Dicionário ilustrado de cidades invisíveis Turmas de 9º ano
Créditos da imagem da capa
M ar co B ar t h o l o me i Lo S ch i av o e M ar t i m T h au ma t u rg o Ch i ar el l a .
Agradecimentos À s p r o f e s s o r as A n a R i t a Gu i m a r ães e M a ri a D a B et a n i a G al a s . À s e q u i p e s d e E d i t o r aç ã o e I n f o r m á t i c a.
Dedicatória À p r o f e s s o r a Pr i sc i l a C a mp a n h o l o .
S ão P au l o , n o v e m b r o d e 2 0 1 1 .
APR E S EN TA ÇÃO A i d e i a d e s t e d i c i o n á r i o i l u s t r ad o d e c i d ad e s i n v i s í v e i s s u r g i u a p ar t i r d a l e i t u r a d a s o b r as “A s c i d ad e s i n v i s í v e i s ”, d e I t al o C al v i n o , e d o “D i c i o n ár i o d e l u g ar e s i m ag i n á r i o s ”, d e A l b e r t o M a n g u e l e G i an n i G u ad al u p i . A m b a s r e t r at am c i d ad e s i n v e n t ad as . A s p r i m e i r a s , p e l o g ê n i o d e I t a l o C a l v i n o e as ú l t i m as , p o r d i v e r s o s au t o r e s d e l u g ar e s i m ag i n ár i o s p r e s e n t e s n a l i t e r at u r a m u n d i al . E m “ A s c i d ad e s i n v i s í v e i s ”, o v i aj an t e e e x p l o r ad o r M ar c o P o l o d e s c r e v e p ar a Ku b l ai Kh an , i m p e r ad o r m o n g o l , a s c i d ad e s v i s i t ad a s e m s u as m i s s õ e s d i p l o m át i c a s . A s c i d ad e s i n v i s í v e i s – p e q u e n as m ar av i l h as d e s c r i t a s e m p r o s a p o é t i c a – s ão ap r e s e n t ad a s u m a a u m a e e n t r e m e ad as a t r e c h o s d e c o n v e r s a e n t r e o s d o i s . A r e l aç ão e n t r e P o l o e K h an r e m e t e - n o s ao a t o a n c e s t r al d e c o n t ar h i s t ó r i a s e e n c o n t r a s i m i l a r i d ad e s n a r e l aç ã o e n t r e S c h e r az ad e e s e u s u l t ão . A b e l a c at i v a c o n t av a h i s t ó r i as p ar a s o b r e v i v e r , s e m a s q u ai s o s u l t ão n ão c o n s e g u i r i a d e s f r u t ar d e u m a n o i t e d e s o n o . M a r c o P o l o s u b v e r t e a m o d o r r a d o s r e l at o s b u r o c r át i c o s e e n c a n t a i m p e r ad o r e l e i t o r e s d e t o d o o m u n d o c o m s u as d e s c r i ç õ e s . A s c o n v e r s a s e n t r e o s d o i s s ão u m e s p aç o p r i v i l e g i a d o p a r a a e s c u t a, p ar a a r e f l e x ão , p ar a a p o n d e r a ç ão e p ar a o e x e r c í c i o d a f i l o s o f i a. M an g u e l e G u ad a l u p i , e m s e u “ D i c i o n ár i o d e l u g ar e s i m ag i n ár i o s ”, c o m p i l a r am d i v e r s a s c i t aç õ e s d e l u g ar e s i m a g i n á r i o s e p r e s e n t e ar am - n a s ao s l e i t o r e s n a f o r m a d e u m d i c i o n á r i o . A t l â n t i d a, E l D o r ad o , F a n t a s i a, L i l i p u t e , P a í s d as M ar av i l h a s , S í t i o d o P i c a - P au A m a r e l o e at é al g u m a s d a s c i d ad e s i n v i s í v e i s d e I t al o C a l v i n o t r a n s f o r m am - s e e m v e r b e t e s q u e r e p r o d u z e m o s t e x t o s o r i g i n ai s . N o s e g u n d o s e m e s t r e d e 2 0 1 1 , at r av é s d a e x p e r i ê n c i a d e l e i t u r a p r o p o r c i o n ad a p e l a o b r a d e I t al o C al v i n o , o l e i t o r - e s t u d an t e t o r n o u - s e v i aj an t e e o b s e r v ad o r . T r av o u c o n t at o c o m d i f e r e n t e s p o n t o s d e v i s t a, e x e r c i t o u o o l h a r p ar a a al t e r i d ad e , p a r a a d i f e r e n ç a, p a r a
d i f e r e n t e s c i d ad e s e p ar a d i f e r e n t e s h ab i t a n t e s . E s t e p e r c u r s o , q u e t e v e c o m o e l e m e n t o d i s p ar ad o r o t e x t o l i t e r á r i o , f o i r e f o r ç ad o p e l a e x p e r i ê n c i a r e al d e v i ag e m p r o p o r c i o n ad a p e l o E s t u d o d e M e i o n as c i d a d e s h i s t ó r i c a s m i n e i r as e n o I n s t i t u t o I n h o t i m . E s t e e x e r c í c i o d e p e n s a r c i d ad e s p o s s i b i l i t o u a o e s t u d an t e s u c e s s i v o s m o v i m e n t o s d o g l o b al p a r a o l o c al e d o l o c al p ar a o g l o b al n u m p r o c e s s o q u e c u l m i n o u c o m a p r o d u ç ão d e s t e d i c i o n á r i o i l u s t r ad o d e c i d ad e s i n v i s í v e i s . U m d o s c r i t é r i o s n o r t e a d o r e s d a e s c r i t a f o i a m e n ç ã o ao E s t u d o d e M e i o . P o r c o n t a d i s s o , o d i c i o n ár i o e s t á r e p l e t o d e e l e m e n t o s d a v i ag e m : g e o g r a f i a , m o d o d e v i d a d o s h ab i t an t e s e i m p r e s s õ e s c au s ad as n o v i a j a n t e . E m r e l aç ão à g e o g r a f i a, d e s t ac a m - s e as s e r r as , o c a l o r , a m i n e r aç ão , o s o l d a t ar d e , a s e s t át u a s , a s c o n s t r u ç õ e s r e p l e t as d e o u r o e p e d r as p r e c i o s a s , o s t e m p l o s , a s l ad e i r a s , as p r a ç as , o s p a r al e l e p í p e d o s . O s h ab i t an t e s d e M i n as G e r a i s s u r g e m o r a s o b r e v i v e n d o d o t u r i s m o , o r a r e l i g i o s o s e f e s t i v o s e o r a p r e s o s à s am a r r as d a r e l i g i ã o . H á f u s c as q u e h ab i t a m u m a c i d ad e s ó d e l e s . S u r g e m t a m b é m m u i t as c i d ad e s u t ó p i c as c o m r i q u e z a, i g u a l d ad e s o c i al e p o u c o t r ân s i t o ( ! ). F i n al m e n t e , n ão f al t am a l u s õ e s ao p as s ad o , ao m i s t é r i o , à r e l i g i o s i d ad e e à m o r t e . A p r e s e n t e e d i ç ão t e v e o c u i d ad o d e p r e s e r v a r , n a m e d i d a d o p o s s í v e l , o s e s t i l o s d e c ad a d u p l a d e au t o r e s , p o r v e z e s s o l e n e s , p o é t i c o s , m u i t as v e z e s b e m - h u m o r ad o s , c r í t i c o s , m a s s o b r e t u d o e n c an t ad o r e s . B o a l e i t u r a!
Ph aed r a d e A t h ayd e Professora de Língua Portuguesa – 9º ano
A D A L T A : N ão s e s ab e ao c e r t o s e A d a l t a é u m a c i d ad e i n v i s í v e l , i m ag i n ár i a o u i n e x i s t e n t e . E n t r e o s l i m i t e s d e n o s s as d u a s d i m e n s õ e s , r e al e i r r e al , d e s c an s a e s s e l i m b o . S e m o v e n t e s , a s p a s s ad as s e t r a ç am , s e m r u m o , n o s c h ão s d e p ar al e l e p í p e d o s d e m á r m o r e , e n ão s e t e m c e r t e z a s e as p o n t ad as n o s p é s n u s c au s am d o r o u r e c o n f o r t o . N o s s o v e r m e l h o é p r e n s ad o n a ap r e e n s ão e p r e s s a d e p e r c e b e r s e o q u e v i v e m o s e s t á r e al m e n t e s e n d o v i v i d o , s e o q u e p e n s am o s r e al m e n t e n o s c o r r e às m e n t e s , s e o q u e n o s p ar e c e r e al m e n t e n o s é . H á aq u e l e s q u e d i g am q u e t o d o s s e t o r n am s e n i s e m A d a l t a. A d i s t ân c i a é c a r át e r d e t o d o s , q u e a s e n t e m m e s m o e m r e l a ç ão a s e u p r ó p r i o c o r p o . O s d e l í r i o s e m ó r b i t a t o m am o s d o s s é i s d a m e t r ó p o l e , e a m a r e l o s d e s e n h am - s e e n t r e o s b e i j o s d e am an t e s p r o i b i d o s , a e m b r i ag u e z d o s j o v e n s d e l i n q u e n t e s , n o s o m d a m ú s i c a d o s d e r u a, n as j u r as d aq u e l e q u e m e n t i u , d o l o n g í n q u o , a f o r ç a, a p a i x ão , a m e n t i r a, a i n f l u ê n c i a e a r ai v a d a v e r d ad e , v e r d ad e e s t a q u e é m e n t i r a e m A d al t a. A s c as as b ai x a s , al i n h ad as ao l o n g o d a s r u as f r i as d e p e d r a, p o s s u e m p o r t as al t a s d e c o r e s v i b r an t e s , n u m a a l t u r a t ão i m p r e s s i o n an t e q u e f az p e n s a r n u m a r az ã o p ar a t a l . T al v e z p ar a q u e c ad a v i s i t an t e p o s s a t r az e r c o n s i g o t o d a a s u a r e al i d ad e d e s o n h o , p ar a q u e p o s s a ad e n t r ar a m o r ad i a v i v e n d o u m p ar al e l o e n t r e o s d o i s m u n d o s . A s s u b i d as e d e s c i d as í n g r e m e s d e A d al t a s ão a m p ar ad as p e l o s e s q u e c i m e n t o s e ab an d o n o s d e v i d as q u e r e al m e n t e e x i s t i r am , o s c o r p o s i n o c e n t e s e d e s t r u í d o s d e v e l h o s b r i n q u e d o s , d e t r i t o s d e al m o ç o s h ar m o n i o s o s , l e n ç ó i s d e c as ai s i n e x i s t e n t e s e o u t r o s o l v i d o s d e u m a e x i s t ê n c i a p as s a d a. E n t r e e s s as t r i l h a s c aó t i c a s , v i s i t a n t e s e at é m e s m o m o r ad o r e s p e r c e b e m - s e p e r d i d o s . A s r o t a s m u d a m d e d i a a o u t r o , t o r n an d o a c i d ad e i r r e c o n h e c í v e l m e s m o ao s o l h o s d aq u e l e s q u e a v e e m c o t i d i an am e n t e . P o s s i v e l m e n t e p e l a i n t e r f e r ê n c i a q u e a s s u p e r f í c i e s i m ag i n ár i a s p ar t i c u l a r e s c au s a m e m u m e s p a ç o m ai o r e , s u p o s t am e n t e , p ú b l i c o .
Ve z o u o u t r a c o r r e u m a ág u a r a l a d e n t r e a s r a c h ad u r a s d o m ár m o r e g e l a d o s o b o s p é s . F r i a e n e u t r a e m b e b e a p e l e , n o s t r az f r e s c o r e n o s ar d e ao m e s m o t e m p o . É e s s a ág u a q u e l e v a al g u m as d as p e s s o as a e s c o a r e m - s e p e l o s r i o s d e s u a c i d ad e . U l t r ap as s an d o l i m i t e s d o c o n h e c i d o – o u t i d o c o m o c o n h e c i d o – , t ê m s u as f o r t u n a s m u d ad as , e n ão m ai s p e r t e n c e r ão a A d al t a. E a q u e l a s q u e c o n t i n u a m n a c i d ad e t ê m u m a c ar ac t e r í s t i c a p e c u l i a r , s ão u m t an t o q u an t o r e s e r v ad a s . F a l a m , m a s n ã o c o n v e r s a m , o l h a m , m a s n ã o e n x e r g am . T o d o s e c ad a u m p r e s o s a s u a p r ó p r i a r e al i d ad e , v i aj an d o p e l o s c a m i n h o s d o s o n h o , e x p l o r an d o a c ap ac i d ad e d e s e t r an s p o r t a r p a r a o u t r a d i m e n s ão s e m n e m m e s m o m o v e r o s p é s d e s n u d o s e p r e g u i ç o s o s , d e s f r u t an d o d e m e n t e s c h e i as d e i d e i as s i m u l t an e a m e n t e ad q u i r i n d o e s p í r i t o s v a z i o s . O v i aj an t e q u e v ag a p e l a s r u a s d e s s a A d al t a m i s t e r i o s am e n t e b e l a d e v e m an t e r - s e s e m p r e d e s p e r t o . U m a v e z q u e s e i n g r e s s a n e s s e p a r al e l o e n t r e o q u e n o s o c o r r e o u n ã o , as m e n t e s t o r n a m - s e o c as , e e s s e d e v o l u t o p o d e s e r d o m i n ad o f a c i l m e n t e p o r q u al q u e r m i r ag e m o u f an t as i a. É m e l h o r o v i s i t an t e p e r m an e c e r a c o r d ad o . A v i s i t a ao s o n h o n ão t r a z p as s ag e m d e v o l t a. O al v o m á r m o r e t o r n a - s e p e d r a p r e t a. A ág u a t o r n a - s e l am a e s p e s s a. O l o u c o t o r n a - s e e s c r av o d e s u a m o r ad i a.
