Planejamento Vivo: Plano de Uso e Ocupação do campus Darcy Ribeiro
Erika Saman Cesarino Trabalho Final de Diplomação Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Brasília
Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho de Final de Graduação
PLANEJAMENTO VIVO: Plano de Uso e Ocupação do campus Darcy Ribeiro Aluna Érika Saman Diogenes Cesarino Orientadora Mônica Fiuza Gondim 2/2016 1
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Dedico o seguinte trabalho ao meu avô José Leite Cesarino, eterno arquiteto, engenheiro e urbanista. Contemporâneo a vários arquitetos que estudamos na universidade, porém mais tímido. Te amo, vô. 3
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Histórico do campus
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Diagnóstico
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Proposta
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bibliografia
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S U M Á R I O
Introdução
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FIGURA 1 Fotografia aĂŠrea do campus Darcy Ribeiro. Fonte: < http://vestibular.brasilescola.uol.com.br/universidades/unb-universidade-brasilia.htm > (2016)
Asa Norte
Via L3 Norte
Via L4 Norte
A cidade pode ser definida como um conjunto de ruas e edifícios cuja composição pode ser legível e, portanto, agradável; ou ser de difícil compreensão, dificultando a orientação e, gerando ansiedade. Um espaço com boa legibilidade influi positivamente no cotidiano do pedestre, facilitando os deslocamentos. Uma das formas de se obter a legibiliade, ou a fácil leitura urbana, é por meio da organização coerente dos elementos urbanos, como ruas, quadras e edifícios. A organização, na maior parte dos casos, é obtida por meio de um planejamento que procura criar ambientes com características distintas e identificáveis, que padroniza os distanciamentos dos edifícios de cada quadra, determina os gabaritos e tipologia edilícia, além de orientar os percursos com a hierarquização das vias, a organização de pontos nodais e marcos visuais.
Limites do campus Darcy Ribeiro
Lago Paranoá
Lago Norte
FIGURA 2 | Imagem do Google Maps editada pela autora
A identidade de um bairro, que permite sua diferenciação dos demais, é de grande importância para seu reconhecimento. Pode acontecer pela tipologia de seus edifícios, pelo arranjo entre espaços construídos e verdes, pelo desenho de suas calçadas, pela identidade visual de seu mobiliário urbano. Para além da sua identidade, está sua organização visual que facilite a orientação dos deslocamentos de usuários costumeiros e visitantes. A legibilidade de um bairro é particularmente importante naqueles onde predomina o uso público, como bairros centrais e áreas institucionais como campi universitários. Entretanto, isto nem sempre acontece. Este é o caso do campus Darcy Ribeiro, em Brasília, que apesar de abrigar edifícios de arquitetura icônica, é de difícil leitura para o pedestre. O objeto deste trabalho é o campus universitário Darcy Ribeiro e tem como intenção melhorar a sua legibilidade espacial através de seu Planejamento de Uso e Ocupação, após entender a disposição de seus elementos urbanos – os edifícios, os cruzamentos, as ruas e os espaços livres – e como eles influenciam no cotidiano do pedestre e na forma como se utiliza o espaço público da Universidade de Brasília, DF.
INTRODUÇÃO
Via L2 Norte
Situado entre duas importantes vias, a L3 Norte e a L4 Norte (Figura 2), o campus Darcy Ribeiro possui em torno de 395 hectares e por ele circulam cerca de 50 mil pessoas por dia , entre estudantes, docentes, visitantes, técnicos e demais funcionários da universidade. O campus é pertencente à Universidade de Brasília, única universidade pública do DF, criada em 1962 pelo antropólogo Darcy Ribeiro (Figura 3) e o educador Anísio Teixeira (Figura 4). É um grande polo de atração de pessoas e abriga uma das melhores universidades públicas
FIGURA 3 | Fotografia de Darcy Ribeiro. Fonte: aladebaianas.com.br/i/perfis/105-darcy-ribeiro-amor-ao-povobrasileiro. Junho de 2016.
FIGURA 4 | Fotografia de Anisio Teixiera. Fonte: onordeste.com/portal/anisio-teixeira/ Junho de 2016.
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do Brasil, sendo assim uma instituição de importância econômica e histórica para Brasília. Por esta razão, faz-se importante pesquisar e entendê-la, sob o ponto de vista de sua ocupação e dos impactos que incidem sobre o cotidiano daqueles que nela estudam, trabalham e visitam. O campus da Universidade de Brasília, projetado inicialmente pelo urbanista Lucio Costa (Figura 5), reproduzia em escala menor os pontos usados no projeto de sua autoria para a cidade. Contudo, o plano feito em 1960 pelo urbanista não foi implantado. Foi o arquiteto Oscar Niemeyer (Figura 5), então diretor do Centro de Planejamento da UnB, quem desenvolveu o desenho urbano do campus, tomando como base o esboço feito pelo colega e amigo Lucio Costa. Niemeyer, assim como Costa e outros arquitetos de sua geração, era modernista e acreditava que o urbanismo moderno e o rodoviarismo, eram melhores para a cidade que o urbanismo de vertente tradicional. O plano do campus traduz a época em que foi concebido, nela, o carro era sinônimo de progresso e modernidade sendo o caminhar e a locomoção em bicicleta atos pouco considerados. O urbanismo modernista com baixa densidade e longas distâncias dificulta a eficiência do transporte público e da locomoção a pé por distanciar o pedestre das vias e tornar seus percursos mais longos. Ainda aumenta a insegurança das calçadas em virtude dos grandes espaços vazios e o risco de atropelamentos devido a alta velocidade dos carros. O campus apresenta uma série de problemáticas nas questões de acesso, circulação interna, estacionamentos, acessibilidade das calçadas, segurança pública, infraestrutura urbana, legibilidade do espaço, áreas ociosas, crescimento físico desordenado, dentre outros que serão mostrados a seguir. Seu desenho privilegia o automóvel com seus edifícios isolados e espaços vazios; calçadas e passeios precários sem arborização, infraestrutura e acessibilidade; falta de padronização do mobiliário urbano, assim como a escassez dos mesmos em locais necessários; extensos bolsões de estacionamento e segregação do campus em relação à Asa Norte, dificultando o acesso de pedestres. Estes problemas dificultam a percepção do espaço do campus e não o torna convidativo aos seus usuários. FIGURA 5 | Fotografia de Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Fonte: Tese de doutorado, Ceplan: 50 anos em 5 tempos, Neusa Cavalcante.(2015)
FIGURA 7 | Plano da Universidade de Brasília por Lucio Costa, 1960. Fonte: vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.184/5684. Outubro de 2016
FIGURA 6 Plano de Brasília por Lucio Costa, 1956. Fonte: Acervo/Arquivo público do Distrito Federal.
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O objetivo deste trabalho é tornar o campus universitário Darcy Ribeiro um espaço acolhedor para seus usuários, oferecendo melhor qualidade de vida e melhorando sua legibilidade. Para isso pretende-se fazer um novo Plano de Uso e Ocupação do campus, visto que suas características atuais não valorizam o patrimônio arquitetônico da universidade, além de ser desconfortável, desagradável e inseguro para pedestres e ciclistas. A perspectiva a ser tratada recai sobre a forma como os espaços ocupados e livres se organizam, procurando dar legibilidade ao campus proporcionando caminhadas mais agradáveis. A partir dos estudos feitos, foram traçados planos para a expansão do espaço construído, para o sistema viário, para o sistema cicloviário e de transporte público; para formas de ocupação e uso das novas quadras; para criação de áreas verdes, praças e áreas de preservação ambiental. Foram criadas diretrizes para guiar futuros projetos que melhorem a leitura do espaço, facilitem os deslocamentos dos pedestres, tornem o transporte público mais eficiente e tragam a sensação de pertencimento e acolhimento ao local. Para atingir tais objetivos: • Foram organizados novos usos; • Definidos os afastamentos dos edifícios e seus acessos criando perspectivas de espaços abertos e fechados; • As quadras foram redimensionadas; • Os espaços ociosos foram reduzidos com a criação de espaços de permanência planejados, como praças e parques; • Foi criada uma malha viária regular a partir do sistema viário existente, integrando as partes que não se conectavam; • Foi definida uma nova hierarquia viária para o campus, com a redefinição de rotas de ônibus. • Para dar mais flexibilidade ao atual zoneamento foram criados lotes de uso misto; • Foram reduzidas as distâncias de deslocamento; melhorando a conexão entre edifícios com a criação de pontos focais e marcos.
Os campi universitários apresentam grande importância para a dinâmica das cidades, já que são, em sua maioria, vastas áreas que atraem um grande volume de trabalhadores e estudantes todos os dias. Essa população acessa o campus por diferentes modais e circula internamente de diversas maneiras. Os impactos no trânsito são sentidos na cidade e, no campus Darcy Ribeiro, este cenário não é diferente.
FIGURA 8 | Foto aérea do campus universitário Darcy Ribeiro, Brasília, DF. Predomínio das áreas verdes e grandes bolsões de estacionamentos. Fonte: www.copa2014.gov.br/pt-br/galeria/bsbmar2014. (2016).
Diferentemente dos campi norte-americanos e europeus, os campi brasileiros – especialmente aqueles desenvolvidos nas décadas de 1950 e 1960 – projetados segundo o movimento moderno, possuem demasiados distanciamentos entre seus edifícios e zoneamento muito rígido. Foram projetados segundo uma orientação semelhante à cidade moderna, privilegiando os deslocamentos através do carro. Desta forma, o pedestre sempre enfrenta dificuldades cotidianas quando necessita deslocar-se de um edifício para o outro, debaixo de sol inclemente ou de chuvas tropicais. Levando em consideração a importância da Universidade de Brasília na esfera educacional, histórica, arquitetônica e urbanística, faz-se importante criar um planejamento para aprimorar este espaço urbano de significante valor, minimizando os impactos no cotidiano daqueles que nela estudam, trabalham e visitam.
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FIGURA 9 | Monastério Saint Gall e a cidade, 820. Fonte: Territórios Universitários. Christine Ramos Mahler
FIGURA 10 | Oxford College, 1167. Fonte: weather-forecast. com/locations/Oxford/photos/7711 (2016).
FIGURA 13 | Universidade de Virgínia, EUA. Fonte: ascitweb.clas.virginia.edu/pdfs/HOW_to_use_ Voicethread_10-25-2015.pdf (2016).
FIGURA 14 Universidade da Califórnia em Berkeley, EUA. Fonte: jaewonie.wordpress.com/tag/uc-berkeley/ (2016).
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FIGURA 11 | Universidade de Virgínia, EUA, 1856. Fonte: blog.hsl.virginia.edu/feebill/ (2016).
