ACONSELHAMENTO ESCOLAR

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SOTERIOLOGIA Judson Santos


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SOTERIOLOGIA

Etimologia e definição A doutrina da salvação é disciplina primordial na Teologia, pois trata a vida humana em dois momentos decisivos: um que determina a morte e o outro que propõe a restauração da vida na condição de eterna. A palavra soteriologia é formada a partir de termos gregos σωτήριος (Soterios), que significa "salvação" e λόγος (logos), que significa "palavra" ou "princípio". A palavra salvação transmite também a ideia de cura, redenção e resgate. No latim salvare, significa salvar, e salus significa ajuda ou saúde. Acrescentando na definição, salvação traz a ideia de libertação da condição indesejável. Já o conceito de salvação eterna (ou vida eterna) é a base da doutrina cristã e se refere, em primeira instância, na superação da morte (leia: Salmo 107.14; João 3.16; Tito 2.11; 1 Coríntios 15.55 e Hebreus 5.9).

Salvação – o maior acontecimento de todos os tempos Os fatos narrados na Bíblia Sagrada são centralizados na obra de salvação em Jesus Cristo na cruz do calvário e superam a todos os registros históricos. Nenhum indício arqueológico, nem teoria filosófica ou descoberta científica apontam para algo que seja mais extraordinário e único! A história da salvação em Jesus Cristo supera todas as ações heroicas; qualquer conquista de governantes está acima da genialidade dos sábios e dos feitos notáveis dos benfeitores da humanidade. A salvação em Jesus Cristo é em tudo e, acima de tudo, incomparável feito em toda a face da Terra. O evangelista João conseguiu sintetizar este acontecimento com as seguintes palavras:

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João 3.16 – O próprio... Deus: O maior de todos os seres visíveis e invisíveis! ...amou: Incomparável sentimento! ...o mundo: A quem menos merecia! ...de tal maneira: A maior intervenção! ...que deu: Excelente gesto! ...o seu Filho unigênito: O maior sacrifício! ...para que todo aquele que nele crê: Extremo alcance! ... não pereça: Sublime socorro! ...mas tenha a vida eterna: Imensurável benefício! A história da salvação A restauração do homem exigiu a execução do plano de Deus que estava sendo construído deste os tempos antigos. Deus estava dando sinais da redenção a partir dos registros históricos. Vejamos alguns exemplos:

Noé A história de Noé serve como uma ilustração da proposta de Deus. Noé recebeu ordens do Senhor para a construção de uma arca, para salvar a Criação do Dilúvio. Logo, Cristo é o antítipo da arca.

O livro de Gênesis diz que Noé era filho de Lameque, que era filho de Matusalém, que era filho de Enoque, que era filho de Jarede, que era filho de Malalel, que era filho de Cainanou Quenã, que era filho de Enos, que era filho de Sete, que era filho de Adão que era filho de Deus. Apesar desta linhagem nobre, a humanidade havia atingido um nível muito alto de corrupção nos tempos de Noé, o que fez Deus tomar uma providência. Deus não aceitou que isso continuasse e, por isso, fez a seguinte afirmação: “Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem o animal, os répteis e as aves do céu, por que me arrependo de os haver feito” (Gênesis 6.7).

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Assim, Deus se arrepende de criar o homem por causa da sua maldade dentre toda a humanidade perversa, mas escolhe uma família, salvando-a. Deus considera Noé “justo e íntegro entre seus contemporâneos” (Gênesis 6.9).

O homem não merecia viver e recebia, assim, a punição de Deus. A sentença era a destruição da raça humana, exceto a família de Noé: “Porém Noé achou graça diante do Senhor” (Gênesis 6.8).

Isto mostra um plano de salvação futuro já sendo estabelecido.

A

sobrevivência de uma parte da humanidade havia sido determinada pela promessa feita na queda. A Bíblia diz: “Noé andava com Deus” (Gênesis 6.9b). Noé era íntegro porque andava com Deus. Assim, o Senhor se revela de maneira especial a Noé e o escolhe para cumprir seu propósito: Então, disse Deus a Noé: “Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra. Faze uma arca de tábuas de cipreste”. E, ainda, continua: “Contigo, porém, estabelecerei a minha aliança; entrarás na arca, tu e teus filhos, e tua mulher, e as mulheres de teus filhos”. “Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara. E tudo fez Noé, segundo o SENHOR lhe ordenara” (Gênesis capítulos 6 e 7). A salvação de Noé serve como exemplo no plano futuro proposto por Deus. Um princípio coerente em Deus para a salvação é aqui revelado. A salvação da raça humana se deu a partir de um grupo justo e reto diante do Senhor. Isto ocorreu com Israel e, ultimamente, com a Igreja em Cristo.

Abraão Abraão era descendente de Noé. E por meio desta linha genealógica Deus pretendia dar continuidade ao Seu plano de salvação. Dentre muitos descendentes de Noé, Deus resolveu separar para si a Abrão, homem idoso, casado com Sarai, que era estéril e, por meio desse casal, constituir uma numerosa nação, que seria instrumento em Suas mãos para abençoar povos e nações em todo o mundo.

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Isso pode ser visto na Bíblia: “Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12.1-3). Neste texto o conceito de salvação se amplia. Neste momento Deus já pensa em nações, famílias da terra, dentre os muitos outros povos existentes. Paradoxalmente, o início desse projeto se dá com um casal fora das condições de continuar a descendência; a l é m d a a v a n ç a d a i d a d e , S a r a e r a e s t é r i l . Isto demonstra que não depende do homem, mas de Deus o realizar grandes planos – por mais impossível que seja! Abraão gerou Isaque, que gerou Jacó, e de Jacó (Israel) veio Jesus, o salvador – que veio tirar o pecado do mundo.

Páscoa O termo páscoa é Pesach, cujo significado é passagem. Este evento assume um significado importante dentro do contexto da salvação, uma vez que marca o êxodo do povo hebreu do Egito, onde foram escravizados pelos faraós durante vários anos. Liderados por Moisés, os hebreus fugiram do Egito. Na páscoa os judeus comem o pão sem fermento a fim de lembrar a rápida fuga do Egito, quando não sobrou tempo para fermentar o pão.

O termo Páscoa é, pela primeira vez, empregado em Êxodo 12.11 que diz: “Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do SENHOR”.

O mesmo termo é

utilizado duas vezes em Êxodo 12.27, e denota exatamente a ideia de passar sobre, ou poupar: “É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas”.

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A Páscoa foi instituída por Deus como memorial da libertação do povo de Israel que ficou cativo no Egito durante 400 anos. Assim, a Páscoa assumiu o sentido de livramento. O significado desse momento é para que o povo de Deus se lembre da noite do seu livramento. É evidente o conteúdo da salvação neste evento, além da proposta de substituição que também estava presente neste contexto. A liberdade se dava pela expiação por meio do sangue do Cordeiro sem mácula. O cordeiro foi morto e o sangue não tinha valor se não fosse aplicado. Todo israelita devia aplicar o sangue à sua própria casa, aspergido na verga. Isto foi um ato profético! Leia Êxodo 12.

O fim da Lei A Bíblia diz: “Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê” (Romanos 10.4). Exige-se aqui, neste texto, muita cautela. Anunciar o fim da Lei em Cristo não é uma questão de dizer que a Lei de Moisés não tem mais validade ou que não se necessita mais dela. Quando lemos em Romanos que Cristo é o fim da Lei, é o mesmo dizer que Cristo é o objetivo final da Lei. A Lei conduziu a Cristo. A Bíblia diz: “De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados” (Gálatas 3.24). A Lei teve Cristo por alvo – objetivo final. A expressão aos Romanos pode ser utilizada com o sentido de completar, cumprir, assim como em Lucas 22.37 onde diz: “Pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: Ele foi contado com os malfeitores. Porque o que a mim se refere está sendo cumprido”. A proposta de Cristo é cumprir a Lei: “Não vim para revogar, vim para cumprir” (leia Mateus 5.17b). Em Cristo a Lei teve suas exigências satisfeitas. A Bíblia diz em Apocalipse 5.12: “Digno é o Cordeiro, que foi morto...” E mais: “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29). Assim, a declaração de Paulo em Romanos 10.4, dizendo que Cristo é o fim da Lei, pode ser entendida como conclusão do plano da salvação a todos os homens.

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O significado do plano preestabelecido para salvação tem o ponto mais alto e mais sublime na morte de Cristo. Podemos considerar quatro significados principais para esta Obra: 1) A morte de Cristo foi em substituição dos pecadores; 2) foi uma redenção para os pecados; 3) uma reconciliação do homem para com Deus; 4) e uma propiciação pelo pecado.

Cristo, o cordeiro pascoal A Páscoa continha um simbolismo profético, sombra das coisas futuras, que apontava para um evento futuro, a Redenção efetuada por Cristo, como está escrito: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Coríntios 5.7). Assim, o cordeiro quando era morto e o seu sangue aspergido nas portas, era símbolo do sacrifício de Cristo na cruz pelos nossos pecados. O cordeiro “sem defeito” prefigurava a impecabilidade de Cristo, que era “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29). As “ervas amargosas” prefiguravam a necessidade de contrição e arrependimento. O fermento simbolizava a corrupção do pecado, o pão sem fermento indicava a pureza, que é exigida de quem serve a Deus. O “comer a carne do cordeiro” representava a identificação com a Sua morte.

O sacrifício do cordeiro anunciava a morte de Cristo em substituição da nossa. A Páscoa teve o seu cumprimento em Cristo. Ele é a nossa Páscoa. Foi durante a Páscoa que o próprio Jesus instituiu a Santa Ceia como lembrança de Sua morte. Celebrada com pão e vinho, que simbolizam o Seu corpo ferido e o Seu sangue derramado na cruz para salvar os pecadores, serviria de lembrança permanente do Seu sacrifício vicário (leia: 1 Timóteo 1.15). João o Batista disse: “Eis aqui o Cordeiro de Deus”, nisto toda a simbologia da primeira páscoa tinha que ser cumprida em Cristo se Ele fosse mesmo o “Cordeiro de Deus”. Como a Bíblia revela, Jesus cumpriu tudo escrito sobre este cordeiro. Ele é o “Cordeiro de Deus”.

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A Bíblia diz em 1 Coríntios 5.7: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”.

Ele entregou-se a si mesmo para que tivéssemos a vida eterna e o acesso a Deus. A nossa vida foi preservada porque Ele nos amou até a morte: “Andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5.2).

Cristo é o substituto para assumir o débito moral do homem em seu lugar, para que o homem não tivesse mais que suportar o peso da condenação do pecado. A Bíblia diz: “Pois o amor de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo todos morreram; e ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Coríntios 5.14-15). Jesus morreu em lugar de todos, logo, “todos morreram”. A Bíblia diz: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2.20). E Ele morreu em lugar de todos, a fim de que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que morreu e ressuscitou. Este texto também faz parte deste glorioso contexto: “Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5.21).

Com a morte de Jesus em substituição por nossos pecados, originou-se a redenção. A expressão redenção origina-se do ato de soltura de um escravo, mediante o pagamento de um preço. A palavra refere-se à libertação da escravidão do pecado por meio da obra redentora de Jesus Cristo. Como substituição, o termo tem o sentido de assumir a culpa, isto é, pagar a culpa. O débito pode apenas ser pago com sangue. A Bíblia diz: “Porquanto é o sangue que faz expiação, em virtude da vida” (Levítico 17.11b).

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E em Hebreus diz: “Sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9.22). O preço do pecado anulado deveria ser pago com derramamento de sangue de um Cordeiro sem mácula. Essa era a exigência colocada na história da redenção, que tem seu significado completo em Cristo. A Bíblia diz: “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29).

Deus é o autor da salvação

A queda A queda no Jardim do Éden não pegou Deus de surpresa. Nos primórdios, até mesmo considerando um tempo anterior à fundação do mundo, Deus tinha o conhecimento prévio dos fatos que iriam terminar em desobediência e afastamento espiritual do homem. Sabendo disto, o próprio Deus providenciou a salvação, mesmo sabendo que isto iria custar dores e alto sacrifício.

A prova disto é o registro do apóstolo João na ilha de Patmos ao escrever no livro das revelações, Apocalipse 13.8: “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. O apóstolo Paulo, por sua vez, também escreveu usando esta pontuação de antiguidade aos crentes em Éfeso, não obstante coloca uma noção de tempo um pouco diferente do registro em Apocalipse. Em Efésios 1.14 ele diz: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo...”.

Perceba que o apóstolo Paulo mantém a mesma fidelidade ao registro de João ao sublinhar a onisciência de Deus. Deixa de ser relevante a possível crítica das contradições nestes textos.

O que traz altíssimo significado de esperança é considerar que, em algum tempo, cujo tempo foi gloriosamente favorável, Deus planejou a maior intervenção de salvação para o homem pecador.

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A salvação atravessou os tempos, inoxidável à incredulidade humana. A promessa de salvação do Altíssimo Deus, proferida ainda no Jardim do Éden, teve seu cumprimento: “Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizestes, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3.14-15). A promessa de Deus se cumpriu em Jesus Cristo, Seu Filho unigênito: “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29).

