ESTRATÉGIAS DE INCENTIVO À LEITURA NAS ESCOLAS ESTADUAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS CADERNO II Agosto/2017
BIBLIOTECAS ESCOLARES MINEIRAS
Governador de Minas Gerais Fernando Damata Pimentel Secretária de Estado de Educação Macaé Maria Evaristo dos Santos Secretário Adjunto de Estado de Educação Wieland Silberschneider Chefe de Gabinete Hércules Macedo Subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica Augusta Aparecida Neves de Mendonça Superintendente de Desenvolvimento da Educação Infantil e Fundamental Eleonora Xavier Paes Superintendente de Desenvolvimento do Ensino Médio Cecília Cristina Resende Ferreira Diretora de Ensino Fundamental Maximiliana Greggio Ramos Ferreira Diretor do Ensino Médio Renato Lopes Coordenador da equipe de Bibliotecas Escolares Mineiras Edemar Amaral Cavalcante Elaboração Anízio Viana da Silva Dyrce Martins de Carvalho Luana de Araújo Carvalho Wanda Léa Araújo Costa Revisão Kátia de Laura Borges Lídia S.S. Fontes Pereira Editoração Eletrônica ACS/SEE 3
ESTRATÉGIAS DE INCENTIVO À LEITURA NAS ESCOLAS ESTADUAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Sumário 1. CONTEXTUALIZANDO 5 2. ORIENTAÇÕES DA PESQUISA/FORMULÁRIO DO MAPA DE LEITURA DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE MINAS GERAIS
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3. PROJETO MOBILIZANDO O ACERVO DA BIBLIOTECA ESCOLAR
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4. RELATOS DE EXPERIÊNCIAS DA SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE JANUÁRIA
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5. PARA SABER MAIS 30 YOLANDA REYES 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38
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1. Contextualizando Caro (a) leitor (a), Você leu o Caderno I de Estratégias de Incentivo à Leitura nas Escolas Estaduais do Estado de Minas Gerais? O que você achou da proposta? O que achou do objetivo1 das estratégias de incentivo à leitura? Das perspectivas2 das estratégias? Você acredita que os eixos norteadores3 potencializaram a proposta do caderno? Acha exequível a proposta de Clube de Leitura em sua escola? Se não, por quê? Se sim, vocês já se mobilizaram para a constituição de Clubes de Leitura? Essas perguntas nos auxiliam na compreensão da proposta apresentada e do seu posicionamento sobre o caderno anterior, cuja concepção de leitura pauta-se em favor da educação escolar, ou seja, em favor da formação plena do cidadão, de estudantes protagonistas. O desejo é que se desenvolvam práticas de leitura que humanizem e que transformem o leitor e seu contexto, que sejam ferramentas para a aprendizagem e promoção da educação de qualidade, condição para o desenvolvimento social de um Estado. O Caderno II de Estratégias de Incentivo à Leitura, neste contexto, tem como objetivo promover reflexões acerca da formação leitora dos estudantes da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais, mantendo a perspectiva do Caderno I. Para a continuidade da leitura orientamos o estudo do caderno anterior para que este documento atinja o objetivo proposto. O documento, aqui apresentado, está organizado em quatro partes: O primeiro capítulo refere-se à pesquisa “Mapa de Leitura da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais”. Essa seção tem como objetivo conhecer o contexto da constituição leitora de nossos estudantes, por meio de dois momentos. O primeiro via Mapeamento das Ações de Incentivo à Leitura baseado em um questionário a ser respondido pelo Professor para o Ensino do Uso da Biblioteca e/ou Especialista e o segundo é o Mapeamento do Perfil Leitor dos Estudantes por meio de um questionário a ser aplicado em alunos a partir do 3º ano do Ensino Fundamental. O segundo capítulo contém o projeto denominado “Mobilizando Obras do Acervo da Biblioteca Escolar”. A sugestão apresentada tem como objetivo promover as obras que compõem o acervo da biblioteca para que os estudantes possam conhecer e se apropriarem dos livros da escola. A ação pedagógica apresentada tem como foco levar os estudantes até a biblioteca, em especial aqueles que não a frequentam. 1 Objetivo das estratégias: Fortalecer a formação de estudantes e professores leitores da rede estadual de ensino. 2 Apresentamos no Caderno 1 três perspectivas das estratégias. Duas delas conceituais: Biblioteca Escolar e Professor para o Ensino do Uso da Biblioteca/Mediador de Leitura. A terceira é a defesa da proposta de se fomentar diferentes estratégias para formação leitora, perspectiva articuladora dos dois conceitos acima. 3 Os eixos norteadores defendidos na proposta são: Apropriação da Biblioteca Escolar e Agente de Incentivo à leitura.
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O terceiro capítulo é composto por Relatos de Experiências de Incentivo à Leitura de Escolas Estaduais da Superintendência Regional de Ensino de Januária. O quarto capítulo, “Para saber mais...” traz a seleção de dois textos da Yolanda Reyes, colombiana, educadora e escritora. Os textos “Ler no aconchego do lar” e “Como escolher boa literatura para crianças” podem ser utilizados para a formação dos professores, gestores e demais interessados em reuniões pedagógicas e/ou módulo II. Desejamos que o caderno seja produtivo para os educadores. Então, boa leitura!
2. Orientações da Pesquisa/ Formulário do Mapa de Leitura da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais O instrumento “Mapa de Leitura da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais” possui como objetivo principal conhecer o contexto da constituição leitora de nossos estudantes, pelo mapeamento de ações de incentivo à leitura, assim como, traçar o perfil leitor de nossos estudantes a partir do 3º ano do Ensino Fundamental, por meio de questionário, assim conseguiremos por meio de intervenções propiciarmos novas trajetórias leitoras, caso necessário. “A questão norteadora, a principio, dessa pesquisa é: que leitores temos hoje na Rede de Ensino do Estado de Minas Gerais? E a segunda questão que gostaríamos de responder, em tempo, é: que leitores queremos formar no estado mineiro? Essas questões são bases para pensar e propor políticas públicas em prol do leitor. Como diria Zoara Failla no Caderno Retratos da Leitura no Brasil, “O desafio é agregar o que já se produziu em conhecimento, ganhar escala e avançar para alimentar políticas e programas, e orientar práticas mais efetivas pelo Brasil” (FAILLA, 2016, p. 24).” Embora saibamos da importância da pesquisa que ora faremos, não sejamos ingênuos em acreditar que mudaremos todo o cenário mineiro de leitores, mas sabemos que podemos fazer muito mais do que fazemos. Precisamos apenas de um ponto de partida. Nesta perspectiva é que propomos as duas frentes de pesquisa neste mapeamento: Mapeamento das Ações de Leitura e o Perfil Leitor dos Estudantes. Ao conhecermos mais, poderemos propor e orientar caminhos...
