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-Nova Olinda/CE2014
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Apresentação Este E-book é resultado de uma atividade do Projeto Recortes da Literatura Nordestina. Os alunos do 1ºC – Tuma do Curso Técnico em Agronegócio – tiveram contato com a obra do escritor William Shakespeare, Romeu e Julieta, durante as aulas de Língua Portuguesa com a Professora Tyciane Nunes. Ainda tiveram oportunidade de assistir a uma das adaptações feitas desta obra para o cinema. Logo em seguida, mediante atividades do Projeto Recortes da Literatura Nordestina, durante aulas da Professora Lucélia Muniz, os mesmos puderam recontar a história em sala de aula. Deste momento, surgem as orientações para que os mesmos reescrevessem esta história, sendo pensada num cenário nordestino e com personagens também nordestinos, onde os alunos também podem modificar o final desta. Foram produzidos quatro textos, considerando a proposta apresentada, trabalhando a leitura, o entendimento da versão áudio visual e a escrita, bem como alguns elementos textuais. Uma Boa Leitura!
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Dedicatória Dedicamos nosso I E-book a todos os nordestinos que assim como nós, orgulhase da nossa diversidade cultural e se identifica e reconhece a importância de nossa região. Orgulho de ser do Nordeste e de nossos escritores que levaram o nome de nosso povo Brasil afora!
Alunos da EEEP Wellington Belém de Figueiredo
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Sumário Sobre Romeu e Julieta de William Shakespeare..................................................05 O amor impossível de Raimundo e Cícera...........................................................08 Entre fugas e tragédias........................................................................................10 Um grande romance...........................................................................................12 Raimundo e Joana...............................................................................................14 Homenagem ao escritor Euclides da Cunha – Frases...........................................16 Homenagem a Patativa do Assaré – Versos.........................................................17 Homenagem a escritora Rachel de Queiroz – Frases...........................................18 Frases – Graciliano Ramos...................................................................................19 Frases – Ariano Suassuna....................................................................................20 Frases – Guimaraes Rosa.....................................................................................21 Frases – Jorge Amado..........................................................................................22 Trecho de uma música de Alceu Valença.............................................................23
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Sobre Romeu e Julieta de William Shakespeare A síntese do amor por May Furlan
É possível contar nos dedos quantos livros são capazes de nos fazer mergulhar de cabeça na história. Principalmente nos levar à antiga e romântica Verona de 1951. Deparamo-nos com uma obra desse tipo quando nos deixamos levar pelos sentimentos puros e intensos de “Romeu e Julieta”, um dos maiores presentes deixados pelo gênio inglês William Shakespeare. A obra “Romeu e Julieta” se passa na antiga Verona do século XVI, e põe em cena a rivalidade entre os Montecchios e os Capuletos, uma briga de famílias que acabou por ajudar o destino à selar o final de dois jovens amantes. Em um baile de máscaras na casa dos Capuletos, Romeu Montecchio conhece Julieta Capuleto. A paixão é mútua e instantânea. Ao descobrir que pertencem a famílias inimigas, os dois se desesperam. Mas o ódio de uma guerra que não lhes pertencia não consegue sobrepujar o amor do casal (afinal, o que é um nome?), que opta por se casar secretamente, com a ajuda do Frei Lourenço. Mas, por obra da fortuna, acabam por ocorrer desentendimentos e desencontros, o que sela o futuro de Romeu e Julieta: a Morte. A peça aborda diversos outros temas, mas sem sombra de dúvidas o que mais se ressalta em toda a trama é o conceito de amor sem limites, onde a morte acaba sendo bem vida diante da escolha de uma vida em abstinência da companhia de seu verdadeiro amor. A essência da tragédia é a força da paixão. Ela é impulsiva,
