O Deus amigo o Deus do consolo.

Page 1

O Deus amigo. O Deus do consolo.


Sumรกrio

O Deus amigo....................................................... 5 O Deus do consolo............................................. 24


O Deus amigo

Muitos, ao ver Deus agindo de forma enérgica quando em situações em que precisa fazer cumprir sua palavra ao castigar os que desobedeceram, vêm a criar uma imagem errônea da pessoa amiga que há em Deus. A arca da aliança é uma que faz ficar a pensar o quão intolerante, deixando até mesmo parecer também de pouco acordo, o Deus amigo. Os israelitas receberam a ordem de Deus, no caso, Moisés, para que fizesse uma arca onde fossem posto dentro os dez mandamentos, um vaso de maná e a vara 3


florescida de Arão. Apenas os levitas poderiam levar a arca da aliança. Em II Samuel, capítulo 6 e no versículo 6-8, é mostrado algo que faz e fez o próprio rei Davi ficar no mínimo triste com o ocorrido. A arca quando

levada

para

Jerusalém

fora

em

determinado momento tocada por Uzá, que não tinha autorização para tocá-la senão os levitas. O Senhor logo toma as providências ferindo Uzá com roturas, levando-o à morte imediata. O episódio é muito delicado, uma vez que temos aqui um ato de preocupação da parte de Uzá em não querer ver a arca cair com o tombo do boi. Um olhar ligeiro, em pensamentos retorcidos, 4


pode ver como um tipo de exagero ser Uzá ferido à morte. Não! Deus não usaria de exagero com ninguém, antes, dá a medida certa a cada um com quem se envolve. Isso mesmo, Deus chega como o que quer conquistar a confiança da pessoa a qual se quer aproximar, conquistando amizade. As instruções de Deus eram claras com respeito ao transporte da arca: apenas os levitas teriam contato com ela. Deus foi amigo, ele não deixou no escuro os filhos; os seus amigos. Deulhes instruções de como agir, como evitar não ser inimigo de Deus uma vez que deu instruções a respeito da arca. Ver Deus ferir com morte a Uzá não é nada bom mesmo aos olhos humanos, frágeis à autoridade. 5


Logo que se depara com Deus que se sabe que é rico em amor, mas que em determinado momento precisa agir de forma que fica difícil enxergar

amor,

certamente

ficará

difícil

compreender amizade nisso. Quase nunca se é comum ou bom, ter em seu corpo algum tipo de flagelo. Foi o que Pedro sentiu quando na presença de Jesus, que lhe anunciava sobre a sua morte e ressureição. Pedro não conseguiu com o seu corpo humano aceitar que o seu bondoso Senhor sofresse os flagelos da cruz, e ao contestá-lo logo é reprovado pelo Senhor que atribui ao inimigo à recusa de Pedro de não querer que o Cristo estivesse na cruz. (Mateus 16:23). 6


O Senhor Jesus age de forma muito enérgica também, voltando-se para Pedro e falando: “Para trás de mim, satanás.” Ora, Pedro com tanta boa vontade humana para não aceitar o sofrimento do Senhor Jesus, logo é rejeitado por Ele. Não é aceita a recusa de não querer que o seu Senhor fosse à cruz. “Para trás de mim, satanás” não é uma palavra amorosa ou amiga para se ouvir do Senhor do amor. O Senhor mesmo vendo um tipo de preocupação humana em Pedro, em não querer vê-lo sofrer, usa de uma palavra que não chega sequer perto do delicado. Antes, com toda autoridade e nenhuma delicadeza traz à tona o 7


que faz estar na realidade em inimizade com Deus: a velha desobediência à sua vontade. Jesus precisava ir à cruz. Nenhum tipo de sentimento que viesse à tona por parte de quem fosse, e que fosse contrario à vontade de Deus não seria aceito ali, e com certeza viria como contraataque uma palavra nada parecida a amigável. Na verdade toda a amizade estava manifesta também ali nas palavras de Jesus. Mesmo sendo dura as suas palavras na ocasião, fora dito por Ele o que precisava-se dizer contra quem não aceitasse a vontade perfeita de Deus, para que agora, sim, estivesse estabelecida a amizade do Senhor com os que o aceitam. 8


Ser amigo é não ser enganoso. É mostrar na hora certa como fazer para ir bem. Quando se vai para alguém com o objetivo de compartilhar algo, é porque se confia naquele com quem se está interagindo. É porque se confia que este não o decepcionará, que no seu proceder, após as instruções recebidas irá bem em um caminho de vida, não decepcionando o que lhe ensinou. No livro de Apocalipse, no capítulo 2 e no versículo 6 diz: “Tens, porém, isto: Que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço.” Este versículo revela a confiança de Deus para com os que Ele se envolve, dando instruções para viver. Deus fala que os éfesos aborreciam as obras dos nicolaítas, e que Ele 9


também aborrecia. Ora, a expressão que o Senhor deixa é algo de muito valioso, quando diz “as quais eu também aborreço”. Isto revela um tipo de independência dada por Deus aos seus filhos. O Senhor fala aqui como quem fala com alguém que teve a autonomia de ir e tomar decisões

diárias,

uma

vez

que

tivera

ensinamentos divinos e saberão tomar as decisões iluminadas pelo Espírito de Deus. É assim que é; o Senhor está falando como a um amigo ao qual se diz: Olha, tu tomaste esta atitude e eu gostei. Foi muito bom, eu também tomaria esta atitude, eu também sou assim, ou melhor, vocês são assim como eu, vocês são como eu.” Isto é confiar 10


naquele em quem se depositou algo. Isto é ser amigo. Mesmo se tendo toda a glória, mesmo sendo Soberano, ainda assim deixar ir com seus próprios passos aquele que se sabe que é sujeito ao tropeço, confiando que poderá ir bem e mais tarde vir e declarar: “Eu também aborreço as obras destes que vocês também aborrecem”. O Senhor não chega dizendo: Vocês só dirão ser ruim aquilo que eu... depois da consulta de vocês a mim... disser ser. Não! Não há aqui um tipo de absolutismo que chega com sua mão forte e impõe e não tolera que se decida, uma vez que não confia, ou que não há laços de amizade. Não! 11


O Senhor não trata assim. Ele é o Senhor que chama seus servos de amigos. É incrível a expressão de Apocalipse 2.6, A expressão é a de um amigo que chega sim, bem perto, senta ao lado e diz: “Eu penso assim como você”. Claro que aqui sabemos que ocorre o contrário. Nós é que pensamos como Deus, se estivermos nos seus caminhos. Mas o Senhor em Apocalipse

se

desfaz

de

tudo

quanto

é

superioridade e se aproxima como um igual, um que se iguala em pensamentos junto com o homem “[...]eu também aborreço”, diz ele. Ou seja, assim como vocês.

