Ferreira, Erick dos Santos
Centro Cultural Arteon/ Erick dos Santos FerreiraMarília: UNIMAR, 2020.
80f
Monografia (TFG - Trabalho Final de Graduação) –Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília, Marília, 2020.
Orientação: Profa. Ma. Sonia Cristina Bocardi de Moraes
CDD – 725.8042
1. Artes 2. Centro Cultural 3. Marília 4. Preservação I. Ferreira, Erick dos Santos.
REVISTA TFG- ARQUITETURA E URBANISMO
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA- UNIMAR ARQUITETURA E URBANISMO INSS 2020-001 CDD 720 REVISTA TFG VOL 1 NOV. 2020
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA
Reitor MÁRCIO MESQUITA SERVA
Vice-Reitora REGINA LÚCIA OTTAIANO LOSASSO SERVA
Pró-Reitora de Pós-Graduação FERNANDA MESQUITA SERVA
Pró-Reitor de Administração MARCO ANTONIO TEIXEIRA
Pró-Reitor de Graduação JOSÉ ROBERTO MARQUES DE CASTRO
Pró-Reitora de Ação Comunitária FERNANDA MESQUITA SERVA
Curso de Arquitetura e Urbanismo FERNANDO NETTO
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA
NDE – NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE
•Ms. FERNANDO NETTO - Coordenador
•Dr. IRAJÁ GOUVEIA - Docente
•Ms. WALNYCE DE OLIVEIRA SACALISE - Docente
•Ms. SÔNIA C. BOCARDI DE MORAES - Docente
•Ms. WILTON F. CAMOLESE AUGUSTO - Docente
NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA E EXTENSÃO – NIPEX DRI
•Dra. WALKIRIA MARTINEZ HEINRICH FERRER – Coordenação
CPA - COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO
•Dra. ANDRÉIA C. F. BARALDI LABEGALINI - Pesquisa Institucional
COMISSÃO EDITORIAL – REVISTA TFG
•Ms. FERNANDO NETTO – Coordenador / Arquiteto e Urbanista
•Ms. WILTON F. CAMOLESE AUGUSTO – Docente / Arquiteto
•Dra. WALKIRIA MARTINEZ HEINRICH FERRER - Docente / NIPEX DRI
•Dra. HELOISA HELOU DOCA – Docente / Letras
•FERNANDO MARTINS – Marketing Unimar e Jornalista (MTB 76.753)
COORDENAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO
•Prof. Ms. FERNANDO NETTO
DEDICATÓRIA
Dedico este projeto a minha familia que me deu todo o suporte e incentivo para a realização desta sonhada graduação, em especial a minhã mãe Marlene Pereira dos Santos, que como mãe solteira, dedicou-se a vida em prol dos seus filhos, cujo empenho em me educar sempre veio em primeiro lugar. Aqui estão os resultados dos seus esforços. Com muita gratidão.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiro a Deus por ter me mantido na trilha certa durante este Projeto Final de Graduação com saúde e forças ao seu êxito.
Sou grato à minha família, em especial a minha mãe e minhas irmãs Erika e Evelyn pelo apoio que sempre me deram durante toda a minha trajetória de vida.
Também quero agradecer à Universidade UNIMAR e a todo o corpo docente que influenciaram na minha trajetória, em especial à professora Ms. Sônia Cristina Bocardi de Moraes, minha orientadora desde o ínicio desta graduação, com quem pude compartilhar das minhas ideías, dúvidas, angústias e minhas imensas oratórias, além de ter o privilégio de adquirir uma gama de conhecimentos.
Agradeço aos meus companheiros de jornada desta graduação que sempre me ajudaram e tiveram comigo nos momentos de desespero, desentendimentos, noites mal dormidas e acima de tudo, nos grandes momentos de alegria, assim agradeço à Cláudia Rocha, Gabrila Ferraz, Giovanna Coelho, Guilherme José, Isabella Nakassima e Maria Carolina
Por fim, mas não menos importante, agradeço a duas grandes amigas de longas datas, que carrego comigo no coração e elas me carregam para todos os “rolês”, Victoria Venancio e Bianca Marques, que me incentivaram e acreditaram na minha formação.
A todos, o meu muito OBRIGADO!!!
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................13 ABSTRACt............................................................................14 INTRODUÇÃO.....................................................................15 CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA......................19 CONDICIONANTES LEGAIS..........................................25 REFERÊNCIAS PROJETUAIS: ESTUDO E ANÁLISE DE PROJETOS............................................................ 29 CONDICIONANTES PROJETUAIS...............................41 PROPOSTA PROJETUAL.................................................47 PARTIDO ARQUITETÔNICO..........................................51 PROJETO CENTRO CULTURAL ARTEON................53 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................77 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................79
ART ART
RESUMO
A origem do Centro Cultural está ligada a Antiguidade Clássica, ao qual a Biblioteca de Alexandria ou “mouseion” seria o mais reconhecido. Entretanto a contemporaneidade do que entendemos de um centro cultural partiu da França, que tinha como objetivo propor o lazer aos operários, com o intuito de gerar novas relações de trabalho e novas áreas de convivência. O “Centre National d'Art et de Culture Georges-Pompidou”, foi fruto das nuances de casa de cultura, sendo o primeiro centro cultural e tornando-se um grande influenciador para criação de espaços semelhantes no mundo inteiro. No Brasil somente após a década de 80, que surgiram os primeiros centros culturais na cidade de São Paulo, sendo o principal deles, o Centro Cultural de são Paulo. O objetivo deste trabalho é possibilitar a implantação
de um Centro Cultural capaz de atender a demanda cultural, social, artístico e educacional dos moradores do município de Marília, por meio de atividades e oficinas de lazer e saber. Com o propósito de atender as diversas faixas etárias, garantindo também uma relação mais harmônica do entorno construído com a comunidade. O projeto contará com espaços artísticos culturais, como oficinas e salas de aula, além de auditório e espaços para exposições, sendo arquitetado seguindo as nuances da arquitetura moderna, com uso de pilotis, uma fachada livre, materiais como concreto armado, aço e vidro. Desta forma, o Centro Cultural pode servir como um modelo a ser implementado nas diversas zonas da cidade, desmistificando a sua centralidade.
