2 minute read

Nas nossas escolas também se faz bom teatro

Escola Secundária D. Pedro V, em Lisboa. Estrela Novais convidou-nos para assistir à representação de Um Sonho, de August Strindberg, um texto clássico, que ela criativamente encenou com os seus alunos do 11º ano, Curso Profissional Intérprete/Ator/Atriz.

António Avelãs

Advertisement

Dirigente do SPGL

Sala cheia, provavelmente com familiares e amigos dos corajosos intérpretes. Uma falha aqui e ali, uma ou outra hesitação ou cena pouco conseguida não escondem que o trabalho apresentado teve rigor, qualidade, e que há ali promessas de futuros bons atores e atrizes. Estrela Novais põe paixão no que faz e sente-se nela orgulho pelo que tem conseguido fazer pelo Teatro na Escola D. Pedro V. Daí que não se estranhe o que escreve na “folha de sala” do espetáculo: “Dedico este espetáculo Um Sonho a Todos os que foram meus alunos nesta escola (…)”. Fomos a esta escola, poderíamos ter ido a outras, onde também se faz teatro. O teatro nas escolas em Portugal resiste, apesar das dificuldades (de resto, bastante insanas) que o Ministério da Educação tem levantado. Ao mesmo tempo que decreta (e bem) que o Teatro, quer na vertente de formação profissional quer na vertente de formação cultural, tem lugar nos currículos e na vida escolar, o Ministério da Educação impede o ingresso na carreira docente a estes professores, catalogando-os como “técnicos especializados, alguns com 15 ou 20 anos de serviço, salários baixos, (no máximo dos máximos auferem pelo índice 151) e sem possibilidade de vinculação”, como denuncia o comunicado da APROTED (Associação de Professores de Teatro e Expressão Dramática) na página 24 do EI de março de 2022. O Ministério continua a opor-se à criação do Grupo de Recrutamento que englobe estes profissionais, o que impede também o ingresso na carreira docente dos que foram “aprovados” no PREVPAP. É verdade que em muitos casos quem leciona esta Arte nas escolas acumula com a participação como ator/atriz em companhias de Teatro – e isso ajuda à qualidade do que se faz nas escolas; é verdade que esta área das Artes é, por vezes, entregue a professores de outros grupos que manifestam interesse pelo Teatro. Mas é também verdade que há professores profissionalizados para este trabalho, que exercem em situações de precariedade insustentável. E parece inquestionável que o Teatro nas nossas escolas ganharia maior fôlego se o M.E. tratasse como professores, com todos os direitos, os que vão remando “contra a maré” pelo amor ao Teatro…e aos seus alunos.

This article is from: