A inesgotabilidade plástica: da reciclagem à modelagem no espaço

Page 1

A inesgotabiliidade plástica • A inesgotabiliidade plástica • A inesgotabiliidade plástica • A inesgotabiliidade plástica • A inesgotabiliidade plástica • A inesgotabiliidade plástica • A inesgotabiliidade plástica •

1


RAQUEL VIEIRA

2


Fundação Edson Queiroz Universidade de Fortaleza Centro de Ciências Tecnológicas Curso de Arquitetura e Urbanismo Trabalho de Conclusão de Curso

A inesgotabilidade plástica - da reciclagem à modelagem no espaço.

Raquel Vieira de Araújo

sob orientação da Profa. Dra. Clarissa Ribeiro

Fortaleza-CE Dezembro/2021 3


4


Raquel Vieira de Araújo

A INESGOTABILIDADE PLÁSTICA

- DA RECICLAGEM À MODELAGEM NO ESPAÇO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresen tado à coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza, como requisito para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Fortaleza - CE Dezembro/2021 5


6


Raquel Vieira de Araújo

A INESGOTABILIDADE PLÁSTICA - da reciclagem à modelagem no espaço.

Relatório final, apresentado à Universidade de Fortaleza, como parte das exigências para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Fortaleza, 9 de dezembro de 2021.

BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Profa. Dra. Clarissa Ribeiro Pereira de Almeida ____________________________________ Prof. Mario Antônio da Silva Guerra Roque ____________________________________ Me. Diego Paim Silveira

7


"I believe t things can in another it is worth 8


that be done r way, that trying.” “Acredito que as coisas podem ser feitas de outra maneira e que vale a pena tentar.” Zaha Hadid

9


10


Dedico este trabalho para minhas avós Maria e Zilnah.

11


12


agradecimentos Agradeço aos meus pais, Aurelina e Ailton, por todo o apoio que me foi dado em todas as ideias excêntricas que tive no decorrer de minha vida. Aos meus irmãos, Daniel e David, pela parceria e pela amizade desde o tempo em que achavam que implicar comigo seria divertido. Às minhas avós, por me acolherem, cada uma de sua maneira, e me ensinarem coisas diversas que dificilmente aprenderia de outra forma. Às minhas amizades - do colégio, da faculdade e da vida - por me aceitarem como eu sou, não duvidarem nem por um momento da minha capacidade para a realização deste trabalho, demonstrarem interesse ao compartilharem algo que pudesse me ajudar ou apenas por conversarem comigo sobre o assunto. À minha orientadora, Clarissa, por sempre ter sido compreensível, demonstrar verdadeiro interesse na pesquisa e sempre ter algo novo, interessante e inesperado para compartilhar comigo. Todos foram essenciais nessa minha caminhada regida pela curiosidade infinita e pela necessidade insaciável da criatividade.

“O mistério gera curiosidade e a curiosidade é a base do desejo humano para compreender.” Neil Armstrong

13


14


resumo O trabalho de conclusão de curso do Bacharelado de Arquitetura e Urbanismo apresentado à Universidade de Fortaleza, no Ceará, parte da perspectiva de que as tecnologias computacionais para criação e testes com protótipos - e construtivas - disponíveis para arquitetos fazem com que seja possível projetar e construir de forma otimizada no que se refere a gasto energético e na utilização de combinações de materiais menos agressivas ao meio ambiente. A instalação temporária e experimental será alocada no Centro de Fortaleza, infiltrando-se em uma área com predominância de centros comerciais mas também vizinho do Theatro José de Alencar, um importante equipamento cultural da cidade. O tema deste trabalho engloba também a problemática do descarte do material plástico presente na realidade contemporânea e levanta hipóteses na sua reciclagem para utilização por meio da fabricação digital no processo criativo e no canteiro de obras. Palavras-chave: fabricação digital; reciclagem; plástico; arquitetura; instalação

15


16


abstract The final project related to the Bachelor in Architecture and Urbanism Diploma Project presented to the University of Fortaleza, in Ceará, is based on the perspective that the computational technologies for creating and testing prototypes - and construction - available to architects make it possible to design and build optimally in the which refers to energy expenditure and the use of combinations of materials that are less harmful to the environment. The temporary and experimental installation will be located in the Center of Fortaleza, infiltrating an area with a predominance of commercial centers but also neighboring the Theatro José de Alencar, an important cultural facility in the city. The theme of this work also encompasses the issue of the disposal of plastic material present in contemporary reality and raises hypotheses for its recycling for use through digital fabrication in the creative process and at the construction site. Keywords: digital fabrication; recycling; plastic; architecture; installation

17


lista de figuras Figura 1 - D-Tower com luz avermelhada Figura 2 - D-Tower com luz esverdeada Figura 3 - Pavilhão H2O Expo Figura 4 - “Criatura de luz” com painel noturno Figura 5 - “Criatura de luz” com painel diurno Figura 6 - Estádio da cidade chinesa de Hangzhou Figura 7 - Prototipagem de estádio de Hangzhou Figura 8 - Objetos feitos de plástico Figura 9 - Embalagens e acondicionamentos plásticos recicláveis - Identificação e simbologia Figura 10 - Cadeira feita com plástico reciclado Figura 11 - Tijolos feitos com plástico reciclado Figura 12 - Bloco Light Duty Paver Figura 13 - Bloco Moderate Duty Paver Figura 14 - Bloco Heavy Duty Paver Figura 15 - Pavilhão Museu V&A de Londres Figura 16 - Detalhe do Pavilhão Museu V&A Figura 17 - Urban Cabin Figura 18 - Vista frontal da Urban Cabin Figura 19 - Cabin of Curiosities Figura 20 - Detalhe frontal da Cabin of Curiosities Figura 21 - Detalhe do envoltório da Cabin of Curiosities Figura 22 - Detalhe das paredes internas da Cabin of Curiosities Figura 23 - Primeira área de estudo Figura 24 - Mapa de linhas de metrô de Fortaleza Figura 25 - Planta de situação e locação Figura 26 - Planta térreo Figura 27 - Estruturação do desenho do projeto Figura 28 - Recorte 1 Figura 29 - Central informativa e mirante Figura 30 - Corte Central informativa e mirante Figura 31 - Área para grupos Figura 32 - Escadas Figura 33 - Corte de Escadas Figura 34 - Vista do mirante 18

32 33 34 36 37 39 39 43 46 46 47 48 48 48 51 52 54 55 56 57 58 60 63 64 66 68 69 70 70 71 70 70 71 72


Figura 35 - Vista do corredor com bancos individuais Figura 36 - Recorte 2 Figura 37 - Torre de isolamento Figura 38 - Corte da Torre de isolamento Figura 39 - Vista da área individual Figura 40 - Paredes de escalada Figura 41 - Recorte 3 Figura 42 - Corte da Biblioteca compartilhada Figura 43 - Corte da Edificação Figura 44 - Corte da Edificação Figura 45 - Perspectiva do Gramado e da Edificação Figura 46 - Planta da Pista de Skate Figura 47 - Planta da área de projeção Figura 48 - Corte da Torre de projeção Figura 49 - Perspectiva da Pista de skate Figura 50 - Anfiteatro e torre de projeção Figura 51 - Planta de coberta Figura 52 - Corte A Figura 53 - Corte B Figura 54 - Elevação 1 Figura 55 - Elevação 2 Figura 56 - Elevação 3 Figura 57 - Elevação 4 Figura 58 - Estudo solar (Aprox. 8h) em maquete impressa digitalmente Figura 59 - Estudo solar (Aprox. 16h) em maquete impressa digitalmente Figura 60 - Estudo de locação da instalação

74 75 75 75 76 78 80 80 81 81 82 84 85 85 84 86 88 88 89 91 91 93 93 94 95 96

19


20


sumário

introdução

24

justificativa

25

objetivos

26

metodologia

28

1 pensamento digital: histórico e evolução

30

2 o plástico

42

3 a fabricação digital

50

4 área de estudo

62

5 anteprojeto

66

considerações finais

100

referências

104

21


22


introdução + justificativa + objetivos + metodologia

23


introdução Parte-se do pressuposto que a sustentabilidade na arquitetura se dá pela construção com barro, alocação de vegetação nativa na área dos projetos ou até a utilização de tecnologias como o painel solar fotovoltaico. De fato, esses são bons exemplos desse conceito bastante utilizado, mas ele não deve se limitar ao que já é bastante empregado. Este projeto se propõe, com isto, na ampliação desse contexto da sustentabilidade na arquitetura junto com as tecnologias dispostas para tal, a fim de ter um experimento da modelagem por meio da reciclagem do material plástico, este que está em abundância no mundo tanto em sua forma pura para ser moldado, mas principalmente descartado como lixo. A estrutura do trabalho é composta por três capítulos que se complementam a fim de tornar a proposta factível e dois capítulos que descrevem o projeto. O primeiro capítulo traz a evolução da tecnologia e em como ela se desdobra na sociedade e na área da construção civil, perceptíveis na aplicabilidade tanto teórica e antropológica do nosso meio contemporâneo como também nas facilidades e os diferenciais que a tecnologia permitiu para os arquitetos e os designers. No segundo capítulo é abordado o material plástico desde a sua origem e sua aplicabilidade até o seu descarte, assim como iniciativas de sua reciclagem para modelagem de produtos úteis e legislação específica para alguns tipos de produtos plásticos. O terceiro capítulo complementa os dois primeiros e aborda mais sobre a fabricação digital, incluindo seu uso com plástico e outros materiais. Os dois últimos capítulos, por fim, apresentam os motivos e a proposta de intervenção no centro de Fortaleza, na tentativa de esboçar uma conscientização coletiva sobre o uso do plástico mas também de habitar temporariamente um espaço subutilizado.

