “Homero jamais coloca rissoles, cheesecakes e omeletes na boca dos heróis, mas carne e na quantidade a torná-los de corpo e mente vigorosos”. Na Ilíada, Aquiles critica os companheiros gregos, ‘heróis de desfile’, que ‘fartos de carne de gado e jarras de vinho’ fanfarreiam ser páreo para 100 troianos mas no fundo temem Ajax. A carne era a dieta de alta performance, fonte de força para o atleta. O maior dos campeões olímpicos, Milo de Crotona tinha como dieta 10 kg de carne, 10 kg de pão e 10 litros de vinho. Para comemorar uma de suas vitórias, Milo carregou um touro nas costas, abateu o animal em plena arena e o devorou completamente, só deixando as guampas e osso. Cruzas de deuses com mortais, os heróis greco-romanos comiam muita carne. Só os heróis, não o povo. Antífanes chamava os gregos de ‘mastigadores de folhas’ e ‘frequentadores de mesas carentes’. Com tanta ênfase na carne na sua obra, Homero fez a primeira descrição de uma cultura vegetariana. Ulisses e seus companheiros encontram os lotusfagi, comedores de lótus, ‘raça hospitaleira’, que ‘come e bebe o que a natureza proporciona, as árvores ao redor, o Lotus, divino néctar de gosto afim ao damasco’. Na verdade um perigoso entorpecente. A palavra ‘vegetariano’ surgiu em 1857, antes o
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O sabor e o saber F E R N A N D O L O K S C H I N
DIFERENTE DE ISAIAS, O “PROFETA VEGETARIANO”, O BICHO HOMEM NÃO VIVE SÓ DA CARNE, COMO O LEÃO, NEM VIVE SÓ DA PALHA, COMO O BOI. JUNTO DO PORCO E DO RATO, SOMOS OMNÍVOROS termo corrente era ‘pitagórico’. Pitágoras invoca tanto o vegetarianismo como a geometria graças à poesia de Ovídio em Metamorfoses (Séc. VIII D.C.). No texto Pitágoras teria sido o primeiro “a proibir “animais servidos à mesa”, a advertir “evitem poluir seus corpos com uma refeição tão abominável” e a dar alternativas, “existe a espiga, a maçã que verga o ramo com seu peso, a uva que brota da vinha.” Pitágoras aceitava o abate como oferenda, não como alimento: “O porco é uma vítima sacrificial porque mete o focinho nas sementes e reduz a colheita. O bode é imolado no altar de um Baco vingador por mastigar as vinhas. Suas culpas são suas ruinas. Mas o que fez para merecer a inocente ovelha, nascida e criada para benefício do homem, que carrega néctar no ubre e nos dá sua lã macia para vestir?”. Outro filósofo clássico, Plutarco desenvolve dois ensaios a partir da pergunta: “Sabes as razões de Pitágoras para se abster da carne?”. E responde com o próprio espanto sobre o “dispor os mortos numa mesa e considerar comida um corpo que pouco antes bramia e chorava, movimentava-se e vivia”. A carne seria ofensiva a Demetra, deusa da agricultura, e envergonharia a Dionisio, senhor da vinha, “como se suas mãos não nos oferecessem o bastante”. O vegetarianismo de Plutarco é moral. Pôr um naco de carne na boca de um ser vivo é “privá-lo do sol, da luz e da vida, que pelo nascer e ser tem direito”. Cozinheiros e copeiros se sustentam tornando cadáveres mais apetitosos, condimentados e ornamentados. Na mesa do rico, mais é deixado de lado do que é ingerido. Muitas bestas morrem em vão, os mortos são mais poupados que os vivos. Não são os lobos e leões os animais abatidos e comidos, ao contrário, é o bicho manso sem ferrões e presas que nos ameacem.” Plutarco foi o primeiro a enfatizar ‘a obviedade’ (sic), ainda hoje repetida, da anatomia humana não ser naturalmente carnívora: “sem bico afilado, unhas afiadas, dentes pontiagudos, sem estômago forte... a boca é pequena e a língua macia”. O filósofo desafiava, “estômago insaciável, corpo franzino ... quem se julga carnívoro, que mate sua presa. Os lobos e leões matam para comer. Abata um touro com os dentes, um javali com a mandíbula, parta em pedaços um carneiro.” E acrescentava: “O homem tem de usar o fogo e incontáveis temperos para tornar o sabor da
