DICAS DE
PORTUGUร S 2ยบ SEMESTRE DE 2014
DICAS DE
PORTUGUร S 2ยบ SEMESTRE DE 2014
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA Presidente Ministro Ricardo Lewandowski
Corregedora Nacional de Justiça Ministra Nancy Andrighi
Conselheiros
Ministro Lelio Bentes Corrêa Carlos Augusto de Barros Levenhagen Daldice Maria Santana de Almeida Gustavo Tadeu Alkmim Carlos Eduardo Oliveira Dias Rogério José Bento Soares do Nascimento Bruno Ronchetti de Castro Fernando César Baptista de Mattos Arnaldo Hossepian Salles Lima Junior José Norberto Lopes Campelo Luiz Cláudio Silva Allemand Emmanoel Campelo de Souza Pereira
Secretário‑Geral Fabrício Bittencourt da Cruz Diretor‑Geral Fabyano Alberto Stalschmidt Prestes
EXPEDIENTE Secretaria de Comunicação Social Secretária de Comunicação Social Giselly Siqueira Projeto gráfico Eron Castro Revisão Carmem Menezes 2016 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA Endereço eletrônico: www.cnj.jus.br
SUMÁRIO SEMANA DE 7 A 11 DE JULHO DE 2014
SEMANA DE 6 A 10 DE OUTUBRO DE 2014
DOS TEXTOS REAIS, QUESTÕES REAIS
Tópicos de Língua Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6
SEMANA DE 14 A 18 DE JULHO DE 2014
Quando a surpresa é a regra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7
DE 21 A 25 DE JULHO DE 2014
Só os casos particulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8
SEMANA DE 28 DE JULHO A 1º DE AGOSTO
Verbos e concordâncias irregulares . . . . . . . . . . . .
9
SEMANA DE 4 A 8 DE AGOSTO DE 2014
Tópicos de Língua Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . .
13
SEMANA DE 11 A 15 DE AGOSTO DE 2014
Só para iniciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14
SEMANA DE 18 A 22 DE AGOSTO DE 2014
Fenômeno fonológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
15
SEMANA DE 25 A 29 DE AGOSTO DE 2014
16
Sobre tudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SEMANA DE 1.º A 5 DE SETEMBRO DE 2014
17
SEMANA DE 8 A 12 DE SETEMBRO DE 2014
LÍNGUA PORTUGUESA TOP
Uma tradução da Ilíada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
31
GERUNDISMO
Vamos estar discutindo essa questão . . . . . . .
33
SOBRE TEXTOS DA IMPRENSA
Considerações sobre textos jornalísticos . . . .
34
EXERCÍCIOS 10
Concurso público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
35
LÍNGUA PORTUGUESA PELO MUNDO
Um pouco de história . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
36
SEMANA DE 8 A 12 DE DEZEMBRO
19
DE 15 A 19 DE SETEMBRO DE 2014
LÍNGUA COMO INSTRUMENTO DE PODER Desde sempre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
37
SEMANA DE 15 A 19 DE DEZEMBRO
20
SEMANA DE 22 A 26 DE SETEMBRO DE 2014
O QUE VI POR AÍ
Imagens que clareiam . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
38
DE 22 A 26 DE DEZEMBRO DE 2014
21
SEMANA DE 29 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2014
Exercícios 8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
27
Múltipla escolha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
SEMANA DE 1º A 5 DE DEZEMBRO DE 2014
Parte 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CORREÇÃO COMENTADA
EXERCÍCIOS 9
SEMANA DE 24 A 28 DE NOVEMBRO DE 2014
EXERCÍCIOS 7
Sobre tudo outra vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
26
SEMANA DE 17 A 21 DE NOVEMBRO DE 2014
CRASE
EXERCÍCIOS 8
Falando sobre ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
DE 10 A 14 DE NOVEMBRO DE 2014
JURIDIQUÊS
Tudo precisa combinar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
SINTAXE DE COLOCAÇÃO
SEMANA DE 3 A 7 DE NOVEMBRO DE 2014
DOS TEXTOS DOS GABINETES
CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA NOMINAL
25
Características dos verbos principais . . . . . . . . .
SEMANA DE 27 A 31 DE OUTUBRO DE 2014
EXERCÍCIOS 6
Palavras que ligam . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
VERBOS MODAIS
DE 20 A 24 DE OUTUBRO DE 2014
CONCORDÂNCIA VERBAL
PREPOSIÇÃO
23
A língua para emocionar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DE 13 A 17 DE OUTUBRO DE 2014
VERBOS IRREGULARES
A ARTE DE ARGUMENTAR
UM POUCO DE CRÔNICA
22
FINAL DE ANO
Chance de recomeçar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
39
DICAS DE PORTUGUÊS
SEMANA DE 7 A 11 DE JULHO DE 2014
DOS TEXTOS REAIS, QUESTÕES REAIS Tópicos de Língua Portuguesa Nesta semana, em vez de tratar da forma dos textos da rotina administrativa do CNJ, a qual está devidamente controlada pelo SIGA‑DOC, o foco volta‑se para pontos precisos que saltaram aos olhos, saídos de relatórios, votos, memorandos, ofícios, despachos, matérias jornalísticas, todos esses textos do dia a dia no CNJ. Vamos a eles, então: 1) A forma correta que não dá erro nunca para abreviar número é “n.”; exemplos: Lei n., Resolução n., RELATÓRIO N., Despacho n. 2) A abreviatura de et caetera necessariamente tem ponto (como toda abreviatura): “etc.”. A única coisa que se discute é se tem vírgula antes ou não: aí, você decide. 3) Vai escrever uma palavra em língua estrangeira? On‑line, outdoor, caput, ipsis literis, verbis, apud, por exemplo, devem vir com itálico. 4) “Escâner” (scanner) e “leiaute” (layout) já são palavras aportuguesadas. 5) As datas podem ser escritas por extenso, com o nome do mês sempre em minúscula – 9 de julho de 2014 – ou de forma abreviada – 9/7/2014. Não precisa do zero à esquerda tanto no dia quanto no mês e se recomenda o ano com quatro dígitos. 6) Vai citar uma lei? Que seja assim: “Lei n. 8.666/1993”, por exemplo, com letra maiúscula, abreviatura de número, ponto para separar o milhar no número da lei e o ano com quatro dígitos. 7) Em uma citação, se for necessário tirar um trecho do texto original, use [...]. Exemplo: “Foram apensados aos autos [...] os Demonstrativos da Despesa de Pessoal [...]”. Quer discutir algum aspecto do seu texto? Quer perguntar algo? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana de retomadas!
6
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 14 A 18 DE JULHO DE 2014
VERBOS IRREGULARES Quando a surpresa é a regra Na semana passada, o foco voltou‑se para tópicos de língua portuguesa, advindos dos textos da vida diária no CNJ. Nesta semana, o assunto desta coluna são verbos irregulares, verbos que não seguem paradigmas de conjugação e apresentam alterações tanto no radical quanto nas desinências. A depender do contexto, ouvir “seje”, “truxe”, “Se eu pôr” não é tão raro assim... O que todas essas formas verbais têm em comum é a irregularidade, que deve ser aprendida, ao contrário da regularidade, que é inata para os falantes. Pontualmente, comentários sobre algumas irregularidades: 1) Não existe “seje”: o presente do subjuntivo do verbo “ser” é “seja”; exemplo: “Quero que você seja feliz”. 2) Não existe “truxe”: o verbo “trazer” apresenta mudança de radical e, no pretérito perfeito do indicativo, conjuga‑se “trouxe, trouxemos”. Os tempos derivados deste mantêm a irregularidade: “trouxesse, trouxer”. Atenção à grafia com “x”. 3) Não existe “quiz”. O verbo “querer” apresenta irregularidades no radical: “quero, queria, quis, quererei, queira, quisesse, quiser” são exemplos desse verbo conjugado na primeira pessoa do singular. Atenção à grafia sempre com “s”. 4) Os verbos “ver” e “vir” misturam‑se e confundem‑se me vários tempos. No presente, “ele vem, eles vêm”, para o verbo “vir”; “ele vê, eles veem” para o verbo “ver”. No subjuntivo, temos “vier, viermos e vierem”, para “vir”; “vir, virmos e virem” para “ver”. Assim, em uma frase com “Se você vier, para o que der e vier”, emprega‑se corretamente o verbo “vir”, assim como “Se você a vir, avise‑me imediatamente” emprega corretamente o verbo “ver”. 5) Quando se tem de empregar o futuro do subjuntivo, a irregularidade salta aos olhos. Então, nada de “Se eu pôr” ou “Quando ele trazer” ou ainda “Se eu fazer”. A forma correta de cada uma dessas orações é: “Se eu puser”, “Quando ele trouxer”, “Se eu fizer”. Atenção: você deve ensinar seu filho essas exceções. Ele nasce sabendo de várias coisas. Mas isso ele vai errar. À disposição pelo e‑mail dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana criativa!