24


+ justificativa A padronização do sistema construtivo com utilização do concreto, do tijolo e do aço, incluindo os pré-moldados, afastou alguns outras possibilidades construtivas na área, como os métodos tradicionais e moldáveis de barro, sendo eles a taipa , de pilão ou de mão, e até de pedra. Essa padronização também afasta métodos novos de se popularizarem se não forem passíveis de grande lucro para quem está no ramo da construção. Pensando mais a fundo no sistema prioritário estabelecido, houve uma pesquisa sobre o assunto do impacto da construção civil no mundo e como resultado disso, foi dado que seria buscado um novo método de construção que não precisasse retirar mais matéria prima do planeta. A indústria da construção civil consome 50% dos recursos mundiais, convertendo-se em uma das atividades menos sustentáveis do planeta. No entanto, nossa vida cotidiana desenvolve-se em ambientes edificados: vivemos em casas, viajamos sobre estradas, trabalhamos em escritórios e socializamos em bares e restaurantes. A civilização contemporânea depende das edificações para seu resguardo e sua existência, mas nosso planeta não é capaz de continuar suprindo a atual demanda de recursos. Evidentemente, algo deve ser mudado nesse aspecto e os arquitetos e designers têm uma grande responsabilidade nesse processo. (EDWARDS, 2005)

É pensado também qual o problema da contemporaneidade que engloba e preocupa os países como uma só nação e uma das respostas é o plástico. Diante disso, surge a indagação se é possível construir arquitetura com plástico de acordo com as tecnologias vigentes.

25


+ objetivos Este trabalho tem como objetivo geral analisar a fabricação digital como um método construtivo existente para ser utilizado em maior escala, contrapondo-se à sistemas convencionais e fortemente estabelecidos e padronizados globalmente, aliando-se aos conceitos de reciclagem plástica como um método mais sustentável de se construir, buscando mostrar seus benefícios e sua aplicabilidade. Os objetivos específicos são: .1 conhecer e compreender as formas que a tecnologia atua na área da construção civil .2 conhecer a prática da fabricação digital globalmente e suas possibilidades .3 estudar o material plástico desde a sua origem até seu uso no século XXI .4 investigar, segundo referências projetuais importantes, as alternativas construtivas com o plástico .5 elaborar um projeto arquitetônico que englobe a tecnologia e a reciclagem como fator relevante no processo

26


+ metodologia Esse estudo baseou-se em uma pesquisa de natureza qualitativa, buscando o significado dos dados do tema dentro do seu contexto, “procurando explicar sua origem, relações e mudanças, e tentando intuir as consequências” (OLIVEIRA, 2011, p.24). Segundo Gil (apud OLIVEIRA, 2011), essa abordagem permite um maior aprofundamento nas questões acerca do tema e as suas relações, estando aberta para compreender além do comum, como descobrir significados variados. A pesquisa é de natureza aplicada, objetivando a “elaboração de diagnósticos, identificação de problemas e busca de soluções” (FLEURY e WERLANG, 20162017). Este trabalho caracteriza-se ainda como pesquisa exploratória, pelo objetivo de aumentar o conhecimento sobre o assunto e “permitindo a formulação mais precisa de problemas, criar novas hipóteses e realizar novas pesquisas mais estruturadas” (OLIVEIRA, 2011, p.20). Por meio de pesquisa bibliográfica, utilizando o conhecimento disponível através de livros ou obras semelhantes, buscou-se conhecer, entender e analisar as contribuições teóricas existentes (KÖCHE, 2011) sobre o histórico das tecnologias aplicadas na área da arquitetura e aprofundar sobre a fabricação digital.

27


28


1

29


1 pensamento digital: histórico e evolução Das várias tendências arquitetônicas na sociedade atual, muitas têm grande relação com as tecnologias digitais. Utilização de softwares para assistir a representação gráfica, criar imagens realistas, verificar competências estruturais e acessar informações de eficiência energética são uns dos que já estão inseridos no cotidiano de profissionais e estudantes da área. Segundo Almeida (2006), essa aproximação com o meio digital foi ampliada no final dos anos 1970, com o surgimento de novas tecnologias de computadores pessoais, e mais instaurada na década de 1990, com a difusão de novos e aperfeiçoamento de softwares, dentre eles programas de auxílio de desenho como o Computer Aided Design (CAD), projeto assistido por computador, e Computer Aided Manufacturing (CAM), fabricação assistida por computador. Essas tecnologias servem de suporte para novas possibilidades projetuais, sofisticando-as em relação ao que envolve a sua forma no decorrer do tempo, sendo as imagens geradas consideradas por muitos como “realidade virtual” (ALMEIDA, 2006). Os softwares CAD, popularmente usados na arquitetura, criados em 1960 por Ivan Sutherland passaram por 40 anos de pesquisa e desenvolvimento (BAYAZIT, 2004; CROSS, 2007 apud CELANI, 2017) até que fosse acessível a profissionais liberais e estudantes como uma tecnologia que unisse a mesma com o processo criativo, possibilitando uma transformação nos projetos da época e ultrapassando os limites da pesquisa que restringiam o conteúdo à área acadêmica (CELANI, 2017). Nesse mesmo período, aprofunda-se a pesquisa sobre o conceito de modernidade líquida relatado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman e arquitetos contemporâneos fazem um paralelo com o que nomearam de arquitetura líquida, contextualizando o potencial do termo na arquitetura. Bauman (2001) afirma que a sociedade pós-moderna é líquida, pois as grandes instituições de poder, como a economia, a igreja e as relações sociais e de trabalho, estão se diluindo e dotando a sociedade de uma maior fluidez e mobilidade. Ele busca perceber a sociedade além dos limites estatísticos e generalizados, ampliando-se a abordagens subjetivas por meio dos comportamentos e do significado das ações que o homem implica em sua vida, ajudando-o a entender a complexidade humana a partir de uma observação mais realista. Segundo Bauman (2011), a sociedade contemporânea oci30


dental se constitui de dilemas existenciais cujo suas certezas, que antes davam sustentação à vida, estão desmoronando e dando lugar para sensações de cansaço e incertezas, onde essas sensações intensificam a ambiguidade do mundo contemporâneo, sendo principalmente a instabilidade, a flexibilidade e a quebra de paradigmas, despertando um sentimento de insegurança e permitindo uma maior fluidez e mobilidade entre as barreiras geográficas. Aplicando esses pensamentos na arquitetura, o conceito caracteriza-se pelo processo de desterritorialização, no qual os espaços perdem seus limites de serem apenas físicos e estáticos e multiplicam-se às possibilidades de distintos lugares virtuais e efêmeros sem excluir os lugares físicos. De acordo com Júnior e Grillo (2010), esse resultado recebe influência também da virtualização do cotidiano, por meio do aperfeiçoamento da telefonia e da internet, onde os espaços passam por uma revolução dos ambientes de convívios sociais, sendo eles de trabalho ou pessoal, perdendo assim sua obrigatoriedade da proximidade física. Pensando em questões mais práticas, os ambientes sofrem mudanças para que seja incorporado a adaptabilidade de configurações espaciais, funcionais, materiais e sustentáveis. O arquiteto venezuelano Marcos Novak foi um dos pioneiros a explorar as tecnologias digitais e utilizou os conceitos da arquitetura líquida para desenvolver formas e espaços líquidos virtuais envolventes, criativos e interativos, mesmo que algumas vezes não edificáveis. Considera-se “transarquiteto”, termo para definir alguém que como ele utiliza da realidade virtual para projetar os espaços e os objetos que o preenchem. Seus projetos não se limitam às leis da física ou pela geometria euclidiana, possuindo construções virtuais que se estendem em diversas direções e que, observando a obra no exterior, aparentam visualmente instabilidade. Por meio de cálculos matemáticos complexos, ele concebe formas que não possuem denominação específica, mas que englobam os critérios da arquitetura líquida, tendo como resultado espaços não localizáveis, fluidos e de múltiplas variáveis, como é perceptível em seu trabalho “Dancing with the virtual Dervish: worlds in progress”, onde pessoas, no qual ele denomina como “usuários”, transitam pelo mesmo ambiente virtual apesar de estarem distantes geograficamente uma das outras (JÚNIOR e GRILLO, 2010). Influenciado por Novak, o Grupo Nox, fundado pelo arquiteto holandês Lars Spuybroek, investiga a concretização física da pesquisa da arquitetura líquida e virtual. O grupo tem sua produção por meio de um sistema que desenvolveu e chamou de Machining Architecture, onde o próprio sistema

31


cria as formas e não o próprio arquiteto (ALMEIDA, 2011), objetivando os espaços fluidos para explorar a edificação e a interação dos usuários com a obra. Essa interação pode ser percebida visualmente na edificação escultórica D-Tower (Figura 1 e Figura 2), que por meio de dados da população da cidade de Doetinchem, na Holanda, há alteração das cores e da iluminação

Figura 1 - D-Tower com luz avermelhada. Fonte: NOX, c2021 32


Figura 2 - D-Tower com luz esverdeada. Fonte: NOX, c2021

33


da obra a fim de transmitir as sensações de felicidade, amor, medo e ódio (NOX, c2021). Uma outra edificação do grupo que expressa bastante a materialização do conceito de arquitetura líquida é o H2O Expo, um pavilhão cuja interação com a obra remete à própria liquidez construída. Com suas formas curvilíneas, o espaço interno (Figura 3) é explorado com dificuldade pelos usuários por ter que se adequar aos diferentes níveis de piso e inclinações de parede e teto, simulando um caminho de água que passeia pelo espaço. A iluminação também é interativa e nesse caso é alterada de acordo com o toque e o virtual com a água, enquanto que os sons internos provocados pelas pessoas pelo caminhar e pelo falar atingem níveis diferentes de volume e alterações na percepção do espaço. Essas variáveis transformam o ambiente interno em uma experiência visual e tátil inquietante, concretizando os pensamentos citados anteriormente como fluidez, adaptabilidade mas também instabilidade, semelhante aos líquidos que “tem sua forma determinada pela forma que a limita, podendo ser constantemente alterada em função da presença de forças externas” (JÚNIOR e GRILLO, 2010).