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2.1 Por que pesquisar o mapeamento das ações de leitura e o perfil leitor dos estudantes Vocês, leitores, já se perguntaram para que serve a pesquisa? Se sim, possivelmente conseguirão responder o motivo pelo qual pesquisamos e para que pesquisamos. Para responder a essas questões podemos recorrer a dois autores do campo da educação: Pedro Demo e Magda Soares. Ambos refletem sobre o papel da pesquisa na e para a educação. O primeiro discute a pesquisa como ato educativo, de autotransformação e a segunda, aborda o ato como possiblidade de transformação social. Duas definições com lentes diferentes, porém complementares. Ao considerar o potencial do ato de pesquisar nessas duas vertentes - que propiciará a reflexão do estudante e do sistema educativo - lançamos a pesquisa “Mapeamento de Leitura” neste caderno. O objetivo é conhecermos nosso estudante leitor, ou seja, entender quais os fatores, instâncias e sujeitos que o influenciaram na sua constituição leitora. Indo além, o instrumento de coleta (questionário) possibilitará que os estudantes, ao responder as perguntas, também reflitam sobre sua trajetória (ato educativo), ao mesmo tempo em que nos daria dados para pensarmos nas intervenções necessárias para potencializarmos a formação leitora plena de nossos estudantes (transformação social). Sabemos - e temos consciência - que o instrumento proposto para coletar dados possui limitações de informações, devido à escolha de se ter um Mapa de Leitura da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais, ou seja, alimentar a pesquisa com dados quantitativos, um estudo macro. O ideal seria se cada estudante pudesse escrever seu “Memorial de Leitura”, no qual poderia detalhar qualitativamente os fatores de influência na sua formação. Essas informações fomentarão e nos ajudarão a compreender nossos estudantes e sua relação com a leitura e propor ações, projetos - e mais - políticas públicas de incentivo à leitura no campo educacional. Mas, mesmo com instrumento limitado, sabemos da potencialidade dele como ponto de partida para os atores da escola iniciarem ou aprofundarem a reflexão sobre a constituição leitora de estudantes.
2.2 Pesquisa do perfil leitor: Mapa de Leitura da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais A pesquisa de Mapeamento de Leitura da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais possui duas frentes: Mapeamento das Ações existentes nas escolas e o Levantamento do Perfil Leitor dos Estudantes da Rede Estadual do estado mineiro. A primeira, Mapeamento das Ações de Leitura, será coletada por meio do link: http:// ler.pro.br/. O formulário online foi elaborado com objetivo de conhecermos as ações de incentivo às leituras já promovidas pelas escolas estaduais. Este deverá ser preen7
chido pelo PEUB/Mediador de Leitura e/ou Especialista. É importante que as informações dos turnos sejam compiladas antes de serem salvas e enviadas. A segunda, Levantamento do Perfil Leitor dos Estudantes, também será coletada no mesmo link. Para o preenchimento deste formulário, o(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) deverão primeiro seguir os passos contidos no site, iniciando com a impressão de dois questionários, conforme quantitativo de estudantes de cada nível de ensino e modalidade, sendo eles: • •
Questionário I - destinado aos estudantes do 3º, 4º e 5º anos iniciais do Ensino Fundamental. Questionário II - destinado aos anos finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos.
Após aplicação, os profissionais farão o consolidado dos dados e postarão no site do Mapeamento. Nesta perspectiva, mapear as Ações de Incentivo à Leitura já promovidas pelas escolas e traçar o perfil leitor de nossos estudantes tornou-se ação prioritária para equipe de elaboração dos cadernos, pois assim poderemos, com mais eficiência, estruturar os próximos documentos e divulgar estratégias que realmente promoverão na escola a formação leitora de nossos estudantes.
2.2.1 Mapeamento das Ações de Leitura O Mapeamento das Ações de Leitura visa, a princípio, conhecer as ações de incentivo à leitura promovidas nas escolas estaduais do estado de Minas Gerais. Indo além, o Mapeamento auxiliará as Superintendências Regionais de Ensino - SRE, assim como a Secretaria de Estado de Educação - SEE, a acompanharem, monitorarem e apoiarem as ações exitosas existentes. Assim, traçar as ações das escolas poderá fortalecer as ações de formação de leitores de nossos estudantes numa perspectiva de formação do cidadão, objetivo fim da educação escolar. Abaixo, ilustramos a perspectiva do Mapa de Leitura.
Mapa de Leitura da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais
AÇÕES REALIZADAS NAS / PELAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES
AÇÕES A SEREM REALIZADAS NAS/PELAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES
O que realizamos nas escolas?
O que pretendemos realizar?
Ilustração 1: Perspectiva da pesquisa do Mapa de Leitura na Rede Estadual de Ensino
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2.2.1.1 Coleta de dados da pesquisa do Mapeamento das Ações de Leitura A coleta de dados do Mapeamento das Ações - preenchidas pelo PEUB/Mediador de Leitura e/ou Especialista no link citado - deverá ser baseado na realidade escolar, ou seja, quais as ações de incentivo à leitura a escola realiza? Ela pretende realizar outras ações? Se sim, quais? É importante que o preenchimento das informações seja dado verídico da realidade escolar, para que a SRE e SEE possam auxiliar na organização e execução das ações. Esses dados, postados no sistema pelos profissionais da escola, gerarão, automaticamente, os dados de cada instituição escolar. Dessa forma, as instâncias de apoio à escola poderão acompanhar e monitorar as ações existentes.
2.2.1.2 Como preencher o instrumento de coleta de dados do Mapeamento das Ações de Leitura Quadro 1 – Passo-a-passo para preenchimento do Mapa das Ações de Leitura da escola
Passo
Ação
1º Passo
Coletar informações com os profissionais da escola: professores, especialistas, gestores, etc.
2º Passo
Compilar informações dos profissionais da escola
3º Passo
Acessar o link: http://ler.pro.br/
Detalhamento da ação O(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) da escola deverão se reunir com os profissionais para coletarem informações como: - Se promove ações de incentivo à leitura para além da leitura didática em sala de aula; - Se promove ações na biblioteca escolar, etc. - Há Clube de Leitura na escola? O(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) compilarão as informações obtidas dos profissionais da educação de todos os turnos. O(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) deverão acessar o site da pesquisa.
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O(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) deverão preencher os dados solicitados na primeira aba do link acessado, sendo eles:
4º Passo
Preencher as informações contidas na primeira aba da pesquisa: Unidade de Ensino, Contatos e Estratégias de Leitura
1- Dados da unidade de ensino (código, nome da escola estadual, município, e SRE); Contatos (nome do diretor, telefone, professor de referência da escola – que se dispõe a propor projetos de incentivo à leitura ou que já realiza atividades dessa natureza, seu Masp e e-mail). 2- “Estratégias de Leitura” com as informações da escola de todos os turnos sem separá-las, conforme ilustração abaixo.
Abaixo tela onde deverão ser preenchidas as informações
Ilustração 2: Tela do Mapeamento das ações de leitura
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2.2.2 Levantamento do Perfil Leitor dos Estudantes O Mapeamento, Levantamento do Perfil Leitor, possibilitará que a SEE , assim como as Superintendências Regionais de Ensino do Estado de Minas Gerais, possam, realmente, potencializar a formação leitora dos seus estudantes, que de certa forma, perpassa para a formação do cidadão em sua plenitude. Nessa perspectiva, conhecer nossos estudantes leitores possibilitará pensar estratégias de incentivo que se baseiam em concepções que ultrapassem o acesso ao livro – que é imprescindível, mas, que não é suficiente quando objetivamos a leitura para e numa concepção de ato libertador, “que promove o protagonismo no acesso ao conhecimento e à cultura” (FAILLA, 2016). Assim, mapear a leitura nos apresentará a relação dos estudantes com a leitura, dentro e fora da escola, os fatores que o influenciam ou influenciaram na sua formação leitora, suas experiências de leitura, os desafios e avanços da educação escolar mineira. São esses dados indicadores que darão base para as propostas de estratégias de incentivo à leitura, assim como permitirá fomentar o diagnóstico para a construção de políticas pública do estado mineiro.