Po r A n t ô n i a M i d en a P err o n e e A n a Vi t ó ri a M e sq u i t a Co st a
A M A N D A : A o c h e g ar e m A m an d a, a p r i m e i r a c o i s a q u e o v i a j a n t e s e n t e é s e d e . T u d o o q u e s e e n x e r g a é b e m f am i l i ar a o s o l h o s h u m a n o s : a s p a r e d e s d e c ad a c o n s t r u ç ão ; o as f a l t o d as r u a s ; a s j a n e l a s e p o r t as , t u d o ap r e s e n t an d o u m e s t ad o d e m ai s p u r a p e r f e i ç ão ; a s e d i f i c a ç õ e s b r a n c as c o m o a n e v e , d e as p e c t o m o d e r n i s t a, r e f l e t e m a l u z d o s o l u m a s n as o u t r as a t é i l u m i n a r e m g l o r i o s am e n t e a c o n s t r u ç ão c e n t r al , c o m s u as p a r e d e s b r an c a s p o r f o r a e p o r d e n t r o , r e v e s t i d a c o m o u r o e m s e u s d e t al h e s m ai s m i n ú s c u l o s , o t e t o p i n t ad o p e r f e i t am e n t e e o s b an c o s d e m ad e i r a al i n h ad o s c o m p r e c i s ão . E n q u an t o a s e d e au m e n t a, as p a r e d e s at é e n t ão p e r f e i t a s c o m e ç a m a r a c h a r , o as f al t o v ai s e e s b u r ac an d o , o s v i d r o s d as j an e l as v ão s e s u j an d o , a m ad e i r a d a s p o r t a s e n v e l h e c e e a l u m i n o s i d ad e d e s a p a r e c e n a I g r e j a c e n t r a l – a ú n i c a c o n s t r u ç ão n a c i d a d e d e A m an d a n a q u a l o v i s i t an t e p o d e r i a e n t r a r e m o r r e r d e s e d e e q u e , m e s m o a s s i m , n ão s e d e s c o n s t r u i r i a. P o d e m s e o u v i r , a o s p o u c o s , r u í d o s s e m e l h an t e s a o d e m e t al r e t o r c e n d o - s e , v i n d o s d e c an o s e n v e l h e c i d o s e n t e r r ad o s s o b u m a d e n s a t e r r a. S e h o u v e r s o r t e , é p o s s í v e l n o t ar v u l t o s p as s an d o p e r t o d a s v e l h a s j an e l a s , f e c h a n d o s u a s c o r t i n a s r a s g ad as e p e r s i an as r i s c ad as e q u e b r ad as , d an d o u m ar d e s o l i d ão ao v i s i t a n t e r e c é m - c h e g ad o . O s v u l t o s s ão n ad a m ai s n ad a m e n o s q u e o s h ab i t an t e s d a c i d ad e d e A m an d a, q u e p o s s u e m a ap ar ê n c i a d e d o c e s , d e s e r e s am i g áv e i s e am áv e i s . M as , m u i t o p e l o c o n t r ár i o , s ã o s al g ad o s e a n t i p át i c o s . N ão s ó o s m o r ad o r e s , m a s t o d a s as f o r m as d e m at é r i a s ã o c o m p o s t o s p o r s al , d e s d e o i n t e r r u p t o r d e u m a l âm p ad a at é o c al ç a m e n t o d a m ai o r d as av e n i d a s d e A m an d a.
Po r Ci n t h i a Yu mi k o M i o r i e I s ab el S a n t i S ch al ch
AMÉLIA DO NORTE: Amélia do Norte, a cidade da beleza e do trabalho, é caracterizada e conhecida pela existência de dois picos em suas extremidades, chamados de Rosa e Julieta. Ao redor da cidade, há uma grande floresta, escura e de altas árvores (as maiores chegam a 120 metros), e há rumores de que se uma pessoa adentrar seu território, nunca mais verá a luz do dia. Cortando Amélia do Norte em seu coração, há o rio Lino, de águas claras e de peixes mansos, carnudos, grandes e saborosos. Moradores acreditam que o rio foi o início da cidade, quando o mesmo, no passado, era a principal fonte de renda da vila, com extração de pedras preciosas. Hoje em dia, a mineração se deu por esgotada e a renda da cidade é proveniente da inovação tecnológica. O trabalho é uma característica muito forte de Amélia do Norte. No entanto, não são todos que trabalham e batalham pela sobrevivência da cidade: às seis e meia da manhã, todas e apenas as mulheres saem de suas casas para trabalhos diversos. Algumas, com roupa executiva, vão ao escritório, e outras, trajando um feio uniforme de limpeza, cuidam dos trabalhos braçais. Os homens? Dormem e descansam, assistem à televisão, correm nos parques, vão a bares, ou seja, fazem tudo que os agrada. Dizem que quanto mais tempo a mulher trabalha, mais tempo ela vive. Ao andar por Amélia do Norte, a brisa fria da manhã chama a atenção. Os cheiros de natureza, de eucaliptos, refrescam e dão um ar de “novos dias” aos habitantes. Logo pela tarde, o sol escaldante, que queima nossos pés, torna-se personagem principal e ninguém consegue ignorá-lo. Pela noite, quando o sol se põe, a lua cheia aparece e ilumina mais doze horas de trabalho duro das lindas damas. O que chama a atenção é que, mesmo após longas horas de trabalho, as mulheres continuam sendo bonitas e cuidando de sua própria beleza.
Quem é Amélia? A mulher perfeita, fundadora da cidade, que se sustentou a partir do duro trabalho nas mineradoras. A cidade de Amélia do Norte nada mais é do que uma referência às mulheres dos dias de hoje. Elas não mais ficam em casa cuidando das crianças, elas batalham, trabalham e, no final do dia, abrem um sorriso para seus filhos tão queridos. Sinal de que o dia foi produtivo. Os homens? Estes ficam em casa descansando, sendo sustentados pelas mulheres, que são perfeitas em suas visões, pois trabalham e lhes dão carinho. Tudo o que um homem quer. Seguir o exemplo de Amélia é uma boa sacada, pois se continua aproveitando a vida como ela é. Como dizia Mário Lago:
Amélia não tinha a menor vaidade Amélia é que era mulher de verdade
Por João Pedro Coutinho Valle e Rodrigo Gualandi Verri
A M É L I A D O S U L : S e g u i n d o e m d i r e ç ão ao s u l , ap ó s c i n c o d i a s d e c am i n h ad a p o r m o n t an h a s e s e r r as , é p o s s í v e l av i s t a r A m é l i a d o S u l . L o c al i z ad a n o t o p o d e u m a s e r r a, a c i d ad e é f o r m ad a p r e d o m i n an t e m e n t e p o r m e t ai s e p e d r a s p r e c i o s a s . O s h ab i t a n t e s d e A m é l i a d o S u l s o b r e v i v e m p r i n c i p al m e n t e d a m i n e r aç ão e d o c o m é r c i o c o m o u t r as c i d ad e s . A o e n t r ar n a c i d ad e , p as s a n d o p o r g r an d e s p o r t õ e s d o u r ad o s , o v i aj an t e s e d e p a r a c o m o b r i l h o d e c o n s t r u ç õ e s c o b e r t as d e o u r o e p e d r as p r e c i o s as . S e u c e n t r o c o m e r c i al é f o r m ad o p r i n c i p a l m e n t e p o r j o al h e r i as e l o j as d e r o u p as , t o d a s f e i t as c o m f i o s d e o u r o e p r at a. A p r aç a p r i n c i p a l d e A m é l i a d o S u l é r o d e ad a p o r i g r e j as d e v ár i a s o r d e n s r e l i g i o s as , t o d a s f e i t a s d e o u r o e d i a m an t e s . P o d e p ar e c e r , p a r a u m v i aj an t e q u e c o n h e c e a c i d ad e p e l a p r i m e i r a v e z , q u e A m é l i a d o S u l é a c i d ad e p e r f e i t a, o n d e t o d o s s ã o r i c o s , n ão h á r o u b o s e a d e s i g u al d ad e n ão e x i s t e . N o e n t an t o , m e s m o c o m t a n t o o u r o e j o i a s , o s h ab i t an t e s d e A m é l i a d o S u l v i v e m n a m i s é r i a. C o m o o s o l o r o c h o s o n ã o é f é r t i l e o r e l e v o i m p e d e a c r i aç ã o d e a n i m ai s , o s f a m i n t o s h ab i t an t e s d e A m é l i a d o S u l f r e q u e n t e m e n t e p a r t e m p ar a o u t r a s c i d ad e s p ar a p r o c u r a r al i m e n t o . M u i t o s , p o r é m , n ã o v o l t a m . O s q u e c o n s e g u e m u m p o u c o d e al i m e n t o t r an c am - s e e m s u as c a s as d o u r ad a s o u f o g e m p a r a o u t r a s c i d ad e s , c o m m e d o d e q u e a p o p u l a ç ão f am i n t a r o u b e s u a c o m i d a. E m A m é l i a d o S u l , o al i m e n t o é o d i n h e i r o , n ad a p o d e s e r c o m p r ad o c o m o u r o e j o i a s . O s m ai s r i c o s s ã o o s q u e m ai s t ê m m ai s m a n t i m e n t o e o i m p o s t o é p ag o e m c o m i d a. M u i t o s q u e v i s i t a m c i d ad e d e c i d e m f i c ar p o r c o n t a d a s r i q u e z a s e d a ap a r e n t e t r a n q u i l i d ad e , p o r é m , ac ab am p r e s o s p o r c o n t a d a f o m e .
Po r Bet i n a T o ri n o C o rr e a e Jo ão Len z i M ed ei r o s
A N T O N I E T A : A C i d ad e d e A n t o n i e t a é l o c al i z ad a n o s u l d o e s t ad o d e M i n as Ge r ai s at r á s d e m o n t an h a s o n d e , n o s é c u l o X VI I I , h av i a u m g r a n d e b u r ac o e n c o n t r ad o e c o l o n i z ad o p e l o s p o r t u g u e s e s . A n t o n i e t a e n t ão f o i c r i ad a d e n t r o d e s s e b u r ac o . P o r i s s o , é u m a c i d ad e q u e n ão t e m m u i t a c o m u n i c a ç ã o c o m as o u t r as c i d ad e s . A n t o n i e t a é af a s t ad a e c e r c ad a p o r g r an d e s m o n t an h a s . U m d o s m e i o s d e s e e n t r a r n a c i d ad e é p o r u m g r an d e t ú n e l q u e p a s s a d e n t r o d e u m a d as m ai o r e s m o n t an h a s q u e c e r c a A n t o n i e t a. D e n t r o d a c i d ad e , o n d e v i v e m c e r c a d e 3 0 m i l h ab i t an t e s , h á u m g r an d e l ag o c h a m ad o B i t o s . O l ag o é o p r i n c i p al m e i o d e o s h ab i t an t e s g an h ar e m d i n h e i r o ( c o m n e g ó c i o s d e v e n d as d e p e q u e n o s o b j e t o s ) e s e s u s t e n t a r e m . P o r c au s a d i s s o , é t ão b e m t r at ad o p o r t o d o s . O s h ab i t an t e s d a c i d ad e d e A n t o n i e t a s ão m u i t o r e l i g i o s o s e t am b é m m u i t o f e s t i v o s e r e c e p t i v o s . N o d i a a d i a , t r ab al h am e s f o r ç ad a m e n t e p a r a m an t e r u m a b o a v i d a p a r a t o d o s d e s u a f a m í l i a. T o d o s q u e al i h ab i t am t ê m o r g u l h o d e f az e r p ar t e d a c i d ad e d e A n t o n i e t a e p r o t e g e m a c i d ad e c o m o s u a s p r ó p r i as v i d as . T u d o o q u e e l e s p r e c i s a m e s t á al i e , p o r t an t o , p o u c o s h ab i t an t e s p o s s u e m u m au t o m ó v e l . E l e s f az e m t u d o a p é .
Po r Bru n o L an i ad o e Ped ro P et r o n i d e A l mei d a S a mp a i o
A U R É L I A : A c i d ad e d e A u r é l i a e s t á c e r c ad a p o r m o n t an h as l o c al i z ad as e m u m a g r an d e e d e s l u m b r an t e b aí a. A u r é l i a c o n s t i t u i - s e d e i n ú m e r a s c a v e r n a s c h e i a s d e p e d r a s e m i n é r i o s preciosos. L o c al i z ad a s a o n o r d e s t e d o p a í s , s u a s e s t r ad a s s ão m u i t o b e m a s f al t ad as . D i f e r e n t e m e n t e d as e s t r ad as q u e l e v a m ao s u l , q u e e s t ão e m p é s s i m as c o n d i ç õ e s e c h e i a s d e buracos. Q u an d o s e c h e g a a A u r é l i a, o q u e s e m a i s o u v e é o s o m d a s o n d as b at e n d o e m c o r ai s e p e d r as p r ó x i m a s à p r a i a . N o c e n t r o , r e c h e ad o d e p ás s a r o s e d o c e i r a s , p o d e - s e v e r p e q u e n as c a s as o n d e ar t e s a n a t o s s ão v e n d i d o s . A s l ad e i r a s d a c i d ad e d ão c a m i n h o s d i f e r e n t e s a i m e n s o s campos de futebol. O g o v e r n o é d e m o c r át i c o e o p o v o d e f i n e s e u l í d e r a c ad a d o i s an o s . O s h ab i t an t e s d e A u r é l i a ( a u r e l i an o s ) v i v e m s u a s v i d a s c o b e r t as p e l o a m o r e p e l a p az . O e s p o r t e m ai s p r at i c ad o p o r l á é o s u r f e , p o i s m u i t o s m o r ad o r e s d a c i d a d e s e n t e m u m a g r an d e l i g a ç ã o c o m o m ar e p ai x ã o p e l a s ág u as s a l g ad as d o P ac í f i c o . H i s t ó r i as c o n t ad a s ao s t u r i s t as f az e m c o m q u e e n t e n d a m a b o a e p o s i t i v a v i b r aç ã o q u e v e m d a m ar . S e m p r e o c u p a ç õ e s , o s m o r ad o r e s l o c ai s n ão l i g am p a r a o l u x o e c o n f o r t o q u e al g u m as o u t r a s c i d ad e s t ê m . A c o r d a r c e d o e f az e r c a m i n h ad as m at i n a i s n a p r ai a é u m a r o t i n a a q u al m u i t o s s e g u e m . A o f i n a l d a t a r d e , u m m e r g u l h o n a s ág u as c r i s t al i n a s d e A u r é l i a f az c o m q u e a t é o h o m e m m ai s e s t r e s s ad o d o m u n d o r e l ax e e e s v az i e s u a m e n t e , d e i x an d o a s s i m o s p r o b l e m a s d e l a d o . A c i d ad e t e m ap e n a s q u at r o m i l e d u z e n t o s h ab i t an t e s . T o d o s s e c o n h e c e m e m an t ê m u m a r e l aç ã o d e a m i z ad e e i r m an d ad e p r o f u n d a. A r e l i g i ão s e g u i d a p o r e l e s é a r e l i g i ão “R as t at a r i ”. R e l i g i ão q u e t e m c o m o l í d e r e d e u s “ J ah ”. D e ac o r d o c o m a l e n d a, “ J ah ” f o i o p r i m e i r o m o r ad o r d e A u r é l i a. P o i s b e m , f o i e l e q u e m p l an t o u a s p r i m e i r a s á r v o r e s , d e f i n i u o n d e s e r i a o “ c e n t r i n h o ” d a c i d ad e . . . d e u i n í c i o a t u d o . O s au r e l i a n o s s e n t e m - s e e t e r n a m e n t e
g r at o s a e l e , p o i s n ão c o n s e g u e m i m ag i n ar o u t r o l u g ar t ão b o m q u an t o A u r é l i a, u m p a r a í s o n at u r al p e l o q u al e l e s s ã o r e s p o n s á v e i s n o s d i a s d e h o j e . A m o e d a d a c i d ad e , u t i l i z ad a ap e n a s e m A u r é l i a, c h am a - s e L i b r a A u r e l i an a. A p e s ar d i s s o , o s m o r ad o r e s n ã o a u t i l i z am m u i t o , p o i s e l e s n ão t ê m i n t e r e s s e n e m i m ag i n a m q u e o b j e t o s m at e r i ai s p o s s a m m e l h o r a r s u a s v i d a s . A m o e d a é u t i l i z ad a ap e n as e m c a s o d e n e c e s s i d ad e . A u r é l i a d e i x a u m a ó t i m a i m p r e s s ão p a r a t u r i s t as e v i aj a n t e s . A l é m d i s s o , o q u e f i c a n a m e m ó r i a d e m u i t o s é a p az q u e a c i d ad e t r az a s e u s c o r a ç õ e s . T u r i s t a s e p e s s o as d e f o r a d e s c o b r e m u m n o v o m u n d o , u m m u n d o q u e n u n c a h av i a s i d o d e s c o b e r t o p o r e l e s , o m u n d o m ág i c o d e A u r é l i a.
Po r Fer n a n d o Bi t t ar A rru d a e P ed r o Lu i z Cu r ci o L au r o
AURORA – A CIDADE DA LUZ: Ao chegar em uma ilha, espera-se encontrar frutas silvestres, roupas exóticas, turistas, águas límpidas, clima tropical, mas ao se aproximar de Aurora, em algum lugar entre a Polinésia Francesa e as ilhas havaianas, já se percebe o frio e a escuridão e o medo pene trando em suas veias. Suas construções altas, torres de pedra, sinos tocando a toda hora. Suas ruas sombrias e vazias de sentimentos são íngremes e largas, feitas de paralelepípedo, para os moradores poderem ouvir os interessantes forasteiros chegando. Ao andar pelas ruas, sente-se o penetrante cheiro de nostalgia. O céu, negro como ébano, abre -se somente nas claras noites de lua-cheia, quando seus habitantes deixam suas sombrias casas para festejar com a apresentação vinda do céu. Por apenas cinco horas, a escuridão e o medo transformam -se em brilho e entusiasmo. Mal se distingue o dia da noite, por isso os habitantes criaram um modo de se saber as horas: os sinos. Tocados em todas as 47 igrejas simultaneamente, a cidade para para contemplá los. Todos os habitantes de Aurora são católicos, pois quem não tem o amor grande por deus não suporta Aurora. Poucos conseguiram permanecer mais de uma semana. O amor é irônico. Todos os cristãos odeiam deus por fazê -las ficar, mas o simples pensamento de abandono de seu criador os aterroriza de perder o seu amor. Ao permanecer por quase um mês na cidade, comecei a me acostumar com os sinos até que em uma noite não os escutei. Levantei apavorado, pois já era de manhã e, como não pudera ouvir os sinos, perdera a melhor no ite de minha estadia. Vim para esta cidade para ver o mais bonito. De tão acostumado que estava a ela, acabei perdendo a única noite colorida de Aurora. Saí o mais rápido possível, deixando diversos homens apaixonados para trás, mas sempre com temor de perder o amor de Deus. Perdi aurora e acabei me perdendo.
Por Giulia Martins Marques e Helena Davino Vincent
C A I R A S – A C I D A D E D O S D E N T E S : S e q u i s e r e m ac r e d i t ar , ó t i m o . C o n t ar e i c o m o a c i d ad e d o s d e n t e s é f e i t a. E m b o r a s i t u ad a e m t e r r e n o m o l h ad o , c o m r i o s d e L i s t e r i n e , as c as a s s ã o f e i t a s d e r e s i n a, t o d as n o m e s m o p ad r ão : e m f o r m at o s d e d e n t e s e b r an c a s . A ú n i c a d i f e r e n ç a é q u e s ão p o s t as e m d i f e r e n t e s al t u r as , l i g ad a s p o r p as s ar e l as d e a l g o d õ e s c i l í n d r i c o s . A s c ai x a s e o s r e s e r v a t ó r i o s d e ág u a l o c al i z a m - s e o n d e a c ár i e f az s e u s e s t r ag o s , nos dentes. O s m o r ad o r e s d e C ai r a s s ão p o l l ys , p e s s o as p e q u e n as , q u e s e v e s t e m c o m r o u p a s d e b o r r ac h a. S ão b e m h u m o r ad o s . N ã o i m p o r t a c o m o am an h e ç a o d i a, e s t ão b e m . P o r é m , q u an d o o s c h i c l e t e s at a c am , f i c a m f u r i o s o s e f az e m d e t u d o p a r a p r o t e g e r a s u a c as a. D e n t r e i s t o é p o s s í v e l d e s c r e v e r o s s e n t i m e n t o s q u e t i v e q u an d o c o l o q u e i m e u s p é s n aq u e l a m a r a v i l h o s a c i d ad e : f i q u e i d e s l u m b r ad a , e n c an t ad a. S ó t e n h o c e r t e z a d e u m a c o i s a s o b r e C ai r as , i n d e p e n d e n t e m e n t e d a o c a s i ão , d o s s e u s d e n t e s c u i d ar ão . A s s i m , r e c o m e n d o C a i r as , a c i d ad e d o s d e n t e s .
Por Beatriz Guedes Teixeira e Uszkurat Carvalho de Oliveira
CAMILA: Camila é uma cidade situada na região norte do pl aneta Marte com muitas planícies extensas formadas por lava vulcânica solidificada. Marte está localizado no Sistema Solar e é o quarto planeta. Ao chegar a Camila, todos se assustam, pois sua geografia é diferenciada em relação a outros planetas. Mas ao mesmo tempo em que se assustam, ficam impressionados com a estrutura de Camila, pois mesmo estando em uma região seca e montanhosa, a cidade tem prédios altos e estrutura de primeira qualidade. A forma de governo é uma monarquia absolutista, através da q ual o rei manda em tudo e em todos, pois seu poder é absoluto. Nesta cidade, os habitantes são passivos e respeitam perfeitamente as ordens do rei. Com isso, nunca há confusões entre eles. Vestem -se com uma roupa de pedra leve. Sua alimentação é uma mistur a de areia com carne, seu trabalho é cuidar de sua terra e eles não têm crença (são ateus). A moeda de troca na cidade de Camila chama -se Camart (Camila+Marte), é um tipo de areia. Ela é calculada em quilos. Quanto mais pesado, mais o Camart renderá porqu e em algumas regiões a areia vale mais, pois é mais densa. O comerciante em Camila ganha muito, pois vive disso e dedica-se ao que se faz. Ele sempre tem de dar 30% de sua renda total para o seu rei. Camila é um ótimo lugar para se viver, pois além da tec nologia avançada, todos os habitantes se relacionam bem e o governo, mesmo cobrando altos impostos, é compreensivo e ajuda o cidadão quando este mais necessita de ajuda. Com isso, não há muita desigualdade social e não há alta pobreza. O aspecto semelhant e a Minas Gerais (MG) é sua geografia com clima quente, muitas montanhas e rochas grandes.
Por Antonio Victor Marcari Oliva e Ilan Dayan
C A R M E M : A o e n t r ar n a c i d ad e d e C ar m e m , a p ó s u m a l o n g a j o r n ad a d e b ai x o d e s o l e c h u v a e g r an d e s l ad e i r as e c u r v as s i n u o s as , é d i f í c i l n ão s e s u r p r e e n d e r c o m o s e l e m e n t o s q u e a c i d ad e n o s m o s t r a. A s c o n s t r u ç õ e s s ã o f e i t as d e p e d r a, as s i m c o m o a s r u a s . U m a p e d r a e s c u r a e á s p e r a q u e c o n f e r e u m a at m o s f e r a t e n e b r o s a ao l o c al . A s p r aç a s p o s s u e m m u i t as ár v o r e s , q u e d ão à c i d ad e o as p e c t o d e u m b o s q u e p e r d i d o n o t e m p o . O s b a n c o s e s t ão c o b e r t o s d e l i m o e o s b r i n q u e d o s d a s c r i an ç a s e s t ão e n f e r r u j ad o s . A s s i m c o m o a s p e d r as , C a r m e m é o b s c u r a e c al m a. L o g o d e c ar a, p e r c e b e - s e q u e e l a g u ar d a g r an d e s s e g r e d o s e mistérios. O s h ab i t an t e s d e C ar m e m r e f l e t e m o e s t i l o d a c i d ad e . O b s c u r o s e s o m b r i o s , t o d o s p ar e c e m e s c o n d e r al g o . A p e n as q u e m n a s c e e e s t á m ar c ad o p ar a m o r r e r al i é c ap az d e s ab e r o q u e a c i d ad e e s c o n d e . A o c h e g ar , o c o r p o d o v i aj an t e é i n s t an t an e am e n t e ab s o r v i d o p o r u m a c a m ad a d e p r e s s i v a e e s s a p e s s o a p o d e o u v i r s o n s e v o z e s q u e n u n c a i m a g i n o u . A c i d ad e p o d e s e r h o r r i p i l an t e , p o r é m , n ão d e i x e d e v i s i t á - l a. E l a p o d e f az e r v o c ê v o l t ar o u t r a p e s s o a. S e v o c ê v o l t ar !
Po r Do r a Vi n ci d e M o r ae s Del b o n i e Ju l i a n a R am o s S al i b a
C I B E L E : A v i n t e m i l p é s d o c h ão , j á s e p o d e av i s t ar as e n o r m e s c ab e ç a s b r an c a s d e C i b e l e . E s t ão p o r t o d a p ar t e , n ad a a s ap av o r a. A c i d ad e e s t á s i t u ad a n o p u n h o d e u m c i d ad ão , J am i r o , o m a i o r d e t o d o s h ab i t a n t e s d e C i b e l e . S e u r e l e v o é e l e v ad o e t u d o é s i t u ad o e m c i m a d e r o c h a s , d i f i c u l t an d o a e n t r ad a e s aí d a d e s e r e s v i v o s . D e t e m p o s e m t e m p o s , é p o s s í v e l e n c o n t r ar t u l i p a s m o r t a s e s o t e r r ad as p o r p e d r as . T o r r e s d e p e d r a, a n t e s c o n s t r u í d a s p e l o s h ab i t an t e s , ag o r a s ão r u í n a s e n t r i s t e c i d as q u e c h o r am o s o l o d e C i b e l e . A s g r a n d e s t o r r e s m a r c am a p r e s e n ç a d e u m a a n t i g a s o c i e d ad e c ap i t al i s t a. N a é p o c a, ac r e d i t av am q u e q u an t o m ai o r e m a i s r ú s t i c as f o s s e m as t o r r e s , m ai s p r o t e g i d a s e r i a a c i d ad e . O s v i v e n t e s r e s i d e m d e n t r o d o s F e b r e s e s ã o c h am ad o s C o r e s . A o m e s m o t e m p o , o s F e b r e s s ão s e n h o r e s d o s C o r e s . O s m e s m o s f o r am e s c r av i z ad o s p e l o s F e b r e s d e s d e s e m p r e , s e r v i n d o - o s p o r t o d a e t e r n i d ad e . N o t o t a l , e x i s t e m n o v e F e b r e s . J am i r o f o i ab at i d o p e l a s s u a s f i l h a s . E n t e r r ad o , p e r m an e c e r a c o n s c i e n t e e s p e r an d o p o r u m a r e v o l t a. A s f i l h as d e J am i r o n ã o m a i s e x i s t e m . E l a s e r am as T r ê s F o r ç as q u e ao l o n g o d o s an o s f o r a m p e r d e n d o a v i v a c i d ad e . L o g o an t e s d e d e s ap a r e c e r , a s t r ê s p l an t a r am - s e n o o l h o d i r e i t o d e Ja m i r o p ar a, n a p r i m av e r a, f l o r e s c e r e d ar o r i g e m ao s F e b r e s , o s C o r e s e a s T u l i p a s . E s s a s , p o r m ai s q u e t e n h am s i d o e s m ag ad a s p e l a s o c i e d ad e , p o d e m s e r e n c o n t r ad as s o b r e a l g u m as r o c h as . A s T u l i p as r e p r e s e n t am o l a d o f e m i n i n o d e J a m i r o . E m C i b e l e , n ão e x i s t e u m a m o e d a d e t r o c a, p o i s s ão t o d o s d e p e n d e n t e s u n s d o s o u t r o s . C ad a F e b r e c ar r e g a c o n s i g o u m s i n o q u e , q u an d o t o c ad o , an u n c i a o r e c o l h e r d o s C o r e s r e s i d e n t e s . P ar a t e r e m c o n t r o l e s o b r e s e u s e s c r av o s , o s F e b r e s d e c e p a m o s d e d o s d o s C o r e s p ar a v o l t ar e m p a r a s e u s r e s p e c t i v o s F e b r e s . C ad a F e b r e p o s s u i C o r e s c o m u m d e d o e s p e c i f i c o , c ad a u m d o s n o v e F e b r e s p o s s u i C o r e s c o m u m d e d o ap e n as . O F e b r e y ī p o s s u i e s c r av o s ap e n a s c o m o d e d o i n d i c ad o r , o F e b r e è r c o m o p o l e g ar , o s ā n c o m o m i n d i n h o e a s s i m p o r d i an t e .
P e l o d i f í c i l ac e s s o e al t o n í v e l d e d e s ap ar e c i m e n t o s , r e s o l v i n ão m e ap r o x i m ar . Q u an d o o l h o p a r a C i b e l e , s i n t o - m e m al . S e m p r e s i n t o q u e p ar t e d e m i m ap o s t a d a f i c o u n a e s p e r an ç a d e q u e h o u v e s s e al g o d e b o m n a c i d ad e . Ordem dos Febres: 1 2 3 4 5
– – – – –
yī è sān sì wǔ
6 7 8 9
– – – –
liù qī bā jiǔ
Po r A n d ré S er r a B ari o n e R en a t o D’ A n g el o C ece re
CON CEI ÇÃ O: Pr aças s ão mu ito impor tan tes par a qu alquer cidade, mas par a Co nceição s ão fun damen tais . Lá n ão ex is tem ru as , calçadas , viadu to s , es tr adas n em n ada do gên ero . Apen as três gr an des pr aças ligadas por tr ês fr ágeis pon tes de madeir a. C ada pr aça fica acima de u ma mon t anh a da qu al n ão se vê a base por s er mu ito alta. Es s as tr ês mon tanh as es tão dis postas co mo s e foss em os v ér tices de u m triân gu lo e, no cen tro , h á mais u ma mo n tanh a, ess a co m apen as u m monu men to , o monu men to de Noss a Senho r a da C onceição . As pr aças s ão cer cadas po r mur alh as qu e s ó po dem ser atr av ess adas po r altos govern an tes ou tur is tas . As pr aças s ão todas igu ais : n o cen tr o , u ma fon te e diversos co mér cios ambulan tes , além de feir as livr es ; nos flan cos , mais co mér cios e mo r adias or gan izadas em pr édios. O ch ão das pr aças é in teiro em par alelepípedo . To do s os h abitan tes de Con ceição s ão extr emamen te cató lico s , por iss o as três pr aças têm u ma igreja. To dos r ezam to dos os dias e têm a religião como r azão de v iv er . O s onho de to da crian ça é ser padr e, mas nem to do s cons eguem. Por s er u m cargo muito concorr ido , apen as o s mais in teligen tes cons eguem a v aga. To dos os dias as pess o as so bem na mu r alh a e r ezam em direção ao monu men to . To do s os mor ador es têm uma r elação mu ito amis tosa, s ão amigos e en con tr am -s e diariam en te n a pr aça par a por a co nv ers a em dia e s e div er tir . Par a u m viajan te qu e n ão é cató lico , é mu ito es tranh o chegar a Con ceição e v er todos os h abitan tes co m aqu eles h ábitos tão for tes . Pass ar pelas difer en tes mon tanh as e v er tr ês lugares igu ais caus a in cô mo do . Mas a pio r par te é pas s ar pela fr ágil pon te de madeir a, o lh ando par a baixo sem v er o fun do . Na pr aça, con tudo , o con fo r to é imenso , o que v ale a vis ita. Após a s aída da cidade, fica - se co m a impr ess ão de qu e o cato licis mo po de caus ar mu ita paz e amo r en tre todos , desde qu e n ão h aja ninguém con tr a a r eligião . Po r iss o , mu ito pr ov av elmen te, a cidade deix a o vis itan te com v on tade de aderir à religião e de ir mor ar lá, o que muitas v ezes acon tece.
