Escola Repertório de Autodefesa - Publicação

Page 1

la

co

Es

Repertório

a s e

f e d

e d A o t u



la

co

Es

Repertório

a s e

f e d

e d A o t u



SUMÁRIO Escola Repertório de Autodefesa

Apresentação

06

Wallace Ferreira

08

Alan Atayde

10

Águi Berenice

16

Alex Reis

18

Iah Bahia

26

Azizi Cypriano

28

Julliana Araújo

32

Laís Castro

34

Loren Minzú

38

morani

42

Tais Almeida

46

Marcos Carvalho

56

Lista de trabalhos Ficha técnica

58 59


APRESENTAÇÃO Escola Repertório de Autodefesa

Essa é a primeira edição da publicação Escola Repertório de Autodefesa, uma edição que tem o desejo de contribuir para a construção de novos marcadores para tratar da palavra coreografia. Como pensar uma escola sem a ideia de descoberta? As páginas que se acumulam a seguir se iniciam como uma vontade de pensar uma escola fundamentada nas práticas colaborativas, trabalhos sem restrições formais e que o pensamento possa seguir para qualquer direção que surja. Entender o processo de criação artística como uma prática de viver no mundo, por isso, sem a ideia de descoberta. Todos os trabalhos publicados foram produzidos por artistas multidisciplinares que participaram da Escola Repertório de Autodefesa, o que faz da publicação, um rastro dos interesses dessa geração e de sua produção artística. Boa leitura!




WALLACE FERREIRA


um co mais tá o contor bicho ter curvado pa contradanç a testemunh às vezes prec e até onde não organizar o co espreguicei bra renascer choque cidade n profunda uma ave oval quatro apoio sustente na lomba ontologia do movi autonomia alegria ética riso fechar o singularidade do i dança afro no espa a dança pode quebr embaralhar espiral meio sem início nem racialidade o líquido que transp


ALAN ATHAYDE

rabo de sereia

orpo cansado pesado angustiado sem ar com excessos na vibração tudo fica átil rno do corpo a loucura aparece produzo energia dançante de quatro como rra ara baixo ça ha quer dançar comigo por onde andam os porcos cisamos voltar para casa para dentro e para fora onde se encontra ão se encontra a referência orpo sem resposta no desejo aços levantados dança vertical mãos na cabeça coluna corpo começando a

e natureza aos poucos diminuindo a ansiedade tudo está na respiração longa e acordando com suas asas uma dança coletiva com tambores ruídos e gritos os diagonais do corpo uma mão na cabeça chão se ar punhos fechados um braço sustenta e o outro movimenta no final levanta imento coreografar o imprevisto abstração intuição como motor a dança mutalla conhecimento do corpo terra pra baixo nção da os olhos buscar dentro respiração sensações do corpo ancestral origem manute indivíduo aço-tempo durando repetindo rar a linearidade do tempo lada m fim

