E entao paulette barbara constantine

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Copyright © Calmann-Lévy, 2012 TÍTULO ORIGINAL

Et puis, Paulette... PREPARAÇÃO

Nathalie Vlcek REVISÃO

Clarissa Peixoto Suelen Lopes REVISÃO DE EPUB

Juliana Pitanga GERAÇÃO DE EPUB

Intrínseca E-ISBN

978-85-8057-335-0 Edição digital: 2013 Todos os direitos desta edição reservados à


EDITORA INTRÍNSECA LTDA. Rua Marquês de São Vicente, 99, 3o andar 22451-041 Gávea Rio de Janeiro – RJ Tel./Fax: (21) 3206-7400 www.intrinseca.com.br


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Para RenĂŠe e Robert, meus antigos vizinhos E para Alain, meu atual vizinho


Mahault, cinco anos e nove meses, dá a seu pequeno vizinho um buquê de flores que acabou de colher. — Tome, guarde bem, pois assim, quando seus pais estiverem mortos, você poderá colocar no túmulo deles. (Mahault, minha neta, adora compartilhar seu saber.)

Une couille dans le potage, c’est une erreur, deux, c’est une recette.* Franz Bartelt, Nadada, La Branche, 2008, citado em Pas mieux, de Arnaud Le Guilcher,


Stéphane Millin Éditeur.

* Uma expressão popular cuja tradução literal seria “Um testículo na sopa é um erro, dois, fazem uma receita”, e que pode ser adaptada como: “Um rasgo na calça jeans é um desleixo; dois rasgos, é moda.” (N. do T.)


1 A história do gás

Com a barriga bem imprensada contra o volante e o nariz no para-brisa, Ferdinand se concentra na estrada. O ponteiro está colado nos 50 km/h. Velocidade ideal. Não somente economiza gasolina, mas ainda lhe dá tempo para observar a paisagem desfilando, admirar o panorama. E, sobretudo, parar caso seja necessário, sem o risco de se acidentar.


Neste momento, surge um cachorro correndo, ali, bem a sua frente. Reflexo. Ele pisa fundo no freio. Os pneus cantam. O cascalho salta. Os amortecedores gemem. O carro balança e acaba se imobilizando no meio da estrada. Ferdinand se inclina na janela. — Aonde você vai desse jeito, rapaz? Aposto que está atrás de uma cadelinha. O cachorro se afasta, passa a galope pelo carro e vai se deitar um pouco mais adiante, no matagal que cobre a vala. Ferdinand salta do carro. — Mas você é o cachorro da


vizinha. O que é que está fazendo aqui, sozinho? Ele se aproxima, estende a mão devagar, afaga sua cabeça. O animal está tremendo. Instantes depois, já amansado, o cachorro aceita segui-lo. Ferdinand o faz subir no banco de trás e sai com o carro. Ao chegar à entrada de um caminho de terra, ele abre a porta. O cachorro desce, mas vem se colar a sua perna, ganindo, parecendo amedrontado. Ferdinand empurra a pequena porteira de madeira, incitando-o a entrar. O cão


rasteja a seus pés, sempre ganindo. Ferdinand segue pelo atalho entre duas cercas vivas, chegando diante de uma casinha. A porta está entreaberta. Ele grita… Oi… Tem alguém aí?… Sem resposta. Olha ao redor. Ninguém. Empurra a porta. No fundo, distingue em meio à penumbra uma forma estendida sobre a cama. Ele a chama. Nada se move. Ele inspira. Há um fedor lá dentro… Ele inspira outra vez. Ai, ai… Está fedendo a gás! Precipitando-se até o fogão, aperta a vedação do botijão, aproxima-se da cama. Senhora, senhora! Começa a bater no rosto da mulher. De início, levemente, mas como ela não


reage, bate mais e mais forte. O cachorro late, pulando ao redor da cama. Ferdinand também entra em pânico e começa a esbofeteá-la com toda vontade. Grita para que acorde. Gritos e latidos se misturam. Senhora Marceline! Au! Au! Abra os olhos pelo amor de Au! Acorde, eu lhe peçAu Au! Ela acaba emitindo um breve gemido. Aliviados, Ferdinand e o cachorro suspiram ao mesmo tempo.