Por Pedro Vanderlinde Darvas e Ruy Guedes Teixeira
CORALINA: Em Coralina, cidade pequena, porém, com muita correria e sem calçada, carros e pessoas andam na mesma rua. Atravessar as ruas da cidade é muito difícil, pois não há faixas de pedestres. Os habitantes de Coralina sempre estão atrasados, corr endo de um lado para o outro. Cada vez que um novo habitante chega à Coralina, pode perceber que está em um lugar completamente diferente de qualquer outro em que já esteve. É realmente uma cidade única. Os habitantes da cidade são muito estressados devid o ao trânsito e, por estarem sempre atrasados, as pessoas são muito unidas, pois a cidade é muito pequena. Diferentemente de todas as outras cidades, os moradores fizeram uma reunião para achar uma maneira de agilizar o trânsito: resolveram fazer uma lin ha de metrô. Um metrô que, invés de andar por baixo da terra, andasse por linhas no ar, pelo céu, mais ou menos nas alturas dos prédios. A cidade localiza -se em um lugar desconhecido, apenas os habitantes e algumas pessoas conseguem um mapa de onde ela se localiza. Se todos possuíssem um mapa com a localização de Coralina, a cidade viraria um caos, devido a seu tamanho diminuto. As poucas pessoas que conseguem o mapa da cidade acham que os habitantes são muito unidos e que são pessoas estressadas, mas pos suem um bom coração e respeito um pelo outro, como numa família grande. A conclusão é que, apesar do trânsito e do stress das pessoas, todos vivem em paz, harmonia e felicidade. Todos os forasteiros que lá foram adoraram Coralina e não conseguem esquecê-la.
Po r Jo an a Pr az e re s d e A n d rad e e P ao l a F al k e mb a c h Lem e
D A N I E L A : A c i d ad e d e D a n i e l a l o c al i z a - s e n o s al t o s m o r r o s d o p l an e t a H e l e n a. É u m a c i d ad e e s c u r a e s o m b r i a o n d e , ap e s a r d as g r a n d e s n e v a s c a s , s e u s m o r ad o r e s n ão s e n t e m f r i o . A s r u a s s ão d e p e d r as i r r e g u l ar e s s o b r e as q u a i s as p e s s o as m a l c o n s e g u e m an d a r . N o c e n t r o , as c a s as b r a n c a s s ão r e f l e x o s d o s e s t r an h o s h ab i t an t e s d a c i d ad e d e D an i e l a. N o s b a i r r o s af a s t ad o s , a c o r b r an c a s e p e r d e m o s t r an d o a s s i m a f o r m aç ã o n at u r al d as c a s as , a m ad e i r a. A s s i m c o m o a c o r d a s c a s a s m u d a d e l u g ar p a r a l u g ar , s e u s h ab i t an t e s t a m b é m m u d a m . Q u an t o m ai s af a s t ad o s o s b ai r r o s , m ai s a u m e n t am o s b o at o s d e q u e e x i s t e m z u m b i s e s c o n d i d o s n aq u e l a c i d a d e . O s h ab i t an t e s d o c e n t r o s ão p e s s o as b a s t an t e p ál i d a s , q u e n o r m a l m e n t e n ã o s e c o m u n i c am e n t r e s i . S ão n o b r e s q u e d ão m u i t a i m p o r t ân c i a a h o n r a e v e s t e m - s e p ar t i c u l a r m e n t e b e m . J á n o s b ai r r o s a f a s t ad o s n ão é b e m as s i m , d i z e m q u e h á z u m b i s e x t r e m am e n t e b r an c o s . C o s t u m a m u s ar r o u p a s p r e t as e v e r m e l h a s e n ã o s ae m n a c i d ad e d u r a n t e o d i a, s ó n a p a r t e d a n o i t e . Q u e m c h e g o u at é D an i e l a, o f e z n ão p r o p o s i t al m e n t e e s i m p o r u m ac a s o d a v i d a. D a n i e l a é u m a c i d ad e t ã o e s c o n d i d a q u e q u a s e n i n g u é m s ab e o n d e f i c a e q u e m s ão d e v e r d ad e o s s e u s h ab i t an t e s . Q u an d o u m v i aj a n t e , p o r ac a s o , c h e g a at é D an i e l a, s e n t e - s e c o n f u s o e t o m ad o p o r p e r g u n t as s e m r e s p o s t as . C o m o p as s ar d o t e m p o , e s s e v i aj an t e v ai “t r a n s f o r m an d o - s e ” e m u m h a b i t an t e r e al d a c i d ad e e a s s i m p e r m an e c e e m D an i e l a p a r a s e m p r e . T u d o o q u e s e s ab e a r e s p e i t o d e D an i e l a s ã o ap e n as b o a t o s e l e n d as s o b r e o s q u a i s n i n g u é m n u n c a v ai s ab e r a v e r d ad e .
Po r D an i e l a Go mez R i g h i e Da n i el a S i l v a S an t o s
EDIVANIA: No topo de uma colina, seca, fria e sombria, Edivania é um a cidade afastada de qualquer outro vilarejo. Esta cidade é simplesmente constituída por moradias térreas de apenas duas cores: branco e preto. As casas estão em ruas estreitas, de paralelepípedos irregulares. As ruas ligam -se uma avenida principal que ter mina em uma praça com a estátua de uma bela mulher. É muito raro ver pessoas por lá, mas é o único lugar onde acontece algum contato social. O sol é pouco visto na região, por isso as pessoas têm o tom de pele um tanto quanto claro. Pelo fato da cidade ser muito afastada de outros locais civilizados, não existem lojas de vestuário. Portanto, as pessoas andam completamente nuas. E por causa do extremo frio da cidade, as pessoas se mantêm muito dentro de suas casas, evitando um contato social. Quando me deparei com Edivania, meu primeiro sentimento foi de choque, pois os poucos seres que andam pela cidade andam nus com normalidade, como se ninguém os estivesse observando. Ao mesmo tempo, eles não têm vida social e aparentam ser muito infelizes.
Por André Mascarenhas Machado de Almeida e João Damaso Pinto Ferreira Adballa
ESMERALDA – A CIDADE E OS MORTOS 06: Após navegar dentro de uma embarcação, em um estreito riacho de águas límpidas, caminha -se por entre um desfiladeiro delgado, de pa redes rochosas, ornamentadas com belas esmeraldas verde -água, que refletem as frestas da luz solar escondida pela névoa branca e misteriosa que ocupa o ambiente. À frente, não se avista nada, a não ser um paredão verde. Não há mais luz, a respiração é difícil de tanta umidade. Uma sombra humana encapuzada aparece lentamente e, como uma ordem, levanta a mão e começa a caminhar, parecendo querer que o viajante o siga. Depara -se então com uma escadaria de madeira em espiral, longa, da qual não se avista o fim. Subindo os grandes degraus por doze horas, chega -se na simpática e remota cidade de Esmeralda, localizada sobre a preciosa pedra esverdeada, de dois mil metros de altitude. O ar chega a ser rarefeito. Não se respira muito bem, o pulmão cansa. A névoa desa parece, as nuvens abaixo, deixando somente a luz do sol iluminando a cidade. Ouve -se somente o uivo do vento e o canto dos pássaros. A sensação é de paz, de grandeza, de poder. Em Esmeralda, não há postes de iluminação, nem mesmo fiação de energia elétrica . A grande esmeralda é o solo da cidade e, apesar de não ter árvores, é limpa e não poluída. As casinhas são todas feitas em pau -a-pique, com as janelas quadradas de entalhes vermelhos e as portas compridas azuladas. É curioso, todas as habitações, sem exc eção, seguem esse padrão cromático. Os habitantes são pessoas comuns, seres humanos comuns. Usam roupas simples: camiseta azul e bermuda vermelha (por algum motivo, essas são as cores que aparecem em todos os pormenores, inclusive nos pássaros que cantarol am pela cidade). Os cidadãos não parecem ser tão afetados pelo ar rarefeito quanto um mero viajante: andam de bicicleta, correm, pulam, dançam e cantam sem fazer o menor esforço para respirar. Principalmente as crianças, que jogam bola com a maior energia. O povo de Esmeralda é um povo feliz, simpático, carismático, alegre e que não utiliza carros, por algum motivo. Porém, a cidade toma outro rumo ao entardecer. O povo e a cidade em si tornam -se mais sombrios e frios, como se não tivessem mais a vivacidade que tem de dia.
Junto com o brilho das esmeraldas criado pela lua, a noite traz consigo também a força dos espíritos ancestrais que seguem vagando pela cidade, dando -lhe a vida que sempre perde ao cair da noite. Os vivos parecem não se incomodar com a pre sença de seus velhos visitantes. Na verdade, ao cair da noite, os vivos parecem não se importar com nada. É como se todos entrassem em um profundo sono e não notassem os detalhes, os espectros. Cada qual se recolhe em sua pequena casa colonial e não sai de lá até o primeiro raio de sol do dia seguinte. Os espíritos ancestrais – diferentemente do que geralmente se imagina - são apenas animais. São antigos habitantes que vagam indiferentes pela cidade na forma do animal que melhor reflete sua personalidade. O brilho que emitem é refletido nas esmeraldas que compõe o solo, fazendo assim com que iluminação noturna não seja requisitada. A cidade se ilumina naturalmente, tanto por parte das esmeraldas, quanto por parte das auras dos espíritos antigos. O mais curioso é que apenas crianças conseguem enxergar tais animais. Enquanto ainda são pequenas, afirmam que os mesmos as observam dormir, as guiam, as ajudam, até brincam com elas. Porém, quando crescem, lembram -se apenas de terem tido uma infância normal: de brin car com outras crianças que nunca viram na vida e até de ter visitado lugares distantes. Em Esmeralda, o mais belo céu noturno pode ser visto. Não há religião, mas todos os habitantes creem nos espíritos, na vida, na morte, na vida após a morte. Em Esmeral da, após morrer, cada indivíduo transforma -se em um animal e, após a morte desse animal, o espírito converte-se em uma pequenina esmeralda que compõe as paredes do desfiladeiro. Em Esmeralda, cidade alta, cidade remota, a vida renova -se, a vida nunca de fa to morre, mas sim, está sempre em constante transformação e renovação.
P o r Gu i l h e r m e F o n t e s P e d r a e V i c to r i a E l e n a S an c h e s
ESTAMIRA – A CIDADE DE FASES: Após 13 dias e 13 noites de caminhada incessante e exausti va por paisagens perturbadoras, um viajante chegará à cidade de Estamira. Ao passar pelo magnífico portão de mármore branco e rosa cravejado de pedras preciosas, o andarilho depara -se com a Avenida Principal, uma longa e larga via ladeada por casas brancas com entalhes azuis. Ao longo do caminho, há enormes pilhas de lixo, crucifixos quebrados, oratórios destruídos, pinturas rasgadas, menorás entortados e luas crescentes espalhadas pelas calcadas. Caminhando por dois dias rumo ao norte, a avenida divide -se em mil caminhos diferentes, que se quebram em ruas irregulares e tortuosas. Na terceira rua a oeste, construída inteiramente em ouro, encontra -se a Igreja da Razão, um templo que busca compilar todo o conhecimento humano, a casa de uma seita cujo deus é o saber. A grandiosidade do lado externo do prédio, porém, não é encontrada em seu interior, que não passa de um reles depósito de lixo escuro e pobre. Ao lado do templo, um horrível aglomerado de casas miseráveis ergue -se para além de onde a vista pode alcançar. Esses casebres são os lares de todos os fervorosos devotos da Igreja da Razão, pessoas infelizes com a própria vida, que buscam na religião amenizar sua dor constante. Na segunda via a leste, está o Palácio do Governo, uma construção branca e azul ce rcada por altas e imponentes muralhas brancas protegidas por torres de vigia. Em frente ao prédio, há uma praça onde se encontra uma alta coluna de pedra encabeçada por uma grande esfera de mármore e uma coroa dourada. A sua volta, existem diversas tavernas, onde se encontram todos os tipos de bebidas, todos os tipos de viajantes e todos os tipos de mulheres. Estamira foi fundada com o objetivo de ser um espelho dos céus. No entanto, quando a revolta estourou, o caos se instaurou. Os governantes, acuados, l imitaram-se a transitar pelas tavernas, dilapidando o patrimônio da cidade. Todas as religiões foram banidas, sendo permitido apenas o culto da razão. O clima de decadência reinante em Estamira, entretanto, não é suficiente para apagar as marcas de um passado glorioso. Engana-se aquele que acha que as pilhas de lixo espalhadas pelas ruas da cidade diminuem o brilho de Estamira. Engana-se aquele que pensa que a antiga Estamira é melhor que a atual. São apenas diferentes fases, cidades efêmeras que surgem e se vão o tempo todo. A qualquer momento pode explodir uma nova revolta, transformando de novo a cidade.