passa o infinito beleza cachoeira de fogo lavra livre serpente chuva


o líquido que transpassa o infi passos triângulo dobra vertente signos olhos furam serpenteiam esquinas bahia os tudo qu pra cima cabeças manchas mofos estribeiras vozes diambe luzes diagonais racial localidade ficção científica delirar o racial desconfiguração o tempo de entendimento diferente denise ferreira da silva redecomposição algo escapa sempre retomar opacidade o tempo do retorno deixar rastro é importante alguma coisa acontece no meu coração ento pri que só quando cruza a ipiranga e a avenida são joão roupa extensão movim arqueia o que está amarrado coreografia repetida sentimental espada águia cabelo planta guerreira raíz terra cachos superior origem cabelo raíz intuiçã o duraçã firmes olhos águia água respirar afemia matéria e memória tempo dis escuta é problema marca meu corpo decompõe memória estação representação tão os pelo toque como se tornar invisível mais uma camada maré de olhos fechad me mostraram de mim cosmopoética eu nas universo que não fosse estrela faz um gatinho fobia um mundo à parte maré assim pérola negra preta rainha ser viado é babado est ai que delícia papo reto só não vê quem não quer ouvir aonde está a noite das fir ra quem manda são as mulheres pretas e faveladas quebra tempo quebra estrutu torso desenhos concreto descobrir pelas beiradas quebra tempo quebra estrutura na câ movimento luz quadro rever na memória meu entorno bruxo diáspora cotidia árvore-espaço é um pouco disso aqui periferia riscar o fora dança das bordas fita vermelha remixada im sexo território danças das dobras dedos visão infinita buraco tempo que corre reg estacionamento de pedras movimento invisível meus cabelos crescem fiz esse delirar o visual ou outras coisas que estão se movendo brilhante indumentária peito adentro tudo espalhado mesma bolsa organizando uma estou inserido para além do tempo a noção do ser clínica de efemeridade é minha família banto processo de se realizar gesto total imprevisibilidade sangue vivo nova temperatura corporal quente momento do transe é irrevogável de ten a racialidade é um limite movimento de serpente os nós musculares zonas um medo dois leveza três equilíbrio se aproximar se deparar com o limite do gesto intuição é res também colonizada medo e intuição aniquilação tesão região da virilha fogo umbilical ansiosa acalmou coração capoeira judô somagrama me sinto bem acolher o medo estetizar a respiração é a experiência mais radical alimentação dança bioquímica hormônios a lua controla nosso corpo metais e que a terra também tem após a morte há muita coisa a ser feita medo do medo da intensidade medo dor ato sexual ser penetrada prazer a partir do relaxamento áfrica e ásia z encruzilhada a liberdade e a cura noção de povo podridão nos une e nos mobili negro yansã c uma posição que corporifique qualidade de contração alteração do ritmo cardía exú da umban o limpidez salvação estado de cachoeira desaguar retiro do silênci eo movimento incerteza caveira caveira caveira língua bifurcada a cambonagem incêndio inevitável abstração da linguagem a violência acontece no susto surpresa pontos de pombagira incorporação do acaso é difícil estar presente transe no acontecimento instaurar ritualística a dança de acordo com o espaço movendo o sangue desequilíbrio experiência cinestésica couraça são os nós chacras poemas de angola dípticos corporificando a experiência tentáculos outras anatomias corpo sem órgãos memória da plantação produção poética inseparabilidade exercício espiritual relacionamento de almas não há superação de traumas


de baixo ue existe veredas

imeira vez que mostrei

a ar punho tempo dentes ão visão nilópolis a stração como denise diz assertivas

sci assim eu cresci

trelas criança viada rmeza escavar retangular reflexo âmera como presença

mpermanência rocha gistro

e fixando onde a encruzilhada

nsão

espiração

medo

za

co


Fotografia: Juliana Timbó


espiritual relacionamento de al prática clínica o beijo aquarela águas emoções equilíbrio mergulhar no mar espiritualidade mar barco religião o sétimo caminho da encruzilhada sim em qualquer poema sangue vivo aquática líquida cochilo esvaziamento serpentear experiência anatômica rebolar virilha tesão falo dança muita água barricada incerteza o malandro a malandra a malandragem sem palavras silêncio sombra macumba



ÁGUI BERENICE



ALEX REIS

As memórias que me rondam e as palavras e vivências dos meus velhos não me deixam esquecer... “Cici sambava com Alex na barriga”.


Me permito vasculhar, entender e criar a partir de vestígios que me deixaram, sentir o sopro do caminho, encontrar, encaixar, vibrar com o corpo e perceber fluidez, movimentos, interrompimentos, todos os gestos.



Trancrever o corpo é visualizar o caminho que integra e que me faz único. Sem separabilidades do conhecimento. Um corpo em sincronicidade com o tempo espiralar, sua comunidade, com outros seres naturais, outros seres minerais... Seus ancestrais.




Como criar espaços a partir de lugares que se dissolvem assim que você se identifica ou te identificam? Expandir o corpo e suas potencialidades de pulsar vida, dignidade, humanidade, passa a ser possível quando escuto o campo mais sutil de conexão, quando Exu me leva a caminhos onde eu posso experimentar outros modos.