7
DICAS DE PORTUGUÊS
DE 21 A 25 DE JULHO DE 2014
CONCORDÂNCIA VERBAL Só os casos particulares Sobre concordância verbal, já conversamos aqui e aqui, mas apenas no âmbito da regularidade. Você já sabe que o verbo concorda em número com o núcleo do sujeito: se o núcleo está no singular, como em “Maria comprou batatas”, o verbo fica no singular; se o núcleo está no plural, como em “As crianças ganharam presentes”, o verbo fica no plural. Depois das irregularidades dos verbos, vistas na semana passada, o assunto desta semana são os casos particulares de concordância verbal, aqueles que impedem o bom andamento do texto. Vamos a eles, segundo a gramática de Celso Cunha e Lindley Cintra: 1) “parte de, uma porção de, o resto de, a metade de” + substantivo ou pronome no plural: o verbo fica no singular ou no plural. Ex.: “O resto das folhas ficaram no chão”; “Uma porção de peixes foi apreendida”. 2) “cerca de, mais de, menos de” + número no plural: o verbo fica no plural. Ex.: “Cerca de 50 pessoas estiveram presentes”; “Menos de dois quilos de farinha estão no saco”. 3) “um dos que”: o verbo fica no plural. Ex.: “Ele é um dos que participaram da festa”; “João é um dos que compraram a rifa”. 4) “quem”: o verbo fica na 3.ª pessoa do singular. Ex.: “Tu és quem traz os bolos”. 5) substantivo com plural aparente: o verbo fica no singular, se não houver artigo, e fica no plural, se houver artigo. Ex.: “Vassouras, no estado do Rio de Janeiro, está em festa!”; “Os Estados Unidos participaram da ofensiva”. 6) “nem, ou”: quando o sujeito composto é ligado por “nem” ou “ou”, o verbo fica no singular ou no plural, a depender de o fato expresso pelo verbo poder ser atribuído a todos os sujeitos. Ex.: “Nem você nem ele fez isso”; “Nem o sol nem a chuva podem destruir a casa”; “Ou a casa ou o carro seriam vendidos”; “Ou Maria ou João é o responsável por isso”. 7) “um/outro”, nem um/nem outro”: o verbo fica no singular. Ex.: “Um ou outro menino participava da festa”; “Nem um nem outro idealizou o encontro”. 8) “com”: quando os sujeitos são ligados por “com”, o verbo fica no plural ou no singular, para marcar hierarquia. Ex.: O papa e os cardeais participaram do consistório”; “A viúva, com o resto da família, mudou‑se”. 9) “como, assim como, bem como”: o número do verbo depende da interpretação, o que muda também a pontuação. Ex.: “O dinheiro, bem como a carteira, foi encontrado”; “Maria assim como João estiveram lá”. Tem alguma dúvida para esclarecer? Pergunte pelo e‑mail dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana com concórdia!
8
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 28 DE JULHO A 1º DE AGOSTO
EXERCÍCIOS 6 Verbos e concordâncias irregulares Nesta última semana de julho, depois de termos visto questões pontuais vindas de textos reais, detalhes das conjugações de verbos irregulares e concordância verbal em que há variação, chegou a hora de se exercitar, com base em exercícios e questões de outros carnavais, com algumas adaptações. Mãos à obra! Se você tiver alguma dúvida, pergunta ou inquietação, escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br. 1) Preencha as lacunas com as formas verbais indicadas entre parênteses: a ) Nós sempre _______________ que ele voltaria. (saber – pret. mais‑que‑perf. simples ind.) b) As crianças ____________ devagar. (ler – pres. ind.) c) Ela _____________ por notícias tuas. (ansiar – pres. ind.) d) Aqueles homens não ___________nas promessas dos políticos. (crer – pret. imperf. ind.) e) Espero que eles _________ (contar – pres. subj.) o que esta caixa ______ (conter – pres. ind.) f) Quem _________ os livros para mim? (trazer – fut. pres.) g) Tu _________ o vaso na janela? (pôr – pret. perf. ind.) h) Se ________ , irei contigo. (querer – fut. subj.) 2) C omplete adequadamente cada lacuna com uma forma do presente do indicativo ou do presente do subjuntivo do verbo indicado. a) E les sempre ________ os problemas da escola, mas é importante que os demais alunos também ______. (discutir) b) Todo dia eu _______ minha sala; peço que você também _________ a sua. (varrer) c) Eles exigem que nós _________ as mesmas funções que tu _________. (executar) d) Nós já ________ prontos para a viagem; esperamos que você também _________.(estar) e) Esperamos que aqui você ____________ tão feliz quanto nós já ____________. (ser) f) As malas pequenas ______________ no carro, mas é pouco provável que as grandes também _______________.(caber) g) Eles _________ filmes de terror na TV e querem que nós também os __________.(ver) h) T eus pais pedem que nós ______________ te visitar todo mês, mas eles, que deveriam vir, não _____________.(vir)
9
DICAS DE PORTUGUÊS
(IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concordância verbal, de acordo com a norma padrão. a) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. b) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. c) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. d) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. e) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. (IBGE) Assinale a frase em que há erro de concordância verbal. a) Um ou outro escravo conseguiu a liberdade. b) Não poderia haver dúvidas sobre a necessidade da imigração. c) Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assinada. d) Deve existir problemas nos seus documentos. e) Choveram papéis picados nos comícios. (IBGE) Assinale a opção em que há concordância inadequada. a) A maioria dos estudiosos acha difícil uma solução para o problema. b) A maioria os conflitos foram resolvidos. c) Deve haver bons motivos para a sua recusa. d) De casa à escola é três quilômetros. e) Nem uma nem outra questão é difícil. (FFCL SANTO ANDRÉ) A concordância verbal está correta em a) Ela o esperava já faziam duas semanas. b) Na sua bolsa haviam muitas moedas de ouro. c) Eles parece estarem doentes. d) Devem haver aqui pessoas cultas. e) Todos parecem terem ficado tristes. (MACK) Assinale a opção incorreta. a) Dois cruzeiros é pouco para esse fim. b) Nem tudo são sempre tristezas. c) Quem fez isso foram vocês. d) Era muito árdua a tarefa que os mantinham juntos. e) Quais de vós ainda tendes paciência?
10
2º SEMESTRE DE 2014
(CARLOS CHAGAS) ___ de exigências! Ou será que não ___ os sacrifícios que ___ por sua causa? a) Chega ‑ bastam ‑ foram feitos b) Chega ‑ bastam ‑ foi feito c) Chegam ‑ basta ‑ foi feito d) Chegam ‑ basta ‑ foram feitos e) Chegam ‑ bastam ‑ foi feito (FUVEST) Indique a opção correta. a) Tratavam‑se de questões fundamentais. b) Comprou‑se terrenos no subúrbio. c) Precisam‑se de datilógrafas. d) Reformam‑se ternos. e) Obedeceram aos severos regulamentos. (FUVEST) Num dos períodos seguintes não se observa a concordância prescrita pela gramática. Indique‑o. a) Não se apanham moscas com vinagre. b) Casamento e mortalha no céu se talha. c) Quem ama o feio, bonito lhe parece. d) De boas ceias, as sepulturas estão cheias. e) Quem cabras não tem e cabritos vende, de algum lugar lhe vêm. (FUVEST) ______ dez horas que se ______ iniciado os trabalhos de apuração dos votos sem que se ______ quais seriam os candidatos vitoriosos. a) Fazia, haviam, previsse b) Faziam, haviam, prevesse c) Fazia, havia, previsse d) Faziam, havia, previssem e) Fazia, haviam, prevessem (FUVEST) Indique a opção correta. a) Filmes, novelas, boas conversas, nada o tiravam da apatia. b) A pátria não é ninguém: são todos. c) Se não vier, as chuvas, como faremos? d) É precaríssima as condições do prédio. e) Vossa Senhoria vos preocupais demasiadamente com a vossa imagem.
11
DICAS DE PORTUGUÊS
(FRANCISCANAS‑SP) Assinale a opção correta quanto à concordância verbal. a) Sou eu que primeiro saio. b) É cinco horas da tarde. c) Da cidade à praia é dois quilômetros. d) Dois metros de tecido são pouco para o terno. e) Nenhuma das anteriores está correta. (AFTN) Indique a opção que apresenta concordância verbal condizente com as normas do português padrão. a) O funcionamento dos dois hemisférios cerebrais são necessários tanto para as atividades artísticas como para as científicas. b) A s diferentes divisões e subdivisões a que se submetem a área de ciências humanas provocam uma indesejável pulverização de domínios do conhecimento. c) N ormalmente, a aplicação de métodos quantitativos e exatos acabam por distorcer as linhas de raciocínio em ciências humanas. d) Uma das premissas básicas do conjunto de assunções teóricas e epistemológicas do trabalho que ora vem a lume é a concepção da Arte como uma entre as muitas formas por meio das quais o conhecimento humano se expressa. e) N ão existem fórmulas precisas ou exatas para avaliar uma obra de arte, não existe um padrão de medida ou quantificação, tampouco podem haver modelos rígidos preestabelecidos. (FUEL‑PR) A apuração dos dois crimes ______ até que se ______ provas decisivas. a) vai continuar, encontrarem b) vão continuar, encontre c) vão continuar, encontrem d) deviam fazer, haviam e) deviam fazer, havia (TRT) Já ______ anos, ______ neste local árvores e flores. Hoje, só ______ ervas daninhas. a) fazem, haviam, existe b) fazem, havia, existe c) fazem, haviam, existem d) faz, havia, existem e) faz, havia, existe Uma semana quente!