O livre-arbítrio no Éden A menção do livre-arbítrio entra nesta disciplina como ponto de conexão entre o estado perfeito e a imperfeição. O seu significado essencial se apresenta como vontade livre da escolha; juízo livre. O “homem é um produto do meio”. Esta é uma frase atribuída aos teóricos do determinismo geográfico e significa que o homem seria moldado pelo meio ambiente em que vive. Segundo os que assim pensam, o livre-arbítrio é ilusão e não uma realidade. Ainda afirmam que: ser livre para fazer escolha é pura imaginação, já que as opções são ditadas por impulsos internos e circunstâncias que escapam ao domínio da pessoa.

A Bíblia contrapõe esta teoria afirmando que, o homem é livre para escolher entre o bem e o mal. A Bíblia se distancia da teoria do homem como produto do meio, nem vítima da fatalidade, nem da casualidade.

Segundo as Escrituras, o homem é árbitro do seu próprio destino. A Bíblia diz: “O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Deuteronômio 30.19).

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E a Bíblia também diz: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” (Mateus 7.13). Leia também Josué 24.15 e Hebreus 10.39. Morte ou vida eterna é uma questão de escolha. Livre-arbítrio é o agente determinante para a salvação.

Livre-arbítrio, corolário da perfeição original Originalmente o homem fora criado em natureza perfeita: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gênesis 2.7). Deus não é criador de imperfeições (Mateus 5.48). Até mesmo Lúcifer fora criado perfeito (Ezequiel 28.15). Não obstante, Adão, o primeiro homem, mesmo criado perfeito, também tinha a possibilidade e a capacidade para errar. A possibilidade ao erro não é evidência de falha na criação perfeita de Deus. Ao contrário: a possibilidade de escolher se alia à autonomia denominada livre-arbítrio, aspecto incluso ao estado de perfeição. Sem livre-arbítrio Adão não seria perfeito, assim como sem o livre-arbítrio Adão não seria imperfeito; o que prevalece é a autonomia na escolha entre o bem e o mal. Sem livre-arbítrio inexistiriam decisões autônomas. Sem a liberdade de escolha não haveria a distinção da “imagem e semelhança de Deus” e se afirmar como “outra pessoa” com decisões próprias. Somente no livre-arbítrio se estabelecem a autonomia e as escolhas. Logo, livre-arbítrio é o corolário da perfeição do homem em seu estado original. A questão prende-se ao fazer o bom ou mau uso da mesma. Jesus, o “último Adão” – 1 Coríntios 15.45, 47 – também tinha livre-arbítrio, porém, o usou de modo diferente do “primeiro Adão” (leia: Filipenses 2.8). Jesus usou-o de maneira perfeita na decisão concernente à recusa ao pecado (2 Coríntios 5.21).

O erro fatal no uso do livre-arbítrio A possibilidade de escolha entre o bem e o mal – Gênesis 2.16,17 – evidencia a autonomia em escolher dentre opções, por exemplo: decidir qual o caminho a seguir.

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Entretanto, o estado original de perfeição humana foi corrompido em ação espontânea e autônoma, tornando o homem “escravo do pecado”. Esta expressão bíblica “escravo do pecado” está em João 8.34 quando o Mestre diz: “Disse Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado”. "Escravo" significa estar cativo debaixo de algum poder absoluto, em condição servil. O termo "pecado" significa “transgressão da lei divina”. Assim, o mau uso do livre-arbítrio fez de Adão e sua descendência, escravos.

A raça humana tem uma escolha natural: o afastamento do bem e de Deus (Eclesiastes 7.20; Salmo 14.3; Romanos 3.12). Nesta livre escolha pelo afastamento, o apóstolo Paulo registra que, “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3.23). Antes mesmo de Paulo, o próprio Moisés registrou que “a terra, porém, estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra” (Gênesis 6.11-12). As consequências, evidentemente, foram inevitáveis: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Romanos 5.12). A morte “passou a todos os homens” devido às “ofensas e pecados” (Efésios 2.1). A morte veio como sentença a todos, o primeiro casal ainda não havia saído (expulso) do Jardim do Éden (Gênesis 3.3,6).

A predominância do mal Inicialmente, vale lembrar que, a palavra mal é antônimo de bem e a palavra mau é antônimo de bom. Na queda do Jardim a tentação trouxe e traz o mal à vida humana e para a toda a Terra, embora nem todo mal seja o próprio pecado. A enfermidade, por exemplo, não é o pecado (mal), embora a enfermidade seja um mal como consequência do pecado. Já o Senhor é bom em Sua Altíssima natureza (Salmo 107.1).

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E Jesus, ensinando sobre a natureza humana, disse que o homem não é bom, mas somente Deus é bom (Mateus 10.18).

A moral carrega o significado relativo ao comportamento. A moral é o conjunto de regras de conduta entendidas como válidas, para qualquer tempo ou lugar.

Os valores particulares étnicos se diversificam nos critérios da moralidade. Contudo, na regra geral, a moral apregoa que o homem não é essencialmente bom; é, portanto, moralmente mau. Daí, a construção de normas de conduta para cada grupo social.

Desde os primórdios a prática da violência, guerra, ódio e a incredulidade caracterizavam as gerações pós Éden. A realidade decadente da raça humana se verificou assim: a expansão do mal evidenciava a degeneração humana. A Bíblia diz: “Eles me cercam com palavras de ódio, e pelejam contra mim sem causa” (Salmo 109.3). Ainda: “Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Romanos 3.12). Outro registro sagrado: “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um” (Salmo 14.3). O que prevalecia de forma crescente era o individualismo e o egoísmo. O processo de degradação espiritual se tornou constante e irreversível. Além de tudo, o não reconhecimento do homem de seus erros e sua total incapacidade de libertarse por si mesmo, levou Deus a agir de forma radical a fim de anular o pecado, o principal motivo da expansão da maldade humana.

Hamartiologia

Etimologia e definição Hamartiologia (do grego transliterado hamartia =

erro,

pecado

+ logos =

estudo), estudo sobre o pecado, considerando: origens e consequências.

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O termo “hamartia” tem, na sua etimologia grega, o sentido de “errar o alvo”. Portanto, o estudo acerca do pecado, como ato, estado ou condição, sugere que é um desvio do fim ou modo estabelecido por Deus. Hamartia como "pecado", no sentido judaico-cristão, refere-se à natureza do mal e na relação de Deus com o homem.

A palavra pecado surge centenas de vezes nos textos bíblicos como forma de revelar o aspecto existencialmente dinâmico do mal na raça humana. Se desconsiderar ou omitir as verdades a respeito do pecado, anula o verdadeiro sentido da cruz, anulando a obra redentora de Cristo, o mesmo que tira (anula) o pecado do mundo (João 1.29).

As línguas originais da Bíblia, o hebraico e o grego, têm vários significados interessantes. Fundamentalmente, pecado no hebraico é descrito como "chattath" e no grego é "hamartia" – palavras que dão a ideia do "mau moral", mas que, essencialmente, significam "errar o alvo". Entende-se, então, que o homem foi criado com um “alvo” específico, mas ao pecar, perdeu esse alvo (propósito). O pecado, quando definido como “errar o alvo”, é tal como um arqueiro que atira, mas erra o seu objetivo. Da mesma forma, a pessoa humana erra o alvo quando a direção é a vida e faz opção por caminhos que a levam à morte. Vamos às expressões bíblicas que definem este princípio em outros termos.

Pecado é:

- Tortuosidade: Provérbios 2.13; - errar o caminho: Isaías 53.6; - falta: Daniel 5.27; - mentira: Salmo 101.7 e Salmo 58.3.

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Alguns textos do Novo Testamento explicam o conceito do pecado nas seguintes perspectivas: - Abrangência: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3.23); - resistência na desobediência: “Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia” (1 João 3.4); - escravidão: “Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (João 8.34); - transgressão: “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1 Timóteo 2.14); - dívida: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6.12); - iniquidade: “Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade” (1 João 3.4).

Origem do pecado O pecado original é uma das primeiras revelações nas Sagradas Escrituras. Embora se tratando de uma das doutrinas fundamentais das Escrituras, o pecado ou o pecado original não é um assunto relevante em muitos círculos acadêmicos da teologia moderna. Para não ofender as “sensibilidades” de membros, muitos pregadores evitam falar em pecado de forma direta e realista. Mas se não existe pecado, o homem não herdou nenhuma natureza pecadora. Se não existe natureza pecadora, não há necessidade de redenção do pecado. Logo, não há necessidade do Cristo crucificado.

A negação da doutrina do pecado mantém o homem refém dos seus erros. Portanto, não traz resposta nem esperança aos que padecem dores, enfermidades, angustias e morte.

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Os cristãos autênticos creem na existência do pecado. Creem que foram originados na desobediência das determinações divinas no Éden. A origem se deu na escolha do homem. O apoio está na verdade revelada pela Palavra de Deus quando diz: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Romanos 5.12). O pecado original foi um ato de desobediência de Adão e Eva (Gênesis 3.6). O primeiro homem, como representante da raça humana, corrompeu toda a humanidade ao transgredir a lei de Deus: “O Senhor Deus ordenou ao homem: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, pois no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gênesis 2.16,17).

A mulher, dando ouvidos à serpente, comeu do fruto da árvore proibida e cometeu o primeiro pecado da humanidade. A semente gera semente da mesma espécie. Os seres humanos, sementes de Adão, herdam a natureza pecaminosa. Assim, "por um só homem entrou o pecado no mundo, pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". Leia: Gênesis 2.16-17; 3.1-6; Romanos 3.23; 5.12.

Os responsáveis pelo pecado no Éden Antes da queda do homem, a ganância de Lúcifer já era uma realidade. A Bíblia revela que Deus criou um grande número de anjos: “Só tu és SENHOR; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora” (Neemias 9.6).

Deus criou os anjos perfeitos, porém, Lúcifer e as legiões de seus seguidores se rebelaram contra Deus. O livro de Ezequiel registra que ocorreu uma queda no mundo angélico dos anjos que se apartaram de Deus (Ezequiel 28.11-19).

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O Senhor Jesus certa vez disse: “E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu” (Lucas 10.18). Jesus também fala acerca do Diabo dizendo ser ele homicida desde o princípio. O apóstolo João diz que o “diabo peca desde o princípio” (1 João 3.8). A ambição de Lúcifer era a de ser semelhante a Deus (leia: Isaías 14.12-15). O texto no livro de Ezequiel diz: “Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti” (Ezequiel 28.14-15). As expressões atribuídas a Satanás, como: “astúcia” e “ciladas” indicam estratégias malignas em anular a fé em Deus. Astúcia, cilada, engano, sutilezas foram argumentos utilizados pelo inimigo que, por sua vez, derrubaram o primeiro casal no Éden e ainda hoje derrubam os desavisados. A Bíblia diz: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia…” (2 Coríntios 11.3). E, ainda: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possam estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Efésios 6.11). O apóstolo Paulo fala aos crentes em Colossos: “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Colossenses 2.8). O apóstolo Paulo advertiu a Timóteo no sentido de que nenhum neófito fosse designado bispo sobre a casa de Deus “...para não suceder que se ensoberbeça e caia na condenação do Diabo”. O pecado de Lúcifer foi a soberba e o desejo de se igualar a Deus. E lá no fim, em Apocalipse 12.9, surge novamente “a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás”, mas para ser derrotado em batalha pelo arcanjo Miguel.

Mas a morte do homem veio pelo próprio homem, apesar da influência do maligno. A Bíblia diz: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram” (Romanos 5.12).

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Leia também: 1 Coríntios 15.21. O homem é o principal responsável pelo erro no Éden. Sendo que, a serpente foi a agente indutora da queda. Sobre a indução maligna, a Bíblia relata este episódio. É importante ler este texto com atenção: “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito.

E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.

E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gênesis 3.1-6).

A primeira mulher, Eva, soube do mandamento de Deus através de Adão, pois Deus não havia falado com ela sobre esta ordem proibitiva (leia sobre esta ordem proibitiva divina em Gênesis 2.16,17).

Desta forma, Eva não estava na autoridade para discutir com a serpente sobre o assunto do fruto proibido. Na verdade, ela deveria encaminhar o assunto ao seu marido, justamente ele era quem deveria decidir sobre a intromissão da serpente no Jardim, o que não ocorreu. Eva foi a primeira a pecar ao desrespeitar a determinação de Deus e, neste contexto, desconsiderou também a autoridade do marido.

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Conceitos errados sobre o pecado

Ateísmo O significado de ateísmo é a negação ou a falta da crença na existência de Deus. O termo vem do prefixo grego “a” significando ausência, e da palavra grega

“theos”,

significando

divindade.

O ateísmo possui

implicações

comprometedoras quanto à responsabilidade da condição humana. Com a ausência da crença num deus, as questões éticas e morais se tornam subjetivas, convenientes e, consequentemente, questionáveis. Fica a pergunta: quem assume a responsabilidade das ações, das consequências e do destino?

Prevalecer o juízo do homem nesta responsabilidade é o mesmo que fazer conveniências e, das subjetividades, a instância maior em todas as coisas – o que é altamente temerário.

Ao negar a existência de Deus, o ateísmo nega também o pecado, porque todo pecado é contra Deus; e se não há Deus, não há pecado. A Bíblia diz: “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus...” (Salmo 14.1).

