Revista Entreatos 1ª edição

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entreatos entreatos revista revista

Ano 1 Nº 1 Ano 1 Nº 1

R$ 0,00 R$ 0,00

Junho/2013 Junho/2013

ESPECIAL ESPECIAL

EPIFANIA EPIFANIA Cia. de Teatro Cia. de Teatro

CONHEÇA QUEESTE ESTE CONHEÇA ESSA ESSA COMPANHIA COMPANHIA QUE ANO ANOSDE DEEXISTÊNCIA EXISTÊNCIA ANOCOMPLETA COMPLETA TRÊS ANOS



ea entreatos entreatos ea revista digital

revista digital

revista

Direção Laura Caroline

Redação Cintia Luz Patrícia Lázaro

ENTREATO: Lapso de tempo entre os atos durante o qual o jogo é interrompido e o público deixa provisoriamente a sala de espetáculo. O entreato, embora tenha funçõestécnicas, também destinava à função social, como no renascimento, onde os espectadores se encontram e conversam. Daí veio o ritual do foyer na Ópera.

Produção Cíntia Luz Geórgia Catarina Laura Caroline Patrícia Lázaro Direção de Arte e Diagramação Laura Caroline Edição Laura Caroline Coordenação César Sartorelli Multimídia 3° C - 01/2013 Trabalho de Conclusão de Curso ETEC Jornalista Roberto Marinho Centro Paula Souza


Editorial

- Dentro da Redação Experiência Epifânica Nada de preconceitos de ideias. Aliar artes visuais com poesia, performance com multimídia... Essa deliciosa mistura nos proporcionou a descoberta do Teatro Pós-Dramático. E isso graças a Epifania Cia de Teatro que em 2013 completa três anos. Por isso, nessa edição trazemos uma matéria especial sobre o grupo teatral além de um apanhado que leva o leitor a conhecer melhor esse gênero pós-dramático. Também pesquisamos o passado e o presente para falar como anda a arte teatral no Brasil. Por fim deixamos nossa dica:

Vá ao teatro! Equipe Revista 03 • revista entreatos


revista entreatos • 04


Sumário

O CAMINHO DO TEATRO BRASILEIRO Como surgiu e um panorama de como se encontra a arte no Brasil

pg.

08

EPIFANIA CIA. DE TEATRO Entrevistamos o grupo e contamos sua tra jetória que em 2013 faz 3 anos

pg.

16

DRAMA EM QUESTÃO Uma explicação sobre um gênero ainda mal interpretado pelo público lógico!

pg.

26


O TEATRO NAS TELAS Como a televisão e o cinema se apropriam da arte dos palcos

pg. 30

INFOGRÁFICO pg. 13 PERFIL

pg. 25

QUIZ

pg. 31

AGENDA

pg. 32

ea


07 • revista entreatos


CENĂ RIO

O Caminho do

Teatro Brasileiro Como surgiu e um panorama de como se encontra a arte no Brasil

revista entreatos • 08


CENÁRIO

F

oi com a colonização portuguesa, que surgiu o teatro brasileiro. Em 1808, após a chegada da família real, as companhias teatrais, de canto e bailado ganharam espaço e conquistaram o público nacional. Desde então, muita coisa se passou, e o teatro nacional cresceu e ganhou reconhecimento. Mas, e hoje, anos depois, como anda o teatro brasileiro? Atualmente, a produção teatral brasileira tem duas vertentes: os teatros de grupo, que são pequenos grupos de teatro que lutam por leis de incentivo, e apresentam suas peças de maneira

mais popular e, a outra vertente, é a do teatro comercial, que lotam salas de teatro, com apresentações mais divertidas, voltadas para o entretenimento, porém, com custo mais alto que, em sua maioria, são musicais estrangeiros que ganham adaptações aos palcos brasileiros. Entretanto, ambas as formas de teatro ainda sofrem com o pouco incentivo que recebem. Não é de costume ver tanta divulgação de uma peça teatral popular como vemos de um filme americano. Até mesmo os meios de comunicação, como a televisão e a internet, abrem poucas portas para o teatro.