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indomável e muitas vezes movida por pura teimosia. É possível imaginar que Romeu e Julieta se tornaram um casal representante do romance por causa dessa força. Até as autoridades religiosas, tão rígidas ao serem retratadas em outras obras, acabam por se curvar diante dos jovens amantes de Verona. O maior exemplo disso é o próprio papel do Frei Lourenço, que recorre a diversos meios (todos criticados pela sua posição religiosa) para unir o casal. Algo que não pode deixar de ser notado em “Romeu e Julieta” é que em momento algum houve hesitação, incerteza ou dúvida, traços típicos das obras de Shakespeare, nessa reinou o amor inquestionável. Pode ser que o final seja trágico, mas o que realmente importa é que eles tinham a certeza do amor. Muitos se perguntam se a história dos dois jovens realmente aconteceu, ou se foi somente fruto da imaginação de Shakespeare. Não há dados suficientes para comprovar que Romeu e Julieta existiram na realidade, mas isso só torna ainda mais inquestionável a perfeita técnica utilizada por Shakespeare, uma vez que uma peça escrita tantos anos atrás continua a despertar a imaginação dos leitores contemporâneos. Talvez esse desejo de transportar “Romeu e Julieta” para a realidade se baseie no fato de que hoje a existência de um amor arrebatador, puro e verdadeiro como esse, é praticamente remota. O que faz com que os leitores se fiem na esperança de que, pelo menos um dia no mundo, o amor foi amado como se deveria. Outro ponto interessante em “Romeu e Julieta” é que amadurecemos junto com os personagens principais. Romeu abandona sua paixão platônica por Rosalina ao ver Julieta pela primeira vez, descobrindo o real sentido do amor. Já Julieta, ao se apaixonar por Romeu, marca a sua passagem ao “ser mulher”. Ela se torna racional, porém ainda apaixonada perdidamente, desafiando os desejos de seus pais, se tornando mais crítica com a Ama, apoiando Romeu mesmo quando este mata seu primo Teobaldo, buscando uma alternativa diante do iminente casamento com Páris e acatando esse plano, por mais ousado que seja, e ainda não se intimida diante da morte, acolhendo esta com os braços abertos uma vez que não poderia existir sem o seu Romeu. Muitos criticam a linguagem utilizada na obra, deixando de lê-la somente por causa da maior dificuldade que esta apresenta, ou então, procuram adaptações que possuam um linguajar mais contemporâneo. Esse é um dos piores erros, pois as adaptações deixam a desejar, uma vez que apresentam a história como algo
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muito sucinto, sem dar a oportunidade ao leitor de apreciar a real obra de William Shakespeare. Há muitos filmes que são adaptações de “Romeu e Julieta”, e, apesar de alguns serem louváveis, a maioria não consegue passar o real sentimento da obra, algo que só pode ser atingido através da leitura completa desta, com a fusão entre os sentimentos do leitor e da personagem. A história do amor intenso e letal entre Romeu e Julieta é algo encanta os leitores de diversas gerações. Apesar do tempo, é uma obra atual, que mostra o amor em seu estado mais verdadeiro e inconsequente. É impossível ler esse livro sem que ele nos deixe profundamente marcados, dando suspiros pelo final, que apesar de ser conhecido por todos, não deixa de ser emocionante, arrancando algumas lágrimas pela intensidade do sentimento perdido entre os jovens. Resumindo, é uma obra completa, simplesmente perfeita e digna de inúmeras releituras e publicações que façam jus a sua fama. Intenso, encantador, emocionante e atual, isso é Shakespeare.
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O amor impossível de Raimundo e Cícera
Em uma pequena cidade do Sertão nordestino viviam duas famílias que sempre estavam em constante conflito. Os Silvas e os Lucindos eram inimigos mortais e não se entendiam por nada neste mundo. E, assim como todo cabra nordestino tudo era motivo de tirar a peixeira pra fora e fazer um belo de um arranca rabo. Cícera era da família dos Lucindos. Uma moça bonita, de cabelos longos e cacheados, parecia uma boneca. Raimundo por sua vez era da família dos Silvas. Um rapaz bonito e muito educado. Um dia houve um forró na cidadezinha e, por coincidência os dois jovens foram e se esbarraram por lá. Cícera vinha distraída comendo algodão doce quando de repente esbarrou em Raimundo que vinha olhando admirado o luar daquela noite. Foi amor à primeira vista, os olhares dos dois se entrelaçaram e só conseguiam ouvir as batidas de seus corações. Raimundo pegou na mão de