Por Bruno Campana de Almeida Pernambuco e Pedro de Queiroz Avila
H A N N A H : H an n a h é u m a i l h a l o c a l i z ad a a 5 0 k m d a i l h a d e H o n o l u l u , n o H a w ai i . F i c a a 3 g r au s a o n o r t e e 6 ao o e s t e . É m u i t o p e q u e n a e t e m 5 0 0 h ab i t an t e s . O m ar a s u a v o l t a é r e al m e n t e c r i s t al i n o e c h e i o d e c o r ai s . S ó c o n s e g u e - s e c h e g ar l á d e h e l i c ó p t e r o o u b ar c o s n ão m o t o r i z ad o s . H á e n t r ad as p o r t o d o s o s l ad o s d a i l h a o n d e h á p r ai a. N o m a r , h á p o r t õ e s q u e p r o t e g e m a s m i n as d e o u r o e m b ai x o d ’ ág u a. M ai s ad e n t r o d a i l h a, h á u m a g r an d e f l o r e s t a o n d e b e m n o m e i o h á u m a p e q u e n a v i l a n a q u al f i c am o s m i n e i r o s . S ão h u m an o s d e c l as s e al t a, p e l as r i q u e z a s d as m i n as . A v i l a t o d a é f e i t a d e o u r o . A ú n i c a e s p é c i e d e a n i m al e x i s t e n t e n a i l h a é u m m ac a c o d e p e l u g e m b r an c a q u e é m u i t o i n t e l i g e n t e e aj u d a n a m i n e r a ç ão . O s m i n e i r o s ac r e d i t am q u e u m d i a i r ão c o n s e g u i r e x t r ai r t o d o o o u r o p ar a f a z e r c o m é r c i o o u e x p o r t aç ão . M a s n i n g u é m c o n s e g u e c h e g ar n a i l h a, p o i s é m u i t o p e q u e n a e n ão s u p o r t a m ai s d e 6 0 0 p e s s o as e m s u a s u p e r f í c i e . H an n ah é g o v e r n ad a p o r S u s an , q u e s e g u e o s p as s o s d e s u a av ó , H a n n ah , q u e m d e s c o b r i u a i l h a h á 1 0 0 an o s d u r an t e u m a v i ag e m d e m e r g u l h o n o m a r d o H a w ai i . A p r i m e i r a i m p r e s s ão a o c h e g a r à i l h a é d e s e e s t ar n u m l u g ar m ág i c o , p o i s é t u d o m u i t o t r o p i c al e d e t al h ad am e n t e p r o d u z i d o c o m o u r o m u i t o r e l u z e n t e . A o c h e g a r , a ar e i a m a c h u c a o s o l h o s d e t ã o b r a n c a e d á v o n t ad e d e b e b e r a ág u a. N a f l o r e s t a, h á f l o r e s c o l o r i d a s e f r u t a s t r o p i c ai s q u e p o d e m s e r c o n s u m i d as . O s m i n e i r o s d i z e m q u e H an n ah n u n c a s e r á d e s t r u í d a o u e s q u e c i d a, p o i s o s h ab i t an t e s s ã o r e al m e n t e u n i d o s e ac r e d i t a m q u e i r ã o e n r i q u e c e r c ad a v e z m ai s .
Po r M ar i n a M a ru c ci o Ch i men t i e R a f ael l a R am en z o n i
H E N D A N A : I g n o r a - s e H e n d a n a é d e s s a m a n e i r a p o r s e r d e s s a f o r m a t ã o i n ac ab ad a, o u d e m o l i d a, o u s e p o r t r á s d e l a e x i s t e u m f e i t i ç o o u u m m e r o c ap r i c h o . O f a t o é q u e n ã o t e m t e l h ad o s , p ar e d e s , p av i l h õ e s , c as a s . S ó h á c am as b a n h ad a s a o u r o s u s p e n s a s p o r p i l a s t r as d e m ad e i r a m a c i ç a. P o d e - s e d i z e r q u e c o n s t r u í r am a c i d ad e a n t e s d a c h e g ad a d o s p e d r e i r o s . E o i n c r í v e l é q u e a c i d ad e s o b r e v i v e u a c at ás t r o f e s , t e r r e m o t o s , f o r t e s v e n t o s , t e m p e s t ad e s e t c . . . A b an d o n ad a an t e s o u d e p o i s d e s e r h ab i t ad a , n ão s e p o d e d i z e r q u e H e n d an a é d e s e r t a, p o i s o s “d e u s e s d a n o i t e ” m o r am l á d e p o i s d e t e r e m s i d o e x p u l s o s d a s g r an d e s c i d ad e s . E n t ão , e l e s f i c am r e u n i d o s n e s s a c i d a d e o n d e p o d e m d o r m i r e c u r t i r a s u a q u e r i d a am an t e : “ n o i t e ”. A c i d ad e f i c a d e s e r t a d e v i s i t an t e s o u d e v i aj a n t e s , m a s n u n c a d e s e u s q u e r i d o s “d e u s e s ”. A p ó s ad m i r ar e s t a i n c r í v e l c i d ad e , v o u e m b o r a, p o i s n ão h á n a d a p ar a f az e r l á al é m d e d o r m i r . M as n u n c a v o u m e e s q u e c e r d e s t a d i f e r e n t e c i d ad e c o m as c am a s e r g u i d as e m u m g r an d e c am p o d e f l o r e s c o m p l e t am e n t e p l a n o .
Po r H en r i q u e T i el as M o r ei r a e D an i el T o si d e S o u z a T o l ed o .
H I L L A R Y : H i l l ar y l o c al i z a - s e ao c e n t r o d o e s t ad o d e B r i t t an y , é c e r c ad a p o r c i n c o c i d ad e s : A x e r o p i t a P ap a z o n e , M ar r i e , M ag y , B r a n d i e e Ke n ai . S u a c ap i t al é B e t s y , s i t u ad a a o s u l d e H i l l a r y , q u e f i c a h á 6 5 ° C d o m e r i d i an o d e Go o s e . A p r i m e i r a i m p r e s s ão é d e t r i s t e z a, m as ao m e s m o t e m p o d e f e l i c i d ad e . H i l l ar y é c o n g e l an t e , p o r é m , q u e n t e ; e s c u r a, e n t r e t an t o , c l a r a; f l o r i d a, n o e n t an t o , d e s m at ad a. A c i d ad e a p r e s e n t a c as as d e m ad e i r a, p al h a e t i j o l o s c o m u m a á r e a d e 1 0 0 m e t r o s q u ad r ad o s . C ad a c as a p o s s u i d o i s an d ar e s , t e n d o o s e g u n d o d e 5 0 m e t r o s q u ad r ad o s . S u a p o r t a p r i n c i p al l o c al i z a - s e n a p a r t e s u p e r i o r d a c as a, n a q u al s e e n t r a p o r u m a e s c ad a r o l an t e . N as e x t r e m i d ad e s d a c i d ad e , v i v e m o s O r c s , s e r e s d e o i t e n t a c e n t í m e t r o s d e a l t u r a. P a r e c e m u m a m i s t u r a d e g n o m o s , f ad as , o g r o s e b o d e s . E l e s g u ar d am a c i d ad e , i m p e d i n d o q u e s e r e s d e o u t r a s c i d ad e s e n t r e m n o t e r r i t ó r i o H i l l ar y an o . A p o p u l aç ão p a r e c e r e n o v ar - s e a c ad a q u i n z e d i a s . P o d e - s e d i v i d i r a s o c i e d ad e e m d o i s g r u p o s : o s m o r t o s e o s i m o r t ai s . O s m o r t o s v ag a m p e l o l ad o d i r e i t o d a c i d ad e , o n d e n ã o e x i s t e ab s o l u t am e n t e n ad a, m as , ao m e s m o t e m p o , e x i s t e m m u i t a s c o i s as m e i o i n e x p l i c áv e i s . N o s u b s o l o d a c i d ad e e s t ão o s s o s d e p e s s o as , ó r g ã o s e s ac o s c h e i o s d e s a n g u e ! A o c e n t r o , d o l ad o d i r e i t o , e x i s t e u m a f o r c a o n d e s ão e n f o r c ad o s t o d o s aq u e l e s q u e i n v ad e m o t e r r i t ó r i o d o s m o r t o s . J á n o l ad o e s q u e r d o , v i v e m o s i m o r t ai s . C ad a u m e m s u as c as a s . N as r u as , n ã o s e av i s t a q u a s e n i n g u é m , o u m e l h o r , ab s o l u t a m e n t e n i n g u é m . M as v u l t o s p as s am p e l a s r u as , s ão a s al m a s p e r d i d a s d o i n f e r n o q u e d e v e m f i c ar ao s u b s o l o n o i n t e r i o r d a c i d a d e . . .
Po r M ar i a I s ab el A sc h er man n Le al , M ari an a Bo ri n Q u i o e M ari an a S o u z a Ba rre t o
I A M I N : S i t u ad a s o b r e u m a g r a n d e r o c h a az u l a d a, I am i n s u r p r e e n d e o v i aj an t e q u e a v i s i t a. A e n t r ad a n a c i d a d e é f e i t a p o r u m a l o n g a e e s t r e i t a c av e r n a o n d e , b e m n o f u n d o , s e v ê a m ar av i l h o s a v i s t a p an o r âm i c a d a c i d ad e . D e b ai x o d e I a m i n , e x i s t e u m a i m e n s a m i n a d e p e d r as p r e c i o s a s q u e s e c h a m am y a m i n e s (o r i g e m d o n o m e d a c i d ad e ). E l as t ê m u m a c o r az u l p u x ad o p a r a v i o l e t a e u m b r i l h o q u e c h e g a a s e r m a i s f o r t e d o q u e a d e u m a l u a c h e i a. I am i n é u m a c i d ad e p l an a e q u e s e g u e o f o r m at o o v al d a p e d r a s o b r e a q u a l s e s i t u a. S e u s h ab i t an t e s s ão o s m ai s d e d i c ad o s e o t i m i s t a s . O s h o m e n s d a c i d a d e d e I am i n s ão o b r i g ad o s a t r ab al h ar n a m i n a d e y a m i n e s q u an d o c o m p l e t am s e u d é c i m o s e x t o an o , j á q u e é d e l a s q u e s e t i r a t o d a a r e n d a e c o n ô m i c a d a c i d ad e . A s m u l h e r e s , p o r s u a v e z , t r ab al h am n o ar t e s an at o c o m a s p e d r as d a m i n a. O s h ab i t an t e s d a c i d ad e s ão m u i t o d e d i c ad o s e , p o r i s s o , t o d o d i a, q u an d o o s o l e s t á s e p o n d o , q u a n d o a p e d r a az u l ad a t r an s f o r m a - s e e m v i o l e t a, e l e s t o c am u m a l i n d a m e l o d i a c o m o s s i n o s d o t e m p l o p r i n c i p al . D i z e m s e r p o s s í v e l e s c u t a r a v o z d e Y am i n á, a d e u s a q u e p r o t e g e a p e q u e n a c i d a d e d e I a m i n . Q u an d o o v i aj an t e p r i m e i r o c h e g a à c i d ad e , e l e i m e d i at am e n t e s e n t e o c h e i r o d e t e r r a m o l h ad a e o a r o m a d a f l o r d e j as m i m q u e t o m a c o n t a d o t e r r i t ó r i o . Q u an t o m ai s o v i aj an t e e n t r a n a c i d ad e , m a i s n í t i d o v a i f i c a n d o o s o m d as c o n v e r s a s d o s h ab i t an t e s . Q u an d o v i s i t a I a m i n , o v i a j an t e n u n c a m ai s é o m e s m o . A l g u n s s ae m d e l á c o m u m a p ac i ê n c i a m ai o r e o u t r o s c o m u m g r an d e o t i m i s m o . E s s e é u m d o s m i s t é r i o s d e I am i n , n u n c a s e s ab e c o m o s e v ai s ai r d aq u e l a c i d ad e o u s e al g u m d i a i s t o v ai a c o n t e c e r .
Po r C ami l a Pe rei ra Fre i x o e Ju l i a Vo l o n ak i s G o n t i er
IRIS: Não há nada melhor do que morar em Iris, a primeira coisa que impressiona é a beleza. Algo inconfundível, algo incomparável. Não é qualquer um que tem o privilégio de ser agregado a esse maravilhoso lugar. Apenas aqueles que sabem respeitar, viver em grupo e harmonia. Iris é bonita por seus amplos campos repletos de diversas flores e árvores de diferentes cores. Até mesmo aquelas que jamais cresceriam no mesmo lugar. Sua composição nos faz querer passar um grande tempo a apreciá -la. Há diversos animais nos quais podemos nos “transformar”, tais como: cavalos, pássaros, zebras, ovelhas, sheep dogs , pequenos porcos e até mesmo algumas girafas. Algumas pessoas conseguem até mesmo se “transformar” mantendo a forma humana, porém, são poucos q ue têm esse privilégio. Apenas aquelas pessoas que sabem lidar de verdade com esse tipo de cidade, respeitar os outros e viver em comunidade. Por isso, há algumas aldeias e “comunidades” situadas pelos belos campos de Iris. Em Iris, não há predadores nem v ítimas, todos comem frutos e folhas dos quais podemos aproveitar diversos elementos essenciais para nossa sobrevivência. Inclusive, há plantas que contêm elementos que podemos encontrar em alimentos como a carne, por exemplo. Mas não deixam de existir carboidratos como arroz e feijão, que também acabam sendo muito usados pelas aldeias. Perto das aldeias, que recebem diferentes nomes apesar de todas serem unidas, há lindos rios de águas cristalinas, alguns até mesmo com grandes cascatas e cachoeiras. Aquele que viaja para visitar Iris sai de lá com um sentimento em relação às coisas muito diferente. Ele aprende sobre respeito, amor e coisas que ninguém pode comprar, pois são coisas que a gente aprende com o tempo, assim como ler e escrever. Iris ensina muit o sobre a vida aos que vão para lá com o coração aberto e dispostos a aprender. Coisas que ninguém mais pode fazer por você. Ensina também que nós temos que acreditar em nós mesmos e fazer as coisas que queremos, não porque às vezes temos que fazê -las, mas também pela forca de vontade. Muitas vezes, muitos desejariam estar em nossos lugares e não podem.