12


A glória máxima de Deus se revela nisso. Em se unir com o homem como se fosse um igual a ele. Estar tão próximo em amor ao ponto de não conseguir estabelecer distinção quando o assunto é amar e ser muito... muito amigo dos que Lhe chamam de Senhor! Outra passagem bíblica que demonstra quão grande amizade de Deus, é no livro de 1Samuel, no capítulo 8 e versículo 7, quando o povo pede um rei. Ao pedirem um rei, logo estavam rejeitando, de certa forma, os cuidados do Senhor como rei sobre eles. Samuel não gostou da ideia do povo e foi ao Senhor apresentar a questão. 13


A resposta de Deus foi uma, que revela a que ponto está Deus disposto a pôr nos braços seus filhos amados, como faz o pai com seu filho. Mesmo sabendo que o povo estava O rejeitando, o Senhor se volta para os sentimentos de Samuel, seu profeta, e como que não tivesse sido rejeitado pelo seu povo diz: “Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre eles”. O comportamento de Deus aqui é aquele que demonstra toda doação feita do pai para o filho. O Senhor despreza os seus próprios sentimentos de rejeição vinda do povo e se volta 14


para os sentimentos de rejeição que pudesse haver em Samuel. “Esse povo não rejeita a ti, mas a mim [...]” A preocupação dEle para com Samuel é algo tocante. É como o pai, a mãe com o filho, o qual lhe enxuga as lágrimas e diz: “Vai dar tudo certo, meu filho”. O povo rejeitava Deus ali, e Ele se preocupava em consolar Samuel de um possível sentimento de rejeição. É aquele bom amigo que chega perto, põe a mão no ombro e passando a mesma rejeição junto com o seu companheiro diz: “Não ligue, eles rejeitam a mim”. Ele sabe que o seu companheiro está incluído na rejeição, mas procura transferir tudo só 15


para ele, e agora, quem o consolará? Não importa. O amigo doador só se importa em doar algo para o que está ao lado. O primeiro pensamento de Deus para com o homem é o de se doar, de se apresentar como o que pode lhe dar tudo que precisa. A intenção é mostrar quais caminhos deve tomar para chegar onde Deus sabe ser o melhor para ele. O Deus da arca é o mesmo Deus de amor, o Deus que reprova as palavras de Pedro, o que se chega próximo de Samuel, lado a lado para lhe dar algo. O que em Apocalipse vem como que se fazendo igual ao homem, declarando pensar também como este, afinal, Ele os ensinou. 16


É esta a relação perfeita que deve existir entre qualquer verdadeiro amigo: a relação de confiança. Apocalipse 2:6 revela a intimidade que o bom Senhor tem com seus servos. Ele deixa ir, confiando que eles seguirão por caminhos que Lhe agrada. Isso foi comprovado quando a igreja de Éfeso ouve do seu Senhor, que Ele, como os éfesos reprovava as obras dos nicolaítas. Que honra dos éfesos

saber

que

seus

pensamentos eram

encaixados com os do seu bendito Senhor. Ouvir do seu Senhor algo assim, é o mesmo que ouvir de um amigo que se chega e senta ao lado pondo a mão no ombro a perguntar: “Que 17


achas disso?” E que ao seguir a resposta diz: “Eu também”. Em Mateus no capítulo 25 e no versículo 14, mostra um senhor que confiando que seus servos não lhe decepcionaria, entrega em suas mãos talentos seus que deveriam ser cuidados. O talento do senhor é bem cuidado por uns, enquanto que outro não o fez. Deixou sem que tivesse valor, os talentos. A amizade do senhor daqueles servos só foi alcançada por alguns, ficando o servo que não agradara o seu senhor, afastado de seu gozo. O senhor daqueles homens entregara em suas mãos aquilo que ele sabia ser de utilidade, e 18


que se eles usassem de forma correta, os faria como o seu senhor, cheios de honra. O senhor não se decepcionou com os que granjearam bem, a confiança revela o verdadeiro amigo. Em Provérbios no capítulo 27 e versículo 17, encontramos uma ótima passagem onde se vê alguém sendo moldado à forma do que está ao seu lado de mãos dadas. O texto diz: “Como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo.” Está perfeito aqui, o exemplo para se mostrar que o servo que é fiel ao seu senhor terá os mesmo traços, seja no comportamento, modo de falar ou pensar. Não estará receoso de 19


forma alguma o senhor com o servo, pois saberá que suas marcas virtuosas, ficarão marcadas naquele que segue lado a lado, observando os passo firmes do senhor amigo que puxa para as margens se o servo por algum motivo estiver a se afogar nas muitas águas. Era essa a certeza que o Senhor em Apocalipse tinha; a certeza de que os rostos dos éfesos estavam por completo moldados pelos ensinamentos que lhes fora dado. Por isso, Ele se apresenta aprovando os éfesos no que se refere a reprovar os nicolaítas e agora, se põe como um deles ao afirmar também reprová-los.

20


Ora, isso é o Senhor amigo que sabe que sua presença ali, sempre ao lado do servo, irá moldar para o bem o rosto, fazendo-o capaz de ir só, tomando as decisões que certamente serão baseadas nos princípios do que esteve ao seu lado, ensinando tudo que precisa. O Senhor estará assinando abaixo sempre que disser: Penso assim como vocês, pois sabe que seu servo pensa as mesmas coisas que Ele.

21


O Deus do consolo

É consolado todo aquele que por algum motivo em algum momento, esteve triste – abatido. Está triste não é algo difícil de encontrar, uma vez que a vida aqui nos prega situações que nos faz, às vezes, ficar como que desnorteados. Não é também difícil de encontrar os motivos que façam que venha tristeza sobre nós. A bíblia diz que devemos guiar nossos passos pelos caminhos bons para que estejamos 22


bem. Isso implica claramente que se não colocarmos nossos pés nos bons caminhos, logo, estarão em apuros! A bíblia toda é feita daquilo que é bom; todo o seu ensino é de vida e não de morte. Há quem reclame dizendo ser a bíblia um livro que mostre, ou tenha muita violência em suas páginas. Sem dúvidas ela traz muitas cenas de violência narradas em suas varias páginas, mas é importante frisar que não é esta violência, fruto do ensinamento

bíblico

e

sim

o

fruto

da

desobediência do homem ao santo ensinamento de Deus.