Cícera e a puxou para um lugar sossegado. Os dois foram se distanciando da festa e naquela mesma noite trocaram beijos apaixonados. De repente, Rosa, a amiga e confidente de Cícera, foi chamá-la, pois a mãe dela estava a sua procura. Cícera vai embora sem se despedir de Raimundo. No dia seguinte, pensando no que faria para ficar junto de Cícera, já que seus pais não aceitariam aquele romance, Raimundo matutava de como conseguir tal feito. Do outro lado da cidade, Cícera pensava a mesma coisa. No final do dia, Raimundo escreve uma carta para ela dizendo o seu plano, no qual o mesmo lhe fazia uma proposta: perguntava se ela queria fugir com ele e pedia uma resposta. Cícera nem acreditava no que estava escrito e logo respondeu que sim. Então, os dois resolveram fugir na noite seguinte. Na noite da fuga, o pai de Cícera ficou à espreita, porque já estava desconfiado e decidiu vigiar a filha. Pediu para que um de seus cabras ficassem
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embaixo da janela do quarto de Cícera. Ela como era muito esperta esperou até a madrugada. Enfim, era chegado a hora. Raimundo vem e leva Cícera embora. Ao amanhecer, o pai de Cícera se dá conta que ela não estava mais em casa. E, vai tomar satisfação com o Senhor Zeca Silva, o pai de Raimundo. Aquela discussão se transforma numa briga, era peixeira pra lá, peixeira pra cá. Muitos cabras feridos. Raimundo e Cícera, a estas horas já estavam bem longe e felizes. E, ao decorrer 9 meses o fruto de tanto amor nasceu. Era uma menina linda parecida com sua mãe. Os pais do casal já não se preocupavam mais com os dois. A cidade até parecia mais tranquila. Então, os dois pombinhos resolveram voltar para a cidade de onde tinham fugido. Esperavam serem recebidos a socos e pauladas, mas mesmo assim voltaram. Agora, eles tinham uma vida em seus braços e achavam que os avós tinham o direito de conhecerem sua netinha. Quando chegaram na cidade resolveram ir na casa da mãe de Cícera. Ao chegarem na casa dos pais dela esperavam serem rejeitados. E, tiveram uma grande surpresa. Os pais de Cícera os acolheram e pediram desculpas e que os mesmos não cometessem mais tal loucura de fugir. Eles aceitaram as desculpas e foi feito um jantar para selar a paz entre as duas famílias em nome da mais nova membro das famílias, a filhinha de Raimundo e Cícera: Maria Lucindo da Silva.
Maria Angelina Pereira do Nascimento
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Entre fugas e tragédias
No interior da Paraíba viviam as famílias Zumba e Feitosa. Estas tinham uma rixa por disputas de terras. Emanuel era um jovem pertencente à família Feitosa e sentia uma grande simpatia por Antonia da família Zumba. Um dia em uma renovação, os dois jovens encontraram-se e indiferentes às intrigas de suas famílias, começaram a namorar escondido. E, enquanto as famílias brigavam, os dois jovens faziam planos de viverem juntos e formar uma família. Assim combinaram de fugirem na festa de cinquenta anos de casados dos avós de Antonia. Emanuel pediu ajuda para seus amigos, os irmãos José e Damião e a sua prima Santinha. Aceitando ajudá-lo, os três combinaram tirar Antonia da festa e escondê-la na casa de Santinha até o dia do casamento dela com Emanuel. Porém, Damião embriagou-se na festa e como todo bêbado fica valente, gritou no meio do salão: - Hoje, nós iremos roubar Antonia nem que o sangue dê no meio da canela. Ao ouvir isso, o pai e os irmãos de Antonia deram uma surra em Damião e no seu irmão. No meio da confusão, Santinha levou Antonia para sua casa, onde
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ficou escondida, enquanto Emanuel providenciava os últimos preparativos para o casamento. Mesmo sem a bênção das famílias, os dois se casaram e foram viver numa casa construída por Emanuel. Porém, Damião e José que tinham apanhado na festa juraram vingança. Passado um ano, Seu Joaquim, pai de Antonia, saiu de casa, como de costume, às cinco horas da manhã para ajudar o vaqueiro a tirar o leite das vacas. De repente, foi abordado por José e Damião que cumprindo a jura de vingança, deram-lhe três tiros. Sem direito a defesa e nem como fugir, Seu Joaquim morreu ali mesmo. Temendo que a família revidasse, os dois irmãos fugiram para outro Estado e não deram mais notícias. Antonia arrasada com a morte de seu pai, perdeu seu primeiro filho em um aborto espontâneo. Diante da situação, a mãe de Antonia e os pais de Emanuel resolveram dá a bênção para o casal que tiveram seis filhos com o passar dos anos.