Hedonismo Esta teoria sustenta que o mais proveitoso que existe na vida é a conquista do prazer e a fuga da dor. A pergunta que se faz não é: “Isto é correto?”, mas: “Trará prazer?”. Os adeptos do hedonismo se acomodam nas seguintes expressões: “Errar é humano!”; “O que é natural é belo e o que é belo é direito”. Estes argumentos ofuscam a linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado. A Bíblia diz: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!” (Isaías 5.20). Diante de uma geração com tendências hedonistas, pense neste texto!

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Gnosticismo O Gnosticismo ameaçava a Igreja primitiva durante os primeiros séculos (leia: Colossenses 2.8). A teoria gnóstica tirou do pecado seu caráter voluntário como é apresentado na Bíblia. Influenciado por filósofos como Platão, o gnosticismo ensina que a matéria é essencialmente perversa. Acreditam também que a salvação das almas é possível mediante a libertação do corpo, que é mau, através de um conhecimento (gnose em grego) secreto. Os gnósticos não acreditam na salvação por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo (leia: 1 Tessalonicenses 13-18). Ademais, não acreditam em anjos, nos demônios e nem no pecado original.

A teoria da relação sexual no Éden A simplicidade da narrativa do Gênesis – comer um fruto que provocou a desobediência, condenação e morte – levam muitos a construírem várias versões sobre o pecado original. Uma delas é a versão que houve relação sexual no Jardim, entre Adão e Eva ou entre Eva e a serpente. Consideram um “fato real” escondido numa metáfora. Para estes, comer o fruto foi um conto simbólico.

A Bíblia não confirma e não dá, ao menos, nenhum indício subliminar destas teorias. Textos bíblicos mostram claramente que o sexo não foi o pecado original. A sexualidade foi dada ao primeiro casal e com um propósito antes da queda. A Bíblia diz: “Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra...” (Gênesis 1.28). Antes do pecado, a sexualidade no primeiro casal já existia em sua natureza humana. Em outro registro bíblico Deus dá a sua opinião a respeito da sexualidade humana por Ele criada: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom...” (Gênesis 1.31).

Confundir pecado original com sexo no Éden é distorcer a verdade.

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O historiador francês Le Goff, dizia que a doutrina do pecado original na Idade Média teria contribuído para aumentar o poder de controle da Igreja sobre a vida sexual das pessoas.

No episódio do Éden houve o comer do fruto, porém, não teve motivação alimentar. A concupiscência incontrolável dos sentidos: agradável aos olhos, boa para comer e desejável – Gênesis 3.6 – não tem ligações com a fome ou falta de alimento no Éden. As heresias que se constroem são ardis para esmaecer o intento de Lúcifer de se igualar a Deus. A cobiça do primeiro casal refletiu a cobiça de Satanás. Leia: Gênesis 3.5; Isaías 14.14.

Culpar Deus como autor do pecado A entrada do pecado no mundo foi ação distinta da pessoa de Deus. Ao interpretar que Deus foi o coautor ou responsável do pecado é demonstrar espírito maligno; demonstra indução maligna e capciosa e distorcido entendimento bíblico. Jogar a responsabilidade dos próprios erros nos outros é tão antigo quanto o cinismo do homem. Foi neste episódio que Adão iniciou a atitude da transferência de responsabilidades do erro cometido para outra (Eva): “Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gênesis 3.12). Eximir-se da responsabilidade de erros e transferi-los a alguém é um pecado tão antigo quanto cínico.

A livre entrada da serpente no Jardim leva alguns também a não entender a antiga tática de invasão satânica. A intromissão em assuntos não correspondentes à sua atribuição tem sido uma caraterística de satanás em subverter a soberania divina. A Bíblia diz: “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? ” (Gênesis 3.1).

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Perceba que a serpente se intromete no espaço que não lhe pertencia. Ela o invade a fim de colocar dúvidas e trazer confusão na mente de Eva. A ordem de Deus não era proibitiva para todas as árvores, mas, sim, uma só árvore era proibida. Eva caiu fácil no espírito do engano. Leia: Atos 13.10.

A entrada (sem convite) da serpente no Jardim do Éden, não ocorreu como sendo a primeira vez. Esta intromissão já havia ocorrido. Em Jó 1.6 diz: “E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles”

O diabo entra sem ser chamado e mata, rouba e destrói. Leia: João 10.10.

Há também os que questionam sobre a proximidade da árvore cujo fruto era proibido (bem ao alcance do primeiro casal). Isto também demonstra desconhecimento do caráter de Deus. Este argumento é maligno e capcioso (leia: Gênesis 3.1). A questão não está na geografia, mas, sim, na questão da escolha do mal. A prerrogativa da escolha se estabelece quando existem linhas de opções. Ao contrário disto, o livre arbítrio se torna nulo, sem razão de existir. Não há livre-arbítrio se não existir elementos optativos para levar à decisão. A Bíblia mostra textos que se alinham diretamente ao livre-arbítrio e o alerta nisto: “Não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda...” (Josué 1.7). “Escolhei hoje a quem sirvais…” (Josué 24.15). “Escolhi o caminho da verdade” (Salmo 119.30).

Sobre a pessoa de Deus, o que falta ao homem é temer e se curvar diante da Sua soberania. Deus é soberano e a Sua soberania é inquestionável.

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Portanto, Deus é:

- Amor: 1 João 4.8; 1 João 4.16. - Bom: Marcos 10.18; Salmo 145.9. - Fonte da boa dádiva: Tiago 1.17. - Santo: Isaías 6.3. - Reto: Deuteronômio 32.4; Salmo 92.16. - Deus não pode ser tentado pelo mal. Deus não tenta a ninguém: Tiago 1.13. - Deus rejeita o pecado: Deuteronômio 25.16; Salmo 5.4 11.5; Zacarias 8.17 e Lucas 16.15. - Deus salva por amor: João 3.16.

Características do pecado

Ação Ação é o ato de caminhar ou fazer qualquer outro movimento que requer tanto a intenção quanto o movimento.

A consumação do pecado pode ser entendida por transgressão de mandamentos e das ordens proibitivas de Deus (Êxodo 20). A intenção ou ação consumada são os pecados que envolvem algum tipo de decisão contrária às deliberações divinas. A intenção leva a decidir, o que pode ser considerada como disposição para ação. Isto também é pecado. Leia: Salmo 64.5; Mateus 5.28.

Intenção A intenção é a ação em estado latente. A intenção já caracteriza o pecado, mesmo não havendo o realizar. Se a intenção não foi concretizada, o desejo já está corrompido e se instalou. Tiago explicou bem isto usando o termo “concupiscência”:

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“Depois, havendo a concupiscência concebida, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1.15); “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mateus 5.28).

Concupiscência O significado de concupiscência é um forte desejo de fazer algo que desagrada a Deus ou ter coisas de uma forma que desagrada a Deus. Qualquer desejo, cobiça ou anseio por fazer ou ter coisas que são pecado e desagradam a Deus estão relacionadas com o significado dessa palavra. A concupiscência é apresentada na Bíblia como pertencente ao “mundo”: "Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não são do Pai, mas do mundo" (1 João 2.16).

Omissão A omissão é deixar de fazer algo que deveria ser feito. Falta de ação no cumprimento do dever. Neste contexto, é deixar de fazer o que Deus ordena (leia: Tiago 4.17). Não agir quando se esperaria que fizesse, é falha em fazer algo que poderia e deveria ser feito. Se a pessoa sabe de seu poder e dever de agir e não faz, falha nos alvos que Deus determinou. O referido texto de Tiago é claro nisto.

Mentira A mentira é a sombra do pecado; onde o pecado anda, a mentira se projeta. É o caso da história do Gênesis. A serpente desempenha o papel de um malandro enganador.

Ela seduz a mulher verbalmente para quebrar o mandamento de Deus e comer do fruto proibido. A serpente é a "mais esperta do que qualquer uma das criaturas do campo que o Senhor Deus tinha feito" (Gênesis 3.1).

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No livro do Apocalipse, Satanás é chamado de "a serpente antiga" (Apocalipse 12.9, 20.2), isto é, a mesma citada em Gênesis. Assim, a serpente é o próprio Satanás que incorpora o animal e usa suas astúcias. A mentira foi a arma utilizada na queda. Certa vez Jesus disse: “Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira” (João 8.44).

Efeitos do pecado

Após a queda o homem entra na condição de perdido, resultando em vários efeitos. Isso faz com que ele absolutamente impossibilitado por suas próprias forças saia dessa situação.

Expulsão do paraíso A Bíblia diz: “O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3.23-24). A expulsão do Jardim do Éden mostra a atitude de Deus na rejeição, sobretudo, pelo pecado cometido.

Mudança para o corruptível O propósito de Satanás foi o de atingir a perfeição de Deus ao desfigurar a imagem e a semelhança de Deus no próprio homem. A imagem e semelhança de Deus fora desfigurada com o pecado. A Bíblia diz: “E mudaram a glória do Deus

incorruptível

em

semelhança

da

imagem

de

homem

corruptível” (Romanos 1.23).

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Sendo o homem a “projeção” da perfeição divina, tocá-lo foi a única forma que o maligno encontrou para atingir a perfeição de Deus, uma vez que lhe era impossível atingir o Soberano Deus de outra forma.

Desonra A honra é para quem despreza a maldade. A conduta virtuosa, integridade pessoal, reputação e fama também colocam o indivíduo em posição privilegiada.

A desonra é a condição oposta. A desonra é a humilhação de quem poderia estar num patamar superior. Salomão, certa vez, disse: “Quando os ímpios se multiplicam, multiplicam-se as transgressões, mas os justos verão a sua queda” (Provérbios 29.16). O apóstolo Paulo disse: “Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si. Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém” (Romanos 1.24,25).

Ruy Barbosa, além de político, foi um notável orador, estudioso da Língua Portuguesa e membro fundador da Academia Brasileira de Letras.

Como representante do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia (1907), notabilizou-se pela defesa do princípio da igualdade dos estados. Sua atuação nessa conferência lhe rendeu o apelido de: "O Águia de Haia". A magistral ironia de Rui Barbosa foi proposital: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimarse da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

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Escravidão A escravidão foi um período de extrema crueldade para os negros africanos. Portugueses, espanhóis e ingleses superlotavam os porões de seus navios, colocando negros à venda de forma desumana e cruel por toda a América.

No Brasil, a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888 extinguiu a escravidão.

A história da escravidão no pecado é um fato bem mais cruel. Diferente dos negros africanos, todos os homens, sem distinção de raça ou geografia, e sta vam e a inda e stã o sob a condição de “escravos” até a morte: “Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (João 8.34). Vale lembrar que nenhum governante consegue colocá-lo em liberdade. Não é a tinta de caneta de algum soberano que absolve o homem do pecado.

O livramento do homem da escravidão do pecado exigiu o derramamento do sangue inocente do filho de Deus: “Sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9.22). E Jesus afirmou: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.36).

Enfermidades A doença é considerada como sendo o oposto à saúde: é aquilo que causa uma desarmonização no sujeito, seja a nível molecular, corporal, mental, emocional ou espiritual. Uma doença não influencia somente o indivíduo, mas todas as pessoas que estão em contato com ele (família, amigos, etc.). Além disso, ela não tem apenas consequências biológicas, mas sociais, como por exemplo, isolamento e preconceito. A Bíblia diz: “Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo” (Isaías 1.6).

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Todos os descendentes de Adão, herdeiros de uma natureza pecadora, receberam a limitação física, o que sugere que Adão e Eva tinham vigor físico no Éden. Após a expulsão, vieram, além das limitações físicas, enfermidades e morte.

Morte Não é muito simples determinar o exato momento da morte; não é um acontecimento imediato. Para a ciência a morte ocorre a partir de um sequenciamento de fenômenos gradativos nos diversos órgãos e sistemas do organismo que mantêm a vida. Pode-se dizer que houve morte, se houver lesões irreversíveis em todo o encéfalo.

Na Bíblia o conceito de morte é mais amplo. Entende-se como separação. A Bíblia também faz a distinção entre a morte física e a morte espiritual. Adão e Eva morreram espiritualmente no sentido de que foram separados da presença de Deus. Quando Deus disse a Adão que não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, Ele revelou que a consequência da desobediência seria a morte (espiritual) no mesmo momento do pecado (leia: Gênesis 2.17). Adão ainda viveu em seu corpo físico por 930 anos, mas morreu.

É possível estar vivo ou morto fisicamente, vivo ou morto espiritualmente. Analise estes aspectos nos seguintes textos: “E o pó volte à terra, como o era...” (Eclesiastes 12.7); ”... entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração” (Efésios 4.18); “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito” (1 Pedro 3.18); “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (Romanos 8.13).

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Características do homem separado de Deus

Incredulidade Cabe aqui diferenciar os seguintes termos: incredulidade e dúvida.

Incredulidade é a recusa deliberada em crer; rejeitar o que é verdadeiro. É também a recusa na confiança em Deus, nas Suas obras e nos Seus propósitos (leia: Mateus 13.58; Hebreus 3.19; Romanos 11.23). As Escrituras quando se referem à incredulidade têm o seguinte registro: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6). Diferente de incredulidade do ímpio que é um posicionamento deliberado da recusa do entendimento da verdade. Leia: João 3.18.