12
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 4 A 8 DE AGOSTO DE 2014
DOS TEXTOS DOS GABINETES Tópicos de Língua Portuguesa Novo mês, novas perspectivas, novo tempo. Depois dos tópicos de língua portuguesa dos textos da rotina administrativa do CNJ, é hora de olhar para pedido de providência, procedimento de controle administrativo, revisão disciplinar, consulta, e destacar alguns aspectos sob o ponto de vista da língua portuguesa padrão. Vamos a eles, então: 1) Expressões, locuções ou palavras em língua estrangeira, como alemão (por exemplo, gesetzeskonformen Verfassungsinterpretation) ou latim (caput, ipsis litteris, verbis, in casu) devem ser escritas em itálico. 2) A s citações de outros textos (livros, decisões, artigos, acórdãos etc.) que tenham mais de quatro linhas devem ser escritas com recuo maior que o de parágrafo e estarem com fonte e entrelinhamento menores que os do resto do texto e sem aspas. Os recursos gráficos servem para identificar que aquele trecho é citação de outro autor. 3) As aspas devem ser usadas apenas em citações com até quatro linhas de texto. 4) Não se deve usar itálico em citações de nenhum tipo, nem recuadas nem sem recuo. 5) A expressão “grifo nosso” deve ser usada entre colchetes ao final de uma citação em que o autor do texto decidiu destacar algum trecho ou com negrito ou com sublinha. Não deve ser itálico. 6) A lgumas siglas como Amagis, Loman, Anamatra, Ajufe, são escritas apenas com a primeira letra maiúscula, porque formam palavras. As siglas que não formam palavra com sílaba ficam em caixa alta, como OAB, CNJ, CNMP. 7) N o nome dos tribunais de Justiça, deve‑se incluir “do Estado” e escrever, por exemplo, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, e, não, Tribunal de Justiça de Rondônia. Tem algo a perguntar? Ficou em dúvida? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana de recomeços!
13
DICAS DE PORTUGUÊS
SEMANA DE 11 A 15 DE AGOSTO DE 2014
JURIDIQUÊS Só para iniciados Nesta semana, nosso assunto é o juridiquês, palavras em latim ou em língua portuguesa que são usadas em petições, sentenças e afins, cujo significado é desconhecido para os não iniciados. Para ilustrar, vamos republicar posts produzidos para o Facebook do CNJ, nos quais esse tema é enfocado com ilustrações. Qualquer dúvida, entre em contato pelo e‑mail dicasdeportugues@cnj.jus.br.
Uma semana feliz!
14
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 18 A 22 DE AGOSTO DE 2014
CRASE Fenômeno fonológico Na semana passada, tratamos de juridiquês, com imagens feitas para o Facebook. Para a próxima semana, prepare‑se: exercícios e textos para procurar erros. Mas, antes disso, o assunto desta semana é o fenômeno fonológico conhecido por “crase”. Primeiro esclarecimento: a crase não está restrita ao encontro da preposição “a” com o artigo definido feminino singular ou plural “a/as”. Ela nasceu na poesia e ocorre em versos como estes, de Olavo Bilac: “Tinhas a alma de sonhos povoada”, em que há crase em “a alma”, quando os dois “as” se fundem na declamação desse verso. Crase é, portanto, fusão. Segundo esclarecimento: preposições combinam‑se ou contraem‑se com artigos. Assim, “em + o = no”; “de + a = da”; “per + o = pelo”; “a + a = à”; “a + o = ao”. Terceiro esclarecimento: só ocorre acento grave – este é o nome do acento que marca a crase fora da poesia – necessariamente na presença da preposição “a” regida por um verbo, ou substantivo ou adjetivo ou em locução adverbial seguida imediatamente por uma palavra que possa ser usada com um artigo definido singular ou plural. Essa é a regra geral, que serve para quase todos os casos que ocorrem no nosso dia a dia. Sobre isso, muito já se falou nesta coluna: zz curiosidades; zz usos; zz expressões; zz escrita de horas; Assim, está correto o emprego do acento grave nos exemplos a seguir: zz Vou à feira. (preposição + substantivo feminino) zz Assistimos à novela. (preposição + substantivo feminino) zz Este assunto está relacionado às mulheres casadas. (adjetivo + preposição + substantivo) zz O carro estava à distância de 50 metros. (locução adverbial) zz Chegamos àquela cidade. (preposição + pronome demonstrativo que começa com “a”) zz Enviei à sua casa o cartão. (preposição + artigo + pronome possessivo) Está errado o uso em: zz Pagamento a prazo (palavra masculina) zz Propor‑se a pagar (verbo) zz Dar a ele/ela (pronome pessoal) zz Assistir a isso (pronome demonstrativo) Dúvidas? Perguntas sobre este ou outro assunto? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana de conquistas!
15
DICAS DE PORTUGUÊS
SEMANA DE 25 A 29 DE AGOSTO DE 2014
EXERCÍCIOS 7 Sobre tudo Chegada a última semana do mês, é hora de pôr a mão na massa e exercitar o uso da língua portuguesa padrão. Neste mês, você viu alguns tópicos de língua portuguesa a partir dos textos dos gabinetes, soube o significado de algumas expressões em latim frequentes no Direito e estudou casos em que há acento grave. Então, leia o texto a seguir, em que há vários erros de português. Reescreva o texto, corrigindo‑os. E, se quiser, envie a versão reescrita para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Sigilo absoluto garantido. E comentários sobre seu trabalho à disposição.
Ao meio‑dia e meio, todos os pais reuniram‑se na escola para protestar dos professores, pessoas que estavam à serviço dos filhos deles sem sucesso. Ao contrário que se esperava, alguns deles disseram assim: “Vamos embora! Manifestar não adianta!”. O diretor da escola que apareceu para negociar com os pais dizia a eles que estavam errado, que o protesto não se justificava à seu ponto de vista. Foi assim que à vista de todos, a Associação de Pais e Mestres – APAME leu o seguinte manifesto: “Pais e amigos da Escola Verde! Hoje é dia de luta! Preferimos lutar do que deixar nossos filhos a mercê de professores descapacitados ao ensino! Vamos denunciar a inoperância da direção da escola, à que nos referimos com indignação, afim de que volte a dirigir a essa escola com qualidade e competência.”. Subseguiram‑se vários discursos inflamados. Duas horas depois, às 14:30hs, os pais disperçaram com a sensação do dever cumprido.
Uma semana florida com os ipês!
16
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 1.º A 5 DE SETEMBRO DE 2014
A ARTE DE ARGUMENTAR Parte 2 Novo mês começando... logo o ano termina... começamos com redação oficial e vimos como se estruturam ofício, portaria e resolução, ata, instrução normativa e relatório. Na primeira semana de junho, o assunto desta coluna foi texto argumentativo, parte 1. E a ele voltamos, com mais algumas considerações e um desafio. Afinal nas provas dissertativas da vida, em 30 linhas, temos de argumentar e, quem sabe, convencer. O texto que quer defender um ponto de vista não deveria pautar‑se nem por achismos nem por subjetividade, mas ser construído por argumentos baseados no senso comum, em citações de fontes reconhecidas, em evidências e em raciocínio lógico. A palavra “texto” vem do latim “textus”, que é particípio passado do verbo “texere”, cujo significado era “maneira de tecer”. Sim, é a mesma palavra que dá origem à palavra “tecido”. Você já reparou que os tecidos são constituídos pelo entrelaçamento de palavras, tanto no nível morfológico quanto no sintático? Daí a relevância da coesão, a “cola” que junta isso tudo em um todo harmônico. Por isso que texto argumentativo não é patchwork. O texto argumentativo básico de concursos públicos é formado por quatro parágrafos, na seguinte ordem: 1.º introdução; 2.º e 3.º desenvolvimento; 4.º conclusão. Cada um com umas 6, 7 linhas de extensão. Nesse contexto, até a harmonia dos parágrafos conta ponto. Na vida real, editoriais de jornais são textos argumentativos. Segue um exemplo, publicado hoje no jornal Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/ opiniao/2014/09/1508894‑editorial‑a‑logica‑do‑pib.shtml):
Um comentarista esportivo talvez dissesse que deu a lógica. A queda do PIB do segundo trimestre reitera o fracasso da política econômica no governo da presidente Dilma Rousseff (PT). A contração foi de 0,6% na comparação com os três meses anteriores. Em relação ao mesmo período de 2013, houve redução de 0,9%. É um dos piores resultados do mundo. Nesse intervalo, os EUA e até a letárgica Europa avançaram 2,5% e 1,2%, respectivamente. Mesmo a periferia europeia, prostrada pela crise, saiu‑se melhor. O Brasil aparece atrás da Itália (‑0,3%) e da Grécia (‑0,2%). Na América Latina, México e Chile, por exemplo, cresceram 1,6% e 1,9%. Mesmo assim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, insiste em atribuir o mau desempenho à crise internacional. Não faz sentido, assim como é de somenos discutir se o resultado configura recessão – segundo o IBGE, as duas reduções podem ser revisadas no futuro. O mais importante é observar a sensação de desalento que se espalhou pelo país, um debate que interessa menos para o ministro. Os componentes do PIB, afinal, mostram um quadro preocupante: caíram tanto o investimento como a poupança interna, e as duas taxas (como proporção do PIB) estão em patamares historicamente baixos.
17
DICAS DE PORTUGUÊS
Esse é o problema real. O Brasil não consegue poupar nem investir o suficiente para acelerar o crescimento da economia, sem o que não superará suas mazelas sociais. O fato de não conseguir fazer isso está diretamente ligado às medidas do governo nos últimos anos, que bagunçaram o ambiente de negócios e solaparam a confiança de empresários e consumidores. Nem mesmo o gigantismo do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal foi capaz de destravar o investimento, justamente o item que deveria ter sido o principal vetor de crescimento dos últimos anos. Para Mantega, sem os aportes de R$ 360 bilhões do Tesouro no BNDES – recursos que foram repassados a empresas com juros subsidiados–, o quadro seria pior. Que seja. Os resultados são pífios, em todo caso, sobretudo se considerados o tamanho da intervenção e os custos para o contribuinte. O governo, entretanto, continua a negar a realidade, estimando um crescimento irreal. Na proposta de lei orçamentária de 2015, consta que a economia avançará 3%, enquanto a projeção média dos analistas fica em torno de 1%. A esta altura, poucos ainda confiam nos cálculos e na conduta da equipe econômica. É difícil superestimar os prejuízos de tal descrença para o país.
