Pátio das Laranjeiras - Edição 70

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ESCOLA PORTUGUESA DE MOÇAMBIQUE - CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA Ano VIII - N.º 70 | Maio/Junho 2010 | DIRECTORA: Dina Trigo de Mira | Maputo - Moçambique

Adeus

Páginas centrais

2009/2010

inovação

entrevista

Primeira aula de campo da história da EPM-CELP estudou marginal da cidade de Maputo P. 13

PIEDADE E JORGE PEREIRA

As experiências foram mais bem sucedidas em Moçambique P. 16 e 17


2 | PL | Maio/Junho 2010 PÁTIO DAS LARANJEIRAS

Para ler nesta edição

EDITORIAL

Assumir novas competências

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ais um ano lectivo terminou. Para a maioria dos alunos chegou o momento de usufruir de um descanso bem merecido. Para o corpo docente é o momento de mergulhar nas tarefas de balanço do ano e de preparação do próximo ano lectivo. É, acima de tudo, um momento de avaliação: ver o que fizemos e como fizemos para perspectivar o que vamos fazer e como fazer. Olhando a montante para o culminar do ano, vemos, com orgulho, que estamos a caminhar, seguramente, em muitas direcções: as semanas das ciências, das expressões, das línguas, as exposições dos trabalhos do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo e respectivas festas de encerramento, as apresentações dos trabalhos da disciplina de Área de Projecto, as audições de piano e flauta e os eventos realizados nas últimas semanas de aulas. Alunos, professores e restantes membros da comunidade educativa ofereceram uma pequena amostra do que se conseguiu ensinar e aprender. O estímulo à criatividade esteve sempre presente em todo o processo de aprendizagem: é o desejo de superação e de ir mais longe que estimula essa criatividade, tão necessária num mundo que provou, nas últimas décadas, não se compadecer com imitações de modelos. A jusante, vemos partir alguns alunos, que enfrentarão desafios ainda maiores. A responsabilidade está no posicionamento em relação a uma tarefa que o futuro lhes impõe: a inserção social como agentes de transformação do mundo. O lugar onde irão exercer a actividade profissional é indefinido: pode ser neste país, que acaba de completar 35 anos de existência e necessita de gente para olhar para os problemas como etapas a superar; ou numa Europa em crise económica que obriga a repensar o caminho - não será de redimensionar o mundo como um todo e não nos sentarmos à sombra dos benefícios, que acreditamos adquiridos?; ou num qualquer outro país, onde os problemas serão também equações difíceis de solucionar. A mobilidade e a versatilidade são constantes no mundo de hoje: temos de ser capazes de nos desdobrar, de ir à procura das capacidades, de dar a volta às situações que, à partida, parecem exigir competências ainda não adquiridas. A competência consiste em aceitar sempre os desafios, na procura de um mundo mais justo e humano, onde os conflitos se resolverão pela via da negociação e da aposta na sustentabilidade da Terra. É este o nosso desejo como educadores, a nossa meta, presente em cada dia. Boas férias!

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A DIRECÇÃO

| Alunas do 12.º B reabilitaram sala lúdica do Hospital Central de

SOLIDARIEDADE

Maputo e Escola Primária de Ntwanana recebeu equipamentos informático FORMAÇÃO

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Terceiro ciclo das Jornadas de Formação encerraram com certifi-

cação de 38 professores do sistema de ensino moçambicano

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SEMANA DA CRIANÇA

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FEIRA DO LIVRO

| As actividades e brincadeiras dos alunos do Pré-Escolar e

do 1.º Ciclo que preencheram a Semana da Criança

| A terceira edição da Feira do Livro da EPM-CELP recebeu a visi-

ta dos escritores Mia Couto e João Paulo Borges Coelho

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PALESTRAS

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Higiene oral e saídas profissionais foram temas tratados por profis-

sionais no activo

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DIA DA MÃE

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Alunos do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo desafiaram as mães para jogos

e brincadeiras SEMANA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

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“O rapaz do pijama às riscas” e “A

bailarina que torceu o pé” foram obras em destaque no Auditório Carlos Paredes

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SEMANA DAS CIÊNCIAS EXPERIMENTAIS E EXACTAS

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Pátios convertidos em labo-

ratórios ao ar livre e realização da primeira aula de campo da história da EPM

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ENCERRAMENTO DO ANO ESCOLAR

2009/2010 | Todas as ocorrências das activi-

dades de encerramento do ano escolar 2009/2010 ENTREVISTA | Na despedida da EPM-CELP, o casal Piedade e Jorge Pereira falaram

da experiência de mais de uma década de ensino no estrangeiro

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VISITAS

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Centro Cultural de Matalana, Jardim Zoológico de Maputo e Centro Cul-

tural Franco-Moçambicano foram destinos de visitas de estudo

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DIA DAS LÍNGUAS

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Muita dramatização e “corridas de conhecimento” na cele-

bração do Dia das Línguas

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FILOSOFIA PARA CRIANÇAS

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Os pequenos do 1.º Ciclo visitaram o “País das ori-

gens”

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AMBIENTE

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A Gorongosa e as tartarugas mereceram atenção especial da EPM-

CELP

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EXPOSIÇÃO EPM-CELP

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Os 10 anos de existência da EPM-CELP foram retratados em cartaz

“Pátio das Laranjeiras” recebeu a visita do Pré-Escolar

“PSICOLOGANDO” | A figura da mãe no quotidiano da criança LEITURA

|

A morte de José Saramago, Prémio Nobel da Literatura

SEMANA DAS EXPRESSÕES BIBLIOTECA ARTE

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| Inquietações transformadas em manifestações de arte

Teatro assinalou encerramento das actividades da Biblioteca Viva

| Oficinas de Artes Plásticas movimentam cerca de uma centena de crianças

PÁTIO DAS LARANJEIRAS | Revista da EPM-CELP | Ano VIII - N.º 70 | Edição Maio/Junho 2010 Directora Dina Trigo de Mira | Editor António Faria Lopes | Editor-Executivo Fulgêncio Samo | Redacção António Faria Lopes, Teresa Noronha e Fulgêncio Samo | Colaboradores redactoriais nesta edição Alexandra Melo, Ana Catarina Carvalho, António Cabrita, Ana Margarida Ascenso, Madalena Silva Pinto, Cláudia Pereira, Estela Pinheiro, Graça Pinto, Íris Rebeca, Turma de Artes Visuais 10.º Ano, Alunos do 7.º C, Alunos do 5.º A, Daniel Bernardo, Janaína Melo, José Forjaz, Judite Santos, Estrela Zvezditchka, Grupo do Pré-Escolar, Piedade Pereira, Teresa Cardoso e Ana Castanheira | Grafismo e Pré-Impressão António Faria Lopes, Fulgêncio Samo e Bárbara Marques | Fotografia Filipe Mabjaia, Firmino Mahumane e Ilton Ngoca | Revisão Graça Pinto e Teresa Noronha | Impressão e Produção Centro de Formação e Difusão da Língua Portuguesa/Centro de Recursos Educativos da EPM-CELP | Distribuição Fulgêncio Samo (Coordenador) PROPRIEDADE Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa, Av.ª do Palmar, 562 - Caixa Postal 2940 - Maputo - Moçambique. Telefone + 258 21 481 300 - Fax +258 21 481 343. Sítio oficial na Internet: www.epmcelp.edu.mz - Endereço electrónico: patiodaslaranjeiras@epmcelp.edu.mz


Maio/Junho 2010 | PL | 3 EPM-CELP

CAMPO DE JOGOS

Construção elegante e económica O arquitecto José Forjaz, proprietário da empresa com o mesmo nome que concebeu e fiscalizou a edificação da cobertura do campo de jogos, explica as razões das opções técnicas e estéticas tomadas, bem como as condicionantes e dificuldades encontradas até à conclusão da obra, em Maio último.

concepção da obra de cobertura do campo polidesportivo exterior da EPMCELP, equipamento que readquiriu funcionalidade em 12 de Maio, obedeceu a três condicionantes fundamentais: a necessidade de cobrir um grande vão, com cerca de 25 metros de largura e 40 de comprimento, um orçamento muito limitado e um prazo de execução bastante curto. Uma outra consideração se impunha, também, de grande importância: a de assegurar um baixo nível de manutenção o que, dada a localização do edifício, muito perto da orla marítima, eliminava a solução mais corrente que seria a de utilizar uma estrutura de aço, sobretudo porque estaria exposta directamente às brisas carregadas de salitre. Eliminava, também, uma solução em betão armado, dado o grande vão, o que a tornaria antieconómica. Restava adoptar a madeira como a estrutura mais adequada e, dentro das tipologias estruturais possíveis, a de usar paus redondos pelo seu baixo custo e melhor performance estática. Por outro lado, a madeira de eucalipto, que foi a escolhida, é um material renovável e, portanto, contribui, de modo importante, para a sustentabilidade da construção. Faltava ainda tomar a decisão sobre o material da cobertura propriamente dita, dado que o campo é contíguo a edifícios cobertos com telha cerâmica. A decisão pela chapa de ferro galvanizada e esmaltada era obrigatória, dada as fortes pendentes, o peso e o próprio custo da telha, caso tivesse sido essa a opção. Isto quer dizer que não só a cobertura teria de ser muito mais alta, como seria bastante mais pesada, empregando muito mais madeira de suporte para assentamento da telha, o

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que aumentaria enormemente, portanto, não só o volume e a presença da construção como o custo da obra. Por todas as razões apontadas, pareceu-nos válido inserir no ambiente uma estrutura bem diversa, mas que, pelas suas características de grande transparência e abertura, não impõe uma imagem incompatível com a da EPMCELP, de volumetria densa e fechada.

As características do material adoptado para a estrutura obrigam a uma certa rusticidade na expressão arquitectónica que aceita sensíveis variações geométricas, ausentes noutro tipo de estrutura. É

o caso dos beirados onde se nota um certa ondulação, que seria quase impossível de eliminar, e certos aparentes desalinhamentos devidos à variação da forma natural dos troncos. Este aspecto não nos choca, pelo contrário, acrescenta à estrutura alguma qualidade como objecto artesanal, que se pode ler como riqueza de expressão e não como defeito. Uma grande dificuldade adicional foi a do alto nível freático, que tornou o trabalho de fundações muito moroso, provocou atrasos substanciais na execução da empreitada e exigiu a construção de um novo pavimento, uma vez que o existente não estava suficientemente impermeabilizado. O projecto de cobertura do campo de jogos foi ocasião única para um vivo debate entre arquitectos e engenheiros, resultando numa construção muito elegante e extremamente económica, que deu grande prazer realizar. JOSÉ FORJAZ

Arquitecto


4 | PL | Maio/Junho 2010 REGISTOS

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INTERVENÇÃO SOCIAL

DE JUNHO

Dia de Portugal festejado na EPM-CELP

Alunas reabilitaram sala para crianças no Hospital

foto: http://arbl.sitesedv.com

ais uma vez a EPM-CELP foi palco das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, assinalado em 10 de Junho mas festejado dois dias depois em Maputo. Ao nosso recinto escolar acorreram centenas de pessoas da comunidade portuguesa, mas também de muitas outras nacionalidades. O embaixador português, Mário Godinho de Matos, proferiu o discurso oficial da ocasião, tendo agradecido os esforços individuais e colectivos que dignificam e qualificam a presença de Portugal em Moçambique. A festa durou quase todo o dia, preenchido com um vasto programa de actividades e manifestações culturais, sem esquecer a presença das barraquinhas de comes-e-bebes tradicionais de Portugal. As crianças, por exemplo, participaram num concurso de feitura de calçada portuguesa e num outro de desenhos de datas significativas para ilustração de um calendário.

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DE JUNHO

Moçambique comemorou 35 anos de independência oçambique assinalou, em 25 de Junho último, o 35.º aniversário da independência nacional, obtida em 1975 por acordo com Portugal.