A dúvida não é tão nociva (em determinados aspectos) quanto à incredulidade do ímpio. A dúvida pode ser considerada uma simples indecisão.

No caso de Tomé, trata-se de um entendimento parcial da verdade. Tomé teve dúvida sobre a pessoa de Jesus, mas teve a seguinte reação do Mestre: “Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente” (João 20.27). Houve a advertência de uma incredulidade, mas também houve a tolerância de Jesus que entendeu a dúvida de Tomé. Desta forma, ele completou o entendimento da verdade para o Seu discípulo. Em outra oportunidade, Jesus segurou a mão de quem teve dúvida na forma de medo: “E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mateus 14.31). Neste texto a dúvida é entendida como resultado de um sentimento de medo ou fraqueza, o que mereceu a ajuda de Jesus a fim de fortalecer a fé.

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Desobediência Uma definição simples: desobediência é a recusa no cumprimento de ordens. A desobediência inicia com a tendência, entendida como inclinação. Em todos os crentes a inclinação é um fato. O próprio apóstolo Paulo reconheceu isto nele: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (Romanos 7.19). O apóstolo conseguia viver à altura dos princípios espirituais que ele pregava, contudo, a inclinação existia e é uma constante; sempre vai existir em todos.

Entregar-se à inclinação é o que leva à desobediência, identificado pelo apóstolo assim: “Porque os que são segundo a carne se inclinam para as coisas da carne; mas os que são segundo o espírito para as coisas do espírito..., Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Romanos 8.5-9).

Isto mostra que, apesar da inclinação natural, é possível não se submeter à desobediência pelas ações da carne. As duas naturezas – espiritual e carnal – estão em luta, e luta permanente! Uma delas assume o controle. Uma das duas naturezas assume completo domínio. Somente a obediência a Deus determina a superação da inclinação natural: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2.10).

Rebelião Em Política, as rebeliões são consideradas como contestações subversivas da ordem vigente, nem sempre legítimas. Como também pode ser definida como processo político-militar em que um grupo de indivíduos decide não mais acatar ordens ou a autoridade de um poder constituído. É preciso que haja um poder contra o qual se rebelar. No caso dos anjos, houve rebelião ilegítima e gananciosa contra Deus. Leia: Isaías 14.14; Josué 22.18; Isaías 1.2.

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A Bíblia define, de forma grave, o pecado de rebelião: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria...” (1 Samuel 15.23). A Bíblia adverte: “Para que hoje deixais de seguir o Senhor? Será que vos rebelando hoje contra o Senhor, amanhã ele se irará contra toda a congregação de Israel” (Josué 22.18); “Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o Senhor tem falado: Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim” (Isaías 1.2).

Esconder A primeira reação com o pecado original foi a auto exclusão do casal da presença de Deus: “E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim” (Gênesis 3.8). O medo de Deus também pode ser entendido na forma de “esconder”.

Escudos O ateísmo tem nas suas interpretações teóricas muitos significados, muitas vezes, tidos como escudos inconscientes a fim de não possibilitar confrontos com o próprio pecado ou com a pessoa de Deus. A arrogância e a autossuficiência se formam como escudos. A Bíblia diz: “Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do Senhor, e fazem as suas obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? E quem nos conhece? ” (Isaías 29.15).

Violência Caim, o primeiro homem nascido de mulher, foi o primeiro assassino na história humana. Caim matou seu próprio irmão Abel. A Bíblia diz: “E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou” (Gênesis 4.8). A Bíblia também diz: “A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência” (Gênesis 6.11).

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Desde então, a violência tem sido constante e a criminalidade hoje já está em ocorrências insuportáveis e dramáticas. A Bíblia diz: “A boca do justo é fonte de vida, mas a violência cobre a boca dos perversos” (Provérbios 10.11).

Corrupção Corrupção é o ato de oferecer algo para obter vantagem que, por sua vez, favorece uma pessoa e prejudica outra. É tirar vantagem do poder atribuído. "Corrupção" vem do latim corruptus, que significa "quebrado em pedaços". O verbo "corromper" significa "tornar-se podre". A corrupção é crime no Brasil.

A corrupção humana se multiplicou por toda a terra. Antigamente o castigo de Deus pelo dilúvio não impediu a prática crescente deste mal. A Bíblia diz: “A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo” (Tiago 1.27).

Rejeitar a verdade O Senhor Jesus experimentou o maior sentimento de rejeição. A Bíblia diz: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1.11); “Ainda não lestes esta Escritura: A pedra, que os edificadores rejeitaram, esta foi posta por cabeça de esquina” (Marcos 12.10). Leia: Salmo 118.22.

Ingratidão Não há como separar a gratidão da glorificação; ambos estão interligados. Ingratidão é a característica de quem não reconhece o bem que lhe fora oferecido, nem a ajuda que lhe foi concedida. A Bíblia diz: “... nem lhe deram graças" (Romanos 1.21). Recebemos inúmeras bênçãos de Deus diariamente. E glorificá-Lo é o enaltecimento com consciência e reconhecimentos.

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Deus não é vaidoso para receber apenas “glórias” verbais. Deus espera que, nas “glórias verbais” humanas que a Ele conferimos, haja, sobretudo, o reconhecimento da Sua benevolência diária, além do reconhecimento da soberania sobre tudo e sobre todos.

O rei Nabucodonosor estava no seu palácio admirando seu reino, quando fez a pior declaração que poderia fazer: “Não é esta a grande babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência? ”. Nisto veio sentença: “A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino. E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer” (Daniel 4.30-32). Nabucodonosor não reconheceu que tudo quanto recebera e tudo o que havia em seu reino era proveniente do Deus criador. Assim como o rei Nabucodonosor, que virou boi durante sete anos, porque não atribuiu a Deus a glória, Herodes foi comido pelos vermes pela mesma razão: “E no mesmo instante feriu-o o anjo do Senhor, porque não deu glória a Deus e, comido de bichos, expirou” (Atos 12.23). É oportuno aludir ainda: “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu” (Romanos 1.21).

Insensatez O bom senso é confundido com senso comum, sendo, muitas vezes, o seu oposto. O senso comum pode refletir uma opinião com preconceitos. O bom senso é a capacidade do indivíduo de distinguir a melhor conduta em situações específicas.

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A Bíblia diz: “O que confia no seu próprio coração é insensato; mas o que anda sabiamente será livre” (Provérbios 28.26). Neste texto, a sabedoria pelo Espírito livra da insensatez.

Reações de Deus diante do pecado

A ira A ira de Deus não é emocional, assim como ocorre no ser humano. A ira de Deus leva à ação de sentença condenatória de justiça. A Sua ira é também indignação contra o pecado. A Bíblia diz: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira (sentença) de Deus sobre ele permanece” (João 3.36); “Pelas quais coisas vêm à ira (sentença) de Deus sobre os filhos da desobediência” (Colossenses 3.6); “Pelo que se acendeu a ira (indignação) do Senhor contra o seu povo, de modo que abominou a sua herança” (Salmo 106.40).

O ódio O ódio de Deus não é semelhante à emoção humana. Ódio é o contrário de amor. Se Deus é amor, logo, nEle não existe ódio. Então... Como entender este “ódio” de Deus? Em algumas traduções está descrito: “detesta”, o que não muda a essência do seu significado. Provérbios diz: “Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que

semeia

contendas

entre

irmãos”

(Provérbios

6.16-19).

O ódio de Deus, neste texto, é um antropomorfismo que transfere um exemplo de rejeição que deve ser seguido pelo homem.

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O ódio de Deus é um antropomorfismo na medida em que ensina como o homem deve rejeitar (odiar) interiormente o pecado.

Rejeitar o pecado é rejeição que vem de dentro, da alma. Jesus ensinou este princípio de rejeição ao pecado falando aos fariseus: “Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora

realmente

parecem formosos,

mas

interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia” (Mateus 23.26-27). Odiar (rejeitar) o pecado deve ser um ato tanto externo (comportamento) quanto interno (no sentimento), e em forma de rejeição. Deus também pode odiar o pecador. A Bíblia diz: “Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade” (Salmo 5.5); “O Senhor prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma” (Salmo 11.5). Deus odeia o pecado e odeia o pecador pela imanência no pecado. Deus há de vomitar do “estômago” os mornos (leia: Apocalipse 3.16). O ódio de Deus é remetido na cruz em sentimento absoluto de amor. Leia: João 3.16.

O abandono "Deus os entregou à imundícia" (Romanos 1.24). Esta reação por parte de Deus significa que Ele entrega à escravidão dos sentimentos pecaminosos, uma vez que o próprio homem se fez escravo deliberadamente. Deus entrega à imundícia, não por que quer, mas porque houve outra preferência anterior à vontade de Deus, da parte do homem.

"Deus os entregou às paixões infames" (Romanos 1.26). O texto diz que, o homem sem Deus se torna vítima dos apetites e paixões. A “entrega” de Deus não é omissão, mas, sim, considerar o homem na sua própria autonomia e escolhas.

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"Deus os entregou a um sentimento perverso" (Romanos 1.28). Deus não interfere quando a opção prevê os próprios sentimentos em detrimento ao conhecimento de Deus: “E assim como eles rejeitaram o conhecimento de Deus, Deus, por sua vez, os entregou a um sentimento depravado, para fazerem coisas que não convêm” (Romanos 1.28).

Deus cria o mal Vamos entender uma questão importante neste contexto, a saber: Deus cria o mal. A Bíblia diz: “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (Isaías 45.7). Este texto tem sido difícil para interpretação de alguns. Realmente é polêmico, mas está na Bíblia. Não é tão difícil assim entendê-lo. Vamos simplificar o mal que Deus cria na seguinte perspectiva: Vem das Suas ações de justiça que determinam castigo ou condenação decorrente de práticas ilegais ou essencialmente malignas.

Entenda: o conceito de justiça de Deus está intrinsicamente ligado à proporção do delito. O ato de justiça de Deus, ou fazer justiça, como ação punitiva, significa dar (a cada um) o que merece. Isto se refere à questão da penalização decorrente do erro. A justiça de Deus, certamente entendida como ação punitiva, é aquilo pelo qual Deus faz na igual medida e na proporção da transgressão cometida. A Bíblia diz: "E não pagará ele ao homem segundo as suas obras?" (Provérbios 24.12).

Este texto não só explica o conceito de Deus criador do mal, como também explica as medidas impetradas com as pragas do Egito, a destruição de Sodoma e Gomorra e, até mesmo, a condenação humana para a morte. Em Romanos 6.23 diz: “Porque o salário do pecado é a morte”. Se houve erro humano, Deus retribui o “mal” na mesma medida da gravidade do erro. Portanto, é nesta perspectiva de entendimento que Deus cria o mal, ou seja: justiça punitiva ou corretiva. Em Hebreus 12.6 confirma isto: “Pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho”.

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A condenação O significado de condenar é declarar culpado (de algum erro, crime etc.…). Deus declarou a condenação para a raça humana em dois tempos distintos: presente e futuro. Tempo presente: Em João diz: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (João 3.18). Isto se refere à condição humana de pecador desde o erro do Jardim do Éden que se mantém sempre presente na pessoa humana. Leia: Romanos 5.12. Tempo futuro: Em Marcos 16.16 diz: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. Esta condenação se refere, especialmente, ao julgamento do grande trono branco descrito em Apocalipse, o livro que narra os últimos acontecimentos na Terra. A Bíblia diz: “E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20.11-15).

O motivo da salvação

Amor A mais profunda necessidade que nós temos é a de sentirmos amados. Logo, a maior revelação da Bíblia é que Deus é amor. O homem tem muitas suposições e teorias sobre Deus.

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Todos os ídolos no mundo e todas as imagens feitas pelo homem são produto da imaginação do homem, que acha que Deus é um aterrador ou um severo. Ele pensa desta ou daquela maneira. O homem está sempre tentando analisar e investigar a pessoa de Deus, mas Deus é inacessível e inatingível. Ao mesmo tempo Ele se faz conhecer pela Sua maior obra: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Outro texto diz: "Mas Deus provou o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5.8). Deus redime o homem mediante Seu sublime amor, mesmo mostrando ainda indignado pela ira e pelo ódio em circunstâncias que ocorrem por meio do pecado.

Deus em amor, graça, misericórdia e perdão providenciou a redenção. A redenção foi planejada antes que o homem chegasse a existir. Está escrito que Cristo é “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13.8).

A redenção é anunciada A oportunidade de salvação é a prova que a rejeição de Deus não fora absoluta, mas circunstancial. Os termos salvador e redentor são tratados como sinônimos, sendo que, redentor é um termo mais específico. A ideia de redimir é o de livrar, libertar ou comprar de volta (resgatar). Em Êxodo 6.6 diz: “Portanto dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, e vos livrarei da servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes juízos” (Salmo 77.15). Este texto fala do Deus Redentor: "Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José". Isaías, o profeta da linguagem da salvação, alude ao Senhor que redime o povo (Isaías 41.14; 43.14; 48.17). No Novo Testamento, Jesus diz que veio para "dar a sua vida em resgate por muitos" (Mateus 20.28). O resgate custou um preço altíssimo! Pedro diz que nós “não fomos resgatados com ouro ou prata, mas com o precioso sangue de Jesus” (1 Pedro 1.18-19).