IAH BAHIA


pẹ́ le bẹ́ ni tó bẹ̀ pẹ́ le bẹ́ ni tó bẹ̀ apákò màko okun pẹ́ le bẹ́ pẹ́ le bẹ́ ni tó bẹ̀


AZIZI CYPRIANO

desenho no mais firme dos bambus o caminho que me leva até o ventre do invisível. sigo em direção ao eixo, entrelugar que me faz escorrer entre a água e a lenha. nesse escoamento, irrigo a mais infértil das terras e entrelaço toda a aridez, numa simbiose contínua em que meus próprios rizomas encharcados se aproximam de tantos outros infecundos.


sei de onde saí e também sei onde quero chegar sigo em busca das porteiras que me aparecem na escuridão feito assombrações

meus passos fincam raízes por toda os pés já não me

essa árvore, portanto, só me revela seus segredos quando tudo que sinto ao meu redor é terra molhada e ar quente. imersa no barro, sei também que posso voar. faço morada na base e no pico do caule que me ergue até os céus.

vigio feit feito ca


a a extensão dessa terra tão úmida e servem de nada

to coruja ascavel

eu estática-bamba muito bem desequilibrada o peso que faz curvar o bambu a existência forjada no arremesso

não tenho pressa nem medo de cair sou oca mas não quebro meu tempo é o tempo do bambuzal



JULLIANA ARAÚJO

Na necessidade cotidiana de moldar superfícies têxteis e plásticas, dialogo nesse exercício uma coreografia de gestões e interações entre meu corpo e práticas de modelagem tridimensionais e memória.



LAÍS CASTRO



Movimento fugidio do fogo, que queima, alardeia. Fogo do jogo e do gozo. Fogo ritual. Tacar fogo. Autodefesa como afirmação de um modo de ser corpo. Invisível mas fundamentalmente implicado na ação. Alimenta o fogo, dança, desafia a coreografia. Insurgência. Pego o fogo na mão e me acende. Lembro do incêndio na mata e na lágrima da entidade dos cabelos cor de fogo. Sonora. Que fogo que pega aonde?



LOREN MINZÚ


a primeira vez que me vi quando rememorei os par rua e escavei o asfalto até deles. a pedra não me deix terra que quiseram fazer d arraigada. o que fiz foi co logo operou uma recon esquema de nossa condição luz, (I) desorganizou o esq historicizadas na lineari centro magnético (II) inv área o sentido gravitaciona (III) absorveu, concentrou e astro central dessa galáxia

desde então venho insis os abismos nessa constru que nomeamos cidade, a partir de existentes difícil erosão e decomp existência terrosa, talvez e móvel a partir de uma maravilhosamente comunic é uma geocoreografia orga invisível forte, criado por estas são observações sobr emaranhada.


frente a um desses foi ralelepípedos de minha é que pudesse tocar um xou movela, pra tocar a de esquecimento. estava olocar um espelho, que nfiguração da escrita/ ão territorial. através da quema de sobreposições idade, cruzando nosso verteu em sua pequena al entre terra e cosmos, e emanou calor vindo do a onde nos encontramos.

stentemente provocado ução material-imaterial construída sobretudo muito enrijecidos, de posição. situada sobre ainda úmida, maleável a inteligência granular cativa (fertilidade). essa ganizada por um campo um corpo visível denso. re o tempo e uma dança o que me interessa tanto nessas armadilhas é a possibilidade de cair(mos) nela e ser(mos) lançade(s) para fora das cosmogonias dominantes aqui. então, este é um momento de muito tremor. talvez a primeira coisa que teremos de abandonar são as leis físicas que conhecemos, e isso implica em: tempo, espaço, peso, localidade. ou seja, caminhar ao seu entorno é um perigo ao/ em absoluto. as dinâmicas de movimento que aparecem neste jogo são, então, condicionadas por uma negociação entre possíveis desconhecimentos, as identidades, os estados-nação, o infinito, a não-localidade, a história, os buracos negros, a cultura e a impossível descontaminação do que se experimentaria aqui depois do que se experimentou lá. posiciono este no largo da carioca, pouco antes da alvorada. sao goncalo, 3 de outubro 23:26



MORANI



This self which is observable is a mystery. It is imprisoned in the observed. Its own language is plain yet secret. Rather, obscured. Dionne Brand I saw things I imagined... taking on the lie Solange Knowles

À quais regimes estão submetidos os processos de representação e, ainda, identificação? O desejo de identificação é condicionado por qual arquitetura, formalizado através de qual estrutura morfossintática, qual léxico, qual repertório? Nas palavras de Castiel Vitorino, a raça é uma distração que nos é imposta, um limite não somente psíquico como gestual, ao qual podemos forçá-lo contra o medo – da dor e do prazer – para mover. Como prenunciado por Denise Ferreira da Silva, é fundamental que renunciemos a maneira como abordamos matéria e forma, apontando a variabilidade em colocarse frente ao imbróglio das vidas humanas e mais-que-humanas, dispersas ao que é previsível por qualquer cálculo e método. Vai de encontro e abandona o corpo como signo; revolve-se entre a exterioridade inerente a imagem (sempre conjugada como outro) e a “exterioridade radical em que conhecer exige afetability, intencionalidade, e atentividade” (FERREIRA DA SILVA, 2019, p. 54).