Por Mariana Ramos Martins
Í R I S N O V I A : A o ad e n t r a r a c i d ad e d e Í r i s n o v i a , o v i aj an t e l o g o s e d e p a r ar á c o m o g r an d e p o r t ão q u e g u a r d a a t e r r a e n c a n t ad a p o r u m f e i t i ç o d o q u al s e s a b e p o u c o , m as f a l a - s e m u i t o . N o al t o d aq u e l e p o r t ão ap o i ad o p o r d u as g r a n d e s c o l u n a s d ó r i c a s , e s t ã o l o c al i z ad o s d o i s m i n o t au r o s a r m ad o s c o m g r an d e s l an ç as q u e p e r f u r a m at é o m ai s f o r t e m i n é r i o c o n h e c i d o p e l o h o m e m . D e t o d o s o s b u c h i c h o s c o n t ad o s , n i n g u é m n u n c a t e n t o u p e n e t r ar n aq u e l a c i d ad e s e m p e r m i s s ã o . A f i n a l , q u e m g o s t ar i a d e e n t r a r e m u m a c i d ad e t ão m i s e r áv e l ? P a r a f i n al m e n t e e n t r ar , é n e c e s s á r i o ap r e s e n t ar - s e ao s m i n o t au r o s e x p l i c an d o o m o t i v o d a v i s i t a a o l u g ar t ão s o m b r i o e , d e al g u m a m an e i r a, b o n i t o . J á d e n t r o d e I r i s n o v i a, d e c a r a c o n s e g u e - s e v e r o J a r d i m d e I r i s , c o l o r i d o , c h e i o d e an i m a i s m í s t i c o s e l e n d as q u e s e t o r n a m r e al i d ad e . P o r s o r t e , e s t a á r e a n ão f o i af e t ad a p e l a m al d i ç ão q u e s o f r e o r e s t o d a c i d ad e . L o g o ac i m a d a p r aç a, h á u m c a m i n h o f e i t o p o r f l o r e s d as m ai s d i f e r e n t e s e x i s t e n t e s n o m u n d o . M a s e s s e c am i n h o f o i d e s t r u í d o e d e l e s ó r e s t am r u í n as ag o r a. I s t o d i f i c u l t a a i d a p ar a o t e m p l o d o u r ad o , o n d e t o d o o o u r o c o l e t ad o p e l o s m o r ad o r e s d e Í r i s n o v i a é e s t o c ad o e t r a n s f o r m a d o p e l o s D e u s e s e m s u a s p r ó p r i a s i m ag e n s . O t e m p l o t e m u m a á r v o r e d a v i d a c o m t r ê s d e u s e s r e p r e s e n t an d o á g u a ( A q u ar i u s ), t e r r a ( S m e n g o s h e i d a ) e ar ( A t e r i u s ) . O s h ab i t an t e s s ã o d i v i d i d o s e m d o i s v i l ar e j o s : n o p r i m e i r o , m o r a m o s m ag o s , b r u x as , f e i t i c e i r as , a c u r a n d e i r a J o s e p h i n e e af i n s . É c h am ad o C al d e i r ão P e r i g o s o . O s e g u n d o é h ab i t ad o p o r an i m ai s , s o l d ad o s m i n o t au r o s e h u m an o s . É c h am ad o C al v ár i o D o c e . O s h ab i t an t e s d e C al d e i r ão P e r i g o s o s ão r an z i n z as , s ó f al am c o m p e s s o a s d e s e u v i l a r e j o e s e c o n v e r s a m c o m o s s e u s o p o s t o s m o r ad o r e s d o C al v ár i o D o c e , é p ar a v e n d e r o u n e g o c i ar s e u s ar t e f at o s , p r o d u t o s , p o ç õ e s e al i m e n t o s . J á o s h ab i t a n t e s d e C al v á r i o D o c e s ã o c al m o s , e n g r aç ad o s , f e l i z e s e c a n t a r o l an t e s . O s an i m ai s f a l a m , o s m i n o t au r o s p r o t e g e m e o s h u m an o s t r ab al h am e v i v e m s u a s v i d a s d e u m a m an e i r a m í s t i c a e t o t al m e n t e d i f e r e n t e .
A ú n i c a p e s s o a q u e n ão h ab i t a e s s e s d o i s v i l ar e j o s é Í r i s , q u e m o r a e m s e u g r an d i o s o j ar d i m e n ã o ap ar e c e h á c i n c o a n o s , d e s d e o e n c an t am e n t o d e s u a b e l a c i d ad e . E l a j á t e n t o u d e t u d o p ar a s al v a r s e u t e r r i t ó r i o e s e u j ar d i m s ó n ão f o i e n f e i t i ç ad o , p o i s t o d o s o s s e r e s e n c an t ad o s q u e l á h ab i t am f i z e r a m u m a b a r r e i r a d e p r o t e ç ã o c o n t r a e n c an t am e n t o d e s e u s l ar e s . T o d o s d i z e m q u e f o i e g o í s m o n ão t e r e m p r o t e g i d o o r e s t o d e Í r i s n o v i a. M a s f az e r o q u e ? V á p e d i r f av o r a u m g n o m o p ar a v e r o q u e e l e t e d i z ! D i z e m q u e Í r i s é b o n i t a c o m o u m d i am an t e t r an s l ú c i d o l ap i d ad o , r ad i an t e c o m o o s o l e q u e s e u s o r r i s o i l u m i n a at é a c av e r n a m a i s f u n d a d o m u n d o . D o c e c o m o d am as c o e al e g r e c o m o u m a f l o r d e p r i m a v e r a, e l a s e m p r e e n c an t o u o s n o b r e s h o m e n s m o r ad o r e s d e s u a c i d ad e . M as n i n g u é m é p á r e o p a r a s e u f r ág i l c o r aç ão . O u v e - s e s e u c h o r o d a m ai s al t a t o r r e , s e u c an t o t r i s t e e f r ág i l d e v e - s e a t o d a a al e g r i a d e s ap ar e c i d a e a t o d a p az p e r d i d a. Q u e r i a e u v ê l a, p a r a c o n s o l á - l a. I r e i p ar a s e m p r e an d a r a p r o c u r a d o m i s t é r i o d a m al d i ç ã o . P o i s t u d o f al am , m a s p o u c o s s ab e m q u e m am al d i ç o o u Í r i s n o v i a. Q u e m f e z c o m q u e Í r i s n ã o s a í s s e n u n c a m ai s de sua torre?
Po r G ab ri el a T ai ar a M ed ei ro s Bi ro l i n i e S t el l a A n d rad e B as set t o
I SAD O RA: D a Il h a d e Isad or a n ão s e pod e f al ar m u ito , p oi s ap en as pe ss o as es c olh id as p ode m h abi t á-l a e vi si t á- l a. M as o que s e s ab e é q ue é um a il h a lo c ali zad a en tr e a Gr éc i a e a T urq ui a, en tr e o m ar Medi te r r âne o e o m ar P r et o. P equ en a e m ont anh os a, vi st a de lo nge p are ce s e r g r and e. Seu no m e o rig in a -s e d a pr im ei r a r ainh a d a cid ad e, I s ad or a D re ux. O q ue to rn a e sta c id ad e m ai s es pe ci al e p ou co h abi t ad a é o f ato d e co nte r m at a at l ânt ic a e m pl eno O ri ente M édi o. Al ém di ss o, é uma i lh a mui to ri c a p or su a g r and e qu anti d ade d e min é rio s. I s ad or a é u m a ci d ade co m c as as g r and es, f eit as de m ade ir a e m uit as f o lh as e fl or es c ob ri ndo - as, p oi s n a i lh a n ão c ho ve. O q ue n ão é u m pr obl em a, e m fu nção d a bo a lo c al iz aç ão d a i lh a. O s h abi t an te s t êm g r and e s ri que z as, p oi s s ão p ar en te s de g r and es p e ss o as q ue m ar c ar am a ép oc a c o l onial. É ob rig aç ão d e tod os aj ud ar n a p r es er v aç ão d a c id ade. T odo s and am c o m tú ni c as. N ão h á c ri an ç as, po is a ci d ade é u m re fúg io. Q u and o col oqu ei o s pés n a i lh a, f iqu ei li so nj ead o, p oi s pou c as p e ss oas q ue n ão a h abit am a c on he ce m. Sen ti um l ev e v en to p as s an do e m min h a alm a e lim p and o - a. Dep oi s que p as sou, s en ti su a te mp erat ur a, qu e n ão er a ne m q ue nte n em f ri a. Is ad o r a p o ss ui o cli m a i de al. O s m o r ado re s s ão tod os m ui to c al mo s e co mp re en si vo s. Mi nh a j or n ad a n a cid ad e s ó e st av a c om eç ando. Pas s ei m ais cin co d i as m ar avi lh and o - me c o m su a f aun a e f lo r a. Fiq uei ho sp ed ado n a c as a d a p ri me ir a r ain h a, em fre nt e à pr aç a pr in cip al, p on to d e e nc ont ro de tod os os h abi t ant e s d a c idad e c om ch arr et e s p ar adas a s eu re do r.
Po r I s ad o r a Fa ri a L emo s Ch arb o n n i e r e T o mmy Kl aj n er
I V A N I L D E : S i t u ad a e m u m a i l h a n o O c e an o A t l â n t i c o e s t á I v an i l d e . É u m a c i d ad e m u i t o p e q u e n a e s u a s r u a s s ã o d e t e r r a e m u i t o i n c l i n a d as . A i l h a e s t á f l u t u an d o n o m a r , o u s e j a, n ão e s t á p r e s a n o s o l o . P o r c o n t a d i s s o , f o r t e s t e r r e m o t o s s ão c o n s t an t e s . N i n g u é m s ab e o p o r q u ê , m a s e l a n ão s a i d o l u g ar . O s c i d ad ã o s d i z e m q u e d e u s e s d a ág u a s e g u r a m - n a p a r a d e i x á - l a f i x a e c au s am e s t e s t e r r e m o t o s q u a n d o f i c a m n e r v o s o s e b at e m c o m a c ab e ç a d e b ai x o d a i l h a. Q u an d o s e o l h a a i l h a p e l o al t o , é p o s s í v e l p e r c e b e r s e u f o r m at o d e J av al i . Gr a ç a s a i s s o , a c i d ad e t e m e s s e n o m e ( I v an i l d e = f o r t e c o m o u m J av al i ) . J á h o u v e m u i t a s e x p e d i ç õ e s d e m e r g u l h ad o r e s p ar a t e n t a r d e s c o b r i r s e o s d e u s e s e x i s t e m e c o m o e l e s s ã o . M a s n i n g u é m n u n c a v o l t o u , s o b r a r a m ap e n as o s e q u i p a m e n t o s d e m e r g u l h o f l u t u an d o . O s m o r ad o r e s s ão m al - h u m o r ad o s e t ê m c a r a d e b r av o , ap e n as o s t u r i s t a s c o n s e g u e m al e g r ar a c i d ad e . E x i s t e u m a i g r e j a n o al t o d a c i d ad e c h am ad a I e m an j á n a q u al t o d o d o m i n g o ac o n t e c e u m a m i s s a p a r a ag r ad e c e r a t o d a s as c o i s a s b o a s d a s e m an a. T o d o s o s m o r ad o r e s e t u r i s t as v ão e g o s t am m u i t o . S ó s e c o n s e g u e c h e g a r à c i d ad e d e n av i o , p o i s a o r e d o r d a i l h a o m a r é m u i t o p e r i g o s o e c o m o n d a s m u i t o g r a n d e s p o r c au s a d o s t e r r e m o t o s . É p o s s í v e l p e r c e b e r u m p é s s i m o o d o r d e p o r c o e e s t e r c o , p o i s as p e s s o as t ê m m u i t o s s í t i o s o n d e c r i am p o r c o s . I r a I v an i l d e é u m a e x p e r i ê n c i a ú n i c a. V o c ê n ã o t e r á o u t r a i g u al . M as t o m e c u i d ad o , p o i s a q u a l q u e r h o r a p o d e h av e r u m t e r r e m o t o . S ó n ão s e e s q u e ç a d e v i s i t a r a i g r e j a, p r e f e r e n c i al m e n t e ao s d o m i n g o s .
Jo ão Vi c t o r M ar c ari O l i v a e M at h e u s Cen t i n R o d r i g u ez
J A C I R A : A b r i s a d o v e n t o i n v ad e as f o l h a s d a s ár v o r e s . A s p e s s o as , s e m p r e o c u p aç ã o n e n h u m a, an d am s e m m e d o n as r u a s . O s a n i m ai s v ag am l e n t am e n t e . O s t e m p l o s s ã o v e l h o s , an t i g o s e e s t a r ão l á p o r m ai s u m b o m t e m p o . N a h o r a d o al m o ç o , as p e s s o as c o m e m e p r e p a r am s e u ar r o z c as e i r o e a q u e l e t e m p e r o d o f e i j ã o . E t u d o i s s o e m c i m a d e u m f o g ã o a l e n h a. A s p e s s o as r e p e t e m q u an t o s p r at o s q u e r e m e d e p o i s v e m aq u e l a s o b r e m e s a d o c e e b e m f e i t a. A s c a s a s s ão s i m p l e s , p o r é m , a c o n c h e g an t e s . J a c i r a é u m a c i d ad e q u e as p e s s o a s f az e m d e t u d o p ar a q u e s e j a c o n f o r t áv e l . U m a c as a a o l ad o d a o u t r a, al g u m as e m m o r r o s , o u t r a s e m p ar t e s p l a n as . A s r u as s ã o d e p a r al e l e p í p e d o s e n ão h á c a r r o s , a p e n as c av al o s e c h a r r e t e s . T o d o s aq u i s ã o am i g o s u n s d o s o u t r o s e n ão ar r u m am c o n f u s õ e s o u i n t r i g as c o m c o i s a s p e q u e n as .
Po r Jú l i a S a u d a M e n d e s e K at h a ri n a A n d r ad e Pi n h ei r o
K A R A B Á : A c i d ad e d e K ar ab á n ã o p o d e s e r d e s c r i t a e m a s p e c t o s f í s i c o s d e v i d o a s u as c o n s t a n t e s m u d an ç a s d e f o r m a t o s , c o r e s e t a m an h o s d o s p r é d i o s , c as a s e o u t r o s t i p o s d e e s t ab e l e c i m e n t o s . E m t o d as as m ad r u g ad as , p e l a c a l ad a d a n o i t e , a c i d ad e i n t e i r a r e m o l d a - s e t o t al m e n t e . N a h o r a e m q u e t o d o s o s m o r ad o r e s , S t e f - A n s A n t i so c i av el i s , q u e p o s s u e m t r aç o s f í s i c o s g r o t e s c o s , e s t ão d o r m i n d o . N i n g u é m s ab e e x p l i c a r o m o t i v o d e s s as m u d an ç a s , m a s e l as a c o n t e c e m d e s d e q u e a c i d ad e c o m e ç o u a s e f o r m ar , d e s d e a p r i m e i r a p r aç a e i g r e j a. A p e s ar d e t u d o m u d ar , a c a r ac t e r í s t i c a b ar r o c a c o n t i n u a s e m p r e a m e s m a. E s s e s d e t a l h e s b a r r o c o s p e r m a n e c e m n as p ar e d e s , q u e s ão e x t r e m am e n t e t r ab al h ad as e d o u r ad a s . K ar ab á é l o c al i z ad a n o f u n d o d e u m v al e e t e m c o m o m o r ad o r e s u m a r aç a m u i t o p e c u l i a r : e s t e s S t e f - A n s A n t i s o ci av el i s , q u e t ê m c o m o c ar ac t e r í s t i c a o s t r a ç o s h o r r e n d o s e s u a f o b i a s o c i al . A m ai o r i a d o s v i a j a n t e s q u e v ai à K a r ab á s e n t e - s e b e m p o r q u e , c o m o a c i d ad e m u d a d i a r i am e n t e , o s v i aj an t e s n ão s e c a n s a m d o am b i e n t e . P o r é m , s e n t e m - s e b a s t an t e i n c o m o d ad o s c o m o s m o r ad o r e s d a c i d ad e , q u e n ão s ã o m u i t o r e c e p t i v o s . C o m b as e n o q u e v i aj an t e s d i z e m , l á é d i f í c i l v e r p e s s o a s p e l as r u a s e , q u an d o s e v ê , n e n h u m c o n t at o f í s i c o o u v e r b al é p r at i c ad o . S e g u n d o e l e s , c ad a d i a é u m a n o v a e x p e r i ê n c i a d e v i d o às m u d an ç as q u e ac o n t e c e m m i s t e r i o s a m e n t e d u r a n t e o s o n o d o s m o r ad o r e s . E s s a s m u d an ç as n u n c a f o r am c i e n t i f i c a m e n t e e x p l i c ad as , m as h á u m a a n t i g a l e n d a d a c i d ad e q u e d i z q u e h av i a u m a f e i t i c e i r a c h am a d a K ar ab á q u e , i n s at i s f e i t a c o m s e u t r ab al h o , r e c o n s t r u í a a c i d ad e d i a r i am e n t e .