FIGURA 12 | Archiginnasio, Bolonha. Fonte: italy-guide.de/italien/bilder/palazzo-dellarchiginnasio (2016)
FIGURA 15 | USP, vista aérea da Cidade Universitária. FIGURA 16 | USP, mapa da Cidade Universitária. Fonte: odontologiaconcursos.com.br/prof-renato-uetanabara- Fonte: tocadacotia.com/curiosidades/cidade-universitaria-usp em-setembro-no-35cubo-usp-sp-598.html (2016) (2016)
histórico dos campi universitários
A formalização do ensino iniciou-se na Grécia antiga, quando o compartilhamento do saber passou a ser um papel da sociedade e do estado. A juventude era preparada para a vida adulta com os conhecimentos considerados indispensáveis na esfera artística, espiritual e prática. Neste momento foram criados espaços destinados a esse uso, as escolas. Contudo, foi na Idade Média que a instituição de nível superior foi criada. Um sistema filosófico educacional de ensino teológico, cristão, com importância reconhecida pela Igreja e pela sociedade, em que se ensinavam as sete artes liberais: Gramática, Retórica, Dialética, Geometria, Aritmética, Astronomia e Música. A universidade inicialmente acontecia em mosteiros e claustros distantes das cidades, uma vez que a Igreja Católica, responsável pelo ensino, acreditava que o distanciamento era positivo para o aprendizado (figura 9). Com o desenvolvimento da própria Igreja, o isolamento rompeu-se. No século XII, as universidades, uma vez externas e distantes, passam a se localizar no interior das cidades, anexas as catedrais. É neste momento que a universidade tornou-se parte do ambiente urbano constituindo bairros universitários, colleges e palácios. Na história ocidental, as mais antigas universidades são a Universidade de Bolonha, fundada em 1088; a Universidade de Paris, que surge entre 1096 e 1150; e a Universidade de Oxford, criada por volta de 1167. Paris foi a primeira cidade a ter um bairro universitário, o Quartier Latin, que possui esse nome pela grande quantidade de estudantes que falavam latim. O bairro surgiu no século XV devido ao aumento rápido da quantidade de alunos, que desta forma demandou o crescimento da estrutura física da universidade. O bairro fazia parte da malha urbana, porém tinha presença distinta por ser uma universidade. Os colleges eram uma “tipologia originada dos espaços segregados monásticos formados pela igreja e seus claustros e por espaços contíguos que, aos poucos, se abriram para a cidade.” (Mahler, 2015, p. 67). Ainda que fossem espaços fisicamente isolados, eram integrados ao tecido urbano e foram responsáveis pelo crescimento de diversas cidades e criação de outras. Geralmente seus edifícios tinham planta retangular com pátio central e possuíam alojamento estudantil (Figura 10). No final da Idade Média aconteceu a aristocratização das universidades, elas passaram a construir edifícios cada vez mais imponentes e mostravam suas riquezas a partir a arquitetura e obras de arte que abrigavam, eram verdadeiros palácios destinados ao ensino superior. Esse foi o primórdio do enfraquecimento do cunho religioso das universidades, contudo elas ainda abrigavam capelas e torres (Figura11) Foi apenas no Renascimento que a ciência se dissociou da Teologia, tendo a educação direcionada à secularização, à prática e à ética. É nesse período que as universidades são levadas às colônias e territórios já dominados pela Europa. O campus é o espaço onde acontecem as atividades acadêmicas, administrativas e sociais das
universidades. A denominação campus universitário surgiu nos Estados Unidos no século XIX. Foi criada para caracterizar a forma como as primeiras universidades estadunidenses foram implantadas e se desenvolveram, apresentando grandes espaços verdes e distantes do centro das cidades, em uma época que era importante a plena ocupação do território recém colonizado. O primeiro projeto completo de campus é o da Universidade da Virgínia, EUA, feito por Thomas Jefferson em 1817 (Figura 12). Jefferson idealizou um conjunto de pavilhões com funções diferentes, espalhados pelo terreno de forma que fosse possível abrigar o futuro crescimento da universidade. O campus não possuía setorização marcada, os edifícios de moradia surgiam próximos aos de salas de aula e aos de outros usos. Seu projeto possuía três pontos principais: os pavilhões, a rotunda da biblioteca e o mall, espécie de pátio central gramado. As edificações seguiam o estilo da época, o neo-classicismo (Figura 13). A partir deste projeto surgiram outros, como por exemplo o da Universidade da Califórnia em Berkeley, de 1898 (Figura 14). O campus, na época de sua criação, era um espaço anti-urbano que valorizava a natureza e tinha estrutura autossuficiente. Continha os mais variados usos essenciais para a vida urbana, porém com a tranquilidade de uma área rural. Com o crescimento das cidades, o distanciamento perdeu-se, porém continua sendo um local acadêmico que oferece a conexão com a natureza, e afirma-se em geral por suas funções e arquitetura distinta. No século XX surgiu a arquitetura moderna, movimento que rompeu com a precedente visão arquitetônica e urbanística com os 5 pontos criados por Le Corbusier em 1926: pilotis, planta livre, fachada livre, janela em fita e terraço jardim. A sociedade pós-industrial e pós-guerra se identificava com este movimento por negar o estilo em voga até então, “principalmente com a recusa da ornamentação e a ênfase na função do edifício como pressuposto para sua organização espacial” (Mahler, 2015, p. 74). O urbanismo modernista também teve sua influência nos campi universitários, mudando sua forma de implantação e o modo de viver e usar o espaço. Diferentemente dos campi norte-americanos e europeus, os campi universitários brasileiros – especialmente aqueles desenvolvidos nas décadas de 1950 e 1960 – projetados segundo o movimento moderno, possuem demasiados distanciamentos entre seus edifícios e zoneamento muito rígido. Foram projetados segundo uma orientação semelhante à cidade moderna, privilegiando os deslocamentos através do carro. Desta forma, o pedestre sempre enfrenta dificuldades cotidianas, quando necessita deslocar-se de um edifício para o outro, debaixo de sol inclemente ou de chuvas tropicais. No Brasil, uma das primeiras experiências de campus foi o da Universidade de São Paulo, USP, fundada no ano de 1934 com a união das escolas e das faculdades até então existentes na cidade. Sua implantação foi feita nos moldes norte-americanos, segregada do centro e com muitas áreas de jardim. Devido ao longo processo de construção, o desenho urbano da USP possui características de estilo desde os adotados em 1935, inicio de sua construção, como aqueles modernistas de 1960 (Figuras 15 e 16).
HISTÓRICO
O ato de compartilhar conhecimento existe desde tempos imemoriais, quando o mais velho ensinava aos mais jovens, em um âmbito familiar, sua sabedoria. É uma prática social que está enraizada na história do homem.
Foi a partir das premissas do movimento moderno que os arquitetos brasileiros Lúcio Costa e Oscar Niemeyer fizeram seus projetos para o campus da Universidade de Brasília. Mesclando a concepção de campus universitário estadunidense e os ideais do urbanismo moderno.
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histórico do campus darcy ribeiro O Plano Orientador da Universidade de Brasília, concebido por Lucio Costa em 1962, guarda semelhança com aqueles que lhe foram contemporâneos. Tem por característica o favorecimento do transporte motorizado em suas longas avenidas curvas, a dispersão dos edifícios no terreno e acentuada setorização, tendo zonas administrativas, de serviços, acadêmicas, de lazer, de comércio e residenciais. Vale ressaltar que para Lucio Costa a principal característica do projeto é a de ser um grande parque urbano, aberto à população em geral. Ali encontrava-se a vegetação nativa do cerrado nos seus grandes jardins e áreas verdes, espaços de contemplação da paisagem, de encontro e de grandes eventos para a comunidade. (Figura 17) Cada unidade acadêmica, ou instituto, foi pensado com um edifício específico, em torno do qual ficam as faculdades e departamentos relacionados a área do conhecimento. As zonas propostas são distantes uma das outras e ocupam grandes áreas. O setor mais importante do plano é a Praça Maior, desenhada por Niemeyer, que abriga os edifícios de administração, museus, aula magna e biblioteca. Situa-se no ponto central da Via da Universidade e seu aspecto é monumental. FIGURA 17 | Desenho do Plano Piloto da Universidade de Brasília, 1960, Lúcio Costa. Fonte: Plano Orientador da Universidade de Brasília, 1962.
Em 1964, com a construção do edifício do Instituto Central de Ciências - ICC, Oscar Niemeyer, então diretor do Centro de Planejamento da UnB, o Ceplan, propôs uma alteração no plano do campus. A aglutinação dos institutos centrais em um só edifício mudou drasticamente seu desenho urbano, visto que naquele concebido por Costa, cada instituto teria seu próprio edifício e em torno do qual ficariam os departamentos a ele correlacionados. A aproximação dos institutos integraria melhor as unidades, facilitando o deslocamento dos estudantes entre as aulas. As outras unidades continuariam dispersas em torno do ICC. Esse edifício de grandes dimensões e importância tornou-se o estruturador do desenvolvimento físico do campus, as decisões eram tomadas a partir de sua forma e funções. Ainda em 1964, a equipe de planejamento do Ceplan aproximou a Praça Maior ao ICC e reduziu-a a quatro edifícios – Reitoria, Biblioteca Central, Aula Magna e Museu da Civilização Brasileira. As unidades acadêmicas dispersas foram agrupadas de acordo com as áreas do conhecimento em quatro conjuntos, Artes e Arquitetura, Ciências Médicas, Ciências Humanas e Tecnologia. Ao território do campus universitário foi adicionada a área que abrigaria o Centro Olímpico da juventude de Brasília, as margens do Lago Paranoá. Seria uma área voltada para o lazer, esporte e competição e aberta à toda comunidade. A semelhança que esses planos têm em relação ao plano de Lucio Costa são as grandes ruas sinuosas, a dispersão dos edifícios no terreno, o caráter majestoso da Praça Maior e a escala bucólica impregnada no campus, com grandes áreas verdes de cerrado. É possível ver pelo desenho do plano (figura 18), que a Asa Norte não faz parte do processo de projeto, as conexões não foram planejadas, resultando o distanciamento do campus com a cidade.
FIGURA 18 | Desenho do Plano Oscar Niemeyer, 1964, CEPLAN Fonte: Planejamento Físico do campus da Universidade de Brasília, CEPLAN, 1972.
Com o golpe militar de 1964, o Ceplan não realizou projetos entre os anos de 1965 a 1968, nesse período os idealizadores do Centro de Planejamento foram afastados. Por temor à invasão da UnB, a documentação da história da universidade foi retirada do Ceplan, alguns documentos foram abandonados e danificados pelo tempo e muito foi perdido. Em 1969 o Ceplan, sem a direção de Oscar Niemeyer, projetou os edifícios da Biblioteca Central dos Estudantes e do Centro Esportivo (atual Centro Olímpico), com isso foram feitas propostas de inserir outros edifícios nessas duas áreas. (Figura 19).
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O Centro Esportivo, sendo a área de recreação, lazer e esportes do campus, deveria receber também os edifícios de alojamento estudantil, o CEU – Casa do Estudante Universitário. Desta forma, a Colina deveria receber apenas os edifícios de alojamento de professores, esta era uma medida para distanciar a moradia estudantil do centro da universidade. A Praça Maior, de acordo com esta nova proposta, deveria abrigar também o Centro de Vivência. Esse ofereceria serviços necessários para a vida no campus, como o restaurante universitário, comércio, correios e associações. Estaria localizado na face leste do campus, entre a L4 Norte, a Biblioteca e a Reitoria. Apesar dessas mudanças, as características dos planos anteriores continuariam vigentes. Em 1971, foram iniciadas as construções do Restaurante Universitário e da Administração Central, ambas a oeste do ICC (Figura 20). Essas construções reabriram o debate sobre a melhor área de implantação do Centro de Vivência, visto que estaria em uma posição segregada em relação às unidades acadêmicas e ao restante do campus. Esse debate gerou uma nova revisão do plano diretor, definindo novos parâmetros de sua ocupação. O ICC, como edifício estruturador do desenvolvimento do campus, foi usado como delimitador de duas áreas importantes para a universidade. Em seu lado leste estaria a Praça Central, antiga Praça Maior, o núcleo da UnB, polo principal de estruturação do crescimento físico do campus e também principal ponto de encontro cotidiano e de eventos expressivos, atraindo toda comunidade de Brasília. A partir dessa grande praça foram traçados os eixos de crescimento e ocupação da universidade, onde estariam as futuras Unidades de Ensino e Pesquisa, no sentido Norte – Sul. Ao lado oeste do ICC localizar-se-ia o conjunto comunitário, constituído pelo Centro de Vivência, Restaurante Universitário, entradas principais do ICC e a maioria das Unidades Acadêmicas existentes. Este seria o setor gregário do campus.
FIGURA 19 | Desenho do Plano CEPLAN, 1969, CEPLAN Fonte: Planejamento Físico do campus da Universidade de Brasília, CEPLAN, 1972.
A Proposta de 1971, diferentemente da Proposta de 1969, situou o Restaurante Universitário a oeste do ICC. Essa mudança aconteceu por decisão da Administração da UnB, cujo objetivo era evitar a grande circulação de estudantes perto da Reitoria. Essa decisão mostra a tensão política da época da ditadura militar, quando os estudantes eram vistos como resistência devido a suas convicções políticas. A administração propôs que o Restaurante Universitário – RU – fosse implantado junto a Casa do Estudante, distante do centro do campus, porém a equipe do Ceplan, comandada pelos professores do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, decidiu colocar o RU em um local equidistante das unidades de ensino existentes até então, no eixo central do ICC. Em outubro de 1972, o Ceplan fez um outro plano, prevendo a construção de mais cinco unidades de ensino até 1975. Essas unidades seriam: localizados ao sul do ICC, o Instituto de Artes e Arquitetura e a Faculdade de Ciências da Saúde – FS; a oeste do ICC, Faculdade de Tecnologia – FT, implantada próximo aos Departamentos de Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica; localizados no setor da Biblioteca Central dos Estudantes - BCE, a Faculdade de Estudos Sociais e Aplicados e o Instituto de Letras. Neste plano foi definido que a entrada principal do campus seria feita pela L3, por ser conectada à Asa Norte e ser a entrada principal de pedestres. Observa-se a forte setorização das áreas, cada instituto e faculdade estaria próximo a atividades e usos a eles relacionados, como por exemplo, o Instituto de Artes e Arquitetura teria em suas proximidades um museu e próximo a BCE, estaria localizada a FA. O ICC, como principal pólo estruturador da universidade, foi definido como eixo de expansão entre o Centro Olímpico – C.O (antigo Centro Esportivo) e a Faculdade de Educação, no sentido Sudoeste – Nordeste, passando pela entrada sul do ICC. À época, era o eixo de maior potencial de circulação de pessoas no
FIGURA 20 | Foto aérea campus da Universidade de Brasília, área central e ICC, década de 1970 Fonte: < http://netogeraldes.blogspot.com.br/2015/11/a-turma-barra-70.html > (2016).