23


Por estar o homem afastado do ensino de paz que a bíblia traz, é que ele cai em suas próprias guerras que traz a violência e, como consequência, muitas tristezas! O rei Saul é um bom exemplo de alguém que se encontrou em tristeza e que, claro, como há um Deus de consolo, encontrou consolo nEle. O povo israelita no anseio de ter um rei, como todo povo tinha, vai até o profeta Samuel para fazer o pedido. Aquilo era algo muito delicado, pois ao desejarem um rei, estavam rejeitando o governo de Deus sobre eles. Samuel tinha nas mãos um grande dilema para resolver. O profeta sabia que não havia outro 24


governo melhor que o de Deus. Agora..., o povo com essa petição, era como povo ingrato aos cuidados de um Deus de amor. O Senhor, porém, poupou seu servo Samuel de mais preocupações, dizendo: “Este povo não te rejeita a ti, mas a mim.” (1samuel 8,7). Depois das instruções dadas ao povo a respeito de se ter um rei, se seguiu ao atendimento do povo. Saul era o homem ideal para isso e conforme toda profecia dirigida a ele pelo profeta e juiz Samuel, tudo sucedeu como falara. Saul é consagrado rei de Israel. As vitórias eram certas para todo o povo. Deus era o grande ajudador que garantia as vitórias já que havia 25


obediência por parte de todo o povo, inclusive do seu rei consagrado. Mas não foi assim sempre! O rei colocado no meio do povo para reinar, não se conservou na santa obediência aos mandamentos do Deus de Israel. Os seus olhos não olhavam mais como olham os de Deus. A ganância que fere os olhos fazendo não enxergar a obediência feriu a visão do rei que agora não enxerga o que é da vontade do Senhor. O alcance da visão do rei era o alcance limitado do homem que vê apenas a aparência. Enquanto Deus designava que todos; rei e povo não tocassem em algo, o rei Saul designava ao 26


povo tocar. “A gordura dos touros” seduzia a visão fraca do rei que passava a ser um que fazia todos estarem expostos aos castigos de Deus. As quedas do rei eram como um despenhadeiro que se vai caindo desmanchando em poeira! O pó de sua queda ficara sobre todo o povo que lhe fizera rei. (1samuel 14,24). O profeta Samuel era sempre tocado em sua alma a interceder pelo rei que ficava muitas vezes como que entregue em suas mãos. O perdão de Deus era sempre certo, sendo o intercessor Samuel. Quantas vezes não se lançou aos seus pés como um moribundo que roga por vida! Mas ainda

27


que sendo o Senhor rico em misericórdias, Saul não poderia ser sempre livre de suas culpas. A gota d’água fora chegada para ele e ao ser lançado da presença de Deus, só lhe restou angústia e tristeza. (1samuel 13,14). A tristeza tão certa para os que se afastam dos caminhos de vida. Mesmo em meio a tanta desobediência, ainda assim Saul era consolado ainda que por um momento. A harpa de Davi que mais tarde viria a ser rei em seu lugar, trazia o consolo ao seu coração pesado de rebeldia. Os acordes musicais acalmavam por um momento aquele coração cheio de tristeza. Um pouco de consolo era sem dúvidas isso, para quem estava corroído pelo mal. 28


(1samuel 16,23). Deus tem como primeiro e último plano para o homem, a salvação, mas quando todas as portas que podemos abrir para Ele são fechadas: Deus não socará as portas para fazer

morada

nas

casas;

sem

dúvidas,

o

arrombador fará. Foi assim com Saul. Houve não uma chance para ele, mas várias. Como a harpa de Davi que amansava o seu revolto coração. Deus é um Pai que quer consolar seus filhos e não punir, porém, não aceita que sua autoridade venha a ser desrespeitada e nos ensina como não fazer isso. Nós temos um Pai amoroso. Um pai amoroso cuida de seus filhos com todo o cuidado que lhe é devido. 29


Ele vai sempre otimista em respeito ao filho. Sua dedução é sempre a melhor. Não aceita que venha a perecer. Quer vê-lo para cima e nunca para baixo: é seu filho que tanto ama! Quem aqui conseguiria pensar que um Deus de amor sem igual, venha a permitir que seu filho

venha

perecer?

Esse

pensamento

é

compreensível, porém, devemos lembrar que para que um filho acerte o caminho e não pereça, o pai precisa muitas vezes aplicar-lhe regras para poder vê-lo... após, cumpri-las, nos bons caminhos. Deus mostra suas leis e mostra que a desobediência para com elas é como um chamado ao mal. 30


A bíblia fala de um juiz de Israel que não apenas é lembrado como juiz, mas como um pai. O fato, porém, é que não como um que segure seu filho nas leis do Senhor, as quais sabe que é para lhe salvar. Eli era juiz e sacerdote de Israel. Sua fama no que diz respeito à criação de seus filhos não foi boa. Fato muito lamentável uma vez que isso custou não apenas a ele, mas também aos seus filhos, a reprovação de Deus. Os rapazes em sua arrogância iam e com um garfo, tiravam o que podiam da panela. A recusa de alguém com a atitude deles logo eram confrontadas com suas ameaças! O pai, o sacerdote Eli, vivia como que alheio ao problema que se desenrolava. 31


Sabe-se, pois, que não era assim, afinal, Eli mesmo sendo juiz em Israel não teria a autoridade para se comportar de forma relaxada com seus filhos. O sacerdócio não vinha para isentá-lo dos compromissos de pai, antes, por isso mesmo deveria ter um excelente testemunho diante do povo. O que faria Eli, um sacerdote do Senhor, não intervir no mau comportamento dos filhos? A prepotência em pensar que sua posição lhe permitia

está

assim?