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m grupo de alunas do 12.º B da EPMCELP recuperou e deu nova vida, com as próprias mãos, a uma sala lúdica para crianças do Hospital Central de Maputo. Cor, amplitude e luminosidade são os ganhos do espaço revitalizado para receber crianças em tratamento naquela unidade hospitalar. O projecto começou no princípio do ano lectivo em curso, nas aulas da disciplina de Área de Projecto. Inayah Sultan, Nabila Ramos, Patrícia Ruas, Vinicha Govan e Yara Loio aperceberam-se, então, da falta de condições daquela sala e resolveram meter mãos à obra. Tratava-se de uma renovação total e assim foi. Em Janeiro de 2010 iniciaram-se os trabalhos de reabilitação: remoção de todos os objectos, raspagem e pintura das

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paredes e, finalmente, decoração. Neste último aspecto os nossos alunos do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo deram preciosa ajuda ao oferecerem material didáctico para utilização pelos meninos que, naquele espaço, fazem terapia hospitalar. A Direcção da EPM-CELP, por seu turno, forneceu as necessárias mesas e cadeiras, enquanto a VODACOM garantiu o ar condicionado, após intervenção das nossas alunas junto daquela empresa. As alunas do 12.º B manifestaram-se bastante satisfeitas com o resultado alcançado, porque corresponde aos objectivos traçados no projecto e a um sentimento de realização de uma obra que beneficia directamente crianças carentes de muito apoio e carinho, para amenizar os efeitos dos problemas que enfrentam.

Escola Primária de Ntwanana recebeu material informático Escola Primária Completa de Ntwanana, no Bairro dos Pescadores, em Maputo, recebeu um videoprojector, um retrojector e um computador, oferecidos pela EPM-CELP. A iniciativa partiu do Grupo Disciplinar de Geografia/Economia/Sociologia e insere-se no programa de apoio às escolas moçambicanas carenciadas. Aquando da entrega, a EPM-CELP garantiu, também, formação para uso daqueles equipamentos aos professores e técnicos locais.

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Maio/Junho 2010 | PL | 5 REGISTOS

FORMAÇÃO

Jornadas certificam 38 professores

ncerrou em 29 de Maio o terceiro ciclo das Jornadas de Formação para Professores Moçambicanos, habitualmente promovidas pela EPM-CELP. Terminou também, assim, um novo modelo de formação, que contemplou várias áreas, como o ensino da Leitura, da Escrita e da Matemática no 1.º Ciclo. Destaque, igualmente, para a utilização de diversas metodologias que procuraram responder à componente teórica e prática do processo ensino-aprendizagem.

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De acordo com os critérios definidos para a formação dos professores do sistema de ensino moçambicano, entre os quais se contam o rigor e a exigência, foram certificados 38 dos 136 formandos inscritos no ciclo que agora encerrou. No final da 16.ª edição, procedeu-se à avaliação das Jornadas de Formação com recurso a questionários dirigidos aos formandos e formadores, tendo sido unânime a opinião quanto à pertinência dos temas tratados, bem como da continuidade

deste sistema de formação, procurando abranger mais escolas moçambicanas. As Jornadas constituem uma experiência de formação que procura responder às necessidades dos formandos, seguindo sempre as sugestões que resultaram dos vários encontros mantidos com a Directora Nacional da Educação de Moçambique. PIEDADE PEREIRA

Coordenadora do CFDL

COOPERAÇÃO

“Pátio” já espalhou 800 “sombras” Escola Portuguesa de Moçambique Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP), através do seu Centro de Formação e em parceria com a Fundação “Contos Per Món” (Espanha), procedeu à distribuição do livro “O Pátio das Sombras”, recriado por Mia Couto e ilustrado por Malangatana, por várias escolas do sistema de ensino moçambicano, ao longo dos segundo e terceiro períodos escolares do corrente ano lectivo. Os objectivos do projecto editorial, associado à Colecção “Contos e Histórias de Moçambique”, são a promoção da leitura entre os alunos de um substrato cultural próximo e a difusão da língua portuguesa e da cultura moçambicana. O projecto prevê a edição de 10 livros, que incluem a

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versão oral do conto e a respectiva recriação por diferentes escritores e ilustradores moçambicanos. Cada edição produzirá cinco mil exemplares, que serão distribuídos gratuitamente pelas várias escolas do sistema de ensino moçambicano. Até final de Junho de 2010 já foram distribuídos 800 exemplares do “Pátio das Sombras” por 12 escolas do distrito de Maputo, com as quais foi assinado um acordo para garantir o bom uso dos livros oferecidos. Prevê-se a distribuição da totalidade dos livros até ao final do ano lectivo 2010-2011. A distribuição dos livros pelas escolas incluem uma abordagem à leitura do livro em contexto de sala de aula com as participações de professores e alunos.

Dina Trigo de Mira, directora da EPM-CELP, participou na leitura dos livros oferecidos às escolas

Neste âmbito, a EPM-CELP promoveu uma acção de formação, entre 13 de Fevereiro e 13 de Março, dirigida aos professores do sistema de ensino moçambicano que irão trabalhar com a colecção “Contos e Histórias de Moçambique”.


6 | PL | Maio/Junho 2010 REGISTOS

SEMANA DA CRIANÇA

Inesgotável fascínio pela brincadeira ara assinalar o 1 de Junho, Dia Mundial da Criança, a EPM-CELP programou várias actividades que constituíram a Semana da Criança, dedicada aos alunos do Pré-Escolar e do 1º Ciclo. A montagem da exposição permanente dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos ao longo do ano lectivo foi a primeira actividade, realizada nos últimos dias de Maio, no átrio principal. Foram mil e um trabalhos expostos, correspondentes aos temas dos projectos de cada ano de escolaridade. Na véspera do Dia Mundial da Criança, foi inaugurada a exposição, com actuações mímicas dos alunos do 2.º ano e declamação de poemas pelos próprios autores, os colegas do 4.º ano. No Dia da Criança, no Auditório Carlos Paredes, os nossos pequenos foram surpreendidos pelo ilusionista Reginaldo Sousa, que fascinou e intrigou olhares com truques e malabarismos insondáveis para a curiosidade de uma plateia muito atenta e ávida da revelação que não chegou. O campo de jogos encheu-se de alegres correrias, com a realização de jogos de futebol entre várias turmas, ao mesmo tempo que, ali mesmo ao lado, decorriam actividades de pintura livre. A tradição popular portuguesa também marcou presença com as divertidas corridas de sacos, a dança das cadeiras e o muito animado jogo da pinhata.

No Pátio das Acácias Rubras espalharam-se muitos gostos e sabores propiciados pelo lanche colectivo, promovido com a contribuição dos alunos e respectivos encarregados de educação. Estes também não ficaram de fora dos divertimentos, pois participaram, ao lado dos educandos, no circuito de brincadeiras. Uma caçada à peça do puzzle, uma largada de pombos e uma pintura livre de um mural foram outras actividades que muito cativaram a criançada do Pré-Esco-

lar. Oportunidade, ainda, para os alunos assistirem à apresentação, feita pelos próprios autores - João Athaíde (filho) e Janaína Melo -, da obra infantil “Yagô e Mumú”, no Auditório Carlos Paredes. A adesão das crianças às actividades foi uma mistura de empenho e alegria. O recinto escolar pareceu mais amplo e livre para as descobertas, novas aventuras e brincadeiras, ao mesmo tempo que os pequeninos reconheciam novos amigos, actualizando o carisma do Dia da Criança.

CANTO E POESIA

EXPOSIÇÃO

PINTURA

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ILUSIONISMO


Maio/Junho 2010 | PL | 7 REGISTOS

FEIRA DO LIVRO

Homenagem à criação A terceira edição da Feira do Livro da EPM-CELP, realizada no início de Junho, ofereceu aos alunos e visitantes a oportunidade de dialogarem directamente com escritores e ilustradores, que expressamente os convidaram a entrar na aventura da criação literária.

orque ler abre sempre novas janelas no escuro e o sobressalto causado pelo para o mundo, a Escola Portuguesa som de um múrex a cair de uma prateleira de Moçambique - Centro de Ensino e Lín- do quarto e, até, conseguir ouvir o som do gua Portuguesa (EPM-CELP) foi palco, Mumú a conversar com o seu amigo Yagô. mais uma vez, de uma pequena Feira do O final da sessão do lançamento de Livro, na qual participaram editoras e “Yagô e Mumú” foi animado com uma livrarias sediadas em Moçambique e actividade do livro em que diferentes envolvidas com os livros infantil e juvenil. alunos tentaram resolver, com sucesso e A terceira edição da Feira do Livro rapidez, a tarefa proposta. Os vencedores decorreu entre 1 e 4 de Junho, nos jardins receberam, como prémio, um livro para a da EPM-CELP, onde alunos, encarrega- sua turma. No final da manhã, o ilustrador dos de educação e amigos puderam visi- João Athaíde esteve no espaço da Feira tar as bancas da Ngira, Alcance, Escolar do Livro, assinando e desenhando os livros Editora, Mabuko, Kapicua e Brinduka e adquiridos pelos interessados. também a da nossa Escola com as suas No dia 3 de Junho, Mia Couto visitou a publicações internas. Organizada pela Bi- Feira do Livro e dialogou com os alunos blioteca Escolar José Craveirinha, a Feira das turmas A e B do 5.º ano de escolarido Livro constitui um momento para inicia- dade sobre a sua obra “O Gato e o Escuro”, tivas de âmbito literário, como lançamento que integrou o projecto participado por oude livros editados pela EPM-CELP, encon- tros países de língua oficial portuguesa, tros com escritores e dramatizações de intitulado “Voos em LP” e implicando o histórias. estudo de vários autores lusófonos. Este Nos primeiros projecto na EPM-CELP foi dois dias de dinamizado por Olga Pires, Junho, ocorreu o professora do Departamento lançamento do de Línguas. livro infantil O encontro com o escritor “Yagô e o Mumú”, e historiador moçambicano da autoria de João Paulo Borges Coelho com João Athaíde e alunos dos 6.º e 11.º anos de ilustrações do escolaridade e professores da filho, com o EPM-CELP marcou o último mesmo nome, dia da Feira do Livro e o lançacom um caderno mento da caixa n.º 5 da de actividades de Colecção Acácia, a qual inclui Janaína Melo um conto do autor de “Ernesti(psicóloga da na e as Quatro Senhoras”. EPM-CELP), iniApós a apresentação da ciativa que tamnova caixa da Colecção AcáTânia Silva recriou a vivacidade das palavras bém integrou as cia e do autor convidado, feita comemorações por António Cabrita, director da do Dia da Criança, realizadas no Auditório referida colecção, Borges Coelho, recenCarlos Paredes. A sessão foi animada por temente galardoado com o Prémio Leya, Tânia Silva, da Biblioteca Viva, que recon- falou do processo da escrita, das incursões tou a história do livro, encantando os nos vários géneros literários e do cruzapequeninos e os graúdos. A imaginação mento da Literatura com a História. A conda pequenada foi iluminada pela voz de versa foi animada, enriquecedora e terTânia Silva, fazendo os presentes percor- -se-ia prolongado não fora a hora do rer os espaços abertos de uma praia, almoço impor a retirada aos alunos. saborear um bom almoço à sombra de TERESA NORONHA uma casuarina, sentir o tremor do medo

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Encontros com autores

Janaína Melo, aqui em interacção com alunos, é autora do caderno de actividades do “Yagô e Mumú”

Os alunos apresentaram a obra de Mia Couto e o autor respondeu a dúvidas remanescentes

Borges Coelho (à esquerda) desvendou aos alunos “segredos” do exercício da criação literária


8 | PL | Maio/Junho 2010 REGISTOS

PALESTRAS Higiene oral

Saídas profissionais

Rastreio individual marcou jornada de sensibilização m rastreio individual marcou a campanha de higiene oral realizada na EPM-CELP junto dos alunos dos segundo, terceiro e quarto anos do 1.º Ciclo do ensino Básico, entre 24 e 26 de Maio. O rastreio, realizado por duas médicas dentistas, foi aplicado aos alunos cujos pais ou encarregados de educação forneceram a devida autorização e constituiu forma de sensibilizar os mais jovens para a importância da higiene oral no padrão de qualidade de vida.

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SOLIDARIEDADE

m grupo de alunas do 9.º C da EPMCELP ofereceu às crianças do Orfanato 1.º de Maio, de Maputo, uma merenda, em jornada de solidariedade integrada nas comemorações do Dia Mundial da Criança. O lanche realizou-se nas instalações daquela instituição, em 5 de Junho último. No âmbito da disciplina de Área de Projecto, dinamizada pela professora Karina Bastos, as alunas Ana Rodrigues, Cláudia Simbine, Jade Santos, Jéssica Matusse,

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Reconhecer e aplicar as normas de higiene corporal e conhecer as normas de higiene alimentar foram outros objectivos da iniciativa enquadrada no programa de Educação para a Saúde. Assim, a importância de uma alimentação variada, da lavagem adequada dos alimentos consumidos crus e os malefícios do consumo excessivo de doces e refrigerantes foram, entre outros, tópicos abordados na campanha, que contemplou uma palestra no Auditório Carlos Paredes.