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Legislação Brasileira Mesmo com essa falta de estímulos, temos no Brasil algumas leis e projetos voltados para o crescimento dessa área. O Ministério da Cultura, além de programas, ações e projetos voltados para a cultura em geral, conta com a Lei Federal de Incentivo à Cultura, mais conhecida como Lei Rouanet. Porém há propostas de mudanças para essa lei. A ministra Marta Suplicy pediu (e obteve) alterações no texto. A mais substancial delas é a que cria mais uma faixa de dedução de Imposto de Renda no mecanismo de incenti-

vo fiscal. Agora, as faixas são de 30%, 50%, 70% e 100%, e não consideram a despesa operacional. As áreas que poderiam ter 100% de abatimento automático (setores pouco atrativos para as empresas, como restauro, patrimônio histórico, corpos artísticos estáveis e cooperativos artísticos) não serão mais incluídas no desconto total. A atual Lei Rouanet (Lei 8.313/1991), é a lei que institui políticas públicas para a cultura nacional, como o PRONAC - Programa Nacional de Apoio à Cultura. O grande destaque da Lei revista entreatos • 10


CENÁRIO

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segmento vem aumentando. Apesar de a arrecadação ser alta, a distribuição muitas vezes prioriza certos projetos com altas quantias. Como por exemplo, o da cantora Claudia Leitte que foi autorizada a captar R$ 5,8 milhões para a turnê de doze shows que fará nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, entre maio e julho deste ano. “A intenção é levar as apresentações para praças onde seria inviável pensar num show do porte de Claudia Leitte, com todos os custos inerentes a um evento dessa dimensão”, afirmou a assessoria da artista. Foto: Divulgação

Rouanet é a política de incentivos fiscais que possibilita as empresas e aos cidadãos aplicarem uma parte do imposto de renda em ações culturais. A lei surgiu para educar as empresas e os cidadãos a investirem em cultura, e inicialmente daria incentivos fiscais, pois com o benefício no recolhimento do imposto a iniciativa privada se sentiria estimulada a patrocinar eventos culturais, uma vez que o patrocínio além de fomentar a cultura, valoriza a marca das empresas junto ao público. Atualmente, as empresas que seguem esse caminho, e procuram formas de incentivo a cultura, são muito bem vistas pelos seus consumidores. É um grande marketing para as empresas estarem patrocinando, e colaborando com o cenário artístico brasileiro, pois contribui para um desenvolvimento cada vez maior da cultura. Algumas instituições são famosas nesse seguimento, como o Itaú Cultural, que promove uma grande contribuição para todas as formas de arte , seja dança, cinema, teatro, musica ou outro. Por outro lado, a verba do governo para cultura, ainda é muito baixa, mas com o tempo, a importância dada a esse

Claudia Leitte irá captar R$5,8 milhões via Lei Rouanet.

Artistas e projetos de artes cênicas e visuais não ficaram de fora de investimentos via Lei Rouanet. A lista completa dos projetos aprovados pode ser conferida no site do Ministério da Cultura: http://salic.cultura.gov.br/ .


Expansão Já o público de teatro tem aumentado nos principais centros urbanos do país, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, que possuem 685 salas de teatro. Um dos fatores é o preço. Entre 2010 e 2011, a média do valor dos ingressos caiu nessas cidades segundo a Fundação Getulio Vargas. O recuo em 12 meses foi de 9,58% na capital paulista e de 5,6% na capital fluminense.

Em São Paulo, de acordo com a Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado (Apetesp), são cerca de 650 espetáculos em cartaz por ano na cidade. Isso mostra que mesmo com as dificuldades, o nosso teatro ainda é um grande espetáculo. Para ficar ainda mais por dentro do mundo do teatro, confira ainda nessa edição a agenda de espetáculos e novidades na área.•

Grupo Pequeno Teatro de Torneado Cena do espetáculo “Dias de Campo Belo” de 2009 com texto e direção de William Costa Lima. Esta conta a história de uma jornada interior, um passeio pelas memórias e sonhos de personagens masculinos que, por alguns instantes, tentam modificar o curso de sua existência e colocar em relevo tudo o que passou despercebido.