Amor

paternal

em

abundância ao ponto de não suportar punir os filhos? Mas se a segunda hipótese fosse o motivo de não querer punir ou repreender seus filhos, será que isso seria realmente abundância de 32


amor? Um pai ama seu filho ao ponto de não querer magoá-lo corrigindo mesmo sabendo que isso será para seu bem? A bíblia diz que o pai corrige ao filho que ama. (Provérbios 4,1). Sendo assim, estaria um pai que diz estar amando seu filho, uma vez que não o corrige, realmente o amando, já que se sabe que a correção é para seu bem? Certamente que não! Um pai de amor ama com todas as atitudes que sabe que levará seu filho ao caminho da verdade. O sentimento de dor que nasce muitas vezes em nossos corações, fazendo isentar nossos filhos de algum compromisso que lhe cabe fazer, é

33


algo como ferrugem que tira toda engrenagem do eixo. Parece que o consolo que os pais querem dar a seus filhos, não é de quem almeja sólido alicerce. Colocar os filhos sobre o colo alisando a cabeça, não é o consolo que vem de Deus. Eli e seus filhos não estavam de acordo com o consolo que Deus pretende dar aos seus filhos. O sacerdócio divino exige santificação para que haja paz e verdadeiro consolo. (1samuel 2.2736). O salmista Davi é um grande exemplo de pessoa que tinha o consolo correto vindo de Deus. O salmista, quando em suas fragilidades, se 34


derramava na presença de Deus se contorcendo em angústias que derrubam o mais forte valente daqui. As dores na alma do forte rei o colocavam como subjugado diante de tudo. O rei que outrora vencera o gigante filisteu se vê como um insignificante diante de outro gigante chamado pecado! Um grande e feroz gigante é sem dúvidas o pecado. Ele coloca subjugado a seus pés toda alma que sair da presença do Deus de amor que tem sempre o mesmo desejo em seu coração: amar e consolar todo abatido pelo pecado. Afastado das mãos do Senhor, só há dor e desilusão.

35


O salmista Davi desenrola por todo livro de Salmos, em sua dor e lamento copioso, o quão perturbador é estar sem um amparo onde se possa descansar dos flagelos do pecado. O rei sabia que não tinha onde descansar, senão nos braços do Senhor com o descanso da absolvição do pecado. (Salmos 86,1-17). O vinho e a gordura dos bois não lhe confortaria o coração. Banquete algum poderia gerar ali a alegria no coração. O leitor que leria os salmos de Davi, “notaria sem qualquer esforço as lagrimas e os ossos quebrados em montões”. Uma coisa, porém, tinha o rei Davi em seu coração: a certeza de que todas as suas lágrimas 36


estavam sendo guardadas em cálices para serem contempladas por Deus. Suas dores não seriam deixadas para ser consumido, o moribundo. Davi sabia que não dormita o guarda de Israel, e sabia então que em suas vigílias de angústia na alma, Deus olhava com olhos atentos preparando-lhe um novo dia. (Salmos 121,4). Na verdade, em toda aquela angústia no coração do rei, a luz ainda podia despontar nas trevas como está em Salmos 112,4. Essa luz é a certeza de que irá tudo bem e que os pés não tropeçarão em pedras. Ela é consolo para os olhos que muitas vezes estão envolto as trevas. “Nas trevas há luz”. Essa afirmativa é brutal contra as hostes malignas. Ela quebra a hipóteses de que 37


possa haver trevas para o moribundo; não há trevas! A luz estar lá, “escondida”. Ainda que os olhos materiais vejam as trevas; os espirituais podem enxergar a luz. O que dizer das trevas agora? Onde está? Não! Não há mais. Toda sua cadeia se vai quando um servo honesto de Deus está lançado em confiança nas mãos do altíssimo. Perde ela a sua força que aflige a alma. Sem duvidas, há o consolo para o que está abrigado nos braços de Deus, mesmo que as trevas lhe sobrevoem. Assim como o filho está consolado nos braços da mãe mesmo no escuro; assim também o que descansa nos braços do Senhor. 38


Deus é todo poderoso. Sua justiça é sem igual. Ele está onde o coração humano não consegue estar. Ele estar pairando entre os homens, não pisa em seus caminhos dissolutos. Já disse Ele: “Porque os meus

pensamentos

não

são

os

vossos

pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR.” (Isaías 55,8). Certamente que os pensamentos de Deus não são os nossos. Só corrupção há na mente humana. Está inclinada para o erro. Um deslize por menor que seja e toda uma história terá um triste fim. Deus é justo e bondoso. Podemos ler isto em todo o discorrer das escrituras. Ele está atento 39


à dor dos que por todos são desprezados. No livro de Deuteronômio 21,17 mostra o afago de Deus até por quem é aborrecido. A aborrecida apresentada na bíblia, não é aquela que está por algum motivo aborrecida. A aborrecida é aquela que não é tão amada comparada a outra que seja mais amada. A expressão aborrecida só indica que não há amor suficiente. O livro de Deuteronômio 21,17 diz: “Mas ao

filho

da

aborrecida

reconhecerás

por

primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto tiver, porquanto aquele é o princípio da sua força; o direito da primogenitura seu é.” Deus se achega aqui para a aborrecida, ou, a menos amada, dando-lhe honra, mostrando que ela não 40


pode ser rejeitada com seu filho, no caso da herança da primogenitura. A herança não deveria ser do filho da amada e sim do filho da aborrecida, já que é o primogênito. Ora, certamente que o coração enganoso do homem não iria escolher o filho da aborrecida como herdeiro, visto que ama com amor maior a outra mulher. Certamente que ficaria desolada a aborrecida se fosse esperar do raciocínio humano um fim bom para ela com o seu filho. O homem observa a aparência e a lógica das coisas que se mostram bela aos seus olhos.

41


Quem daria seu colo para aliviar a dor do moribundo? Daquele de quem não se vê nada de bom aos olhos. Deus! Deus está com o seu colo pronto para consolar a alma abatida e desprezada pelos que são engodados no luxo, fazendo-se alheios ao sofrimento dos que estão próximos a eles. Não! Não são os pensamentos de Deus como os nossos. Ele é amigo dos que são desprezados e aborrecidos. O seu consolo está pronto a atender a aborrecida. Ela não ficará abandonada. O consolo de Deus é simplesmente consolo! Não faz acepção por ver a posição de alguém.