António Moura (EPM-CELP), Eduardo França (Ensitec) e Ismael Faquir (Ernst&Young) foram os economistas palestrantes

“Seniores” revelaram segredos do início de carreira profissional lunos finalistas do 12.º ano da EPM-CELP, da área de Economia e Gestão, tiveram oportunidade, em Maio último, de perguntar directamente a membros seniores do sector pelos “segredos” das escolhas académicas e das saídas profissionais, numa altura em que preparam a abordagem ao ensino superior. Integrada na disciplina de Área de Projecto, coordenada pela professora Paula Relvas, a iniciativa do grupo de alunos, designada “Saídas Profissionais nas Áreas da Economia e Gestão. Gerir…O quê? Como?”, foi aberta à participação de várias turmas que, ao “vivo e a cores”, puderam dialogar com profissionais das áreas da economia e gestão. Eduardo França, da Ensitec, Ismael Faquir, da Ernst&Young, e António Moura, docente da EPM-CELP, foram os profissionais convidados para relatarem não só as experiências pessoais, como também para esclarecerem dúvidas e aconselharem os jovens nos difíceis processos de escolhas académicas, tendo em vista a futura entrada no mercado de trabalho.

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Lanchar no Orfanato 1.º de Maio Maryam Estalislau, Patrícia Silva e Patrícia Santos angariaram os fundos necessários para a organização da merenda, para o que contaram com o apoio dos respectivos encarregados de educação, bem como dos colegas da turma. O Orfanato 1º de Maio alberga, em regime de internato, crianças de diversas idades, algumas portadoras de deficiências de diversa natureza, subsistindo mercê dos contributos da comunidade.


Maio/Junho 2010 | PL | 9 REGISTOS

DIA DA MÃE

Elas bateram-se com unhas e dentes omemorámos na nossa Escola, no passado dia 3 de Maio, mais um dia especial para nós: O dia das nossas e de todas as mães do Mundo. Para esse dia preparámos, em conjunto com os nossos educadores, algumas brincadeiras e partidas. Assim, organizámos, por salas, jogos tradicionais portugueses: o jogo das cadeiras; juntar objectos; corrida de sacos; corrida com o copo de água; bowling; percurso com andas; resposta certa; bola por cima, bola por baixo… Vocês não imaginam, foi um verdadeiro sucesso. As nossas mães foram umas verdadeiras gladiadoras, batendo-se com unhas e dentes para conseguirem bons resultados para os seus rebentos. Até desceram dos saltos altos quando o jogo exigia maior motricidade fina. A par das brincadeiras, tivemos dois momentos muito interessantes: o lançamento de um pombo-correio com uma mensagem para as mães e a canção que antecedeu a entrega das prendas. Acreditem, muitas delas ficaram com uma lágrima no canto do olho. Bem, mas voltando à festa, depois do grande esforço, o descanso das guerreiras foi compensado com um verdadeiro banquete no nosso Parrot. Aproveitando este dia, demos início à pintura do mural no nosso jardim, que ficou em processo de continuidade até final do ano lectivo. Nós gostámos muito de passar aquele dia especial com as nossas mães. Para elas beijinhos, abraços e carinhos.

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ALUNOS DO PRÉ -ESCOLAR

Comentários “Gostei muito de fazer o jogo das cadeiras com a mãe”; “Eu também” António e Chaian “Eu gostei de ver a mãe a adivinhar as coisas que eu gosto” Allan “Eu achei muito importante as mães e os filhos brincarem em conjunto neste dia. Elas pareciam crianças e, de certa maneira, devem-se ter lembrado do tempo em que frequentaram o jardim infantil” Helena (Auxiliar do Pré-Escolar) “Foi muito bonito. Acho que deviam fazer estas iniciativas mais vezes, não só no Dia da Mãe. Foi pena não termos tido a oportunidade de ver e participar nos espaços organizados pelas outras salas” Paula (Mãe)


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SEMANA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

Aprender a renovar a actualidade A actualidade dos factos e a actualização de temas do passado foram os traços marcantes do mapa de actividades da Semana das Ciências Sociais e Humanas, realizada entre 3 e 7 de Maio. Cinema (“O rapaz do pijama às riscas”), teatro (“A bailarina que torceu o pé”), exposições, apresentações multimédia e até uma feira gastronómica foram os eventos impulsionados, com paixão e alegria, por alunos e professores. projecção do filme “O rapaz do pijama às riscas”, baseado no livro do mesmo nome do romancista alemão John Boyne, inaugurou a Semana das Ciências Sociais e Humanas da EPM-CELP, sinalizando problemáticas sociais que emergem na actualidade. Esta, por sua vez, foi tocada pela peça teatral “A bailarina que torceu o pé”, a partir de uma leitura dos alunos do 12.º ano, encerrando-se, desta forma, a Semana das Ciências Sociais e Humanas. “O rapaz do pijama às riscas” revisita o Holocausto através da história da amizade entre dois rapazitos, mediada por uma vedação discriminatória. Estreado em 2007, no Reino Unido, o filme foi exibido para alunos dos 9.º e 12.º anos que, na sequência, envolveram-se numa sessão de análise e debate sobre a discriminação. Uma apresentação multimédia sobre o Centenário da República Portuguesa, uma exposição dos trabalhos dos alunos desenvolvidos ao longo do ano lectivo e uma feira gastronómica multicultural completaram o programa da iniciativa.

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FEIRA GASTRONÓMICA

CINEMA

| Cena do “O rapaz do pijama às riscas”

EXPOSIÇÃO

| Os presidentes do “Centenário”

| Empenho de alunos e professores na Feira Gastronómica, realizada no Parrot

Das ruas de Chicago ao 25 de Abril de 1974 Dia do Trabalhador é celebrado anualmente no dia 1 de Maio em numerosos países do mundo, sendo feriado em Portugal e em Moçambique. No século XIX o desenvolvimento da Revolução Industrial sujeitou os operários a condições desumanas de trabalho para se produzir muito ao mais baixo custo, não respeitando idades nem sexo. Os sindicatos estavam em fase embrionária e eram perseguidas pelas autoridades policiais. Tudo começou em 1 de Maio de 1886 com o desencadeamento de uma manifestação pacífica de milhares de trabalhadores, em Chicago (EUA), com o objectivo de reduzir para oito o número de horas de trabalho por dia, iniciando-se uma greve geral. Dois dias depois, houve uma pequena manifestação, que terminou num confronto entre polícia e manifestantes do qual resultou a morte de alguns manifestantes. Em 4 de Maio, nova manifestação teve lugar, terminando com o lançamento, pelos manifestantes,de uma bomba que provocou a morte de sete agentes da Polícia. A reacção policial matou 12 pessoas e feriu dezenas de outras. Este movimento ficou conhecido como a Revolta de Haymarket. Em Junho de 1889, a II Internacional Socialista decidiu convocar anualmente uma manifestação, com o objectivo de lutar pelas oito horas de trabalho, e escolheu o dia 1 de Maio para prestar homenagem às vítimas de Chicago. Vários países seguiram o exemplo daquela organização internacional, como a França, em 1919, e a Rússia, no ano seguinte. Portugal só permitiu a celebração do 1 de Maio a partir da Revolução do 25 de Abril de 1974, ano em que se organizou a maior manifestação de sempre do país. Em Moçambique, durante o período colonial (até 1975), era proibido celebrar a data devido à natureza repressiva do regime português. Mesmo assim ocorreram algumas manifestações de trabalhadores moçambicanos, particularmente em Lourenço Marques (actual Maputo), mas só após a Independência Nacional o Dia do Trabalhador é celebrado anualmente.

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ANA MARGARIDA ASCENSO MADALENA SILVA PINTO (11.ºC)


Maio/Junho 2010 | PL | 11 Semana das Ciências Sociais e Humanas - REGISTOS

A Semana das Ciências Sociais e Humanas ficou também marcada pela genuinidade de uma criação teatral da autoria da aluna Teresa Cardoso. Idealizou a história, escreveu o guião e seduziu os colegas de turma para uma aventura dramática, que a própria Teresa Cardoso encenou e interpretou. O resultado foi uma peça de teatro que lotou o Auditório Carlos Paredes, provocou momentos de grande emoção e marcou o ambiente criativo entre alunos, professores e encarregados de educação da EPM-CELP.

“A bailarina que torceu o pé” Bailarina que torceu o pé” é muito mais do que uma simples peça de teatro. É um apelo à vida, um porto seguro para quem mais precisa de ajuda. Esta peça é um relato de cinco vidas, cinco experiências, uma delas, pode ser a sua. A Lila (Ana Rita Pinto), irmã de Pedro (Cristiano Serra), descobre que tem leucemia. Um clima depressivo instala-se em sua casa quando a notícia é dada aos pais: Luna (Nádia Silva) e Caio (Ismail Puná). O pai também é portador da mesma doença e, não conseguindo lidar com o problema, entregou-se à bebida. Quando descobriu que a filha também tinha leucemia manteve-se sóbrio até ao dia em que morreu, três anos depois, deixando Luna com uma filha de 18 meses, a quem deram o nome Esperança em homenagem à coragem que a Lila transmitiu ao pai, pois nenhum deles desistiu de lutar contra a doença. A Esperança tinha 50 por cento de hipóteses de ter leucemia, mas, felizmente, a família manteve a esperança. A Noa (Flávia Gomes) é uma jovem como qualquer uma de nós, mas tinha o vício da droga. Certo dia, teve uma overdose, mas felizmente não morreu. Enquanto esteve inconsciente recebeu uma previsão do futuro, onde transparece a “Noa em Mau Estado” (Margerys Jiménez) e a “Noa em Bom Estado” (Mara Lopes). Felizmente Noa escolheu deixar as drogas. A Samira (Tatiana Mendes) tem uma relação pouco amistosa com os pais. Criada no seio de uma família muçulmana, profundamente arreigada à religião, Pria (Faiza Semá) e Khan (Vinesh Guigá), os pais, têm bastante dificuldade em deixar a filha crescer e experienciar o mundo, impedindo-a de sair de casa. A Isis (Teresa Cardoso) é uma jovem forte, o que lhe provoca bastantes complexos, refugiando-se na bulimia com o seguinte pretexto: “As dietas não resultam, porque depois em lugar de banhas fico com a pele descaída ou estrias e o exercício faz-me mais fome. Por isso, depois de comer, vomito.” Eventualmente, Isis deixará de ser bulímica e aprenderá que existem pessoas de todos os tama-

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nhos e formas, não havendo nada a fazer senão tentar sentir-se melhor e lutar para ser ouvida e respeitada. Em todas as cenas aparece “A Consciência Boa” (Madina Bachir) e a “Consciência Má” (Yumna Yussuf), que ajuizam as situações a que vão assistindo e lembram a omnipresença da consciência e os pensamentos bons e maus.

screvi a peça num momento de profunda mágoa. Abriguei-me, então, na força das palavras, onde reside a dor de muitas outras pessoas e ainda há espaço para muitas mais. Apelo a todos os jovens e adultos que procurem ajuda e não se calem! Gritem! Há quem vos possa ajudar, nunca desistam da vida e nunca se entreguem ao caminho mais sombrio da reabilitação da dor! Obrigado a todos os que participaram, assistiram e tornaram possível a realização desta peça, em especial aos professores Graça Pinto e Nuno Domingues, bem como ao Hilton Ngoca, que teve muita paciência connosco durante os ensaios e a peça!”