Os Satyros “A Nossa Gata Preta e Branca” montagem de 2013, com direção de Tiago Leal. A companhia se estrutura na praça Roosevelt, espaço de projeção cultural no centro de São Paulo. A peça se utilizou da performatividade das atrizes Cléo De Páris e Maria Casadeval para conduzir o público, contando histórias que nos deixam na dúvida se são pessoais ou pura atuação. revista entreatos • 12


INFOGRÁFICO

O Público e o Teatro Entrevistamos algumas pessoas e descobrimos o relacionamento do público com o meio teatral

FAIXA ETÁRIA

10%

6%

DOS ENTREVISTADOS

Entre 15 e 21 anos Entre 29 e 40 anos Acima de 40 anos

84%

CUSTUMA IR AO TEATRO

82% NÃO

18% SIM

anualmente mensalmente

GÊNERO TEATRAL FAVORITO

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6%

drama

musical

comédia

nenhum

x

24% 14%

stand up

22% 34%


25%

$

vão à peças gratuítas

$

$

40%

35%

5 à 15 reais

$

15 à 30 reais

QUANTO CUSTUMA PAGAR PARA ASSISTIR A UMA PEÇA

O QUE ACHA DA DIVULGAÇÃO DE PEÇAS NA WEB

36%

RUIM

64%

BOA

78%

12%

6%

w w w

pa

nfl et os

MEIOS UTILIZA PARA SE INFORMAR SOBRE ESPETÁCULOS

4% revista entreatos • 14


Dionísio, o deus do teatro.

Baco - do estúdio de Leonardo da Vinci (1510-1515)


ESPECIAL

Epifania Cia. De Teatro 3 ANOS

Epifania significa uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo.

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ESPECIAL

- Simone Carvalho e Márcia Funabashi em Fragmentos Tchekov -

O

s atores Adriano Dlugosz, contemporâneo sob olhar antroAmanda Leones, Luana pológico, sociológico e psicológiCosta, Marcia Funabashi co utilizando-se de diferentes téce Simone Carvalho, permanecem nicas e linguagens teatrais a fim unidos desde sua formação prode alcançar, despertar e provocar fissional em 2008. E em 2010 decio público interessado. Mas a Epidiram fundar a compafania não pode ser resunhia de teatro Epifania. “A Epifania é uma mida a isso. Na matéria Logo convidaram a atriz escola, um tapa, a seguir eles contaram Andressa Bodê para in- um sacode. Existem para a Entreatos como tegrar o elenco e tamtem sido os trabalhos, vários “quereres” mas bém Samir Signeu para os quais segundo os pródirigir os espetáculos o que prevalece é o prios, procuram romadultos. Samir também movimento. Inspira e per com o tradicional atua na montagem ‘Íris’. e naturalista. “A inércia impulsiona.” Juntos tomaram a misnos paralisa e prejudica são de democratizar o teatro pósa produção. É preciso ser agente. -dramático brasileiro, pesquisar e É PRECISO FAZER TEATRO!”. realizar ações acerca do homem Confira a entrevista:

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A EPIFANIA EA: Como surgiu a Epifania? Epifania: A Cia. Epifania surgiu

em 2010, após o encerramento do curso profissionalizante que fizemos na Escola Recriarte. Nós escolhemos um dos trabalhos realizados em curso e convidamos o responsável pela montagem, Samir Signeu. A montagem Fragmentos Tchekhov foi estreada no Teatro Augusta, em 10 de abril de 2010, marcando o surgimento da Cia. e dando abertura para a realização de uma Trilogia.

EA: Como foi escolhido o nome do grupo? Epifania: O intuito era definirmos

um nome que demonstrasse o tipo de trabalho que fosse realizado. Epifania tem um significado religioso, mas adotamos o significado utilizado nas obras de C. Lispector, sendo epifania uma sensação de descoberta, como quando estamos com a resposta da ponta da língua e nos lembramos de súbito! Ou quando encontramos a última peça do quebra-cabeça. Epifania, surgiu então, depois de uma conversa de bar, após muitas sugestões e devaneios uma das atrizes, Márcia Funabashi,

enviou e-mail sugerindo o nome, e todos adotamos.