42


Deus não rejeitou Davi, o rei de Israel quando estava necessitado de um colo paterno, antes, foi e o teve em seus braços. Deus vai à aborrecida e vai também ao forte rei que um dia caiu. É rico em amor. Não suporta ver a dor do filho. Um filho que sabe que tem um pai de amor, não hesitará em um dia ir e buscar Nele ajuda. Já provou seu amor paterno. E sentiu o quão é honesto esse amor. O filho pródigo mostrado no evangelho de Lucas 15, 11 conhecia muito sobre isso. No flagelo que estava, lembrou-se do pai que lhe esperava de braços abertos cheio de amor paciente que espera o filho que se foi. Não eram apenas aquelas as 43


riquezas que o pai tinha para dar ao filho que pedira sua parte da herança; o pai dono de terras tinha a maior das riquezas guardada em seu coração: o amor e consolo que uma vida moribunda anela ter! Quando todas as posses que levara vieram a acabar, deixando-o até abaixo dos servos do seu pai, sem se quer um prato de comida digno de uma pessoa, seja qual for... o filho volta para o pai a quem deixou como se volta as aves para debaixo de seus galhos ao anoitecer. Não faltarão folhagens para os que quiserem vir a Deus para se refugiar. Não faltará sombra para os que vêm de sol causticante 44


buscando um pouco de brisa. A brisa de Deus sopra acalmando o perturbado com algo. Deus se chegará dando-lhe o que necessita. Suas asas cobrem de todo ardor. A imagem do pai é uma imagem solida e segura ao filho que vai a ele necessitando de algo. É uma imagem inspiradora de há muito tempo atrás e por um ser que nunca falhou ou decepcionou quem nEle confia. A imagem do pai é a imagem de Deus. O pai que o filho vê aqui é um que traz soluções para os seus problemas. Que dá a solução que um filho necessita. Não há outro sentimento vindo de um filho que de tudo precisa!

45


Ele vai sabido de que algo de bom terá nas mãos do pai protetor. O pai terreno é a imagem do Pai celestial; foi assim desde o inicio! O grande Deus, Pai protetor e supridor, tem o consolo certo de que um filho necessita. É isso o que a mão cansada do filho espera de seu pai – imagem do Pai celestial. São incontáveis os meios pelos quais, Deus, o Pai celestial, usa para alcançar a maturidade de seus filhos, fazendo-os capaz de ir e caminhar com passos firmes em sua jornada da vida. Passos firmes! É isso que um pai almeja ver em seu filho que protege. Ele não quer vê-lo em perigo. Sabe que o caminhar bambo é perigoso para a sua história, e sabe que há tombos que possam vir a 46


comprometer o sucesso, e o não sucesso do filho entristece o pai. Uma pessoa madura é confiável; não está bamba no meio termo. Está sabida do que precisa para sua vida e não irá por caminhos errôneos. O filho se lança sem medo nos braços do pai que garante que nada lhe acontecerá. Passará a rua quando o pai disser ser a hora. Se Deus desejar saber qual o grau de confiança ou fidelidade de seu filho a ele, e se quiser fazê-lo maduro e sólido, não hesitará em criar meios para isso! O caso mais conhecido sobre isso é o caso de Jó. 47


Jó era servo de Deus e lhe servia com suas riquezas. Sacrificava a Deus, sacrifícios para si e seus filhos, para se por um acaso os filhos viessem a pecar, fossem perdoados por Deus. (Jó 1.5). O resumo de toda a história é que Jó é colocado em situação extrema de flagelo por Deus e por fim, é colocado nas alturas em bênçãos sem medidas por sua aprovação da parte de Deus. Podemos dizer que Jó foi moído por Deus para que em meio as “partículas” fossem encontradas as qualidades que Deus sabia existir ali, nele. Um processo doloroso fora aquele sem dúvida para Jó, mas quando um filho sabe que seu pai é confiável, aceita as marcas que possam vir de suas instruções. Jó não ouvira da parte de Deus, 48


logo de imediato, que tudo aquilo fosse para seu bem, ou para seu mal. Mas em meio a toda dor e flagelo, sabia em seu coração, já que conhecia a Deus, que Ele estava no controle de tudo! (O Deus do consolo não impedirá que seus servos passem por situações difíceis só porque é Deus de consolo. Não! O Deus do consolo coloca seus filhos nas “piores” situações, para lá... na má situação que se encontram, vir mostrando seu consolo). Ver a Deus por este ponto é uma das coisas mais difíceis para qualquer pessoa que espere sempre as belas rosas e nunca os espinhos. Porém é assim que é. Os meios pelos quais Deus vem a 49


mostrar

seus

atributos

são

como

que

desconhecidos por nós, se não quisermos dizer, não aceitáveis. Mas se dermos uma boa passada pela bíblia, iremos notar que Deus é, também, o Deus dos espinhos e não apenas das rosas. Isso não é fácil e nunca foi de ser aceito pelo ser humano. É na verdade uma problemática para se resolver já que o nosso ventre é atraído por toda sorte daquilo que é bom. O messias de Deus, Jesus Cristo, é a chave que pode fechar com toda propriedade este assunto. O livro do profeta Isaías o apresenta como servo sofredor que carrega sobre si toda sorte de 50


sofrimento permitido por seu Pai para que por suas chagas fôssemos sarados. (Isaías 53.4). Haveria piores dores que as que carregou Jesus, para tirar de nós o julgo do pecado? Na cruz o Cristo clamava por seu Pai expressando seu flagelo dizendo: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes?” (Mateus 27.46). O retrato da agonia é sem dúvidas esta passagem quando se vê o Filho unigênito ser entregue aos escarnecedores que estraçalhavam a carne como faz as feras do campo. A imagem do Santo Filho de Deus clamando debaixo de toda aquela agonia é como

51


um punhal cravado que faz sangrar qualquer coração. O

salmista

Davi

também

em

sua

calamidade, quando em trevas que lhe cercavam por causa de seu pecado, esteve envolvido pelo Espírito do Senhor sendo colocado como um tipo de cristo que viria a passar por grande sofrimento quando disse também: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes?” (Salmos 22.1). Era a dor do Filho de Deus Jesus Cristo sendo tipificada por Davi. Dor que não se suporta facilmente uma vez que um filho só enxerga um pai, como pai de proteção. Imaginemos como sangrava o coração de Jesus ao se ver como que desamparado pelo Pai que nunca havia lhe desamparado. O Pai que 52


supria todas as suas necessidades, e não apenas as suas, mas também dos que vinham a Ele. A dor a qual o Filho de Deus foi entregue, como diz: “Todavia, ao SENHOR agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, [...]” (Isaías 53.10). Seria devastadora se não tivesse a certeza de que um Pai que não abandona seu filho estava bem ali esperando que tudo fosse cumprido para ir acolher nos braços o filho que deseja consolar. Jesus sabia disso e provou quando disse: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lucas 23.46). Tudo o que o Senhor tinha que fazer ali, já estava feito. Já estava consumado. Em João, 53