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carne aceitável”. O uso do vinho, óleo, mel, molho de peixe, vinagre, condimentos da Síria e Arábia seria comparável ao embalsamento do corpo antes do funeral. Sua preleção é comedida e parece falar à consciência deste autor (não à barriga, que como diz Cato não tem ouvidos), sempre escravo do estômago e culpado do outro pecado da carne. “Se te for impossível abandonar a carne pelo menos envergonhe-se. Coma quando tem fome, coma com alguma tristeza e compaixão, sem que o animal tenha sofrido degradação ou tortura. Há quem enfie um ferro quente na garganta do porco ainda vivo para tornar a carne mais tenra, há quem golpeie os ubres das porcas ao parir para que o leite e o sangue se misturem deixando a iguaria mais apetitosa, há quem costure os olhos dos gansos para que no escuro engordem mais.” Seria admissível a ingestão da carne frente a necessidade maior, como na história do espartano entregando um peixe ao cozinheiro e pedindo para prepará-lo. Perguntado se não teria também manteiga, azeite ou vinagre, respondeu: “Se eu tivesse estes acompanhamentos não precisaria comer o peixe”. Os autores cômicos faziam do vegetarismo motivo de sátira e desconfiavam da superioridade moral de seus seguidores. Os preceitos da comunhão de bens da Escola de Pitágoras – o primeiro grupo vegetariano do ocidente – se fundamentavam, segundo Diógenes, ‘o cínico’, em usufruir as posses dos outros. Ammianus (Epigramas Satíricos, Séc. 2 D.C.) é quem encerra: “Apelles nos ofereceu um jantar como se tivesse esquartejado uma horta, pensando em alimentar ovelhas e não amigos. Havia rabanete, chicória, alface, alho-porró, cebola, manjericão, hortelã, arruda e aspargo. Temeroso que depois de essas coisas ele me servisse palha, comi umas favas murchas, me levantei e saí”. Ao longe da natureza de Isaias, o bicho homem não vive só da carne, como o leão, nem vive só da palha, como o boi. Junto do porco e do rato, somos omnívoros.
FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br
CO N FO RTO E S O F I ST I CAÇÃO E M D O R M I TÓ R I O S
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Céu aberto A Orla do Guaíba dá novo ânimo ao porto-alegrense e nos faz refletir sobre a interação das pessoas com os espaços públicos ao ar livre da cidade T E X T O
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O PROJETO ASSINADO POR JAIME LERNER DEVOLVEU À POPULAÇÃO UM DOS MAIS BELOS ESPAÇOS PÚBLICOS DE LAZER NA REGIÃO CENTRAL DA CAPITAL GAÚCHA
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Depois de um longo litígio, Porto Alegre começou a se reconciliar com o Guaíba. O projeto assinado por Jaime Lerner – reconhecido arquiteto e urbanista, sobretudo por suas obras em Curitiba – foi finalizado e reinaugurado em junho passado, devolvendo para uso comum um dos mais populares espaços públicos de lazer na região central da Capital. O Parque Urbano da Orla do Lago Guaíba, batizado de Orla Moacyr Scliar, resgatou um antigo hábito abandonado pelo medo da violência e pela precarização das áreas públicas, o da convivência a céu aberto, e injetou uma nova dose de entusiasmo e autoestima na vida do porto-alegrense. Com a retirada dos tapumes em pleno inverno de 2018, depois de 14 meses de atraso e investimento de R$ 71,7 milhões – R$ 11,7 milhões a mais do que o orçado –, o local atraiu multidões nos primeiros finais de semana. Magotes encararam um dos julhos mais úmidos e até o Minuano gelado à beira-lago para ver o crepúsculo laranja, rosa, amarelo, vermelho e até roxo. O Instagram não deixa mentir e prova que a paleta é vasta.
