Fórum Nacional Clubes Ciência Viva na Escola Viagens de descoberta • Lígia Calapez e Sofia Vilarigues Os Clubes Ciência Viva fazem a ponte entre escolas e cientistas. São um instrumento de construção do conhecimento e de estímulo ao pensamento crítico. Uma forma de ciência cidadã. Isso mesmo foi vivido no Fórum Nacional Clubes Ciência Viva na Escola, que contou com 2 mil entradas no auditório virtual. Um número que, só por si, reflete a importância destes projetos.
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Sondar as fronteiras do conhecimento
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“A viagem da descoberta não se limita a encontrar novas paisagens, mas também a ver com novos olhos”. Uma citação de Marcel Proust, invocada por Alexandre Quintanilha (cientista e deputado) numa intervenção que teve como mote a importância do conhecimento na definição das nossas estratégias de vida, ao nível pessoal e das comunidades. Numa forma acessível e coloquial, Quintanilha centrou-se em dois temas, mesclados com algumas surpresas e diferentes questões: biologia humana e clima.
Algumas das questões alinhadas parecem pertencer ao mundo da ficção científica, ainda que, na verdade, de algum modo já sejam possíveis hoje. Desde um bebé nascido depois da morte cerebral da mãe à possibilidade de produzir carne em laboratório (agricultura celular). Ou factos que para nós são uma surpresa. Como, por exemplo, dois terços das células no nosso corpo não serem humanas (somos um ecossistema, muitos são os “inquilinos” que vivem connosco), ou ainda, 99,9% de todos os seres vivos já terem desaparecido (o que naturalmente põe em causa qualquer tese criacionista). Mais perto da nossa experiência quotidiana, Quintanilha relevou o impacto extraordinário do conhecimento na medicina – da anestesia às transfusões, dos antibióticos à contraceção, ou ainda a reprodução medicamente assistida ou os transplantes. Práticas contra a natureza? Para Quintanilha a resposta é simples: “o natural é efémero”. No que respeita ao clima, o investigador é simultaneamente crítico e otimista. Crítico, porque de há muito (há mais de 50 anos) as alterações em curso já estavam previstas. Desde já com consequências críticas, como eventos extre-
mos e perda de biodiversidade. Numa referência específica às megacidades - onde ressalta o abismo entre os mais pobres e os mais ricos - salientou ainda que constituem um meio perfeito para propagação de doenças.
Duzentos e trinta e sete
São atualmente 237, os Clubes Ciência Viva na Escola, disseminados por todo o país. Abrindo portas a uma “ciência para todos”, com o privilégio de se poder contar com a participação de investigadores e técnicos altamente qualificados. Um mundo de iniciativas e atividades espelhado no Catálogo dos Clubes de Ciência Viva na Escola [https://www.dge.mec.pt/catalogo-CCVne/]. E de que tivemos, no Fórum, alguns fugazes exemplos – com apresentações, nomeadamente, da Escola Lima de Freitas de Setúbal, Agrupamento Francisco Simões do Laranjeiro, Escola Secundária Luís de Freitas Branco de Paço de Arcos. Otimista, com base nalgumas evoluções entretanto registadas, como a desaceleração demográfica, as Confe-