2 Cinco minutos depois, ela está melhor

Marceline recobrou as cores e insiste em servir alguma coisa. Não é todo dia que ela tem visitas. Eles são vizinhos, mas é a primeira vez que Ferdinand põe os pés na sua casa. Isso merece uma comemoração. Por mais que ele repetisse que não estava com sede, que só passou para devolver o cachorro, ela


se levanta assim mesmo, segue cambaleando até o armário da cozinha, retira uma garrafa de licor de ameixa que acha que vai refrescá-lo. É a primeira vez que ela o faz. Diga-me o que acha. Ele assente com a cabeça. Ela começa a servir e, de repente, para, e pergunta, aflita, se ele vai ter que dirigir em seguida. Ele responde que vai para casa. Não mais que quinhentos metros dali, poderia chegar lá com os olhos vendados! Com alívio, ela acaba de servir. Mal Ferdinand tem tempo para molhar os lábios e a mulher é tomada por vertigens. Segurando a cabeça com as duas mãos, ela se deixa cair sentada


numa cadeira. Ferdinand, envergonhado, concentra-se na toalha plástica, deslizando seu copo ao longo das linhas e dos quadrados. Não ousa mais beber ou falar. Depois de um longo silêncio, ele lhe pergunta, quase num sussurro, se quer que ele a leve ao hospital. — Mas para quê? — Para um exame. — Mas só estou com dor de cabeça. — Eu sei, mas… por causa do gás. — Sim… — Isso não é bom. —É, não é. — Pode ter efeitos colaterais. — É?


— Vômitos, eu acho. — É mesmo? Eu não sabia. Outro longo silêncio. Ela mantém os olhos fechados. Ele aproveita para olhar a seu redor. O cômodo é pequeno, sombrio e inacreditavelmente abarrotado. O que o leva imediatamente a pensar que, na casa dele, é o oposto. O vazio quase ressoa, tanto em sua casa quanto em sua vida. Este pensamento o deprime e ele volta a estudar a toalha plástica. Finalmente, pergunta: — Geralmente eu não me meto nos assuntos dos outros, sabe, senhora Marceline. Mas… não seria por causa


de todas essas preocupações no momento que a senhora… que a senhora…? — Que eu o quê? — O gás. — O que tem o gás? — Bom, é que… É difícil para Ferdinand. Assunto íntimo. Não é sua praia. No entanto, ele sabe que deve dizer alguma coisa. Então começa com rodeios, falando sem dizer nada, tentando ser entendido com meiaspalavras. (Ele também gosta muito da expressão “ler nas entrelinhas”.) Está tão convencido de que as palavras traem o pensamento que preferiria funcionar à


base do instinto, deixando-o fazer o trabalho. Mesmo admitindo que, com clareza, ele já o colocou em apuros, o imbecil! Uma coisa levando à outra, sem o desejar, ele teme provocar um excesso de emoção, um derramamento de lágrimas ou a revelação de um segredo. Isso não lhe agrada nem um pouco. Se pelo menos cada um tentasse se virar sozinho, a vida seria mais simples! Com sua esposa, ele encontrara o jeito de evitar a cilada de conversas extremamente íntimas: assim que a pressentia se insinuando nessa direção, evocava o passado. Uma simples palavra, como se não fosse nada. E


pronto, bastava-lhe então escutar distraidamente com um só ouvido. Ela gostava tanto disto, de conversar, sua pobre mulher. Sobre tudo, sobre nada, banalidades. Uma verdadeira tagarela. Mas o que ela gostava, acima de tudo, era de falar do passado. Sua juventude. Como era melhor antes. Como era mais bonito. Principalmente antes de eles se conhecerem! Ela acabava sempre enumerando furiosamente tudo o que poderia ter vivido, em outro lugar, na América, na Austrália ou no Canadá, talvez. Claro que sim, por que não, poderia, sim! Se ao menos ele não a


tivesse convidado para dançar, não lhe tivesse murmurado palavras carinhosas, não a tivesse segurado tão firme, durante aquele maldito baile de quatorze de julho. Que arrependimento. Ele não ficava zangado com ela. Ele também sonhara. Coisas bacanas também. Mas compreendeu bem rápido que os sonhos e o amor não viriam dessa vez. Talvez não fosse feito para isso. Ou então, seria para a próxima vez. Ou numa outra vida, ora, como os gatos! Bom, de volta ao presente. Ele se encontra na casa de sua vizinha. Ela tem um problema, mas não parece disposta a falar sobre o assunto,


apesar das perguntas discretas que ele faz. Ele não sabe grandes coisas a respeito dela. Apenas que se chama Marceline. Que vende mel, frutas e legumes na feira. É estrangeira. Russa ou húngara, talvez? Um país do Leste, de qualquer forma. Não faz muito tempo que se estabeleceu ali. Mas já faz alguns anos. Seis ou sete? Já é alguma coisa… Ele volta a olhar ao redor. Nota, desta vez, que não há aquecedor de água sobre a pia, nem geladeira, nem máquina de lavar, nem televisão. Nenhum dos confortos modernos. Como quando ele era pequeno. Apenas o rádio para ficar a par das notícias, e a água fria na pia