“E

No final, dedicámos um momento especial à solidariedade para com as vítimas da catástrofe do Haiti, ocorrida ainda este ano, e de todas as outras que têm vindo a suceder, cada vez com mais frequência e brutalidade. TERESA CARDOSO

Autora, encenadora e atriz


12 | PL | Maio/Junho 2010 REGISTOS

SEMANA DAS CIÊNCIAS EXPERIMENTAIS E EXACTAS

Pátios convertidos em laboratórios ctividades experimentais de Física, Química e Geologia, observação do coração do porco, concurso de biodiversidade, xadrez, palestras, exposições e até leitura de contos constituíram o programa da Semana das Ciências Experimentais e Exactas da EPM-CELP, organizada pelo respectivo departamento. Um rodopio de actividades animaram os pátios e espaços exteriores, onde as aprendizagens e demonstrações científicas provocaram uma animada interacção, sobretudo entre alunos. Os mais velhos expuseram as suas descobertas, ensinaram os mais novos e estes observaram tudo com uma curiosidade contagiante. Fizeram-se jogos e concursos para explorar e descobrir novas coisas do mundo fantástico das ciências. As actividades experimentais da Física e da Química foram as de maior visibilidade, não só por se terem desenvolvido fora da sala de aula, mas também devido à atenção que despertam os típicos instrumentos e objectos usados na experimentação. O Pátio das Laranjeiras foi, por isso, transformado, em alguns dias, num laboratório aberto a todos os curiosos, coordenado pela professora Sara Lima. Mas quem mais beneficiou foram os miúdos do 3.º ano do ensino básico, convidados pelos colegas mais velhos do 12.º A a participarem nas experiências. Nestas, os balões foram reis, mas sujeitos aos determinismos dos efeitos da pressão atmosférica, um tema da Física. Enquanto decorriam as actividades experimentais, ali quase ao lado, na Biblioteca Escolar José Craveirinha, outros pequenitos, mas do Pré-Escolar, ouviam contos e pequenas histórias sobre as ciências, contadas igualmente por alunos da

A

Apresentações

Xadrez

turma finalista, sob a orientação do professor Francisco Carvalho. Entretanto, as turmas do 5.º ano do ensino básico envolveram-se num campeonato de xadrez, modalidade cujos efeitos são considerados facilitadores das aprendizagens cognitivas, logo promotoras da aquisição de um raciocínio científico. “Arte e Desporto como Expressão Cultural da Humanidade” foi o amplo tema que os alunos do 7.º A exploraram na disciplina de Área de Projecto e cujos resultados resolveram apresentar no Auditório Carlos Paredes. Em ambiente alegre e descontraído e na presença dos demais colegas do mesmo ano de escolaridade, os alunos fizeram apresentações animadas sobre ginástica rítmica, costumes

Contos

e cultura da Índia (em francês), artes marciais, lusofonia e história da música. O Auditório Carlos Paredes acolheu, ainda, o Concurso de Biodiversidade, dirigido ao 5.º ano de escolaridade e dinamizado, mais uma vez, pelo 12.º A, a turma de Ciências e Tecnologias, concretamente pelos alunos Ivan Andrade, Rosile Sumará, Horácio Suvena e Luís Júnior, orientados pela professora Ana Besteiro. O grande vencedor do concurso, após renhida luta na sequência de 25 perguntas colocadas aos concorrentes, foi a equipa do 5.º A, constituída por Alexandre Reis, Beatriz Thomas, Patrícia Cotão e Jesse Jessen, premiados com uma visita ao Museu de História Natural e, ainda, um lanche servido pelos alunos do 12.º A.

Concurso


Maio/Junho 2010 | PL | 13 REGISTOS

A primeira aula de campo da história da EPM-CELP dedicou a sua atenção ao estudo geológico da marginal da cidade de Maputo

GEOLOGIA

Primeira aula de campo ma aula de campo é, na disciplina de Geologia, meta particularmente desejada pelos professores. Ana Catarina Carvalho e Pedro Garcia, do Departamento de Ciências Experimentais e Exactas, organizaram a primeira aula de campo da EPM-CELP para os alunos do 11.º ano. Martelos, bússolas e cartas geológicas, nomeadamente, fizeram parte da bagagem que acompanhou o grupo na visita à zona ribeirinha da cidade de Maputo, em 28 de Maio último. O plano curricular da disciplina de Geologia sugere interacções vivas com o meio físico e os professores da EPM-CELP tiveram formação sobre práticas geológicas, ministrada por Jacinta Moreira, nomeada Professora do Ano em Portugal. Estes foram aspectos fortemente influenciadores do impulso que levou à concretização do apetecível objectivo para professores e alunos. A Geologia está presente em quase tudo o que se vê no meio físico circundante, pelo que é quase obrigatório o seu estudo e aprendizagem. O material didáctico utilizado para a aula de campo estava disponível desde há muito, tendo conquistado nova vida com esta iniciativa. A manipulação dos marte-

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ficha técnica Actividade Aula de campo de Geologia Objectivo Aplicação dos conhecimentos teóricos de Geologia e de Biologia vivenciando o quotidiano de um cientista desta área científica e integrando o programa nacional português na região estudada Coordenadores Ana Catarina Carvalho e Pedro Garcia Disciplina Biologia e Geologia II Público 11.º A1 e A2 Área estudada Marginal da cidade de Maputo Objecto de estudo Geologia local Interdisciplinaridade Estratigrafia, geomorfologia, paleontologia, mineralogia, petrologia, geoquímica, cartografia, biocronologia, oceanografia, erosão costeira, utilização de materiais pela sociedade actual Material Carta Geológica da Província de Maputo e respectiva Notícia Explicativa, bússola, martelo de geólogo, sacos de amostras de solo, recipientes para amostras de água, Guião da Aula de Campo

Ana Catarina Carvalho em plena aula de campo

com o Guião da Aula, os grupos partiram para o estudo do local, confrontando as descrições teóricas de que eram portadores com os eventos físicos do terreno e a manipulação dos seus elementos. Por exemplo, os alunos recolheram amostras de água, de solo e de plantas típicas de mangal para posterior análise laboratorial.

depoimentos A aula de campo foi uma viagem pela praia, onde explorámos as diferentes rochas e constituintes da praia. Aprendemos novos conceitos de Geologia, apesar de não termos chegado a visitar um dos locais indicados no roteiro da aula. Sendo uma experiência nova e produtiva, penso que deveríamos repeti-la mais vezes. IVAN GEENTILAL

(11.º A2)

Em 28 de Maio realizou-se a primeira aula de campo da existência da EPM-CELP. Foi uma nova e gratificante experiência para alunos e professores, pois permitiu a aplicação e observação de métodos e teorias, apenas referenciadas nas aulas. Esperamos que se repita mais vezes! BRUNO PEPE

(11.º A)

los, bússolas e carta geológica com notícia explicativa constituiu, por isso, excelente recurso para o estudo e aprendizagem da falha geológica da zona costeira da cidade de Maputo, que proporcionou a apropriação significativa dos conteúdos curriculares da disciplina de Geologia. Os alunos abordaram a jornada de aprendizagem organizados em oito grupos de observação, identificação e recolha de materiais fósseis, ao mesmo tempo que estabeleceram contactos com técnicos municipais que estão em missão de trabalho na Marginal de Maputo. Munidos

Desta forma, cumpriu-se um percurso de actividades de aprendizagem dos conteúdos curriculares da disciplina de Biologia, através do contacto directo com a geologia da zona ribeirinha da cidade de Maputo. A interacção social e pedagógica entre os alunos e entre estes e os professores marca, igualmente, a primeira aula de campo da EPM-CELP, que sugeriu novas formas de relacionamento propiciadoras de aprendizagens significativas. No final, alunos e professores expressaram a vontade de repetir a experiência.


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Criatividade encerrou ano escolar Alunos do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo marcaram o encerramento de mais um ano escolar na EPM-CELP. Vários rituais animaram dois dias consecutivos de festa e alegria, com múltiplas actividades, destacando-se a dramatização do livro infantil “O Segredo do Rio”, a entrega oficial dos diplomas aos alunos finalistas do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo e as marchas que envolveram todas as crianças daqueles níveis de ensino. Um ambiente que expôs o gozo de crescer em liberdade e alegria. TEATRO

MENSAGEM

Alunos desvendaram “O Segredo do Rio”

A Natureza é amiga e perfeita Miguel Sousa Tavares, sensibilizado com a iniciativa de dramatização do seu conto “O Segredo do Rio”, enviou uma mensagem aos alunos. iquei muito feliz por saber que tinham gostado de "O Segredo do Rio". E fiquei feliz por saber que, num país tão bonito mas tão diferente de Portugal, como é Moçambique, a mesma história passada aqui também conseguiu atrair o vosso interesse. Sempre pensei que a literatura não tem pátria e que uma história pode ser contada a toda a gente, em todos os lugares do mundo. E sempre acreditei - e por isso escrevo histórias para crianças - que aquelas histórias que lemos nos livros, em pequenos, viajam connosco para sempre e que os primeiros livros que lemos são como os primeiros amigos que temos: nunca mais nos esquecemos deles, mesmo que a vida depois nos afaste. Escrevi esta história para que vocês percebessem que nada há de mais perfeito do que a natureza e que a amizade não é só entre pessoas, também pode ser entre pessoas e animais - ou árvores ou rios ou estrelas. Tudo isso, todos, fazemos parte do mesmo mundo onde vivemos. E todos fazemos falta uns aos outros. Queria terminar esta curta mensagem com um desejo, que é quase um pedido que vos faço: nunca deixem de ler! Ler faznos melhores pessoas, mais capazes de entender o mundo e amá-lo. Um grande abraço para todos, do Miguel Sousa Tavares, o pai do rapaz amigo do peixe.”

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nspirados na obra literária do escritor português Miguel Sousa Tavares, os petizes do 4.º ano retrataram a história “O Segredo do Rio”, através de uma peça de teatro apresentada no Auditório Carlos Paredes, no passado dia 24 de Junho. A dramatização enquadrou-se no programa de actividades organizado para encerramento do ano lectivo e despedida dos alunos finalista do 4.º ano. A obra “O Segredo do Rio” foi objecto de estudo no 4.º ano de escolaridade, conteúdo que foi articulado com o Projecto Biblioteca Viva. A preparação da peça teatral ofereceu aos alunos uma experiência enriquecedora ao nível das expressões dramática e plástica, através, nomeadamente, da construção dos materiais utilizados para o cenário, tarefa dinamizada pelos professores titulares da turma, das disciplinas de expressão artística e, ainda, os dinamizadores da Biblioteca Viva. Os pequenos actores encenaram “O Segredo do Rio” de forma cativante, demonstrando muito empenho e liberdade criativa que agradaram à vasta plateia, maioritariamente constituída por pais e encarregados de educação.

I

Igualmente entusiasmantes foram os pequenos “teatrinhos” que os alunos do 1.º Ciclo interpretaram de outras tantas historietas contadas em inglês. Uma iniciativa dinamizada por Lúcia Thomaz, do Departamento de Línguas, na linha das actividades desenvolvidas no Drama Week, através de sketches facilitadores da aprendizagem da língua. Os “teatrinhos” constituíram, simultaneamente, momento de particular significado pois serviram para a despedida de Lúcia Thomaz da EPM-CELP.

Lúcia Thomaz recebe o carinho dos alunos

MIGUEL SOUSA TAVARES


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DIPLOMAS

CANCIONEIRO

A entrega dos diplomas aos alunos finalistas do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo, pelos membros da Direcção da EPM-CELP, solenizaram a finalização das primeiras etapas do longo percurso de aprendizagens escolares

Os alunos do Pré-Escolares entoaram canções alusivas aos projectos curriculares de cada turma.

Arraial e marchas reflectiram o labor de um ano manhã do último 24 de Junho, dia de encerramento das aulas do 1.º Ciclo do ano escolar 2009/10, começou envolta em expectativas e emoções, que marcaram o ambiente festivo. Os pais e encarregados de educação, apetrechados com câmeras de fotografia e de vídeo, chegaram logo às primeiras horas da manhã e aguardaram ansiosamente pelo início dos desfiles que iriam mostrar os filhos e educandos em acção. Conduzidos pelos respectivos professores, os alunos iniciaram, então, as marchas dançantes pelos pátios da EPMCELP, percurso que culminou no campo desportivo. Aqui, os grupos desenharam linhas coreográficas ao ritmo da música tradicional portuguesa e abrilhantadas pela enorme mistura de cores, que caracterizou as vestes e adereços utilizados pelos alunos, a condizer com os respectivos projectos temáticos desenvolvidos ao longo do ano escolar, identificados por arcos muito coloridos. O espectáculo foi entremeado com sabores e gostos estendidos ao longo da fiada de barraquinhas dos “comes e bebes”. Mais tarde, o prolongamento da festa deu lugar às brincadeiras soltas e, inevitavelmente, a choros e comoventes abraços do adeus e partida para férias!

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SOLIDARIEDADE

Alegria em favor do “Sorriso da Criança” nquadrada na festa de encerramento do ano escolar, realizou-se uma feira gastronómica cuja exploração rendeu 30 mil meticais que reverteram a favor da Associação Sorriso da Criança, uma organização que apoia crianças portadoras de cancro no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital Central de Maputo. A comunidade educativa da EPM-CELP deu provas da sua generosidade na compra de comidas, bebidas e de trabalhos feitos pelas crianças do Hospital, como as camisetas e as pulseiras “Mãozinhas de Solidariedade”, símbolo da Associação. O primeiro investimento da receita angariada será aplicado na compra de cobertores e de agasalhos para as crianças.