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campus e foi escolhido para estruturar o crescimento da UnB. Apesar desse planejamento apontar algumas diretrizes, ele não foi concluído. Sendo assim, três anos depois, foi elaborado O Plano de Desenvolvimento Físico da UnB. O Ceplan foi transformado, em 1973, no Laboratório Experimental de Arquitetura e Urbanismo – LEAU, subordinado ao Departamento de Arquitetura, a pedido do diretor do Instituto de Artes e Arquitetura, o professor Miguel Alves Pereira. Para ele, o laboratório não poderia ter características administrativas e deveria ser um verdadeiro local de experimentação e ensino. O Plano de Desenvolvimento Físico da UnB, de 1975 (Figura 21), tinha como proposta ser um instrumento flexível, estabelecia parâmetros de ocupação do sítio, mas deveria evoluir de acordo com o tempo. A linha de expansão do campus deveria ser aquela norte – sul ao longo da Rua do Restaurante (Figura 22), que abrangeria as áreas da Faculdade de Saúde, Faculdade de Educação e Faculdade de Tecnologia. A região do restaurante era aquela que possuiria a prioridade de ocupação para melhorar a integração entre setores, consequentemente diminuindo os gastos com infraestrutura. A rua do restaurante deveria receber o maior fluxo de pessoas do campus. Nela deveriam ser instalados equipamentos e mobiliários urbanos como paradas de ônibus, bancos e calçadas para gerar áreas de permanência e maior fluxo de pessoas.
FIGURA 21 Mapa do Plano de Desenvolvimento Físico da UnB, LEAU, 1975. Fonte: Plano de Desenvolvimento Físico da UnB.
De acordo com o plano, o ICC continuaria abrigando todas as atividades acadêmicas básicas, enquanto as atividades profissionalizantes estariam em edifícios especializados para cada curso, próximos ao ICC. Previa-se que o Centro Olímpico geraria um grande fluxo no sentido leste – oeste por ser um equipamento especializado de lazer e esporte, este fluxo cortaria o campus transversalmente passando pela Praça Maior e pelo ICC. Pretendia-se estudar uma forma de realizar a travessia da L4 Norte sem que os pedestres precisassem fazê-la no mesmo nível dos carros, porém essa ideia não foi levada adiante. As atividades de administração da universidade foram centralizadas em um único edifício, a Reitoria, enquanto as atividades de apoio deveriam estar localizadas ao longo da via L4 Norte, descentralizadas. Dessa forma, veículos pesados não precisariam entrar no campus, circulando principalmente nas vias L3 e L4. É possível ver que nesse plano a setorização é muito marcada, além disso, os setores eram muito distantes, dificultando a circulação de pedestres. Propunha-se que as áreas de lazer fossem espalhadas pelo campus “organicamente articuladas” de forma que ocupassem todo seu território. A partir de 1980, a Universidade de Brasília, assim como todo país, passou por um processo de redemocratização. Em 1984, Cristóvam Buarque, primeiro reitor eleito da universidade, tomou posse. Neste momento, a história da UnB é marcada pela ampliação da universidade e a administração da UnB uniu esforços para revitalizar o ensino, a pesquisa e a extensão. Foram melhorados os programas de capacitação docente, aumentaram o número de vagas para estudantes e de disciplinas ofertadas, foram criados os cursos de módulo livre e cresceram os incentivos às pesquisas e à produção científica. Em 1986, a Prefeitura do campus foi fundada, como explica Neusa Cavalcante: Em 1986, após um período de 12 anos sem investimentos significativos no planejamento físico da UnB, foi criada a Prefeitura do campus, que, tendo à frente o professor e arquiteto Érico Paulo Siegmar Weidle, deveria arcar com as funções de planejamento e manutenção de suas edificações, dentro e fora do campus. (CAVALCANTE, 2015, p. 245)
FIGURA 22 Foto da construção do Restaurante Universitário, inaugurado em 1975. Fonte: < http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=963 > (2016).
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Entre 1987 e 1988, o plano Ideia de Desenvolvimento Físico Espacial do campus da UnB (Figuras 23 a 25) foi realizado pela Prefeitura do campus, pela equipe coordenada pelo professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo - IAU, Gunter Kohlsdorf. O trabalho identificou os problemas urbanísticos da universidade e
propôs diretrizes de ocupação, na esperança de resolvê-los. Neste trabalho, observa-se pela primeira vez a preocupação com o pedestre. Sua análise aborda os problemas de segregação social/espacial, as grandes distâncias entre edifícios e sua falta de conexão, os percursos realizados por pedestres e seus desafios e a predominância do carro nos planejamentos anteriores. Também apontou os problemas de falta de comunicação entre os diversos planos dedicados ao campus da UnB: O resultado concreto é um campus Universitário decorrente da superposição de diferentes princípios estruturadores, e, como tal, sem a estrutura (centros, eixos, lugares de encontro, circulações, etc, integrados e sequenciados) unívoca e inequívoca, e, o que é mais grave, materializando situações irreversíveis que dificultam extremamente uma reestruturação (IDEIA, 1988, p. 9). Este estudo aponta problemas que, depois de 30 anos, ainda são atuais. Pretendia-se recuperar a estrutura físico-espacial com a criação de um sistema de espaços compostos por massas edificadas e espaços livres intencionais e, a partir desse sistema, criar caminhos e áreas de permanência, ganhando dessa forma a urbanidade inexistente no campus. Planejava-se reestruturar o sistema paisagístico (visto que ali possuía muitas áreas de vegetação degradada); integrar o campus à cidade de Brasília e melhorar a conexão entre edifícios.
FIGURA 23 | Croqui perfil viário no campus Darcy Ribeiro, IAU e Prefeitura do campus, 1988. Fonte: Ideia de Desenvolvimento Físico Espacial do campus da UnB
FIGURA 24 | Croqui dos diferentes espaços possíveis no campus Darcy Ribeiro, IAU e Prefeitura do campus, 1988. Fonte: Ideia de Desenvolvimento Físico Espacial do campus da UnB
Ainda em 1988, o Planejamento da Extremidade Sul do campus, resultou desse estudo de ideias elaborado pelo IAU. O planejamento engloba a área sul ainda não ocupada do campus, aplicando os parâmetros urbanos sugeridos pelo estudo mencionado liderado pelo professor Gunter Kohlsdorf. Além de definir a configuração urbana que seria implantada na expansão sul do campus, o documento explicava os motivos e as vantagens tanto para o ambiente urbano quanto para o acadêmico. O planejamento em questão não se restringe à elaboração dos mapas e definições de taxas de ocupação, apresenta também um embasamento teórico, fundamentando as decisões tomadas. Tudo explicado de forma sucinta e clara. Na porção sul seriam implantados os órgãos nacionais e internacionais relacionados à pesquisa e extensão, levando para o interior do ambiente universitário atividades da cidade, rompendo assim seu isolamento com Brasília. Pretendia-se ocupar de forma mais consciente as áreas ociosas do campus, além de melhorar sua conexão com a L3 e N4 Leste. Este documento e o estudo que o precedeu marcam a mudança de mentalidade em relação ao urbanismo do campus da UnB. São os primeiros indícios que o urbanismo modernista e de características rodoviaristas de Niemeyer e Costa haviam sido superados pelas reflexões e produção acadêmica desenvolvidas pelo IAU. Ressalta-se que nesses dois documentos, é perceptível a preocupação com a situação do pedestre e do ambiente urbano, acenando para a importância em se considerar as contribuições provenientes da configuração espacial para os usos e atividades das pessoas. Algumas de suas características, ilustradas nas figuras 26, 27 e 28, são: • Proximidade entre edifícios. Evita-se o isolamento dos prédios, como acontecia no restante do campus; intensificando a densidade de ocupação, que desta forma aumenta os “níveis de encontrabilidade” ; diminuindo o tamanho e a quantidade de áreas verdes e, consequentemente, reduzindo os gastos com infraestrutura. • Aumento da legibilidade do espaço urbano utilizando os edifícios, as áreas livres, as visuais para o Lago Paranoá e a topografia. • Recuperação da urbanidade ao facilitar o deslocamento na área, tendo como prioridade o pedestre. Valorização do espaço livre para o encontro e a caminhada. • Redução dos grandes bolsões de estacionamentos, antes valorizados pelo planejamento do campus, que não ultrapassam 10% das áreas das unidades. • Preocupação com o caminho do pedestre com passeios protegidos do sol ao longo dos quais há atividades que garantam ao transeunte estímulos visuais e animação, como também a possibilidade de
FIGURA 25 | Mapa de passagens e conexões de pedestres no campus Darcy Ribeiro, IAU e Prefeitura do campus, 1988. Fonte: Ideia de Desenvolvimento Físico Espacial do campus da UnB
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permanência. Como exemplos: comércios, restaurantes ou praças. • Usos diversos e setorização reduzida, criando comunidades de trabalho diversificadas, mas agrupadas e complementares, oferecendo a todos as comodidades necessárias e espaços públicos de encontro. • O sistema viário do projeto possui cruzamentos em T; retas menores que 300 metros para diminuir a velocidade dos carros e melhorar a percepção do pedestre; vias mais estreitas que as existentes no resto do campus e hierarquizadas; diminuição dos percursos ociosos de veículos de transporte público e melhor conexão com o resto da cidade. • Praças planejadas e com até 40 metros de largura circundadas por edifícios com diversos usos, próximo às linhas de transporte público, em locais com maior densidade populacional. As dimensões das praças visam possibilitar a identificação de rostos e audibilidade de chamadas.
FIGURA 26 | Mapa viário da Extremidade Sul do campus, IAU e Prefeitura do campus, 1988. Fonte: Planejamento da Extremidade Sul do campus
O plano não foi implantado. Todo seu projeto, estudo, propostas e preocupações com o espaço urbano e com o pedestre foram descartados, resultando na configuração atual. A morfologia repete as premissas utilizadas no restante do campus, principalmente a dispersão dos edifícios e o rodoviarismo, desconsiderando o caminho do pedestre, a segurança dos espaços, o transporte público, as áreas de encontro, a orientabilidade e causando o desperdício de infraestrutura e aumento das áreas ociosas. A parte Sul do campus continua a ser pouco circulada, pouco ocupada, abriga edifícios administrativos e de manutenção da UnB, alguns edifícios de ensino como o Instituto de Química - IQ, Instituto de Biologia IB, Faculdade de Saúde e Bloco de Salas de Aula Sul - BSAS, e um órgão público relacionado à pesquisa e extensão, a Finatec. O Plano Diretor do campus universitário Darcy Ribeiro de 1998 volta a determinar alguns parâmetros urbanísticos vigentes na década de 1970. Em sua elaboração, contou com a participação da Prefeitura do campus e do Grupo de Trabalho do Plano Diretor Físico, cujo representante do curso de arquitetura e urbanismo da UnB era o professor Frederico Flósculo. Este plano, diferentemente dos demais, é um extenso documento que, além de tratar das questões do campus, aborda outros assuntos considerados importantes. Dentre eles a Constituição de 1988, o PDOT – Plano Diretor de Ordenamento Territorial, o zoneamento urbano/rural de todo o DF, além de algumas questões administrativas e legislativas de sua elaboração.
FIGURA 27 | Mapa de quadras da Extremidade Sul do campus, IAU e Prefeitura do campus, 1988. Fonte: Planejamento da Extremidade Sul do campus
O Plano Diretor de 1998 possui um caráter discursivo, embora a extensão do documento, suas propostas não são facilmente identificadas em mapas ou desenhos. Nesta pesquisa, considerou-se apenas seus últimos capítulos, porque são mais diretos na abordagem das questões urbanas do campus, onde são ilustrados os mapas e tabelas com parâmetros, índices e demais informações sobre o campus. O discurso do início se perde por não ser tratado nos mapas, sendo essa uma das falhas do documento. Na figura 29, é possível ver o zoneamento proposto e algumas das mudanças feitas na expansão do setor sul do campus. O zoneamento é mais rígido que o apresentado em 1988. Existem áreas acadêmicas, de convívio comunitário, de habitação, de manutenção e apoio técnico, de instituições públicas relacionadas à UnB, de preservação e até de convenções e hotelaria. Em relação à expansão sul do campus, o plano elimina algumas das vias internas, tornando as quadras maiores que as propostas pelo IAU na década de 1980. O uso misto e térreo ativo foram descartados, e duas zonas de edifícios acadêmicos da UnB e de órgãos públicos de pesquisa e extensão foram bem demarcadas. Na proposta do IAU esses dois usos seriam próximos e alternados no espaço físico, dinamizando-o e gerando a integração necessária entre os órgãos, além de incluir a moradia estudantil na área mais ao norte do setor sul, estando próxima à Asa Norte e ao restante da universidade. A equipe de trabalho do Plano de 1998 não utilizou essas propostas e limitou as áreas de moradia apenas na Colina e no C.E.U.