EA: Por que fazer teatro? Epifania: É difícil falarmos uns

pelos outros, o fazer e o porque tem suas individualidades, mas é necessário uma ideia em comum para fazer acontecer também, então escolhemos o teatro não apenas como modo de expressão de quem somos, das nossas ideias, mas também para fazer refletir, transformar nosso espaço. Fazer teatro é uma grande oportunidade de troca de informações, sensações, sentimentos. Conhecimentos e emoções. É a possibilidade de conhecer mais o ser humano, de modo a ter uma troca de energia mais significativa para aquilo que realmente faz sentido.

PÓS-DRAMÁTICO EA: Por que escolheram a vertente pós-dramática como mote da Cia.? E como descreveriam essa corrente para aqueles que a desconhecem? Epifania: Durante nossos estudos no curso, passamos por diferentes vertentes, e a que mais nos despertou curiosidade foi a pósdramática, tínhamos mais sede

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ESPECIAL em aprender e mergulhar nesse universo não-realista. A vertente teatro pós-dramático veio com a identificação ao que é novo no Brasil. Alexandre Cristovam (ator formado na UNICAMP) descreve o teatro pós dramático como sendo uma “arte do improviso, o ator precisa estar sempre em risco para que seu trabalho se torne cada vez mais vivo”, vertente da qual, os atores experimentavam e gostavam da ideia de arriscar-se a cada ensaio e a cada apresentação. Não escolhemos essa vertente como algo aleatório, buscamos algo que possa trazer a reflexão, não um mero entretenimento. Buscamos o novo, criamos novas possibilidades dentro do universo teatral e, exploramos a capacidade de cada um como artista de criar algo novo, que ultrapasse o óbvio e traga algo que possa mexer com o outro.

ROTINA EA: Como é o dia a dia dentro da companhia? Epifania: Como quase todos que

trabalham com teatro, em São Paulo, temos outras atividades, o que não é o ideal; por outro 19 • revista entreatos

lado, isso propicia uma certa independência na escolha do que trabalhar e como trabalhar. Assim, temos na Cia. “profissionais” com formação teatral, mas com rotinas empregatícias diversificadas. Nos reunimos, quando da elaboração de um trabalho, duas vezes por semana, sendo que no fim de semana dispendemos mais horas, do que num dia normal, quando os nossos encontros duram aproximadamente três horas. Trabalhamos para que, num futuro próximo, possamos


sobreviver do e com o teatro.

EA: Como vocês escolhem as peças a serem encenadas? Epifania: O primeiro espetáculo foi uma montagem escolar, então, não foi bem uma escolha. O segundo partiu de uma discussão sobre o tema que gostaríamos de colocar em pauta nos palcos, solidão. Mas antes, o diretor nos apresentou propostas e chegamos juntos a escolha. Para o terceiro, uma intervenção de teatro-dança, recebemos um briefing para um evento beneficente. E para

o quarto, que fechará a trilogia, estamos buscando. Escolhemos com base na linha em que seguimos, experimentando o novo e não convencional, transformando as peças já encenadas em algo novo, uma releitura do que já foi criado, explorando novas possibilidades. Entendemos que podemos explorar ao máximo as experimentações do pósdramático a partir das ideias de como gostaríamos que fossem os espetáculos.

- Andressa Bodê e Amanda Leones no Projeto Contação de Histórias -

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ESPECIAL PODER PÚBLICO E TEATRO R: Como vocês avaliam o incentivo do poder público ao teatro? Epifania: Não somos um país que tenha uma tradição teatral, não há uma cultura de ir ao teatro porque, quando se pensa nisso, há uma objeção de que “teatro é para a elite”, fruto de uma ideia que a mídia tem mostrado. De alguns anos para cá esse cenário tem melhorado, graças a luta e movimentação daqueles que abrem a boca para reclamar melhoras. Vemos muitos artistas reclamando que não há espaço para o teatro, ou para a arte, mas normalmente estes, nem se quer sabem que o edital x foi aprovado, que a lei y entrou em vigor, que a verba w será direcionada à classe; mas é claro, ainda falta muito pra que essa arte seja levada a sério dentro da nossa cultura.