Capítulo 19 e versículo 30 ele diz: “Está consumado.” “Está consumado” é a melhor frase de Jesus, pois ele sabia que o bom Pai não desampara e que se estava em todas aquelas angústias, é porque algo precisava realmente ser consumado. Sim! O grande sacrifício que tira o pecado do mundo precisava ser consumado para que vidas que estavam em trevas, pudessem sair para a luz. Era – não tenham duvidas o mesmo Deus que dá as rosas, este que ali, estava dando todo aquele espinho. Jesus sabia disso e não desceria ao seu coração o sentimento de dúvidas a respeito dos desígnios de seu Pai. O Senhor sabia muito bem, a respeito de consolar o necessitado; Ele 54


mesmo se referia a Jerusalém outrora dizendo: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste.” (Mateus 23.37). Jesus sabia muito, sobre não desamparar quem nEle confia e sabia, portanto, que seu Pai não o desampararia. A

história

dos cristãos dos séculos

passados mostra o quanto fiéis eram aqueles homens. Em meio a toda perseguição, os crentes em Deus não recuavam um milímetro sequer. Homens e mulheres de coragem eram esses mártires que não temiam a morte. Aquelas moças virgens ao ir..., sendo entregues à fogueira, se 55


vestiam como a noiva que vai ao encontro do noivo. Não descia ao seu coração, receio algum. Estavam confiantes de que Deus lhes esperava de braços abertos. Tinham um consolo divino que acalma a alma, não deixando vacilar o coração. Deus permite a dor quando sabe que ela não afastará seus filhos de sua presença. Toda a bíblia narra casos assim. Há casos que o oleiro olha para o vaso em meio às formas que há para recuperá-lo e nenhuma é tão plausível que ir, e quebrar o vaso por completo para que possa ele surgir todo renovado. Um leigo no amor de Deus pode não entender como um Pai amoroso vem a agir assim, 56


quebrando todo um vaso – filho, buscando melhorar as coisas. Não é de se espantar com a reprovação do coração humano ao ver um processo como esse sendo aplicado por Deus nas vidas que ama. O homem carnal só conhece as coisas carnais. O patriarca Abraão junto com seu filho Isaque, foi colocado à prova por Deus. O filho Isaque foi pedido por Deus a Abraão. (Gênesis 22.1-2). Abraão deveria sacrificar seu filho amado para Deus em prova de amor ao Senhor. Um pedido que doía no coração sem dúvidas. O caminho ao sacrifício era um caminho de prova onde todo o trajeto poderia apertar o coração de 57


Abraão e do filho nas mais perturbadoras indagações que se faz em casos tão complicados. Na verdade, Isaque estava nas mãos de Deus e de seu pai Abraão. Precisava ele, ter toda fé em Deus e em seu pai Abraão, coisa que não faltava em seu coração contrito na confiança. “[...] Onde está o cordeiro?”, pergunta o filho, a quem responde Abraão: “Deus proverá [...]”. Até então, a hipótese de um cordeiro estar em algum lugar, poderia existir na mente de Isaque, porém, mais tarde, quando ele é colocado em forma de sacrifício por seu pai Abraão, podemos imaginar que Isaque pouco esperava um cordeiro ali, e sim, compreendia e cumpria os designíos de Deus, honrando-o junto com seu pai. 58


Abraão colocado nesta difícil situação, também voltava todas as suas forças para a fé que tinha em Deus, sabendo que era fiel o que lhe prometera grandes promessas. O Deus do consolo estava ali com os dois, dando a prova aos seus corações, mas também dando suas asas para debaixo delas descansar. Pai e filho. Uma família que era visitada por Deus para ser colocado em prova os seus corações. Sara também estava participando de todo o drama ainda que não estivesse a par de tudo o que ocorria. Seu filho estava a ser dado para Deus em sacrifício. A dor seria brutal, caso o sacrifício tivesse sido consumado. 59


O Deus do consolo vem sim, muitas vezes, se mostrando de forma que faz parecer que não está vindo para dar consolo, e sim testar com “vara” os corações. O Senhor Jesus, certa feita falou que viria trazer espada a terra. (Mateus 10.34). Ele disse que colocaria filho contra pai e a nora contra sua sogra. Estaria sendo o Senhor Jesus mal por trazer conflitos assim a uma família? Claro que não! Ele estava dando aos seus filhos as instruções necessárias para que estivessem maduros – conscientes do caminho estreito que iriam passar. Seria bom, um pai que nunca conscientiza seu filho das coisas más que existem aqui para 60


fazer vítima aos que não estão preparados para enxergá-las? Não! Um pai que vai camuflando todo um piso minado para que seu filho não seja incomodado com uma visão ruim que há em sua frente, pode com isso fazê-lo não só incomodado, mas vir a ser uma vitima fatal disso! Ser bom não é ser conivente com algo que possa trazer dano. Ser bom é mostrar o lado amargo da vida, para que não haja pessoas surpreendidas por esse amargo sem saber se defender. O capítulo 13 do livro de 1Samuel mostra isso na vida do rei Saul e de todo o povo. O reinado do rei, ali, estava como que estivesse em paz. 61


Porém, não era isso o que estava acontecendo. Em meio a toda “paz” que se mostrava ali, a guerra estava acesa contra Israel. Os filisteus apenas eram quem tinham equipamento para amolar toda sorte de lâmina, o que fazia os israelitas irem lá aos filisteus para amolarem suas ferramentas. A estratégia oculta dos filisteus, ali, era que enquanto todo Israel não estivessem em guerra, atacassem sutilmente, tirando todos os ferreiros que houvesse, para não ter a produção de espada. Um desleixo da parte do rei Saul, uma vez que deveria manter abastecida toda força de guerra. Suprir toda força de guerra era também dever do rei. O livro de Deuteronômio, no capítulo 62


20 fala das leis acerca da guerra. Todo o texto trata da guerra, ainda que no versículo 10 mostre a genuína vontade de Deus que é a paz. Porém, sabido que as forças que opera no homem mal é a guerra, os israelitas são impulsionados a se defender com armas de guerra também. Deus não deixou seus filhos como que a dormir no berço. Não! Deus os despertou para uma realidade que vinha contra eles, que era a guerra, e sabendo que era justo um contra-ataque da parte de seus filhos, chamava-os à guerra. Ora, se Deus os chamavam à guerra, logo, deveriam estar prontos para isso.