2.2.2.1 Coleta de dados do Levantamento do Perfil Leitor dos Estudantes A coleta de dados do levantamento do perfil leitor dos estudantes será por meio de questionário disponível no link: http://ler.pro.br/. Nesse link, vocês encontrarão dois questionários: Questionário I - destinado aos estudantes do 3º, 4º e 5º anos iniciais do Ensino Fundamental e Questionário II - destinado aos anos finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. O questionário deverá ser aplicado pelos PEUB/Mediador de Leitura e/ou Especialistas em todos os estudantes matriculados na escola. Após aplicação do questionário o profissional responsável deverá consolidar em números as informações advindas das respostas dos questionários. Na “Pasta do Projeto”, disponível na aba “Instruções gerais para a pesquisa” na página principal do referido link, vocês encontrarão uma planilha em Excel nomeada como “Questionários Consolidados” que permitirá lançar os dados dos questionários e consolidar as informações para postarem posteriormente nas abas Questionário I e Questionário II. Reiteramos a importância da seriedade dos profissionais da educação em consolidar os dados, pois serão esses que subsidiarão as ações da SEE-MG no que tange a formação leitora dos estudantes. 11
2.2.2.2 Como preencher o instrumento de coleta de dados do Mapeamento de Leitura dos Estudantes da Rede Estadual de Ensino de MG Quadro 2 – Passo-a-passo para preenchimento do Mapeamento de Leitura dos Estudantes da Rede Estadual de Ensino de MG. Passo
Ação
1º Passo
Levantamento do quantitativo de estudantes de todos os turnos da escola por nível de escolaridade.
2º Passo
Contabilizar quantitativo de estudantes em duas categorias: Categoria 1 - Estudantes do Ensino Fundamental (Anos Iniciais); Categoria 2 - Quantitativo de Estudantes do Ensino Fundamental (Anos Finais), Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos.
Detalhamento da ação O(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) da escola deverão contabilizar as seguintes informações: 1- Quantos estudantes matriculados a escola possui? 2- Quantos estudantes no Ensino Fundamental Anos Iniciais? 3- Quantos estudantes no Ensino Fundamental Anos Finais? 4- Quantos estudantes no Ensino Médio? 5- Quantos estudantes na Educação de Jovens e Adultos?
O(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) deverão contabilizar quantos estudantes possui em cada categoria. 1- Quantos estudantes na escola nós temos no Ensino Fundamental dos anos iniciais de todos os turnos? 2- Quantos estudantes nós temos na escola do Ensino fundamental dos anos finais, Ensino médio e da Educação de Jovens e Adultos?
1- O(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) organizarão uma agenda de aplicação do questionário em todos as turmas e turnos mencionados no Mapeamento de Leitura. 2- Em seguida o(s) profissional (is) conversará (ão) com os professores para solicitarem a liberação de alguns minutos de sua aula para aplicação do questionário.
3º Passo
Aplicação do questionário
3- Após autorização do professor, o(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) conversarão com os estudantes sobre o questionário. Neste momento é importante que explique para os mesmos do que se trata aquele instrumento de coleta de dados. Sugerimos os profissionais leiam a introdução do questionário. 4- Esse procedimento de aplicação deve acontecer em todos os turnos do Ensino Fundamental, Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos. 5- O(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) deverão ficar na sala de aula durante a aplicação do questionário e recolher os mesmos.
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4º Passo
Consolidação dos dados coletados nos questionários.
Após aplicação do questionário o(s) PEUB(s)/Mediador de Leitura e/ou Especialista(s) consolidarão os dados coletados do Questionário I e II utilizando o documento “Questionários consolidados”. Deve-se analisar quantitativamente cada resposta (questão) do questionário-referência (Questionário I ou II) e postar na planilha referida, conforme orientação do arquivo.
5º Passo
Postar na plataforma os dados consolidados
Após analisar todas as questões/respostas dos questionários I e II separadamente, o(s) PEUB/Mediador de Leitura e/ou Especialista deverão postar no link do Mapa o quantitativo de respostas, respeitando a organização dos dois questionários, conforme ilustração 3.
ilustração 3: Aba de preenchimento dos dados consolidados dos questionários I e II
2.2.3 E agora? Esses dados servirão para quê? Acreditamos que esses dados serão como diagnóstico do cenário mineiro, em especial para nossa Rede de Ensino, que terá dados sólidos para se pensar em ações, projetos, políticas públicas que reflitam na prática pedagógica, na aprendizagem e que produzam mudança na escola.
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3. Projeto Mobilizando o Acervo da Biblioteca Escolar Você se lembra de visitar a biblioteca escolar? Você se lembra do acervo nele contido? Qual foi o último livro que você pegou emprestado? Qual foi o último livro que você leu? Você sente que a biblioteca é a extensão da sua sala de aula? Para você qual papel possui a biblioteca escolar? Perguntas simples, mas que refletem em respostas que dirão - e muito - da constituição leitora dos nossos estudantes e profissionais da educação. Muitos poderão responder que não se lembram de visitar a biblioteca escolar, ou ao contrário, que frequentam a biblioteca escolar. Outros afirmarão que se lembram do acervo, assim como muitos dirão que não. Ainda escutaremos que não se lembram do último livro, assim como nos depararemos com relatos que listarão muitos livros. Escutaremos estudantes e profissionais da educação dizerem que a biblioteca escolar foi ou é a extensão de sua sala de aula, da mesma forma que podemos escutar de muitos que não reconhecem a biblioteca situada na escola nem como sua nem como instância cultural importante. Essa variedade de respostas nos remete aos profissionais lotados nas escolas. Será que eles possuem papel fundamental na relação a ser constituída pelo estudante e a biblioteca escolar? Qual será o conceito de biblioteca escolar que é defendido pelos profissionais daquela escola? Sabemos que são perguntas importantes por serem condicionantes. As práticas educativas possibilitam uma experiência positiva ou não com o espaço e com a leitura. Portanto, torna-se importante reiterar quais conceitos de biblioteca escolar e de Professor para o Ensino do Uso da Biblioteca - PEUB/ Mediador de Leitura que defendemos nos cadernos de estratégias de incentivo à leitura da Secretaria de Estado de Educação. O primeiro conceito é a Biblioteca Escolar tratada aqui não como espaço composto por acervos, mas sim, ambiente que contribui para a emancipação dos sujeitos que transpõem suas paredes, um “centro irradiador de trocas” (Zélia Machado, 2003) não só do conhecimento, mas também apropriação de bens culturais que sustentam a construção de si mesmo e a abertura ao outro (Michèle Petit, 2001). O segundo conceito central é o Professor para o Ensino do Uso da Biblioteca/Mediador de Leitura (PEUB/Mediador de Leitura) atuando efetivamente como mediador de leitura. Sabe-se que o professor não é o único responsável pela promoção da leitura. Todavia, compreendemos o professor como um agente institucional - por estar no ambiente escolar - que tem como uma das principais funções impulsionar e alimentar a relação do aluno com o conhecimento produzido pela cultura, incluindo nesse 14