Palavras-chaves: Artes. Centro Cultural. Cultura. Marília. Preservação.
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CULTURE CULTURE
The origin of the Cultural Center is linked to Classical Antiquity, to which the Library of Alexandria or “mouseion” would be the most recognized. However, the contemporaneity of what we understand of a cultural center came from France, which aimed to propose leisure to workers, with the aim of generating new working relationships and new areas of coexistence. The “Center National d'Art et de Culture Georges-Pompidou”, was the result of the nuances of a house of culture, being the first cultural center and becoming a great influencer for the creation of similar spaces worldwide. In Brazil only after the 1980s, the first cultural centers in the city of São Paulo emerged, the main one being the Centro Cultural de são Paulo. The objective of this work is to enable the establishment of a Cultural Center
capable of meeting the cultural, social, artistic and educational demands of the residents of the municipality of Marília, through leisure and knowledge activities and workshops. In order to serve the different age groups, also ensuring a more harmonious relationship between the built environment and the community. The project will feature artistic-cultural spaces, such as workshops and classrooms, as well as an auditorium and spaces for exhibitions, being designed following the nuances of modern architecture, with the use of pilotis, a free facade, materials such as reinforced concrete, steel and glass . In this way, the Cultural Center can serve as a model to be implemented in the different areas of the city, demystifying its centrality.
Keywords: Arts. Cultural Center. Culture. Marília. Preservation.
ABSTRACT
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INTRODUÇÃO
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Deu-se um momento em que os empreendimentos capitais, sejam eles residenciais como condomínios privados, abairramentos e loteamentos, e sócio recreativos como shoppings centers, bares, restaurantes e afins, tornaram-se fortes meios de capital na cidade de Marília.
Concomitantemente, o município apresenta em sua malha urbana grandes áreas ociosas, remanescentes e espaços residuais, e respectivamente existe uma carência em investimentos para melhorias em áreas públicas voltadas para cultura e lazer dos seus citadinos.
Os centros de cultura, por exemplo, tem por objetivo permitir acesso a informação, criação e discussão, com a finalidade de difundir conhecimento a população no que se refere a cultura propriamente dita, sendo desta forma um meio informação e de interação entre diversos grupos sociais, além de promover lazer aos usuários.
Além de difundir a cultura, os centros culturais possuem uma grande contribuição para conscientização popular a respeito aos problemas que atingem a sociedade atual tais como a marginalização, o preconceito social e racial, o desemprego, contribuindo também com o entorno em que se encontra, revitalizando ou até mesmo requalificando espaços antes degradados.
A escolha referida a temática do trabalho final de graduação deu-se por observar na zona sul da cidade de Marília, que conforme os anos presenciou um alto crescimento e desenvolvimento urbano e econômico, com implementação de novos bairros e empreendimentos, tanto mobiliários como comercial, resultante de uma população deficiente de mobilidade e acessibilidade as práticas cotidianas, habitualmente presentes no centro da cidade.
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Com o surgimento de diversas expressões culturais e artísticas, porém em espaços diluídos no município, constitui-se desta forma em pequenos grupos culturais segregados, que por vez poderiam contemplar-se em um único espaço, contribuindo para a integração social, cultural e educacional entre os grupos.
O objetivo do trabalho é possibilitar a implantação de um Centro Cultural capaz de atender a demanda cultural, social, artístico e educacional dos moradores por meio de atividades e oficinas de lazer e saber às diversas faixas etárias, difundindo desta forma a democratização ao ensino das artes e cultura, além de possibilitar a permeabilidade de fluxos, primordialmente pedestres, e revitalizar uma área ociosa para finalidade de empreendimento público, garantindo também uma relação mais harmônica do entorno construído com a comunidade.
Desta forma, o Centro Cultural Arteon pode servir como um modelo de centro cultural a ser implementado nas diversas zonas do município de Marília, desmistificando a sua centralidade.
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Para o projeto arquitetônico pretende-se criar espaços artístico-cultural, espaços de multiuso e ambientes flexíveis, que permitam o desenvolvimento sociocultural à comunidade, promovendo acesso à cultura, qualificação profissional, produção e comercialização de bens relacionados a cultura e a arte, educação empreendedora e a organização comunitária, além de oficinas, cinema, anfiteatro, biblioteca, cantinas, espaços de lazer dentre outros.
O artigo está organizado em três linhas de raciocínio: a primeira parte trata-se da fundamentação teórica e metodológica, aos quais são abordados as concepções e evolução e entendimentos do que diz respeito a cultura e ao centro cultural, embasado na concepção teóricas de diferentes autores relacionados ao tema, como: COELHO (1986), MILANESI (1997), RAMOS (2007), SILVA (1995) e outros.
A segunda parte baseia-se no estudo e análise da legislação vigente e de precedentes arquitetônicos (estudo de casos) e quais seriam as principais condicionantes de projeto e a etapa de meta projeto adequadas para o entorno.
Por fim, a terceira parte do trabalho apresenta o memorial descritivo/justificativo da proposta de projeto arquitetônico.
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CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Proveniente do latim centrum, a palavra centro traz consigo diversas acepções, uma delas refere-se a um lugar ao qual as pessoas se reúnem com alguma finalidade.