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LOGO APÓS A REINAUGURAÇÃO, CERCA DE 50 MIL PESSOAS VISITARAM O ESPAÇO A CADA FIM DE SEMANA, SEGUNDO ESTIMATIVA DA PREFEITURA DE PORTO ALEGRE 72
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O CIDADÃO OCUPA OS ESPAÇOS PÚBLICOS EM QUE SE SENTE BEM E SEGURO, COMO EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO
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Quando chegou o verão, a fome de verde permaneceu: famílias inteiras, jovens, idosos, esportistas, ambulantes, todos estão lá. Mesmo os que toparam os tórridos entardeceres nos dias úteis de janeiro e fevereiro na tentativa de desfrutar de uma área mais tranquila, adivinha: as pessoas estão lá com chimarrão, bicicletas, patinetes ou nas mesinhas dos bares mesmo em uma segunda-feira! O que deu neles? De onde saiu tanta gente? A verdade é que a falta de capina, as árvores com galhos quebrados e na iminência de queda, bancos de concreto quebrados expondo vergalhões pontiagudos, brinquedos enferrujados e dejetos de cães, além de atraírem moscas e mosquitos, expõem a nossa carência de espaços públicos abertos bem cuidados. Sem perceber, naturalizamos o relaxamento nas áreas de convivência e somos surpreendidos quando ganhamos uma nova em folha. Embora não faltem praças e parques arborizados em Porto Alegre, o cidadão ocupa os espaços em que se sente bem e seguro, como em qualquer lugar do mundo.
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É por isso que a nova Orla se tornou ponto favorito de lazer e contemplação e se transforma em um formigueiro humano aos sábados e domingos de tempo seco. Todo mundo quer aproveitar um pedacinho. Nem que seja um metro quadrado em cima da canga estirada no gramado. Um lugar agradável, com natureza nativa ao redor, sem cercas, muros, segurança privada – e um monte de gente de origem, história e cabeças diferentes ao redor. Só (ou tudo) isso. Como faz bem para as pessoas e, por consequência, para a cidade. A procura pelo local provoca uma reflexão sobre a forma como nos relacionamos com a Capital. Ali, entre cadeiras de praia, esteiras no chão, monociclos, skatistas,
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ciclistas, praticantes de esportes ao ar livre, o paliteiro de postes, como foi apelidado popularmente o projeto quando instalados os 47 postos inclinados de iluminação, acendeu uma chama, um novo jeito de interagir do porto-alegrense. Esqueça a hostilidade observada no trânsito, a rispidez no trato diário ou o mau humor contra manifestações artísticas, ali cabem todos. A convivência, que tem o sol por testemunha, se dá de forma cordial e tranquila, e o murmurinho é entrecortado vez ou outro pelo “pipoca, pipoca!” e não pela caixa de som alto do vizinho. Nem sempre, é verdade, mas há sinais de que tem funcionado. Se fomos grosseiros ou invasivos contra a opinião ou o espaço alheio, ali a gente já nem lembra.