E

ÍRIS REBECA 1.º CICLO

PROFESSORA DO


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VIDAS NO ENSINO

Há disponibilidade para aprender a língua e cultura portuguesas Piedade e Jorge Pereira, um casal de professores portugueses, partiram um dia de Coimbra, com os filhos, e rumaram a Macau em busca de novos horizontes, realização profissional e também melhores condições de vida. Terminada a experiência no Oriente, vieram trabalhar para a Escola Portuguesa de Moçambique, que acabam de deixar para regressar a Portugal. Piedade Pereira era a coordenadora do Centro de Formação e Difusão da Língua Portuguesa e Jorge Pereira o responsável pela Biblioteca Escolar. Antes de partirem partilharam connosco a longa experiência. ENTREVISTA CONDUZIDA POR ANTÓNIO LOPES

e

FULGÊNCIO SAMO

Entre Macau e Moçambique, qual a experiência que mais gostaram e quais as principais diferenças, por exemplo, na população escolar ou na cultura organizacional das escolas? PIEDADE PEREIRA - Em termos profissionais gostei mais de Moçambique, não como professora mas como cordenadora do Centro de Formação e Difusão da Língua Portuguesa. Os alunos de Macau são mais interventivos e, por isso, superam os da nossa Escola. Talvez por esta razão, realizei, como professora, um melhor trabalho em Macau. Aqui, no entanto, também desempenhei outros cargos e posso dizer que a Escola de Macau é, na cultura organizacional, muito parecida com a nossa em Moçambique. Aliás, a última directora da nossa Escola era, então, a subdirectora dos Serviços de Educação e Juventude de Macau. JORGE PEREIRA - Tenho uma experiência diferente da Piedade na Escola de Macau. Neste território estive a trabalhar nos

Serviços de Educação e Juventude, onde liderava o Centro de Recursos. Mais tarde, passei a prestar serviço no Centro de Apoio à Difusão da Língua Portuguesa (CDLP), onde trabalhávamos com adultos chineses no ensino do português. Foi uma experiência completamente diferente no processo de iniciação à língua portuguesa para chineses, muito gratificante, pois no final de dois anos foram notáveis os avanços conseguidos. PIEDADE PEREIRA - Em Macau também estive dois anos lectivos no ensino de nível avançado de História, o que tornava mais difícil a preparação das aulas, atendendo à cultura local, embora as referências fossem portuguesas. Era necessário uma grande sensibilidade e critério para selecionar o material adequado para os alunos. JORGE PEREIRA - No CDLP construíamos material adaptado à realidade chinesa. Funcionávamos com fotocópias, mas, no último ano escolar em que lá trabalhei, chegámos a publicar sebentas adaptadas. Estivemos em Macau numa época de reconstrução social que fez notar uma grande diferença nos padrões culturais relativamente aos nossos.

Quais os maiores impactos na vossa vida de mais de uma década de docência no estrangeiro? JORGE PEREIRA - O mais enriquecedor foi a valorização pessoal que as diferentes vivências culturais oferecem. Do ponto de vista profissional as experiências foram substancialmente diferentes. Em Moçambique tive, desde cedo, a sensação que havia algo mais do que em Macau, mais novidade no dia-a-dia, até pelo maior dinamismo de Maputo. Em Macau tudo era mais parado e rotineiro. Por isso, a experiência de Maputo foi mais enriquecedora, com maior contacto com as pessoas e mais apoio directo às actividades, especificamente aqui na EPM-CELP. Os 12 anos de permanência no estrangeiro foram interrompidos por alguns anos de estadia em Portugal, onde regressaram ao ensino. Que competência específica transferiram para a vossa prática docente em Portugal? PIEDADE PEREIRA - Tive algumas dificuldades na readaptação. Muitas experiências adquiridas no estrangeiro foram, porém, bastante úteis, como, por exemplo, o con-


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tacto com as novas tecnologias de informação, mais usadas em Macau do que em Portugal. Também aprendi a melhor respeitar as diferentes culturas, particularmente as religiões, o que muito auxiliou as minhas aulas de História, pois estive em locais onde se fez sentir a presença portuguesa. Ganhei mais respeito pelas opiniões dos outros e mais abertura para a diferença, mercê do contacto com um mosaico alargado de culturas. Aprendi, igualmente, a relativizar os pequenos problemas, não descurando o essencial. Depois de duas etapas de trabalho na EPM-CELP, têm algum marco na vossa experiência que mereça destaque? JORGE PEREIRA - Do ponto de vista profissional evoluí mais em Maputo do que em Macau. Relativamente a Portugal, as experiências foram mais bem sucedidas em Moçambique, pois as condições em Maputo são melhores do que as da minha escola em Coimbra, oferecendo-me mais realização profissional. E não falo apenas de condições físicas, mas sim da disponibilidade das pessoas para as tarefas profissionais, bem como para enfrentar a rotina e os desafios diários. PIEDADE PEREIRA - Em Moçambique há também maior disponibilidade das pessoas para trabalhar, independentemente da condição social ou académica. Deve haver mais aproximação curricular entre o projecto português e o do país de acolhimento? PIEDADE PEREIRA - Faz falta integrar nos planos curriculares das escolas portuguesas no estrangeiro mais propostas de conteúdos localizados, porque os alunos são de muitas nacionalidades. As escolas deviam explorar, por isso, mais a sua autonomia, criando mais transversalidade e trabalhando aspectos das culturas representadas na população escolar. Isto pode ser feito, por exemplo, na disciplina de Área de Projecto ou através de outras modalidades de exploração de conteúdos curriculares, como a oferta de escola, o que, aliás, já vem sucedendo na nossa Escola. Como reagem os alunos não-portugueses às aprendizagens de conteúdos culturais portugueses? JORGE PEREIRA - Em Moçambique não notei resistência à aprendizagem, por exemplo, da disciplina de História. No ano passado, o meu melhor aluno até era flamengo. Os alunos já interiorizaram que têm de estudar segundo o currículo português e estão disponíveis para tal. Em Macau, os alunos tinham uma necessidade profissional de dominar o português, pois eram funcionários públicos da Região Administrativa Especial de Macau. Isto criou-lhes uma necessidade de integrar a língua portugue-

sa na sua formação para lograr uma melhor integração social e profissional. Que caminhos há ainda para trilhar no sector da formação da EPM-CELP? PIEDADE PEREIRA - O da formação de formadores e a constituição de uma bolsa de formadores credenciados, processo que terá início no próximo ano lectivo. Já pedimos a acreditação à Universidade do Minho. Na cooperação com Moçambique já ultrapassámos a importante barreira da formação de professores do sistema educativo local. Já existe um grupo significativo de professores acreditados pela EPM-CELP e o Ministério da Educação de Moçambique está interessado na nossa participação na formação de formadores, o que será um passo muito importante pela autonomia que confere ao sistema local. A Biblioteca Escolar pode tornar-se pólo de difusão da cultura portuguesa para servir comunidades mais alargadas? JORGE PEREIRA - Está no Plano de Actividades da BE do próximo ano lectivo a reorganização da chamada Biblioteca de Rua, projecto que irá dinamizar espaços de leitura no exterior da EPM-CELP. Já temos pessoas preparadas para dinamizar o projecto. A BE está a saltar os muros da Escola e já se constitui como pólo dinamizador de outras bibliotecas, que beneficiam do nosso apoio, utilizando o material que vem da Rede de Bibliotecas Escolares, como as malas de leitura. É uma boa iniciativa, que dá a conhecer a nossa capacidade, ao mesmo tempo que promove condições noutras escolas. De referir que a BE está aberta aos alunos de outras escolas e instituições que se apresentem com um projecto concreto que justifique a sua acessibilidade aos nossos espaços de leitura. Quais foram as implicações familiares da vossa opção de trabalhar no estrangeiro? PIEDADE PEREIRA - A nossa opção integrava, desde o início, a possibilidade de podermos viajar com os filhos, contando com a melhoria do ordenado, e, desta forma, entrar em contacto com novas culturas e descobrir o mundo. JORGE PEREIRA - A parte económica foi importante, para além da possibilidade da descoberta de novos mundos, um “bichinho” já antigo. A vinda para Moçambique foi diferente e resultou da saturação de viver em Macau, que acabou por provocar algum desencanto. Viemos dispostos a aceitar o desafio de África. A própria EPMCELP constituía, em si, um desafio porque estava, então, em franco desenvolvimento. O ano de interrupção entre Macau e Moçambique foi útil para fazer um balanço entre as duas realidades, que oferecem condições diferentes.

PERFIS

Piedade Pereira

19 de Outubro de 1951 Coimbra (Portugal) FILHOS 2 (Miguel, Filipa e a neta Mariana) HABILITAÇÕES ACADÉMICAS Licenciatura em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra TEMPO DE SERVIÇO Quase 36 anos (dos quais 5 no Liceu de Macau e 7 na EPM-CELP) FUNÇÕES Presidente do Conselho Directivo (2 anos); vice-presidente do Conselho Executivo (5); coordenadora de Projecto (1); coordenadora de Ciclo (12); coordenadora do Centro de Formação (2), directora de turma (vários); professora (sempre) LEMA “Correu mal? Para a próxima vai correr melhor. Pensamento positivo” DATA DE NASCIMENTO NATURALIDADE

Jorge Pereira

5 de Maio de 1952 Mira (Portugal) FILHOS 2 (Miguel, Filipa e a neta Mariana) HABILITAÇÕES ACADÉMICAS Licenciatura em Filosofia, pela Universidade de Coimbra FUNÇÕES Vice-presidente do Conselho Directivo; coordenador de Centro de Recursos (Macau e Moçambique); director de turma DATA DE NASCIMENTO NATURALIDADE


18 | PL | Maio/Junho 2010 REGISTOS

- Visitas

CENTRO CULTURAL DE MATALANA

O fascínio de aprender as cores do Mestre aventura da nossa visita ao Centro Cultural de Matalana começou às 07H30, na companhia das professoras Luísa Antunes e Estrela Simeonova. Saímos da EPM-CELP animados e cheios de curiosidade sobre o que iríamos encontrar e fazer na tão desejada visita de estudo. Fizemos a primeira paragem em casa do mestre Malangatana, que nos acompanhou durante todo o dia. Esta visita foi organizada pela nossa professora da disciplina de História da Cultura e das Artes e tinha como objectivo permitir os alunos trabalharem com miúdos do Centro Cultural de Matalana e aprenderem com os mestres Malangatana e Fernando Machiana (tio Machiana). Após uma hora de viagem, chegámos a Matalana, onde fomos muito bem recebidos e ficámos a conhecer os nossos parceiros de trabalho. Fizemos equipas de trabalho, constituídas por um aluno da EPM-CELP e outro do Centro Cultural de Matalana. O mestre Malangatana pediu-

A

-nos, então, que olhássemos para o ambiente que nos envolvia, de forma a podermos produzir um trabalho em pintura, com temática paisagística, e um outro abstracto. A tarefa trouxe-nos algumas dificuldades, uma vez que estávamos a pintar com alunos do 1.º Ciclo, mas, com a ajuda do Mestre, fomos perdendo o “medo” de atirar a tinta para a tela e trabalhá-la de seguida. Eram 14h30 quando acabámos de pintar e fomos almoçar. Foi mais um momento de confraternização, que nos ofereceu os sabores de iguarias moçambicanas, como a matapa e o caril de amendoim com frango e arroz. Depois do almoço, tivemos uma surpresa: o escultor e músico Umblino Magaia, com o seu grupo musical, decidiu oferecer-nos uma actuação, que foi bastante divertida. De seguida, assinámos os quadros que tínhamos produzido, organizámos a exposição dos mesmos e,

em conjunto, seleccionámos os trabalhos que iríamos trazer para a nossa Escola e os que iriam ficar no Centro, para fazerem parte do espólio do futuro Museu da Criança de Matalana. No momento do balanço do dia, agradecemos a oportunidade e o acolhimento que receberamos e arrumámos o material utilizado. Por fim, visitámos a residência do mestre Malangatana, em Matalana, onde observámos algumas das suas obras pictóricas, escultóricas e relevos em mármore e cerâmica, e, claro, ficámos fascinados! Um dia cheio de emoções e de algum cansaço, mas com vontade de repetir. TURMA DE ARTES VISUAIS DO

10.º ANO

JARDIM ZOOLÓGICO

CCFM

O velho amigo Marracuene

Ouvir histórias fantásticas da floresta húmida

izemos - nós, três alunos do 7.º C uma visita ao Jardim Zoológico de Maputo, no âmbito da disciplina de Área de Projecto. Como o subtema era o “Dia Mundial da Biodiversidade”, o grupo fez uma colheita de dinheiro junto da comunidade escolar com o objectivo de ajudar o Jardim Zoológico. Na companhia da professora de Área de Projecto, Isabel Rosales, visitámos o recinto em 12 de Junho último, num sábado, e fomos surpreendidos por sabermos que existe uma Associação que pretende melhorar as infra-estruturas do Jardim Zoológico e manter a sua biodiversidade, combatendo a sua degradação. A visita foi conduzida pelo Dr. Bila, um médico veterinário, que, atenciosamente, nos explicou com pormenor a história das espécies animais ali existentes. Existem cerca de 80 crocodilos, três espécies de macacos, aves (falcão e águia, entre outras), cobras e um hipopótamo, já velhinho (28 anos), entre outros animais. Curioso é o facto de existir um cemitério

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o passado dia 29 de Abril, o 5.ºA visitou a exposição «Ilustrações de Contos Africanos», de Luciana Hees, no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM). Acompanharam os alunos as professores Sara Teixeira e Karina Bastos e contámos com a presença da autora. Também dois contadores de histórias encantaram os meninos, que, depois, ilustraram os contos com frases escritas em pedaços de papel colados num mural. Foi muito interessante “entrar” na floresta húmida, representada numa salinha do CCFM, e ver uma escultura em arame com animais, plantas e sons de fundo, que nos fizeram esquecer, por momentos, que nos encontrávamos na baixa de Maputo.