Cultural é tudo aquilo que pertence e é/ou relativo a cultura (do latim cultus), no sentido antropológico, Tylor (1871) disserta que a cultura é “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade".
Segundo Luís Milanesi (1997), a cultura “é uma ação contínua que trabalha com a informação [...] criando um novo conhecimento. A informação é o fio e a Cultura, o tecido”. A cultura, então, possui um papel fundamental no desenvolvimento e formação pessoal, intelectual, afetiva e artística do homem e da sociedade como um todo.
Por tanto, um centro cultural é um espaço criado com a finalidade de informar, produzir e criar cultura,
tornando-se um território privilegiado às práticas das ações informacionais e que dão subsídios às ações culturais (RAMOS, 2007, p. 3).
Os centros culturais devem ter por objetivo reunir um público heterogêneo, “um espaço que seja a simbiose, o amálgama torturado das relações humanas, parece ser próprio à Cultura e desejável como proposta” (MILANESI, 2003, p. 172), obtendo assim vínculos com a comunidade e com os acontecimentos da realidade local.
Sendo um complexo que cujas as atividades relacionadas às diversas áreas da cultura, como música, literatura, dança, teatro, artes plásticas, dentre outras, devem ser executadas com a participação dos usuários, e não somente para ele (NEVES, 2013, p.3).
Além de possui como objetivo produzir, informar, criar e disseminar práticas culturais e bens simbólicos, espera-se que o centro cultural também seja visto como objeto disseminador de lazer. Para este trabalho, considera-se que:
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O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode se dedicar prazerosamente, seja para descanso, entretenimento ou para ampliar seu conhecimento e sua participação social espontânea, o livre exercício de sua capacidade criativa, após ter-se libertado de suas obrigações de trabalho, familiares e sociais (DUMAZEDIER, 1962, p. 29, tradução nossa).
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Sendo desta maneira, constituído de um local onde se proporciona uma centralidade de atividades diversificadas e multidisciplinares.
A origem remota do Centro Cultural está ligada conforme, autores como Maria Silva (1995) e Luís Milanesi (1997), a Antiguidade Clássica, em um modelo de complexo cultural ao qual a Biblioteca de Alexandria ou “mouseion” seria o mais reconhecido, onde era composta por palácios que abrigavam uma diversidade de documentos a fim de preservar a existência do saber da religião, mitologia, filosofia, medicina, dentre outros campos da Grécia Antiga.
A biblioteca também funcionava como um local de estudo e de culto às divindades da Grécia, além de armazenar obras de arte, estátuas, instrumentos astronômicos e cirúrgicos. O Mouseion possuía também um anfiteatro, um observatório, salas de trabalho, refeitório, jardim botânico e zoológico.
Provavelmente, discutia-se Cultura na Biblioteca de Alexandria. Sempre houve um espaço para armazenar as idéias, quer registradas em argila, papiro, pergaminho, papel ou cd-rom. Da mesma forma, o homem nunca deixou de reservar áreas para trocar idéias. Por uma convergência de fácil explicação, área para armazenar documentos e para discutir, inclusive discuti-los, passou a ser a mesma. Por isso, a Biblioteca de Alexandria pode ser caracterizada como o mais nítido e antigo centro de Cultura (MILANESI, 1997, p. 77).
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No século XIX, Teixeira Coelho (1986) relata que na Inglaterra foram criados os primeiros centros de cultura, conhecidos como Arts Centers, que na época já assumiam a prática da ação sociocultural, porém quando comparado a produção artística de outros países como a França, Itália, Alemanha ou até mesmo Brasil, “seus Centros de Cultura não são centros de cultura mas de artes”. Entretanto a contemporaneidade do que entendemos como ação cultural partiu somente na década de 50, na França. Por parte das indústrias francesas, os centros culturais originaram-se como opção de lazer para os operários, com intuito de gerar novas relações de trabalho e a preocupação de se criar áreas de convivência, quadras esportivas e centros sociais. Segundo Maria Silva (1995) as bibliotecas e os centros culturais dramáticos, a partir do reflexo dessas ideias, transformando-se em casas de cultura.
O centro cultural francês o “Centre National d'Art et de Culture Georges-Pompidou”, mas conhecido como Pompidou, foi resultante desse movimento de casas de cultura, tornando-se o primeiro centro cultural do mundo e concomitantemente o influenciador para a criação de espaços semelhantes em diversos países, incluindo o Brasil.
Estabelecimento público (que) favorece a criação de obras de arte e do espírito, contribui para o enriquecimento do patrimônio cultural da nação, da informação e da formação do público, da difusão da informação artística e da comunicação social (MILANESI, 1997, p. 53).
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Inaugurado em 1977, o Centre National d'Art et de Culture Georges-Pompidou, localizado na área de Beaubourg, foi idealizado pelo Presidente da França, Georges Pompidou, que regeu o país 1969 até 1974. O projeto dos arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers, ambos italianos, foi escolhido mediante a um concurso internacional que teve a participação de 681 arquitetos de 49 países diferentes. O centro cultural contempla a reabilitação do Musée National d'Art Moderne (MNAM), a Bibliothèque Publique d'information (Biblioteca Pública da Informação), o L’Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique (IRCAM), além de englobar as atividades Centro de Arte Contemporânea.