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A NOVA ORLA SE TORNOU PONTO FAVORITO DE LAZER E CONTEMPLAÇÃO E SE TRANSFORMA EM UM FORMIGUEIRO HUMANO AOS SÁBADOS E DOMINGOS
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Equilíbrio C H E R R I N E
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QUE DIREITO É ESSE QUE ACHAS QUE TENS? Já falei nesta coluna sobre muitas coisas. Sobre intolerância, sobre moral, sobre o exagero no uso das redes sociais e o quanto isso faz com que as pessoas se sintam superpróximas, mesmo sem nunca terem conhecido a pessoa do outro lado. Para tudo nessa vida há o lado positivo e o negativo. Vivemos nessa dualidade por motivos óbvios. Quais são eles? Simples. É com a dualidade que a gente cresce, evolui, aprende a viver consciente e em busca de sermos melhores, porque por ela entendemos que nada é verdade absoluta. Sempre haverá duas maneiras de ver e entender as coisas. Só que esse conceito mal usado, em vez de favorecer nosso aprimoramento, nos torna pessoas muito cruéis. Pessoas que acham que têm o direito de dar opiniões sobre a vida dos outros, que seu ponto de vista é o certo e que sua verdade deve ser a verdade universal. Não, gente! Se a dualidade está te levando a querer impor sua visão a alguém que pense diferente de você, ela está te tornando alguém pior, não melhor. As redes dão espaço demais para julgamentos. Para especulação. E o pior de tudo, para mentiras! E nesse embolo todo o que mais assusta é que mentiras são muito mais facilmente aceitas e repassadas pra frente do que a verdade! E nessa dualidade, quando a mentira ganha, todos perdem. Porque da mesma forma que você compra a mentira, você repassa a mentira. Você aumenta o conto já com a sua polaridade do julgamento diante de como você ingere a informação. Sabe aquela máxima: “cuide da sua vida”, pois então, ela é um dos bons conselhos que podemos seguir. Quando alguma notícia sobre a vida de alguém vem à tona e você julga, sem apuração dos fatos, você se envolve numa energia que não é sua. Fala de situações que você não viveu. Dá pitaco sobre um privado que você desconhece. Aponta o dedo sem nem perceber que quando um está pra frente, há outros quatro mirando em você. Que direito é esse que as pessoas acham que têm hoje de cobrar respostas e posicionamentos de outras
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pessoas sobre assuntos que não lhes dizem respeito? Isso não é válido só para pessoas públicas. Mesmo que eu admire muito o trabalho de alguém, isso não me dá (e entenda: também não te dá) o direito de querer que essa pessoa se reporte sobre as coisas que acontecem na vida dela, para que eu possa acompanhar e decidir se continuo ou não admirando o trabalho dela. Afinal, uma coisa é a admirar o trabalho de uma pessoa que eu não conheço. Mas isso igualmente não me dá o direito de dar pitaco ou cobrar justificativas nem mesmo de pessoas próximas a mim. Somos seres individuais. Cada um com sua moral, suas crenças, suas percepções, sua educação e espelhos. Aqui neste universo mundano, no qual temos leis que devemos seguir, os únicos que possuem algum direito de julgar são os juízes. Falar sobre o que não me compete, na minha opinião, já é errado, mesmo que eventualmente caia nessa armadilha por conta da minha humanidade. Mas atacar, apontar, denegrir a imagem de alguém, podendo prejudicar essa pessoa por atitudes dela que não respingam em você, podendo prejudicar essa pessoa na sua individualidade, é cruel. Vamos sair desse ciclo vicioso. Parar de falar dos outros. Parar de dizer isso ou aquilo da atitude de alguém que não esteja te prejudicando. E mesmo esses, observe. Porque a pessoa que nos prejudica muitas vezes nem sabe que o está fazendo. Então em vez de sair fazendo leva e trás, sente e converse com essa pessoa em particular. E se você não tem proximidade pra conversar pessoalmente com aquele que você começa a querer falar sobre, então, engula sua opinião, ela não vai mudar a vida do outro, só vai falar mais de quem você é. CHERRINE CARDOSO É AUTORA DOS LIVROS A INCRÍVEL ARTE DE DESAPEGAR E REINVENTE-SE: QUANTAS VIDAS SE VIVE EM UMA VIDA? WWW. AINCRIVELARTE.COM
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arte urbana GRAFITES DO BAIRRO BUSHWICK, EM NEW YORK
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“BUSHWICK ME PARECEU UMA MISTURA DE DOWNTOWN LA COM O GREENWICH VILLAGE DOS ANOS 60 E O 4º DISTRITO DE PORTO ALEGRE. FUI ATRÁS DOS GRAFITES QUE TORNARAM O BAIRRO FAMOSO: JÁ É A MAIOR ÁREA GRAFITADA DO ESTADOS UNIDOS, SUPERANDO WYNWOOD, EM MIAMI.”
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“PARA IR ATÉ BUSHWICK, PEGUE O METRÔ (DE DIA), LINHA L, E DESÇA NA JEFFERSON ST STATION.
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RESPIRE FUNDO, PORQUE VOCÊ VAI CAIR NO MEIO DA ÁREA DOS GRAFITES DO BAIRRO.”