grande leque, a leitura. E mais, podemos dizer que o docente participa da criação de novas formas de relação e interação com a leitura, tornando-se um agente de elevado potencial de influência na formação leitora dos estudantes (CARVALHO, 2013). Esses dois conceitos fomentam a perspectiva de leitura que defendemos nos cadernos, ferramenta que potencializa a constituição dos cidadãos, vai além da fruição ou do deleite, ela possibilita vivências e experiências que (re)significam o leitor não resultando em um ato por si só. Eles possuem também um caráter objetivo. Ao pensar nos três conceitos acima e os dois eixos articuladores apresentados no caderno I, apropriação da biblioteca escolar e apropriação do acervo, é que propomos o projeto “Mobilizando o Acervo da Biblioteca Escolar”. O projeto abaixo não exige custo ou demanda grande estrutura física da biblioteca escolar, embora saibamos que se pretendemos constituir políticas de fomento à leitura necessitamos de orçamento, financeiro e estrutura física adequada à realidade. Mas, o Projeto Mobilizando o Acervo da Biblioteca Escolar é uma ação pedagógica que deve ser adaptada a cada realidade escolar, dentro de suas respectivas condições. O projeto consiste na perspectiva do primeiro eixo apresentado no caderno anterior: apropriação da biblioteca escolar. Essa proposta está estruturada pensando em um caminho inverso, ao invés do Professor para o Ensino do Uso da Biblioteca Escolar - PEUB/Mediador de Leitura esperar que os estudantes vão à Biblioteca Escolar, o Profissional responsável pela biblioteca escolar se deslocará para as salas de aula, ou seja, em termos poéticos, levará a biblioteca até os alunos. A proposta é que o PEUB/Mediador de Leitura irá às salas de aula com alguns livros, em torno de 3 a 4 livros. No momento que ele for à sala, o profissional falará um pouco da história de cada uma das obras. Para isso, o profissional deverá se apropriar do acervo que ele estiver levando. Como Mediador de Leitura é importante que as obras sejam retratadas em seu aspecto poético literário intencionando aguçar a curiosidade e o imaginário dos estudantes, fazendo despertar a vontade de ler. Falar aos estudantes com essa única intenção, sem convencionalismos, regras ou cobranças que permeiam o funcionamento das escolas e suas bibliotecas. Deve ser um momento lúdico, de prazer, interessante para o estudante chegar à conclusão: Quero ler! Objetivo do projeto: Conhecer e apropriar de obras do acervo da biblioteca escolar. Público Alvo: Estudantes e Professores Tempo: Ciclo de um mês 15
Parcerias: Supervisores, Professores e Estudantes. Envolvidos: Equipe Pedagógica da Escola, Professor para o Ensino do Uso da Biblioteca-PEUB/Mediador de Leitura, Estudantes. Papel do Professor: Incentivar e motivar os estudantes e seus pares a conhecerem e se apropriarem da biblioteca escolar, assim como do seu acervo. Papel do PEUB/Mediador de Leitura: Providenciar a logística para execução do projeto, ou seja, elaborar o cronograma de comparecimento às salas; apropriar-se dos livros a serem apresentados e preparar a fala motivadora para apresentação dos livros. Papel dos estudantes: Serem mediadores de leitura junto aos seus pares. Quadro 1 – Execução do Projeto Mobilizando o acervo da Biblioteca Escolar Passo
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Detalhamento Apropriar-se dos livros do acervo do PNBE e realizar pré-seleção de obras a serem apresentadas para os estudantes. Obs.: Considerando a complexidade que envolve avaliar um livro, sugerimos atentarem para as indicações do PNBE contidas na própria obra, como por exemplo: Acervo 1: Anos Iniciais do Ensino Fundamental; Acervo 2: Anos Finais do Ensino Fundamental, etc. Conversar com os professores da turma, não necessariamente todos, mas em especial com os professores que possuem mais afinidade com a turma e apresentar a pré-seleção das obras e possibilidade de acolhida do livro pelos estudantes. Este momento é importante, pois, o professor, como parceiro, em suas aulas, poderá mencionar os livros indicados.
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Elaborar cronograma de comparecimento às turmas e agendar com o professor.
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Reunir com a Equipe Pedagógica da Escola. Torná-la ciente e consciente da estrutura do Projeto, assim com os livros a serem apresentados para as turmas no respectivo mês. O PEUB/Mediador de Leitura poderá fixar no mural da sala dos professores a lista de livros a serem apresentados.
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Preparar a fala de forma que ao descrever parte da história que o livro traz, deixe o estudante curioso e com vontade de ler! Nada de contar a história em si! Descrever se o livro é romântico, aterrorizante, engraçado... Realçar algum personagem: forte, sensível, romântico... Dizer se o livro é leve, impactante ou triste, tão triste, que dá vontade de chorar... Os livros devem ser muito bem escolhidos, bem interessantes, tanto que possibilitem ao estudante gostar do escolhido e querer outro! Outra forma interessante de suscitar a curiosidade em ler a obra é trazer curiosidades sobre o autor, como por exemplo, sobre Machado de Assis. Iniciar a conversa perguntando quem foi Machado de Assis os fará refletir sobre o autor como sujeito pertencente a uma sociedade, amenizando o estereótipo de distanciamento, entre leitor e autor, constituído culturalmente. Se o silêncio permanecer, o PEUB/Mediador de Leitura poderá perguntar se alguém saberia dizer sobre a família de Machado de Assis, ou se alguém saberia algum aspecto curioso e pouco divulgado sobre ao autor ou sobre suas obras, etc.
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A ideia é que os estudantes possam ir à biblioteca escolher um livro, indicado ou não no primeiro momento pelo PEUB/Mediador de Leitura. É importante que mesmo que na biblioteca não tenha o livro que apresentou você não permita que o estudante saia da biblioteca sem um livro. Converse com o mesmo, investigue sobre suas preferências até encontrar com ele o livro que tenha, pelo menos, 50% de possibilidades de agradá-lo. O estudante precisa voltar para buscar outro livro e precisamos acertar na escolha do primeiro para não desviar o leitor.
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Preparar uma agenda ou um caderno e separá-lo por partes, condizente com o número de turmas da escola para realizar os registros de empréstimos a partir do início do “Projeto”. Veja Apêndice A (Modelo de ficha de acompanhamento)
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Monitorar o resultado do comparecimento às turmas. Como foi a repercussão do procedimento? Quantos estudantes de cada turma compareceram à biblioteca em busca de livros?
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Qual o livro mais procurado? De acordo com os resultados obtidos, retornar às turmas para nova apresentação de livros! Fazer os ajustes necessários, ou seja, ser mais sucinto(a) ou mais detalhista, levar mais livros românticos ou humorísticos, etc. Repetir todos os procedimentos efetuados como da primeira apresentação e assim sucessivamente!
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Obs.: Após a implantação desse Projeto, outros poderão ser introduzidos para o aprimoramento dos novos leitores. Apêndice A – Projeto Mobilizando o acervo da Biblioteca Escolar Escola: Turma: Turno: PEUB/Mediador de Leitura:
Nomes dos Alunos
01
Aline de Castro
02
Beatriz de Souza e Silva
Compareceu à biblioteca?
Solicitou empréstimo de livros?
Quantos?
Nível de Satisfação: Ótimo Bom Pode melhorar
03 04 05 06
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4. Relatos de Experiências de Escolas Estaduais da Superintendência Regional de Ensino de Januária Esta seção tem como objetivo divulgar os relatos de experiências exitosas de nossas escolas estaduais, assim como, promover reflexão acerca das variadas formas de se promover o incentivo à leitura em nossas instituições escolares. Abaixo apresentamos quatro relatos de experiências de ações exitosas das escolas pertencentes à Superintendência Regional de Januária, sendo elas: Lançamento do livro Retrato do Cotidiano da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos, Projeto Carrinho de Leitura da Escola Estadual Manoel Fernandes, Práticas de incentivo à leitura da E. E. Doutor Tarcísio Generoso e o Projetos: promovendo leitores e leitores para sempre da Escola Estadual Padre José Silveira.
4.1 Lançamento do livro Retratos do Cotidiano O projeto Retratos do Cotidiano foi realizado seguindo os seguintes passos: 1o - Socialização do projeto em sala de aula. 2o - Apresentação da Biblioteca Padre Alfonso Muer da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos para os alunos e fala da bibliotecária com os seguintes objetivos: - Orientar quanto ao uso da biblioteca; - Divulgar o acervo disponível; - Conscientizar sobre a importância e meios de conservar o acervo; - Informar quanto ao empréstimo do acervo bibliográfico; - Divulgar os serviços prestados pela biblioteca; - Incentivar o empréstimo de livros; - Instigar o gosto pela leitura; - Promover a frequência e gosto pela biblioteca. 3o - Prática de leitura na biblioteca, em sala de aula e extraclasse. 4o - Pesquisa sobre a diversidade de crônicas existentes e seus respectivos autores. 5o - Exposição da pesquisa em sala de aula. 6o - Aulas expositivas pela professora de Língua Portuguesa. 7o - Apresentação de textos lidos representados em forma teatral. 8o- Produção de textos. 9o- Elaboração da ilustração da capa do livro. 10o- Lançamento do livro Retratos do Cotidiano contendo os textos produzidos pelos alunos e entrega do livro para cada aluno envolvido no projeto, os alunos do 8o ano do Ensino Fundamental. 18
No dia 05 de agosto de 2017, as 09:30, no pátio da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos, foi realizado o lançamento do livro Retratos do Cotidiano.