R: O que vocês acham que pode melhorar com relação ao investimento em teatro no Brasil? Epifania: Existem muitos editais,

porém, com pouca verba. A demanda, principalmente em São Paulo é muito grande. Com a Lei da meia-entrada, os grupos não 21 • revista entreatos

conseguem manter um espetáculo com a bilheteria, e ainda, com a quantidade de espetáculos que estreiam ao mesmo tempo, a concorrência é gritante. Os editais sempre cobram como contrapartida preços acessíveis ou entrada franca, acho que o que precisa mudar em primeiro lugar é essa ideia de que teatro tem que ser de graça, e deveria começar pelas políticas públicas de incentivo. Claro que a destinação de cotas a uma classe menos abonada é necessário, mas, dessa forma o público fica mal acostumado a sempre frequentar espetáculos gratuitos, e por isso a maioria dos grupos acaba tendo que pensar em alternativas paralelas, pois um dinheiro que seria para sua manutenção, durante a temporada ou até mesmo para o caixa de trabalhos futuros, não existe.

R: É difícil conseguir o reconhecimento no meio teatral? Epifania: As pessoas confundem

reconhecimento teatral com ser artista global, e uma coisa não tem nada haver com a outra. É bem complexa essa questão, mas acreditamos que o reconhecimento real, do público


- Luana Costa e Adriano Dlugosz encenando ÍRIS -

quando vê um trabalho de qualidade, não seja difícil, mas demanda tempo e muito trabalho. No entanto, para a tipologia de espetáculos experimentais e de pesquisa, esse tempo parece dobrado. Acreditamos que as pessoas muitas vezes acabam contagiadas pelas tendências televisivas e demoram a dar espaço para outros tipos de arte que vão além do que ela conhece pela TV e etc. Mas cremos também que a Epifania já está deixando sua marca na memória daqueles que nos assistiram.

FUTURO R: Quais são suas expectativas para o futuro da Cia?

Epifania: Estamos indo bem, temos três espetáculos, sendo um social visando a inclusão do deficiente visual, uma oficina de teatro para jovens, e um núcleo de pesquisa de contação de histórias - nossas expectativas estão em conquistar um espaço próprio para a Cia. e continuar divulgando novidade para o público, sempre com a intenção de provocá-lo a refletir sobre sua função no mundo, além de entretê-lo. Buscaremos sempre o amadurecimento, percorremos um bom caminho, conquistamos muitas coisas, mas é preciso mais. Estamos fazendo workshops para nos aprimorar como artistas, queremos fechar a trilogia e dar revista entreatos • 22


ESPECIAL continuidade a novos projetos que possam exigir mais de nós.

R: O que significa a Cia. Epifania na vida de vocês? Epifania: Significa mais do que

apenas fazer teatro, é questionar. É isso que estamos fazendo desde que começamos, as perguntas mudam, cada um interpreta a

resposta como convém, mas as perguntas são feitas só muda a época. A Epifania é uma escola, um tapa, um sacode. Existem vários “quereres” mas o que prevalece é o movimento. Inspira e impulsiona. A Epifania para nós é o elo do fazer teatral com a razão de nossas vidas!

Além de continuar com a encenação de "Fragmentos Tchekhov", o grupo inicia as pesquisas do segundo espetáculo que compõe a Trilogia "Solidão a dois - Fragmentos"

2010

2011

10 de abril de 2010 Epifania estreia em São Paulo com o espetáculo "Fragmentos Tchekhov".

14 de Abril de 2012 apresentam “Solidão a dois – Fragmentos”.

2013 Atualmente a Companhia se encontra em fase e pesquisas e participa de workshops para realizar a continuação da Trilogia da Fragmentação.

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“A pintura é uma gravação da emoção” Edward Hopper, retratista da angústia e do vazio humano, inspirou no espetáculo “Solidão a dois - Fragmentos”, que também recebeu influências do cenógrafo Christian Boltanski e de partes da obra de Fiódor Dostoiévski.