Figura 3 - Pavilhão H2O Expo. Fonte: SCHIELKE, 2016. Um pouco diferente ao grupo NOX e ao Marcos Novak, há o arquiteto e filósofo catalão Ignasi de Solà-Morales que define a arquitetura líquida como uma construção que não precisa se desmaterializar ou ser instável, mas que ela permaneça com a sua existência passível de mudanças e se libertando da ideia de permanência, sendo capaz de ordenar os fluxos, o movimento e a

34


duração invés de apenas dar forma ao espaço (JÚNIOR e GRILLO, 2010). Desse modo, o arquiteto critica a rigidez perante ao aspecto formal da liquidez, onde afirma que a arquitetura deva ser condizente com o contexto da pós modernidade: Uma arquitetura líquida, fluida, não é voltada para a representação ou o espetáculo. Uma arquitetura que abarque fluxos humanos em conexões de tráfego, aeroportos, terminais, estações de trens não pode se preocupar com aparência ou imagem. Tornar-se fluxo significa manipular a contingência dos eventos, estabelecendo estratégias para a distribuição de indivíduos, bens ou informação. Produzir formas para a experiência do fluido e torná-las disponíveis para análise, experimentação e projetos urbanos, ainda hoje são mais um desejo do que uma realidade alcançável. Dar forma à experiência sinestética do fluxo no movimento da metrópole, distanciando-se do planejamento programático puramente visual e das regulações preestabelecidas, de modo a experimentar outros acontecimentos, outras performances, é um dos desafios fundamentais da arquitetura que visa o futuro (SOLÀ-MORALES, 1977, p. 47-48 apud JÚNIOR e GRILLO, 2010).

Observa-se, então, que Solà-Morales se distancia da caracterização do conceito da arquitetura líquida estar relacionado com a imagem, mas converge para que seja um resultado de uma organização flexível e que perdure por muito tempo, a fim de abrigar a vida contemporânea com seus aspectos líquidos. Apesar das diferenças vistas, uma semelhança que esses três arquitetos e as suas visões compartilham sobre arquitetura líquida é a lógica algorítmica. Segundo Calixto e Vincent (2014), um algoritmo não precisa ser um programa de computador ou algo relacionado, podendo ser um método lógico de produção, onde se estabelece etapas finitas para que seja executado dentro de um prazo. Mas, com a facilidade dos computadores, a utilização dos algoritmos para a solução de problemas e desenvolvimento de projetos mais complexos de arquitetura torna-se mais popular, resultando no termo “Algotecture” criado por Kostas Terzidis (CALIXTO e VINCENT, 2014)

35


a fim de esclarecer a possibilidade de ultrapassar as antigas limitações ao trabalhar em conjunto com o computador, relação no qual ele chama de parceria designer-máquina. Essa relação do arquiteto com o computador se intensifica bastante a partir dos anos 2000, onde muitos escritórios de arquitetura efetivam a transição do projetar em papel para a utilização de softwares CAD, passando a fazer mais uso da lógica algorítmica para conceber os designs cada vez mais complexos. Entretanto, o algoritmo na arquitetura não se limita apenas na concepção de formas e estética, mas também na interação com os usuários que transitam pelas edificações, sendo uma arquitetura interativa essa que resulta em comportamentos implementados pela programação (CARNEIRO, 2014). É o caso da “Criatura de luz” (BARATTO, 2015), uma reforma realizada pelo arquiteto brasileiro Guto Requena em um hotel dos anos 70 na capital de São Paulo, no qual por meio de painéis luminosos instalados na fachada e à programação digital, têm-se um painel interativo como um grande quadro urbano mutável (Figura 4). As luzes mudam de cor seguindo critérios de qualidade sonora, do ar e também pela interação humana por meio de um aplicativo onde suas mensagens são transmitidas em tempo real, refletindo sobre a qualidade de vida na cidade.

Figura 4 - “Criatura de luz” com painel noturno. Foto: André Klotz. Fonte: BARATTO, 2015.

36


Os painéis luminosos foram programados para mostrarem mais tons vermelhos e laranjas quando os níveis de poluição estiverem altos e tons dourados e movimentação das luzes mais frenéticas quanto maior o nível de poluição sonora. O edifício se destaca durante a noite e o dia, sendo no primeiro caso pela luminosidade em comparação às outras edificações que estão no entorno, e no segundo pela composição colorida que se estabelece pelo resultado das interações e que não há semelhantes coloridos nas proximidades (Figura 5). O arquiteto declara que a utilização desses painéis não é meramente estético, mas sim como um estimulante de sentidos, por dialogar com o meio e com os usuários (PUGLIESI, s.d.)

Figura 5 - “Criatura de luz” com painel diurno. Foto: André Klotz. Fonte: BARATTO, 2015. O algoritmo nos softwares também engloba a parametrização de atributos que podem ser variáveis, chamados de parâmetros, ou fixos e o projetista deve determinar as transformações no modelo que quer desenvolver (HERNANDEZ, 2006 apud VOLTOLINI, 2016). Assim, o projetista não é o desenhista, mas o responsável por conectar as variáveis e os elementos do software no modelo paramétrico. Esse tipo de situação projetual pode ser chamada de design paramétrico e difere-se da modelagem algorítmica, que foi comentada anteriormente, porque na modelagem do primeiro termo

37


há uma conexão entre as partes do projeto, onde tudo é um conjunto que se altera de forma coordenada, enquanto no segundo termo utiliza-se da programação para ir além dos limites da interface dos softwares, alterando diretamente o código invés da forma (LEACH, 2014 apud VOLTOLINI, 2016). Posto isso, percebe-se que a utilização de softwares de design paramétricos são vantajosos por evitarem retrabalho visto que seu modelo paramétrico é programado para responder como um conjunto e se adaptar, possibilitando uma liberdade de alterações de forma mais simples. Arquitetos famosos como Zaha Hadid, Norman Foster e Jürgen Mayer utilizaram da arquitetura paramétrica para desenvolver suas edificações fluidas, sendo hoje referências ao se pensar nesse tipo de produção arquitetônica, projetando obras que apresentam leveza apesar de complexas formalmente. A arquitetura paramétrica pode ser confundida com o Building Information Modeling (BIM), que apesar de ser um conceito encontrado em softwares que possuem design paramétrico, ele não é limitado por essa característica. Softwares BIM, sendo o Revit e o ArchiCad os mais utilizados, possuem integrado a funcionalidade de gerenciamento colaborativo de diferentes áreas da construção em um mesmo modelo paramétrico, por meio da interoperabilidade, e todas as informações sobre todo o ciclo de vida da edificação, desde as fases de concepção até a de manutenção pós-construção (DELATORRE, 2014 apud VOLTOLINI, 2016). Ainda neste contexto, um dos softwares que mais vem se destacando para projetos arquitetônicos é o Rhinoceros, desenvolvido por Robert McNell & Associates, que conciliado com o plug-in Grasshopper, desenvolvido por Scott Davidson em 2008, no qual possui scripts embutidos nos comandos, possibilitam a modelagem de formas e espaços de grande complexidade que antigos meios de programação não conseguiam (FLORIO, 2011 apud VOLTOLINI, 2016). O escritório NBBJ em parceria com o CCDI, desenvolveram por meio da combinação do Rhinoceros e do Grasshopper o estádio da cidade chinesa de Hangzhou (Figura 6), incluindo sua prototipagem digital (Figura 7).

38


Figura 6 - Estádio da cidade chinesa de Hangzhou. Fonte: NBBJ, c2021.

Figura 7 - Prototipagem de estádio de Hangzhou. Fonte: NBBJ, c2021.

39


40


2

41


2 o plástico Ao longo da história, os humanos vêm desenvolvendo instrumentos, novas tecnologias e novas formas de utilizar as matérias primas a seu favor. A princípio por questões de sobrevivência, como uma pedra afiada, uma lança ou até um arco e flecha, e que foram evoluindo para facilitarem a vida cotidiana. Moldar a argila até se tornar um vaso permitiu o armazenamento e o transporte de água, assim como moldar o metal e o vidro foram evoluções tecnológicas que caminharam com o desenvolvimento das civilizações. Esses materiais têm uma aproximação maior da natureza, sendo a base científica para que inquietações e insatisfações quanto aos materiais desse espaço para a “revolução dos materiais” (PIATTI, RODRIGUES, xxxX). A necessidade de fabricação de um material que unisse as propriedades de outros materiais era desejado pela sociedade, sendo este produto final resistente a impactos, com flexibilidade e transparência adequada. Em 1833, o químico francês Henri Braconnot foi o pioneiro na tentativa de misturar materiais para produzir o que a sociedade almejava, por meio da nitração precoce de poliméricos naturais. Esses estudos foram continuados pelo francês Theophile Jules Pelouze, em 1838, e pelo alemão Christian Friedrich Schönbein trazendo avanços significativos em 1846 (RASMUSSEN, 2021) ao desenvolver o colódio (nitrato de celulose), uma solução inflamável e xaroposa flexível que foi frequentemente utilizada como curativo cirúrgico e introduzido, em 1851, no processo fotográfico como uma alternativa ao processo de daguerreótipo (tradução nossa, RASMUSSEN, 2021). Schönbein alegou que conseguiu moldar seu material em diversas formas, sendo um precursor do que conhecemos atualmente como material plástico. Também em 1846, um inventor britânico chamado Alexander Parkes patenteou um processo de vulcanização a frio de uma borracha que foi adquirida para uso comercial, ocasionando anos depois no desenvolvimento de vários materiais poliméricos. Contudo, Parkes decidiu modelar produtos a partir do nitrato de celulose e começou a elaborar um material plastificado ao usar aditivos diversos, o que hoje conhecemos como plastificantes, para evitar o encolhimento do colódio quando secasse (tradução nossa, RASMUSSEN, 2021). Em 1860, alcançou seu êxito na produção de um material plástico moldável que ficou conhecido como Parkesine. Os objetos de parkesine eram produzidos geralmente por meio do amole42


cimento do material por calor e injetados em moldes que eram prensados, mas também eram esculpidos à mão incrustados com madrepérola ou arame de metal. Vários objetos (Figura 8) foram moldados com cores diferentes e apresentados na Grande Exposição Internacional de 1862 em Londres, recebendo uma medalha de bronze pela excelência de qualidade do novo material que era “duro como chifre, mas flexível como couro, capaz de ser fundido ou estampado, pintado, tingido ou esculpido” (tradução nossa, RASMUSSEN, 2021). Isso deu margem para o próprio Parkes prever as aplicações generalizadas de seu material como em “cabos de facas, pentes, escovas, solas de sapato, pano de chão, chicotes, bengalas, cabos de guarda-chuva e guarda-sol, botões, broches, fivelas... e para obras de arte em geral” (tradução nossa, RASMUSSEN, 2021), além de prometer um uso revolucionário: o isolamento de fios telegráficos.