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para cães, desde praticamente a fundação do Jardim Zoológico. Assim, vimos túmulos de cães que foram enterrados em 1959. Uma prática que se prolonga até hoje e constitui forma de ajudar aquele lugar de interesse público, pois qualquer pessoa poderá fazer ali o enterro do seu cãozinho pela módica quantia de 100 meticais. Apesar das carências do país, podemos sempre, de uma ou outra forma, dar um pequeno contributo. O Jardim Zoológico é de todos e para deleite de todos. Apoiemo-lo! ALUNOS DO 7.º C

ALUNOS DO

5.º A


Maio/Junho 2010 | PL | 19 REGISTOS

DIA DAS LÍNGUAS

Espectáculo desafia aprendizagem O Dia das Línguas da EPM-CELP, assinalado em 9 de Junho, mostrou como a aprendizagem pode cruzar-se com o lúdico, que favorece a integração de conhecimentos e promove competências sociais. O Sarau das Línguas e o Peddy Paper preencheram o dia dedicado às línguas SARAU

Falar com arte Sarau do Dia das Línguas da EPMCELP atraiu muito público ao Auditório Carlos Paredes, no passado dia 9 de Junho. Pais, encarregados de educação, familiares e amigos acorreram em grande número para assistir ao “espectáculo” das aprendizagens realizadas pelos alunos durante o ano lectivo que agora termina. Alunos do 3.º Ciclo e do “secundário” exibiram à comunidade educativa, através de pequenas encenações, o resultado do esforço de aprender que desenvolveram nas aulas das várias disciplinas de línguas. Assim, houve lugar para várias formas de expressão artística, desde a dança e a música até à declamação de poesia e pequenas peças de teatro. Estiveram

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PEDDY PAPER

envolvidos alunos de todas as turmas do 7.º ano, o 8.º B, o 9.º A, o 10.º A2 e as três turmas do 12.º ano. Por “detrás do pano” fica o registo de muitas actividades de preparação para garantir o sucesso do Sarau do Dia das Línguas, durante as quais se operaram aprendizagens significativas para os alunos, como sejam o desenvolvimento de

competências de comunicação, de organização e de cooperação no trabalho conjunto, bem como a promoção de valores de convivência social e de estreitamento de laços de amizade. O Sarau das Línguas foi o ponto alto do programa do Dia das Línguas, organizado pelo Departamento de Línguas da EPM-CELP.

Entusiasmo em alta velocidade Peddy Paper ofereceu aos alunos do 2.º Ciclo momentos de aprendizagem lúdica, em torno de aspectos culturais e linguísticos respeitantes às línguas portuguesa e inglesa. A organização esteve a cargo dos alunos do 9.ºA e constituiu o último desafio da disciplina de Área de Projecto. Planificadas e calendarizadas as tarefas, criaram-se grupos de trabalho, tendo os professores de Língua Portuguesa do 2.º Ciclo assumido a responsabilidade da constituição e inscrição das equipas. A par do trabalho individual e colectivo, desenvolvido ao longo de todo o terceiro período, foi necessário monitorizar o projecto. O jogo, que envolveu 84 pessoas (54 alunos participantes, 26 alunos da organização e quatro professores), continha nove estações, espalhadas pelo recinto escolar, onde as equipas eram convidadas a executar uma prova de teor cultural e/ou linguístico, após o que recebia uma men-

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sagem escrita para execução de uma tarefa simples. Nove equipas aceitaram o desafio de correr, atravessar a piscina em barco de borracha ou encestar bolas, ao mesmo tempo que aplicavam os conhecimentos linguísticos. A equipa vencedora foi a dos “Xutos e Pontapés”, do 6.º C, que, demonstrou inegáveis entusiasmo e espírito de equipa, não deixando ninguém indiferente à sua passagem, pois exibiam t-shirts criadas pelos próprios alunos para a participação no Peddy Paper e entoavam canções da célebre banda portuguesa que lhes emprestou o nome. Os alunos do 9.º A, caloiros no papel de organizadores, assumiram as responsabilidades de forma exemplar e sentiramse orgulhosos do momento de diversão que proporcionaram aos mais novos. Parabéns ao Xutos e Pontapés, às equipas participantes, ao 9.º A e ao Departamento de Línguas!


20 | PL | Maio/Junho 2010 REGISTOS

FILOSOFIA PARA CRIANÇAS

Viagem ao país das origens Curiosidades, mistérios e indagação sobre o que nos rodeia e sobre nós mesmos foram as forças que animaram a Manhã Filosófica, no Auditório Carlos Paredes, onde alunos dos 3.º e 4.º anos do ensino básico, professores, pais e encarregados de educação tiveram a ousadia de buscar respostas para algumas inquietações EXPOSIÇÃO A exposição sobre Filosofia para Crianças revelou ideias e pensamentos dos nossos alunos. filosofia é a alma do pensamento, é a mente a pensar, é a luz do sol, ser filósofo é ser pensador, é ser escritor, é ser trabalhador. A filosofia fez-me abrir os olhos e descobrir o mundo. Ajudou-me nas outras aulas a descobrir os mistérios da vida real. Filosofia é uma luz que apareceu numa escuridão e foi aumentando até se tornar na luz do dia. A filosofia é uma bola de luz que vive bem no centro da minha cabeça. A filosofia fez a minha imaginação evoluir 100 vezes mais do que era.”

“A

a Origem do Mundo” é o nome da peça de teatro que encheu a “Manhã Filosófica”, realizada em 5 de Junho último, no Auditório Carlos Paredes. Uma iniciativa integrada no Projecto de Filosofia para Crianças, que juntou alunos dos 3.º e 4.º anos de escolaridade e respectivos professores. A encenação simulou uma lição tradicional assente na confrontação dialéctica entre alunos insaciáveis e um professor que, laboriosamente, promove o alargamento dos horizontes do pensamento, descortinando novas sendas de curiosidade em busca de soluções para os problemas colocados. Os intérpretes convidaram todos a embarcar no retorno à Antiguidade Grega para, genuinamente, indagar sobre o velho mistério como tudo terá começado neste

“D

mundo. Durante a magistral lição, Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes e Heraclito foram os “professores” que equacionaram as diferentes perspectivas sobre a resposta à questão essencial de saber qual é o elemento primordial da realidade que nos cerca e da qual fazemos parte. Na sequência da peça de teatro, seguiram-se depoimentos dos alunos sobre o gozo de aprender a pensar desde cedo, destacando o contributo da Filosofia para Crianças para o desenvolvimento das suas competências cognitivas, bem como para o desenvolvimento da sua personalidade no relacionamento com os outros, em múltiplos contextos de convivência social.

DANIEL BERNARDO

(3.º B)

FULGÊNCIO SAMO Professor do Projecto Filosofia para Crianças

DIA DE ÁFRICA

EPM e Caniço “A” acertaram passo na dança úsica e dança marcaram a festa de celebração do 25 de Maio, Dia de África, na EPM-CELP. Como manifestações incontornáveis da cultura africana, os alunos do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo cantaram e dançaram com muito entusiasmo no átrio principal, juntamente com os estudantes da Escola Primária Completa Polana-Caniço “A”. Ao ritmo da dança tradicional moçambicana, dos batuques e dos tambores, o grupo de alunos deu significado e valorizou a interactividade entre diferentes culturas, proporcionando um espectáculo vivo e entusiasmante, enriquecido com as cores e brilhos dos trajes locais, entre os quais não faltou a capulana.

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Maio/Junho 2010 | PL | 21 REGISTOS

AMBIENTE DOCUMENTÁRIO

Gorongosa é uma lição sobre ambiente om a assinatura da prestigiada National Geographic, o documentário “Africa’s Lost Eden”, sobre o Parque Nacional da Gorongosa (PNG), foi exibido no Auditório Carlos Paredes, para alunos e professores do ensino secundário, em mais uma iniciativa para comemorar o Ano Internacional da Biodiversidade. Seguiuse a presença de Carlos Lopes Pereira, director da Conservação do PNG, que conversou demoradamente com os espectadores. A excelente qualidade do filme-documentário e os testemunhos vivos e muito esclarecedores de Carlos Lopes Pereira

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constituíram uma oportunidade singular para o programa de educação e formação ambiental da EPM-CELP. “Africa’s Lost Eden”, filmado entre Janeiro de 2008 e Maio de 2009 com realização de James Byrne, foi distinguido com quatro prémios na 33.ª edição do Festival Internacional de Filmes da Vida Selvagem, realizado entre 8 e 15 de Maio, e também foi o vencedor absoluto da última edição do Festival de Filmes de Turismo, promovido em Berlim (Alemanha). Os quatro prémios foram: Melhor Filme sobre Conservação da Natureza, Melhor Narração, Melhor Som e Melhor Argumento.

O documentário narra a actual vida selvagem no PNG e o esforço do seu repovoamento animal, no quadro de um diálogo contínuo com as comunidades locais que partilham o mesmo ambiente natural. É um filme de 50 minutos que valoriza a excelência e a espectacularidade da vida selvagem, retratando episódios alusivos à convivência sustentada entre o ser humano e a fauna bravia. O Santuário da Fauna Bravia é um espaço com seis mil hectares e 36 quilómetros de perímetro, integrado no PNG que, há poucos anos, beneficiou do interesse filantrópico do norte-americano Gregory Carr.

PALESTRA

Alunos da EPM-CELP identificaram tartarugas de Moçambique palestra "Tartarugas Marinhas em Moçambique" foi realizada no Dia Mundial das Tartarugas, assinalado em 23 de Maio, e visou dar a conhecer aos alunos da EPM-CELP as condições de existência daquela espécie animal. Os palestrantes foram Eduardo Vieira, o orador, e Marco Pereira, ambos biólogos marinhos a trabalhar na Associação de Investigação Costeira e Marinha (AICM). Falaram do ciclo de vida da tartaruga e de outros aspectos importantes, como a alimentação e o meio ambiente

onde vivem. Mencionaram, também, as espécies existentes em Moçambique, descrevendo as principais diferenças entre elas e identificando as zonas da costa moçambicana onde cada espécie vai desovar. As tartarugas vivem aproximadamente entre 70 a 80 anos, o que raramente sucede pois a maior parte delas morre antes dessa idade por acção dos predadores. A palestra terminou com uma sessão destinada aos pedidos de informações e esclarecimentos por parte dos alunos participantes.

BIOFOTO

Inês Campos venceu concurso

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nês Campos, aluna do 11.º A, foi a vencedora do Concurso de Fotografia “Biofoto” sobre biodiversidade, que o Departamento de Ciências Experimentais e Exactas promoveu junto da comunidade educativa (foto premiada ao lado). O segundo lugar da “Biofoto” foi atribuído ao trabalho apresentado pela aluna

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Os desastres ecológicos, os desmantelamentos sem precedentes e o crescente número de animais em extinção reforçam o significado do Dia Mundial das Tartarugas e justificam a dedicação do ano de 2010 à Biodiversidade, como meio de sensibilização e intervenção em favor da protecção do ambiente e do planeta Terra.