Po r Es t re l l a Bel l o n i C al i x t o e Fe l i p e Per ei r a Pr ad o
LE VI MA : J á er a fi m d e tar de qu and o ch egu ei à L ev im a. Se u aro m a do ce, q ue po r c e rto m ot ivo me d av a águ a n a bo c a, to m av a c on t a d e t odo s o s c anto s d a ci d ade . Até me sm o de seus ar r edo re s. Su a te mpe r at ur a agr ad áve l e env ol ven te abr ig av a se us h abi t ante s co r ad os e c he io s de s aúd e. P e ss o as s imp le s, edu c ad as, qu e re ceb i am se u s vi si t ant e s de mod o re c on fo rt an te. U m a ci d ade c alm a, n a q u al s e ou vi a c ri an ç as b rin c an do, f ei r as n as p raç as e mo sc as s ob re vo ando as fru t as mai s su cul en t as. S u a p ai s age m um t ant o e xót ic a ap re s ent av a c as as e mo num en to s r odead os p or b el as f r ut as, qu e se en c aix av am e m t opo d e árvo re s, for m ando u m a p ais age m co mp le t am ent e n atu r al. E u d ir i a qu e L evi m a é algo qu e po de se ch am ar “vi l a d as árv or e s ”
Po r Let i ci a C a sa l e M aced o , M ari a Lu í s a T e i x ei r a d a C o st a e Fre i t as e Vi ct ó ri a B as sa n M i n et o
L U N A – A C I D A D E D O C R E P Ú S C U L O : À s m ar g e n s d o i m p é r i o d e Ku b l ai Kh an , L u n a, a c i d ad e n o t u r n a, e s t e n d i a - s e d e s d e as m o n t an h a s n o o c i d e n t e at é o M a r V e r m e l h o . D u r an t e o d i a, n ã o p o s s u í a m a i s q u e u m a a r q u i t e t u r a e s t o n t e an t e . S ó v i am - s e v ár i a s e s t át u a s d e p e d r a b r an c a c o m o m á r m o r e , d e t al h ad am e n t e c o n f e c c i o n ad a s e f ac h ad a s i n c r í v e i s d e c a s a s f e i t a s d e p e d r as n e g r as c o m o c é u n o t u r n o . M a s t r an c ad a s a s p o r t as e a s j a n e l a s , r e m an e s c i am d u r an t e o d i a. A o c h e g a r à c i d ad e , o u v e - s e o al t o b ad al ar d o s s i n o s d o s c am p a n á r i o s d o s t e m p l o s m a r m o r i z ad o s c o m p i l a r e s b r u t o s a o r e d o r d o s p o r t ai s d e al t u r a i n i g u al áv e l q u e à s v e z e s at é bloqueiam o sol. À n o i t e , a m ag i a d a c i d ad e c o m e ç a q u an d o as i m e n s a s p o r t a s d e p e d r a e as j an e l as d e v i d r o s c o l o r i d o s ab r e m - s e e r e v e l am as p e s s o as q u e a s h ab i t am . O s m o r ad o r e s d e s s a c i d ad e s ã o e m s u a m ai o r i a m u i t o al t o s , e m m é d i a c o m 2 , 3 0 m d e al t u r a, t e z b r a n c a, o l h o s az u i s e c ab e l o s ac i n z e n t ad o s . S ão a s s i m p o r q u e n ão h á n e c e s s i d ad e d e n e n h u m p i g m e n t o , j á q u e n ã o e x i s t e s o l p ar a q u e i m á - l o s . D e s s a c i d ad e , s ae m p a r a o m u n d o t o d o s q u e h o j e t r ab al h a m à n o i t e , t ai s c o m o g u ar d a s . C o m o s u a d a t a d e c r i a ç ã o n ão é c o n h e c i d a n o m u n d o m o d e r n o , al g u n s d i z e m q u e d e l á s a í r am l e n d as c o m o f an t as m as , v am p i r o s e l o b i s o m e n s . M as a r e al b e l e z a d e s s a c i d ad e n ã o e s t á n e m d u r an t e o d i a, n e m d u r a n t e a n o i t e . E s t á e n t r e o s d o i s , d u r an t e o c r e p ú s c u l o . Vê - s e d o C a s t e l o d e L u n a, q u e h o j e é c h am ad o d e C a s t e l o d o C r e p ú s c u l o , u m p ô r d o s o l az u l às m a r g e n s d o h o r i z o n t e m a r i n h o , a c e n t u ad o p e l as g e m as e n c ar ap i t ad a s n o s u m b r ai s d as p o r t as e t a m b é m r e f l e t i d o p e l as j an e l a s v i t r al i z ad as n as c as a s , o q u e t o r n a a h o r a d o c r e p ú s c u l o u m b ai l ad o d e c o r e s e s v o aç an t e s p e l a s r u a s d a c i d ad e . P o r R a f a e l R am o s e R ap h ae l D e Gê n o v a
L Y K H A N A : L y k h an a é u m a p e q u e n a c i d ad e m í t i c a s i t u ad a e n t r e a P o l ô n i a e a B i e l o r r ú s s i a, c e r c ad a p o r i m e n s a s m o n t a n h as d e n e v e q u e c h e g a m a m e d i r 3 k m . E m s e u c e n t r o , h á u m a g r an d e b ac i a h i d r o g r á f i c a o n d e e x i s t e a c i d ad e d e L y k h an a. C a s as r ú s t i c as f e i t a s d e t i j o l o s , q u e m a n t é m o f r i o p a r a f o r a d a s c o n s t r u ç õ e s e o c al o r p ar a d e n t r o , o c u p a m a c i d ad e e d ão ap e n a s e s p aç o p ar a p e q u e n as r u a s e p r aç a s o n d e o s c i d a d ão s e n c o n t r am - s e e p ar a g r a n d e s ár e as v e r d e s q u e s o b e m a s m o n t an h a s e s e r v e m d e ab r i g o p ar a o s an i m ai s . A c i d ad e v i v e e m h ar m o n i a c o m a n at u r e z a. S ó é p r o d u z i d o e c o n s u m i d o o n e c e s s ár i o . N ão e x i s t e c o m é r c i o n e m d i n h e i r o , ap e n as f a v o r e s e g e n t i l e z a s e n t r e o s c i d ad ão s . S e m p r e h á t e m p o p a r a a n at u r e z a r e c o m p o r - s e d o s d a n o s q u e s o f r e . O s c i d ad ão s s ã o p e s s o a s s i m p l e s e g e n t i s q u e s e m p r e s ão v i s t as c o m c as a c o s d e p e l e . A p e s ar d e n u n c a t e r e m v i s t o o m u n d o e x t e r i o r , c r i am s u a s p r ó p r i as h i p ó t e s e s e e x p e c t at i v a s s o b r e c o m o é o m u n d o f o r a d a s m o n t an h a s . D e n t r e e s s a s e x p e c t at i v a s , h á h i p ó t e s e s d e q u e n o m u n d o e x t e r i o r e x i s t am o u t r a s p e q u e n a s c i d ad e s p ar a o u t r a s f o r m as d e v i d a t o t al m e n t e d i f e r e n t e s d a s d o s c i d ad ã o s d e L y k h an a. L y k h an a n ão é ab e r t a p ar a t o d o s . A p e n a s aq u e l e s q u e ab r e m m ão d e t u d o e m s u a s o c i e d ad e e p e n s a m e m u m l u g a r i d e a l c o m o L y k h an a s ão ac e i t o s n a c i d ad e . E m b o r a p e r f e i t a, L y k h an a m an t é m s u a s p o r t as f e c h ad a s , p o i s s ab e d o s m al e s q u e a a c o m e t e r i am c a s o ab r i s s e s u as p o r t as p a r a o m u n d o .
Po r Gi u l i an o Vi ei r a d e O l i v ei r a S p ad a P o l e e T o m ás Fi o re N eg r ei r o s
M I G U E L A : B al ã o , b ar c o a v e l a e c h a r r e t e s ã o o s ú n i c o s t r a n s p o r t e s q u e d ão ac e s s o à l i n d a e p e q u e n i n a c i d ad e M i g u e l a. A s c as a s s ão m aj e s t o s as , t o d a s b r an c as , m as c o m ar q u i t e t u r as d i f e r e n t e s . O c h ão é d e p a r al e l e p í p e d o . A c ad a q u a r t e i r ã o , h á p r aç as f l o r i d a s e b o s q u e s c h e i o s d e an i m ai s al i m e n t ad o s e c u i d ad o s p e l o s h ab i t an t e s . M i g u e l a é u m l u g a r s i m p l e s m e n t e ag r ad áv e l , c o m ar l i m p o e f r e s c o e c o m u m a b r i s a g o s t o s a n o f i m d o d i a. N e n h u m au t o m ó v e l é p e r m i t i d o . Q u an d o e n t r a m n a c i d a d e , o s v i a j a n t e s l o g o p e r c e b e m q u e e s t ar n a c i d ad e é c o m o e s t ar n a d é c ad a d e 1 9 6 0 , m e s m o e s t a n d o - s e e m 2 0 1 1 . H á h o m e n s d e t e r n o e d e c h ap é u , t o d o s m u i t o b e m v e s t i d o s . H á m u i t o s b an c o s e s p a l h ad o s p e l a c i d ad e . A m ai o r i a d o s m o r ad o r e s t r ab al h a e m b an c o s . H á c r i an ç a s d e u n i f o r m e b e m f o r m al . N o f i m d o d i a, s u a s m ãe s , c o m v e s t i d o s d e b o l i n h a s e s ap at o c o m s a l t o b ai x o , b u s c am - n o s . A o t e r a c e s s o ao s l u g ar e s l i g ad o s à e c o n o m i a, o v i aj a n t e p e r c e b e a au s ê n c i a d e m u l h e r e s t r ab al h an d o . O s v i aj an t e s s e m p r e q u e r e m v o l t a r . M i g u e l a é a c i d ad e m ai s l i n d a e ag r ad áv e l q u e al g u é m p o d e r i a v i s i t ar . S e u s m o r ad o r e s s ão e n c an t ad o r e s e s i m p át i c o s , h á c r i an ç a s b r i n c an d o n a r u a e c a s ai s ap ai x o n a d o s ap e n a s t r o c an d o o l h ar e s . U m v i aj an t e s e m p r e é b e m - v i n d o , o q u e f az c o m q u e s e ap ai x o n e p e l a l i n d a c i d ad e d e M i g u e l a.
Po r A n a T er ez a Go rg a V a n Deu r se n e A m an d a Po z z i T o v a r
M I R A N D A : M i r an d a l o c al i z a - s e n a i l h a V an e s s a, n o O c e an o í n d i c o . A c i d ad e s u r g i u n a r o t a e n t r e as c i d ad e s d e S h e s h a l l a e M ar i a. A c i d ad e f i c a e m u m p l a n al t o d o q u al s e p o d e v e r o s q u at r o c an t o s d a i l h a e a s o u t r a s c i d ad e s . A ar q u i t e t u r a c o l o n i al e a s r u a s d e p e d r a f az e m p a r t e d a p ai s a g e m , m a s i s s o n ão é a m ai o r at r a ç ão t u r í s t i c a d a c i d ad e . N o c e n t r o , e x i s t e u m a á r v o r e g i g an t e s c a d e 3 0 m e t r o s d e al t u r a e c o m f r u t o s q u e c h e g am a 4 0 q u i l o s . A á r v o r e é ú n i c a n o m u n d o t o d o e n i n g u é m s ab e c o m o e l a s u r g i u . F o i n o m e ad a c aq ü i e i r a. S u a f r u t a, c aq ü e , f i c a m ad u r a u m a v e z ao an o e m m e ad o s d e o u t u b r o a m a r ç o e é c o n s i d e r ad a u m a e s p e c i ar i a n o m u n d o t o d o . E m t o r n o d a ár v o r e , s i t u am - s e d i v e r s o s r e s t a u r an t e s q u e p r e p ar am p e i x e s t an t o d o m a r q u an t o d o r i o c o m o f r u t o c aq ü e , q u e é ap r o v e i t ad o d e s d e a s u a c a s c a a o m i o l o . A n d an d o e m s u as r u a s d e p e d r as , p o d e m - s e o b s e r v ar d i v e r s a s p e s s o a s d e l u g a r e s d e d i f e r e n t e s , d e s d e c i d ad e s v i z i n h a s à i l h a V an e s s a a p e s s o a s d e t o d o m u n d o q u e v i e r am p a r a e s s e p ó l o d e t u r i s m o m u n d i al . D e s d e a an t i g u i d ad e , a c i d ad e é m a r c ad a p o r v i a j a n t e s . P o r i s s o , a c u l t u r a l o c a l d i z q u e a ár v o r e s u r g i u v i n d a d o o r i e n t e n o b o l s o d e u m c o m e r c i a n t e á r ab e q u e a p e r d e u . H o j e e s s e á r ab e g an h o u d i v e r s o s n o m e s q u e p as s am d e b o c a e m b o c a i n d o d e s d e A r ab h a at é A s ab ah z e . E n t r e o s g r an d e s n o m e s q u e v i s i t ar am a i l h a e a c i d ad e e s t á M a r c o P o l o , q u e f e z u m d i s c u r s o ao s m o r ad o r e s d a i l h a n a é p o c a e m q u e n ão h a v i a t an t o t u r i s m o . A t u al m e n t e , m u i t o s h i s t o r i ad o r e s e c i e n t i s t as v ê m a M i r an d a p a r a e s t u d ar a ár v o r e d e s t e c e n t r o d e c i d ad e p e c u l i ar .