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Nas Escrituras Deus é descrito como Salvador: "Deus é o meu escudo; ele salva os retos de coração" (Salmo 7.10); "Agora, sei que o SENHOR salva o seu ungido" (Salmo 20.6a); "O nosso Deus é o Deus libertador; com Deus o SENHOR, está o escaparmos da morte" (Salmo 68.20).

Em Jeremias 30.11 diz: "Porque eu sou contigo, diz o SENHOR, para salvarte".O livro de Isaías, o profeta messiânico, enfatiza o papel de Deus como Salvador: "Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti" (Isaías 43.3); "Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há salvador" (Isaías 43.11); "Pois não há outro Deus, senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim" (Isaías 45.21b); "Todo homem saberá que eu sou o SENHOR, o teu Salvador e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó" (Isaías 49.26b).

No Novo Testamento o cântico de Maria anuncia o Salvador: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador" (Lucas 1.46-47). O anjo que apareceu aos pastores anunciou: "... é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lucas 2.11).

Jesus é a salvação A proposta de vida (e vida eterna) é oferecida a todos mediante o “último Adão”, Jesus Cristo (1 Coríntios 15.45). Jesus veio ao mundo em forma de homem, nasceu de mulher, mas foi gerado pelo Espírito Santo de Deus. Cresceu e viveu como homem comum. Jesus entregou Sua vida. Ele morreu em nosso lugar, e o Seu sangue derramado na cruz é o que purifica os nossos pecados.

A anulação da morte e a restituição da vida são pontuadas do Gênesis ao Apocalipse, onde se verificam absoluta ancoragem na vida e nas obras de Jesus Cristo. Leia: Gênesis 3.15; João 10.10; 1 Coríntios 15.14,55; Filipenses 2.6-8; Apocalipse 21.6, 22.20.

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A Bíblia diz: “... também a ressurreição dos mortos veio por um homem” (1 Coríntios 15.21); “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra” (Filipenses 2.10); “Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus” (1 João 4.15); “Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai” (1 João 2.23); “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.5); “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3.17).

A salvação em Cristo muda o senhorio A salvação muda o senhorio: do pecado para o senhorio de Deus (Romanos 6.18,22). A sujeição a Deus não aprisiona ninguém. Em Gálatas diz: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocarvos debaixo do jugo da servidão” (Gálatas 5.1). O grande: “Ide...” Jesus Cristo nos seus últimos momentos com Seus discípulos na Terra deu ênfase à necessidade de anunciar as boas novas de salvação. A ordem foi: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15); e, também: “… fazei discípulos de todas as nações… ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mateus 28.19,20).

O plano da salvação rigorosamente se concretiza ao anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. Anunciar a salvação mediante a obra da cruz do calvário é um projeto entregue para a responsabilidade da Igreja. Deus deu essa honra aos Seus discípulos. Embora o fato de ter sido entregue aos discípulos não faz da pregação uma tarefa meramente humana.

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Cristo disse que é o Espírito quem convence o mundo (as pessoas) do pecado, da Justiça e do juízo (João 16.8). A tarefa da Igreja na salvação está atrelada na pregação; já o trabalho do convencimento é tarefa do Espírito Santo. Nisto se impõe a necessidade do pregador se preparar espiritualmente para a pregação do Evangelho. Desta forma, Jesus não deixou dúvida da fonte de onde emana o poder que credencia a pregação do evangelho. Disse Jesus: “… recebereis o poder do Espírito Santo que há de vir sobre vós e ser-me-eis testemunhas” (Atos 1.8). Recomendações para quem vai cumprir o “Ide” O apóstolo Paulo na sua segunda carta a Timóteo ensina alguns valores para quem vai desempenhar a obra de anunciar a salvação de Jesus. O apóstolo considera o pregador como soldado, atleta, lavrador (2.3-13). Ensina que o servo precisa ser bem treinado e disciplinado para que possa alcançar os alvos de Deus. Na condição de soldado, terá que sacrificar certos confortos e seus próprios desejos para conquistar o objetivo do seu capitão. Como atleta, deverá seguir regras, sacrificando a sua liberdade para receber o prêmio. E como lavrador, terá que trabalhar duro com muita paciência, para depois receber o fruto (2.3-7). O magistral texto a Timóteo diz: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).

Outros textos que ensinam em como pregar o Evangelho de salvação:

- Seja um exemplo de vida. Leia: Tito 2.8. - Conheça as estratégias do inimigo. Leia: 2 Coríntios 2.11. - Estude a palavra e esteja preparado. Leia: 2 Timóteo 2.15. - Ore. Leia: Efésios 6.18. - Ore por mais obreiros. Leia: Mateus 9.38.

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O CONCEITO DE SALVAÇÃO NA TEOLOGIA PÓS-REFORMA

Predestinação Predestinado, quer dizer: “destinado de antemão”. Neste contexto, algumas perguntas são inevitáveis. Há um futuro individual para cada ser humano? O homem, ao nascer, já está predestinado ao céu ou ao inferno?

As respostas para estas perguntas podem ser encontradas em Efésios 1.45,11: "Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade". A expressão antes da fundação do mundo aponta para a Igreja A Bíblia fala sobre a predestinação nos seguintes termos: “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conforme à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8.29). Aqui fala do atributo da onisciência. Deus sabe de todas as coisas e todas as coisas Ele as sabe antecipadamente. A Bíblia, quando diz sobre a predestinação, diz que Deus predestinou um povo. Em Efésios 1.4,5: "... nos elegeu nele ... para que fôssemos... e nos predestinou para filhos". Vale lembrar que estes termos estão no plural. Não há palavra no singular dizendo que Deus determinou individualmente pessoas. Deus predestinou um povo. Em 1 Pedro 2.9-10 diz: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia". Não há especificação no singular. A Igreja está predestinada ao céu e quem participa da Igreja, está ligado ao Corpo de Cristo. Leia: Efésios 4.12.

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A Bíblia, quando diz que Jesus foi morto antes da fundação do mundo, não se refere que Jesus morreu literalmente antes da fundação do mundo. Jesus morreu aproximadamente há 2 mil anos. Nessa passagem diz que havia um plano preparado antes da fundação do mundo para salvar o homem. Em Efésios 1.4-5, o apóstolo Paulo escreve: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1.4-5). Frisando: "nos elegeu nEle". Quando a pessoa aceita Cristo, entra no plano elaborado e bem antigo. Todo aquele que aceita Jesus, está eleito em Cristo. Leia: João 3.16.

Duas grandes correntes do cristianismo Dentro do protestantismo existem duas principais vertentes que tratam da salvação em conceituações bem distintas: o Arminianismo e o Calvinismo. O divisor de águas entre estas duas correntes é a doutrina da predestinação.

Estas duas doutrinas protestantes foram definidas em oposição à Igreja Católica Romana que impunha as indulgências como forma de alcançar a salvação. Desta forma, no catolicismo a pessoa só chega a Cristo por meio da Igreja. Na reforma protestante, a pessoa só se torna “igreja” por meio de Cristo. No movimento protestante as indulgências foram banidas e a salvação passou a estar unicamente em Deus. Somente Jesus é o caminho para a salvação. A doutrina da salvação (na fé reformada) nasceu em oposição à fé católica, embora fosse desenvolvida numa visão nacionalista: A Alemanha é Luterana, Genebra é Calvinista, Inglaterra é Anglicana, etc. Nesta perspectiva sociológica, a fé se tornou vinculada à questão nacionalista.

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Ou seja: todos os que nascem na Alemanha são luteranos, desse modo, eles argumentam que não precisam “aceitar Jesus”, pois nasceram em uma nação protestante. O mesmo aconteceu com as nações calvinistas. Isto fez esvaziar a ação missionária na Europa.

Arminianismo Jacó Armínio (James Arminius, Jacob Harmenszoon; 10 de outubro de 1560 19 de Outubro de 1609) foi um teólogo neerlandês que sistematizou a teologia da predestinação restrita. Armínio era pastor e professor, com formação inicial calvinista. Armínio estudou a teologia dos primeiros séculos da Igreja (com vários teólogos protestantes da sua época). Nesta dedicação surge a predestinação restrita fundamentada pelo livre-arbítrio humano. Discorda da predestinação incondicional calvinista.

O Arminianismo é um sistema teológico baseado nas ideias do pastor e teólogo reformado holandês Jacob Harmensz, mais conhecido pela forma latinizada de seu nome Jacobus Arminius. Armínio defendeu o sinergismo – uma crença que a salvação do homem depende da cooperação entre Deus e o homem, contrário ao monergismo, do qual faz parte o calvinismo, cuja crença baseia-se na salvação inteiramente determinada por Deus, sem nenhuma participação livre do homem. Armínio não foi primeiro e nem o último sinergista na história da Igreja. Muitos teólogos católicos medievais eram sinergistas, tais como o reformador católico Erasmo de Roterdã, Philipp Melanchthon (1497-1560), companheiro de Lutero na reforma alemã.

Os cinco pontos do arminianismo

1 - Eleição Condicional Deus, em Cristo, determinou eleger dentre a raça humana caída e pecadora, àqueles que pela graça creem em Jesus Cristo e perseveram na fé e obediência. O mesmo Deus rejeita os que não são convertidos, reservandolhes o sofrimento eterno (João 3.36).

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2 - Expiação Universal Cristo, o salvador do mundo, morreu por todos os homens, de modo a garantir a reconciliação e perdão para o pecado de todos os homens. Entretanto, essa salvação só é desfrutada pelos fiéis (João 3.16; 1 João 2.2).

3 - Fé Salvadora O homem não consegue alcançar a fé que salva por si mesmo ou pelo livrearbítrio, mas pelo poder da graça de Deus por meio de Cristo (João 15.5).

4 - Graça Resistível A graça é a causa da salvação do homem. Ninguém pode crer ou perseverar na fé sem esta graça cooperante, porém, a operação da graça não é irresistível (Atos 7.51). Ao contrário dos calvinistas, os arminianos creem que essa graça concedida a todos os homens não é uma força irresistível. Portanto, a responsabilidade do homem em sua salvação consiste em não resistir ao Espírito Santo.

5 - Perseverança Os crentes, por meio da graça divina, têm forças para lutar contra Satanás, contra o pecado e contra sua própria carne, e vencê-los. Mas em razão da negligência, podem ou não apostatar da fé verdadeira e cair da graça.

Em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz de (por si mesmo) pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade.

Portanto, somente em Deus, por meio do Espírito Santo, o homem pode ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom.

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Quando ele é feito participante desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele está liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda contínua da Graça Divina.

É uma afeição imerecida pela qual Deus é amavelmente atraído em direção a um pecador miserável e, de acordo com a qual, ele, em primeiro lugar, doa seu Filho, "para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna", e, depois, Ele o justifica em Cristo Jesus e por sua causa, e o admite no direito de filhos, para salvação. É uma infusão (tanto no entendimento humano quanto na vontade e afeições) de todos aqueles dons do Espírito Santo que pertencem à regeneração e renovação do homem – tais como a fé, a esperança, a caridade, etc.; pois, sem estes dons graciosos, o homem não é capaz de pensar, desejar, ou fazer qualquer coisa que seja boa. É aquela perpétua assistência e contínua ajuda do Espírito Santo, de acordo com a qual Ele age, sobre o homem que já foi renovado e o excita ao bem, infundindo-lhe pensamentos salutares, inspirando-lhe com bons desejos, para que ele possa, dessa forma, verdadeiramente desejar tudo que seja bom; e, de acordo com a qual, Deus pode então desejar trabalhar junto com o homem, para que o homem possa executar o que ele deseja.

Extraído de As Obras de James Arminius Vol. I.

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Calvinismo A doutrina protestante criada por João Calvino se tornou conhecida como calvinismo, criada no século XVI. Calvino, ao criar uma nova proposta teológica, a implementa em Genebra, na Suíça. Na França, os seguidores são chamados de huguenotes. Na Inglaterra, presbiterianos. Desde meados do século XVII, era a corrente protestante mais numerosa da Inglaterra, tendo como destaque os puritanos representados principalmente pela média burguesia, contrária à religião anglicana, também protestante.

Alguns pontos do calvinismo - Total depravação: não existe no homem, após a queda de Adão, força ou vontade do ser humano para buscar a salvação. Todos os homens herdam, de Adão, a natureza pecaminosa, decaída. A vontade do homem se corrompeu tanto desde a queda, que, sem a ajuda de Deus, não pode nem se arrepender, nem crer, nem escolher corretamente. Esse foi o ponto de partida de Calvino – a completa servidão da vontade do homem ao mal.

- A predestinação: o homem foi criado por Deus com um destino traçado, ou seja, a condenação ou a salvação. - Eleição Incondicional: a salvação não está condicionada à vontade ou ações humanas, mas ao soberano decreto de Deus que decide salvar alguns, a saber, os eleitos, deixando que os demais sofram o castigo eterno. A salvação é inteiramente de Deus; o homem nada tem a ver com sua salvação. Deus predestinou alguns para serem salvos e outros para serem perdidos. A predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual Ele decidiu o que será de cada um e de todos os indivíduos, pois nem todos são criados na mesma condição; entretanto, a vida eterna está preordenada para alguns, e a condenação eterna para outros.