-

Para sonhar de olhos abertos... Para esquecer rastros de aparições, me mover de olhos fechados. Não acredito nesse gesto como uma prece, mas a cabeça toma essa importância. A escuridão por detrás das minhas pálpebras pode me mostrar coisas que eu quero ver e coisas que eu não quero ver. O costume, de todo jeito, é acreditar no que se vê. Para mirar o fogo, deixá-lo habitar o olho, queimar tudo que vê e é visto – as retinas, as palavras, as hipóteses, as medidas. O fogo não pode ser capturado e eu agradeço todos os dias por ter nascido – fogo. E se pudéssemos imaginar uma escola sem a ideia de descoberta?

I can only move with my eyes closed



TAIS ALMEIDA


Riscar o fora, mergulhar por dentro, carregar um espaço e ser carregad dele. Emitir de dentro para fora, evacuar, expelir, sentidos, ritmos próximos com um olhar novo. D novo. Repetir o que já implod perto de mim. Reunir e colecionar. Aglomerar diferente, redesenhar. Não existir silêncio entre as


paredes. Ser tudo compartilhado. Atravessado e remixado pelos ouvidos de quem recebe. Cravar o pé para marcar existência. Fica dentro e fora o tempo inteiro. Estranhar e se aproximar. Dialogar não só com o universo da arte, mas com quem vive a periferia. Tcputa Cúvermelho. Experimento sexua com o território.







É sobre trajetos e trajetórias Nós não somos os primeiros a dividir espaço a disputar espaços Desde que o mundo se formou a terra se separou, as diferenças territoriais, de uma linha, de uma língua, marcam povos e culturas Aglomerar, possuir,pertencer, terra Começou a ser importante talvez quando agricultura, moradia, passou a ter valor Quando castelos, mansões terra War Passou a dar sentido ao pertencimento e as diferenças das camadas Uma terra assaltada Botaram uma cerca Um selo sangrento em dizer Aqui é brasil terra de Portugal Terra tem dono A colonização ensinou fronteiras e bordas E principalmente terra virou disputa Terra é poder Espaço é disputa Dominação Micro Macro limites Travessias Me torcem as bordas Nos torcem os domínios A terra não é para todos Cuidado onde vc pisa A terra tem dono Dominar Cercar Invadir Revistar Vigiar Repassar Olhar Arregalar os olhos Os cria fica na contenção Exército Motivação Cercamentos Barricada Incendiar Enviar Zonas Comandos Rules Migrações



MARCOS CARVALHO


LISTA DE TRABALHOS

Águi Berenice Sem Título (série) 2021 Alan Athayde Rabo de Sereia, 2021 Alex Reis Corpo Cruzado Azizi Cypriano Reverência ao Bambuzal, 2021 Iah Bahia Reformulações, 2021 Julliana Araújo Ajuste, 2021 https://youtu.be/cTzAX2lsrZw Laís Castro Estudo sobre fogo e movimento (série), 2021 https://youtu.be/aZUyO_ji45s Loren Minzú zona abissal, 2021 https://youtu.be/Oey2FSxR2_o Marcos Carvalho LAPArada https://youtu.be/ugare8YKRJU morani I can only move with my eyes closed, 2021 Tais Almeida Zonas, 2021 https://bityli.com/AZZusM

Escola Repertório de Autodefesa

Wallace Ferreira Sem Título, 2021


Equipe de formação Ana Pi Castiel Vitorino Brasileiro Davi Pontes Iara Izidoro Thiago de Paula Souza Wallace Ferreira Designer Diego Crux Designer (livreto digital) Rodrigo Lopes Revisão Erika Villeroy da Costa

FICHA TÉCNICA

Produção do projeto Barbara Rodriguez I️dealização Davi Pontes



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.