People In The Sun (1960) - Edward Hopper

23 de maio de 2012 no auditório da Universidade Anhembi Morumbi a Cia se apresenta em evento beneficiente cujo tema era deficiência visual com uma intervenção teatro-dança intitulada "Íris".

2012 Em novembro de 2012 integrantes da Cia. montam projeto em parceria com a ONG Casa Clamor Cavanis e a Secretaria de Estado da Cultura de SP - Oficina Livre de Teatro Cavanis. Um projeto que visa à socialização de pré-adolescentes e sua formação humana.

Para conhecer mais a Cia. Epifania acesse: www.ciaepifania.com. revista entreatos • 24


PERFIL

Conheça três dos maiores representantes da dramaturgia mundial - ARISTÓFANES Representante grego dos autores teatrais, nasceu em Atenas. É considerado o maior autor da Comédia antiga, sendo o precursor desse gênero. Escreveu mais de quarenta peças, sendo muitas encenadas até hoje.

- MOLIÈRE Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière. Dramaturgo francês, nascido em Paris, também escrevia comédias, em suas histórias, explorava as fraquezas e ridículos do ser humano de sua época.

- SHAKESPEARE -

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William Shakespeare foi dramaturgo e poeta inglês. Entre seus títulos estão obras famosas e ganhadoras de diversas versões mundo afora sendo reproduzidas até os dias atuais como “Romeu e Julieta”, “Hamlet”, “Macbeth” entre várias outras. Apesar de ter escrito tantas comédias quantas tragédias, Shakespeare é conhecido pelo drama em suas obras. São quase quarentas títulos de sua autoria.


AÇÃO

Drama em Questão Uma transformação no modo de pensar e apresentar a arte teatral

revista entreatos • 26


AÇÃO

S

urgido na Europa nos anos em cena. Seu corpo é sua ponte 60, o teatro pós-Dramático de ligação com o público, por esse tomou existência pelas mãos motivo quanto mais o ator estiver de companhias alternativas que envolvido com seu material de resistiam às estruturas do teatro trabalho mais o público também tradicional. Esse último tinha se envolverá. O corpo do ator um forte apelo entre a burguesia, performático busca atrair o grande espaço nas mídias e era público para uma realidade onde um reflexo das massas. é indefinido quem é personagem A composição no póse quem é representante. Portanto dramático em se fazer teatro se o teatro pós-dramático segue a apropria da tecnologia, da dança, via da abstração para a atração. das artes visuais e até do cinema e em um contraponto desconstrói enredos para que o espectador se perceba como integrante da obra representada. Surgido na pós-dramático Europa nos anosbuscava 60, o tea- A principal característica dessa cor O troretornar Pós-Dramático tomoudaexistência às raízes arte e pe- rente teatral é a transcendência que o ator las do mãos de companhias social tanto na alternativas concepção que alcança em cena. Seu corpo é sua ponte resistiam às estruturas do teatro tradi- de ligação com o público, por esse motivisual quanto no discurso. A cional. Esse último tinha um forte ape- vo quanto mais o ator estiver envolvido pós-dramática lo cartilha entre a burguesia, grande propõe espaço nas com seu material de trabalho mais o púmaior autonomia do mídias e era um reflexo das ator massas. blico também se envolverá. O corpo do sobre suas construções e ainda A composição no pós-dramático ator performático busca atrair o públio elemento texto como emminimiza se fazer teatro se apropria da tecno- co para uma realidade onde é indefinido orientador montagem. e até do quem é personagem e quem é represenlogia, da dança,dadas artes visuais cinema eAemprincipal um contraponto desconstrói tante. Portanto o teatro pós-dramático característica enredos que o espectador segue a via da abstração para a atração. dessa para corrente teatral se é percea ba transcendência como integranteque da obra o atorrepresentada. alcança O pós-dramático buscava retornar às raízes da arte e do social tanto na concepção visual quanto no discurso. A cartilha pós-dramática propõe maior autonomia do ator sobre suas construções e ainda minimiza o elemento texto como orientador da montagem. 27 • revista entreatos