Ficou com vontade de argumentar? Desafio: escreva o texto com até 2.000 caracteres e mande‑o para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Correção e sigilo garantidos. Uma semana de esforços que compensam!
18
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 8 A 12 DE SETEMBRO DE 2014
PREPOSIÇÃO Palavras que ligam Na semana passada, você conheceu um pouco mais sobre texto dissertativo e suas características. Nesta semana, vamos enfocar preposição e locuções prepositivas, assunto a que já se fez referência outrora e então. Preposição é uma palavra invariável (não se flexiona nem em gênero, nem em número), sem referente no mundo extralinguístico (não há nada concreto que represente a ideia), que estabelece uma relação entre dois termos de uma oração. As locuções prepositivas são formadas por mais de uma palavra e ocorrem com várias funções sintáticas. São elas, por exemplo: “em face de”, “dentro de”, “perto de”, “junto a”, “em vez de”, “graças a”, “depois de”, “atrás de”, “em torno de”, e por aí vai. Importante atentar que, às locuções prepositivas terminadas em “a”, pode caber acento grave, como em “graças à menina, fui salva” ou “junto à cabeceira, estavam as chaves”. Atenção quando vier palavra masculina: não haverá crase. Atenção também à grafia: “a fim de”, “acerca de”, “embaixo de”, “em cima de”, são alguns exemplos que podem causar dúvida de grafia. Algumas locuções são com frequência usadas de forma inadequada, como “ao mesmo tempo que”, “apesar que”, “de modo a”, “a longo prazo”, “em vias de”, “de vez que”. A forma correta, respectivamente, é “ao mesmo tempo em que”, “apesar de que”, “de modo que”, “em via de”, “uma vez que”. Alguma questão? Mande e‑mail para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana firme e forte!
19
DICAS DE PORTUGUÊS
DE 15 A 19 DE SETEMBRO DE 2014
CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA NOMINAL Tudo precisa combinar A partir desta semana, está disponível na intranet a coletânea de todas as dicas de português publicadas no 1º semestre de 2014. Também já estão lá as duas coletâneas do ano passado: 1º semestre e 2º semestre. Faça desses textos seus companheiros no dia a dia! Na semana passada, nosso assunto foi preposição, palavra que liga. O assunto desta semana envolve nomes (substantivos e adjetivos) e se dirige para a regência e a concordância. Regência significa comando, direção, governo; no âmbito da gramática, regência faz referência à subordinação que existe entre os termos da oração. Substantivos regem artigos, numerais, pronomes adjetivos e adjetivos e estabelecem com eles relações de flexão de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural). Alguns nomes exigem um tipo de complementação de sentido, absolutamente necessária; daí surge a regência nominal, por vezes tão variada que há dicionários específicos de regência nominal, como o de Celso Pedro Luft. Neste dicionário, aprendemos que o adjetivo “agradecido” tem dois complementos regidos pela preposição “a” e “por”; que o substantivo “trama” rege “contra” e “para”; que “prevalência” rege “sobre”; e por aí vai. Vale a consulta. Pena que não exista versão on line. Exemplos: zz João estava agradecido à sua mãe pelo apoio. zz A trama contra os funcionários deu certo. zz A prevalência desse estudo sobre os outros explica muitas questões. Concordância se dá quando as palavras que se relacionam por regência e se flexionam estão todas com o mesmo gênero e o mesmo número. Assim, em linhas gerais, um adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere. Exemplos: zz As meninas bonitas chegaram. zz O rapaz bem arrumado está ali no canto. Complicações surgem quando há um adjetivo que se refere a mais de um substantivo. A regra geral é: o adjetivo, quando vem antes, concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo: “Vivia em tranquilos bosques e montanhas”. Se o adjetivo vem depois dos substantivos, pode ser assim como nos exemplos a seguir, que reproduzem a regra aplicada com maior frequência. zz Estudo língua e literatura portuguesa. zz Estudo o idioma e a literatura portuguesa. zz Estudo as línguas e a civilização ibéricas. zz Estudo os idiomas e as literaturas ibéricas. zz Estudo os falares e a cultura portugueses. Tem algo a perguntar? Sempre à disposição pelo dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana especial!
20
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 22 A 26 DE SETEMBRO DE 2014
EXERCÍCIOS 8 Sobre tudo outra vez Neste mês, o foco voltou‑se para a estrutura do texto dissertativo, para as preposições e algumas dificuldades, especialmente nas locuções prepositivas, e para a concordância e regência nominal. Então, nesta quarta semana do mês, vamos exercitar. No texto a seguir, há vários erros inseridos com finalidade didática. Reescreva‑o, fazendo os ajustes necessários e, se quiser, mande o texto consertado para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Comentários, correção e sigilo garantidos.
Brasília 22 de Setembro de 2014. Prezado Ministro João Feliz, Vossa Excelência está autorizada a ingrensar nas dependências e nos espaços comuns dessa autarquia de preferência junto à um dos seguranças decalcados para o vosso acompanhamento. Também gostaríamos de informar de que os documentos que V. Sa. fez referência em conversa telefônica já foi providenciado pela sessão específica e que, a longo prazo, não haverão problemas neste sentido, de modo a se evitar novos dissabores. Por fim, informo que os quadros e as mesas solicitados já estão instalados em seu gabinete, porisso que segue anexo a nota fiscal. Atenciosamente, Chefe da Seção de Segurança e Logística
Todas as dicas do primeiro semestre de 2014 você vê aqui! Uma semana leve!
21
DICAS DE PORTUGUÊS
SEMANA DE 29 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2014
CORREÇÃO COMENTADA Exercícios 8 Nesta semana, a quinta do mês de setembro, é hora de comentar o texto proposto como exercício, na semana passada. Você verá a seguir a correção de cada inadequação do texto acompanhada de algum comentário relevante. Obrigada a você que aceitou o desafio e enviou para dicasdeportugues@cnj.jus.br a sua reescrita! Continue interagindo conosco sempre que tiver alguma dúvida de português! Vamos lá então: Brasília, (a vírgula é usada em datas para separar a cidade) 22 de setembro (o nome dos meses é escrito sempre com inicial minúscula, quando não inicia oração) de 2014. Prezado Ministro João Feliz, Vossa Excelência está autorizado (o adjetivo tem de concordar com a pessoa a que se refere; no caso, o ministro João; então, tem de ficar no masculino) a ingressar (consertar a grafia) nas dependências e nos espaços comuns desta (o pronome demonstrativo tem de ficar na primeira pessoa para marcar a referência ao local de que se fala: quem assina o texto pertence à autarquia) autarquia de preferência junto a (não há acento grave antes de palavras masculinas) um dos seguranças destacados (ajuste de vocabulário) para o seu (o pronome possessivo que deve ser usado com pronomes de tratamento é o de terceira pessoa; então, tem de ser “seu”) acompanhamento. Também gostaríamos de informar que os documentos a (a preposição incluída pertence ao substantivo “referência” e dele completa o sentido) que V. Exa. (ajuste de pronome de tratamento: tem de ser excelência do começo ao fim) fez referência em conversa telefônica já foram providenciados (se o que já foi encaminhado foi “documentos”, o verbo que tem “documentos” como sujeito tem de ficar no plural) pela seção (ajuste de vocabulário, para mais precisão; mas tem como ficar como estava sem grandes perdas de informação) específica e que, em (conserto da locução prepositiva) longo prazo, não haverá (concordância do verbo “haver” no sentido de existir: sempre no singular) problemas nesse (referência do pronome demonstrativo na segunda pessoa, porque já se escreveu o contexto dos problemas) sentido, de modo que (conserto da locução prepositiva) se evitem (voz passiva sintética com sujeito no plural: novos dissabores) novos dissabores. Por fim, informo que os quadros e as mesas solicitados já estão instalados em seu gabinete, por isso (ajuste de grafia) segue anexa (o adjetivo “anexa” tem de concordar com o substantivo a que se refere: “nota fiscal”) a nota fiscal. Respeitosamente, (para marcar a hierarquia entre o chefe e o ministro) Chefe da Seção de Segurança e Logística
Ficou com alguma dúvida? Quer fazer uma pergunta? Escreva‑nos! Uma semana nova como o mês que já chega!