FIGURA 28 | Mapa de ocupação das quadras da Extremidade Sul do campus, IAU e Prefeitura do campus, 1988. Fonte: Planejamento da Extremidade Sul do campus
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O plano ainda propõe um grande parque de recreação e lazer na área entre a Colina e os edifícios de garagem e almoxarifado (Figura 30), para o atendimento aos moradores do local e à comunidade acadêmica. Esse
tipo de espaço livre é contrário aquele proposto na Ideia de Desenvolvimento Físico, por ser extremamente grande, sem limites marcados por edifícios circundantes e por constituir uma barreira entre as partes do campus. Ao Norte do campus estariam duas áreas de preservação ambiental, o Arboreto, entre as Avenidas L2 e L4, ao lado do parque Olhos D’água e a Estação Experimental de Biologia, pertencente ao Instituto de Biologia nas margens do Lago Paranoá. A área entre o Arboreto e a Colina seria ocupada por edifícios acadêmicos da universidade, como salas de aula e departamentos. Esses edifícios estariam segregados do restante do campus, pelo parque de recreação e pelas áreas de manutenção e apoio da UnB. Os locais de convívio comunitário foram determinados independentemente de serem convidativos para tal atividade (figura 31). São grandes quadras, sem conexão entre sí, escolhidas por serem espaços ainda vazios, além de serem distantes da circulação de estudantes e da comunidade em geral. A área comunitária mais coerente é aquela do Restaurante Universitário, porém a solução proposta engloba os estacionamentos norte e sul do ICC, tornando-a muito ampla. Em uma tentativa de revitalizar o Centro Olímpico - C.O., foi criada uma área de preservação na margem do lago e proposto um parque de convenções e hotelaria. Nos hotéis ficariam hospedados os visitantes de outros estados e países para competições, convenções, seminários, palestras e eventos sediados na Universidade de Brasília. Além do parque de hotelaria e do Centro Olímpico, no Setor Península encontra-se também a Casa do Estudante Universitário - CEU. Segundo o Plano, o CEU foi originalmente criado para receber atletas em competições esportivas no CO, posteriormente passou a abrigar os estudantes carentes da UnB. Contudo, essa informação contradiz com as informações dos documentos mais antigos, especialmente aquele referente ao plano de 1969/1970, que menciona a criação do CO e do alojamento estudantil distante da área central do campus. O Plano está dividido pelos Setores e estes pelos subsetores (ou quadras). Para cada grande quadra há a especificação dos índices de aproveitamento, área total, gabaritos, afastamentos, quantidade de vagas de estacionamento e demais parâmetros para o local, como pode ser visto nas Figuras 36 e 37. O Plano não faz o planejamento da ocupação, não determinando os locais de implantação dos próximos edifícios a serem construídos. Isso implica na situação atual, de edifícios desconexos e afastados dos locais mais urbanizados do campus. A falta desse tipo de planejamento provoca gastos desnecessários com infraestrutura nos locais não ocupados, sendo essa infraestrutura deficiente e mal projetada; áreas onde faltam usos e serviços essenciais às manutenção das atividades realizadas; áreas vazias e subutilizadas que se tornam perigosas grande parte do dia; grandes bolsões de estacionamentos em volta dos edifícios; baixa densidade populacional, o que dificulta o funcionamento do transporte público e edifícios com suas atividades interiorizadas, por ser mais seguro. Podemos usar como exemplo o Setor Sul do campus, nele os edifícios foram implantados de forma aleatória, sem conexão entre os mesmos e longe do centro ocupado do campus. Os edifícios abrigam apenas uso institucional e no local não há áreas de alimentação e de convívio, os usuários do espaço precisam usar o carro para realizar atividades básicas pois não existem calçadas e a distância com o restante do campus torna o deslocamento a pé impraticável. O mesmo ocorre com outras áreas mais distantes como o Centro Olímpico e o Hospital Veterinário, localizado no Setor Norte do campus e voltado para a Via L4 Norte. O Plano não aborda o transporte público, focando no transporte individual e em seus respectivos estacionamentos. Também não menciona o sistema cicloviário, assuntos que a Agenda 21 determinou como de grande importância na conferência Eco-92, sediada no Rio de Janeiro em 1992. O Plano Diretor Físico do campus Darcy Ribeiro de 1998 pode ser considerado um retrocesso, por dialogar mais com o urbanismo modernista utilizado pelo Ceplan até o final da década de 1970 e romper com a
FIGURAS 29 a 35 | Mapas de zoneamento, quadras e uso dos setores do campus Darcy Ribeiro, Grupo de Trabalho do Plano Diretor Físico, 1998. 17 Fonte: Plano Diretor do campus universitário Darcy Ribeiro
tendência de inovar e pensar alternativas funcionais e eficazes para o deslocamento não motorizado no campus, como havia sido desenvolvido e estudado durante a década de 1980 pelo IAU. O Plano apresenta propostas que dificilmente seriam concretizadas, como o parque de convenções e hotelaria próximo ao CO, pois o orçamento da UnB não é suficiente para construir, reformar e manter os edifícios acadêmicos, que são sua prioridade, a construção e manutenção de hotéis seria inviável. Outro ponto falho é a retomada do zoneamento inflexível, com grandes quadras e grandes distâncias que priorizam o deslocamento motorizado e negligenciam outras formas de locomoção mais sustentáveis. Muitos pontos do Plano não foram utilizados pelo Ceplan e pela Prefeitura do campus para a implantação de novos edifícios e da infraestrutura, o que reforça a impressão de sua ineficiência para a manutenção da Universidade de Brasília. A UnB, desde meados dos anos 2000, recebeu uma série de novos edifícios acadêmicos devido ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), do Governo Federal. Alguns desses novos edifícios foram implantados no Setor Norte do campus, porém, apesar de terem sido implantados com relativa proximidade, esses edifícios não garantem a conexão entre sí e não dialogam com a rua, em muitas partes não existem calçadas, apenas a pista de automóveis. Eles possuem apenas uma função, a acadêmica, o que gera a necessidade de construção de outros edifícios complementares.
FIGURA 36 | Tabela da quadra SS 3, campus Darcy Ribeiro. Fonte: Plano Diretor do campus universitário Darcy Ribeiro
O Setor Norte, assim como o Setor Sul, carece de um desenho urbano mais detalhado, um projeto conciso que englobe todas as questões urbanas que o espaço necessita, como os caminhos de pedestres, o sistema cicloviário, a segurança (especialmente nos períodos noturnos), os cruzamentos e travessias de pedestres, os afastamentos e locais de estacionamento. Também faltam espaços de convívio planejados; apesar de ter sido projetada uma praça de alimentação, o MASC, que não cumpre bem sua função pois as lojas permanecem fechadas já que não há movimento suficiente para o comércio lucrar. Lá os estudantes vão para estudar, já que a falta de movimento proporciona um local silencioso. Durante os finais de semana e no período noturno os setores ficam vazios, além de possuirem grandes bolsões de estacionamento que isolam os edifícios do restante do campus. As problemáticas aqui tratadas são ilustradas nas imagens ao lado. Salvo a área do conjunto dos S.G’s, núcleo inicial do campus, o restante dos edifícios não foram projetados para compor uma unidade local. As edificações, além de distantes entre si, são desconectadas e sua implantação não dialoga com a rua. A forma como o campus se apresenta atualmente é um resultado de planos sem indicações morfológicas claras que pudessem ser utilizadas como regra e instrumento de projeto. O conjunto arquitetônico do campus também é penalizado pelo espaço urbano mal planejado. O campus é um rico complexo de obras dos arquitetos mais importantes do Brasil. Os planos diretores precisam levar em conta essa herança da UnB para aumentar o potencial patrimonial, turistico e educacional que preserva por mais de 50 anos. O cenário atual é de descaso e esquecimento com o patrimônio existênte e de homogeneização dos novos edifícios com projetos carimbo, replicados em todos os campi da UnB.
FIGURA 37 | Tabela da quadra SC 2, campus Darcy Ribeiro. Fonte: Plano Diretor do campus universitário Darcy Ribeiro
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A evolução da ocupação territorial do campus pode ser vista na sequência de mapas a seguir que ilustra o marcante crescimento construtivo entre os anos 1998 e 2016. A linha do tempo foi demarcada pelos anos de publicação dos Planos Diretores da Universidade de Brasília.
39
41
40
FIGURA 38 | Estacionamento ICC Sul. Fonte: Google Maps, 2016.
FIGURA 39 | Foto do Setor Central do campus, ao fundo o edifício FIGURA 40 | Foto do Setor Central do campus, edifício BSA Sul e BSA Sul. Grandes distâncias entre edifícios, áreas vazias e pouca IB. Falta de conexão entre edifícios, falta passeios de pedestres e priorização do automóvel. Fonte: Fotografia feita pela autora, arborização. Fonte: Fotografia feita pela autora, 2016. 2016.
FIGURA 41 | Foto do Setor Central do campus, estacionamento do ICC Sul. Grande bolsão de estacionamento, calçadas estreitas e priorização do automóvel. Fonte: Fotografia feita pela autora, 2016.
43 45
44
FIGURA 43 | Via no Setor Sul do campus. Grande área desocupada FIGURA 44 | Edifício CDT, Setor Sul do campus. Edifício isolado doFIGURA 45 | Setor Sul do campus, edifício CRAD. Edifício e com vegetação nativa, inexistência de calçadas e iluminação restante do campus e rodeado por bolsões de estacionamento.construído em meio ao cerrado, distante da via existente do setor. Fonte: Google Maps, 2016. voltada para a via de carros. Fonte: Google Maps, 2016. Falta de infraestrutura e isolamento. Fonte: Google Maps, 2016.
FIGURA 42 | Setor Sul. Fonte: Google Maps, 2016. 48
49
47
FIGURA 46 | Setor Centro. Fonte: Google Maps, 2016.
FIGURA 47 | Setor Centro do campus. Áreas verdes descuidades e FIGURA 48 | Setor Centro do campus. Espaços ociosos entre FIGURA 49 | MASC Centro. Edifício destinado à lanchonetes e é com linhas de desejo, falta de calçadas e passeios.Fonte: Google edifícios são ocupados por estacionamentos irregulares e não utilizado para atividades compatíveis à sua localização, como por possuem infraestrutura. Fonte: Fotografia feita pela autora, 2016. exemplo estudo e aulas de dança. Fonte: Fotografia feita pela Maps, 2016. Fonte: Fotografia feita pela autora, 2016. autora, 2016.
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A Evolução da Universidade de Brasília
1964
20
1970
21
1975
22
1988
23
1998
24
2016
25
26
o uso do solo Uso do Solo Áreas Livres e Praças Vivacidade e Tranquilidade
DIAGNÓSTICO
o sistema viário Hierarquia Viária Conflitos Viários Cortes Viários Sistema Cicloviário Sistema de Transporte Público Estacionamentos Calçadas e Passeios a ocupação Setorização Cheios e Vazios Gabarito Fachadas Cegas Interesse Turístico e Arquitetônico
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PROBLEMAS E POTENCIALIDADES
SISTEMA VIÁRIO Problemas: O plano não determina a hierarquia viária; Apresenta conflitos entre pedestre/ciclista, pedestre/ carro, ciclista/carro, possui rotatórias mal dimensionadas, problemas de visibilidade e pontos de engarrafamento; Falta de calçadas e passeios; Falta de mobiliário urbano; Falta de acessibilidade; Falta de infraestrutura; Vias super dimencionadas; Sistema cicloviário incompleto; Transporte público ineficiente; Grandes bolsões de estacionamento; Malha viária constituída como uma colcha de retalhos, sem conexão entre as partes e o todo e com ruas sem saída.
Potencialidades: Espaço abundante na caixa viária para implantação de calçadas, ciclovias e infraestrutura. Possibilidade de conexão entre as partes do campus. Possibilidade de traçar uma nova hierarquia viária.