Catarina Soares, do 10.º A1, sob a designação “Pureza”. Os trabalhos foram avaliados pelos professores Ana Catarina Carvalho e Pedro Garcia, do Departamento de Ciências Experimentais e Exactas, e ainda por Jorge Pereira, responsável da Biblioteca Escolar José Craveirinha.


22 | PL | Maio/Junho 2010 EPM-CELP

A HISTÓRIA DA EPM-CELP EM CARTAZES

Uma década a traçar ideias A exposição “10 Anos em Cartaz História da EPM-CELP”, que esteve patente ao público em 12 de Junho na festa da comunidade portuguesa realizada nas instalações da Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP), procurou retratar as actividades que ajudaram a forjar a história dos 10 anos da instituição (1999-2009). Porque o cartaz é síntese e registo, a exposição identificou ideias, conceitos, temas e tendências que impulsionaram a missão e a acção educativas da EPM-CELP ao longo da década de existência. Aniversários

Dia da Criança

Dia de Portugal

25 de Abril

Efemérides

Exposições

Formação

Cooperação

Simpósio

Música


Maio/Junho 2010 | PL | 23 EPM-CELP

CORTESIA

RECURSOS

Manter, prevenir e corrigir gestão dos recursos educativos passa, também, pela gestão do espaço físico. Esta dimensão implica toda a comunidade educativa, envolvendo os utilizadores primários (alunos e professores) que devem fazer uma boa utilização daquele espaço, cuidando das instalações e das respectivas áreas envolventes. A utilização dos espaços deve ser acompanhada e, porque qualquer uso implica desgaste, existe uma equipa na EPM-CELP com funções de coordenação e manutenção dos edifícios, dos equipamentos fixos e instalações técnicas, para além do espaço envolvente (jardins e construções do exterior). Esta área, denominada Manutenção do Espaço Físico (MEF), está organicamente integrada no Centro de Recursos Educativos, sendo coordenada por Luís Antunes e Zvezditchka Simeonova, integrando ainda um técnico médio e quatro operacionais. A MEF tem funções de desenvolvimento de acções de manutenção preventiva e correctiva, de acompanhamento das equipas de fornecedores de serviços contratualizados nos âmbitos de manutenção geral das construções, de equipamentos de climatização, de combate contra incêndios, de elevadores e de jardinagem. Para além destas actividades principais, a MEF intervém, pontualmente, na reparação de equipamentos, responde a solicitações dos docentes na construção de material didáctico (carpintaria e serralharia), bem como acompanha e intervém nos principais eventos da EPMCELP e nas novas construções e adaptações dos espaços. Na perspectiva de melhorar a prestação dos serviços, a MEF será, a partir de Setembro de 2010, alvo de reorganização, estando previsto um investimento na melhoria dos procedimentos de comunicação, registo, planificação, execução e controlo das actividades, para além da continuação do esforço de organização e actualização da documentação técnica e da elaboração de um plano de formação do pessoal.

Pequenotes do Pré-Escolar “G” visitaram o “Pátio das Laranjeiras”

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JUDITE SANTOS ESTRELA ZVEZDITCHKA

“Pátio das Laranjeiras” recebeu a simpática e curiosa visita da turma G do PréEscolar, acompanhada pela professora Sofia Chaby. Os pequenitos invadiram todos os espaços de produção, desde a revista ainda no monitor do computador até à impressora de onde sai prontinha a ler. Os detalhes escaparam à atenção da maioria dos alunos, mas não a “magia” de ver a fotografia acabadinha de tirar e, após breve passagem pelo computador, saltar para uma das páginas da publicação. A entrega à curiosidade foi contagiante, atropelando, por vezes, as explicações técnicas que, um dia, mais tarde, os miúdos descobrirão.

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PAIXÃO

Mundial 2010 “agitou” EPM-CELP

Mundial 2010 de futebol, realizado na África do Sul, despertou paixões na comunidade da EPM-CELP. O primeiro jogo de Portugal, frente à Costa do Marfim, por exemplo, foi atentamente seguido no átrio central por pessoas de várias nacionalidades, que “torceram” pela selecção das “quinas”.

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24 | PL | Maio/Junho 2010 “PSICOLOGANDO”

M Ã E Naturalmente presente ALEXANDRA MELO

SERVIÇOS DE PSICOLOGIA E ORIENTAÇÃO

Dia da Mãe é uma data celebrada em muitos países do mundo desde há muito tempo. Mulher com tantas tarefas e presença na vida do ser humano, a mãe tem uma série de representações, desde sociais a biológicas. Na maioria das sociedades, a mãe tem tido, ao longo da História, a grande tarefa de educar os filhos. Com trabalho fora de casa ou não, é ela que, normalmente, responde pelo desenvolvimento das grandes habilidades que o ser humano tem consigo: afectivas, sociais e intelectuais, colocando na sociedade o produto do seu trabalho! Biologicamente, desde a gravidez, a mãe estabelece com o filho os grandes laços que os unirão por toda a vida. A relação precoce refere-se à grande ligação que mãe e filho iniciam durante o processo de desenvolvimento intra-uterino, num encontro entre o desejo e a idealização de um filho e as competências que esse filho, ainda feto, possui para estabelecer os primeiros laços de união. Os primeiros sons, cheiros, paladares, movimentos, imagens da criança são-lhe

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“ODES”

fornecidos pelo corpo dessa mulher que já é a sua mãe. Bowlby, na sua teoria da vinculação, defende que a criança, logo após o nascimento, está predisposta a vincular-se àquele que lhe dispensa cuidados e está

biologicamente disponível para lhe responder. A relação mãe-filho constitui uma ligação muito forte, que acompanha o percurso do ser humano, do nascimento até à morte, deixando marcas que o tempo jamais apagará.

À MÃE

CRISTINA (25 ANOS)

A minha mãe é tudo para mim.Amo-a mesmo de verdade! Tenho cá dentro de mim um sentimento que não sei como descrever. Gosto quando me chama bebé. A minha mãe é a melhor mãe. Mesmo com a minha idade existe uma criança dentro de mim, que muitas vezes sente falta de uma mãozinha na cabeça. A minha mãe amame muito, ela não esconde o seu sentimento. Quando estou triste, ela telefona-me para me consolar, canta-me para eu acalmar e para poder dormir. Para mim ela é uma princesa, é a minha princesa. Ela faz brilhar os meus dias, anima-os com a sua voz. JOÃO CAROLINO (27 ANOS)

Quis o destino que, pela segunda vez, saísse de perto da minha mãe e do meu pai! A minha mãe é fenomenal! Tenho saudades dela, claro! Das comidas, das conversas, das discussões. Ela está longe. Em Portugal. Eu em Moçambique. Falamos bastante… mas nenhum telefonema consegue trazer o cheiro das comidas, as palavras das conversas, a raiva das discussões. A vida continua. Ela será sempre a minha mãe. AMISHA (23 ANOS) A minha mãe é a pessoa mais importante da minha vida. É aquela que está sempre para mim e com quem posso sempre contar. Sou capaz de tudo por ela, por essa mulher que me deu a vida e já sofreu comigo nos meus momentos difíceis, apoiando-me mesmo quando não concordava comigo. O carinho, amor e admiração que tenho por ela é muito grande e especial.Agradeço-lhe por tudo o que ela já fez e continua a fazer por mim, por todo o conhecimento e sabedoria que me transmitiu. Mãe é, para mim, sinónimo de amor eterno. Penso que é o “único” amor pelo qual fazemos tudo. Agradeço a Deus pela mãe que me deu. Acredito que devo ter feito muito boas acções em vidas anteriores. JOSÉ CARDOSO (80 ANOS)

Uma mãe, quando se tem a ventura de a ter conhecido, de lhe ter sugado os seios como primeiro alimento, de lhe sentir o calor do seu amor na ternura dos gestos e das palavras, é, incontestavelmente, o maior bem que podemos possuir.


Maio/Junho 2010 | PL | 25 TEXTO

p a l av r a EDIÇÃO

p a l av r a

empurra

Teresa Noronha

...porque há sempre lugar para mais uma palavra!

JOSÉ FRADE

JOSÉ SARAMAGO NOTAS BIOGRÁFICAS asceu em Azinhaga (Golegã, Portugal) em 16 de Novembro de 1922, no seio de uma família muito humilde. O seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico. Posteriormente, foi funcionário público. Leitor insaciável, iniciou a sua actividade antifascista com participações em várias iniciativas da resistência; fez crítica literária na revista “Seara Nova”, traduções (Tolstoi, Hegel, Baudelaire, Montaigne) e trabalhou como jornalista, dirigindo o suplemento cultural do “Diário de Lisboa”. Inicia-se na poesia com “Os Poemas Possíveis” (1966) e “Provavelmente Alegria” (1970). Em 1969 adere ao Partido Comunista Português (PCP). Entre 1969 e 1973 desenvolve intensa actividade na CDE, no decorrer das campanhas “eleitorais” para a chamada Assembleia Nacional. No pós-25 de Abril, foi director-adjunto do “Diário de Notícias”, onde teve acção controversa, saneando todos os jornalistas não alinhados com o PCP, motivo pelo qual foi afastado do cargo na sequência do golpe de 25 de Novembro de 1975. Este comportamento de Saramago foi sempre fonte de crispação de muitos para com o seu perfil e obra. Em 1975 publicou o livro de poemas “O Ano de 1993”, em 1977 o romance “Manual de Pintura e Caligrafia” e, no ano seguinte, o volume “Objecto Quase”. Seguem-se publicações sucessivas de obras que afirmaram José Saramago como figura cimeira da literatura nacional e mundial, como os romances “Levantado do Chão” (1980); “Memorial do Convento” (1982); “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1984); “A Jangada de Pedra” (1986); “História do Cerco de Lisboa” (1989); “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (1991); “Ensaio Sobre a Cegueira” (1995);“Todos os Nomes” (1997);“A Caverna” (2000);“O Homem Duplicado” (2002); “Ensaio Sobre a Lucidez” (2004); “As Intermitências da Morte” (2005); “A Viagem do Elefante” (2008) e “Caim” (2009). Em 1998 a qualidade da sua obra literária é reconhecida mundialmente com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura, sagrando-se, assim, como o primeiro e único, escritor de língua portuguesa galardoado com um Nobel. Inspirado no romance “Memorial do Convento”, o compositor Azio Carghi produziu a ópera Blimunda, enquanto o realizador Fernando Meireles transpõe para o cinema o “Ensaio sobre a Cegueira”. Nos anos seguintes, e até há bem pouco tempo, José Saramago correu o mundo, participando em conferências, colóquios, fóruns, seminários e debates, e levou a outros povos

N

16

DE NOVEMBRO DE

1922 - 16

DE JUNHO DE

PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA

e outras gentes a sua reflexão sobre a situação mundial. Em 16 de Junho faleceu em Lanzarote, lugar que escolheu para viver as últimas décadas da sua vida. TERESA NORONHA

DEPOIMENTO

Lágrimas pela coragem aiem-me lágrimas pela morte de Saramago. Morreu o primeiro Prémio Nobel da Literatura português. Morreu o corpo de um amante da palavra que ficará para sempre associado a um amor revoltado pelo país que o viu nascer. Li ainda muito pouco deste homem, talvez pela teimosia de me afastar dos escritores mais amados, mais lidos, mais premiados. Nunca imaginei emocionar-me desta forma. Pouco importa. Chorei por Sophia, chorei por Eugénio, choro agora por Saramago. Choro por saber que partiu um homem que amou a sua língua de forma apaixonada. Choro pelo carinho com que vejo agora a sua teimosia em questionar o mundo na sua passividade comodista. Choro pela coragem que sempre o acompanhou, pela intransigência que sempre o caracterizou. Cumpriu-se uma vida, um ser humano com a grandeza de um ideal tornado realidade. Cumpriuse o amor à escrita, à palavra, amor que se entranha em todos os que ainda se espantam ao contemplar a beleza de uma «Flor maior do que o Mundo».