para se lavar. No inverno, ele se recorda, procurava sempre um jeito de fugir do banho. E também da faina das roupas lavadas, geladas e duras, que precisavam ser torcidas com os dedos rachados. Caramba, como era chato naquela época! Ele diz a si mesmo que, no fundo, essa coitada da senhora Marceline se cansou dessa vida. Dessa amargura e de todos esses aborrecimentos. Talvez tenha perdido a coragem. E depois, viver longe de seu país, longe da família, também? Bem possível que seja essa a razão de… Ele sente que não vai conseguir sair


dessa situação. Que será preciso assumir a responsabilidade e se forçar a falar. De outras coisas que não sejam desimportantes, como a chuva e o sol. Ou mesmo de seu cachorro. Ele é esperto, né? A senhora tem sorte de ter um cachorro assim. O último que tive era um idiota, mas bem carinhoso. Este aí… É uma cadela? Tem certeza? Não tinha prestado atenção. Ele inspira. E se lança. De uma vez, diz que entende as coisas. Ele também, uma ou duas vezes, teve vontade. Na verdade, três. Ora, vamos, para ser totalmente honesto, quatro. É, mas… ele, por sua vez, parou para refletir antes. E


encontrou excelentes razões para não fazê-lo. Por exemplo… Assim, de repente, não lhe ocorre nada. Ah, sim, é claro, que tolice: seus netinhos! Os netos, isso é maravilhoso. Apaixonante. São tão diferentes dos próprios filhos. Sim, sim, realmente. Mais bonitinhos, mais vivazes e muito mais inteligentes. Isso talvez se deva à época, os tempos mudaram. A não ser que sejamos nós que, envelhecendo, ficamos mais pacientes. É possível… A senhora não tem? Neto algum? Droga. Que pena. Mas existem outras coisas às quais podemos nos apoiar. Espere, estou pensando. Ela ergue o olhar, observa o teto.


Ele coça a cabeça. Tenta encontrar algo rapidamente. — A senhora sabe, é importante também se lembrar, de vez em quando, que há pessoas mais infelizes do que nós. Isso coloca nossos pés no chão. Ou os ponteiros na hora certa, se preferir. A gente precisa disso, às vezes, não acha? Ela parece distante. Ele procura alguma coisa engraçada. — Já que ninguém jamais voltou para dizer se é melhor do outro lado, talvez não valha a pena se antecipar, hein, senhora Marceline? É imprescindível esperar, sabe?


Ele acha graça. Espera sua reação. Nada acontece. Ele começa a se preocupar de verdade. Inclina-se em sua direção. A senhora me entende quando eu falo? Talvez haja algumas palavras que a senhora não… Ela aponta na direção do cano de seu fogão a gás e diz com um breve estremecimento na voz que, pronto, ela estava procurando há algum tempo, e lá está. Tudo isso é culpa de seu velho gato. Faz alguns dias que ele sumiu. Talvez esteja morto? Esperemos que não seja isso. Seria tão doloroso… Enquanto isso, aqui virou uma anarquia.


Eles fazem o que bem entendem, os camundongos. Não param de dançar. O dia todo e a noite toda. Dentro dos armários, sob a cama, na despensa de comida. Eles roem, roem sem parar. Ela tem a impressão de que vai enlouquecer! Se continuar assim, eles vão acabar subindo na mesa e comendo em seu prato. São tão abusados, esses bichinhos. Ferdinand perdeu o fio da meada. Ele quase não a escuta mais. Ela divaga completamente, a pobre mulher. Deve ser por causa do gás. Sua história do gato morto e dos camundongos que


dançam não tem pé nem cabeça. Ele a observa falando, depois baixa o olhar para as mãos dela. Belas e devastadas. Ele pensa que foi o trabalho na terra que fez isso, ela devia se cuidar, passar um creme, isso faria bem a suas mãos. Ela parece mais jovem do que pensava, porém. Uns sessenta… Bruscamente, ela se levanta. Surpreso, num sobressalto, ele se levanta também. Ela lhe diz que é tremendamente irritante falar para o nada. Mas, tudo bem, sente-se melhor agora. Obrigada por tudo, ele pode ir embora, ela vai se deitar e descansar um pouco. O gás a deixou tonta. Ferdinand


olha o relógio: quatro e meia, ainda é cedo para ir deitar. Ele se espanta. Ela lhe diz que não o acompanhará, que ele poderá encontrar o caminho por si só. Ele diz que sim, disfarçando um sorriso no canto dos lábios. Não há risco de se perder numa casa de um único cômodo! Ele acaricia a cabeça do cachorro. Muito bem, até mais, senhora Marceline. Se precisar de alguma coisa, não deixe de me chamar. Obrigado, tudo bem, não vou me esquecer disso. Ela encolhe os ombros, murmura para si mesma: Assim que eu conectar o telefone, é claro… Voltando para o carro, Ferdinand tenta juntar as peças do que acaba de


acontecer: eis essa senhora que quase morreu asfixiada, que mora, há anos, nesta casinha, a dois passos de onde ele mora, deve ter cruzado com ela uma centena de vezes, na estrada, no correio, na feira, mal lhe dirigiu a palavra, sobre o tempo que fazia, as colheitas do mel… E então, pá!, ele encontra seu cachorro… enfim, sua cadela… Mas, se não tivesse parado na estrada, agora há pouco, para devolvê-la, ela estaria certamente morta neste momento, a coitada da senhora Marceline! E não haveria ninguém para se preocupar com ela.