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OCUPAÇÃO
USOS
Problemas:
Problemas:
Muitos espaços ociosos, gerando distanciamentos e locais inseguros; Edifícios implantados de forma desordenada nas quadras, sem considerar o alinhamento das vias; Alto custo de manutenção das áreas verdes e jardins, manutenção ineficiente nos locais mais distantes do campus por falta de verbas. Não há planejamento de expansão previsto nos planos diretores, causando o crescimento desordenado da universidade.
O zoneamento de usos e serviços é rígido e impossibilita a implantação de atividades complementares ao do espaço nas proximidades dos edifícios acadêmicos; Faltam usos e serviços do cotidiano, presente na cidade, no campus; Faltam praças e locais de convívio bem estruturados na universidade;
Potencialidades:
Potencialidades:
Os espaços vazios do campus oferecem áreas de projeção para implantar novos edifícios, suprindo a demanda de espaço construído da UnB. O campus possui visuais para o Lago Paranoá, deixando o contraste entre a arquitetura e a paisagem ainda mais bela. O campus abriga ícones da arquitetura, projetados por alguns dos arquitetos mais importantes do Brasil, dando potencial turístico e patrimonial. Abundância de vegetação e áreas de proteção ambiental com espécies importantes para manutenção da flora e fauna do cerrado. Possui centro urbano e histórico, norteando a ocupação.
Abundância de espaços para implantação de novas praças nas proximidades dos edifícios do campus. Existem áreas de grande movimento e calmaria, proporcionando os mais variados tipos de atividades, como por exemplo áreas de comércio e áreas de estudos. O campus, apesar de setorizar os usos rigidamente, possui uma grande diversidade de equipamentos. A diversidade de equipamentos gera variedade de arquiteturas, dinamizando o ambiente construído.
Dados e estatísticas da Universidade de Brasília
População Cursos Graduação
157
Cursos Norturnos
31
Mestrado
86
Doutorado
66
Crescimento da população e evolução acadêmica
17000
Alunos regulares registrados Graduação
36.372
Residência Médica
350
Mestrado
4.358
Doutorado
3.218
Evolução do número de alunos de mestrado e doutorado com dissertações e teses homologadas de 1976 a 2014. 25000
15000
10000
17195
Diplomados Graduação
4.022
Residência Médica
2
Mestrado
1.228
Doutorado
411
10288
91
Especialização
10
Mestrado
412
Doutorado
2.182
Total
2.695
414
3000 500 0
Corpo Docente Ativo Graduação
3001
5000 25
1980
84 02
1990
2630
2000
2010
4164
2014
Dissertações de mestrado homologadas Teses de doutorado homologadas
arrecadação da FUB com alugueis e assistência estudantil
Corpo Técnico - Administrativo Fundamental Incompleto
64
Fundamental Completo
104
Ensino Médio
662
Ensino Superior
800
Especialização
771
Mestardo
182
Doutorado
40
Total
2.623
Alunos Estrangeiros Regulares Registrados nos Cursos de Graduação África
103
Américas
92
Ásia Continente
38
Europa
50
Oceania
1
Total
284 Dados de 2014.
Fontes: Novo Anuário Estatístico da UnB - Período 2010 a 2014; Anuário Estatístico 2014 (2009 a 2013).
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Sistema Viário
O Plano de 1998 não delimita a hierarquia viária para o campus, o que gera diversos problemas no planejamento, como por exemplo a ineficiência do sistema de transporte público e a má distribuição dos serviços. Contudo, devido as dimensões e importância de cada via, é possível identificar sua hierarquia.
Legenda: Vias Arteriais Vias Principais Vias Secundárias Vias Locais Principais entradas de automóveis Principais entradas de pedestres
Hierarquia viária
Campus Universitário Darcy Ribeiro 30
N
1:15000
Sistema Viário
O sistema viário existente apresenta uma série de conflitos. No Mapa de Conflitos Viários foram pontuados alguns dos problemas gerados pelo sistema atual, mostrando a fragilidade do pedestre e do ciclista no sistema de mobilidade do campus.
Legenda: Conflito pedestre/carro Conflito ciclista/carro Entrada/retorno problemático Rotatória mal dimensionada para ônibus Problema de visibilidade Ponto de engarrafamento
Conflitos viários
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 31
Edifício Pavilhão Anísio Teixeira
Vias Principais
100 metros
Cortes Viários
Campus Universitáio Darcy Ribeiro
32 AFASTAMENTO 40 metros
faixa de passeio 1,4 metros
faixa de trânsito 5,6 metros
faixa de trânsito 5,6 metros
48 metros
faixa de passeio 1,75 metros faixa de mobiliário urbano 1,2 metros
Vias secundárias
AFASTAMENTO 45 metros
Edifício Faculdade de Tecnologia
AFASTAMENTO 12,8 metros
faixa de mobiliário urbano 1,8 metros faixa de passeio 1,5 metros
Estacionamento perpendicular 8,5 metros
faixa de trânsito 3,5 metros
faixa de trânsito 3,5 metros
faixa de passeio 1,35 metros faixa de mobiliário urbano 2 metros
28 metros
ciclovia 2,5 metros
Vias Locais
AFASTAMENTO 12 metros
Edifício SG12
AFASTAMENTO 14 metros
faixa de mobiliário urbano 1 metro
faixa de trânsito 2,6 metros
faixa de trânsito 2,6 metros
faixa de baliza 2,2 metros
AFASTAMENTO 5 metros
Sistema Viário
Edifício SG 10 | Ceplan
Auditório do Departamento de Música
Sistema Viário
Como exemplo de via local foi utilizada a rua entre o SG10 e o SG 12. Nela não há faixas de pedestres e de mobiliário urbano. Muitos carros são encontrados estacionados ao longo dela, porém a via não possui a dimensão apropriada para receber estacionamento.
Foi usada como exemplo de via secundária a rua entre a FT e a região do IdA. Nela há estacionamento perpendicular em uma das margens, duas faixas de trânsito, calçadas e ciclovias. As calçadas são muito estreitas e sem acessibilidade, já a ciclovia é bem arborizada e está em melhores condições, desta forma os pedestres preferem transitar por ela.
Edifício ICC Norte As vias principais possuem uma grande dimensão, porém a generosidade em seu tamanho não reflete em uma melhor distribuição do sistema entre carros e pedestres. As faixas de trânsito são superdimensionadas, enquanto as calçadas possuem largura suficente para apenas uma pessoa andar confortavelmente. Em alguns trechos dessas vias não há ciclovia, que é interrompida abruptamente.
33
Sistema Viário
O Sistema Cicloviário foi implantado a partir de 2012 pelo GDF, em conjunto com as ciclovias de todo Plano Piloto. O Plano de 1998 não prevê ciclovias. Ele apresenta problemas como interrupções, mudanças de margem das vias, cruzamentos mal solucionados, falta de rampas e má iluminação noturna. Também não alcança todas as regiões do campus e não prevê bicicletários e pontos de aluguel de bicicletas.
Legenda: Ciclovias existentes
sistema cicloviário
Campus Universitário Darcy Ribeiro 34
N
1:15000
Sistema Viário
O Sistema de transporte público, outro sistema não mencionado pelo plano vigente, é ineficiente e não alcança uma grande parcela do campus. Além de fazer uma rota pela Via L4 Norte, local onde não há paradas de ônibus, portanto não há a rotatividade necessária de passageiros para gerar demanda e lucro, o resultado são bilhetes mais caros, sucateamento dos ônibus e falta de melhorias na linha.
Legenda: Linha Ônibus 0.110 Alcançe Linha 0.110 Linha Ônibus 110.2 Alcançe Linha 110.2 Outras Linhas de Ônibus Alcançe das linhas Pontos de Ônibus
sistema de transporte público
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 35
Sistema Viário
A existência de estacionamentos no campus acontece desde sua fundação, nos mapas dos antigos Planos Diretores é possível identificar os grandes estacionamentos do ICC. Esse fato mostra como a linha de urbanismo rodoviarista, muito presente no Brasil na década de 1960, ainda é atual e pouco se faz para reverter essa situação. Os estacionamentos regulares do campus Darcy Ribeiro somam em torno de 260 mil m2. Este valor é superior à metragem quadrada de suas projeções construídas, de 240 mil m2. Os estacionamentos são grandes áreas subutilizadas e que abrigam a grande parte dos crimes que acontecem na universidade, são áreas impermeáveis que impedem as chuvas de infiltrarem no solo, aumentam a temperatura local e segregam edifícios dos caminhos dos pedestres.
Legenda: Estacionamentos regulares
estacionamentos
Campus Universitário Darcy Ribeiro 36
N
1:15000
Sistema Viário extensão dos Sistema Sistema
Viário
Quilometragem aproximada
Vias Calçadas e Passeios
14,4 km
Cicloviário
11 km
Calçadas e Passeios*
14 km
Ciclovias Estacionamento da entrada ICC Sul. Fonte: Fotografias da autora.
O levantamento de calçadas utilizado foi o fornecido pelo Ceplan, nele o sistema de calçads e passeios está incompleto, por falta de atualização.
Linhas de ônibus
estacionamentos Setor
Área aproximada
Porcentagem em relação à área total do campus
Norte e Colina
60 mil m2
1,83%
Centro
136 mil m2
4,14%
Sul e C.O.
61 mil m2
1,86%
Total
257 mil m2
7,84%
Foram levantadas as áreas dos estacionamentos regulares do campus, disponíveis nos documentos disponibilizados pelo Ceplan. Os estacionamentos irregulares e não catalogados não foram somados ao total.
0.110
110.2 Principal via do campus, em frente ao Instituto de Artes. Fonte: Fotografias da autora.
São 29 linhas que passam pelo campus e levam a 14 localidades do DF *
*Fonte: http://www.inforbrasilia.com.br/2015/02/como-chegar-na-unb.html || http://unb2.unb.br/servicos/para_a_comunidade/transporte/darcy_ribeiro
Ciclovia em direção à BCE. Fonte: Fotografias da autora. 37
Ocupação
Os maiores Setores do campus (Setor Sul, Centro e Norte) não foram denominados devido suas funções, são organizados pela localização em relação ao Plano Piloto. Já o Setor Colina, C.E.U., Centro Olímpico e Estação Experimental abrigam, cada um, apenas um uso. Os Setores Península e Arboreto são áreas de preservação ambiental.
Legenda: Setor Norte Setor Centro Setor Sul Setor Colina Setor Centro Olímpico Setor Casa do Estudante Setor Península Setor Estação Experimental Setor Arboreto
Setores
Campus Universitário Darcy Ribeiro 38
N
1:15000
Ocupação
O Mapa de Cheios e Vazios evidencia como a ocupação da UnB foi feita de forma espraiada ao longo de alguns eixos principais e também em áreas com pouca infraestrutura urbana.
Cheios e vazios
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 39
Ocupação
O gabarito predominante do campus é de 1 a 2 pavimentos. A Colina é a região onde se encontram os edifícios mais altos, com 6 pavimentos sobre pilotis. A predominâcia de gabaritos baixos nos edifícios mais antigos do campus, criou a necessidade de construção de edifícios anexos e edifícios de salas de aula, devido o crescimento da universidade nos últimos 20 anos, acarretando o aumentando da demanda por espaços construídos. O Plano vigente não disponibiliza o mapa de gabaritos do campus, apenas tabelas onde o gabarito máximo é definido para cada quadra.
Legenda: 1 Pavimento 2 Pavimentos 3 Pavimentos 4 Pavimentos De 5 a 6 Pavimentos
Gabaritos
Campus Universitário Darcy Ribeiro 40
N
1:15000
Ocupação
O campus Darcy Ribeiro possui a predominância de edifícios modernistas, herança trazida dos arquitetos Oscar Niemeyer, Lelé, entre outros responsáveis pela arquitetura no início da universidade. Essa rica herança arquitetônica gera um ponto negativo para o espaço público, as fachadas cegas. Essa forma de fechamento dos edifícios é prejudicial à segurança da rua por distanciar aqueles que estão no interior e no exterior do prédio, impossibilitando os olhos das ruas e a vigilância informal do espaço público. São contabilizados em torno de 6,7 Km lineares de fachadas cegas no campus Darcy Ribeiro, aproximadamente 23% de todas as fachadas.