A Corrente A questão central é o conceito de drama. O drama pressupõe que o que acontece entre as pessoas, a relação estabelecida entre duas pessoas, ou a relação entre as pessoas, é essencial para o entendimento da realidade. Porém, negar que essa condição é importante para entender a realidade, fez com que os autores modernos distanciassem-se dos elementos relacionados com a forma do drama: conceitos de caráter, figuras dramáticas, a psicologia dos indivíduos e até o conflito de idéias que estava pressuposto no drama. Segundo Hans-Thies Lehmann: “É possível entender o teatro pós-dramático como uma tentativa de conceitualizar a arte

no sentido de propor não uma representação, mas uma experiência do real (tempo, espaço, corpo) que visa ser imediata: teatro conceitual. A imediatidade de toda e uma experiência compartilhada por artistas e público se encontra no centro da arte performática”. Apesar disso, essas características estão presentes no teatro pós-dramático. Contudo ocorrem de outra forma. Uma rápida explicação: o drama está associado a um conflito que progride e caminha para uma síntese. Nesse esquema podese entender o teatro como uma construção utilizando uma série de elementos onde os principais são pessoas, tempo e espaço. A modernidade trouxe, portanto, autonomia individual para cada um desses elementos e ultrapassou conceitos do teatro tradicional. Assim, no teatro moderno, esses elementos passaram a se apresentar como temas. Ou seja, a autonomia dos elementos transformou-se em categorias com existência própria podendo ser dramatizada de forma própria fugindo da constituição do drama tradicional.


AÇÃO O espaço, a linguagem e os corpos, características marcantes do teatro pós-dramático, sempre constituíram o teatro tradicional também. Portanto, analisando de perto, percebe-se que vários procedimentos tidos como experimentais na verdade sempre existiram em diversas formas teatrais. Para Lehmann, precisa ser esclarecido que o teatro pós-

dramático não é a destruição do teatro, mas que o distanciamento de suas formas primordiais constitui uma nova etapa no desenvolvimento do teatro em todos os seus gêneros. Teatro pós-dramático também é conhecido como Teatro do Absurdo, Teatro de Performance e Teatro Conceitual. •

para ler... Publicado em 1999 e lançado aqui pela Cosac Naify em 2007, “Teatro Pós-Dramático” de Hans-Thies Lehmann abrange obras heterogêneas encenadas entre os anos 1970 e 1990. Com destaque para o dramaturgo alemão Heiner Müller, este livro é um prato cheio para entender os caminhos do teatro contemporâneo mundial.

TEATRO PÓS-DRAMÁTICO Autor: Hans-Thies Lehmann Editora: Cosac Naify Páginas: 264 Preço: R$ 83,90 (preço sugerido)

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APARTE

O TEATRO nas telas

O teatro como forma de expressar sentimentos e contar histórias também é parte influente para mídias como a televisão e o cinema

P

ara fazer teatro são necessários basicamente ator e público. No teatro a encenação ocorre ao vivo. Percebendo que o teatro pode ocorrer em qualquer lugar, TV e Cinema incorporaram o teatral às suas formas artísticas. Quando apareceu o cinema, há mais de cem anos, muita gente previu o fim do teatro. Falavam que o cinema iria substituí-lo, porque podia criar histórias com muito mais semelhança com a realidade. O mesmo aconteceu com o surgimento da televisão. “Sempre quis me comunicar com todos, independentemente da classe social. No teatro, eu só falava com pessoas de classe média alta, então fui para a TV, que é um veículo que atende minhas

necessidades.” A declaração pertence à atriz e apresentadora Regina Casé. Regina fez parte do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, na década de 1970, que tinha por característica a desconstrução da dramaturgia com criações coletivas. Talvez a palavra mais adequada para o ajustamento do teatro nessas duas mídias – cinema e teatro – seja Democratizar. Os espaços das três artes são delimitados cada um de acordo às suas especificidades. As obras filmadas não nasceram concebidas do teatro senão para os fins propostos pelas telas. É justamente isso que nos faz observar a importância do teatro sobre outras mídias. • revista entreatos • 30


? ?

?

Quiz

Teste seus conhecimentos em 8 questões!