Jane Érica Xavier de Alencar
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Um grande romance
Em um belo dia, na região de Pernambuco, interior do Ceará, existiam duas famílias que trabalhavam em uma feira na cidade de Exú. A família Souza trabalhava vendendo frutas e a família dos Pereira trabalhava em uma pequena banca vendendo roupas. Desde quando eram crianças, sempre existiu uma grande rivalidade entre essas duas famílias, a ponto de não se falarem. Raimundo era o filho caçula da família Souza e, certo dia quando estava indo pra feira, avistou do outro lado da estrada uma moça muito bonita. Ela carregava uma mochila em suas costas e segurava uma sacola nas mãos. Raimundo logo quis saber quem era aquela bela jovem que o mesmo nunca tinha visto pros lados daquela cidade. Assim, rapidamente se aproximou da bela moça. A jovem, muito gentilmente, começou a se apresentar. Seu nome era Socorro e, ela tinha acabado de chegar da casa de sua tia com a qual morava desde criança, mas que havia falecido a pouco tempo. Raimundo se encantou e ficou muito apaixonado por Socorro, sendo que ela também sentiu despertar um grande interesse pelo jovem rapaz. O que Raimundo não sabia é que Socorro era da família Pereira e quando ficou sabendo da notícia, logo viu que seus pais não aceitariam o namoro. Mas, como os dois estavam muito apaixonados, começaram a namorar as escondidas e, depois de passado algum tempo, os dois resolveram se casar com a ajuda de seus grandes amigos: Joaquim, Ana e José.
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A notícia do casamento logo se espalhou pela cidade e, assim que suas famílias ficaram sabendo, Raimundo e Socorro resolveram fugir e ir morar em outra cidade, mais uma vez contando com a ajuda dos amigos. Depois que foram embora, as duas famílias começaram a ficar com muita saudade, mas Raimundo e Socorro, queriam uma reconciliação entre suas famílias e que só voltariam quando estas fizessem as pazes. Com medo de perderem seus filhos, os Souza e os Pereira resolveram fazer as pazes. Muito felizes com a notícia, Raimundo e Socorro voltaram para a cidade, passando a morar junto de seus parentes e vivendo ao lado de seus amigos.
Juliana Carlos Ferreira
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Raimundo e Joana
A história retrata o romance entre dois jovens de duas famílias rivais: os Souza e os Silva. Certo dia a família de Joana resolve ir a uma festa junina e ao chegar lá, ela encontra com Raimundo por quem se apaixona. Os dois se aproximam da fogueira, trocam olhares, e ali mesmo acontece o primeiro beijo. Mas, seu pai, João, ver aquela cena e coloca a filha para ir para casa, pois ela estava prometida a Antonio, filho do Coronel Chico. O Coronel não gostava de desfeita e não permitia que ninguém o desrespeitasse, pois se acontecesse entrava na peixeira. A mãe de Joana, Dona Rosinha, triste com este casamento, corre para a igreja para falar com o Padre Paulo para celebrar o casamento de sua filha com Raimundo. O Padre aceita fazer o casamento dos dois, mas Seu João ao saber da história diz que vai mandar a filha para São Paulo. Raimundo ao saber desta notícia, procura o pai de Joana que estava esperando ele na praça da igreja. Ao chegar lá ver o pai da moça furioso e com medo foge de lá e o deixa sozinho. Seu João ao chegar em casa furioso fala para a filha: - Eu fui esperar aquele cabra na praça da igreja e aquele amarelo véi não chegou. “- Eita homi mole!”
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Joana fica com medo de contar para seu pai que estava grávida e pediu para sua mãe contar ela mesma. Dona Rosinha conta para ele. Depois de alguns dias, Seu João vai à casa de Raimundo e acerta o casamento dos dois. Assim, eles se casam e vivem juntos às suas famílias, felizes para sempre.
Maria Danielle de Souza Gonçalves
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Homenagem ao escritor Euclides da Cunha – Frases O sertanejo Ê, antes de tudo, um forte.
FOTO - Verner Brenan
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Homenagem a Patativa do Assaré – Versos
Eu sou de uma terra que o povo padece Mas não esmorece e procura vencer. Da terra querida, que a linda cabocla De riso na boca zomba no sofrer Não nego meu sangue, não nego meu nome Olho para a fome, pergunto o que há? Eu sou brasileiro, filho do Nordeste, Sou cabra da Peste, sou do Ceará.
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Homenagem a escritora Rachel de Queiroz – Frases
“O Nordeste mudou. De qualquer maneira, o Nordeste de O quinze, principalmente o Nordeste da Vidas Secas mudou.”
Foto: Luciano A. Gomes
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Frases – Graciliano Ramos
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Frases – Ariano Suassuna Não troco o meu "oxente" pelo "ok" de ninguém!
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Frases – Guimaraes Rosa Quando a gente dorme, vira de tudo: vira pedras, vira flor.
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Frases – Jorge Amado
"Que prêmio a mais pode querer um escritor cuja obra é lida em mais de 30 idiomas."
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Trecho de uma música de Alceu Valença
“Nas patas do meu cavalo, galopei no meu sertão Vi a seca, vi a fome, lobisomem e assombração Riacho virou caminho, graveto virou tição E as pedras queimando em brasa, Asa Branca na amplidão”