Figura 8 - Objetos feitos de plástico . Fonte: KNIGHT, 2014 Apesar do grande sucesso e uso do parkesine em pentes, alças de guarda-chuvas, medalhões, botões e pulseiras femininas, o otimismo inicial não perdurou muito por dificuldades de administração do material a manter uniformidade e à alta inflamabilidade dele. A continuação das investigações da plasticidade perfeita foi dada por dois americanos, os irmãos Hyatt, que melhoraram a maleabilidade do plástico ao adicionar cânfora e o rebatizou para celulóide em 1870, sendo este uma importante matéria prima para a

43


indústria cinematográfica (tradução nossa, KNIGHT, 2014). O que dividiu a história do plástico foi a invenção da baquelite, em 1907, pelo americano belga Leo Baekeland, sendo um marco no nascimento da era dos plásticos modernos pela sua fabricação não ser de origem animal ou de plantas mas de combustíveis fósseis. Esse detalhe foi o suficiente para que todo um estudo a partir disso fosse realizado, originando em vários resultados dos quais conhecemos hoje como o poliestireno, criado em 1929, o poliéster, criado em 1930, o cloreto de polivinila (PVC) e o polietileno, criados em 1933, e o náilon, criado em 1935 (tradução nossa, KNIGHT, 2014). As variações de plásticos começaram a ser utilizadas em diversos objetos, atingindo seu ápice durante a guerra onde tudo era utilizado plástico, “desde os veículos militares até isolamento de radar” (tradução nossa, KNIGHT, 2014). Segundo Knight (2014), o tereftalato de polietileno (PET) também foi inventado nesse período, em 1941, com o propósito de fazer tecidos e fibras de roupas para a Segunda Guerra Mundial, mas acabou sendo utilizado em outras coisas, mostrando como esses novos materiais são baratos e versáteis. Toda essa valorização do plástico gerou em uma realidade de investimentos das empresas petroquímicas em construir fábricas para transformar petróleo bruto em plástico, o que com o final da guerra em 1945 e com os países em crise, enfrentou um problema de excesso. A fim de manter a produção e dar um fim nos excessos gerados, passa-se a estimular a compra de bens de consumo de massa que foram sendo desenvolvidos com o passar dos anos sendo um deles fortemente presente na realidade de muitos países, os produtos Tupperware criados em 1948 (tradução nossa, KNIGHT, 2014). Na sociedade atual é possível observar plásticos em quase todos os objetos que nos cercam, sendo objetos duráveis ou descartáveis possuindo suas diferenças na composição química deles que os tornam mais maleáveis, mais robustos, mais transparentes e até mais difíceis de quebrar. O plástico solucionou vários problemas, mas em contrapartida também gerou vários outros que são perceptíveis na realidade contemporânea. A vantagem da durabilidade é também uma grande desvantagem, não sendo errôneo pensar na possibilidade de plásticos criados para algo na Segunda Guerra Mundial estarem praticamente intactos nos dias atuais visto que seu tempo de decomposição pode durar mais de 400 anos (tradução nossa, WARD; REDDY, 2020). De acordo com Geyer; Jambeck; Law (2017), a produção primária global

44


só em 2010 chegou a 270 milhões de toneladas e a de lixo plástico a 275 milhões de toneladas, superando a produção primária por descarte de plástico de anos anteriores. Um dos locais que mais possuem resíduos plásticos são os oceanos, e constata-se que em um raio de 50 quilômetros da costa, o lixo plástico chegou a totalizar 99,5 milhões de toneladas, sendo 8 milhões de toneladas, ou seja 3% de resíduos plásticos anuais globais, que entraram no oceano. No Brasil, em 2010, os resíduos plásticos chegaram a 11,85 milhões de toneladas, onde 1,48% desse total teve um mau gerenciamento, parando em locais indevidos e poluindo o meio em que está inserido. Em Fortaleza não é muito diferente e confirma-se a gravidade de toda essa poluição devido a realização de uma pesquisa com peixes da orla da Praia de Iracema e encontrarem microplásticos no interior deles (DIÁRIO DO NORDESTE, 2020). Entender a magnitude do problema desse material é perceber além do alto número da sua produção, mas também suas consequências associadas ao uso único e ao descarte incorreto do mesmo. Segundo Geyer, Jambeck e Law (2017) a quantidade de plástico produzida desde 1950 até 2017 foi de 8,3 bilhões de toneladas, sendo gerados até 2015 cerca de 6,3 bilhões de toneladas de lixo plástico, onde apenas 9% foram destinados à reciclagem e 12% para incineração, totalizando um total de 79% que estão em um processo lento de decomposição e poluição em aterros sanitários, lixões ou no meio ambiente. Em comparação com antes de 1980, onde a reciclagem e a incineração eram insignificantes, esses dados mostram uma pequena preocupação sobre o fim do ciclo do plástico, com as porcentagens de reciclagem aumentando a cada ano, mesmo que longe dos números ideais visto que a cada ano a produção aumenta. Em 2015, cerca de 55% dos resíduos plásticos globais foram descartados, 25% foram incinerados e 20% reciclados (GEYER, JAMBECK E LAW, 2017). Reciclar esse tipo de material não é a solução definitiva para o problema do descarte, pois esse processo não consegue acompanhar o ritmo da produção. Felizmente, houve um aumento de empresas de recolhimento de lixo reciclável especializadas, de postos de recebimento de lixo reciclável, de campanhas publicitárias e de legislação envolvendo a conscientização do consumo de plástico, para reduzi-lo e existindo a possibilidade de aboli-lo, como no Projeto de Lei nº 4186/2020 (C MARA LEGISLATIVA) que visa proibir a fabricação, a comercialização e a utilização de canudos plásticos descartáveis que não sejam biodegradáveis. Um dos grandes desafios da reciclagem do plástico é a separação correta por cada tipo diferente, pois os polímeros possuem configurações químicas di-

45


ferentes e não podem ser misturados entre si. Essa diferenciação é dada nas embalagens dos produtos plásticos com um triângulo e um número dentro que os identificam (Figura 9), sendo o número 1 ao 6 os que podem ser reciclados, desde que não misturados com outros tipos de materiais como o PET e fibras de algodão que inviabilizam o procedimento.

Projetos como o Precious Plastic, criado por Dave Hakkens na Holanda, e a empresa social Gjenge Makers, fundada por Nzambi Matee no Quênia, têm como proposta a fabricação de objetos, tijolos e pisos oriundos já da seleção desse plastico previamente separado e limpo para reciclagem. O Precious Plastic é um projeto de reprodução global, possuindo iniciativas que levam o nome em diversas cidades atuando diretamente nessa fabricação e principalmente educação da população. O projeto tem receitas replicáveis por meio de moldes metálicos que variam desde chaveiros, estantes, bancos (Figura 10) até tijolos para a construção de edificações simples e térreas (Figura 11). O resultado é uma parede bastante colorida devido às várias cores dos plásticos originários.

Figura 10 - Cadeira feita com plástico reciclado. Fonte: Precious Plastic, c2021 46

Figura 11 - Tijolos feitos com plástico reciclado. Fonte: Precious Plastic, c2021.

Figura 9 - Embalagens e acondicionamentos plásticos recicláveis - Identificação e simbologia. Fonte: NBR 13230


47


A empresa Gjenge Makers desenvolve diferentes tipos de pisos para diferentes finalidades também utilizando plástico reciclado. Envolvendo a comunidade, criou-se um negócio onde a mistura de terra e plástico resultasse em um piso que chega a ser duas vezes mais resistente que blocos de concreto comuns, como é o caso do Light Duty Paver (Figura 12) que contém apenas 3 centímetros de espessura e é indicado para trilhas e complexos domésticos em áreas onde não há tráfego de máquinas pesadas. Também existe o Moderate Duty Paver (Figura 13) com 4 centímetros e indicado para pisos comerciais, e o Heavy Duty Paver (Figura 14) com 6 centímetros de espessura e indicado para para estradas e áreas de operação de maquinário pesado ou mais para áreas de estacionamento não comumente frequentadas por caminhões pesados.