22
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 6 A 10 DE OUTUBRO DE 2014
UM POUCO DE CRÔNICA A língua para emocionar Novo mês, novas perspectivas! E o tema desta coluna nesta semana refere‑se a textos em que o uso da língua portuguesa é escorreito (sem incorreções). Então, embarque nesta aventura. O correto uso do papel higiênico
João Ubaldo Ribeiro O título acima é meio enganoso, porque não posso considerar‑me uma autoridade no uso de papel higiênico, nem o leitor encontrará aqui alguma dica imperdível sobre o assunto. Mas é que estive pensando nos tempos que vivemos e me ocorreu que, dentro em breve, por iniciativa do Executivo ou de algum legislador, podemos esperar que sejam baixadas normas para, em banheiros públicos ou domésticos, ter certeza de que estamos levando em conta não só o que é melhor para nós como para a coletividade e o ambiente. Por exemplo, imagino que a escolha da posição do rolo do papel higiênico pode ser regulamentada, depois que um estudo científico comprovar que, se a saída do papel for pelo lado de cima, haverá um desperdício geral de 3,28%, com a consequência de que mais lixo será gerado e mais árvores serão derrubadas para fazer mais papel. E a maneira certa de passar o papel higiênico também precisa ter suas regras, notadamente no caso das damas, segundo aprendi outro dia, num programa de TV. Tudo simples, como em todas as medidas que agora vivem tomando, para nos proteger dos muitos perigos que nos rondam, inclusive nossos próprios hábitos e preferências pessoais. Nos banheiros públicos, como os de aeroportos e rodoviárias, instalarão câmeras de monitoramento, com aplicação de multas imediatas aos infratores. Nos banheiros domésticos, enquanto não passa no Congresso um projeto obrigando todo mundo a instalar uma câmera por banheiro, as recém‑criadas Brigadas Sanitárias (milhares de novos empregos em todo o Brasil) farão uma fiscalização por escolha aleatória. Nos casos de reincidência em delitos como esfregada ilegal, colocação imprópria do rolo e usos não autorizados, tais como assoar o nariz ou enrolar um pedacinho para limpar o ouvido, os culpados serão encaminhados para um curso de educação sanitária. Nova reincidência, aí, paciência, só cadeia mesmo. Agora me contam que, não sei se em algum estado ou no país todo, estão planejando proibir que os fabricantes de gulodices para crianças ofereçam brinquedinhos de brinde, porque isso estimula o consumo de várias substâncias pouco sadias e pode levar a obesidade, diabetes e muitos outros males. Justíssimo, mas vejo um defeito. Por que os brasileiros adultos ficam excluídos dessa proteção? O certo será, para quem, insensata e desorientadamente, quiser comprar e consumir alimentos industrializados, apresentar atestado médico do SUS, comprovando que não se trata de diabético ou hipertenso e não tem taxas de colesterol altas. O mesmo aconteceria com restaurantes, botecos e similares. Depois de algum debate, em que alguns radicais terão proposto o Cardápio Único Nacional, a lei estabelecerá que, em todos os menus, constem, em letras vermelhas e destacadas, as necessárias advertências quanto a possíveis efeitos deletérios dos ingredientes, bem como fotos coloridas de gente passando mal, depois de exagerar em comidas excessivamente calóricas ou bebidas indigestas. O que nós fazemos nesse terreno é um absurdo e, se o Estado não nos tomar providências, não sei onde vamos parar.
23
DICAS DE PORTUGUÊS
Ainda é cedo para avaliar a chamada lei da palmada, mas tenho certeza de que, protegendo as nossas crianças, ela se tornará um exemplo para o mundo. Pelo que eu sei, se o pai der umas palmadas no filho, pode ser denunciado à polícia e até preso. Mas, antes disso, é intimado a fazer uma consulta ou tratamento psicológico. Se, ainda assim, persistir em seu comportamento delituoso, não só vai preso mesmo, como a criança é entregue aos cuidados de uma instituição que cuidará dela exemplarmente, livre de um pai cruel e de uma mãe cúmplice. Pai na cadeia e mãe proibida de vê‑la, educada por profissionais especializados e dedicados, a criança crescerá para tornar‑se um cidadão modelo. E a lei certamente se aperfeiçoará com a prática, tornando‑se mais abrangente. Para citar uma circunstância em que o aperfeiçoamento é indispensável, lembremos que a tortura física, seja lá em que hedionda forma — chinelada, cascudo, beliscão, puxão de orelha, quiçá um piparote —, muitas vezes não é tão séria quanto a tortura psicológica. Que terríveis sensações não terá a criança, ao ver o pai de cara amarrada ou irritado? E os pais discutindo e até brigando? O egoísmo dos pais, prejudicando a criança dessa maneira desumana, tem que ser coibido, nada de aborrecimentos ou brigas em casa, a criança não tem nada a ver com os problemas dos adultos, polícia neles. Sei que esta descrição do funcionamento da lei da palmada é exagerada, e o que inventei aí não deve ocorrer na prática. Mas é seu resultado lógico e faz parte do espírito desmiolado, arrogante, pretensioso, inconsequente, desrespeitoso, irresponsável e ignorante com que esse tipo de coisa vem prosperando entre nós, com gente estabelecendo regras para o que nos permitem ver nos balcões das farmácias, policiando o que dizemos em voz alta ou publicamos e podendo punir até uma risada que alguém considere hostil ou desrespeitosa para com alguma categoria social. Não parece estar longe o dia em que a maioria das piadas será clandestina e quem contar piadas vai virar uma espécie de conspirador, reunido com amigos pelos cantos e suspeitando de estranhos. Temos que ser protegidos até da leitura desavisada de livros. Cada livro será acompanhado de um texto especial, uma espécie de bula, que dirá do que devemos gostar e do que devemos discordar e como o livro deverá ser comentado na perspectiva adequada, para não mencionar as ocasiões em que precisará ser reescrito, a fim de garantir o indispensável acesso de pessoas de vocabulário neandertaloide. Por enquanto, não baixaram normas para os relacionamentos sexuais, mas é prudente verificar se o que vocês andam aprontando está correto e não resultará na cassação de seus direitos de cama, precatem‑se.
E escrever corretamente serve para quê? Para que o texto seja mais bem compreendido e não seja instrumento de exclusão social e porque, na vida em sociedade, isso é reconhecido como um valor a que se deve almejar. Uma semana de mudanças!
24
2º SEMESTRE DE 2014
DE 13 A 17 DE OUTUBRO DE 2014
VERBOS MODAIS Características dos verbos principais Na semana passada, você leu uma crônica de João Ubaldo Ribeiro como exemplo de uso da língua portuguesa com qualidade e arte. Nesta semana, o assunto é verbo modal, verbos que atribuem certa característica ao verbo principal, como obrigação ou possibilidade. Assim, verbos como “deve, precisar, ter de” indicam obrigação quando são usados como auxiliar, e também ordem ou simples necessidade. Já o verbo “poder” indica capacidade, permissão ou simples possibilidade. Vamos aos exemplos: 1) Você deve trazer o material amanhã. 2) Você pode trazer o material amanhã? 3) Você tem de trazer o material amanhã. É fácil perceber que cada uma delas tem uma força diferente, com implicações diferentes também na vida prática. Ao ouvir uma oração com “deve”, aquilo que se diz será feito, porque a noção de obrigatoriedade é muito forte, embora possa ser amenizada, em alguns contextos, com o uso de “deveria”. Já quando se usa “pode”, sempre há liberdade de o interlocutor fazer ou não o que se pede, já que a ação depende da vontade. Por fim, quando, na oração, usa‑se “tem de”, há mistura entre obrigatoriedade de fazer ponderada pela possibilidade de escolha. Portanto, escolher usar esses ou outros verbos modais não é trivial e do emprego adequado ao contexto obtém‑se mais efetividade. Se você gostou do assunto, aqui, aqui e aqui há informações mais aprofundadas. E se tiver alguma dúvida sobre língua portuguesa, escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana fantástica!
Revisora de Textos da Secretaria de Comunicação Social
25
DICAS DE PORTUGUÊS
DE 20 A 24 DE OUTUBRO DE 2014
SINTAXE DE COLOCAÇÃO Falando sobre ordem Na semana passada, tratamos de verbos modais, ou seja, verbos que dão características aos verbos principais. Na semana anterior, João Ubaldo Ribeiro mostrou‑nos uso com qualidade da nossa língua em uma crônica. Para a próxima semana, descanse na segunda e prepare‑se: vêm exercícios por aí! E, nesta semana, nosso assunto é sintaxe de colocação. Em língua portuguesa, assim como nas demais línguas românicas, predomina a ordem direta, qual seja: Sujeito + verbo + objeto direto + objeto indireto + adjunto adverbial (nem todos são obrigatórios em todas as orações) Ou Sujeito + verbo + predicativo Essa é a preferência. Mas a inversão da ordem direta é muito comum e, normalmente, sujeita às necessidades discursivas ou estilísticas, por exemplo, nas orações interrogativas, nas orações reduzidas, nas orações com voz passiva pronominal. No caso da voz passiva pronominal, o fato de o verbo vir anteposto ao sujeito acarreta frequentes problemas de concordância; por exemplo “Buscou‑se soluções rápidas” (ERRADO) no lugar de “Buscaram‑se soluções rápidas” (CERTO). Também é assunto da sintaxe de colocação o lugar onde o pronome átono fica em relação ao verbo: antes (próclise), no meio (mesóclise) ou depois (ênclise). Exemplos: zz Eu me apresentei bem? (próclise de “me”) zz Discutir‑se‑ão assuntos fundamentais. (mesóclise de “se”) zz Casaram‑se mês passado. (ênclise de “se”) O local do adjunto adverbial também é relevante, porque pode provocar necessidades diferentes do uso da vírgula: zz Ontem, nadei no rio. zz Nadei no rio ontem. Além do uso da vírgula com adjunto adverbial, o sentido da oração pode mudar de acordo com o local em que ele ocorre: zz O diretor apenas comunicou a decisão. (só houve comunicação) zz Apenas o diretor comunicou a decisão. (só o diretor fez a comunicação) zz O diretor comunicou a decisão apenas. (nada além da decisão foi comunicado) E, por fim, no caso de predicado nominal com o verbo “ser”, é a ordem das palavras que indica quem é o sujeito e quem é o predicativo: zz A menina é argentina. (sujeito: “A menina”) zz A argentina é uma menina. (sujeito: “A argentina”) Assim, atenção ao lugar de cada palavra! Quer falar mais sobre isso? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana bem colocada!
26
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 27 A 31 DE OUTUBRO DE 2014
EXERCÍCIOS 9 Múltipla escolha Neste mês, fomos da crônica à colocação, passando pelos modalizadores... Com as baterias recarregadas, vamos colocar a mão na massa e exercitar?