Embora na década de 60, já se falasse em centros culturais, através do Programa de Ação Cultural do MEC de 1973, foi somente na década de 80, financiado pelo estado, que surgiram os primeiros centros culturais no Brasil, na cidade de São Paulo, destacando-se o Centro Cultural de São Paulo. (RAMOS, 2007, p. 82)
Fruto das desapropriações de uma área de aproximadamente 300 mil metros quadrados, onde seria destinada a construção do metrô, o Centro Cultural de São Paulo, conhecido como Vergueiro, foi projetado pelos arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Telles, e inaugurado em 1982. (CENTRO CULTURAL SÃO PAULO, 2000)
A princípio, o espaço previa a idealização do Projeto Vergueiro, que tinha como objetivo promover a urbanização do local, entretanto, com a alteração da administração do governo, assumindo o cargo o prefeito Olavo Setúbal em 1984, apenas a biblioteca pública foi construída. O Projeto Vergueiro, passou por uma nova reformulação, já na administração do prefeito Reynaldo de Barros, em 1978-1982, adaptando-o ao de um centro cultural multidisciplinar nos moldes do centro George Pompidou, fundado em 1977 na cidade de Paris, França (CENTRO CULTURAL SÃO PAULO, 2000).
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https://www.centrepompidou.fr/fr/Le-Centre-Pompidou/L-histoire#.
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1Informação disponível em:
Acessado em: 25 de março de 2020. Tradução nossa.
CONDICIONANTES LEGAIS
3.1 Código de obras e edificações do município de Marília
O código de obras e edificações do município de Marília tem por objetivo estabelecer alguns parâmetros regulamentadores para construção e licenciamento de projetos, sejam eles de construção, reforma, ampliação e modificações na fachada, na qual o projeto aqui proposto deve-se enquadrar.
Além de atender as demandas de ventilação, dimensões, pé-direito e recuos mínimos, a seção IV estabelece alguns parâmetros obrigatórios destinados às edificações públicas, ao qual deve atender:
• Artigo 45 e 46 da seção XII que estabelece parâmetros de circulação e acesso, seja ela horizontal ou vertical, para portadores de alguma deficiência física;
• Artigo 54 da seção XIV que estabelece um percentual mínimo de 3% a cada 100 vagas de estacionamento destinado a pessoas com deficiência física.
Como o projeto pretende contemplar áreas de alimentação, a seção V e IX estabelece parâmetros no que diz respeito a bares, lanchonetes e restaurantes, com relação às separações dos ambientes e a quantidade de sanitários necessários, obedecendo também às exigências do Código Sanitário Vigente no Estado de São Paulo.
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3.2 Lei nº 4455/jun. 1998- Lei de Zoneamento e Uso do Solo
A lei tem por objetivo definir parâmetros para a classificação e definição de zonas e seus respectivos usos, objetivando o seu desenvolvimento na cidade, regulamentando desta forma as taxas de ocupação e coeficiente de aproveitamento do solo do município de Marília, das edificações residencial, comercial, institucional, industrial, geral entre outros.
Tratando o centro cultural como sendo uma edificação institucional, de conformidade com a lei, o mesmo pertence ao uso E-1 ao qual é resguardado na tabela II da legislação 50% da área destina construída, quando a edificação possuir acima de 100m², ao uso para estacionamento.
É interessante ressalvar que o uso do E-1 é permitido nas zonas; ZR 4 e ZEC 4, e sendo o mesmo tolerado nas zonas: ZR 2, ZR 3, ZC, ZEC 1, ZEC 2 e ZEC 3, cada um com seus respectivos parâmetros conforme decretado na Lei nº 4455.
3.3 NBR 10.152/Dez. 1987- Níveis de Ruído para Conforto Acústico
Auditório, sala de música, sala de leitura, biblioteca entre outros, são espaços comumente pertencentes a um centro cultural, e por isso a NBR 10.152 estabelece uma tabela fixa de níveis de ruídos compatíveis com o conforto acústico de cada ambiente.
Juntamente com a NBR 10.152, a NBR 12.179 apresenta o valor de isolamento acústico de diversos materiais e seu coeficiente de absorção acústica em frequências (125 a 4000 Hz).
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3.4 ABNT NBR 9050/2015- Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos.
A NBR 9050 têm por objetivo garantir nas edificações a utilização, o acesso e circulação a pessoas com de mobilidade reduzida ou portadoras de alguma necessidade especial. Das exigências da NBR 9050, cabe destacar as que se aplicam em edificações de uso coletivo, tais como: Acesso de 1,20m a 1,50m de largura, sinalização de símbolos internacional de acesso para pessoas com deficiência física, visual, auditiva e gestantes, banheiros PNE com vão de porta livre de 80cm e barras de apoio, piso tátil em acesso, rebaixos, escadas e obstáculos 3 inclinação de rampa de 8,33% com 1,20m min. de largura.
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3.5 Lei nº 7.803/1989
A lei Nº 7.803/1989 altera a redação da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 do Código Florestal e assegura a preservação da faixa marginal ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água a preservação da cobertura florestal de qualquer natureza. Das exigências vigentes na legislação, a que mais se aplica ao projeto em relação ao terreno escolhido, refere-se ao artigo 2º que estabelece uma margem de 30m para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura, que no caso, o terreno possui um córrego de aproximadamente 7m de largura. Sendo desta forma, como será apresentado nas condicionantes projetuais, um parte do terreno será destinada a área de preservação natural
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS: ESTUDO E ANÁLISE DE PROJETOS
Neste tópico são apresentados alguns estudos de projetos realizados com funções e/ou tipologias semelhantes a um projeto de centro cultural, tomando-os como base referencial com o intuito de analisar, compreender e destacar as concepção arquitetônica e estrutural relevante do projeto, bem como os aspectos funcionais do mesmo que serão usadas como referência no projeto a ser desenvolvido durante o trabalho final de graduação em arquitetura e urbanismo.