Figura 12 - Bloco Light Duty Paver. Fonte: Gjenge Makers, c2021

Figura 13 - Bloco Moderate Duty Paver. Fonte: Gjenge Makers, c2021

Figura 14 - Bloco Heavy Duty Paver. Fonte: Gjenge Makers, c2021

48


3

49


3 a fabricação digital O avanço tecnológico na área da arquitetura não se restringiu somente no desenvolvimento de projetos por softwares, mas também na etapa de maquetes e de construção. A impressão 3D, ou a utilização de fresadoras, se tornou mais recorrente nos últimos anos nas faculdades de arquitetura do país, para produção de maquetes e prototipagem rápida a fim de ter uma melhor visualização do projeto desenvolvido. A produção de objetos físicos a partir de modelos digitais, onde os dados são enviados para os equipamentos controlados por um computador, é chamada de produção digital e apesar de estar presente na arquitetura há somente 20 anos, ela já era utilizada desde a década de 1950 na indústria aeronáutica e automobilística (BORGES, 2016). Com o avanço do maquinário nas últimas décadas e a redução dos custos do mesmo, a fabricação digital começou a ser utilizada em canteiros de obras, sendo experimento da sua potencialidade na área da construção civil. A fabricação digital teve um papel fundamental na produção de edifícios de formas complexas que não seriam exequíveis sem o desenvolvimento do maquinário adequado. Os projetos do arquiteto Frank Gehry, especialmente o Guggenheim de Bilbao, representaram um ponto de inflexão no uso das tecnologias CAD/CAM no começo dos anos 2000. Outros arquitetos de elite também exploraram as possibilidades para a criação de formas inéditas. Nesse período, o principal campo de exploração da fabricação digital e tecnologias digitais emergentes de projeto estiveram associados a obras de produção restrita e simbólicas no contexto das cidades em que estavam sendo inseridas. (BORGES, 2016, p. 85)

Apesar da utilização da fabricação digital no canteiro de obras, Borges (2016) afirma que não foi feita em sua totalidade assim, fazendo uso ainda uma produção híbrida contando com trabalho braçal de operários, sendo assim a produção tecnológica em campo ainda não conseguiu acompanhar o avanço tecnológico dos projetos. Entretanto, grandes escritórios que trabalhavam com projetos mais fluidos e complexos passaram a enxergar as possibilidades da utilização para evitar gastos desnecessários com excessos e desperdícios, visto que a fabricação digital é realizada com dados precisos, 50


e isso desencadeou o pensamento desse método de construção como uma alternativa mais sustentável (BORGES, 2016). A produção digital no meio da arquitetura não é um acontecimento isolado de um país, mas sim um fenômeno que está se tornando cada vez mais presente a cada ano. Na Austrália ocorre a Rob|Arch, evento bienal realizado desde 2012, onde há apresentação de pesquisas, demonstrações, workshops e afins sobre a utilização de braços mecânicos para a área da arquitetura, da artes e do design (Robots in Architecture, c2015). Em Dubai, foi inaugurado o maior edifício em volume por meio de impressão 3D com cimento que será utilizado para administração pública (ZAP, 2020). Na Bélgica foi construída uma casa de dois andares de concreto, cuja obra obteve uma redução de 60% do material de uma construção tradicional (BBC News Brasil, 2020). A fabricação digital, porém, não se baseia somente na construção de casas ou somente utilizando concreto como matéria prima. No centro do pátio do Museu V&A de Londres foi erguido um pavilhão composto por 40 componentes hexagonais que foram fabricados a partir de uma combinação de fibra de vidro transparente e fibra de carbono preta (Figura 15), e ficou exposta como parte de uma temporada de eventos de engenharia (DEZEEN, 2016, tradução nossa). O pavilhão (Figura 16) foi projetado e produzido pelo arquiteto e pesquisador Achim Menges, em conjunto com o arquiteto Moritz Dörstelmann, assegurado pelo engenheiro estrutural Jan Knippers e o engenheiro climático Thomas Auer.

Figura 15 - Pavilhão Museu V&A de Londres. Foto: NAARO. Fonte: DEZEEN, 2016. 51


52


Figura 16 - Detalhe do Pavilhão Museu V&A. Foto: NAARO. Fonte: DEZEEN, 2016.

A construção da arquitetura no mundo todo segue os mesmos critérios de elaboração de projeto, sendo eles a avaliação de espaços, de condicionantes climáticas, de legislação entre outros fatores, e a arquitetura por meio da fabricação digital não seria diferente mas possuidor de alguns agregadores como citado antes, como o metódo e o instrumento de fabricação. À medida que as impressões 3D se tornam mais populares, soluções criativas e utilização de novos materiais vão produzindo edificações que nos fazem indagar qual o futuro da arquitetura. Mas nem toda edificação impressa é utilizando materiais novos, como é o caso de pequenos edifícios e casas na China que foram construídos por impressão 3D desde 2015 com matéria prima de cimento e fibra de vidro, sendo bastante resistentes (Exame, 2015), ou na França com o Projeto Milestone, de iniciativa da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, impressa com argamassa (FERREIRA, 2021). Na Itália, construiu-se uma edificação por meio da impressão 3D em argila, sendo a primeira do tipo (SOUSA, 2021). Se tratando de materiais inovadores, há a produção da arquiteta Neri Oxman que fabrica digitalmente diversos objetos com biopolímeros, vidro e até bichos de seda. Há o Precious Plastic, já citado no capítulo anterior, que além da reciclagem de plástico para fabricar por meio da extrusão ou injeção objetos diversos, também já experimentou a criação de tijolos de plástico reciclado para a área da construção. Para apontar melhor a realidade da fabricação digital no mundo para a área da arquitetura, foram elencados 2 projetos que representam bem as possibilidades dessa nova forma de construir, sendo eles: Urban Cabin (DUS architects) e Cabin of Curiosities (Emerging Objects). As duas edificações são cabines que exploram a utilização de materiais sustentáveis como potencializadores da arquitetura e não limitantes ou enfadonhos, trazendo um apelo estético forte atribuído à maior possibilidade de modelagem mas não deixando de lado a experiência do usuário no dia a dia.

53


URBAN CABIN, por DUS Architects

Construída totalmente por meio da fabricação digital em 2015, essa cabine (Figura 17) situa-se em Amsterdam em um espaço público para oferecer uma experiência única ao usuário além de oferecer uma visão de futuro.

Figura 17 - Urban Cabin. Fonte: DUS, 2021c A cabine foi impressa com bioplástico que pode ser reciclado e reimpresso repetidamente se houver necessidade, demonstrando a alternativa de construção com esse material que está se tornando cada dia mais cotidiano. A utilização de um material biopolimérico para fabricação de uma edificação pode trazer indagações quanto à resistência, durabilidade, isolamento e conforto térmico. Essas dúvidas são coerentes por se tratar de um material não convencional para a construção civil, mas que analisando a Urban Cabin já pode-se avaliar melhor seu desempenho.

54


Em Amsterdam a temperatura anual varia em média 22,5º C, sendo a temperatura mínima em torno de 2º C e a máxima em torno de 27º C (The Weather Channel, 2021c). Uma variação aproximada ou com mais de 10º C pode ocorrer em determinadas épocas do ano, e isso expõe a resistência do biopolímero em relação às variantes de temperaturas, como as dilatações e as contrações que ocorrem em consequência disso. Observando o envoltório (Figura 18) em relação à pessoa que está na fotografia, percebe-se uma largura maior do que habitualmente é utilizado com alvenaria cerâmica tradicional e deduz que tal configuração foi estabelecida para um melhor isolamento e conforto térmico.

Figura 18 - Vista frontal da Urban Cabin. Fonte: DUS, 2021c A conformação ondular do envoltório nos faz inferir a possibilidade de possuir espaços ocos, o que seria interessante para além dos resultados positivos para alterações climáticas, mas também do isolamento acústico proporcionado. A escada no qual a pessoa está sentada também foi impressa com o bioplástico, logo espera-se uma boa resistência mecânica junto à grande durabilidade que os materiais plásticos já possuem fama de ter. Essas carac

55


terísticas de adaptabilidade são planejadas para abrigar bem em qualquer época do ano as pessoas que se hospedam na cabine além de pensar na opção de replicabilidade como uma moradia temporária para locais compactos e também áreas sujeitas a desastres (DUS, 2021c).

CABIN OF CURIOSITIES, por Emerging Objects

O segundo projeto (Figura 19) a ser exposto é a 3D Printed Cabin, construída em 2018 em Oakland em uma propriedade privada com o propósito de abordar os problemas de habitação em uma micro escala.

Figura 19 - Cabin of Curiosities. Foto: Matthew Millman. Fonte: Emerging Objects, 2021c 56


A cabine é uma experimentação múltipla de materiais, de software e de hardware da empresa afim de demonstrar o potencial arquitetônico da manufatura aditiva em um edifício estruturalmente sólido e à prova de intempéries (Emerging Objects, 2021c). A cidade de Oakland possui uma variação de temperatura anual média de 15º C, sendo bem menor que de Amsterdam, com mínimas em torno de 5º C e máximas de 25º C. A fachada frontal (Figura 20) é composta por uma série de formas e materiais diferentes para criar uma parede viva. Utilizaram tons de cimento Portland, serragem, bagaço de chardonnay e combinações dos mesmos.

Figura 20 - Detalhe frontal da Cabin of Curiosities. Foto: Matthew Millman. Fonte: Emerging Objects, 2021c O telhado (Figura 21) que se extende até se tornar o envoltório lateral é resultado de fabricação digital e tem como matéria a argila. Foram projetados por meio de G-code, onde é possível controlar cada linha de argila à medida que é impressa para criar uma textura circular, simulando visualmente uma técnica de tricô chamada ponto semente e para serem fáceis de montar sobre trilhos fixados na edifcação (Emerging Objects, 2021c). Embora a impressão seja a partir do mesmo arquivo, cada ladrilho impresso é intencionalmente único, pois durante a a fabricação os ladrilhos ondulam para frente e para trás, fazendo com que a impressora puxe a linha de argila e crie laços mais longos ou mais curtos, produzindo uma textura feita à máquina mas que é distinta de todas as outras criadas.