Os tempos verbais destacados estão corretamente indicados entre parênteses, EXCETO: a) “De vez em quando me batem desejos.” (Presente do indicativo) b) “Só precisaria de um parceiro.” (Futuro do pretérito do indicativo) c) “ ... uma leve pressão no Enter escancarará a janelinha da primeira paixão...” (Futuro do presente do indicativo) d) “... reviverei a disparada do coração...” (Futuro do presente do indicativo) e) “Meu desejo mais cruel baixou hoje.” (Pretérito‑mais‑que‑perfeito do indicativo) A concordância nominal está de acordo com a norma padrão na seguinte frase: a) Anexo ao pacote, encontrei várias cartas antigas. b) O porteiro tirou os óculos e o colocou sobre a mesa. c) A secretária e eu terminamos o almoço meio‑dia e meio. d) Leio qualquer manuscritos que me cheguem às mãos. e) Formulei hipóteses o mais improváveis possível sobre o caso. Em qual período o pronome átono que substitui o sintagma em destaque tem sua colocação de acordo com a norma padrão? a) O porteiro não conhecia o portador do embrulho – conhecia‑o b) Meu pai tinha encontrado um marinheiro na praça Mauá – tinha encontrado‑o c) As pessoas relatarão as suas histórias para o registro no Museu – relatá‑las‑ão d) Quem explicou às crianças as histórias de seus antepassados? – explicou‑lhes e) V inham perguntando às pessoas se aceitavam a ideia de um museu virtual – Lhes vinham perguntando Que trecho está pontuado de acordo com a norma padrão? a) O filme Narradores de Javé, de Eliane Caffé, mostra como os relatos orais unem uma comunidade: quando descobrem que o vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas de uma represa, seus habitantes se organizam para tentar salvá‑lo por meio de narrativas sobre os acontecimentos da região. b) O filme Narradores de Javé de Eliane Caffé, mostra como os relatos orais unem uma comunidade. Quando descobrem, que o vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas de uma represa, seus habitantes se organizam para tentar salvá‑lo por meio de narrativas sobre os acontecimentos, da região.
27
DICAS DE PORTUGUÊS
c) O filme Narradores de Javé, de Eliane Caffé, mostra como, os relatos orais unem uma comunidade, quando descobrem que o vilarejo de Javé vai ser submerso, pelas águas de uma represa, seus habitantes se organizam, para tentar salvá‑lo por meio de narrativas sobre os acontecimentos da região. d) O filme Narradores de Javé de Eliane Caffé mostra como os relatos orais unem uma comunidade; quando descobrem, que o vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas, de uma represa, seus habitantes se organizam para tentar salvá‑lo por meio de narrativas sobre os acontecimentos da região. e) O filme Narradores de Javé, de Eliane Caffé mostra como, os relatos orais unem uma comunidade — quando descobrem que o vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas de uma represa; seus habitantes se organizam para tentar salvá‑lo por meio de narrativas sobre os acontecimentos da região. A norma para uso de pronomes de tratamento em redação de documento oficial exige que os pronomes possessivos e a concordância de gênero e número (considerando‑se as especificidades do receptor que se encontram entre parênteses) se deem da forma como se exemplifica em: a) V ossa senhoria terá vossas reuniões marcadas, conforme tua vontade. (Referindo‑se a chefe de seção, nível superior, masculino singular) b) S ua senhoria está convidado a comparecer à reunião. (Referindo‑se a diretora de unidade, nível superior, feminino, singular) c) V ossa senhoria está sendo esperada para a assembleia de seus funcionários. (Referindo‑se a diretora geral de unidade, feminino, singular) d) O Senhor Doutor precisa comparecer ao ato oficial. (Referindo‑se a assessor jurídico da presidência de órgão público, sem pós‑graduação, masculino, singular) e) V ossas Excelências são esperadas para a reunião das suas áreas. (Referindo‑se a gerentes de projeto, com doutorado, masculino, plural) As regras de concordância estão plenamente respeitadas em: a) O crescimento indiscriminado que se observa na cidade de São Paulo fazem com que alguns de seus bairros sejam modificados em poucos anos. b) D evem‑se às múltiplas ofertas de lazer e cultura a atração que São Paulo exerce sobre alguns turistas. c) A pesar de a cidade de São Paulo exibir belas alamedas arborizadas, deveriam haver mais áreas verdes na cidade. d) O ruído dos carros, que entram pelas janelas dos apartamentos, perturbam boa parte dos paulistanos. e) N a maioria dos bairros de São Paulo, encontram‑se referências culinárias provenientes de diversas partes do planeta. Em “66% dos presos eram réus primários”, a concordância verbal pode ser feita com o número (66%) ou com o partitivo (presos). Assinale a opção que apresenta erro de concordância. a) 9 2% da população carcerária é de baixa renda. b) 30% do tráfico escapam da política de repressão. c) 1,2% da população apoiam a nova lei de repressão ao tráfico. d) 0,5% dos cariocas desejam que os traficantes sejam presos. e) 55% dos jovens são vítimas do apelo do tráfico.
28
2º SEMESTRE DE 2014
Em “Se um jovem quiser experimentar drogas”, empregou‐se corretamente o futuro do subjuntivo do verbo querer (quiser). Assinale a opção em que a forma do futuro do subjuntivo destacada está errada. a) Quando ele vir a prova do delito, confessará o crime. b) Quando os traficantes serem presos, a situação melhorará. c) Se o viciado requerer ajuda, tudo ficará mais fácil. d) Se a polícia intervier, o problema aumentará. e) Quando vierem as testemunhas, o processo ficará mais claro. Assinale a opção que corresponde a erro gramatical: O Brasil encerrou o ano de 2007 com(1) resultados animadores. O País conseguiu gerar mais de(2) 1,6 milhão de postos de trabalho. Acerca de(3) 42% foram empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado. O desemprego nas regiões metropolitanas ficou em torno de(4) 9,5%, ante(5) 10% em 2006. Os rendimentos médios subiram cerca de 3% em termos reais. Em quatro anos o aumento foi de quase 8%. (José Pastore, O Estado de S. Paulo, 5/02/2008) a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Leia o texto a seguir e assinale a opção que completa as lacunas de acordo com os números. Os resultados do trabalho de fiscalização da Receita Federal no ano passado impressionam. Por práticas de “evasão fiscal” – _1_sonegação de impostos, apuração indevida de impostos e contribuições a serem recolhidas, erros e omissões nas declarações do Imposto de Renda, entre outras –, a Receita autuou no ano passado 522 mil contribuintes, _2_ pessoas jurídicas e físicas, 42% _3_ número de autuações emitidas em 2006. Mais notável ainda é o aumento do valor das autuações. Elas totalizaram R$ 108 bilhões, 80% mais do que o total do ano anterior. O combate rigoroso _4_ sonegação de qualquer tipo é dever da Receita e uma demonstração de respeito _5_ contribuintes que cumprem rigorosamente suas obrigações com o Fisco. O uso de mecanismos mais eficazes nesse trabalho reduz substancialmente a margem para a sonegação e para outros atos considerados ilícitos pela Receita e pela Justiça, _6_ resulta em aumentos de arrecadação que, pelo menos em tese, poderiam abrir o caminho para a redução do peso dos impostos, taxas e contribuições sobre as finanças dos contribuintes honestos. a)
1 como
2 entre
3 mais do que o
4 a
5 aos
6 e
b)
1 sejam
2 sejam
3 maior que
4 contra a
5 com os
6 porém
c)
1 tais como
2 as
3 do
4 da
5 pelso
6 entretanto
d)
1 seja
2 ou
3 mais que o
4 a
5 para com
6 mas
e)
1 por exemplo
2 de
3 pelo
4 pela
5 nos
6 porque
29
DICAS DE PORTUGUÊS
Assinale a opção em que o trecho do texto de O Globo, 31/01/2008, foi transcrito com erro gramatical: a) A acumulação de superávits primários nas contas públicas, uma política que teve início no último trimestre de 1998, depois do abalo causado na economia brasileira por uma crise financeira que teve seu estopim na Rússia, vem dando frutos nos últimos anos, com redução do déficit e da dívida da União, estados, municípios e companhias estatais em relação ao PIB. b) E m 2008, segundo dados do Banco Central, a dívida líquida do setor público recuou para o equivalente a 42,8% do Produto Interno Bruto, o mais baixo percentual apurado desde 1999. E o déficit total do setor público, no valor total de R$ 58 bilhões, caiu para 2,27% do PIB. c) C om a redução de suas necessidades de financiamento, o setor público pode renovar mais facilmente seu endividamento, e, nesse caso, o mercado tende a aceitar o pagamento de taxas de rentabilidade mais baixas para os títulos do Tesouro. d) Para 2008, o Banco Central projeta nova queda na dívida líquida, e queda também do déficit, que encolheria para 1,2% do PIB. Mantendo essa tendência, ao fim de 2009 ou no decorrer de 2010, o déficit desapareceria, equilibrando‑se as contas públicas e estancando‑se completamente o crescimento da dívida. e) A diminuição da dívida como proporção do PIB, assim como do déficit público total, significa que o Estado passou a avançar menos sobre os recursos disponíveis para financiar o setor privado. Isso viabiliza a ampliação dos investimentos, que pode ser financiado pelo aumento da poupança interna. Os trechos a seguir constituem um texto adaptado de Zero Hora (RS), 11/02/2008. Assinale a opção que apresenta erro gramatical: a) O s mundos cultural, econômico, financeiro e até rural giram em torno do que ocorre nessas concentrações que, pelo menos desde a Idade Média, foram adquirindo feição própria e mostrando problemas específicos. b) A concentração mundial das populações nas cidades, fenômeno historicamente recente, torna essas aglomerações o centro nervoso das sociedades. A problemática das cidades concentra a própria problemática da sociedade. c) A s cidades são o cenário cada vez mais exclusivo em que, pelo desejo de progresso das sociedades, se realiza os direitos e se concretiza a ambição democrática e republicana de tratar a todos igualmente. d) Questões como a educação, o trabalho, o lazer, o convívio, a assistência social, a produção ambiental, o transporte, entre muitíssimas outras, têm nas cidades suas expressões mais agudas. Desenvolvimento sustentável é uma expressão que faz sentido para os planejadores das cidades de hoje e de amanhã. e) P ara metrópoles europeias ou norte‑americanas, essa expressão pode significar uma preocupação fundamental na preservação do ambiente, ao passo que para os demais continentes ela tem um sentido social inevitável, voltado para a necessidade de superação de gargalos sociais e para a conquista de patamares mínimos de dignidade.