Projetado pelo escritório
Brasil Arquitetura, o Centro Cultural Cais do Sertão, possui uma área total de 7.500m² que abrange a revitalização de um dos armazéns nos cais do porto de Recife, com área total de 2.500m², e também a construção de um novo edifício com 5.000m² contígua a este armazém, destinados pelo governo de estado de Pernambuco, em consonância com a proposta do município, o centro cultural traz consigo um vasto mundo do sertão nordestino: suas tradições, crenças, a paisagem, a arte e sua música; além de prestar um grande tributo a Luiz Gonzaga, um dos grandes ícones da cultura
brasileira, o Centro Cultural Cais do Sertão promove a requalificação urbana do porto de Recife (ARCHDAILY, 2018).
Através da materialidade e da criatividade que o escritório Brasil Arquitetura conseguiu trazer esse mundo ao centro cultural. Conforme a figura 01, pode-se observar a utilização de um material bem brasileiro, o Cobogó, que tem sua origem em Recife. Fabricados especialmente para o projeto, tendo dimensões de 1m por 1m e recebendo uma pintura branca, os cobogós trazem consigo como inspiração as rendas produzidas pelas próprias mulheres artesãs do sertão.
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4.1 Centro Cultural Cais do Sertão, Recife.
rente pigmentado com um amarelo ocre, traz consigo as nuances do solo do agreste na paisagem do sertão (ARCHDAILY, 2018)
Em seu interior, as nuances da luz incidente filtrada pelos elementos vazados e a opacidade e textura do concreto amarelo ocre produz um grande efeito visual, referenciando o solo do sertão, como mostra a figura 03.
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De acordo com a figura 04, a planta apresenta o pavimento térreo do projeto edificado que possui o juazeiro, hall de acolhimento aos usuários, sanitários, guarda-volumes, espaços para espetáculos multimídias, espaços para exposições, área livre, loja e bar/café.
Como é possível observar a figura 05, a planta do primeiro pavimento apresenta o acesso a outras plataformas do centro cultural que consiste em uma área destinada à biblioteca, a espaços de exposições, sala destinada à produção de exposições, salas de músicas, sanitários e o auditório com espaços para camarins. É interessante observar, que como o centro é verticalizado houve a necessidade de possuir uma área de apoio e monta-carga para facilitar o transporte das obras a serem expostas no centro cultural.
Nas figuras 06, está locada a parte administrativa do Centro Cultural Cais do Sertão, um amplo espaço subdividido onde se encontra mais exposições temporárias, a parte do auditório em mezanino juntamente com a sala de controle, um terraço e além das áreas comuns como: os sanitários, hall, escada e elevador. O mais interessante nesse pavimento é a galeria que se encontra nas circulações, sendo desta um meio de aproveitamento total do espaço destinado à arte e cultura.
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Verificando o terceiro e último pavimento, conforme a figura 07, o escritório Brasil Arquitetura propôs a construção de um restaurante cercado por um imenso jardim, cujo o paisagismo emprega espécies vegetais do sertão, trazendo aos usuários além da experiência gastronômica, uma experiência inesquecível com a vista do jardim com a do mar no porto de Recife.
Nos cortes BB e CC na figura 08, podemos, com mais clareza, observar a dimensão do edifício em sua longitudinalidade e sua verticalidade, mais longitudinal que vertical, o que não foi por mero acaso, pois em consonância com a proposta do município de manter os antigos galpões do porto dando-lhes novas funções, o novo edifício construído segue que quase alinhando à altura do galpão existente ao lado esquerdo da imagem. Desta forma contribui para que o usuário possa ter uma visão do horizonte em sua volta e a área livre, no térreo, lhe permite continuar a ter a visão do mar.
Conclusão: A partir da análise das nuances encontradas nesse projeto como áreas verdes, área livre, as dimensões dos espaços para exposições, a sua formalidade e a maneira que foi trabalhado o fluxo e acesso entre os pavimentos, servem como base de entendimento e interpretação a ser aplicadas como referencial no projeto que será desenvolvido.
Mas o precípuo do projeto foi, indubitavelmente, o uso de materiais simples, de baixo custo e sem grandes exuberâncias, como o concreto e o Cobogó, carregados de arte, de cultura e da vida do sertão, fizeram com o centro cultural se trona-se a própria obra prima exposta à vista do porto de Recife, assim como o artista russo Maxim Ksuta que traz a arte dentro da arte.
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4.2 Centro Cultural Porto Seguro, São Paulo.
O Centro Cultural Porto Seguro está localizada nos Campo Elíseos, uma área central da cidade de São Paulo, muito conhecida nos anos 40 por ser um bairro da elite paulistana. Atualmente palco das problemáticas sociais, com o abandono de antigos casarões e edifícios, o Campos Elíseos acabou recebendo a alcunha de “Cracolândia”. E o centro cultural vem de encontro com essa problemática social juntamente com algumas ações governamentais, que visam a revitalização urbana da região (ARCHDAILY, 2016).
Arquitetado pelo arquiteto Yuri Vital e Miguel Muralha, e pelo escritório São Paulo Arquitetura, o Centro Cultural Porto Seguro, inaugurado em 2016, possui no total uma área construída de 3800.0 m² sendo distribuída em dois subsolos, o pavimento térreo, o primeiro pavimento e por último o segundo pavimento (ARCHDAILY, 2016).
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Adotando o concreto armado como sistema construtivo, seu uso foi essencial por sua maleabilidade, o que permitiu a plasticidade da forma arrojada do centro cultural, como se fossem dobraduras, permitindo essa brincadeira de luz e sombra (ARCHDAILY, 2016).
Nos espaços como: administração, curadoria, salas de aula e sanitários, que são espaços que necessitam de iluminação e ventilação, a equipe de arquitetos idealizado um fechamento onde a fachada de vidro é protegida por cobogós de concreto com madeira, criando assim uma fachada posterior inusitada, integrando a função com a estética, como mostra a figura 10 acima.