57


58


Figura 21 - Detalhe do envoltório da Cabin of Curiosities. Foto: Matthew Millman. Fonte: Emerging Objects, 2021

As paredes internas translucidas também foram impressas, denominadas Chroma Curl Wall (Figura 22), oriundas de um bioplástico derivado do milho e resultam em uma textura de relevo customizada inspirada em tetos de metal prensados que antigamente necessitavam de uma fabricação em massa de moldes. As impressões 3D para a Cabin of Curiosities vão além do funcionalismo, como na Urban Cabin que alia função de evoltório com seu trabalho geométrico para compor uma fachada bela, mas também na composição puramente estética como é o caso das paredes internas. Essa demonstração de que a fabricação digital pode ser bonita, significativa e bem trabalhada é bem relatada nos dois projetos supracitados e um ponto a ser apontado mais vezes para que seja lembrado como tal e não apenas sinônimo de rapidez, volumes sólidos e sem encanto. Esses dois exemplos explicitam as infinitas possibilidades por meio da fabricação digital e com materiais não usuais para a área da construção civil, revelando um ramo da área que pode explorar não só as partes escultóricas das edificações, mas também a parte acústica e térmica.

59


Figura 22- Detalhe das paredes internas da Cabin of Curiosities. Foto: Matthew Millman. Fonte: Emerging Objects, 2021c

60


4

61


4 área de estudo De modo a unir os assuntos e o raciocínio criado ao longo deste trabalho, surge como resultado um projeto arquitetônico, cujo objetivo é ser além de uma edificação, um ponto de admiração, convergência e interação mas sobretudo crítica e reflexão. É um incentivo a discussão de como estamos vivendo e o que estamos consumindo em conjunto com a surpresa arquitetônica e artística. A arquitetura é um reflexo da sociedade e caminha junto dela, não se encerrando nunca mas sempre se reinventando. Ela cria ideias, molda espaços que afetam diretamente a humanidade e já consegue dar formas até para ideias super abstratas. Ela é um resultado da necessidade da época em que se é construída, transitando entre a funcionalidade e a poética como se fosse um fluido. Partindo da reflexão e análise de dados do quantitativo de plásticos no mundo e os estudos com projeções para o futuro se mudanças nos hábitos não ocorrerem, junto com as tecnologias presentes na atualidade que podem fazer além do óbvio, vê-se a necessidade de unir esses elementos afim de expor uma experiência visual e tátil. Essa arquitetura que é um misto de assuntos e que tem o propósito além de servir como um espaço edificado, necessita de um local onde a transitabilidade de pessoas esteja de acordo com a sua função. Pensando nisso, optou-se pela locação em um espaço público e de grande amplitude, como uma praça que é um ponto de convergência e que a interação das pessoas com a arquitetura se espalhe pela cidade de forma fluida até extrapolar as barreiras invisíveis dos bairros. Pensando nisso, alguns bairros são levantados para ter a instalação, sendo eles o Centro e a Praia de Iracema, ambos seguindo o critério da rotatividade de pessoas. A escolha do bairro Centro como área de intervenção vem de três principais motivações sendo elas, como citado acima, a grande abrangência de pessoas que circulam pelo espaço, a relevância histórica do bairro para a cidade principalmente como palco de grandes momentos e por ser o bairro com a maior concentração de venda de utensílios plásticos. O primeiro ponto de convergência analisado para receber a instalação na cidade de Fortaleza é a Praça José de Alencar, sendo feitos estudos iniciais de sua alocação na área que após a sua reforma abriga um grande espaço vazio e cimentado no lugar do que antes era um conjunto de tendas de co62


merciantes informais que resultavam em caminhos tortuosos e sem lógica, tais quais uma cidade medieval. Entretanto, o projeto é alocado no terreno logo ao lado e que atualmente é ocupado como estacionamento irregular, caracterizando este espaço de grande potencial como um vazio urbano. A sua extensão e o seu local privilegiado passam despercebidos aos olhos dos apressados devido à massa de carros e motos que o escondem. Esse tipo de uso caracteriza-se por ser pontual, visto que durante a manhã e à tarde têm-se uma grande competição, mas de noite o terreno fica abandonado, O terreno fica entre as ruas Guilherme Rocha, 24 de Maio e Liberato Barosso e possui nas proximidades (Figura 23), o uso maioritário de estabelecimentos comerciais, pintados de laranja, e edificações institucionais como a Igreja do Patrocínio ao norte da praça e a sede do IPHAN no sul da praça, em roxo. Possui ainda uma edificação cultural: o Theatro José de Alencar, em rosa, também ao sul da praça.

Figura 23 - Primeira área de estudo. Fonte: Autoria própria 63


O bairro (em tom mais escuro) como um todo recebe uma ampla oferta de transporte público (Figura 24), tanto metrô como ônibus, mas o terreno em questão localiza-se ao lado de uma estação de metrô, possibilitando a grande abrangência de pessoas para ver e utilizar a instalação.

Figura 24 - Mapa de linhas de metrô de Fortaleza. Fonte: Autoria própria A partir da definição da área de estudo, a análise segundo Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação de Solo (Lei nº 236/2017) do município de Fortaleza, fez-se necessária para compreensão das intenções atuais do Estado para a área central. A maior parte do bairro Centro se enquadra na macrozona “Zona de Ocupação Preferencial 1” (ZOP 1), possuindo parâmetros importantes como Taxa de Permeabilidade de 30%, Taxa de Ocupação de 60% e Índice de Aproveitamento Básico e Máximo de 3,0 e Mínimo de 0,25.

64


5

65


Rua 24 de Maio

N

Limite do lote (145,16m x 58m)

Rua Guilherme Rocha

Rua Liberato Barroso 66

Figura 25 - Planta de situação e locação. Fonte: Autoria própria


5 anteprojeto A construção da instalação preenche visualmente todo o espaço do lote, mas por ser uma edificação predominantemente vazada, passa certa leveza. A proposta é que seja utilizado policarbonato reciclado para sua modelagem por possuir boas vantagens perante outros polímeros, sendo elas: boa estabilidade dimensional, resistente a impactos, boa resistência ao escoamento sob cargas e intepéries, resistente a chama e auto-extinguível, boas propriedades elétricas e possui certa transparência se assemelhando ao vidro. É um objeto autoportante com sua modelagem se assemelhando à uma estrutura óssea, alveolar, possibilitando maior resistência à obra. A instalação remonta um labirinto, mas não leva à locais centrais ou à saídas complexas. Sua permeabilidade de atravessamento é relativamente fácil, mas as curvas com diversos usos são um convite para que as pessoas se percam dentro. No entorno da instalação, que aqui será chamado de praça, dispõe-se de alguns bancos inspirados nas curvas do projeto, um anfiteatro com uma torre de projeção para exibição noturna de filmes e uma pista de skate para uso coletivo. A paginação é simples e breve, um fluxo que se inicia no meio fio do espaço comum da área do metrô e guia os pedestres para adentrar no labirinto, tendo uma breve continuação no lado oposto até o meio fio que separa o terreno da praça José de Alencar. Em alguns trechos há uma iluminação no piso também seguindo a padronização da instalação. Dentro da instalação dispõe-se de uma edificação informativa, a fim de explicar do que se trata a obra, com um espaço meditativo no centro e um mirante em cima acessado por escada ou rampa. Também há uma biblioteca compartilhada, duas paredes vazadas que podem servir de escalada, uma torre de isolamento, locais para sentar em toda a instalação - com e sem mesa de apoio - e uma grande área gramada para relaxamento com uma pequena edificação de difícil acesso proposital. Antes da apresentação dos recortes ampliados dos elementos supracitados, será importante a vizualização da planta de situação e locação (Figura 25), a fim de compreender a sua implantação no lote e na quadra.

67


N

.2 .1 .3 .8 .4 .5

Recorte .1 .13

.6 .7 .6 .8

106 m

18 m .9

Recorte .2

.8

Recorte .3

.10

Figura 26 - Planta térreo. Fonte: Autoria própria

.11

68

.12 .3 .4

.8

42 m .14


+ pavimento térreo Pensando no desenho do pavimento térreo (Figura 26) propriamente da instalação, as curvas não vieram ao acaso. Ao se pensar na sua locação, primeiramente como hipótese na praça José de Alencar, priorizou-se a menor deformação do local recém reformado. Com isso, buscou-se ter uma integração com os novos canteiros e com as massas vegetais pré-existentes (Figura 27). Ao repensar a sua locação, optou-se pela permanência do desenho por ter uma proximidade e relação com o local antes inserido, mas também por servir como um desafio para entender sua forma.

Figura 27 - Estruturação do desenho do projeto. Base: Google Earth Pro, 2021c. Desenho: Autoria própria

Legenda .1 Rampa de acesso ao mirante .2 Central informativa .3 Área para grupos .4 Área para trios .5 Escada .6 Área para duplas .7 Paredes de escalada .8 Área individual .9 Torre de isolamento

.10 Biblioteca compartilhada .11 Gramado .12 Edificação .13 Anfiteatro .14 Pista de skate

69


N

Figura 28 - Recorte 1. Fonte: Autoria própria

Figura 29 - Central informativa e Mirante. Fonte: Autoria própria

Figura 31 - Área para grupos. Fonte: Autoria própria

70

Figura 32 - Escadas. Fonte: Autoria própria


+ recorte .1 No recorte da instalação (Figura 28) é possível ver com mais detalhes alguns dos elementos que possuem em seu interior, como é o caso da Central informativa (Figura 29) que consta com uma área de exposição explicativa em suas paredes e uma área de descanso e meditação no centro. A iluminação da exposição é feita por trilho com spots de LED, diferente da área mais interna que é feita somente por iluminação indireta, pelo arco de abertura e pela abertura de 1 metro de altura por 2 centímetros de largura na direção oposta, e por um furo de diâmetro de 2 centímetros na laje superior, como representada no corte (Figura 30).