Quer mandar seu exercício para dicasdeportugues@cnj.jus.br? Fique à vontade! Uma excelente semana!
30
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 3 A 7 DE NOVEMBRO DE 2014
LÍNGUA PORTUGUESA TOP Uma tradução da Ilíada Nesta primeira semana do penúltimo mês do ano, é hora de conhecer outro exemplo de uso sofisticado da língua portuguesa. A seguir, você lerá trecho do canto XXII da Ilíada de Homero, na tradução de Manoel Odorico Mendes, que serve para nos lembrar do universo infinito que nossa língua é, o qual não pode ser abandonado aos livros e que deveria estar presente no nosso dia a dia. Curta os instantes finais da luta entre Heitor e Aquiles:
[...] Mas Heitor inconcusso espera Aquiles, Que agigantado assoma. Ao viandante Se pascida em má grama espreita a cobra, Fica assanhada e a vista acende horrível A enrolar‑se na toca: Heitor não menos, Quedo e fogoso, à torre proeminente O escudo apóia fúlgido, e sentido Fala em sua alma grande: “Ai! Se entro agora, Mo exprobrará primeiro Polidamas, Que a recolher a gente aconselhou‑me, A noite em que aziago alçou‑se Aquiles. Fora melhor; a pertinácia minha Danou do povo a causa! Os nossos temo E as Troianas de peplos roçagantes; Ouço em roda: — Ei‑lo Heitor, que temerário O exército perdeu! — Di‑lo‑ão por certo. Mais vale ou triunfar do imano Aquiles, Ou morrer pela pátria em luta honrosa. E se elmo e escudo e lança ao muro encosto, E indo encontrá‑lo, dar prometo Helena, Motivo desta guerra, e o que Alexandre Nos trouxe em cavas naus, para os Atridas, Para os outros Aqueus o que Ílio encerra; Que de ancião com firmeza os Teucros jurem Nada ocultar, e dividir ao meio Quanta riqueza esconde a grã cidade... Quê! Deliras, minha alma? Eu suplicante! Sem mais dó nem resguardo, a mim sem armas, Qual imbele mulher, há‑de imolar‑me. Do rochedo e carvalho não é tempo De lhe ir falar como donzela e moço, Quando moço e donzela entre si falam. Combater, investir: saiba‑se, e presto, A quem o Olímpio agora entrega a palma.” Entanto, igual a Marte, avança Aquiles
31
DICAS DE PORTUGUÊS
De elmo a nutar, e à destra o lenho ingente, O arnês brilha em seu peito à semelhança De vivo ardente fogo ou sol no eoo. Trêmulo Heitor, ao vê‑lo, as portas largas, Deita a correr; em pés fiado Aquiles, No encalço voa: açor montês imita, Ave a mais lesta, que, ao fugir de esguelha Tímida pomba, acerca‑se guinchando Faminto à presa, a redobrados chofres. Precipita‑se Aquiles, e o Priâmeo Em susto move rápido os joelhos. Vão, pela estrada ao longo da muralha, Da atalaia à ventosa baforeira, E às claras fontes chegam donde bolha O férvido Escamandro: uma flui quente, Como um lar acendido fumegando; No verão mesmo a outra é sempre fria, Tanto quanto a saraiva ou neve ou gelo. Ali, na paz que os Dânaos perturbaram, De pedra em largas elegantes pias Cônjuges Teucras e engraçadas virgens Roupa e vestes louçãs lavar soíam. Transpõem‑nas ambos: o que foge é bravo, É mais bravo o que o segue: não bovina Vítima ou pele, da carreira prêmios, Do herói Priâmeo se disputa a vida.
E se quiser ler todos os contos de Machado de Assis, que também são belo exemplo para nossa vida linguística, clique aqui. Dúvidas? Comentários? Sugestões? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana seminal!
32
2º SEMESTRE DE 2014
DE 10 A 14 DE NOVEMBRO DE 2014
GERUNDISMO Vamos estar discutindo essa questão Nesta semana, você recebe outra tradução da Ilíada, agora em prosa e com um uso da língua portuguesa que conseguimos compreender com mais facilidade. Apenas uma ressalva: os capítulos desta tradução não correspondem aos da versão original. Então, o trecho apresentado na semana passada está no capítulo 30, lá pela página 152. Vamos ao assunto desta semana. O gerúndio é uma das três formas nominais do verbo (as outras são o particípio e o infinitivo). Como verbo, o gerúndio indica uma ação simultânea a outra ação: “Não me ligue nessa hora, porque vou estar almoçando”. O uso do gerúndio em locuções verbais, como “vou estar verificando seu cadastro” é inadequado e, de tão frequente, recebeu um nome exclusivo: gerundismo. Assim, frases como “Você precisa estar aguardando a chegada do boleto” não contribuem para a boa imagem que queremos passar para as pessoas com quem conversamos. Circula pela internet texto de Ricardo Freire, o qual se tornou ícone dessa discussão. Começa assim:
Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunicação moderna, o gerundismo. Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar enviando pela Internet. O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando. A versão integral você encontra aqui. E, como o espaço para o contraditório tem de ser garantido, aqui você lê considerações favoráveis a esse uso linguístico. Alguma coisa a comentar? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana maravilhosa!
33
DICAS DE PORTUGUÊS
SEMANA DE 17 A 21 DE NOVEMBRO DE 2014
SOBRE TEXTOS DA IMPRENSA Considerações sobre textos jornalísticos Chegando ao final de 2014, praticamente faltando 1 mês para o recesso de final de ano, depois de ter falado de ofício, portaria, resolução, ata, instrução normativa, relatório, textos argumentativos e textos dos gabinetes, é hora de olhar os textos da Agência CNJ de notícias: as matérias publicadas diariamente no portal do CNJ. Sendo textos jornalísticos, seguem padrão bem definido e preestabelecido, devendo primar pela simplicidade, clareza e objetividade. Logo no início do texto, de forma concentrada, devem ser dadas as respostas às perguntas: o quê? Quem? Quando? Onde? Vamos ao exemplo:
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) começará a usar oficialmente o Processo Judicial Eletrônico (PJe) a partir de 1º de dezembro. O processo de implantação do sistema, que será utilizado no tribunal e na Seção Judiciária do Distrito Federal (SJDF), ocorre desde o fim de outubro e está previsto para ser concluído na segunda metade deste mês. O PJe é um sistema desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para automação do Poder Judiciário. O objetivo da implementação, que integra as metas do Plano Estratégico da Justiça Federal para o período 2015‑2020, é convergir os esforços dos tribunais brasileiros para uma solução única e gratuita para todas as cortes. A implementação no TRF1 começou com a configuração do PJe para se adequar às necessidades da Primeira Região, etapa que foi concluída no último dia 31. Durante a chamada parametrização, os servidores inseriram no sistema os dados gerais necessários à sua utilização no primeiro e no segundo grau da Justiça Federal.
Reparou que as respostas às perguntas apresentadas estão no primeiro parágrafo? Outra característica desses textos é a ordem direta: vem o sujeito, depois o verbo, depois o complemento e alguma circunstância. Outra característica é a extensão das orações: veja que, no trecho citado, não já conjunções subordinativas... só períodos simples. No exemplo citado, os parágrafos têm praticamente a mesma extensão, o que é outra característica desses textos. Na versão completa da matéria citada acima, você pode conferir todos os parágrafos com extensão semelhante. E como o jornalista treina para escrever textos melhores? Lendo e escrevendo horas e horas por dia! Pelo menos é o que dois textos muito interessantes recomendam: este e este. E quem não é jornalista? Pode aplicar aos seus textos, quaisquer que sejam, os princípios de clareza e objetividade. Quanto à simplicidade, não necessariamente está presente sempre nos outros textos. À disposição pelo e‑mail dicasdeportugues@cnj.jus.br. Muita leitura nesta semana!
34
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 24 A 28 DE NOVEMBRO DE 2014
EXERCÍCIOS 10 Concurso público Neste mês de novembro, lemos uma tradução primorosa da Ilíada, conversamos sobre gerundismo e sobre textos da imprensa. No próximo mês, o ano já acaba... Então, para falar de tudo de língua portuguesa de um jeito especial, nada melhor que uma prova de concurso público: a do CNJ. Se você a fez, faça‑a de novo; se não a fez, faça‑a agora. Pode ser bacana treinar o que você já sabe nesse tipo de contexto. O arquivo pdf com a prova segue anexo para você. Se tiver alguma dúvida, entre em contato pelo e‑mail dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana diferente!