63


Sabemos, contudo que a força de guerra israelita não vinha do preparo bélico, antes, da confiança no Senhor dos exércitos. O caso do rei Saul era em extremo desleixo. O rei não estava preparado com armas para seu exército e nem com Deus para lhes garantir vitória. Estar desprevenido não é algo que agrada a Deus. Deus prepara os seus filhos para o combate seja qual e onde for. O seu consolo pode vir com sua espada desembainhada em nosso favor; Ele é Deus de guerra! O rei Saul sabia muito bem o que significava: “Senhor dos exércitos.” Deveria o rei, em todo o tempo de descanso que Deus lhe dera, estar se preparando para o combate tão comum naquelas épocas. 64


Foi o que o Senhor Jesus fez com os discípulos; preparou-os para os combates que viriam. Não os deixou desapercebidos. Alertou de onde viria o inimigo, e neste caso, de suas próprias casas! Estariam agora consolados os discípulos, já que o seu Senhor lhes dera consolo. Não os deixava despreparados como o filho a quem o pai quer iludir, visando poupá-lo das coisas más que há por aqui. Não! O Senhor Jesus deu o que precisava para caminhar certo, sabendo de onde vem o perigo. Estava lhes garantindo segurança já que não estavam – digamos... “espertos” ao ataque da serpente que fere o calcanhar. O pai que sabe que seu filho já pode caminhar seguro, sem que venha a cair, fica feliz. E o filho que sabe que um dia, seu 65


pai soltou sua mão, fazendo-o dar seus primeiros passos só, fica sem dúvida feliz, sabido que ainda que o medo lhe venha... a recompensa no final de tudo será grande! O medo! Infelizmente muitas vezes somos surpreendidos por ele quando colocado em situações difíceis que parece vir para nos sufocar. Mas não deve ser esta nossa atitude, pois o Deus que está no controle das águas calmas também está no controle das revoltas. Sem dúvidas a sensação da distância da mão paterna nos primeiros passos a caminhar um novo caminho, não é nada confortante, mas se lançarmos na confiança de que, ainda que “longe,” as mãos do Deus Pai estão conosco, tudo irá bem! 66


O servo de Deus, Jó, teve esta certeza. Ao estar como que sem as mãos de Deus a lhe segurar, não o deixou. Sabia que aqueles passos que dava, dava com a proteção do seu Deus. Mesmo em meio a tudo o que estava passando, sabia que havia alguém ali perto e que tudo aquilo não era o abandono de Deus. (Havia consolo em seu coração)! Jó compreendeu que Deus não consola apenas com um bom colo paterno. Ele sabia que Deus mesmo mantendo um filho Seu “longe” do colo, ainda assim lhe garantia o consolo. Sem dúvidas que é muito difícil aceitar estes meios pelos quais Deus também revela seu 67


consolo. Sem dúvidas que se alguém proclamando em alguma praça, disser: “Eis que aqui vos apresento em meio a abrolhas más da vida, o Deus do consolo!” Não tenhamos dúvidas de que muitos correrão a encontro das boas novas ainda que se saiba que muitos possam ir de encontro. Os primeiros, certamente estarão indo esperando nunca serem impactado com algo que possa lembrar discrepância daquilo que fora anunciado pelo mensageiro de Deus quando diz ser a mensagem... a de um Deus de consolo. O primeiro pensamento de quem vê o anúncio de um Deus de consolo é o de que nunca, dias difíceis virão. 68


A forma a qual o apóstolo Paulo, quando ainda era Saulo, veio a receber o consolo da salvação de Deus, fora um tanto complicada. Jesus que dá a vista ao cego, ali, ao perseguidor da igreja, o qual na ocasião se chamava Saulo; vem a tirar-lhe a visão. A cena é uma das mais usada para quem quer mostrar a façanha da soberania divina. O perseguidor da igreja ia em comitiva para perseguir os cristãos, e barrado por Jesus que lhe surge em um clarão, tudo muda em sua vida. A pergunta que sai da boca de Jesus é: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9.4). Em seguida segue sem sua visão por um momento, porém, salvo da cegueira espiritual que não o permitia ver a glória de seu Senhor. Sim, Senhor. Daquele 69


momento em diante, seria o Senhor Jesus, o Senhor daquele que viria a ser chamado de Paulo, o apóstolo de Cristo. Vejamos que forma fora usada pelo bom Senhor para que houvesse a salvação daquela vida. O que dá a visão ao cego, agora tira a de Saulo. A visão de Deus é longa. Não é curta como é a do homem. Ele enxerga longe onde o homem não consegue ver um belo fim para algo mesmo que o seu começo tenha tido uma aparência triste. Foi assim na vida do apóstolo Paulo. O seu encontro com o Senhor Jesus foi aparentemente mal. “A cegueira lhe chegou aos olhos e trevas lhe caíram.” Mas Paulo tinha esperança de melhoras e 70


a recebeu com a cura de sua vista. (Atos 9.17). Nunca mais as trevas lhe sobreveio. Estava agora, não só com a visão material, mas também com a espiritual. A vida lhe encontrara e fizera ser um homem que não mais perseguia os cristãos e sim, ele mesmo era agora, perseguido por ser mais um. Conheceu Paulo o Deus que dá o maior dos consolos. Não o carnal, apalpável e visto pelo homem, mas o que só uma visão de águia pode alcançar. Este servo de Deus ensinava o que aprendeu com Cristo; que o grande consolo divino, vem, muitas vezes, como que não o fosse. E que se olharmos atentamente com olhos bem abertos, iremos ver isso. Basta ver quantos servos de Deus passaram por provas colocadas por Ele visando 71


encontrar boas estaturas de virtudes em meio a tudo. O apóstolo Paulo diz: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Romanos 8.35). Deus, em meio a todo o emaranhado, dá sim a saída com o seu consolo, para que possamos tirar as discrepâncias que criamos por não entender a soberania dEle. Ele nos dá um ponto de referência para não nos perder. Se todos os nossos anseios forem lançados diante dEle, nossos passos serão seguros – caminhando em direção ao alvo que é Cristo e que estará sempre lá, esperando-nos com seus braços abertos como faz o pai ao ninar. Todos nós temos as referências 72


necessárias para não errarmos o caminho. Deus nos dá isso em todo o discorrer das sagradas escrituras. Certa feita, eu e um primo, íamos andando por um bairro de nossa cidade o qual não conhecíamos muito bem. Ao darmos uma boa andada por ali, eu e meu primo, que se manifestou mais tarde com uma pergunta, notamos que estávamos perdidos. A pergunta feita por ele foi como um martelo no prego que precisa ser fincado. Disse ele: “você sabe onde nós estamos?” eu lhe respondi que não. Minha resposta foi um tanto faltosa com o conhecimento que tinha daquele bairro, pois mesmo que não tivesse toda a certeza de onde estávamos, no fundo, no fundo 73