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- Expiação Limitada: a salvação e o sacrifício de Cristo foram realizados apenas para o grupo dos eleitos. Deus predestinou certos indivíduos para a salvação,

logo

Cristo

morreu

unicamente

pelos

"eleitos".

- Graça Irresistível: a graça, enquanto ação e vontade de Deus, não pode ser resistida pela vontade ou ações humanas. Assim, uma vez que o homem tenha sido eleito para a salvação, ele não poderá resistir ao chamamento divino.

Se o homem se arrepender, crer e se entregar a Cristo, é inteiramente por causa do poder atrativo do Espírito de Deus. A salvação não pode ser outra coisa senão a execução dum decreto divino que fixa sua extensão e suas condições. - Perseverança dos Santos: todos aqueles que tiveram sua salvação decretada perseverarão através da vontade e ação de Deus até o fim.

Uma vez salvo, o eleito jamais perderá sua salvação. Dessa doutrina da predestinação segue-se o ensino de "uma vez salvo sempre salvo"; pois, se Deus predestinou um homem para a salvação e, unicamente pode ser salvo e guardado pela graça de Deus, que é irresistível, então, nunca pode perder-se.

Os defensores da doutrina da "segurança eterna" apresentam as seguintes referências para sustentar sua posição. Leia: Jo 10.28,29; Rom. 11.29; Fl. 1.6; 1 Pe. 1.5; Rom. 8.35; Jo 17.6.

Discordância Os arminianos concordam com a depravação total calvinista. O homem, em seu estado natural, é totalmente incapaz de desejar ou de buscar Deus. Somente a graça proveniente o capacita a crer na mensagem salvadora. Embora a discordância ocorra somente com relação à eleição incondicional, a expiação é limitada e a graça é irresistível. Sobre a perseverança dos santos, os arminianos não são unânimes.

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Há quem acredite que a salvação pode ser definitiva e irremediavelmente perdida. Com relação à predestinação, o arminianismo crê que é baseada na presciência divina daqueles que, capacitados pela graça, creem na mensagem de salvação em Jesus Cristo.

Boas obras na salvação

Boas obras No conceito das obras, o homem faz o melhor que pode e Deus faz o resto. Isto mistura graça e obras, exatamente naquilo que a Bíblia diz que não pode ser feito. No livro aos Romanos 11.6 diz: "Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra". A base é o que Cristo fez – em graça e na misericórdia.

Qualquer ação humana diante da magnitude da obra do calvário se torna ínfimo e sem força de sustentação para a salvação.

E o que dizer das obras ensinadas por Tiago? Tiago 2 verso 18 começa dizendo: “...mas dirá alguém...”. Ao dar relevância nas obras Tiago não anula a fé para a salvação. Como também não inclui fundamentalmente as obras para a salvação. Todavia, a fé é tratada nos homens pela visibilização mediante as boas obras e como reflexo do amor: “Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras” (Tiago 2.18). Ninguém pode ver a fé ou saber se alguém tem fé. A fé é invisível, as obras são visíveis. E esta visibilidade é manifesta em amor, cuja origem é a fé.

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Se um irmão tem necessidade de roupas ou comida, Tiago diz que temos de alimentá-lo e vesti-lo. A fé continua existente, neste caso, para socorrer a outros.

Outro exemplo: aquele que profere palavras vazias parece ter uma grande fé. Contudo, não tem fé alguma. Se alguém diz ter fé, deve tirar seu casaco e deixar que outro o vista. Deve convidar outros a comerem sua comida. Deve agasalhar quem está com frio. Em Mateus lemos: “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; pois tive fome, e destesme de comer; tive sede, e destes-me de beber; era forasteiro, e recolhestesme; estava nu, e vestistes-me; enfermo, e visitastes-me; preso, e viestes verme. Então perguntarão os justos: Senhor, quando te vimos faminto, e te demos de comer; ou com sede, e te demos de beber? Quando te vimos forasteiro, e te recolhemos; ou nu, e te vestimos? Quando te vimos enfermo, ou preso, e fomos visitar-te? O Rei responderá: Em verdade vos digo que quantas vezes o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mateus 25.34-40). Se apenas falar de fé, Tiago concluiu que este tipo de falar é um erro. Sem obras, a fé não se mostra “viva”. Não é a fé insuficiente para a salvação, mas as obras mostram que há vida na fé pela visibilização das mesmas, ou seja, na forma coerente com aquilo que se crê, prega e vive: “Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma” (Tiago 2.17).

Religiões O estudo da salvação também se encontra em várias religiões. O judaísmo entende que os judeus são os únicos escolhidos de Deus e se concentram no cumprimento das leis e ordenanças divinas. O budismo ensina As Quatro Nobres Verdades. O espiritismo indica a sobrevivência do espírito após a morte e a reencarnação que são as bases dessa doutrina, que surgiu na França e se expandiu pelo mundo a partir da publicação de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (1857).

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O islamismo ensina que o Alcorão é um livro sagrado e reúne as revelações que o profeta Maomé recebeu do anjo Gabriel. O hinduismo ensina a reencarnação e a crer em vários deuses. Segundo alguns missiologistas, já passam de 10.500 religiões diferentes no mundo.

A doutrina bíblica da salvação Vamos sistematizar este tópico a fim de ajudar elucidar este conceito: - Salvos da condenação do pecado. As Escrituras dizem: “Pela graça fostes salvos por meio da fé” (Efésios 2.8); “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (João 3.18). E, no Evangelho de João, esta realidade é centralizada magistralmente: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

- Somos salvos do poder do pecado. A fé é o fundamento da continuação da ação salvífica. Esta ação tem uma característica interessante. A Bíblia diz: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências” (Romanos 6.12); “De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2.12). Isso compreende a salvação dinâmica, transformadora e libertadora. Ainda, para finalizar: “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2 Coríntios 3.18).

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- Seremos salvos do corpo pecador. A Bíblia diz: “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7.24). E o próprio escritor aos romanos conclui na carta aos Coríntios: “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprirse-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória” (1 Coríntios 15.53-54).

A Morte de Cristo ocorreu em lugar dos pecadores O homem caiu e se afastou de Deus, assim, ficou o débito eterno para com Deus. A maneira de o homem pagar essa dívida seria sofrendo a penalidade fixada pela transgressão: “... a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18.4). Deus exige o cumprimento desta ordem por uma questão de justiça.

No livro de Romanos, que trata da justiça de Deus, o apóstolo Paulo registrou: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram” (Romanos 5.12).

O homem, por si só, não poderia pagar a dívida diante de Deus, a não ser que um substituto fosse providenciado. O plano de Deus foi o de conceder esse Substituto. Desde Gênesis 3.15, o apóstolo Paulo registra no livro de Romanos o ponto máximo do plano de substituição: “Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Romanos 5.8). Isto por que “sem derramamento de sangue não há remissão”; “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9.22).

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Assim, Deus designou um substituto na pessoa de Jesus Cristo para tomar o lugar do homem e, este substituto, expiou o pecado, o que trouxe eterna redenção. No Antigo Testamento está registrado que deveria ser um animal macho, de um ano, sem manchas no corpo e sem defeitos físicos.

Os requisitos para a celebração da Páscoa incluíam a colocação do sangue nos umbrais da porta para que o anjo da morte não passasse nas casas dos israelitas: “E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito” (Êxodo 12.13).

Elementos da salvação

A salvação não se conquista pelas obras humanas (conforme visto anteriormente). Além disso, as Escrituras elucidam esta verdade. Embora não existam obras que justifiquem a salvação, há procedimentos indispensáveis que evidenciam a vida de um salvo, os quais não são elementos para julgamentos. Estes elementos são particularidades e vivenciados para quem aceita a gloriosa salvação em Cristo Jesus.

Fé A fé pode ser compreendida como uma crença ou convicção intelectual. Na verdade, o que mais nos interessa é ter completa confiança em Deus, mais particularmente em Cristo como Salvador e remido. A fé é a base única da salvação: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hebreus 11.1). A fé é única fonte que possibilita a salvação: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Marcos 16.16).

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Este texto deixa implícito, porém, claro que o batismo não absolve ninguém da condenação. Mas a fé, que antecede ao batismo, esta sim, é quem absolve. A Bíblia também diz: “Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas” (1 Pedro 1.9).

A fé condutora: remete que a aproximação de Deus na condição natural é impossível e espiritualmente ilegal. Mas pelo percurso da fé, o chegar à presença de Deus se torna legal e justificado para o recebimento da paz com Deus. Diz a palavra: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1). E também: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6). A fé reconciliadora: “E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Efésios 2.16). Desta forma, entra a fé como ponte da reconciliação entre homem e Deus. A fé, fonte suficiente: “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da Fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8). A fé dá passagem à graça de Deus concedendo misericórdia. A fé não é condição em inércia; é o meio que se percorre a graça e justifica o pecador. A fé relaciona-se com os sentidos espirituais - Visão: “Fé é a certeza das coisas que se esperam a convicção de fatos que não se veem” (Hebreus 11.1); audição: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir da palavra de Deus” (Romanos 10.17); verbalização: “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Romanos 10.9-10).

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Arrependimento Arrependimento no original é metanoico. Em grego é definido como mudança de mente, pensamento. O verbo metanoico não deve restringir-se ao arrependimento como sentimento humano.

Arrependimento para perdão dos pecados não é emocional, assim como o remorso ou tristeza humanas, que nem sempre leva à mudança de comportamento. A penitência é utilizada pelo catolicismo romano. A penitência também não traz perdão dos pecados. Perdão dos pecados é com arrependimento. Arrependimento para salvação é o ato pelo qual a pessoa reconhece o seu pecado e o abandona. Este arrependimento implica uma mudança de comportamento, uma mudança na vida.

A mensagem do arrependimento foi pregada durante o ministério de João o Batista: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3.8); durante o ministério de Jesus: “Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lucas 13.3); e durante o ministério de Paulo: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (Atos 17.30).

É necessário arrepender-se e confiar em Jesus Cristo como seu único Salvador ou será condenado pelos seus pecados. Esta é a grande mensagem de salvação. “E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém” (Lucas 24.47).

Perdão A palavra "perdoar" significa literalmente cancelar ou remir. É o cancelamento de uma obrigação ou débito. O pecador é um devedor espiritual, por isso, Jesus ensinou aos discípulos como orar: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores" (Mateus 6.12).

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Qualquer pessoa se torna devedora espiritual ao transgredir as leis de Deus. O perdão de Deus é um ato de extremo amor (João 3.16), principalmente por que não havia nada de bom no homem que merecesse tal sacrifício divino. E uma vez perdoado, Deus esquece. O compromisso de “esquecer” faz parte do perdão de Deus e está registrado em Hebreus 8.12: “Porque serei misericordioso para com suas iniquidades. E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei de mais”.

Reconciliação O conceito de reconciliação é necessário pelo fato de que o homem sem salvação vive em uma relação de inimizade e hostilidade com Deus (leia: Romanos 5.9, 10; 2 Coríntios 5). E, como inimigos de Deus que somos, estamos plenamente passíveis de sofrer a manifestação de Sua Ira. Cristo mudou completamente nosso estado anterior de inimizade e substituiu por um de Justiça e de completa harmonia com Deus: “Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação” (2 Coríntios 5.18-19).

Justificação A Justificação é um tema fundamental na doutrina da salvação. A palavra “justificar” carrega o sentido de “declaro justo” diante de Deus. Não significa que ao ser declarado justo a pessoa seja sem falhas ou justa no seu proceder, mas que a partir da fé na obra do calvário está livre de culpa do pecado. A obra do calvário é o que justifica a isenção da culpabilidade: “Pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Romanos 10.10). E, em outro texto, o apóstolo Paulo diz: “Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê” (Romanos 10.4). A Justificação é um ato da livre graça de Deus, pela qual Ele perdoa os pecados, aceita como justos, e pela justiça de Cristo somos recebidos pela fé, sem culpa que condene!

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A pessoa justificada é isentada, não pelo fato de não merecer punição, mas por que as exigências da lei divina foram satisfeitas. Outra pessoa tomou o lugar dele e padeceu a execução destinada a ele. A lei não tem mais o que alegar contra ele. Jesus literalmente assumiu as nossas dívidas e pagou por nós: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1); “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Romanos 8.1); “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Colossenses 2.14).

Adoção Considera-se adoção um indivíduo permanentemente assumido como filho por uma pessoa ou por um casal que não são os pais biológicos do adotado.

No Brasil não há possibilidade de adoção restrita: uma vez que a criança ou adolescente foi adotado, ela tem os mesmos direitos que um filho biológico. O apóstolo Paulo emprega este mesmo sentido para dar a noção da adoção dos gentios. A adoção outorga não apenas um novo nome, um novo status legal e uma nova relação íntima familiar. A Bíblia diz: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!” (Romanos 8.15). Na salvação o adotado não tem mérito para que haja escolha pelo “adotador”, mas pode desfrutar de todos os benefícios de um filho.

Na época em que viveu o apóstolo Paulo, a adoção era de jovens de bom caráter, que se tornavam os herdeiros e mantinham o sobrenome dos ricos sem filhos. Deus adota pessoas indignas para tornarem-se os herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo: “O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus; e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Romanos 8.16-17).