Merda. Isso não é legal. Ele entra em seu carro e arranca. Diz a si mesmo que se arrepende de não ter respondido a sua pergunta agora há pouco. Não faz mal,vai voltar amanhã, ou outro dia. Para lhe dizer francamente o que pensa de seu licor de ameixa. Que, aliás, foi realmente bem-feito, para uma primeira vez, senhora Marceline. Outrora, Henriette, sua falecida esposa, o fazia também. Mas nunca ficava tão bom. Sim, sim, eu juro, é sincero. ***


Dentro de sua casinha, Marceline se deita. Sua cabeça dói um pouco menos. Consegue pensar. Que sujeito afável, esse Ferdinand. E que tagarela! Não parou de falar o tempo todo em que esteve aqui, chega a ser um pouco enfadonho. Ela não entendeu tudo direito. A história de reajustar os ponteiros do relógio, por exemplo, por que naquele momento? Mistério. Ele deve ter tido uma grande depressão, deu a impressão de estar precisando desabafar. Um pouco embaraçoso, mas não custa nada escutar. De qualquer maneira, foi gentileza de


sua parte trazer a cadela de volta. Ela precisava se lembrar de agradecer, na próxima vez. Um frasco de mel, talvez, se ele gostar. E então, de repente, voltam as lembranças. Lembra-se da esposa desse senhor. Ai, ai, ai… nada simpática! Detestável, mesmo. Foi no início, ela não conhecia nada nem ninguém. Os animais estavam com fome, e ela também. Pegou o que precisava na horta. E depois, naturalmente, ela começou a cultivar. Para poder continuar a se alimentar e, eventualmente, ganhar algum dinheiro. Esperava poder refletir sobre o que


fazer em seguida. Pois é. Apesar de todos seus esforços, o primeiro ano fora um fiasco. Uma vez maduras, suas cenouras não ficaram mais grossas do que um rabanete, e suas cebolas, aqueles pequenos guizos! E todas as semanas, a senhora Henriette chegava, parava diante de seu estande na feira e olhava seus produtos com um ar de nojo. No ano seguinte, as coisas melhoraram. As cenouras começaram a se parecer com cenouras, os alho-porós ficaram maiores que uma caneta. E a senhora Henriette passou a comprar algumas coisinhas, aqui e ali, mas sempre passando a impressão de que estava dando esmola.


Ela teria gostado de poder mandá-la ir passear. Mas não se encontrava em boa posição para isso. Sim, com certeza, ela havia detestado aquela mulher. E diz a si mesma que os casais serão sempre um enigma para ela. O seu par também, com certeza. Ela não sente especialmente vontade de pensar nisso. Faz tanto tempo, quase uma outra vida. Mas eles, mesmo assim… Henriette e Ferdinand, sem os ter conhecido de verdade, ela se pergunta como fizeram para passar a vida toda juntos, sendo tão desiguais. O que aconteceu para que não tivessem partido, cada um para seu lado, tão logo o fogo da paixão se apagou?


Bem, isso não tem muita importância. De qualquer modo, ele, por sua vez, dá, a princípio, a impressão de ser diferente. Sob uma aparência um tanto rígida, distante, ele não parece ser mau. Com sua enorme ferida que lhe atravessa o peito e que ele tanto se esforça para esconder, é um homem enternecedor. Quando ele fala dos netos, nota-se que lhe fazem falta, ainda não teve tempo de se acostumar com a partida deles. Deve ter sido um choque para ele, ao se encontrar sozinho, dentro de sua enorme fazenda vazia. Coitado do velho.


Isso não é legal. Ao cair da noite, Marceline se levanta. Sua dor de cabeça passara. Ela começa a verificar o cano do gás roído pelos camundongos. Ainda resta um bom pedaço. Ela consegue emendá-lo e colocar a sopa para cozinhar.


Sobre a autora Š Tanya Constantine


Barbara Constantine nasceu em 1955,


em Nice. Além de ser apaixonada por natureza e gatos, é ceramista e roteirista, tendo colaborado para o filme Bonecas Russas. E então Paulette... é seu quarto romance. A autora escreve também para o público jovem. Seu livro Tom, Petit Tom, Tout Petit Homme, Tom foi vencedor do prêmio francês Charles Exbrayat em 2010.


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