Lançamento do Livro “Retratos do Cotidiano”
Lançamento do Livro “Retratos do Cotidiano”
Este livro é fruto de um trabalho desenvolvido pela professora de Língua Portuguesa, Luciene Queiroz Lima com os alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental em parceria com a biblioteca.
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O objetivo principal deste trabalho é incentivar a leitura do acervo da biblioteca e instigar a escrita dos alunos, além de aguçar a criatividade e o espírito inventivo que existe em cada discente. Procura, também, promover uma nova geração de leitores com potencialidades e talentos, dispostos a desvendar o mundo através da leitura e mostrar seu potencial através da escrita. O livro Retratos do Cotidiano registra as emoções, vivências e sentimentos nas mais variadas formas de expressão dos alunos e retrata o cotidiano com os olhos da imaginação. Este trabalho foi um sucesso! Percebemos que houve um envolvimento muito grande dos alunos, os quais despertaram para um conhecimento de autores e obras pesquisados na biblioteca, proporcionando uma compreensão mais profunda de si mesmo, dos outros e da vida. A realização deste trabalho superou nossas expectativas e serviu como mola propulsora para a concretização de projetos nas mais variadas formas de expressão, os quais já são trabalhados de forma teórica, mas que devem partir para a prática e devem ser expostos para a população em geral.
Lançamento do Livro “Retratos do Cotidiano”
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Lançamento do Livro “Retratos do Cotidiano”
4.2 Projeto Carrinho de Leitura A Escola Estadual Manoel Fernandes da Silva, está empenhada com a biblioteca escolar para melhorar a participação dos alunos no Projeto Carrinho de Leitura, realizado por intermédio da PEUB, Maria Alves Pereira, onde o projeto tem por objetivo incentivar, estimular o prazer e o interesse pelo mundo da leitura, instigando-os a perceber as imensas possibilidades de um texto e de tudo que nele estiver contido de conhecimento, sabedoria e informação e enriquecer as vivencias, convivências e a cidadania. O projeto é desenvolvido da seguinte forma: foi confeccionado um carrinho de supermercado com vários gêneros textuais, frases conscientizando sobre a importância da leitura, onde este é levado às salas contendo livros para que os alunos escolham o que lhes interessam, os livros são levados para casa ficando no poder dos alunos por um período de cinco dias e depois devolvidos para a biblioteca. Ao final de cada bimestre é realizada a culminância do projeto com uma noite cultural com sarau e apresentações diversas referente às atividades e livros lidos pelos alunos. Sempre iniciamos com uma leitura deleite com o tema, com reflexões. Foram realizados dramatizações, paródias motivando-os sobre a importância da leitura na vida do ser humano. O carrinho fica exposto no pátio na hora do recreio para que os alunos possam manusear assim que for possível. A PEUB confeccionou o cartaz “Li, curti e compartilho” para que os alunos possam compartilhar os livros que gostaram. Está sendo bem proveitoso o projeto, percebe-se que os alunos se interessam em ler para que assim possam apresentar. Esse trabalho é realizado com parceria dos professores de todas as disciplinas. Acreditamos que por meio das atividades que veem sendo desenvol21
vidas os alunos possam a cada dia se interessar pela leitura e escrita. Sabemos que a leitura se dá como facilitadora no processo ensino aprendizagem e como meio de melhorar os resultados de aproveitamento e rendimento escolar, a qualidade de vida das pessoas da comunidade em que vivem como afirma Harold Bloom “Uma das funções da leitura é nos preparar para uma formação e a transformação final tem caráter universal” É importante ressaltar que o evento sempre contou com a participação de toda comunidade para apreciar as apresentações dos alunos.
1º Sarau Literário com alunos do Ensino Médio
Participação da comunidade escolar
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Motivação do projeto de leitura em vídeo “a menina que odiava livros”
Dramatização com alunos do 2º ano “escola de antes com escola de hoje”
4.3 Práticas de incentivo à leitura da E. E. Doutor Tarcísio Generoso. Sabendo da importância da leitura e do papel da escola enquanto mediadora dessa prática que seja por prazer, seja para estudar ou para se informar, e que a leitura amplia conhecimento, aprimora vocabulário e ajuda na escrita, a E.E. Doutor Tarcísio Generoso procura despertar nos alunos o gosto e o prazer pela leitura. Tem desenvolvido as seguintes práticas de leitura. 1- “Maratona de quadrinhos” Consiste em levar os alunos de uma determinada turma do Ensino Fundamental para fora da sala de aula, e debaixo de uma árvore em círculo, cada um recebe uma H. Q., e a cada 15 minutos é feito um rodízio em sentido horário. 23
2- Projeto “Leia mais” visa desenvolver o gosto pela leitura de diferentes gêneros textuais e ainda melhorar a ortografia e caligrafia dos alunos do Ensino Fundamental. Os alunos a cada 15 dias recebem um texto para a leitura fazem o registro escrito da breve indicação literária, que farão oralmente, do texto recebido. 3- “Visita à biblioteca” Os professores de Português promovem visitas à biblioteca, para que os alunos possam escolher uma obra literária para leitura em casa, com empréstimo do livro por uma semana. Após a leitura, os alunos apresentam os livros lidos em forma de reconto oral. 4- “Clássicos da Literatura” – Os professores de Português do Ensino Médio indicam as obras de acordo com gênero textual em estudo. Após a leitura é feito o reconto ou dramatização. 5- Projeto “Sacola Literária” – O projeto Sacola Literária, afim de oferecer maior oportunidade de leitura para os alunos e seus familiares, encaminha, pelo período de uma semana, revistas e livros diversificados para leitura de toda a família e uma ficha e observações sobre o projeto. 6- “Chá Literário” – O Chá Literário tem por objetivo incentivar a leitura de poemas de maneira atraente e prazerosa num momento de descontração e confraternização. 7- “ Premiação dos maiores Leitores” – Ao final de cada ano, as bibliotecárias fazem um levantamento dos maiores leitores e estes apresentam, através de reconto ou registro, pelo menos uma obra lida durante uma confraternização. 8 – “Feira do Livro” – A Feira do Livro realizada na escola tem por objetivo incentivar a leitura dos nossos alunos e visitantes, com a seguinte programação: apresentação dos livros lidos pelos alunos, exposição de obras de escritores da cidade, exposição de livros doados à biblioteca, empréstimo de livros e escambo.
4.4 Projetos: promovendo leitores e leitores para sempre. Dentre as inovações pedagógicas que a E. E. Padre José Silveira vem desenvolvendo, estão os projetos “Promovendo Leitores”, que em 2017 realiza sua 5ª edição, destinado aos alunos das séries finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e EJA desenvolvido pelas bibliotecárias em parceria com os professores de língua portuguesa e o projeto “Leitores para sempre” destinado aos alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental também desenvolvido pela PEUB em parceria com os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental que tem como objetivo tornar a escola, de fato, leitora perpassando pelos conteúdos outros saberes e setores da instituição.