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O centro cultural foi concebido para realização e exposição das mais variadas expressões artísticas, além de proporcionar cursos, workshoppings feiras, festas, simpósios e afins. De acordo com a figura 11, a planta apresenta o pavimento térreo do projeto edificado possui área de exposição interna e externa, ateliê, sala de aula, praça, lojas e sanitários de conformidade com a NBR 9050. Os acessos aos outros pavimentos podem ser feitos por meio de escada e elevadores.
No primeiro pavimento, conforme a figura 12, temos um mezanino que abriga um amplo espaço de exposições, tendo seu acesso a uma rampa conforme as normas da ABNT NBR 9050 de acessibilidade, além de abrigar salas de aulas, sanitários a excessos mediante a escada e elevador.
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Toda a parte administrativa e curadoria do centro cultural encontra-se no segundo e último pavimento do edifício, separado de toda parte destinada ao público, conforme apresentado na figura 13.
O Centro Cultural Porto Seguro conta também com dois subsolos, o primeiro possui toda parte técnica como: sala de ar-condicionado, sala de segurança, sala de dados, depósito, depósito de materiais, caixa d’água além de um amplo espaço para exposições, conforme a figura 14. E o segundo subsolo (figura 15) encontra-se o estacionamento e área técnica.
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Nos cortes AA e BB na figura 16, podemos verificar as dimensões dos ambientes e a verticalidade do edifício, assim como a sua distribuição e aproveitamento do espaço destinado ao mesmo.
Conclusão: A diversidade da espacialidade dos espaços internos projetada para conferir sua grande flexibilidade de uso, e a materialidade e flexibilidade do concreto armado, que aguçam a curiosidade dos usuários a descobrir um novo espaço, assim como a forma estética e o uso de elementos, como o Cobogó, serão elementos chave para enriquecer o projeto arquitetônico do Centro Cultural da zona Sul de Marília a ser desenvolvido.
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4.3 Museu Yves Saint Laurent Marrakech, Marrocos
Inaugurado no ano de 2017 e projetado pelo escritório de arquitetura Studio KO, dedicado a um dos grandes nomes de moda, Yves Saint Laurent, o museu que leva o seu nome, está situado adjacente ao famoso Jardim Majorelle, em Marrocos, possuindo uma área total de 4.000m² em que abriga a coleção Fondation Pierre Bergé – que possui 5.000 itens de vestuário, 15.000 acessórios de alta costura, além milhares de esboços e objetos variados. Mais que um simples museu, o Museu Yves Saint Laurent Marrakesh possui um amplo espaço de 400m² para exposição permanente, 150m² para exposições temporárias, auditório, livraria, biblioteca e um café-restaurante com terraço (ARCHDAILY, 2019).
A beleza do edifício está na combinação harmônica dos materiais utilizados como terracota, concreto e terrazzo de cor terrosa com fragmentos de pedra marroquina e em sua arquitetura de forma cúbica "arrebatado por curvas que correm adjacentes a linhas retas, pela sucessão de formas delicadas e ousadas", conforme o Studio KO (ARCHDAILY, 2019).
Os tijolos de terracota que embelezam a fachada, seguem um padrão semelhante a uma malha, ao qual teve como inspiração a trama e a urdidura de um tecido, como mostra a figura 17 (ARCHDAILY, 2019).
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2Conjunto de fios de mesmo comprimento reunidos paralelamente no tear por entre os quais se faz a trama.
Conforme apresenta a figura 18, em seu interior, o escritório de arquitetura francês Studio KO, teve como inspiração a parte forrada como a de uma jaqueta da Haute Couture , sendo desta maneira aveludado, suave e radiante, com toques em dourado, madeira e piso em terrazo feito com uma combinação de pedra e mármore local (ARCHDAILY, 2019).
De acordo com a figura 19, a planta apresenta o pavimento térreo do museu em que possui logo a bilheteria, um pátio, hall, área de exposição permanente e temporária, loja, sanitários, cozinha, o auditório, monta-carga, escada e elevadores e bar e restaurante.
No primeiro pavimento o Museu Yves Saint Laurent Marrakech, observa-se que se encontra toda a parte administrativa e curadoria do museu, copa, biblioteca, o mezanino do auditório e sanitários conforme apresentado na figura 20.
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Se tratando de um museu que possui em seu acervo peças exclusivas da Haute Couture, em seu subsolo, como pode notar na figura 21, possui a parte do acervo do museu, a área de conservação e restauro das peças, área destinada aos funcionários com vestiários, banheiros, cozinha e refeitório, além da área técnica, área de serviço, arquivos, escritório entre outros.
Conclusão: A combinação de um conjunto simples de materiais, como os tijolos a vista, terracota, concreto e terrazzo, criam um contraste suave em sua composição arquitetônica e harmonia em sua forma. Esta composição de materiais simples, porém detalhada, e robustos, porém elegante, mostra a riqueza nos materiais de construção locais e como o conceito juntamente com a forma de pensar, pode transformar o simples em elegante, em arte e cultura.
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CONDICIONANTES PROJETUAIS
da ideia de centralidade, que vem sendo empregada em investimentos pú-balho de preservação do córrego e vegetação nativa existente no local. Neste tópico será apresentado uma análise do terreno escolhido paravolvimento projetual e legal.
