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A Magia do Natal!

Num país longínquo, a família Adam`s estava reunida, mas tudo parecia diferente do habitual. Uma família que até agora era unida, já não mais se juntava à volta da lareira, a compartilhar sentimentos e vivências.

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Carlotta, a única filha da família, era uma menina um pouco deprimida, mas muito sonhadora, adorava a época do natal, a sua data festiva favorita. A menina ficava o ano todo à espera do dia 25 de dezembro.

Com o avanço das tecnologias, ao longo dos anos, muitas famílias têm vindo a desunir-se. É raro encontrar pessoas que ainda olham nos olhos dos seus familiares, e, na casa de Carlotta não era diferente. A menina sentia uma indiferença de seus pais para com ela e, mesmo entre eles, como se a união da família não fosse mais um motivo de felicidade. Carlotta deu-se conta que o espírito natalício, em sua casa, estava a ficar esquecido e já não era o mesmo. Sabia que tinha de fazer algo para mudar essa situação. Mas o que poderia ela fazer?

Na véspera de natal Carlotta saiu para a rua a fim de desanuviar, quando repentinamente, reparou que as ruas estavam todas iluminadas. A sua casa, comparativamente às outras, estava triste por demais, mas sobretudo sem vida. Por estarem a passar por tempos difíceis, os pais de Carlotta discutiam o todo tempo e, quando não estavam a desentender-se, preferiam dispor do seu tempo precioso ao telemóvel!

Sendo assim, esqueciam-se do mais importante, a própria filha, a delicada Carlotta. A casa não tinha sequer um enfeite de natal, era como se só ali não existisse natal. Durante a sua caminhada, visualizou crianças no carrossel acompanhadas pelos pais, extasiadas de felicidade, atirando bolinhas de neve umas às outras, como que a fazer cócegas aos bonecos de neve.

Carlotta, ao chegar a casa, tinha um semblante que exprimia sentimentos de melancolia e apatia. A indiferença de seus pais em relação ao natal começava a invadir-lhe a mente. Naquela noite, Carlotta foi dormir com um sentimento de desesperança e rejeição instalado em sua alma.

A meio da madrugada, Carlotta acordou com um barulho apressado e muito desastrado vindo da sala de sua casa. A menina pensou que fossem os seus pais, então, tentou dormitar mais um pouco. Mas, o barulho insistia em continuar, então ela decidiu ir ver do que se tratava. Ao chegar à sala, deparou-se com um senhor muito velhinho, vestido com uma roupa vermelha e chapéu também desta mesma cor, que lhe faz a seguinte pergunta:

- Onde estão as luzes de natal, a árvore, os enfeites, onde está o espírito natalício? – Perguntou o velhinho desacreditado em sua sala.

- Nós não temos mais o costume de ter esse tipo de decoração cá em casa – disse a menina com um ar de tristeza – Mas afinal quem és tu?

- A sério? Não sabes quem eu sou? Eu sou o Pai Natal! – disse o mesmo surpreso.

- Pai o quê? Nunca ouvi falar de ti – disse Carlotta confusa.

- Não é possível… todas as crianças do mundo inteiro sabem quem eu sou, adoram-me, e ficam o ano todo à espera dos meus presentes. Escrevem-me cartas, pois sou o responsável por toda a logística natalícia! Em suma, o Natal é a minha vida!

- Então és tu de que todos falam quando chega a altura do natal? És tu o bom velhinho que aparece nas televisões, e nos deliciosos livros de contos de natal?

- Anda! Vou mostrar-te a verdadeira essência do natal – disse o senhor batendo palmas e fazendo, como que por magia, o trenó aparecer pelo lado de fora atrelado às renas.

Quando a menina se deparou com todas aquelas luzes que acompanhavam o enorme trenó, e suas lindas renas, os seus olhos brilharam como duas luas cheias. Ela quase não acreditava no que estava a ver.

O pai natal então convidou a menina para que fossem dar um passeio de trenó. Desta forma, Carlotta poderia percecionar como é festejado o natal ao redor do mundo. Juntamente, os dois passaram por Nova York, onde viram o Central Park todo enfeitado com luzes, e a neve a cair pela cidade.

- Eu nunca vi algo tão bonito em toda a minha vida – exclamou a menina encantada com tamanha beleza.

Os dois ainda continuaram a sua visita ao mundo, passando pelo magnífico espetáculo de luzes deslumbrantes nos Jardins Tivoli em Copenhague. A menina ficou encantada com tudo o que viu ao redor do mundo. O pai natal, vendo a expressão de surpresa e amor na qual Carlotta se encontrava disse:

- Minha querida Carlotta, o natal é muito mais do que apenas presentes. Não se trata de um mero feriado, é uma data para se estar ao lado de quem você ama e agradecer pelos bons momentos que viveram. Nesta época do ano devemos parar e refletir um pouco sobre a união, mas, principalmente, sobre o perdão.

Devemos valorizar cada segundo da nossa preciosa vida, e sermos gratos por coabitarmos com as pessoas que amamos, e que nos amam. Agora você sabe como o natal pode ser realmente importante para as pessoas que acreditam na sua magia. Nunca deixe o espírito natalício morrer dentro de si, afinal, a prenda mais preciosa que podemos ter é a verdadeira união familiar.

Os presentes servem apenas para relembrar às pessoas que habitam no nosso coração, o quanto elas são a essência e o fermento da nossa vida.

Quando chegou a casa, e depois de tudo aquilo que o pai natal lhe ensinou, Carlotta foi direta ao quarto dos seus pais, e começou a pular na cama. Os pais ficaram surpresos, sem entender o que realmente estava a acontecer.

- Acordem! Acordem! É natal! Acordem! Vamos decorar uma incrível árvore de natal!

Os pais de Carlotta levantaram-se ainda meio confusos, pois a menina dizia insistentemente e com entusiasmo:

- Vamos fazer a árvore de natal, vamos enfeitar a casa!!!

- Minha filha Carlotta, o que se passa contigo? De onde exala tanto entusiasmo?

- É natal, época para refletirmos sobre as nossas atitudes, e sobre o que estamos a fazer para agradar aqueles que amamos. Agora, mais do que nunca, devemos fazer o possível e o impossível para tornar a nossa casa o lugar mais lindo, mais harmonioso e mais feliz. Queridos pais, quero agradecer-vos por sempre serem o meu alicerce. Vocês são as pessoas mais importantes da minha vida, e não me canso de repetir que vos adoro, e que a vossa genuína companhia é o meu maior presente.

O pai de Carlotta, emocionado já com as lágrimas nos olhos, respondeu sensibilizado:

- Tens toda a razão minha filha. Eu e a tua mãe, nem sempre fomos para ti os melhores pais, nos últimos meses. Não estávamos a dar a atenção que necessitavas e precisavas.

Desculpa por toda a desatenção, desculpa por toda a nossa irritabilidade. Obrigada por nos fazeres entender que o Ser vem sempre em detrimento do Ter. Obrigada por transformares estes dias nublados, em dias solarengos, cuja magia do natal, nos enfeitiçou e perdurará ao longo dos tempos.

Afinal, a aprendizagem é mútua. Apesar da tua pequenez física, a tua grandiosidade interior é gigantesca. O amor que sentimos por ti é imensurável, minha doce Carlotta!

Este, foi sem dúvida alguma, o natal mais ternurento e aconchegante que a família Adam `s celebrou. A partir deste momento, todos os natais vindouros foram celebrados tendo por base, os incontestáveis valores intemporais. Afinal, só o Amor importa!

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