Quando o teatro veio para o Brasil? a ( ) Em 1808, com a família real b ( ) Em 1500, com Pedro Álvares Cabral c ( ) No início do século XX

01

O teatro surgiu em festivais em homenagem ao deus: a ( ) Osíris b ( ) Eros c ( ) Dionísio

02

Valorização da performance é característica do seguinte gênero: a ( ) Pós-dramático b ( ) Monólogo c ( ) Dramático

Qual desses gêneros não faz parte do Teatro Clássico? a ( ) Comédia b ( ) Músical c ( ) Tragicomédia Quando dizemos gênero dramático cômico, com personagens excêntricos e caricatos, estamos falando de qual gênero teatral? a ( ) Farsa b ( ) Tragicomédia c ( ) Comédia

03

05

06

Qual das seguintes personalidades dá nome a um teatro? a ( ) Ayrton Senna b ( ) Raul Cortez c ( ) Lula Qual desses nomes não está ligado ao teatro pósdramático? a ( ) Hans-Thies Lehmann b ( ) Samuel Beckett c ( ) Almeida Garrett

07

04 Qual o dia mundial do teatro? 08

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Respostas: 01-a, 02-b, 03-a, 04-b, 05-c, 06-a, 07-b, 08-c

a ( ) Dia 30 de julho b ( ) Dia 27 de março c ( ) Dia 1º de abril


Agenda Destaques

A Cia. teatral Os Satyros apresenta de 05 de abril a 29 de junho o espetáculo “Inferno na Paisagem Belga”, com direção de Rodolfo García Vazquez. A peça fala da relação entre dois gênios da Literatura Universal, Paul Verlaine e Arthur Rimbaud. Os poetas franceses tiveram suas obras impactadas fortemente pelo tórrido romance que viveram após se conhecerem em uma Paris pós Comuna. As apresentações acontecem às sextas e sábados às 21h. Quanto: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (Estudantes, Classe Artística e Terceira Idade, Oficineiros dos Satyros e moradores da Praça Roosevelt) Mais informações www.satyros.com.br O CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) apresenta de 14 de abril a 28 de junho o espetáculo “Operilda”, com o apoio de uma pequena orquestra a peça apresenta uma personagem criada pela atriz Andrea Bassit. São encenadas, com formato lúdico e bem humorado, histórias da música erudita brasileira. As apresentações acontecem aos domingos às 11h. Quanto: ENTRADA GRATUITA Mais informações www.bb.com.br/cultura O Teatro do Sesi apresenta de 28 de março a 30 de junho o espetáculo “Ana Não Está”, com direção de Gilberto Gawronski. A peça, que propõe uma reflexão sobre o mundo mundo contemporâneo. As apresentações acontecem às quintas a sábados às 20h30. A apresentação teatral conta com texto de Murilo De Paula e é resultado da nova safra de talentos revelados pelo Núcleo de Dramaturgia SESI- British Council, projeto que fomenta a dramaturgia e apresenta uma peça a cada semestre. Quanto: ENTRADA GRATUITA

Mais informações www.sesisp.org.br/cultura revista entreatos • 32


Agradecimentos

N

osso muito obrigado à Epifania Cia. De Teatro por compartilhar conosco sua arte através da interpretação. Amanda, Andressa, Adriano, Luana, Márcia, Samir e Simone que atenderam nossos pedidos sempre que precisamos que cederam os nomes de suas obras e suas fotograficas, nos concederam seu tempo muitas vezes escasso, devemos esse trabalho a vocês. Nossos sinceros agradecimentos também a cada profissional da Etec Jornalista Roberto Marinho que foi paciente, compartilhou suas experiências e contribuiu através de cada dia de aula para a realização desse trabalho. Também agradecemos aos nossos colegas que sempre se mostraram disponíveis inclusive oferecendo a juda apesar de seus próprios trabalhos. Temos orgulho de cada um de vocês e desejamos sucesso a todos sem exceção. Enfim dedicamos nosso material, feito com dedicação por cada uma, a todos que apoiaram e de alguma forma tornaram isso possível. Esperamos que gostem e apreciem a arte em todas as suas formas aqui representadas.

Cíntia, Georgia, Laura e Patrícia.




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