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Os que recebem a Cristo validam a adoção espiritual. A Bíblia diz: “Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (João 1.12); “Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1.13); Em João 1.12-13 diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Quem recebe a Cristo como salvador está debaixo do cuidado paternal do Pai celestial.

Graça Graça (ou indulto) é um recurso de clemência que anula a punibilidade relativa a um erro merecedor de condenação. Alguém que recebe “graça” tem a pena condenatória a ser apagada. Na Bíblia a graça ocorre assim: “Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2.11). A graça, que significa um favor não merecido, aponta para Deus que se revela no ato, pela expiação de Cristo quando pagou toda a pena do pecado. A graça é imerecida, pois é independente das obras dos homens.

Misericórdia A expressão misericórdia é formada pela junção de miserere (ter compaixão), e cordis (coração). "Ter compaixão do coração" é o mesmo que ter a capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente ou aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém.

Misericórdia e graça têm significados semelhantes, embora distintos. A misericórdia é Deus não castigando na medida do merecimento. Enquanto que a graça é Deus perdoando e salvando apesar de não existir méritos para tal ação.

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Misericórdia é um sentimento de compaixão, despertado pela desgraça alheia. Diz a Bíblia: “Louvai ao Senhor. Louvai ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” (Salmo 106.1).

Sangue No Antigo Testamento, o sacerdote derramava sangue de animais para purificação de si mesmo e do povo de Israel. Isso era uma tipologia profética do sangue de Jesus; sombra do futuro (Hebreus 10.4). O sangue de Jesus, derramado na cruz, tem efeito hoje e sempre. Não há tamanho de pecado que o sangue de Jesus não possa perdoar. Para todo pecado há perdão nesse precioso sangue.

Há relatos que contam que Martinho Lutero teve um sonho em que o Diabo lhe apresentou uma lista contendo pecados que ele cometera na vida. Lutero leu e disse: "Escreve bem embaixo da lista: O sangue de Jesus Cristo me purifica de todo pecado!”.

Leia o que a Palavra diz sobre o sangue de Jesus. Alguns gloriosos textos: - “Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mateus 26.28). - “E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” (Hebreus 12.24). - “… o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1.7); - “… aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Apocalipse 1.5); - “… lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue de cordeiro” (Apocalipse 7.14).

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Conversão A

conversão

está

intimamente

ligada

ao

arrependimento,

porque

o

arrependimento enfatiza o aspecto da saída do pecado, enquanto que a conversão enfatiza o aspecto do retorno a Deus através de Cristo. O arrependimento tira o pecado. A conversão é o ato pelo qual a pessoa sai do pecado, volta-se à cruz, crê no túmulo vazio e segue o Cristo ressurreto.

Regeneração O sentido da palavra regeneração significa nascer de novo: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne são carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (João 3.3-7). Regeneração é operada pelo Espírito Santo na pessoa que recebe Jesus Cristo como Salvador. Já o apóstolo Paulo chama de nova criatura: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17).

A regeneração é a mudança interior, ela modifica o caráter. A carta de Tito diz: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tito 3.5).

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Libertação Libertação é, essencialmente, o resultado da fé, arrependimento e conversão. Sobretudo, a libertação é o processo que ocorre ao conhecer a verdade. Conhecer a verdade liberta! Diz as Escrituras: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32).

Santificação Santificação é a transformação da natureza moral. Santificação é o resultado da sinergia espiritual entre esforço humano e a ação de Deus. Em Filipenses o apóstolo Paulo fala da santificação da parte do crente: “De sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha ausência, efetuai a vossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2.12).

Leia também: Gálatas 5.16, 25. O apóstolo Paulo já mostra a ação de Deus na obra de santificação: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (Romanos 8.13). Essa é a obra interativa de Deus e do crente que se dispõem na separação do poder do pecado do crente.

Sem a santificação sobrevém a ruptura da obra de salvação. O escritor aos hebreus diz: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12.14). Leia também: Provérbios 4.23-26.

Entende-se que o corpo do crente é o templo do Espírito Santo. A Bíblia diz: “Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque sagrado é o santuário de Deus, que sois vós” (1 Coríntios 3.16-17).

O corpo manifesta o que está por dentro dele. Se alguém diz que é cristão, mas vive em pecado, isto provoca confusão.

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O apóstolo Paulo compara isto como um instrumento que dá som incerto ou estranho. O apóstolo Paulo diz: “Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?” (1 Coríntios 14.8). O “som” da vida do crente evidencia a Cristo em sua própria vida.

As fraquezas A santificação é altamente necessária devido à fraqueza do crente que não o abandona, mesmo sendo nova criatura em Cristo Jesus. A Bíblia diz: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João 1.8-10). Há pecados que não fazem o crente perder a salvação, pois afinal, a Bíblia diz: “Mas tu, Senhor, és um Deus compassivo e benigno, longânimo, e abundante em graça e em fidelidade” (Salmo 86.15).

Todavia, Deus está atento aos erros do Seu próprio povo. Deus falou às Igrejas da Ásia: “... eu conheço as tuas obras!” (Apocalipse 2 e 3). Embora nem todos os erros de crentes façam perder a salvação, existem perigos que podem gradualmente afastá-los da comunhão com Deus. Vejamos alguns exemplos:

- Ausência de amor Se alguém pensar que o “único” mandamento dado por Jesus atenuou a carga de responsabilidade espiritual, engana-se! “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15.12). Amar (o próximo) trata-se de uma das tarefas mais difíceis de realizar.

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Não amar os irmãos sempre foi o principal pecado do crente. O amor é o que caracteriza o crente autêntico e com vida espiritual sadia. E a ausência de amor é também a prova da ausência de Deus no coração: “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (1 João 4.8).

Leia outros textos bíblicos que traçam a conduta espiritual do crente mediante o amor: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem não viu” (1 João 4.20). “Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há tropeço” (1 João 2.10). “Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão” (1 João 3.10). “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1 João 3.14).

- Ansiedade A ansiedade é normal quando se trata de um alerta; através da adrenalina todo o corpo fica preparado para reagir a agressões exteriores. Neste estado o cérebro fica com mais agilidade de raciocínio na tentativa de conseguir encontrar solução. Quando o apóstolo Paulo disse: “Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças” (Filipenses 4.6) e ao ler o que Jesus disse:

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“E disse aos seus discípulos: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir” (Lucas 12.22). Estes ensinos tratam da ansiedade que representam ausência da fé na providência e nos cuidados de Deus.

O excesso de ansiedade adoece. A ansiedade doentia faz o indivíduo encontrar-se em nível de tensão desproporcional ou exagerado em relação à causa. O estado é crônico. Não é algo passageiro e pode perdurar de meses a anos, mesmo quando o que a motivou já tenha passado.

O apóstolo Paulo não se refere à ansiedade como preocupação normal, nem a responsabilidade diante de diferentes situações. Aos filipenses, o apóstolo Paulo fala da preocupação desmedida (sem confiança no Deus da providência e proteção) que se apodera quando, diante de diferentes situações, as forças humanas são utilizadas para querer resolvê-las. Assim, a angústia domina mental e fisicamente. O sentimento de ansiedade não deve dominar. Caso contrário, desagrada a Deus por não reconhecer o poder do Espírito em ajudar nas fraquezas. Leia: Romanos 8.26.

- Julgamento O julgamento é pernicioso por que geralmente leva ao preconceito, difamação ou calúnia. Não falar mal dos irmãos é uma determinação na palavra de Deus: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz” (Tiago 4.11).

- Omissão em fazer o bem Saber fazer o bem, mas não fazê-lo é um grave erro. A Bíblia diz: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tiago 4.17); “Devemos fazer bem a todos, principalmente aos domésticos da fé” (Gálatas 6.9, 10; Tito 2.14; Mateus 25.34,35).

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O Senhor Jesus foi um exemplo. Nós lemos em Atos 10.38 que "Ele andou fazendo bem”.

- Vida sem oração Muitos têm a tendência em não levar uma vida de oração como deveria. Quando muito, ora pelos interesses mais imediatos, se esquecem de orar regularmente, inclusive, pelos missionários, doentes e pelos que estão em autoridade. A Bíblia diz: “Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1 Timóteo 2.1,2).

- Jugo desigual Jugos desiguais ou amizades inconvenientes comprometem a vida cristã: “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? Ou que comunhão tem a luz com as trevas? ” (2 Coríntios 6.14).

- Preconceito e discriminação Fazer acepção, discriminação ou qualquer tipo de distinção preconceituosa é pecado. A Bíblia diz: “Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tiago 2.1).

- Falta de generosidade A falta de generosidade para com a obra de Deus é um grande erro. A Bíblia diz: “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança” (Malaquias 3.8-10).

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E, no começo da Igreja, a realidade era assim: “Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendoas, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade. Então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer, filho de consolação), levita natural de Chipre, possuindo um campo, vendeu-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos” (Atos 4.34-37).

- Não priorizar o reino Deixar de buscar o Reino de Deus (priorizar) é pecado quando se coloca como secundário este objetivo: “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33). A falta de prioridade no domínio de Deus é pecado que tem arruinado a caminhada na vida espiritual de muitos.

- Mentira A mentira é uma prática perigosa. As pequenas mentiras no trabalho ou em casa já se tornaram comuns em muitas pessoas.

Desde uma situação banal, considerada de pequena proporção, chegando até aos níveis classificados como doença. A mentira (como doença) se configura como transtorno de personalidade.

O mentir compulsivamente aparece, por exemplo, em psicopatas. Existem ainda pessoas que têm transtornos de personalidade antissociais, que mentem para se aproveitar de fragilidades dos outros. A Bíblia diz: “Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos” (Colossenses 3.9).

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Recomendações para evitar o erro Mesmo que haja a capacidade de pecar, o crente é o único responsável por não pecar. A Bíblia diz: "Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver" (1 Pedro 1.15); "Estas coisas vos escrevo para que não pequeis" (1 João 2.1).

Quem é salvo tem nova natureza em Cristo, mas a luta contra o pecado é constante: "E estes opõem-se um ao outro" (Gálatas 5.17); "Que batalha contra a lei do meu entendimento" (Romanos 7.23). Em Cristo há condições de dominar o pecado: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13); “Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 João 4.4).

Vigilância O inimigo é como um leão faminto, buscando a quem possa tragar. A Bíblia revela: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5.8). Esteja alerta! Jesus pediu aos discípulos que orassem, mas os encontrou dormindo. Ele disse a Pedro: “Não pudeste vigiar nem uma hora? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Marcos 14.37,38).

Prudência A característica do crente prudente se revela em se comportar de maneira a evitar perigos ou consequências espiritualmente desastrosas. A precaução é sinônima da prudência, assim como o agir com sensatez, ponderação ou calma. A prudência é uma poderosa aliada contra ações erradas. Diz a Bíblia: “... sede prudente como as serpentes...” (Mateus 10.16). Por que esta analogia com a serpente?

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Vejamos alguns exemplos de sua característica: A serpente não é ingênua como alguns animais; não acredita em tudo, sempre na postura de alerta; é cautelosa; espera pacientemente o momento certo de agir ou reagir na perfeita noção de tempo; é silenciosa. Estas são algumas características de uma pessoa prudente. Evite também pensar que o que aconteceu uma vez não pode acontecer outra vez. Lembre-se que existe "o pecado que tão de perto nos rodeia" (Hebreus 12.1).

Oração A atitude mais nobre na vida espiritual é a oração, isto é, a vida em intimidade com Deus. Filipenses 4.6 diz: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”. Leia também: Mateus 26.41; Marcos 13.33; 1 Tessalonicenses 5.8; 1 Pedro 5.8.

A oração é a melhor armadura contra ataques de inimigos. Na vida cristã os perigos são muitos: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes contra as ciladas do Diabo” (Efésios 6.11).

O pecado que não tem perdão

Pecado contra o Espírito Santo O pecado contra o Espírito Santo é descrito no livro de Marcos assim: “Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno” (Marcos 3.29). Este é um dos textos bíblicos que, para muitos, é de difícil interpretação. Muitos complicam e poucos explicam. Vamos simplificar e caminhar pela Bíblia em alguns pontos. Assim dá para entender este polêmico texto de Marcos:

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1 – Lembrando que foi o próprio Senhor Jesus quem havia dito sobre a ausência de perdão, isto é, se houver pecado contra o Espírito Santo. Jesus veio para perdoar pecados, mas no texto de Marcos ele invoca “outro” na validação do perdão. O importante ressaltar aqui é a evidência sobre a terceira pessoa da divindade também na salvação. 2 – Jesus salva, mas o “outro consolador” – João 14.16 – também participa do mistério da salvação, com função específica: convencer (leia: João 16.8). O Pai perdoa por intermédio do Filho (leia: 1 Timóteo 2.5). Mas é o Espírito Santo quem convence o homem do pecado. Disse Jesus: “E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8). 3 – Resistência à voz do Espírito é resistir ao chamamento para a salvação. Janes e Jambres tipificam os que resistem à ação do Espírito de Deus na soltura dos escravos pelo pecado. A Bíblia diz: “E assim como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé” (2 Timóteo 3.8).