vinha a minha memória uma avenida que tinha ali próximo, e quanto mais eu ouvia o barulho de alguns carros pesados que passavam por onde eu imaginava ser aquela pista a qual eu conhecia, mais e mais crescia a esperança de que iriamos encontrar uma saída. A esperança é o que se tem de mais importante quando se está em situações difíceis. Por mais que tudo der sinal de perigo, a esperança vem renovando os ânimos para que se possa encontrar uma saída para a difícil situação. O barulho dos caminhões que passavam perto dali, vinham sim da pista que conhecia. E indo ao encontro do barulho dos motores que eram para mim como um ponto de referência que 74


anunciava esperança de saída dali, pude encontrar, eu e meu primo uma saída dali. Um ponto de referência é sem dúvidas algo que nos dá esperança para nos encontrar. O apóstolo Paulo quando naquela situação difícil, sabia que mesmo com todo aquele embaraço, havia uma grande esperança: o ponto de referência dado por Deus para ele ali encontrar a solução de sua cegueira; a rua chamada Direita. A rua chamada Direita dava consolo de Jesus Cristo para Paulo em meio a tudo aquilo que passava. O Senhor que dava a prova dava também sem dúvidas ali, o consolo para sua alma.

75


Ele estava certo de que a sua ida a rua chamada direita lhe traria bênçãos. Ora, o Senhor que tinha o poder para lhe tirar a visão, foi o que o fez ir. Paulo sabia agora que este Jesus era poderoso. Os espinhos que vem na vida das pessoas, não são apenas para lhes furar. Não! Os espinhos podem ser como um sinal de alerta para que não caiam uma queda após outra por não conhecerem os seus tombos e a causa deles. Se for preciso... Deus pode vir a tirar as pétalas de uma rosa para que se vejam os espinhos para não mais se machucarem com eles. Se Deus nos der espinhos, saibamos que ele é habilitado para fazer isso e não vai nos deixar como moribundos entregues aos 76


ferimentos. Deus treina seus filhos em toda sorte de manuseio em seu jardim. Ele mostra como tratar com as rosas e também com seus espinhos. Se por acaso em todo manuseio for preciso se ferir, Deus garantirá seu consolo para acalmar a alma. É preciso entender que Deus é o mantenedor que sustenta com toda sorte de bênçãos todos os que são dEle. Bênção, porém, não é só aquilo que tem boa aparência. Não! As bênçãos vêm de forma às vezes, um tanto “embaraçosas”. O próprio Jesus usando uma parábola, falou: “Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e tira-o para longe de ti, 77


[...]” (Mateus 5.29). O que Jesus fala aqui é algo um tanto doloroso ou complicado para entender. Ele dá uma dica de como pode ser difícil para um servo de Deus a vida ao seu serviço. Jesus está dizendo em outras palavras que devemos em certos casos, deixar coisas ou pessoas que amamos se elas nos fazem pecar. Não é nada fácil isso, visto que ver a Deus é como ver completa alegria e paz. E agora ver Deus nos trazendo algo assim que nos dá uma reflexão profunda do reino dos Céus, deixa parecer que há discrepância no amor perfeito de Deus. Mas se dermos uma olhada na essência do seu amor, iremos ver que amor de Deus não é amor humano engodado na aparência vil das coisas passageiras daqui. De forma que se Deus vê 78


toda uma boa obra vir a ser comprometida por um... digamos, outro amor, logo este outro amor deverá ser arrancado fora. O que se espera de um Deus de consolo é sempre coisas belas, eu sei. Mas o Deus que nos dar o consolo, precisa dar às vezes o duro trânsito para que seus filhos percebam de onde vem o consolo. Uma coisa que muito necessitamos é saber onde estar o consolo que Deus tantas vezes nos dá e que não percebemos. Quando algumas vezes nossas casas se caem, e em meio à poeira vemos que tudo, absolutamente tudo, se foi ao chão, e quando damos uma olhada mais cuidadosa ao lodo e 79


voltamos nossas atenções para nós mesmos, vemos que em meio a tudo, continuamos de pé, sabemos que só o consolo de Deus nos daria condições para isso. E é para isso sim, que muitas vezes em nossas vidas, vêm grandes tempestades. Para em meio a tudo notarmos que o Senhor está em meio ao duro trânsito fazendo-nos descansar debaixo de suas asas. No livro de Juízes, no capítulo 6.11-40 narra uma historia onde o seu personagem Gideão demonstra uma grande incerteza da presença de Deus em sua vida e de todo o povo. O anjo do SENHOR aparece a Gideão quando em uma época de dificuldade. Gideão se 80


encontrava malhando o trigo no lagar. As notícias para ele eram as melhores que um servo de Deus poderia ouvir. “O SENHOR é contigo varão valoroso.” Diz o anjo. Gideão não demonstra muita confiança uma vez que lhe sobrevinha todo aquele mal ali. Gideão vai de encontro com a afirmativa animadora, a qual deveria assim ser para ele. O anjo nunca estaria mentindo ou se enganando ao trazer estas boas novas. Era o anjo do SENHOR. “A espada para a vitória estava em sua boca” uma vez que a mensagem era do próprio Deus que estava a mandar reforços para levantar o ânimo dos cansados na peleja. Gideão não conseguia ver em meio a toda aquela adversidade, que Deus estivesse com ele. Enxergar a luz em 81


meio às trevas não é algo fácil de fazer. Ver paz quando todos estão em sua espreita, não é nada fácil também. Mas em meio a tudo o que se passava ali, Deus estava presente para ajudar. Mesmo que o flagelo estivesse de forma acirrada, tirando o ânimo de toda gente ao redor de Gideão, os bons planos de Deus ao respeito deles garantia uma vitória mais tarde, de forma que poderemos afirmar que em meio a tudo, o consolo de Deus estava também com eles mesmo que em toda nebulosa não se vissem o clarão. Se os planos traçados por Deus para alguém forem planos de vida, não tenhamos dúvidas de que, ainda que morra, viverá! 82


Os planos do Senhor traçados para seus filhos mostram que há consolo para cada um ainda que tudo pareça diferente. Ele é o Deus do consolo. Se alguém está em dificuldades, nela, ele o consolará. Se for posto por Ele na dificuldade, com ele o consolo também estará.

83


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.