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É uma iniciativa que desenvolve o prazer pela leitura, despertando nas crianças e jovens a curiosidade de conhecer novas obras do acervo literário e de despertar nos alunos, através da contação de histórias, um anseio mais profundo pela leitura e uma interação com a mesma, persuadindo-os a buscarem suas próprias leituras e criarem suas histórias, em sua metodologia buscamos interagir a família na aprendizagem dos alunos leitores. O projeto “Promovendo Leitores” inicia em fevereiro e culmina em novembro, após a leitura, os alunos depositam em urnas, resenhas dos livros lidos. Ao final de cada etapa do projeto as 10 melhores resenhas são premiadas. Esse projeto tem caráter tão impactante que já promoveu outras ações correlacionadas como o “Mercadinho Literário”, (leia e ganhe dinheirinho para trocar por brindes), “Amigo Literário” (presentear um colega com uma indicação de um livro já lido), e também o “Incentivo a leitura”. Esse é direcionado aos servidores da escola para posterior indicação aos seus alunos. Os livros são entregues em forma de presente. Após a leitura destes, cada servidor entrega sua resenha para confecção da “Colcha de Retalho Literária. Os resultados alcançados pelo projeto foram: envolvimento da comunidade, pais incentivando a participação dos filhos na leitura, doações de livros para o acervo literário, arrecadação de prêmio junto aos parceiros da escola, e aumento significativo de empréstimo feito pela biblioteca na vigência do Projeto Promovendo Leitores. A disponibilização da leitura está nos múltiplos cantos da escola, o projeto “Leitores para sempre” se desenvolve de forma lúdica e democrática. Onde o aluno que conta a história semanalmente indica o próximo colega, e esse por sua vez escolhe um livro, leva-o para casa juntamente com um caderno de registro das informações contidas no livro lido. Em casa, o livro escolhido será lido e preparado para o reconto pela criança com a ajuda dos pais. O aluno tem uma semana para a preparação antes de recontá-lo aos colegas de turma. Nesse dia de apresentação os familiares comparecem para apoiar e apreciar a apresentação do (a) filho (a), o que estimula ainda mais o desenvolvimento do aluno. A PEUB do turno vespertino desenvolve também “O Projeto Contando e Dramatizando Estórias” (leitura itinerante), a mesma promove a leitura itinerante na sala de aula, fazendo leitura deleite e divulgando novas obras do acervo da biblioteca, que tem como objetivo principal incentivar as práticas de leitura em torno de sua dinâmica e propiciar às crianças o desenvolvimento da oralidade uma vez que potencializa o reconto. No âmbito da instituição, ficamos imensamente felizes de perceber que tal trabalho não atingiu somente os alunos, observa-se agora, professores muito mais voltados para os textos literários, bem como de formação profissional e muito mais dispostos a interagir entre si em prol de um objetivo comum que na verdade atinge todas as áreas 25
de conhecimento, o progresso na leitura e escrita e consequentemente o desenvolvimento global dos nossos educandos. Além do exposto, já observamos o reflexo de todo o investimento realizado por meio dos projetos Promovendo Leitores e Leitores Para Sempre nos bons resultados dos nossos alunos nas avaliações internas e externas, evidenciando a força do trabalho coletivo, tendo como base o planejamento das ações e a metodologia dinâmica e prazerosa que as professoras para o uso da biblioteca realizam e desenvolvem as práticas de leitura no dia a dia de nossa escola.
Diretor Dilvan recontando a história “Leo o pássaro que tinha medo de voar”, ação do projeto Leitores para sempre.
PEUB Leonice do turno vespertino contando e dramatizando histórias.
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Aluna Luiza Isabel em seu momento de reconto
Participação da famĂlia no reconto do projeto Leitores para sempre
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Dramatização de peça teatral, ação do projeto Promovendo Leitores
Palestra com o escritor Luiz Paulo Matias – Ação do projeto Promovendo Leitores
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Promovendo Leitores
Em cena Gilmar Pereira “ Poeta D’alma. Monólogo : “Saber e Saberes” A descoberta é sua – Promovendo Leitores
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5. Para saber mais... Yolanda Reyes Nasceu na Colômbia, é educadora, fundadora e diretora do Instituto Espantapájaros, em Bogotá – um projeto cultural de formação de leitores, dirigido não apenas as crianças, mas também a mediadores e adultos. Especialista em fomento à leitura, consultora, autora de artigos e livros sobre o tema da leitura, é autora de A casa imaginária: leitura e literatura na primeira infância (Global, 2010). É colunista do diário El Tiempo, de Bogotá e também se destaca pela sua obra literária para crianças e jovens. Dentre seus livros publicados no Brasil, destacamos É terminantemente proibido, A pior hora do dia, Saber perder e Terçafeira: 5ª aula (FTD) e Um conto que não é reconto (Mercuryo Jovem). Membro do Conselho Consultivo da Revista Emília.
TEXTO 1:
Ler no aconchego do lar POR YOLANDA REYES | REVISTA EMÍLIA | 29 DE SETEMBRO DE 2011 | FORMAÇÃO DE LEITORES | O pequeno mundo que se encontra ao nascer é o mesmo em qualquer parte; ele apenas se amplia, caso se consiga ir embora em tempo de onde se deve sair, fisicamente ou com a imaginação. Augusto Monterroso Nesse pequeno mundo que é o lar, se aprende o fundamental sobre a vida. Sem quadro negro, sem carteiras ou uniformes. Quase por osmose, sem que ninguém perceba como ou a que horas, entre rotinas e sobremesas, entre o que é dito e o que não é dito, as quatro paredes da casa são a primeira imagem do mundo. Os valores, as atitudes, os modos de ser, de sentir e de pensar, a maneira de olhar, têm suas raízes nessa primeira escola onde, felizmente, ainda não chegaram as inovações da tecnologia educacional. É realmente uma sorte. Nas casas não se fala em objetivos, ou metodologias, também não se avaliam regularmente resultados, nem se fazem relatórios. Vive-se, apenas. E é 30
nesse fluir da vida, sem planejamento, onde as pessoas crescem. A escola tem muito a invejar desse sistema pedagógico, onde tudo acontece de forma mais espontânea e mais real. Sem compartimentalizações, nem disciplinas separadas, sem horas atribuídas para esta ou aquela habilidade. Por isso, falar de leitura em casa é falar de muitas coisas ao mesmo tempo. Em primeiro lugar, não parece muito apropriado esse novo rótulo tão na moda de “promoção da leitura” para o que é feito em casa. Não penso que nos lares se faça nenhum tipo de promoção. O termo, emprestado do jargão comercial, tem um viés quantitativo suspeito. Desde sempre existiram lares com pais, mães, avós, tios ou mães de leite que semearam nas crianças o amor pelas histórias e pelos livros. Duvido que eles o tenham feito de propósito, seguindo objetivos predeterminados… O mais provável é que só quisessem passar um bom tempo, ou domar as pequenas feras que costumam ser as crianças, para que ficassem quietas alguns minutos. As duas intenções são, em si, maravilhosas. Porque desfrutar simplesmente do prazer de uma história, ou confiar no poder hipnótico das palavras, é acreditar de cara na leitura. Essa crença não se aprende nem em oficinas, nem em livros especializados, ainda que estejam tão na moda hoje palestras e conversas de orientação para pais. As crenças se têm ou não se têm e isso nos remete ao ciclo infinito de vida, às infâncias dos que agora somos pais e à dos nossos pais e, assim por diante, na memória coletiva. Indagando nossos sentidos e sentimentos, podemos encontrar nossas próprias ideias para que as crianças se aproximem aos livros em casa. À primeira vista pode-se