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“ARTISTAS DE TODO O MUNDO, ENTRE ELES OS BRASILEIROS COBRA E OS GÊMEOS, JÁ USARAM AS PAREDES DE BUSHWICK COMO TELA. HOJE EXISTE TOUR COM GUIAS ESPECIALIZADOS, EXPLICANDO TUDO TINTIM POR TINTIM. O PASSEIO PODE SER DE GRAÇA OU CUSTAR ATÉ MAIS DE 30 DÓLARES.”
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“BUSHWICK FOI ELEITO PELA REVISTA VOGUE O BAIRRO MAIS ‘COOL’ DO MUNDO. ENTÃO, APROVEITE! É UMA SURPRESA A CADA PASSO, UM CALEIDOSCÓPIO DE ARTE, CULTURA, COMIDA E BEBIDA.”
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Palavra LU Í S
AU G U S TO
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LISTA DOS MALES
A velocidade dos fatos empata com a velocidade da divulgação dos fatos. Ou quase. Já faz um certo tempo isso, mas a coisa se acelerou agora com a internet e as ditas redes sociais. Lembro do final dos anos 70, quando um filme abalou nossa percepção das coisas. Era Corações e mentes, de 1974 (Hearts and minds, direção de Peter Davis, Oscar no ano seguinte como Melhor Documentário). Passou aqui creio que no ano de 1975 e nos arrebatou, a nós os jovens do tempo: era a Guerra do Vietnã mostrada em sua miséria diária e profunda. Racismo contra os povos daquela região do planeta, mais militarismo e imperialismo estadunidense. Os fatos eram horríveis o suficiente para nos causar duras dores no espírito, mas havia algo novo. Não era apenas a mudança da visão gloriosa da guerra, como fora a Segunda, para a truculência pura e simples. Era também o resultado da guerra na opinião pública. Os ex-combatentes e suas famílias, o futuro roubado a tantos jovens, a vida amesquinhada dos mutilados, a patifaria de muitos congressistas, os lucros da indústria bélica – isso também era a guerra. A guerra do Vietnã, ao contrário da Segunda Guerra ou daquela da Coreia, não ocorria lá longe, mas aqui, em casa, na sala da tevê. Corta para este começo de 2019. Esses dias, minha filha, nove anos recém-feitos, antes de dormir conversa com a mãe. Assim: “Mãe, espera aí, deixa eu ver as coisas ruins. Tem o Trump contra a Coreia, a barragem de Brumadinho que estourou e matou gente e destruiu o rio, tem o incêndio do Flamengo, tem a morte do Boechat, e tem isso tudo na Venezuela. Tá”, terminou ela. Recebeu um beijo e foi dormir. Aos nove anos.
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Eu tive nove anos muito mais mansos, em 1967. O país era outro (estávamos já sob a tutela militar, que não aparecia porque era ainda o tempo anterior ao recrudescimento do regime e à censura prévia à imprensa), o mundo era outro (não havia, por exemplo, o satélite que proporcionou a instantaneidade de divulgação das notícias a partir de 1969). Os males da humanidade eram também outros? Talvez sim. A truculência do cotidiano era inexistente, perto do que vivemos todos os dias. Não havia a indústria das drogas, um dos piores problemas da vida contemporânea, menos na ponta do consumo e mais, muito mais, na ponta da produção e da venda, que corrompeu tudo, de alto a baixo, e rebaixou o preço da vida a quase nada, contaminando tudo. Rebaixou o preço da paz. E não havia a velocidade que agora bota tudo isso na nossa casa, a qualquer hora. Coloca isso tudo na retina, no coração e na mente das crianças. Que precisam lidar com isso. Tudo considerado, me parece que fazer uma lista dos males e dos sofrimentos, como fez a Dora, não é nada mal. Na medida em que enumera e dá dimensão concreta para seus pequenos mas já profundos sentimentos, ela organiza sua percepção, hierarquiza os males em relação aos bens – como aliás ela fez no mesmo dia desse exercício, ao festejar seus nove anos com o carinho das famílias e dos amigos. Sem perder de vista a realidade, mas sem aceitar o rebaixamento nem a truculência. Com o coração batendo no compasso do mais certo.
LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR
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