Janes e Jambres (possivelmente) dois encantadores no Egito, nomes que não são encontrados no Antigo Testamento, são denunciados na referência do apóstolo Paulo. Alguns estudiosos dizem que Janes e Jambres eram escribas sagrados, uma espécie de classe inferior de sacerdotes pagãos do Egito, hábeis em encantamento. Estes escribas e sacerdotes cooperavam para a resistência de Faraó em sua campanha contra o plano divino para a libertação de Israel da escravidão egípcia. No Novo Testamento, os personagens são mencionados por Paulo como proféticos, que haveriam de se levantar pessoas que resistiriam à verdade acerca da salvação. Assim, Janes e Jambres são, portanto, figuras daqueles que se opõem à mensagem de salvação.

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4 – O pecado contra o Espírito Santo se prende à própria rejeição à salvação na voz do Espírito que convence. O convencimento do estado de pecaminosidade é pelo Espírito (leia: João 16.8). Uma vez rejeitada a voz de convencimento, o homem, desta forma, permanece imerso no pecado, e quem permanece no pecado não tem perdão, não pela inexistência do perdão, mas pela própria opção do homem em permanecer no estado que já retém em si a condenação. O texto de Hebreus abre um paralelo explicativo bem interessante neste contexto: “Moisés, na verdade, foi fiel em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo o é como Filho sobre a casa de Deus; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firmes até o fim a nossa confiança e a glória da esperança.

Pelo que, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram por quarenta anos as minhas obras. Por isto me indignei contra essa geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não chegaram a conhecer os meus caminhos.

Assim jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso” (Hebreus 3.5-11). A Bíblia completa este assunto no seguinte texto: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3.36). A permanência da ira é um estado de recusa de perdão movido pela opção humana ao rejeitar a Jesus como Salvador. Leia o que diz Tito: “Sabendo que esse tal está pervertido, e vive pecando, e já por si mesmo está condenado” (Tito 3.11).

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Os passos finais da salvação

Arrebatamento O arrebatamento da Igreja é o evento no qual Deus remove todos os crentes da terra. Este evento é a salvação em seu momento final! Paulo diz aos Tessalonicenses: “Dizimo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4.15-18). A palavra "arrebatados", neste texto, vem do grego harpazo, que significa "dominar por meio de força" ou "capturar". Na Vulgata Latina o termo utilizado é raptus. Outra palavra grega relacionada com harpazõ

é parousia, que literalmente significa “presença”, “visita”,

“chegada rápida”. Leia: 1 Tessalonicenses 1.10; Filipenses 3.20; 1 Coríntios 16.22.

Outros gloriosos textos que alertam sobre o iminente final da caminhada da salvação mediante o arrebatamento: "Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios" (1 Tessalonicenses 5.6); “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Apocalipse 3.11); “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses 4.16,17).

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Haverá salvação após o arrebatamento? Alguns intérpretes da Bíblia acreditam que não haverá nenhuma chance de salvação após o arrebatamento. Outros entendem que as Escrituras apontam ao contrário ao afirmar que haverá salvação na Grande Tribulação para judeus e também para os gentios.

O apoio do argumento da salvação após o arrebatamento encontra-se nos textos do Apocalipse quando dizem que haverá martírio e extrema dificuldade deste período quando pessoas irão morrer por causa do testemunho de Jesus e do amor pela Palavra de Deus (leia: Apocalipse 7.14). Portanto, segundo algumas linhas teológicas, não haverá salvação para os gentios durante a Grande Tribulação. Em Apocalipse tem o registro: “E vi tronos; e assentaramse sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” (Apocalipse 20.4). Este texto se refere aos judeus. Haverá 144 mil judeus que serão salvos no final da Grande Tribulação. A Igreja, neste período, já terá sido arrebatada e não passará pela Grande Tribulação. E quem ficar não será mais salvo, visto que rejeitaram a oportunidade que tiveram no tempo da Graça.

Contudo, é definitivamente relevante saber que, hoje, cada crente está salvo em Jesus, e deve aguardar o Arrebatamento da Igreja: “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses 4.16-17).

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Ressurreição Se não houvesse a vitória sobre a morte, a pena condenatória estaria vigorando. A ressurreição de Cristo fez com que a morte tivesse seu poder condenatório e destruidor neutralizado. Diz a Bíblia: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (1 Coríntios 15.55). A morte foi vencida na ressurreição de Jesus, assim, também as consequências da culpa foram removidas. A Bíblia diz: “O qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação” (Romanos 4.25). Sobre a ressurreição dos ímpios, Louis Berço (1949, p.719), escreveu: “De acordo com Josefo, os fariseus negavam a ressurreição dos ímpios. A doutrina do extincionismo e a da imortalidade condicional, ambas as quais, ao menos nalgumas de suas formas, negam a ressurreição dos ímpios e ensinam a sua aniquilação, doutrina abraçada por muitos teólogos, também encontrou guarida em seitas como o adventismo e a “aurora do milênio”. Acreditam na extinção total dos ímpios. Às vezes se faz a asserção de que a Escritura não ensina a ressurreição dos ímpios, mas isso é patentemente errôneo, Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15; Ap 20.13-15. Ao mesmo tempo, deve-se admitir que a ressurreição deles não ocupe lugar proeminente na Escritura. Claramente se vê que o aspecto soteriológico da ressurreição está em primeiro plano, e esta pertence unicamente aos justos. Estes, em contraste com os ímpios, são os únicos que tirarão proveito da ressurreição”.

Os justos têm privilégios extraordinários na ressurreição e em Jesus há garantia que a morte não é o fim. A sepultura não é o fim da jornada dos salvos. O corpo vai descansar num lugar envolto em grande mistério, porém, “ainda melhor”. O apóstolo Paulo disse: “Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Filipenses 1.23). O corpo dos que morrem em Cristo voltará e se unirá ao corpo glorificado e então estaremos para sempre com o Senhor.

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A Bíblia diz: “Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória” (1 Coríntios 15.51-54).

A primeira ressurreição será a dos salvos. O início se deu com a ressurreição de Jesus e findará com a ressurreição dos mártires da grande tribulação (leia: Apocalipse 20.4). A segunda ressurreição é a dos ímpios e acontecerá no dia do juízo final, 1.000 (mil) anos depois de se encerrar a primeira ressurreição (leia Apocalipse 20.7,11-15).

Imortalidade O Antigo Testamento é pouco elucidativo quanto à vida após a morte. É no Novo Testamento que vamos encontrar indicações mais claras a respeito do assunto. Este testamento revela que o corpo passará por grande mudança. O apóstolo Paulo diz que nós seremos transformados “porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade”. Também diz: “Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual”. O corpo humano é moralmente humilhante, sujeito às enfermidades e à morte. O apóstolo Paulo escreveu: “O qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas” (Filipenses 3.21).

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A transformação do corpo é a conclusão da obra de salvação. Se não houvesse transformação final do corpo, a obra de Cristo para destruir as obras do diabo ficaria inacabada. Mas o corpo “ressuscitará em poder”, pois: “Semeia-se em ignomínia, é ressuscitado em glória. Semeia-se em fraqueza, é ressuscitado em poder” (1 Coríntios 15.43). A transformação do corpo – mortal em imortal, ou seja: salvo definitivamente do corpo de pecado. Sobre isto o apóstolo Paulo registrou: “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1 Coríntios 15.53).

Glorificação A Glorificação é o estágio final da salvação, extensivo a todos os salvos. A Bíblia diz: “Para que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo” (2 Tessalonicenses 1.12). Na predestinação coletiva, referindo aos salvos em Cristo, o apóstolo Paulo fala: “... e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou” (Romanos 8.30).

Os salvos, previamente conhecidos por Deus (pela Igreja), são predestinados por Ele para a glorificação. O apóstolo Paulo, falando aos crentes em Filipos, escreveu: “Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Filipenses 3.21). O apóstolo João utiliza a mesma linha de ensino quando diz: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1 João 3.2).

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Atualmente, participamos da gloriosa “semelhança” com Cristo: a) quando temos o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. A Bíblia diz: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Filipenses 2.5). Este sentimento é de assumir a própria cruz (leia: Mateus 16.24; Gálatas 2.20); b) quando amamos. Efésios 5.2 diz: “Andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”. Paulo está convocando a sermos semelhantes a Cristo com o mesmo amor que, no Calvário Ele a si mesmo se entregou; c) quando evangelizamos. O sucesso da evangelização é atribuído pela semelhança com Cristo ao pregar as gloriosas verdades que devem ser anunciadas e a curar os enfermos: “E enviou-os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos” (Lucas 9.2).

Mas há muito mais bênçãos gloriosas à espera dos salvos! O apóstolo Paulo consola os crentes para a paciência assim: “... as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Romanos 8.18).

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Um pouco sobre Judson Santos... NASCEU em Adamantina, Estado de São Paulo. FILHO do pastor Venâncio Rodrigues Santos e Geralda Mescias Santos. ESTUDOU teologia aos 17 anos no IBAD/Pindamonhangaba – São Paulo. Deu continuidade aos estudos de teologia e outros cursos em diversas instituições de Brasília/DF e Goiânia/GO. Concluiu os cursos de teologia – nível superior. Pós-graduação: Clínica Pastoral e Capelania. Teoria Psicanalítica. Mestrado em Ciência da Religião. PASTOR consagrado e registrado pela Convenção Evangélica da Assembléia de Deus do Distrito Federal – CEADDIF, registro sob nº 0781 e com registro nacional na Convenção das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB registro nº 8591. Aceitou a vocação de pastor por entender que seu coração acredita no ser humano e busca compreender a realidade contextual ampla dentro de seu valor espiritual e humano. Aceitou a vocação de pastor por amar o diálogo sobre as oportunas mudanças na caminhada, sem se permitir à intolerância e impaciência com o próximo, mas antes, prefere amá-lo com atitudes até vê-lo com um sincero sorriso de paz. Aceitou a vocação de pastor quando entendeu que pastorear é caminhar junto, no exercício da amizade colaborativa no Espírito. Pastoreou igrejas evangélicas em Brasília/DF, Valparaiso de Goiás/GO e passagens por Navegantes/SC, Forquilhinha/SC. Colaborou por um período de quase dois anos na IEQ em Criciúma/SC. Atualmente é pastor/membro na Assembléia de Deus em Brasília/DF. FUNÇÕES – atualmente: Professor, Diretor e Professor da Escola Kerigma. Desenvolve o ministério da CLÍNICA PASTORAL presencial e on line. Iiniciou ainda na década de 70 na casa de recuperação de dependentes químicos no Desafio Jovem de Brasília/DF – DJB e recentemente no Desafio Jovem de Criciúma/DF- DJC. Experiência em atendimentos clínicos pastorais com centenas de jovens em Brasília. Vice diretor Pedagógico da ABADEUS – Associação Beneficente em Criciúma/SC. RÁDIO E TV – Coordenou programa de rádio FM em Brasília 92.09 FM por quase 2 anos. Realizou o “Programa Judson Santos” na Rádio Vertical FM em Criciúma/SC com alcance no norte do Rio Grande do Sul e no sul de Santa Catarina. Breve participação especial no Canal 5 da RCR TV – Criciúma/SC. IDEALIZADOR e criador de cursos de pós graduação da “Clínica Pastoral” em Brasília/DF, “Aconselhamento Terapêutico” e “Terapia Bíblica Familiar” em Brasília/DF e Goiânia/GO. Articulador e mentor do “Espaço Vida” na cidade de Taguatinga (Brasília/DF) e na cidade de Criciúma/SC. PROFESSOR Professor de “Aconselhamento na Igreja” e “Clínica Pastoral”.

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ESCRITOR por acreditar que as letras, uma vez perfiladas, fazem a ponte do diálogo dos sentimentos em perspectiva crescente. Autor de revista de Escola Dominical/CPAD – RJ. Autor também de livros, apostilas, crônicas e articulista em diversos periódicos do Rio de Janeiro, Distrito Federal e Santa Catarina. Autor dos livros: A Outra Face, Teologia Clínica e diversos livros didáticos (teologia), crônicas, poemas e artigos. REVISTA – Editor e diretor responsável da Revista CONSCIÊNCIA. FAMÍLIAS DE DEPENDENTES QUÍMICOS – Assistência para com famílias de dependentes químicos, visando apoio e assessoria pastoral nas diversas realidades do contexto humano. PSICANÁLISE – Formação em Teoria Psicanalítica / ano 2003 – Carga Horária: 210 horas CONSELHEIRO por acreditar no diálogo e na reconstrução pela sabedoria do Espírito no espírito. VIAJOU por diversos Estados brasileiros pregando o evangelho de Jesus em palestras e seminários de curta duração. Esteve também nos países como África do Sul/África e Moçambique/África ministrando cursos para obreiros vinculados a “Faith Mission”. Fez uma breve visita nos Estados Unidos da América (EUA) para acompanhar o lançamento da Revista de Escola Dominical para adolescentes (CPAD) de sua autoria e que foi traduzida para o espanhol e lançada em Miami/EUA. PAI da Loiane Santos e sogro do Pedro Schmitt, pai do Pedro Henrique Santos e do Felipe Alessandro Santos – filhos eternamente amados! AVÔ da Lara, Miguel, João e Isabel. SITE: www.judsonsantos.com /e/ www.escolakerigma.com.br FONES: (61) 99938 5455 Whats App FACEBOOK: www.facebook.com.br/professorjudson

É proibida a reprodução total ou parcial desse livro sem a autorização do autor.

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