pensar que nego a possibilidade de mudar o que já está dado ou de sair de uma “estrutura familiar”, o que soa muito pessimista, principalmente se considerarmos que na América Latina apenas uma minoria cresceu em ambientes próximos do livro. Mas não é esse o sentido. O que proponho é partir de uma busca pessoal, começando pelo começo, que somos nós, e não pelo fim, que são as crianças. Porque somos os adultos, com nossas leituras e nossas palavras – inscritas muito antes de sermos pais –, o texto primordial de leitura que as crianças enfrentam. As canções de ninar e as músicas, os contos que outros escreveram em nós quando éramos crianças, trava-línguas, magias, lendas e todos os trocadilhos que fazem parte da tradição oral, são os textos de leitura mais ricos na primeira infância. Quem não se lembra de algum? Um vagarinho, vagarinho, fecha o olho no seu ninho ou qualquer uma dessas histórias contadas com os dedos das mãos… No campo ou na cidade, agora ou há vinte, ou cinquenta anos a infância tem seus próprios textos de leitura. E uma das vantagens de ser pai é que podemos nos dar ao luxo de recriar o nosso próprio repertório. Basta procurar na memória, perguntando aqui e ali do que gostávamos mais, essas fórmulas para começar e terminar as histórias que nos levam de volta ao tempo mítico do “Era uma vez, muitos anos atrás…”. 31
Todos temos o poder de nos tornarmos contadores de histórias, malabaristas e trovadores com nossos próprios filhos. Nossas histórias, nossas músicas – afinadas ou não –, nossas vozes e nossos tons podem ser mais interessante do que qualquer outro texto. Porque falam de nossas origens, porque vinculam as palavras com os afetos mais próximos. Porque nomeiam os medos e conjuram as sombras e estabelecem outro tipo de comunicação mais estreita, mais significativa e autêntica que a que normalmente costuma se dar na vida escolar. Por conhecer os interesses, os medos e as características de cada um dos seus filhos melhor do que ninguém no mundo, os pais são os mais capazes de revelar os mistérios que encerram as palavras. Esses mistérios que constituem a essência do prazer pela leitura. Naturalmente, nem tudo se resume a boas intenções. São necessários alguns ingredientes. Primeiro, tempo. Um tempo ritual, longe das pressões cotidianas, para conceder um outro espaço à palavra. Além de sua função informativa e instrumental, as palavras permitem viajar, sonhar, desejar, acariciar, cantar e expressar. Uma história antes de dormir, todas as noites, ou uma conversa depois do jantar em família, ou um livro apaixonante lido aos poucos, conferem às palavras poderes mágicos e as vinculam à leitura como prazer. Mas, além de tempo, precisamos de uma atitude diferente, aberta ao diálogo e ao encontro com tudo o que as crianças querem dizer. Ouvi-los para permitir que expressem seu mundo, suas fantasias, suas histórias, suas opiniões, seus acordos e desacordos. Respeitar seus argumentos e ajudá-los a formar seus critérios, que não precisam ser os nossos. Alimentar seus pontos de vista, oferecer-lhes referências culturais, estimular a sua imaginação e criatividade, tudo isso é o trabalho dos pais na formação de novos leitores. Para enfrentar esses desafios, voltamos ao ponto de partida: são necessários pais leitores, assíduos frequentadores de bibliotecas e livrarias, à procura de material para alimentar os sonhos de seus filhos. E são necessários pais, não só para que eduquem pelo exemplo, mas para transmitir por osmose uma ideia de leitura mais vital e menos acadêmica. Pais que aguardam ansiosamente o jornal da manhã e mães que roubam tempo de suas tarefas diárias para se dedicar ao livro favorito. Pais que além de presentear com brinquedos, presenteiam com livros. Mães que podem encontrar nas páginas de um livro os melhores segredos da cozinha ou das plantas, a melhor história para compartilhar em voz alta com seus filhos ou a magia mais poderosa para fazer dormir o seu bebê. Ao encontrar esses e muitos outros segredos da leitura, se aprende em casa, e que o que está em jogo não é o número de exemplares que possa ter a biblioteca paterna, 32
nem os diplomas universitários que estão pendurados nas paredes. É muito mais fácil e mais barato do que isso. É compartilhar uma certa fé nas palavras. É acreditar no valor da linguagem para enriquecer a experiência, para criar e recriar o mundo. É deixar uma porta aberta para que os livros e as palavras se instalem confortavelmente no sofá e ocupem um lugar importante na vida cotidiana. TEXTO RETIRADO NA ÍNTEGRA: Revista Emília Disponível em: http://revistaemilia.com.br/ler-no-aconchego-do-lar/
TEXTO 2:
Como escolher boa literatura para crianças? POR YOLANDA REYES REVISTA EMÍLIA | | 1 DE SETEMBRO DE 2011 | FORMAÇÃO DE LEITORES, MAIS LIDAS | Essa é a pergunta mais frequente que os pais me fazem e não gosto de respondê-la em abstrato, pois se cada criança é diferente, os pais também são, e cada pessoa tem seus gostos, suas perguntas, suas maneiras de ler… Isso sem falar nas idades, porque temos incluídos nesse rótulo que os adultos denominam, genericamente, “crianças”, desde os bebês até os adolescentes. Mas essas também são categorias abstratas, porque um bebê pode gostar dos animais, enquanto outro pode preferir flores, e uma menina de dez anos pode odiar poemas, que outra criança adora. O mesmo ocorre com os romances de aventura, ou os que falam da vida real. O mesmo com os monstros e com as fadas. Alguns gostam de contos, outros, de histórias em quadrinhos. Alguns querem muitas ilustrações, outros, letras pequenas. E isso sem falar dos momentos, porque há livros para ler à noite e outros para ler durante o dia. Há livros para chorar e outros para rir. Alguns são perfeitos para responder àquela pergunta que não sai da nossa cabeça, enquanto outros nos deixam um monte de novas perguntas. Às vezes, precisamos de uma resposta e, às vezes, precisamos de mais perguntas. E por aí vai… Então, não existe resposta? Na verdade, não existe receita. Ou talvez pudesse haver uma: para uma criança ler, só precisa saber ler. Ler como? Ler o quê?
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1. Ler para as crianças Quem são e do que eles gostam. O que eles nos dizem todos os dias – e o mais importante: o que eles não nos dizem. O que os faz perder o sono e o que os faz sonhar. De que brincam e com que brincam, com que se divertem, o que os faz chorar. O que sentem com os livros que vêm em casa, na biblioteca, na livraria, ou na sala de aula. Quais eles preferem. Eles podem ser totalmente distintos mesmo sendo gêmeos ou sentados numa mesma carteira. Nenhum especialista sabe o que você sabe sobre essa criança concreta que espera aquele livro em particular, em um momento preciso de sua vida. Confie na sua sabedoria instintiva. Seus próprios filhos são o seu primeiro texto de leitura.
2. Ler o livro, panoramicamente Como você lê o descritivo das vitaminas numa caixa de cereal? Usando seus critérios. Você não compra a caixa de cereais apenas porque é mais colorida ou se tiver um personagem de Walt Disney. Tampouco compra um disco sem olhar a capa e as músicas que ele contém e, muitas vezes, inclusive, pede para ouvir. Isso que é feito na loja de discos, ou na livraria antes de comprar um livro, para você, deve ser feito quando se trata dos livros para as crianças. Não compre o primeiro que lhe oferecem. Antes de olhar se tem capa dura ou adesivos, pergunte ao livro:
a) Quem assina? Você não compra um livro anônimo, a menos que seja a Canção do Mio Cid. Nem é a mesma coisa comprar um romance de Saramago ou de um “escritor fantasma”. O mercado está cheio de livros infantis assinados por multinacionais. Como em qualquer literatura, um verdadeiro escritor de livros para crianças garante o que escreve com a sua assinatura.