Figura 30 - Corte Central informativa e Mirante. Fonte: Autoria própria

A área para grupos é assim definida por comportar mesas e bancos para 4 ou mais pessoas nos seus respectivos blocos edificados (Figura 31). O da área em questão possui um pergolado para oferecer um melhor conforto para o grupo que estiver usufruindo do espaço. As escadas (Figura 32) é um pequeno bloco que serve como local de descanso mais informal e coletivo, não necessariamente estando em duplas ou grupos, mas para quem quer ficar sozinho sem precisar ter que se isolar para tal ou para quem quiser interagir com outras pessoas que se encontrarem no espaço. As escadas no caso não servem para ligar pavimentos diferentes, mas apenas para ter uma diferença de nível para que cada pessoa sente no local que lhe deixe mais confortável. Figura 33 - Corte Escadas. Fonte: Autoria própria

71


Figura 72 34- Vista do Mirante. Fonte: Autoria própria


73


Figura 74 36- Vista do corredor com bancos individuais. Fonte: Autoria própria


N

+ recorte .2

Figura 35 - Recorte 2. Fonte: Autoria própria

Neste recorte (Figura 35) está mais instituído as áreas de duplas, trios ou individuais (Figura 36), todos com bancadas ou mesas, a torre de isolamento e as paredes de escalada. A torre de isolamento foi pensada para quem quer um pouco mais de privacidade ou se precisa de um pouco mais de silêncio (Figura 37 e Figura 38). Em formato circular, o acesso é feito por uma escada com 9 degraus que levam a pessoa a um espaço com uma bancada. Os degraus finais servem como próprio banco e possui 3 janelas, sendo 2 delas arcos que dão uma para o labirinto e a outra para um pequeno gramado, e a última é uma abertura horizontal para entrada de luz mais escultórica e dramática. Também há espaços mais reservados em que a entrada se dá por atravessar por uma abertura retangular (Figura 39). As paredes vazadas podem ser utilizadas como objeto lúdico da instalação para os mais aventureiros, mas o limite de altura é 2.90 metros (Figura 40).

Figura 37 - Torre de isolamento. Fonte: Autoria própria

Figura 38 - Corte da Torre de isolamento. Fonte: Autoria própria

75


Figura 76 39- Vista de área individual. Fonte: Autoria própria


77


Figura 78 40 - Paredes de escalada. Fonte: Autoria própria


79


N

Figura 41 - Recorte 3. Fonte: Autoria própria

Figura 42 - Corte da Biblioteca compartilhada. Fonte: Autoria própria

80


+ recorte .3 No último recorte (Figura 41) há uma biblioteca compartilhada, o gramado e outras áreas para permanência de grupos, duplas ou individuais. Na biblioteca dispõe-se de estantes para doação e troca de livros, uma bancada circular com bancos e um espaço mais informal com estilo escada para sentar e conversar debaixo do pergolado (Figura 42). No gramado também há mesas e bancos, um banco extenso que se assemelha ao desenho da parede que o cerca e uma edificação de difícil acesso proposital. A edificação (Figura 43 e Figura 44) possui entrada somente por uma abertura a 1.20 metros do chão, sua estrutura interna é um conjunto de bancos de alturas diferentes que variam de 20 centímetros a 80 centímetros e possui uma pequena escada de marinheiro que possibilita por meio de uma abertura de diâmetro de 70 centímetros a visualização da laje superior.

Figura 43 - Corte da Edificação. Fonte: Autoria própria

Figura 44 - Corte da Edificação. Fonte: Autoria própria

81


Figura 82 45 - Perspectiva do Gramado e da Edificação. Fonte: Autoria própria


83


N

+ praça No entorno da instalação foi adicionado bancos com a mesma padronização do labirinto assim como uma pista de skate (Figura 46) e um pequeno anfiteatro com uma torre de projeção (Figura 47). Os bancos espalhados pela praça também são de policarbonato reciclado, assim como a torre, mas os tablados de manobras para skate ou patins e o piso na área é de cimento, diferenciando do resto da praça. A torre de projeção tem acesso por uma porta que requisita que a pessoa suba no banco para entrar. A fim de ter um acesso melhor ao projetor, foi elevado o piso da torre, diminuindo o pé-direito do mesmo, sendo assim Figura 46 - Planta da Pista de Skate. Fonte: Autoria própria

Figura 84 49 - Perspectiva da Pista de skate. Fonte: Autoria própria


N também acessível por uma pequena escada (Figura 48). Os bancos dispostos para o anfiteatro vão diminuindo em altura na medida que vão se aproximando do labirinto, possibilitando uma visualização melhor de quem está sentado mais atrás.

Figura 48 - Corte da Torre de projeção. Fonte: Autoria própria Figura 47 - Planta da área de projeção. Fonte: Autoria própria

85


86


87

Figura 50 - Anfiteatro e torre de projeção. Foto do céu: Júlio Cézar Winkcle. Foto do filme: Acervo Globo. Fonte: Autoria própria


N

Elevação 1

Há apenas 3 áreas cobertas na instalação toda, sendo elas a Central de informação, a torre de isolamento e a edificação que está no gramado. A Central de informações possui uma laje radial com inclinação de 1% para suas extremidades que fazem o escoamento dessa água pluvial para a via pública, não havendo abastecimento em caixa d’água ou semelhantes. Na torre de isolamento, a coberta é uma laje inclinada de 2% no sentido da abertura horizontal, fazendo uma pequena queda d’água para dentro da instalação.

Elevação 2

Elevação 4

A edificação que está no gramado também possui uma laje inclinada de 2% que direciona-se à leste para escoamento para dentro da instalação.

Figura 51 - Planta de coberta. Fonte: Autoria própria

Corte A

+ coberta + cortes

Figu

Corte B

Elevação 3

88


Figura 52 - Corte A. Fonte: Autoria própria

ura 53 - Corte B. Fonte: Autoria própria

89


+ fachadas As fachadas são cruas, do próprio policarbonato após ser moldado. Diante disso, faz-se necessário a coleta de material plástico de cor azul, transparente e branco para a utilização no projeto. Esses tons podem ser misturados, trazendo aspectos visuais interessantes para a obra, como pequenas manchas e partes mais transparentes ou mais opacas. Entretanto para as paredes deve-se ter em sua maioria o tom azul e para os bancos e bancadas o tom branco.

90


Figura 55 - Elevação 2. Fonte: Autoria própria

Figura 54 - Elevação 1. Fonte: Autoria própria

91


+ fachadas

92


93

Figura 57 - Elevação 4. Fonte: Autoria própria

Figura 56 - Elevação 3. Fonte: Autoria própria


+ fabricação digital 94

Figura 58 - Estudo solar (Aprox. 8h) em maquete impressa digitalmente Fonte: Autoria própria


Figura 59 - Estudo solar (Aprox. 16h) em maquete impressa digitalmente Fonte: Autoria própria

95


Figura 60 - Estudo de locação da instalação. Fonte: Autoria própria

96


97


98


considerações finais

99


considerações finais Conforme foi apresentado no texto, o meio ambiente não pode mais suportar as pressões impostas pelas atividades humanas, devido a escalada crescente de impactos nocivos, sem que haja um esforço pelo uso de tecnologias que apresentem contrapropostas que priorizem a sustentabilidade. Arquitetos e urbanistas, conjuntamente de edificadores, encontram-se no cerne de duas importantíssimas problemáticas atuais: o atendimento das questões habitacionais da sociedade e a conciliação sustentável com o ambiente físico. Por esta razão, pensando nos contextos ambiental, sociocultural e econômico, onde faz-se necessária a discussão do comprometimento social aliado à eficácia econômica, sucedeu-se a ideia de uma instalação temporária experimental no centro de Fortaleza, utilizando-se como material o plástico reciclado. Em termos gerais, a utilização do plástico como material de composição da obra possibilitou a criatividade e invenção na etapa de modelagem, devido a grande maleabilidade do material. Além disso, um novo uso poderia ser dado ao derivado do petróleo, sem que houvesse descarte indevido em outras localidades da cidade. Porém, por mais inovador e sustentável que seja a instalação, seria necessário uma grande movimentação de parcerias de ONGs e agrupamentos de pessoas interessadas para a coleta do material em locais assolados pelo descarte indevido (manguezais, dunas, vegetação, beira-mar, rios), tornando, assim, bastante desafiador esse tipo de construção. Ainda assim, com base nos procedimentos metodológicos propostos e no intuito de verificar as hipóteses e principais questões explicitadas, apresentou-se uma série de estudos que objetivaram expor o cenário desafiador, porém instigante, do uso do plástico reciclado como componente material da obra e as particularidades que o cerca, como legislação específica e a fabricação digital. Portanto, a trajetória percorrida pela pesquisa partiu de questões mais gerais - evolução da tecnologia - chegando a pontos específicos do projeto, permitindo elucidar de modo gradativo as questões envolvidas na problemática. A própria existência da obra, aliada às possibilidades enunciativas do tráfego no espaço, levaria à conscientização

100


coletiva sobre o uso do plástico, mas também à elucidação de um problema de contingência habitacional da cidade, sob a óptica de habitar temporariamente um espaço estratégico até então subutilizado.