Legenda: Fachadas cegas Fachadas com aberturas acima de 2 metros de altura
edifícios com Fachadas cegas
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 41
Ocupação
Legenda: Arquiteturas históricas da UnB
Locais de interesse turístico
Campus Universitário Darcy Ribeiro
42
N
1:15000
Ocupação Áreas de ocupação Local
Área aproximada
Estacionamentos
Estação Experimental do Instituto de Biologia
210 mil m2
6,43%
Setor Arboreto
248 mil m2
7,59%
Setor Península
520 mil m2
15,88%
Projeção
242 mil m2
7,38%
Estacionamentos
257 mil m2
7,84%
124,5 mil m2
3,8%
Vias
Áreas de proteçã o ambiental
Porcentagem em relação a área total
Projeções Áreas livres e Jardins
Edifício Memorial Darcy Ribeiro - O Beijodromo. Edifício de interesse turístico, projeto do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé. Fonte: www.panoramio.com/photo/121973832 (2016).
Vias
exemplos de Edifícios Históricos e de Interesse turístico Áreas verdes e livres
1674 mil m2
51,08%
Fachadas Metros lineares de fachadas
Porcentagem
Fachadas com aberturas
22098 m
77%
Fachadas cegas
6691 m
23%
Total
28789 m
100%
Tipo
O levantamento de calçadas utilizado foi o fornecido pelo Ceplan, nele o sistema de calçads e passeios está incompleto, por falta de atualização.
OCA 2 e quadra de esportes | Construído em 1961. Projeto de Sérgio Rodrigues. (edifício) Faculdade de Educação | Construído em 1962 Projeto de Alcides da Rocha Miranda e Luiz Humberto Martins. Ceplan e Complexo dos SGs | Contruído em 1963. Projeto de Oscar Niemeyer e Lelé. Instituto Central de Ciências | Conclusão da construção em 1972. Projeto de Oscar Niemeyer com colaboração de Lelé. Biblioteca Central dos Estudantes | Construída em 1972. Projeto de José Galbinski. Reitoria | Construído em 1975. Projeto de Paulo de Mello Zimbres. Restaurante Universitário | Construído em 1975. Projeto de José Galbinski. Beijódromo | Construído em 2010. Projeto de Lelé.
Edifício I.Q. - Instituto de Química. Fachada de Cobogós. Fonte: www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/192/instituto-de-quimica-vazios-e-vazados-163516-1.aspx (2016).
Edifício IPOL/IREL, fachadas cegas e desconexão com o entorno. Fonte:imguol.com/c/entretenimento/2013/10/29/o-melhor-da-arquitetura-2013---categoria-escolas-e-universidades-unidade-de-ensino-e-docencia---ceplan-unb-centro-de-planejamento-da-universidade-de-brasilia-um-dos-destaques-1383065574423/ (2016).
43
Usos
A setorização de usos no campus não é flexível e distancia as atividades complementares ao Uso Institucional dos locais onde há grande concentração de pessoas na região. Comércios irregulares, como quiosques e ambulantes, fazem parte do cotidiano da UnB, aproximando a alimentação, pequenas lojas e fotocópias das salas de aula, salas de professores, laboratórios, secretarias e anfiteatros. O comércio informal supre a demanda gerada a partir do zoneamento de usos mal distribuído, muito rígido, baseado na dinâmica do automóvel e ultrapassado. Como pode-se ver no mapa ao lado.
Legenda: Residencial Comercial Misto Institucional Administrativo Institucional Ensino Institucional Serviços
Uso do solo
Campus Universitário Darcy Ribeiro 44
N
1:15000
Usos
No campus não há previsão para praças e áreas de convivência no espaço público, com excessão da Praça Maior. Contudo essa praça não possui caráter de agregar pessoas, possui um valor monumental e de apreciação da paisagem. Os locais marcados nesse mapa são espaços de convivência informais, criados pelos usuários dos espaços adjacente a eles. Em sua maioria, esses locais não oferecem uma estrutura agradável e convidativa para a longa permanência. Também não há locais de convívio no espaço público nas áreas distantes do centro do campus, as pessoas escolhem permanecer no interior dos edifícios pois eles são mais interessantes que o espaço externo.
Legenda: Áreas de Preservação Estação Experimental Centro Olímpico Locais de convivência Áreas não ocupadas Edifícios
Áreas Livres e praças
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 45
ICC Sul
Usos
BSA Sul
Áreas de usos MASC Sul Porcentagem em relação aos usos
Residencial
15 mil m2
5,74%
Institucional Administrativo
21 mil m2
8,14%
Institucional Educacional
146,7 mil m2
56,39%
Institucional Serviços
66,4 mil m2
25,52%
Misto
6,4 mil m2
2,46%
Comercial
4,5 mil m2
1,72%
Mis to Co me rcia l Res ide nci al
Institucional Serviços
Ins t Ad itucio min nal istr ativ o
Área aproximada
Uso
Edificios de uso educacional (Instituto de Biologia, ICC e Bloco de Sala de Aula); Edifício de uso comercial (MASC Sul).
IB
Edifício de uso Institucional Educacional / Serviços, Memorial Darcy Ribeiro. Colina
Almoxarifado
Pavilhões Institucional Educacional
46
Edifícios de uso educacional (Pavilhões e Blocos de Sala de Aula); edifícios de uso de serviços (Almoxarifado, Centro Comunitário e Garagem); Edifícios residenciais (Colina)
Centro comunitário
Mapas Axiais
Mapa Axial de Integração Global Eixos Vermelhos - mais conectados Eixos Azuis Escuro - menos conectados
Mapa Axial de Escolhas Eixos Vermelhos - maior possibilidade de escolher esse caminho Eixos Azuis Escuro - menos possibilidade de se passar pelo caminho
47
Metodologia A partir da analise da situação atual do campus, apresentada do capítulo anterior, foi possível identificar as problemáticas e pontuar nos mapas suas fragilidades. Essas fragilidades foram o ponto de partida para gerar a proposta, apresentada no seguinte capítulo pela ordem cronológica de estudo e intervenção. Para iniciar a proposta foram traçados os futuros eixos viários, prolongando as vias interrompidas, reconectando vias “cul-de-sacs” com as perpendiculares a elas, traçando eixos nos locais não ocupados do campus e aumentando o número de conexões com as vias L3 e L4. O mapa axial da proposta mostrou os trechos mais conectados e, a partir das informações coletadas, foi demarcada a hierarquia viária. A hierarquia, inexistente nos planos diretores antigos, foi a base de escolha das vias que receberiam o sistema de transporte público, também foi o fator de escolha para onde estariam as ciclovias e posteriormente para a definição dos usos das novas quadras. A malha viária foi dimensionada para gerar quadras menores do que as existentes no campus, facilitando os percusos e caminhada dos pedestres. Foram as vias que delimitaram a nova ocupação e as novas parcelas. Por último foram pontuados os usos, tendo como base a hierarquia viária.
46
Plano para a ocupação Setores Planejamento de Ocupação Ocupação do Solo Gabarito Locais de Interesse Turístico Medidas e Recomendações para a Ocupação Plano para o uso do solo Uso do Solo Praças Medidas e Recomendações para o Uso do Solo Comparativos
PROPOSTA
Plano para o sistema viário Novos Eixos Viários Nova Hierarquia Viária Sistema Cicloviário Sistema de Transporte Público Estacionamentos Calçadas e Passeios Cortes Viários Medidas e Recomendações para o Sistema Viário
47
Sistema Viário
O N
ES
UB
CL
SE
TO
R
D
E
RT
E
ASA NORTE
Novos eixos viários foram traçados, dando continuidade a malha existente que atualmente possui muitas interrupções e vias sem saída. Nenhuma via existente foi removida, foram apenas traçados novos eixos que complementam e integram partes do campus antes segregadas. A malha viária proposta é regular e prioriza os cruzamentos em cruz, por ser uma configuração de fácil leitura para o transeúnte, além de ser mais eficiente para a infraestrutura urbana e para o sistema de transporte público.BAIRRO LAGO NORTE Foram criadas vias de pedestres nas quadras de grandes dimensões com o intuito de reduzir a distância de caminhada do pedestre, além de priorizar esse modo de locomoção.
Legenda: Eixos de vias existentes Eixos de vias propostas Eixos de vias de pedestres Projeção edifícios
eixos viários
LAGO PARANOÁ 48
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000
Sistema Viário
O N
ES
UB
CL
SE
TO
R
D
E
RT
E
ASA NORTE
Para a Hierarquia Viária foram criadas quatro categorias de vias. As Vias Arteriais e Vias Coletoras são aquelas externas ao campus; são elas as Vias L2, L3 e L4, e as vias que fazem a conexão entre elas. As vias internas do campus foram separadas por importância e grau de conexão, dados fornecidos a partir dos mapas axiais gerados a partir dos novos eixos. A partir da hierarquia viária foram propostos os usos BAIRRO LAGO de cada quadra e foram traçados os NORTE corredores de ônibus e o planejamento de ocupação.
Legenda: Vias arteriais Vias conectoras Vias principais Vias secundárias Vias locais Vias de pedestres
Hierarquia viária
LAGO PARANOÁ
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 49
Sistema Viário
O N
ES
UB
CL
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R
D
E
RT
E
ASA NORTE
O sistema cicloviário foi traçado a partir da malha existente, completando as áreas do campus onde havia demanda. Elas encontram-se nas vias Principais, Secundárias, de Pedestres e ao longo das Arteriais e Conectoras. Como recomendação, o Plano aponta os locais onde poderão ser instalados pontos de aluguel de bicicletas, complementando o sistema. Esses BAIRRO LAGO NORTE pontos encontram-se nas entradas dos principais edifícios da UnB e também distanciados em 500 metros, alcançando todas as áreas do campus.
Legenda: Pontos de aluguel de bicicletas Ciclovias propostas: 30.684 m Ciclovias existentes: 11.070 m Total: 41.754 m
sistema cicloviário
LAGO PARANOÁ
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
50
1:15000
Sistema Viário ASA NORTE
As rotas de ônibus foram traçadas a partir da Hierarquia Viária, sendo colocadas nas Vias Principais e Secundárias, diminuindo as distâncias entre corredores e aumentando o raio de alcançe do sistema. A distância entre corredores é de até 400 metros, sendo que o raio de alcançe dos ônibus é de 300 metros, o que proporciona ampla cobertura de transporte público no campus. O Plano também recomenda onde os pontos de ônibus deverão ser colocados e as distâncias entre eles. Nesse mapa encontra-se também a variação de velocidade da Via L4 Norte. Sua velocidade foi reduzida de 80 Km/h para 60 km/h em sua extensão ao longo do campus e para 50 Km/h para o trecho em frente ao Centro Olímpico UnB,NORTE aumentando a BAIRRO da LAGO segurança na travessia da Via L4 pelos pedestres.
Legenda: Pontos de ônibus Rota dos ônibus Alcançe das rotas de ônibus Velocidade 50 km/h Velocidade 60 km/h Velocidade 80 km/h
SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO E Velocidades DA via L4 norte LAGO PARANOÁ
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 51
Sistema Viário
CL
SE
TO UB R D E ES N O RT
E
ASA NORTE
Diferentemente da situação atual do campus, todas as vias de automóveis deverão conter calçadas em suas margens. A calçadas coloridas no mapa englobam as faixas de passeio, faixas de mobiliário urbano e arborização, ciclofaixas e os afastamentos.
Legenda: Calçadas Passeios
calçadas e passeios
LAGO PARANOÁ 52
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000
Sistema Viário
O N
ES
UB
CL
SE
TO
R
D
E
RT
E
ASA NORTE
A proposta para o plano remove os atuais bolsões de estacionamento do campus Darcy Ribeiro, substituindoos por vagas paralelas ao longo das vias, contabilizando aproximadamente 125 mil m2 de estacionamentos, quase metade da área atual de vagas. Desta forma, as áreas que são subutilizadas e apresentam os maiores índices de insegurança e violência da região, puderam ser designadas para futuras ocupações, praças ou áreas verde. O intuito do Plano é diminuir a oferta de vagas, reduzindo a quantidade de automóveis no campus. Essas medidas podem ser tomadas a partir da melhora do transporte público e cicloviário da região, assim como com a inclusão de novos usos e moradias no território universitário.