35
DICAS DE PORTUGUÊS
SEMANA DE 1º A 5 DE DEZEMBRO DE 2014
LÍNGUA PORTUGUESA PELO MUNDO Um pouco de história Chegamos ao último mês do ano! É hora de arrumar as gavetas! E de ver a língua portuguesa para além da fonologia, da morfologia e da sintaxe; vê‑la como manifestação de cultura, meio de expansão comercial, instrumento de poder. Nesta semana, vamos tratar da língua portuguesa no mundo. Quando pensamos na nossa língua e onde ela é falada, lembramos de dois lugares: Brasil e Portugal. Mas a presença da língua portuguesa alcança todos os continentes. Nas Américas, está presente no Brasil, onde se manteve desde os séculos coloniais, mesmo cercada por falantes de espanhol. Em todas as Américas, só é língua oficial aqui, embora digam que, em Miami, é mais fácil encontrar alguém falando português que inglês... Na Europa, Portugal é a fonte histórica de todos os outros falantes do planeta e nossa língua é uma das línguas oficiais da União Europeia. A novidade talvez seja saber que, na África e na Ásia, mesmo depois da colonização, as marcas culturais do imperialismo português permanecem. Na África, a língua portuguesa é língua oficial em: Angola, Cabo Verde, Guiné‑Bissau, Guiné‑Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Em cada um desses países, várias outras línguas nacionais coexistem com a língua oficial, além de dialetos locais. Na Ásia, nossa língua é oficial no Timor Leste. Em Macau e Goa, ainda é importante, embora venha sendo substituída por outras línguas. À época da expansão portuguesa, em pelo menos 15 regiões, a língua de comércio e das autoridades era o português, como se pode ver aqui. Os países que adotam o português como língua oficial estão reunidos em uma comunidade cujos objetivos são ampliar a participação dos países no mundo, cooperar entre si e difundir a língua comum: é a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). À disposição pelo e‑mail dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana se largos horizontes!
36
2º SEMESTRE DE 2014
SEMANA DE 8 A 12 DE DEZEMBRO
LÍNGUA COMO INSTRUMENTO DE PODER Desde sempre Depois de termos visto os lugares onde nossa língua se faz presente pelo mundo, nesta semana vamos enfocar um lado pouco “fofo” da nossa língua: poder, preconceito e assujeitamento. Voltemos uns séculos, à época dos descobrimentos: uma nau com uns 50 portugueses atraca em terras com 6 milhões de índios. Qual língua permanece após os contatos entre os povos? Século XVIII: Marquês de Pombal decreta a proibição de se falar língua geral em ambientes públicos. A pena? Cortar a língua do cidadão. O motivo? Garantir a prevalência do português. 1808: a família real portuguesa chega ao Rio de Janeiro para ficar. Como você acha que todos os cariocas queriam falar? A quem “imitar”? Século XXI, novela. Se a empregada doméstica tem sotaque, qual é ele? Você já viu algum “caipira”, falando como caipira, rico? Isso tudo não é à toa. A língua – qualquer que seja ela – sempre foi usada pelas classes dominantes para manter a estratificação social. Certos falares/sotaques são facilmente associados a certas classes sociais. O que você pensa quando ouve alguém lendo uma palavra errada? Isso é desde sempre. Desde a formação do latim vulgar no lugar do latim erudito. Dá para perceber que a qualificação de “vulgar” e “erudito” já discrimina? Então, é importante dizer o seguinte: certo e errado, quando se trata de língua portuguesa, são conceitos que dependem do contexto. Porque o mais importante é a adequação. Em tudo na vida. A noção de erro não pode estar associada à classe social. Se um executivo diz “reunião à nível de empresa” está tão errado quando o feirante que diz “as laranja tá tudo doce”. Há estudos consistentes que apontam que o português do Brasil e o português de Portugal são línguas diferentes, assim como a língua portuguesa não é o espanhol. E por que tudo continua junto? Por questões políticas. Sem o Brasil, a língua portuguesa não seria língua oficial da União Europeia, por exemplo. Assim, acabe com o seu preconceito linguístico; não discrimine quem não teve acesso ao português padrão; respeite os sotaques e as variações linguísticas; e batalhe para que todos neste país sejam como você: não só alfabetizados, mas também letrados, e com qualidade. Para que todos sejamos poliglotas na própria língua. Mais sobre isso? Aqui, aqui e aqui. Sugestões de temas para o próximo ano? Envie para dicasdeportugues@cnj.jus.br. Uma semana já no espírito de natal!
37
DICAS DE PORTUGUÊS
SEMANA DE 15 A 19 DE DEZEMBRO
O QUE VI POR AÍ Imagens que clareiam Nesta semana, já às vésperas do recesso de final de ano, apresento algumas imagens com dicas de português que vi por aí e ajudam a aprimorar o conhecimento em língua portuguesa.
Sugestões de temas para o próximo ano? Mande para dicasdeportuges@cnj.jus.br. Uma semana top!
38
2º SEMESTRE DE 2014
DE 22 A 26 DE DEZEMBRO DE 2014
FINAL DE ANO Chance de recomeçar Quando o ano termina, pensamos na vida... Segue para você uma parte de um texto sobre abraço. Porque final de ano proporciona muitos abraços. E se o abraço não está bom, 2015 traz a oportunidade de melhoria nesse aspecto da vida.
Abrace. Só isso...
Ligia Moreiras Sena Quantas vezes por dia você abraça? Abraçar mesmo. Peito com peito, braços enlaçando a outra pessoa, olhos fechados de troca. Quantas vezes? O que o número de abraços dados em um dia – ou em uma semana, ou em um mês, seja lá qual for a unidade de tempo que você queira considerar – diz sobre a qualidade da sua vida, das suas trocas, dos seus encontros, dos seus relacionamentos? [...] Aqui, agora, vamos falar de algo que adentra o domínio da subjetividade. Do impalpável. Daquilo que é fundamental e imensurável: afeto, carinho, solidariedade, troca, encontro de um peito com outro. De peitos conhecidos. Ou desconhecidos. Daquilo que um abraço profundo e verdadeiro quer dizer. Daquilo que é produzido em nós – e no outro – quando deixamos de lado nossas armaduras, ou nossos espinhos, para acolher e ser acolhido. Abraço. Quantas vezes você abraçou quem você ama hoje? Quantas vezes você abraçou suas crianças? Qual a qualidade do abraço dado? Onde estava sua mente enquanto abraçava? Pode alguém viver sem ser abraçado? E sem abraçar? Se pudéssemos comparar tempos históricos, será que estamos nos abraçando mais ou menos? Estamos nos tocando mais ou menos? Se menos, por quê? Se mais, como? Há alguma relação entre a quantidade e a qualidade dos abraços que damos em nossas filhas e filhos e o nível de tranquilidade infantil? De confiança estabelecida? De noite bem dormida? De qualidade do diálogo que se tem? De cólica? De medo? De terror noturno? O que acontece quando nossas crianças, em crise de choro, de irritação, de tristeza, são abraçadas intensa, sincera e carinhosamente?
39
DICAS DE PORTUGUÊS
O que aprendem as crianças que são abraçadas com frequência? E que sabem que têm abraços em abundância esperando por elas? Seus filhos e filhas (ou sobrinhos, sobrinhas, afilhados, as crianças do seu entorno) abraçam? Muito ou pouco? Se sim, por que e quando abraçam? E como aprenderam? Se não, por que não abraçam? Um abraço pode ser trocado por outro tipo de interação que signifique a mesma coisa? Por que trocá‑lo? Para quê trocá‑lo? Não sei como é com você, mas comigo abraço também é termômetro. Sei que algo não está muito bem entre mim e o outro pelo tipo de abraço que nos damos. Ou pela sua falta. Ou pela sua raridade, ou pouca frequência. Da mesma forma, sei que posso confiar e me entregar a alguém também por seu abraço. Pelo tempo, pela força, pelo contato. Pelo motivo. E, mais importante, mais especial: pela falta de motivo. Sei que há amor, carinho e confiança quando o abraço chega inesperadamente e envolve, e faz relaxar mesmo que por poucos segundos, e faz reconhecer o terreno como seguro. Seja com um amigo, com alguém da família, com um colega de trabalho, com filhos, com desconhecidos, com amante. Abraço é como olhar: não há como menti‑lo, fingi‑lo, forçá‑lo. Ainda que se tente, não é possível. Os corpos não se enganam. Abraço já virou tabu? Será que um dia vai virar? Como seria uma vida sem abraços? O que será que sente uma criança que não é abraçada? Ou um adulto que não é abraçado? Alguém que não receba abraços com frequência? O que seria de um mundo em que abraços fossem trocados por eletrônicos? Por máquinas? Não sei. Mas desconfio de que não haveria muitos sorrisos, nem muito amor, nem muito gozo. [...] A vida parece não andar muito fácil nem muito simples pra ninguém ultimamente. Parece estarmos todos vivendo momentos de choque, quebra, confronto, dúvida, espera, momentos que nos colocam à prova, que testam nossos limites emocionais. As diferenças estão mais evidentes que as semelhanças. O confronto mais fácil que o encontro. A acidez mais fluida que a doçura. Então eu deixei de postar agora um texto sobre psicofármacos e seus abusos para falar sobre abraço. Porque talvez se tivéssemos mais abraços, precisaríamos de menos fármacos. Se tivéssemos mais abraços... estaríamos todos mais juntos. Não parece meio óbvio? Porque “no abraço, mais do que em palavras, as pessoas se gostam”, disse Clarice Lispector. E parece que estamos um pouco carentes disso. Que em agosto, que tantos temem não sei o porquê, a gente possa se abraçar mais. Simplesmente abraçar.
40
2º SEMESTRE DE 2014
E deixar todo esse ranço para trás. Nada substitui calor humano. [...]
Que o Natal venha com o que é essencial para você e o Ano Novo seja a oportunidade de realização dos desejos mais queridos! Obrigada pelas sugestões, pelas críticas e pelos comentários. Em 2015, continuamos nessa aventura com a língua portuguesa! Sempre às ordens pelo dicasdeportugues@cnj.jus.br. O texto completo está disponível aqui. Abraços!
41
DICAS DE PORTUGUÊS
Anotações ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................
42
www.cnj.jus.br