101


102


referências

103


A 1ª casa de dois andares construída por uma impressora 3D, 2020. 1 vídeo (1:30min). Publicado pelo canal BBC News Brasil. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=Tmtv8zVP51s. Acesso em: 25 fev. 2021. ALMEIDA, C. R. P. de. Entre e através: complexidade e processos de design em arquitetura. 2006. Dissertação (Mestrado em Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006. doi:10.11606/D.18.2006. tde-18112006-005126. Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com. br/cp012598.pdf. Acesso em: 12 fev. 2021. ALMEIDA, M. A. de. O desejo de desmaterialização da arquitetura: a plasticidade como processo. Risco Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (Online), [S. l.], n. 14, p. 63-71, 2011. DOI: 10.11606/ issn.1984-4506.v0i14p63-71. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ risco/article/view/45506. Acesso em: 12 fev. 2021. BARATTO, R.. “Estudio Guto Requena cria fachada de luz interativa em São Paulo” [Estudio Guto Requena Creates Interactive Light Façade for São Paulo Hotel ] 14 Jul 2015. ArchDaily Brasil. ISSN 0719-8906. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/770171/estudio-guto-requena-cria-fachada-de-luz-interativa-em-sao-paulo. Acesso em: 24 fev. 2021. BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. BORGES, M. F.. Fabricação digital no Brasil e as possibilidades de mudança de paradigma no setor da construção civil. Ambient. constr., Porto Alegre , v. 16, n. 4, p. 79-91, Dec. 2016. https://doi.org/10.1590/s167886212016000400106. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-86212016000400079&lng=en&nrm=iso. Acesso em 25 fev. 2021. CALIXTO, V.; VINCENT, C. C.; Arquitetura Algorítmica: Processos e Ferramentas, p. 362-365 . In: Proceedings of the XVII Conference of the Iberoamerican Society of Digital Graphics: Knowledge-based Design [=Blucher Design Proceedings, v.1, n.7]. São Paulo: Blucher, 2014. ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/despro-sigradi2013-0069. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/301465509_Arquitetura_Algoritmica_Processos_e_Ferramentas. Acesso em: 24 fev. 2021.

104


CÂMARA LEGISLATIVA. Projeto de Lei n. 4186/2020. Dispõe sobre a proibição, em todo território nacional, da fabricação, comercialização e uso de produtos plásticos de único uso. Disponível em: https://www.camara. leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1921972&filename=PL+4186/2020. Acesso em: 20 fev. 2021. CARNEIRO, G. P.. Arquitetura interativa: contextos, fundamentos e design. 2014. Tese (Doutorado em Design e Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, University of São Paulo, São Paulo, 2014. doi:10.11606/T.16.2014.tde-30062014-095124. Disponível em: https:// www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-30062014-095124/en. php. Acesso em: 17 fev. 2021. DIÁRIO DO NORDESTE. Pesquisa identifica microplásticos em peixes na maioria das espécies da Praia de Iracema. 2020. Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/metro/pesquisa-identifica-microplasticos-em-peixes-na-maioria-das-especies-da-praia-de-iracema-1.3005547. Acesso em: 28 abr. 2021. DEEZEN. Robotically fabricated carbon-fibre pavilion opens at the V&A. 2016. Disponível em: https://www.dezeen.com/2016/05/18/robotically-fabricated-carbon-fibre-pavilion-opens-va-museum-london-university-of-stuttgart-achim-menges/. Acesso em: 26 fev. 2021. DUS. Urban Cabin. Disponível em: https://houseofdus.com/project/urban-cabin/. Acesso em: 14 jun. 2021. EDWARDS, BRIAN. O guia básico da sustentabilidade. 2 ed. Londres: Ribas Enterprises, 2005. 226 p. EMERGING OBJECTS. Cabin of 3D Printed Curiosities. Disponível em: http://emergingobjects.com/project/cabin-of-3d-printed-curiosities/. Acesso em: 14 jun. 2021. FERREIRA, Y.. Casa feita com impressora 3D abre suas portas para inquilinos. 21 Maio 2021. Disponível em: https://www.hypeness.com. br/2021/05/casa-feita-com-impressora-3d-abre-suas-portas-para-inquilinos/. Acesso em: 10 mai. 2021. FLEURY, M. T. L.; WERLANG, S. R. da C.. Pesquisa aplicada: concei-

105


tos e abordagens. Anuário de pesquisa 2016-2017. FGV, EAESP. 2017. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/apgvpesquisa/ article/view/72796. Acesso em: 24 fev. 2021. FORTALEZA, Prefeitura Municipal (PMF). Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo. Lei nº 236, de 11 de agosto de 2017. Fortaleza, CE. FORTALEZA. Plano Diretor Participativo de Fortaleza. Lei nº 062, de 02 de fevereiro de 2009. Fortaleza, CE. GEYER, R.; JAMBECK, J. R.; LAW, K. L. Production, use, and fate of all plastics ever made. Vol. 3, no. 7, e1700782. Sci. Adv. 2017. DOI: 10.1126/ sciadv.1700782. Disponível em: https://advances.sciencemag.org/content/3/7/e1700782. Acesso em: 25 fev. 2021. GJENGE MAKERS. c2020. Página inicial. Disponível em: https://gjenge. co.ke. Acesso em: 26 fev. 2021. JÚNIOR, A. A. C.; GRILLO, A. C. D.. Arquitetura líquida. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, v. 17, n. 20, 2010. Belo Horizonte, 2010. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/Arquiteturaeurbanismo/article/view/P.2316-1752.2010v17n20p176. Acesso em: 13 fev. 2021. KNIGHT, Laurence. A brief history of plastics, natural and synthetic. BBC News, 2014. Disponível em: https://www.bbc.com/news/magazine-27442625. Acesso em: 28 abr. 2021. KÖCHE, J. C.. Fundamentos de metodologia científica : teoria da ciência e iniciação à pesquisa. Petrópolis, RJ : Vozes, 2011. Disponível em: http:// www.adm.ufrpe.br/sites/ww4.deinfo.ufrpe.br/files/Fundamentos_de_Metodologia_Científica.pdf. Acesso em: 24 fev. 2021. MATOS, M. G.. Observação e experimentação da Tecnologia 4D no projeto de arquitetura. Blucher Design Proceedings, v. 1, n. 8, p. 547-550, 2014. Disponível em: http://papers.cumincad.org/data/works/att/sigradi2014_052.content.pdf. Acesso em: 18 fev. 2021. NBBJ. A city blossoms, c2021. Hangzhou Olympic Sports Center. Disponível em: http://www.nbbj.com/work/hangzhou-stadium/. Acesso em: 24 fev. 2021.

106


NOX. D-Toren, c2021. Página inicial. Disponível em: https://www.d-toren.nl/en/. Acesso em: 16 fev. 2021. OLIVEIRA, M. F. de. Metodologia científica: um manual para a realização de pesquisas em Administração. Catalão: UFG, 2011. 72 p.: il. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/567/o/Manual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwell.pdf. Acesso em: 24 fev. 2021. PIATTI, Tania Maria; RODRIGUES, Reinaldo Augusto Ferreira. Plásticos: características, usos, produção e impactos ambientais. Maceió: Edufal, p. 51, 2005. Disponível em: http://www.usinaciencia.ufal.br/multimidia/ livros-digitais-cadernos-tematicos/Plasticos_caracteristicas_usos_producao_e_impactos_ambientais.pdf. Acesso em: 26 abr. 2021. PRECIOUS PLASTIC. [s.d.]. Página inicial. Disponível em: http://preciousplastic.com/index.html. Acesso em: 26 fev. 2021. PUGLIESI, N.. Arquitetura interativa dá nova função aos projetos: a de se comunicar. Aecweb, [s.d.]. Disponível em: https://www.aecweb.com.br/ revista/materias/arquitetura-interativa-da-nova-funcao-aos-projetos-a-de-se-comunicar/10939. Acesso em: 17 fev. 2021. RASMUSSEN, S. C. From Parkesine to Celluloid: The Birth of Organic Plastics. Angew. Chem. Int. Ed. 2021, Volume 60, pag. 8012. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1002/ange.202015095. Acesso em: 27 abr. 2021. SCHIELKE, T. “Quando gotas criam espaços: Um olhar sobre arquitetura líquida” [When Droplets Create Space: A Look at Liquid Architecture] 30 Set 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo). ISSN 0719-8906. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/796383/quando-gotas-criam-espacos-um-olhar-sobre-arquitetura-liquida. Acesso em: 16 fev. 2021. SOLÀ-MORALES, I. Arquitectura Líquida. In Territorios. p. 125-135. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, S.L., 2003. Disponível em: https:// pt.scribd.com/document/320306736/Ignasi-de-Sola-Morales-Territorios-Arquitectura-Liquida-pdf. Acesso em: 11 fev. 2021.

107


SOUSA, M.. Casa é construída com impressão 3D e argila na Itália. 21 Mai 2021. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/956414/casa-e-construida-com-impressao-3d-e-argila-na-italia. Acesso em: 10 mai. 2021. THE WEATHER CHANNEL. Cidade de Amsterdam. Disponível em: https://weather.com/pt-BR/clima/mensalmente/l/a0a48c0f8630d7e60cc5d03bf2dc2d039cad87e8dfdb8fc476a43473a6ff7e17. Acesso em: 14 jun. 2021. THE WEATHER CHANNEL. Cidade de Oakland. Disponível em: https://weather.com/pt-BR/clima/mensalmente/l/b7a50d613197c6d1586c8e3f208cc2254dbb79164fad98e4346255f25d1f78c2. Acesso em: 14 jun. 2021. VOLTOLINI, Giovani et al. Design paramétrico e modelagem algorítmica: os efeitos de seus conceitos e técnicas em acadêmicos de arquitetura. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016. Disponível em: https://repositorio. ufsc.br/handle/123456789/173283. Acesso em: 24 fev. 2021. WARD, Collin P.; REDDY, Christopher M.. Opinion: We need better data about the environmental persistence of plastic goods. PNAS (National Academy of Sciences). Volume 117, número 26. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1073/pnas.2008009117. Acesso em: 27 abr. 2021. ZAP. O maior edifício do mundo impresso em 3D foi inaugurado no Dubai. 11 Fev 2020. Disponível em: https://zap.aeiou.pt/maior-edificio-impresso-3d-307793. Acesso em: 25 fev. 2021.

108


109


ER 110


RRE

111


A inesgotabilidade plástica • dade plástica • A inesgotabili A inesgotabilidade plástica • dade plástica • A inesgotabili A inesgotabilidade plástica • dade plástica • A inesgotabili A inesgotabilidade plástica • dade plástica • A inesgotabili A inesgotabilidade plástica • dade plástica • A inesgotabili A inesgotabilidade plástica • dade plástica • A inesgotabili A inesgotabilidade plástica • dade plástica • A inesgotabili

112


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.