Legenda: Áreas de estacionamentos
estacionamentos
LAGO PARANOÁ
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 53
54
AFASTAMENTO De 3 a 8 metros
ciclofaixa 3 metros faixa de mobiliário urbano Mínimo de 1 metro faixa de passeio Mínimo de 3,5 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2,8 metros
faixa de baliza e baia de ônibus 2,30 metros
faixa de trânsito 3,3 metros
faixa de trânsito 3 metros
faixa de trânsito 3 metros
faixa de trânsito 3,3 metros
faixa de baliza e baia de ônibus 2,30 metros
ciclofaixa 3 metros faixa de mobiliário urbano Mínimo de 1 metro faixa de passeio Mínimo de 3,5 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2,8 metros
faixa de baliza e baia de ônibus 2,30 metros
faixa de trânsito 3,3 metros
Afastamentos garantem a privacidade do edifício e podem abrigar jardins e até áreas para bicicletários.
faixa de trânsito 3,3 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2,8 metros
Edifício SG1
Instituto Artes Via Principal em frente aodeIDA 28 metros
faixa de passeio Mínimo de 3,5 metros
As Vias Principais do campus Darcy Ribeiro possuirão os parâmetros ilustrados ao lado, com dimensões mínimas e máximas para larguras de faixas de trânsito, de mobiliário urbano, estacionamentos paralelos a via, calçadas, ciclofaixas e afastamentos. Para os trechos onde não poderão ser implantados esses parâmetros, existirão adaptações, como acontece no exemplo a baixo para a região em frente ao SG1. Nas Vias Principais estarão os corredores de transporte público e a maior parte do comércio e serviços do campus. Suas dimensões foram adaptadas para receber o maior fluxo de pessoas, ciclistas e veículos que seus usos proporcionam.
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2,8 metros
34 metros
faixa de baliza e baia de ônibus 2,30 metros
Vias Principais
faixa de passeio Mínimo de 3,5 metros
AFASTAMENTO De 3 a 8 metros
Sistema Viário
Edifício Centro de convivência Banco do Brasil
As faixas de estacionamento tornam-se as baias de ônibus nos locais onde há pontos de parada do transporte público.
As faixas de mobiliário urbano recebem abrigos e paradas de ônibus, dessa forma são mais largas do que as de outras vias.
As faixas de trânsito do lado direito são mais largas para o trafego de ônibus.
Ciclofaixas e calçadas mais largas para receber o maior fluxo gerado pelos usos e pelo transporte público.
AFASTAMENTO De 3 a 8 metros
Vias secundárias 24 metros
AFASTAMENTO De 3 a 8 metros
faixa de passeio Mínimo de 3 metros
ciclofaixa Mínimo de 3 metros faixa de mobiliário urbano Mínimo de 1,6 metros faixa de passeio Mínimo de 3 metros
faixa de baliza 2,25 metros
faixa de trânsito 2,7 metros faixa de baliza 2,25 metros faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2 metros
faixa de trânsito 3 metros
faixa de trânsito 2,7 metros
faixa de trânsito 3 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2 metros faixa de baliza 2,25 metros
faixa de passeio Mínimo de 3 metros
faixa de passeio Mínimo de 3 metros faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2 metros faixa de baliza 2,25 metros
As Vias secundárias possuem mais movimento do que as Vias Locais, nelas as faixas de trânsito são de 3 metros, porém não possuem corredores de transporte público. Devido o maior movimento de carros, essas vias possuem ciclofaixas, garantindo a segurança do ciclista. Nas Vias Locais não haverá ciclofaixas, o trafego será compartilhado entre veículos e bicicletas devido ao pouco movimento que recebem. Também por esse motivo, não são corredores de transporte público e as faixas de trânsito possuem até 2,7 metros de largura, para diminuir a velocidade dos carros.
AFASTAMENTO De 3 a 8 metros
AFASTAMENTO De 3 a 8 metros
Sistema Viário
Vias Locais 20 metros
Cortes Viários
Campus Universitáio Darcy Ribeiro 55
AFASTAMENTO De 3 a 8 metros
faixa de passeio Mínimo de 3 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 1,5 metros
ciclofaixa Mínimo de 3 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 1,5 metros
faixa de passeio Mínimo de 3 metros
Vias de pedestres 12 metros
AFASTAMENTO De 3 a 8 metros
Sistema Viário
AFASTAMENTO
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 1,5 metros ciclofaixa Mínimo de 3,5 metros
caminhos de pedestres entre L2 e L3 Norte Mínimo de 10 metros
faixa de passeio Mínimo de 5 metros
Terrenos das quadras 600
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 5 metros
As Vias de Pedestres possuirão ciclofaixa, calçadas e faixas de mobiliário com as dimensões ilustradas ao lado. Não terão trafego de veículos, apenas de pessoas e bicicletas. As principais passagens de pedestres entre as vias L2 e L3 Norte precisam ser repensadas pois são locais sem iluminação noturna, sem ciclovias, sem contato com os edifícios ao lado e são nelas onde acontecem grande parte dos assaltos e crimes contra os pedestres da região. Ao plano foram incluídas essas passagens, que deverão receber ciclovias, uma generosa calçada, arborização e iluminação, além de mobiliário urbano que promova a permanência e apoio aos que alí transitam. Os edifícios existentes nas quadras 600 não poderão ter muros e cercas fechadas para o passeio, precisarão aumentar a permeabilidade desses fechamentos. Os edifícios que serão construídos futuramente serão incentivados a ter frentes para a passagem, com comércios e serviços que atendam ao fluxo de transeúntes, ou mesmo com janelas e portas, promovendo os olhos da rua* e aumentando a segurança.
Ciclovias e passeios com arborização e iluminação Área
de descanso permanência
e
Terrenos das quadras 600
* “Olhos da rua” é uma expressão criada pela jornalista Jane Jacobs em seu livro de 1960 “Morte e Vida de Grandes Cidades”, para descrever os edifícios que dialogam com a calçada e criam uma maior segurança para 56 que nela transitam. aqueles
faixa de passeio Mínimo de 3 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2 metros ciclofaixa Mínimo de 2,5 metros faixa de mobiliário urbano Mínimo de 1 metro
faixa de trânsito 3,3 metros
faixa de trânsito 3 metros
Via L3 Norte Aproximadamente 49 metros
AFASTAMENTO 5 metros
faixa de passeio Mínimo de 3,5 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 1 metros
ciclofaixa Mínimo de 3,5 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2,5 metros
faixa de trânsito 3 metros
faixa de trânsito 3,3 metros
faixa de trânsito 3,3 metros
Faixa de mobiliário do Canteiro central 5,5 metros
camteiro central 14 metros do Estacionamento
Faixa de mobiliário do Canteiro central 5,5 metros
faixa de trânsito 3 metros
faixa de trânsito 3,3 metros
faixa de trânsito 3,3 metros
faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2 metros
ciclofaixa Mínimo de 3,5 metros
faixa de passeio Mínimo de 5 metros
AFASTAMENTO 20 metros
Edifícios do campus darcy ribeiro
Na Via L4 Norte foi adicionado um afastamento de 20 metros dos edifícios do campus até a faixa de trânsito, essa área deverá ser ajardinada e conter calçada e ciclovia. O afastamento foi proposto para diminuir o ruído causado pelos carros transitando na via, já que foram adicionadas áreas de ocupação próximas a ela. As faixas de trânsito tiveram sua largura reduzida, para diminuir a velocidade dos carros. No canteiro central se manteve o estacionamento que atende ao Setor de Clubes Norte, porém suas dimensões foram reduzidas, assim como as do próprio canteiro central. Na margem da via do Setor de Clubes foram adicionadas calçadas, ciclovia e faixas de mobiliário urbano, atualmente inexistentes.
As vias L3 e L4 Norte também tiveram suas caixas viárias alteradas, tornando-as mais convidativas ao pedestre. Na Via L3 foram adicionadas calçadas nas duas margens das vias (no lado das 600 e do campus), o que não acontece em diversos trechos da via. Também foram adicionadas ciclovias e faixas de mobiliário urbano nas duas margens. As dimensões das faixas de trânsito foram redefinidas, atualmente possuem em média 3,8 metros de largura. Essa dimensão possibilita as altas velocidades dos automóveis praticadas alí. Para aumentar a segurança dos pedestres que atravessam a pista, o estreitamento de sua faixas se faz necessário por reduzir a velocidade alcançada pelos carros.
Edifícios campus Darcy ribeiro
faixa de trânsito 3 metros
Canteiro central Mínimo de 14 metros
faixa de trânsito 3 metros
faixa de trânsito 3 metros
faixa de trânsito 3,3 metros
ciclofaixa Mínimo de 2,5 metros faixa de mobiliário urbano Mínimo de 2 metros
Terrenos das quadras 600
faixa de passeio Mínimo de 2,75 metros
Sistema Viário
Setor de Clubes Norte
Via L4 Norte Aproximadamente 90 metros
57
Medidas e recomendações para o Sistema Viário
Parâmetros Sistema Viário Dimensão Dimensão Mínima Máxima
Prioridade nas vias Caixa viária
20 metros
34 metros
Todas as vias.
2,5 metros 3,5 metros
Concreto pigmentado moldado in loco.
Vias Principais e Secundárias.
Faixas de mobiliário
1 metro
- Piso: Blocos de concreto intertravado de cor diferente ao do passeio; Todas as vias. - Arborização: vegetação e jardins de chuva para potencializar a drenagem.
Faixa de rolamento
2,7 metros 3,3 metros
Ciclovias (mão dupla)
5 metros
3 metros
Estacionamento e 2,2 metros 2,5 metros recuo do ônibus
58
Localização
- Blocos de concreto intertravado - Piso podotátil.
Faixas de passeio 3 metros
Hierarquia viária definida
Material
- Asfalto .
Todas as vias, exceto vias de pedestres.
Paralelo à calçada em - Bloco concregrama (com abertura todas as vias, exceto para drenagem da chuva). vias de pedestres.
Caminho do pedestre
Cruzamento de Vias principais
Caminho do ciclista
Caminho do transporte público
O cruzamento das vias deve ser feito priorizando o pedestre e o ciclista, promovendo o máximo de segurança, conforto e menores distâncias de caminhada.
59
Ocupação
O N
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ASA NORTE
Ao conjunto de setores existentes foi adicionado o Setor Colina Norte, nele possuem quadras de uso misto, além do uso residencial. A setorização proposta se baseia na feita pelo Ceplan. Os setores não são marcados pelos principais usos de cada local, sim pela localização em relação ao Plano Piloto. Os Setores Arboreto e Península são áreas protegidas ambientalmente e abrigarão parques abertos ao público. Os Setores Centro Olímpico e Estação Experimental são regiões especiais utilizadas pela Faculdade de Educação Física e pelo Instituto de Biologia, respectivamente. Mudanças e planos para as áreas deverão ser feitos por grupos de trabalho estratégicos devido às especificidades de cada área.
Legenda: Setor Norte Setor Centro Setor Sul Setor Colina Setor Colina Norte Setor Centro Olímpico Setor Península Setor Estação Experimental Setor Arboreto
Setores
LAGO PARANOÁ 60
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000
Ocupação
O N
ES
UB
CL
SE
TO
R
D
E
RT
E
ASA NORTE
O planejamento da ocupação foi pensado de forma a concentrar e planejar a expansão da universidade em locais definidos de acordo com o curto, médio e longo prazo, dessa forma evita-se gerar a construção desordenada de edifícios isolados e distantes dos centros ocupados, não havendo a necessidade de construção de infraestrutura urbana em áreas não ocupadas do campus, locais onde faltam usos e serviços complementares e muito necessários para quem utiliza o espaço. O campus pode ser ocupado gradualmente, evitando o espraiamento urbano; reduzindo as áreas subutilizadas; diminuindo desperdícios com infraestrutura; diminuindo a quantidade de veículos no local pela aproximação de diversos usos; melhorando a segurança pela diminuição de áreas LAGO vazias; tornando o sistema deNORTE transporte público mais eficiente e reduzindo as distâncias de caminhada. O plano traz a presente proposta pois nunca houve a preocupação com o planejamento da ocupação do território da UnB, levando ao caótico cenário atual.
Legenda: Planejamento em curto prazo Planejamento em médio prazo Planejemento em longo prazo
planejamento de ocupaçÃO LAGO PARANOÁ
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 61
Ocupação
O N
ES
UB
CL
SE
TO
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RT
E
ASA NORTE
A ocupação foi pensada a partir dos novos eixos viários, eles formaram novas quadras que possuem em média 160 x 160 metros de largura. As quadras em cinza são aquelas onde haverá ocupação. Essas novas quadras representam um aumento de 75% na área de projeção dos edifícios do campus, totalizando aproximadamente 660 mil m2 de projeções. As áreas marcadas como Parques e Áreas de Proteção já são regiões do campus protegidas ambientalmente. Contudo, é indicado que essas áreas se tornem efetivamente abertos à visitação, tendo como referência o Parque Olhos D’água, (localizado na 413/414 Norte). Dessa forma o campus ganha novas áreas de lazer e locais onde podem acontecer aulas, atividades e práticas para população sobre proteção ambiental, ecologia e cerrado. Os locais marcados no mapa como Áreas Verdes são aqueles que não serão ocupados por edifícios e estacionamentos. São partes do campus onde existem os afastamentos dos edifícios já existentes, valorizando e ressaltando sua arquitetura; áreas de afastamento que não serão ocupadas às margens da via L4; e também as áreas no Centro Olímpico onde BAIRRO LAGO NORTE a ocupação deverá ser feita de forma especial, com os estudos necessários para um plano de ocupação adequado a especificidade da área.