b) Quem é o ilustrador? Nos álbuns ou livros de imagens, a ilustração é uma linguagem tão válida quanto o texto. Aprenda a diferenciar”desenhos” de uma ilustração com caráter e estilo próprios. (Aqui também, a assinatura de um ilustrador é uma garantia de que alguém está por trás desse trabalho.) Você está educando o olhar de uma criança. Cuidado com os estereótipos: o sol com rosto feliz ou a típica casinha triangular. Olhe mais longe: peça a ilustração que não se limite a repetir o que dizem as palavras, que as amplie, que brinque com elas; que proponha novas leituras; que deixe um espaço para a imaginação. Os bons livros de imagem podem ser o museu de uma criança. 34
c) É versão original ou adaptação? No caso dos contos de fadas, das histórias de tradição oral ou dos clássicos, o livro deve dizer se é uma adaptação ou uma versão original. É diferente ler o Chapeuzinho vermelho de Perrault ou dos irmãos Grimm a ler uma adaptação, onde pode ter se perdido a força da linguagem e a carga simbólica das imagens. Cuidado, também com os romances simplificados. Alice no país das maravilhas, de Carroll, Pinóquio, de Collodi, Peter Pan e Wendy, de Barrie são novelas complexas e muito lindas e devem ser lidas no seu devido tempo. Ler essas obras resumidas em continhos de poucas páginas é como ler A Odisseia em um resumo de escola. É melhor que a criança possa desfrutar de toda a riqueza da obra quando crescer um pouco mais. Desconfie, também, dos clássicos para adultos em versões infantilizadas. Virá, no devido tempo, o momento de desfrutar a verdadeira voz de Shakespeare ou Cervantes.
d) Qual é a idade sugerida? A maioria dos editores oferece sugestões de idade. Leve em conta essas recomendações, porém enriqueça-as com os seus critérios. Existem livros para todas as idades; há outros sem idade. Além disso, nem todos os processos leitores são os mesmos. A idade cronológica de um leitor é apenas uma das variáveis. Coteje a sugestão da editora com o seu conhecimento e o dessa criança de verdade que vai receber o livro.
e) Que editora publica esse livro? Além do nome, verifique a cidade, o ano da publicação, o nome do tradutor etc. Desconfie se essas informações não estiverem explícitas. Vire as páginas; leia a capa e a contra capa. Você vai encontrar dados sobre o livro e seu autor que lhe darão as primeiras pistas.
3. Envolva as crianças na pesquisa Leve as crianças a bibliotecas públicas e livrarias. Leia com elas e companhe-as em seu processo de crescimento como leitores. Acredite na palavra da criança, mas ao mesmo tempo, ofereça ferramentas para que possa ir educando os seus critérios. Na medida em que uma criança tem contato com literatura de qualidade, ela irá refinando a sua sensibilidade e tornando-se cada vez mais exigente. Nem sempre o que é fácil, o que está na moda ou o que está no topo da lista dos “mais vendidos” é o melhor. Não se deixe, tampouco, tentar pelas coleções completas que não garantem, por si só, a qualidade de cada título. Dê liberdade de escolha, mas ofereça, também, a riqueza de sua experiência como leitor adulto. E não queira acertar sempre. Ler é também equivocar-se.
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4. Busque assessoria O campo da literatura infantil é enorme. Muitos autores, ilustradores, gêneros e tendências que não conhecemos quando éramos crianças têm enriquecido enormemente as opções de leitura. Não fique limitado ao que você leu na infância. Aproveite as crianças para descobrir novas obras e não pretenda conhecer tudo. Busque um livreiro ou um bibliotecário que conheça literatura infantil. Consulte as listas de livros recomendados, as publicações sobre o assunto e as instituições que promovem a leitura. Você vai se surpreender com as descobertas e encontrará livros, não só para ler com seus filhos, mas também para você.
5. Não confunda uma obra literária com um livro didático Assim como você procura muito mais que ensinamentos explícitos quando lê um romance de García Márquez, seu filho busca na literatura muito mais que um ensinamento moral. A literatura se move na esfera do simbólico e apela à experiência profunda dos seres humanos. Desconfie das mensagens explícitas e das morais óbvias. O mercado está cheio de livros infantis que “disfarçam” – sob o título de “conto” – as intenções didáticas dos adultos. Aprenda a diferenciar os manuais de autoajuda das obras literárias. A literatura não pretende explicar valores, letras do alfabeto, regras de polidez ou mensagens ambientais. Leia nas entrelinhas e não escolha um livro só pelo seu tema, mas pela sua forma e pela maneira como um autor constrói uma voz e um mundo próprios. Desconfie dessa linguagem pseudoinfantil, cheia de diminutivos e de histórias light, onde os protagonistas são tão perfeitos como ursos de pelúcia. (Seu filho vai ser o primeiro a “não engolir a história”.) Os livros infantis podem ser atrevidos, transgressores, irreverentes, sutis, inteligentes, tristes… Todas essas nuances, que constituem a infinita variedade da experiência de um ser humano, alimentarão o mundo interior das crianças e lhes darão as chaves secretas para descriptografar muito sobre sua própria vida e sobre as emoções, sonhos e pesadelos sobre fantasia e realidade. Quando você for ler literatura para uma criança, deixe-se tocar pela linguagem cifrada e misteriosa dos livros. Todo o resto virá depois. TEXTO RETIRADO NA ÍNTEGRA: Revista Emília Disponível: htttp://revistaemilia.com.br/mostra.php?id=9
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6. Considerações finais Esperamos que o Caderno II de Estratégias de Incentivo à Leitura nas Escolas Estaduais do Estado de Minas Gerais atinja seu objetivo, que é promover reflexões sobre a temática da leitura, formação de leitor, mediador de leitura e Biblioteca Escolar. Almejamos que, por meio da estrutura informativa e formativa, que compõe os capítulos do caderno, os profissionais da educação possam promover ações de incentivo à leitura em suas escolas em uma perspectiva de formação do leitor pleno. Desejamos também que a escola utilize os dados do Mapeamento de Leitura em prol das formulações das ações de incentivo à leitura, assim como para as escolhas das atividades na biblioteca, pois, como diria Maria da Conceição Carvalho (2012), a formação leitora dos sujeitos envolvidos dependerá muito das decisões pedagógicas da própria escola. Então, caro(a) leitor(a), vamos refletir sobre nossas possíveis contribuições para a formação de nossos estudantes leitores? O que podemos fazer? O que deixamos de fazer?
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Referências Bibliográficas CARVALHO, Luana de Araújo. Formação de leitores e formação de professores: memorial como estratégia pedagógica e de pesquisa. Mariana: UFOP, 2013. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Educação, Instituto de Ciências Humanas e Sociais. Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2013. Disponível em: http:// www.tede.ufop.br/tde_arquivos/27/TDE-2013-10-15T154422Z-1138/Publico/ DEEDU%20-%20Diss%20-%20Luana%20de%20Araujo%20 Carvalho.pdf CARVALHO, Maria da Conceição. Biblioteca escolar, lugar privilegiado da leitura literária? In: MACHADO, Maria Zélia Versiani. A criança e a leitura literária: livros espaços, mediações. Rio de Janeiro. Fundação da Biblioteca Nacional. 2012. DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. Campinas: Editora Autores Associados, 1996. FAILLA, Zoara.Retratos da leitura no Brasil 4/ organização de Zoara Failla. Rio de Janeiro:Sextante, 2016. MACHADO, Maria Zélia Versiani. A literatura e suas apropriações por leitores jovens. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003. [Disponível em: http://www.bibliotecadigital. ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/IOMS-5W4J8H/2000000050.pdf?sequence=1. Acessado em janeiro de 2013] PETIT, Michéle. Lecturas del espacio íntimo al espacio publico. Trad. De Miguel Paleo, Malou Paleo, Diana Sànchez. México: FCE, 2001. REYES, Yolanda. Ler no aconchego do lar: Livros e palavras no sofá da sala. Revista Emília. Setembro 2011. Disponível em: http://revistaemilia.com.br/ler-no-aconchego-do-lar/. Acesso em 01 de junho de 2017. REYES, Yolanda. Como escolher boa literatura para crianças?.Revista Emília. Setembro 2011. Disponível em: htttp://revistaemilia.com.br/mostra.php?id=9. Acesso em 01 de junho de 2017. SOARES, Magda. Para quem pesquisamos? Para quem escrevemos? In: Para quem pesquisamos para quem escrevemos: o impasse dos intelectuais. São Paulo: Corte, 2003 (Coleção Questões da Nossa Época)
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