5.1 Análise da Implantação e Entorno do terreno
O terreno escolhido (figura 21) para o desenvolvimento da proposta encontra-se em uma das áreas de grande favorecimento da zona sul do município de Marília, São Paulo (Latitude: 22°14'13.9"S e Longitude: 49°55'45.5"W) tendo sua testada voltada para a Av. João Ramalho, uma das principais avenidas da zona sul e a mais utilizada para acesso centro-bairro, possuindo um grande fluxo de veículos e pedestres durante o dia e a noite, além de ser uma das vias de comércio. Sua lateral direita, para quem o vê em sentido a Av. João ramalho, está voltada para Av. Jorge Bernardoni. A lateral esquerda, em sua parte inferior, está voltada para Rua Antônio Grécio, porém grande parte da lateral, não há pavimentação. E o fundo voltado para a Rua Cecílio
-
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escolhido.
co-
Em seu entorno, em um raio de 300m, apresenta tanto zonas residenciais e co merciais, destacando-se o Supermercado Amigão, dois postos de gasolina, escola de idiomas, Castelo do Doces, salão de festas Buffet Kids, uma praça, EMEF Amélia Boudet, empresas automoti vas, bares, lanchonetes entre outros tipos de comércio, que contribuem para o seu favorecimento na região.
(Figura 22)
De conformidade com a Lei de Zoneamento e Uso de Solo de Marília, o terreno enquadra-se na Zona Especial do Corredores 3 (via de apoio) - ZEC 3, em que o uso E-1 correspondente ao uso institucional, é permitido. Sendo desta forma a construção legal de um centro cultural no local.
Para as instituições classificadas como E-1, a Lei de Zoneamento estabelece um recuo mínimo de 4,00 metros, a taxa de ocupação permitida é de 80% e com o coeficiente de aproveitamento de 2. Sendo assim, a projeção da construção sob o solo não poderá ultrapassar 7.436,80m², e as áreas úteis dos pavimentos devem se limitar a 18.592m².
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O acesso para citadinos que dependem do transporte público da cidade também será privilegiado pela localização do terreno, pois em sua testada existe uma parada de ônibus (figura 24), permanecendo o seu uso e função, assim como, pretende-se pavimentar uma rua de acesso na lateral esquerda do terreno, interligando a Av. João Ramalho com a Rua Antônio Grégio, para que os usuários possam ter acesso ao estacionamento, que se pretende locar ao fundo do terreno.
É de suma importância salientar que, o terreno possui um córrego em seu meio, e de conformidade com a LEI Nº 7.803/1989, a mesma estabelece uma faixa de 30m em ambos os lados de um curso d'água inferior a 10m de largura, que é o caso, para a preservação do curso d'água e da vegetação nativa. Embora não seja executado um projeto de preservação e paisagismo, para este trabalho final de graduação, seguirá a lei citada, preservando a área.
Conforme apresentado na figura abaixo, foi elaborada uma subdivisão das áreas do terreno escolhido onde consegue-se observar onde está localizada a praça, o córrego, e onde será destinada a área para preservação, as áreas do terreno que não sofreram nenhuma alteração neste projeto e por fim, a área que se presente trabalhar o projeto do centro cultural.
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5.2 Análise do terreno escolhido.
Diante ao exposto, houve a necessidade de desenhar o perímetro da área do terreno escolhido a ser destinada ao projeto arquitetônico, com isso, obteve-se um formato irregular totalizando 9.296m² com as dimensões ob servadas na implantação abaixo.
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A área do terreno apresenta um grande desnível de 15 m, sendo este em declive, em que o nível mais alto é o de sua testada voltada para Av. João Ramalho e vai caindo até o final da área delimitada que se pretende executar o projeto, como pode-se observar na planta topográfica. E através dos cortes, consegue-se melhor visualizar como é esse desnível.
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PROPOSTA PROJETUAL
6.1 Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento
O programa de necessidades e o pré-dimensionamento do Centro Cultural da zona sul, conforme apresentado no quadro 01, foram realizados com base nas análises dos estudos de referência projetual apresentados. Além disso, para o dimensionamento dos ambientes, foram consideradas informações coletadas no Neufert (1998) e na NBR 9050. O projeto está setorizado da seguinte forma:
•Setor Administrativo e Técnico, •Eventos
•Oficinas
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e exposições,
e salas de
de serviço.
aulas; •Setor
Seto r Ambiente Qntd Área U nit (m²) Área to ta l (m²) Administra ç ã o 1 9,45 9,45 Almo xa rif a do 1 6,00 6,00 C ura do ria 1 10,80 10,80 Espera /Rec epç ã o 1 20,92 20,92 Gerênc ia 1 9,60 9,60 Sa la de reuniã o 1 13,50 13,50 Sa la de c o ntro le 1 7,35 7,35 Ouvido ria 1 9,45 9,45 L a va bo (gerênc ia ) 1 2,50 2,50 Ba nheiro PN E Ma sc ulino e Feminino 1 9,62 9,62 Auditó rio 1 149,24 149,24 Área de c o nvivênc ia / Expo siç õ es 1 192,68 192,68 Área de c o nvivênc ia interna 1 186,20 186,20 L iving/Expo siç õ es 1 490,28 490,28 Meza nino /Expo siç õ es 1 60,33 60,33 Ba nheiro Ma sc , f emi E PN E 1 50,54 50,54 Bilheteria /Fo yer 1 57,54 57,54 C a f eteria 1 121,86 121,86 Sa la Mul�uso 2 45,51 91,02 Sa la de I nf o rmá �c a 1 29,45 29,45 Sa la de Pintura /Artesa na to 1 29,45 29,45 Ofic ina de músic a 1 50,05 50,05 Ofic ina de da nç a 1 41,96 41,96 Ofic ina de tea tro 1 50,05 50,05 Biblio téc a 1 99,20 99,20 Va ra nda c o mtempla ç ã o 1 52,97 52,97 Ba nheiro PN E Ma sc ulino e Feminino 1 50,87 50,87 Área téc nic a 1 13,50 13,50 Área desc a nç o f unc io ná rio s 1 11,16 11,16 Depó sito 1 14,98 14,98 DML 1 4,07 4,07 C o pa 1 9,60 9,60 Ves�á rio s Func io ná rio s 2 25,00 50,00 Esta c io na mento Esta c io na mento 1 3. 315,20 3. 315,20 5321,39 5832,31 ÁREA C ON STRU Í DA ÁREA Ú TI L Evento s/ expo siç õ es Ofic ina s/ Sa la s de a ula s Adm. / Téc nic o Serviç o
6.2 Fluxograma e Organograma
De acordo com o fluxograma abaixo, é possível identificar um estudo inicial da distribuição dos ambientes do projeto, tendo seu acesso principal pela Av. João Ramalho, ao qual o usuário terá acesso ao hall de acolhimento do centro cultural, e um outro acesso secundário para do estacionamento, que será possível através de uma nova via proposta pelo projeto que irá interligar a Av. João Ramalho com a Av. Antônio Grégio.