Legenda: Projeção edifícios existentes Novas quadras Praças Áreas verdes Parques e áreas de proteção
Ocupação
LAGO PARANOÁ 62
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000
Ocupação
O N
ES
UB
CL
SE
TO
R
D
E
RT
E
ASA NORTE
Os gabaritos dos edifícios foram proposto a partir da topografia do terreno e também pela predominância dos gabaritos dos edifícios existentes em algumas áreas. A Colina apresenta o maior gabarito, até 6 pavimentos, nessa região estão os edifícios de moradia estudantil e docente (ver mapa de usos do solo). As alturas dos edifícios foram escalonadas, mais próximos da L3 estão os edifícios mais altos, mais próximos da L4 os de menor gabarito. Dessa forma as visuais do Lago Paranoá são garantidas em diversos pontos do campus. Atualmente no campus Darcy Ribeiro a predominância dos gabaritos é de 2 pavimentos. No Plano foram permitidas edificações de maior altura, densificando BAIRRO LAGO NORTE e aproveitando melhor a infraestrutura urbana do espaço, porém sem causar grandes impactos na paisagem.
Legenda: 1 pavimento 2 pavimentos 3 pavimentos 4 pavimentos De 5 a 6 pavimentos
Gabaritos
LAGO PARANOÁ
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 63
Ocupação
Nenhum Plano Diretor do campus exaltou a arquitetura histórica da Universidade de Brasília. Este espaço possui potencial turístico pelas obras que abriga, contudo, seu desenho urbano distancia esses edifícios, possui uma baixa topoceptividade e torna os caminhos pouco atrativos. Esta proposta marca um Passeio Arquitetônico pelos edifícios mais conhecidos da UnB. O novo Sistema Viário e de Ocupação diminui as áreas subutilizadas neste percurso, prioriza o pedestre e o ciclista e facilita o entendimento do espaço urbano, por aumentar a legibilidade ao criar uma malha viária regular. Também é interessante incentivar turismo ecológico e esportivo. As áreas de preservação ambiental já existentes podem se tornar parques abertos ao público, aos moldes do Parque Olhos D’água, localizado ao lado do Arboreto da UnB. O Parque Península pode receber o público para atividades recreativas e ecológicas, por estar localizado na margem do Lago Paranoá e por abrigar espécies importantes da flora do cerrado. O Centro Olímpico é o Centro de Excelência em Saltos Ornamentais do Brasil, além disso, pode abrigar competições esportivas de diversas modalidades e promover eventos para a comunidade do DF.
Legenda: Arquiteturas históricas da UnB Passeio Arquitetônico Parques de preservação ambiental Esportes e entreterimento
Locais de interesse turístico
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
64
1:15000
Medidas e recomendações para a ocupação
Taxas e valores de coupação
Afastamentos
Taxas de ocupação
Estacionamentos
Gabaritos
- Afastamentos de até 8 metros. - Edifícios que contenham auditórios, grandes salas de aula e de reunião poderão conter afastamentos superiores para abrigar o contigente de pessoas nos momentos de entrada e saída. - Edifícios de uma mesma quadra manterão afastamentos iguais para gerar o alinhamento e legibilidade.
Faculdade de Educação
- Quadras poderão ser até 60% ocupadas. - Os espaços livres das quadras poderão ser pátios internos, jardins e áreas de encontro. - Os estacionamentos do campus deverão ser minimizados, priorizando vagas de PNE e idosos, reduzindo a quantidade de carros e de áreas subutilizadas e perigosas. Faculdade - Estes estacionamentos estarão ao longo das vias, paralelos à de Saúde ela. Foram retirados os bolsões de estacionamento. - O campus pode contar com parquímetros para gerar arrecadação com os estacionamentos e aumentar a rotatividade das vagas. - O gabarito das quadras é escalonado em relação à proximidade do Lago Paranoá e também relacionado às alturas dos edifícios existentes nos locais. - Na Colina estão aqueles de maior gabarito, 6 pavimentos sobre pilotis. Nas quadras próximas à L4 estão dos de menor gabarito, com até 2 pavimentos.
Faculdade de Tecnologia
Colina Antiga
Complexo IdA
Restaurante Universitário
Faculdade de Direito
ICC
Instituto de Química e Biologia Reitoria e Biblioteca
Praça Maior
Memorial Darcy Rota Turística Ribeiro É recomendado que ao logo da rota exista sinalização diferenciada para guiar quem estiver fazendo o passeio.
Exemplos de Ocupação e tipo edilício Afastamento em relação à calçada
O Plano delimita as quadras, nelas as projeções devem respeitar os afastamentos, gabaritos e taxas de ocupação determinados. Diversos tipos edílícios são possíveis, flexibilizando a ocupação das quadras, porém havendo diálogo entre edifícios e legibilidade para o pedestre.
Edifícios paralelos à calçada
Edifícios alinhados
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Uso do Solo
O N
ES
UB
CL
SE
TO
R
D
E
RT
E
ASA NORTE
O Uso do Solo também foi definido a partir da hierarquia viária. Ao longo das Vias Principais estarão os edificios de uso misto, onde serão abrigados edifícios de uso acadêmico e também usos e serviços complementares a universidade. Nessas quadras também será recomendada a inclusão de atividades não relacionados à UnB, para promover e aumentar as trocas e o diálogo entre o campus e o resto da cidade. Nas vias de menor fluxo estão os edifícios majoritariamente institucionais e de moradia. Na ponta norte do campus foi proposta uma área para construção de habitações unifamiliares, para construção de moradia de professores e de alunos, como repúblicas estudantis. Esses lotes possuem em média 600 m2. As novas quadras residenciais do campus marcadas como de uso misto BAIRRO poderãoLAGO conterNORTE comércio de pequeno porte e áreas de convivência em seu térreo, complementando o dia-a-dia no campus de quem alí mora.
Legenda: Residencial Comercial Misto Misto habitacional Institucional
uso do solo
LAGO PARANOÁ 66
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000
Uso do Solo
CL
SE
TO UB R D E ES N O RT
E
ASA NORTE
O campus Darcy Ribeiro, apesar de oferecer muitos espaços verdes e livres, não possui locais de encontro convidativos e bem definidos em seu espaço urbano. Para o presente trabalho foram propostas praças em locais que possuem potencial para a frequente utilização. Para a escolha da localização foram consideradas as praças já existentes no campus, melhorando a configuração de seu entorno por incentivar o BAIRRO LAGO NORTE fechamento das visuais pelos edifícios, delimitando os espaços livres e fechados, por definir a hierarquia das vias e por aumentar o alcançe do transporte público. Além de propor praças nos locais já existentes, foram pontuadas algumas em áreas ainda não ocupadas do campus. Essas praças estão distanciadas em no máximo 400 metros, sendo possível em qualquer local do campus alcançar uma em menos de 6 minutos.
Legenda: Projeção edifícios existentes Praças
Praças
LAGO PARANOÁ
Campus Universitário Darcy Ribeiro N
1:15000 67
Medidas e recomendações para o uso do solo Uso Comercial
ResidÊncias no campus
2%
Uso Misto Residencial
É importante para a vida acadêmica a inserção de moradia docente e discente no campus universitário. Foram propostas novas parcelas e projeções de moradias para amplificar a oferta, esta que não cresce há mais de 20 anos. O aluguel de apartamentos funcionais é uma boa fonte de arrecadação para a UnB; amplifica a possibilidade do aluno morar próximo ao local de estudo por oferecer alugueis mais competitivos comparados com o preço do mercado imobiliário brasiliense, assim alunos com menor renda podem morar próximo à UnB; amplia a vitalidade do campus durante os horários não comerciais e nos finais de semana, intensificando a segurança do espaço público; diminui o contingente de automóveis na universidade por possibilitar a circulação a pé e de bicicleta de uma grande parcela dos usuários do espaço; e aumenta a densidade populacional, favorecendo o transporte público.
8%
Uso Institucional 51%
Uso Misto 36%
Uso misto Uso Residencial 3%
Uso Misto
Uso Institucional
Uso Residencial
Uso Misto Residencial
Edifícios de uso misto beneficiam o ambiente urbano por aproximar usos e serviços complementares e do cotidiano; encurtando os caminhos dos pedestres e incentivando esse meio de locomoção; e aumentando a vitalidade das calçadas por reduzir a necesidade do uso do automóvel em deslocamentos corriqueiros. Na proposta foram demarcados dois tipos de parcelas de uso misto, as Uso Misto e Uso Misto Residencial. A primeira representa a mistura de qualquer uso e serviço; a segunda representa a junção do uso residencial (nos pavimentos superiores) com usos e serviços diversos no térreo, como salas de estudos, lavanderia, pequenos comércios e estabelecimentos de alimentação.
Fachada ativa
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É incentivado que os edifícios de uso misto possuam fachada ativa no térreo. A fachada ativa amplia a segurança das calçadas por promover a vigilância informal, aumenta a vitalidade da via por tornar o caminho dos pedestres mais atrativo e expande as trocas entre o ambiente interno e externo, melhorando a dinâmica das cidades.
Comparativos
Existente O mapa axial de conexão global do campus exibe as vias mais conectadas, em vermelho, e aquelas com maior grau de segregação, em azul escuro. Existem apenas quatro vias bem conectadas: as perpendiculares ao ICC, a rua do Restaurante Universitário e a da Biblioteca. Essas são as vias com maior possibilidade de proporcionar encontros e onde o transporte público teria maior eficiência. O centro do campus é mais conectado enquanto suas extremidades Norte e Sul possuem as vias mais segregadas.
Proposta A nova malha viária, regular e com menos ruas sem saída, apresenta maior grau de conexão em relação ao sistema viário existente. O mapa axial ao lado exibe menos trechos em azul, cor que representa fraca conexão e menor integração, a malha tem um desempenho melhor para o sistema de transporte público, com maior vitalidade e movimento.
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Comparativos Existente - Grandes áreas subutilizadas de estacionamentos; - Edifício ICC isolado na paisagem; - Falta de calçadas nas duas margens da via; - Falta de conexão entre edifícios; - Predominância do uso Institucional Educativo; - Áreas verdes livres e com jardins.
Proposta - Estacionamentos exclusivemente paralelos à via, não há bolsões. - Calçadas generosas nas duas margens das ruas; - Edifícios mais próximos facilitando o deslocamento; - Maior diversidade de usos em edifícios mais próximos; - Áreas verdes livres para jardins; - Praças definidas, mais locais de encontro.
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Comparativos Existente - Edifícios desconectados da via e soltos na paisagem; - Grandes estacionamentos; - Falta de equilíbrio entre espaço do automóvel e espaço do pedestre; - Relação frágil entre espaços abertos e fechados; - Centro Olímpico distanciado do restante do campus pelos espaços vazios e pela via L4 de trânsito rápido.
Proposta - Melhor definição e estruturação das vias; - Melhor diálogo entre vias, calçadas e edifícios; - Melhor aproveitamento do solo e densamento; - Centro Olímpico conectado ao campus pela ocupação próxima e pela Via L4 com velocidade reduzida; - Visuais para o lago; - Áreas verdes e de jardins.
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Existente
Comparativos
- Setorização de usos inflexível e que não se complementa; - Edifícios distanciados do centro do campus; - Edifícios soltos no terreno, não alinhados com a via e as calçadas; - Afastamentos dos edificios superdimensionado; - Áreas desocupadas que aumentam a insegurança do local; - Inexistência de calçadas em diversos trechos do campus.
Proposta - Futuras projeções alinhadas à via; - Afastamento dos edifícios dimensionados para promover a privacidade, contudo possibilitam a troca entre interior e exterior; - Quadras menores, melhor dimensionadas para a caminhada; - Prioridade do pedestre sobre o automóvel. - Maior diversidade de usos, proximidade de usos complementares aos existentes; - Praças definidas, abundancia de áreas verdes.
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Comparativos
Existente
- Grandes estacionamentos regulares e irregulares em torno das edificações; - Edifícios interiorizados, deconsideram o entorno; - Grandes espaços vazios gramados aumentam a distância de caminhada entre edifícios e são áreas perigosas e subutilizadas.
Proposta - Diminuição das áreas subutilizadas, ocupação do solo mais consciente com o pedestre; - Quadras menores e maior densidade populacional; - Afastamentos melhor dimensionados; - Espaços mais favoráveis ao encontro e trocas.
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