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ARQUITETURA

PROJETO ARROJADO E HUMANIZADO

FERNANDA VENTURA ARQUITETURA ESPECIALIZADA EM SAÚDE

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LANA DÉBORA ARQUITETURA DE INTERIORES LOUNGE DO MEDICAL. AO LADO, ATRIUM DO COMPLEXO

Um projeto de uso misto e de grande porte: duas variáveis que fizeram do Omni, desde a sua concepção, um grande desafio. O resultado foi um projeto arquitetônico muito rico. Mesmo com a imponência dos quase 40 pavimentos, a complexidade dos acessos e dos vetores de segurança, ele se posiciona de forma amigável e sustentável, numa integração única com o seu entorno. “O Omni é um empreendimento humanizado, convidativo, que poderia estar em qualquer cidade do mundo. Isso tem que ser ainda mais reforçado quando se fala de um projeto na área da saúde, segmento que tem, historicamente, um perfil mais hostil”, pontua o arquiteto Léo Maia, que assina o projeto.

Subtrações extras na calçada, recuos generosos – que tornam as áreas convidativas e permitem permeabilidade para as pessoas que circulam no bairro –, um paisagismo diferenciado e recuos também na fachada conferem ao prédio uma dinâmica interessante, um visual moderno e ao mesmo tempo acolhedor. No lugar dos tradicionais vidros espelhados e materiais mais duros, nuances mais humanizadas, com cores amadeiradas e em tons de grafite – sofisticadas e contemporâneas – e, sobretudo, a presença do verde.

Um grande rasgo central, com um banho de luz, garante ilumina-

ATRIUM DO COMPLEXO

PATRÍCIA LAGO PAISAGISMO

ARIADNE MARQUES PAISAGISMO ção direta para a maioria das unidades e muita ventilação. “A presença de rooftops escalonados dá uma perspectiva interessante de skylines. Sacadas internas permitem que as pessoas visualizem umas às outras e se sintam acolhidas, num ambiente apto à socialização”, destaca Léo. Um dos objetivos é que o empreendimento seja perene, do cidadão contemporâneo, do século XXI. Segundo o arquiteto, mesmo com todo o advento da tecnologia, é possível sentir-se abraçado e acolhido nesse espaço, pelo diálogo com a natureza. É um ambiente aprazível para quem vai habitar, trabalhar, comprar ou mesmo fazer uma refeição. “Queremos que o Omni seja um grande catalisador de pessoas. Com processos de socialização frutíferos e positivos”, afirma Léo.

O INTERIOR

A ambientação do Omni acompanha a ideia do projeto arrojado, voltado para um novo tempo e que ressalta a importância da integração com a natureza. A inspiração da arquiteta responsável pela ambientação do empreendimento e interiores, Lana Débora, foi o que João Pessoa tem de melhor: as praias, o mar e possibilidade de aproveitar tudo de bom que a natureza tem a oferecer. “Temos praias lindas! Por que não tirar partido disso?”, afirma Lana, ao explicar que planejou uma ambientação mais fresca, arejada, em que é possível colocar os pés no chão e

sentir que se está perto do mar. “É o que as pessoas buscam hoje: ar puro para respirar, contato com a natureza. Agora, mais do que nunca.”

O verde da fachada também é usado na parte interna. Todas as áreas estão em sintonia, inclusive pelo uso de materiais como madeira, pedras naturais, imagens das praias locais e da areia vermelha típica da maré baixa, fotos de barcos, jangadas. “Trabalhei a simplicidade, a essência, um ambiente mais limpo e contemporâneo, sem muitos objetos. Mais orgânico, que remeta à vida, à alegria, ao lazer, ao convívio e ao aconchego”, descreve Lana.

A recepção residencial faz alusão à areia vermelha, com o uso de madeira bem forte e iluminação linear. No topo da torre, um grande lounge integrado à sala de jogos funciona como a entrada da área de convivência. Além disso, um espaço gourmet, que pode ser unido aos demais. “É possível abrir tudo e integrar todos os ambientes. É uma área contemplativa e ao mesmo tempo dinâmica.”

Seguindo o tom de contemplação da natureza, as cores terrosas se misturam ao verde e ao azul nos ambientes de convivência. O mobiliário é alegre e confortável, inclusive no medical center, para o qual foi planejado um ambiente comum bem descontraído.

LÉO MAIA ARQUITETO

LOBBY DO RESIDENCIAL

O VERDE

Estudiosos de todo o mundo, desde meados do século XX, relacionam o bem-estar do ser humano ao contato com a natureza, e a busca por essa interação vem se intensificando cada vez mais. Inserir elementos vegetais em todo tipo de edificação é uma tendência definitiva da arquitetura contemporânea. Especialmente em ambientes hospitalares e laborais, é possível observar os efeitos positivos de estar mais perto do verde.

Desde os traços da calçada até os jardins e espaços de convivência nos pavimentos superiores do empreendimento, as arquitetas paisagistas Patrícia Lago e Ariadne Marques criaram uma linguagem única, que permeia os espaços internos e externos e gera identidade para toda a edificação. O objetivo foi quebrar a barreira imaginária que temos entre o exterior e o interior da edificação e idealizar espaços que sejam catalisadores da interação humana com a natureza.

Entre os destaques do paisagismo estão as calçadas amplas como uma interface entre espaço público e privado, uma escadaria/arquibancada criada no acesso às lojas, que estimula a apropriação do espaço, e o átrio, que dá apoio ao auditório e foi planejado para ser uma grande área de estar. Neste último espaço, o coração do Omni, que dá acesso ao medical center, foram projetadas jardineiras e mobiliário diferenciado, como grandes sofás e office pods, que permitem atividades em grupo e individuais, com privacidade para pequenas reuniões. Uma área com potencial para ser um dos espaços preferidos do público.

A PREOCUPAÇÃO

COM O BEM-ESTAR

DO USUÁRIO

PAUTOU A

ARQUITETURA E

O PAISAGISMO

DO OMNI

ACIMA, AMBIENTE DA ÁREA DE LAZER DO FLAT. NA PÁGINA AO LADO, FITNESS CENTER

“O Omni representa modernidade, tecnologia, sobriedade e equilíbrio – traduzimos estes conceitos em formas retilíneas e materiais como madeira, granito, pedras, concreto e metais. Porém, existe a preocupação intensa com o bem-estar do usuário, e é aí que entra o verde! Ele é protagonista entre os materiais, quebrando um pouco da austeridade dos demais”, afirma Patrícia.

O mobiliário foi projetado para acomodar perfeitamente as espécies vegetais. Fluxos de passagem criados em uma escala “que abraça o usuário” permitem que o edifício seja igualmente funcional e acolhedor. “O Omni tem um novo olhar para usos que geralmente são pouco convidativos, em especial o hospitalar. Acreditamos que o paisagismo desempenha um papel fundamental na quebra desse estigma, já que a natureza é automaticamente relacionada ao bem-estar e acolhimento, à reconexão com as nossas origens como seres humanos”, declara Ariadne. O paisagismo é essencial para gerar identidade entre os diferentes espaços de um empreendimento como o Omni, pela sua extensão, pelos diferentes usos e, ao mesmo tempo, algo que representa a ideia do “todo”. Juntos, os projetistas atingiram um resultado que tem uma linguagem estética única e harmoniosa, onde os ambientes, ainda que diversos e com identidade própria, podem ser associados pelos materiais e formas empregados.

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