O organograma, apresenta toda parte organizacional do Centro Cultural, seguindo uma hierarquia dos setores principais aos setores secundários, a fim de que haja uma integração sistêmica e funcional dentre os setores.
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Espera/Recepção Living/Exposições Administração Á r e a d e c o n v i v ê n c i a Gerência Descanço Funcionários Depósito Copa Oficina de música Banheiro Masc , femi e PNE Foyer Área Técnica Banheiro Masc , femi PNE Cafeteria Sala de Reuniões Banheiro Masc , Á r e a d e p r e s e r v a ç ã o / C o n t e m p l a ç ã o Banheiro Masc , femi e PNE Biblioteca Sala de Pintura/Artesanato Oficina de Dança/Teatro Sala Multiuso Sala de Informática C ó r r e g o Auditório Acesso Principal Living/Exposições Ouvidoria Á r e a d e p r e s e r v a ç ã o / C o n t e m p l a ç ã o DML Sala de Controle Curadoria Almoxarifado Estacionamento femi PNE
Conforme apresentado a figura, foi elaborado um zoneamento dos setores no terreno, sendo possível trabalhar em vários níveis em virtude dos desníveis que o terreno apresenta em sua malha. No terreno será disposto uma grande área destinada a eventos e exposições, assim como uma parte será destinada ao estacionamento. No primeiro pavimento, que estará no nível da rua, se dispõem de espaços destinados a eventos e exposições, oficinas e salas de aulas, administrativo/técnico e o setor de serviços. E por fim, no segundo e último pavimento do centro cultural, será disposto uma área para eventos e exposições, e oficinas e salas de aulas.
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PAVIMENTO SUPERIOR
PAVIMENTO TÉRREO
SUBSOLO
PARTIDO ARQUITETÔNICO
O projeto do Centro Cultural Arteon terá espaços para a realização de atividades descritas como exposições, oficina de música, dança, teatro, leitura, informática, voltadas para o aprendizado artístico e cultural. É de suma importância para este projeto arquitetônico a consideração dos espaços que sejam condicionantes as práticas artísticas e culturais, para esse feito, se explora sistematicamente um estudo do terreno e de seu entorno, para que o projeto seja disposto harmoniosamente em seu meio, e que aproveite o máximo das potencialidades do terreno, a boa insolação que o local oferece e a vista da área de preservação, ao qual pretende-se criar um espaço de contemplação e exposição de artes a céu aberto.
O aproveitamento da insolação e predominância de vento no centro cultural, é um fator de grande relevância que trará um notável efeito térmico e conforto para seus usuários, e para que isso seja aproveitado, o uso de esquadrias e aberturas com grandes vãos, nas fachadas lestes e uso de elementos vazados, como cobogós, e brises na fachada norte, permitirá o maior aproveitamento dessas condicionantes ao projeto.
O terreno possui uma excelente declividade ao longo de seu comprimento, o que será possível trabalhar diferentes níveis com usos de pilots, de forma a aproveitar essa característica para setorizar e trabalhar cada setor de forma particular, interligando-os por meio de rampas e elevadores tornando o centro cultural acessível.
O partido arquitetônico baseia-se muito nas nuances da arquitetura modernista, privilegiando a forma simples, as linhas retas, a integração e convivência entre pessoas e a natureza, a permeabilidade de funções entre os ambientes através de uma planta livre por meio de pilots e a valorização da ventilação e iluminação natural.
Ao se tratar de materialidade, o uso do concreto armado, aço, vidro, taipa de pilão e cobogós, serão os protagonistas do projeto. Também, considera-se usar materiais com aspectos mais naturais, como o uso de pedras, madeiras e tijolos aparentes.
A ideia do projeto surge a partir da análise do terreno, onde a integração especial com e área de preservação, faz do projeto um eixo integrador da natureza com o entorno construído.
Em suma, a acessibilidade e preservação, aparecerão como os ideais principais da aplicação desses estudos no projeto arquitetônico, para que a edificação seja capaz de ser um eixo integrador ao meio natural capaz de respeitá-lo e ao mesmo tempo sendo uma obra prima. Por fim, sendo a cultura e a arte um meio de preservação da natureza humana.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme o exposto, o projeto tem por objetivo propor uma solução arquitetônica para o desenvolvimento de um centro cultural afim instigar o conhecimento crítico e artístico, disseminar a cultura e a arte na educação brasileira e primordialmente incentivar a importância dos empreendimentos públicos no município de Marília como um objeto disseminador de conhecimento e lazer. Juntamente ao projeto arquitetônico, ressalva-se a importância e reconhecimento da preservação do meio natural e o seu menor impacto ambiental, destacando-se as áreas de preservação e respeitando o perfil natural do terreno, assim ao projetar pensando nos recursos naturais e como eles podem fazer parte integrante do edificado trazendo um conforto ambiental ao edificado, faz assim do projeto, uma condicionante de arquitetura sustentável.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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