C

ESTELA PINHEIRO Professora

CRÍTICA Caim de José Saramago Editorial Caminho (2010) ê-se na página 91 do livro “Caim”: “A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem

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2010

- 1998

ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele”. Daí o profundo sentimento de injustiça que abate Caim e o leva a inquirir Deus e as suas acções. Também a novela espelha a história do desentendimento de Saramago com Deus. De um modo mais ingénuo que herético, desenganem-se os maledicentes. Por isso é preferível olhar para o livro como uma mera ficção e retirar-lhe a carga de escândalo que o soterrou. E aqui é que se revelam algumas debilidades. Não que seja uma novela que deslustre, simplesmente está aquém do que promete. Porque soçobra em alguns capítulos onde a demonstração da tese se sobrepõe à fantasia, abafando a matéria narrativa, que apenas a ilustra. Contudo, a novela dá uma guinada e termina num golpe de génio romanesco: o que Caim faz acontecer quando entra na Arca de Noé e com essa santa família navega. Caim, que é um niilista consumado, seduz a mulher de Noé e depois despacha-a pela borda fora, induzindo os restantes em suicídio e aportando a terra sozinho com os outros animais. E aí só há uma de duas hipóteses: ou Deus lhe dá uma Lilith (a primeira mulher de Adão), com quem possa Caim repovoar o mundo, tornando-se num novo Adão e mostrando que é o Deus do Amor, ou então, ao negar-lhe isso, acabando com a raça, o Altíssimo só confirmará as suposições de Caim sobre o seu entranhado mau-fundo. É um extraordinário dilema, sobre o qual Saramago não nos dá a resposta, deixando a cada um a sua. E só este capítulo, final, justifica a novela e dá a medida do romancista. Depois, apesar do seu desequilíbrio, é obra que se lê de um fôlego, com agrado, e Caim, afinal, legounos as cidades, a domesticação dos animais, a música e a técnica. Não é mau, hein? ANTÓNIO CABRITA

Escritor


26 | PL | Maio/Junho 2010 REGISTOS

SEMANA DAS EXPRESSÕES

As mil e uma irrequietudes da alma unida de uma história de final desconhecido, a ilustradora Luciana Hees desafiou a imaginação dos alunos do 5.º D do ensino básico, provocando o aparecimento de mais de duas dezenas de histórias profusamente ilustradas. A EPM-CELP abriu, assim, a Semana das Expressões do ano lectivo 2009/2010. “Gostei muito do vosso trabalho, porque de uma história nasceram 23”, declarou a brasileira Luciana Hees aos alunos, no final da sessão de trabalho. A ilustradora vive em Moçambique desde 2003 e tem desenvolvido a actividade criativa na área da publicidade e ilustração de livros, bem como no desenvolvimento de artefactos de comunicação para projectos educativos. Tornar a fantasia realidade através da materialização das ideias imaginadas em objectos de comunicação foi o desafio lançado por Luciana Hees, que deu a conhecer várias técnicas de ilustração com recurso a diversos materiais. O início da Semana das Expressões ficou também marcado pela inauguração de uma exposição permanente no Pátio das Laranjeiras, onde estão expostos trabalhos realizados ao longo do ano lectivo de 2009/2010 pelos alunos do 1.º Ciclo e

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nas disciplinas de Educação Visual e Tecnológica, Área de Projecto, Agrupamento de Artes do ensino secundário e nos Ateliers Criativos. Integram também a Semana das Expressões manifestações de música, dança, pintura e desporto. A Semana das Expressões encerrou com uma audição de piano, que preencheu o final da tarde de 11 de Junho. Pais, encarregados de educação, alunos, professores e amigos reuniram-se no Auditório Carlos Paredes para ouvir as interpretações dos alunos de piano da EPM-CELP, numa incursão ao ambiente da música clássica. Foi um final de tarde tranquilo e muito confortante para os que estiveram. Os alunos do professor Assumane Saíde, pertencentes a todos os ciclos de ensino, desfilaram, consecutivamente, temas dos maiores autores da música clássica, recorrendo, por vezes, a duetos com flauta. O cuidado e a elegância nas apresentações enriqueceram o espectáculo. Pequenos diálogos entre os pianistas, vestidos a preceito e identificando os históricos autores, ajudaram o público a reconhecer os temas e a criar um ambiente ameno e propício às audições.


Maio/Junho 2010 | PL | 27 REGISTOS

BIBLIOTECA VIVA

Teatro avivou tradições no encerramento do ano lectivo uatro mães interpretaram, no Auditório Carlos Paredes, uma pequena peça de teatro sobre a lenda da sopa da pedra, de Almeirim, localidade de Portugal, a norte de Lisboa. Na plateia estavam os alunos do 1.º ano de escolaridade que, para acreditarem na magia da pedra, foi-lhes servida, após a actuação, uma refeição de verdadeira sopa da pedra. Segundo a lenda, a esperteza e astúcia do frade, que andava a pedir nas ruas, transformaram uma pedra numa sopa deliciosa, que continua a ser uma das especialidades mais conhecidas da localidade de Almeirim, em Portugal. Pois foi esta a história que quatro mães encenaram, com muita “alma”, para os alunos do 1.º Ciclo. Subiram ao palco apenas com o essencial, mas conseguiram recolher os restantes ingredientes para a sopa junto

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TRADIÇÕES DE MOÇAMBIQUE

dos generosos espectadores, ávidos de participarem na magia da sopa da pedra. As mães tiveram uma actuação que mobilizou a atenção, a curiosidade, o silêncio e o entusiasmo dos alunos em relação ao segredo da sopa da pedra. Mas também despertou o apetite dos mais pequenos para comerem, findo o “faz-deconta”, uma sopa verdadeira, confeccionada na cozinha da EPM-CELP. A lenda tornava-se, assim, realidade. A encenação da lenda da sopa da pedra, bem como a do conto do melro branco, interpretado por Miguel Costa (versão africana), subdirector da EPM-CELP, e Tânia Silva (versão europeia), do Departamento de Línguas, assinalaram o encerramento das actividades de 2009/2010 da Biblioteca Viva, coordenada por Ana Albasini.

CULTURAS DO MUNDO

“O camaleão que queria ser pássaro” foi distinguido em concurso literário

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elena Macuácua, assistente operacional do sector do Pré-Escolar da EPM-CELP, venceu o concurso literário “Histórias Tradicionais de Moçambique”, dirigido aos funcionários da instituição. A vencedora, de 27 anos, apresentou a concurso o conto “O camaleão que que-

ria ser pássaro”, que encerra uma mensagem sobre a auto-estima. A iniciativa visa contribuir para a preservação do património das histórias tradicionais de Moçambique. O texto vencedor, que se transcreve de seguida, poderá vir a ser publicado em livro pela EPM-CELP.

Um camaleão vivia perto da estrada. O seu desejo era de atravessar para o outro lado que dava para o parque dos animais de várias espécies. Porém, havia um problema que o impedia de realizar o seu sonho. Sempre que ele tentava atravessar a estrada, ouvia um ruído muito forte de camiões de carga que passavam e logo o camaleão recuava e pensava: “Quem me dera que eu fosse um pássaro, pois assim voava sem correr o risco de ser esmagado por aqueles malditos camiões”. O camaleão andava triste, lamentando-se da sorte e pensando que não tinha nenhum valor. Eis que um dia aparece um macaco chamado Chiquito que, ao notar a tristeza do camaleão, perguntou: - “Que se passa, amigo camaleão? Estás muito triste e já nem me visitas no bananal”. - “Estou cansado de ser inútil, só consigo chegar ao teu bananal porque não há necessidade de atravessar a estrada”, respondeu o camaleão. - “Não, não diga isso amigo. Tu tens uma capacidade incrível de mudar de cor, coisa que nenhum outro animal consegue”, ao que o camaleão respondeu: “De que me vale mudar de cor se não tenho capacidade de atravessar uma pequena estrada para chegar ao parque

dos animais?” - “Não te preocupes amigo, ajudo-te a chegar ao parque dos animais, levando-te ao meu colo”. Dito isto, o macaco levou o camaleão para o lugar pretendido, onde alegremente os animais dançavam marrabenta, xigamana, xiguba, xipenda e xigombela. Mais tarde, o macaco e o camaleão voltaram para casa juntos. - “Obrigado amigo Chiquito, nunca imaginei que a nossa amizade fosse tão forte assim. Jamais terei a capacidade de retribuir de igual maneira”. - Não tem de quê, amanhã serás tu”, disse o macaco. O macaco partiu para o bananal. Dias depois, aparece lá o seu amigo camaleão. Durante as brincadeiras, surge o terrível, o mau, o carnívoro leão, querendo devorar o macaco. Então, o camaleão usou a sua capacidade de se transformar em várias cores e, assim, conseguiu distrair o leão, enquanto o macaco conseguiu fugir, escapando da morte. O leão desistiu e foi-se embora. No dia seguinte, o macaco foi agradecer ao camaleão por lhe ter salvo a vida. Foi quando o camaleão descobriu que não era preciso ser pássaro nem qualquer outro animal, pois tal como era não deixava de ser útil.

Danças indianas materializaram projecto do 6.º D ma sessão de dança indiana, com os intérpretes vestidos com os respectivos trajes típicos, encerrou o projecto de estudo da cultura da Índia, desenvolvido por alunos do 6.º D. O trabalho foi concebido e realizado no âmbito da disciplina de Área de Projecto, coordenada pela professora Sara Teixeira, e o resultado final apresentado aos colegas da turma, bem como aos professores da mesma.

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28 | PL | Maio/Junho 2010 ALA DAS ARTES

Lugar onde a fantasia vira arte m espaço de sonho, um lugar de fantasias! A frase caracteriza o projecto que semeámos, alimentámos e vimos dar os primeiros passos na EPM-CELP. Um espaço de sonho criado na Ala das Artes Visuais, onde a fantasia se transforma em arte, que salpica o ambiente. O grande objectivo do projecto “ Artes plásticas na escola” é sensibilizar alunos, pais, educadores e professores, bem como toda a comunidade educativa, para a educação visual e formação artística das crianças e adultos. O projecto foi lançado pelo grupo de Educação Visual e Tecnológica (EVT) em 2008/0009, com a primeira oficina de artes plásticas para cerca de 20 crianças do 1.º Ciclo, dinamizada pelo artista plástico Ídasse. Em 2009/2010 foram dinamizadas oficinas de artes plásticas para cerca de 100 alunos do 1.º Ciclo pelas docentes Adilene Samo Gudo, Cláudia Pereira e Sara Teixeira e participadas pelas mães Carla Teixeira, Glória Marques, Manuela Pires, Tininha Malho e Ana Dray. Actualmente, os docentes de EVT empenham-se num plano de formação contínua, artística e didáctica, específico para os professores da disciplina e outros interessados em dar continuidade às oficinas para os alunos do 1.º Ciclo. A docente Adilene Samo Gudo pretende dar continuidade à sua experiência na formação oferecida, no ano lectivo prestes a terminar, aos auxiliares de educação do PréEscolar pelo entusiasmo e interesse demons-trados. Os formandos descobriram a arte como forma de expressão, que pode au-xiliar no desempenho das suas funções profissionais na EPM-CELP. Na perspectiva do desenvolvimento e valorização da formação artística global das crianças e jovens, os grupos disciplinares de Educação Visual e Tecnológica e Educação Musical pretendem unir esforços para fazer nascer o primeiro jardim do vento na EPM-CELP. Prevê-se a construção de objectos sonoros recicláveis, movidos pelo vento e desenhados pelos alunos para animar um espaço onde se poderá desfrutar de sons e cores impulsionados pela natureza.

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CLÁUDIA PEREIRA

Departamento de Expressões

VOZES DE MÃE | “Na aula da professora Sara, com capulanas, areia ou papel, todos são artistas com um pouco de empenho e arte” CARLA TEIXEIRA | “Com desperdícios, sobras e muita imaginação, saíram grandes obras de arte de mãos pequenas” TININHA MALHO | “Como mãe foi um prazer participar e ajudar nas actividades de atelier, onde as crianças se divertem a criar, a trabalhar com diversos materiais e a aperfeiçoar a motricidade fina. Um obrigada pela experiência à professora, outras mães e aos alunos” ANA DRAY | “No atelier da nossa Escola, com pouco mais do que tesoura, papel e cola, aprendemos a ser artistas. Com engenho e imaginação, usámos tudo o que havia à mão. Gostei de colaborar com a professora Sara Teixeira, criativa e maningue porreira” GLÓRIA MARQUES

| Tintas, pincéis, colas e papéis… Fantasia, alegria, risos, risotas e, às vezes, cambalhotas. É assim um misto entre experiências e sentimentos. Gosto disto! Sou eu a falar alto quando estou no meio da pequenada. As vibrações e aquilo que as crianças me passam é muito bom. Ver as crianças desfrutar com a descoberta é suficiente para ultrapassar todo o cansaço e azáfama na preparação e arrumação dos materiais. Trabalhar com gente pequena é simplesmente fascinante. (CLÁUDIA PEREIRA)

COMO NASCE A FANTASIA

“Nem me falta na vida honesto estudo/Com longa experiência misturado” - Luís de Camões


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