Po r Ped ro A m o ri m e M ar co Lo sch i a v o
M I T O H N I A : A c i d ad e d e M i t o h n i a l o c a l i z a - s e e m u m a ár e a m o n t an h o s a. N a p ar t e m ai s b ai x a d e s s e t e r r i t ó r i o , h á u m l ag o o n d e o s m o r a d o r e s f az e m p e d i d o s a s e u s d e u s e s . O f o r m a t o d e s s e l ag o as s e m e l h a - s e a u m c í r c u l o . A p e s ar d e s e r p r o f u n d o , é p o s s í v e l p e r c e b e r , s e s e p r e s t a r at e n ç ão , q u e o f u n d o é e s p e l h ad o p o r r a z õ e s d e s c o n h e c i d as . M i t o h n i a t e m , e m s u a g r an d e m ai o r i a, i m e n s o s ar r a n h a - c é u s d e f o r m at o s b e m i n c o m u n s . T o d o s t ê m f o r m at o s s e m e l h an t e s a ár v o r e s . C o m o n e n h u m a “ á r v o r e ” é i g u a l à o u t r a, t o d o s o s p r é d i o s s ã o d i f e r e n t e s . O s i m e n s o s a r r an h a - c é u s c ap t a m e n e r g i a at r av é s d a e l e t r i c i d ad e d as n u v e n s q u e p as s am p o r c i m a d as c i d ad e s . Q u an d o n ão h á n u v e n s , a e n e r g i a s o l ar é c ap t ad a at r av é s d e g r an d e s p l ac as s o l ar e s . D e q u al q u e r f o r m a, a e n e r g i a é ac u m u l ad a e m u m a e s p é c i e d e b a t e i a s u b t e r r ân e a p ar a s e r u t i l i z ad a p e l o s m o r ad o r e s . P r ó x i m o ao l ag o , h á p e q u e n a s c as a s p a r a a q u e l e s q u e n ão al c an ç am o “p ar aí s o ”. N a a n t i g u i d ad e , an t e s d e t o d o s o s ar r an h a - c é u s s e r e m c o n s t r u í d o s , o s d o i s p o v o s v i v i a m j u n t o s : t an t o o d a m e t r ó p o l e q u an t o o d a “f av e l a ” ( p r ó x i m o a o l ag o ). O g r u p o d i v i d i u s e p o u c o d e p o i s q u e c o m e ç ar a m as l e n d a s d o l ag o . U m g r u p o , al é m d e o r a r p ar a o s d e u s e s , ag i u p ar a f az e r u m a v i d a m e l h o r . A s s i m , c r i a r a m a m e t r ó p o l e . J á o o u t r o ap e n as r e z o u , e s p e r an d o q u e t u d o c aí s s e d o c é u . O v i aj an t e , q u an d o c h e g a a M i t o h n i a, i m ag i n a - s e n o p a r a í s o e e s q u e c e s e u s p r o b l e m a s . À p r i m e i r a v i s t a, e l e t e m a s e n s a ç ã o d e s e r u m i n s e t o p e r t o d e “ ár v o r e s - a r r an h a - c é u s ”. Q u a n d o s a i , s e n t e - s e r e v i g o r ad o e p r o n t o p ar a t u d o .
Po r A n d ré P as so s d e S á A l mei d a e M ar t i m T h au mat u rg o Ch i ar el l a
ORATNOCA: Presume -se que Oratnoca foi fundada pelo senhor Onafets Sacul Suehtam. A cidade de Oratnoca fica pendurada por cipós em uma pedra flutuante no além. Acima, há o lago Iva onde a água sobe e fica retida por uma rocha. As casas onde as pessoas moram são todas feitas de barro e bambu, pois são resistentes a batidas ou acidentes. A cidade localiza -se sobre um morro ao lado da cidade de Tilibra. Oratnoca é uma cidade simples onde as pessoas têm estilos de vida iguais. Ninguém passa fome e ninguém tem dinheiro a mais ou a menos que ninguém. As casas são penduradas com o teto para cima. Para entrar nas casas, é preciso escalar cipós de até 20 metros. Quando visitam Oratnoca, os viajantes ficam muit o surpreendidos com o modo de vida diferente dos habitantes e como sua cidade é suspensa e diferente no ar. O que os viajantes mais apreciam são as estátuas que imitam cidades famosas como: a Estátua da Liberdade, a Torre Eiffel, a Muralha da China e a Esf inge Egípcia. Essas esculturas ficam penduradas pelos cipós. Oratnoca relaciona-se ao nosso Estudo de Meio por ser uma cidade histórica. Vários acontecimentos e pessoas diferentes passaram por lá. O estilo de vida dos habitantes de Oratnoca é estranho, de modo que para ir à padaria (único comercio) é preciso ir de cipó, escalando -os, já que não há vias terrestres. A única matéria prima, além da água e dos troncos e cipós da superfície do lago Iva, é o trigo que nasce às margens do lago. Os habitantes são ba ixos, mas têm as pernas e os braços muito musculosos devido ao enorme esforço para se locomover pela cidade através dos cipós. Eles têm uma característica facial particular: apenas conseguem abrir um olho de cada vez. Isto se deve a uma doença causada pela suspensão excessiva antes dos quatro meses.
Por Lucas Sotero Costa, Matheus Silva Santos e Stefano Montellato Storace Rota
P A N E T O N A : F l o r e s t a ad e n t r o , ao l ad o d e u m l a g o , h á u m a c i d ad e f e i t a d e p an e t o n e . D e n t r o d e s s a c i d ad e , h á v á r i o s b ai r r o s s e p a r ad o s p o r s ab o r e s c o m o : A m o r a, D o c e d e l e i t e , A b ó b o r a, F r an g o , B an an a, e n t r e o u t r o s . A s r u as d e P an e t o n a s ão c o m o a s d e q u al q u e r c i d ad e , h á c al ç ad a s e r u a s o n d e p as s am p an e t o m ó v e i s e p e d e s t r e s . E l as n u n c a s ão p l an a s , p o i s t o d o s q u e r e m ap r o v e i t ar t o d o s o s a m b i e n t e s p o s s í v e i s d e n t r o d e P an e t o n a. O clima é bem quente, como se você estivesse dentro de um forno. O chão é fofinho c o m o u m c o l c h ão . A s c as a s s ã o m i n i - p an e t o n e s c o m j an e l a s . L á d e n t r o , f az f r i o p ar a q u e o s h ab i t an t e s m an t e n h am - s e c o n s e r v ad o s . P a r a i m ag i n ar c o m o s e r i a o m o d o d e v i d a d e u m h ab i t an t e , v am o s p e g ar c o m o e x e m p l o u m c h o c o l a t e . E l e a c o r d ar i a, t o m ar i a b a n h o d e c o b e r t u r a e s ai r i a d e p an e t o m ó v e l , p o i s o b ai r r o d e C h o c o l a t e é l o n g e d o c e n t r o e o c e n t r o é o n d e t o d o s t r ab al h a m . D e p o i s d o t r ab al h o , p e g a r i a t r ân s i t o n a R u a d o F e r m e n t o , c h e g a r i a e m c a s a c an s ad o , l i g ar i a a p an e t e v ê e p a s s a r i a o r e s t o d o d i a r e l ax an d o . S e u m v i a j an t e f o s s e p ar a P an e t o n a, ao e n t r a r , p r o v av e l m e n t e s e n t i r i a c al o r e u m a s e n s a ç ão d e ab af ad o , c h e i r o d e m a s s a. D e p e n d e n d o d o b ai r r o , s e n t i r i a c h e i r o d e c o m i d a (n ão ac o n s e l h o i r ao b ai r r o d a C al ab r e s a ) . P r o v av e l m e n t e , o m e l h o r l u g ar p a r a o t u r i s t a é a p r a ç a o n d e h á s e m p r e e v e n t o s , f e i r a s e s h o ws . D e p o i s d e ar r u m a r u m h o t e l n o b ai r r o d a c o m i d a m ai s g o s t o s a – o q u e d e p e n d e d e q u an t o s e p o d e p a g ar , p o i s h o t e l d e c h o c o l at e , p o r e x e m p l o , é s ó p ar a a e l i t e –, o v i aj an t e s ai r i a às r u a s p ar a ap r o v e i t ar a n o v a e x p e r i ê n c i a!
Po r M at h eu s R o s a Gr an j a e R af a el Bu en o d o Pr ad o Ki ra l y
P A U L I N A : Vo c ê p o d e n ão ac r e d i t ar , m a s c o m o e m u m a c i d ad e p o d e m e x i s t i r ap e n as f u s c a s ? P a u l i n a é a c i d a d e o n d e o s f u s c a s t ê m p r i o r i d ad e . L o c al i z ad a n o al t o d e u m a g r a n d e s e r r a, e l a t e m s u as q u a l i d ad e s . É u m a c i d ad e a n t i g a e p e q u e n a. I s s o f ac i l i t a a c i r c u l aç ão d e s e u s h ab i t an t e s e m m ai o r n ú m e r o , o s f u s c as . É u m a c o i s a s u r p r e e n d e n t e . P ar e c e q u e o s f u s c a s t ê m v i d a p r ó p r i a n e s t a c i d ad e . F az e m d e t u d o : i r à p ad ar i a, a o s u p e r m e r c ad o , à b an c a d e j o r n al , ao r e s t au r an t e , a o s h o p p i n g . B o m , f az e m d e t u d o u m p o u c o . D i f e r e n t e m e n t e d a s c i d ad e s c o m u n s , P a u l i n a t e m c o m o c o m i d a t í p i c a a g a s o l i n a e o ál c o o l . N ão h á c al ç ad a s , ap e n as r u as b e m a s f al t ad as . O p o n t o t u r í s t i c o d e s t a c i d ad e é o l av a r áp i d o , o n d e o s f u s c a s s ão b e m t r a t ad o s e t ê m a s u a h o r a d e l az e r . A s p ad a r i as , s u p e r m e r c ad o s , l an c h o n e t e s , s h o p p i n g s e t c . s ã o t o d o s m o d e l o s “ f as t f o o d ”. O u s e j a, n ã o é p r e c i s o q u e o f u s c a p ar e p ar a r e al i z ar s u a s t a r e f as . O s f u s c a s d e s t a c i d ad e s ão c o m o g e n t e , p o s s u e m s e u s p r ó p r i o s e m p r e g o s . U n s s ão ad v o g ad o s , o u t r o s s ão p ad r e s , o u t r o s s ão m é d i c o s . A s c o r e s v a r i am c o n f o r m e a p r o f i s s ã o . A i m p r e s s ã o q u e o v i a j a n t e t e m n e s t a c i d ad e o n d e o s ú n i c o s h ab i t an t e s s ã o f u s c a s é o e s t r a n h am e n t o , c o m o s e e s t i v e s s e e m u m e s t ac i o n am e n t o . S e n t e - s e u m a i m p r e s s ã o d e i s o l am e n t o e d e s o l i d ão , p o i s n e s t a c i d ad e n ã o h á p e s s o a s , m as f u s c as . S ó f u s c as .
Po r Bá rb ar a C a rr ei ro Bri q u es e I s ab el l a N i co l i n i M az z u cc a
PE IR E IR OA: Pe irei roa l oca liz a -s e em um a lp e n o n orte da Á ust r ia , em um l ocal úmi d o. A s urp re sa é q u e nã o há mu i tas á rv ore s , nã o há ri os, m uit o me n os p ra ias e ma res p or pe rt o. É im p orta n te l emb ra r que P ei rei roa não é u ma c idad e p la ne jada . A o a p roxi mar -se da c idad e , é p os sí ve l ob se rva r d e l onge um g ran de núme ro d e gi ra ss óis e aza le ias . A s f l ore s p od em s e r c on sid erada s u ma g ran de curi os idad e s ob re a cida de . P or ma is q ue a s e s tações m udem , os d ia s em P ei re i roa sã o e tern ame n te n ub lad os e as f l ore s con ti n uam i nta ctas . Não m orre m, nã o a p od re cem e , si m, c ont in uam mai s b on i t as e e xala nt es a cada dia q ue pa ssa . P or is s o, a za lei as e gi ra ss óis p ode m s er c on si de rad os s ímb ol os d e s ort e da ci dade ( vi da et e rna ). A o a nda r p or P ei rei roa , é pos s íve l e scuta r ba dala das de s i n o a cada 30 m i nut os . Com o nã o ex is t em l oja s pa ra ve nda d e souv enires, na s p ra ças da cidad e há h ab ita n te s ve nd en d o a rte san at o loca l. A c ida de t ra ns mi te a seg u int e id eia : a f é re li gi osa , a nt es d e tud o, é a g ra nd e p ri orida de na vi da d os h ab ita n te s e m orad ore s loc ai s . T odas as ve z es q ue s e vai à p ra ça , e n con t ra -se um d iál ogo ab st ra t o e i mp lí c it o e nt re pas sad o e p res e nt e. T amb ém na p ra ça , é p os sí ve l ob se rvar p es soas com roupa s me tade a nt iga (d e ac ordo c om a m oda d e ou t ros sé cul os) e m etad e d o s écul o XXI . T amb ém nã o s e rá su rp re sa a lg uma e ncont ra r ha bi ta nt es com ida de acima d e 320 a n os, p ois lá é fa b ri cada a poçã o “P ei rei ra la” . Es ta p oçã o f oi i nve n tada p or uma m ulh e r, funda d ora da ci dade . P or opção p róp ria , ela d ec id i u n omea r a pa rt ir d o radi ca l “ Pe irei r” e sta p oçã o que pe rm i te as pe ss oa s viv e r a té se us 500 a n os de i dade , no m á xi m o, c om apa rê n cia d e ap en as 30. P or is s o, qua nd o alg uém fal e ce , uma gra nde t ri st eza a bat e -s e s ob re t od os . Os hab ita n te s sã o pe ss oa s qu e nã o s e de di cam a o t rabal h o pa ra s ob re vi ve r. El es têm uma qua li dad e d e v ida mu i t o al ta , p ois dão p ri ori dade a s ua sa úd e e a se u laz e r. Tra bal ham , mas p a ra s obrev iv er. G os tam d e f ica r j u n to a sua s fam í lias e ami g os . Pa s sea r n os pa rq ues é roti na . O d ia s ó a caba qua nd o t od os vã o ao pa rque se reuni r. A s p es s oas p or lá são mui t o cal mas . Nã o l iga m se t êm mi l e uma s c oi sa s pa ra fa z er. O i mp ortan te é fa ze r b em fe it o. Pa ra t od os , a s pra ça s si gn if icam m u it o. Di ri gem -se a e la s pa ra as p roc is s õe s , pa ra os can tos rel ig ios os ou pa ra pa s sar o t em po e de s can sa r. A p ós i r a “Pe i re i roa”, o v iaja nt e sai de lá com mai s calma , q ue re nd o faz e r a s a tiv ida de s b em fe ita s , p or mai s qu e te n ha u ma gra nde q uan t idad e d e coi sas p a ra fa ze r. P ode -se f ica r com a im p re ssã o de uma c i dade pe rf ei ta , ond e os hab i tan te s vi ve m p rat ica me n te a ida de q ue q uerem e onde a ca lma p re d omi na p el o fa t o da q ua nt ida de d e fl ore s q ue ex is te n o l ocal .
Por Luiza Lorenzi Adas e Sofia Belentani Junqueira Franco
PI LH OE T O: Pil ho et o e stá s it u ad a e m u m t e rr eno gl aci al so br e o d e se rto P ilh oe t an o. A c id ad e d e Pi lho et o é be m pe que n a, p or é m, t em u m a p op ul aç ão méd ia d e 7 . 00 0.0 00 s er es di s tri buíd o s e m v ário s i glu s. O s P ilh oe te ns es n ão tê m n enh um l aço f ami li ar. São t ot alm ent e ind ep ende nt es , so lit ári os e e st r an ho s e m t odo s o s asp ec to s. Em P ilh oet o, o s h abit ant es s ão h e rm afr odi to s. A c ad a g es t aç ão, n asc e m e m m édi a 1 5 ind iví d uo s q ue n ão tê m afe to p or s eu “p ai -m ãe ”. P il ho et o as se me lh a - s e a u m a i nc rív el c ivi liz aç ão av anç ad a e m me io s t ec no lóg ic os e c ul tu r ai s, o qu e f az a to rn a um a cid ad e. H á mu it os i glu s. P ar a l oc o mov er - se, d eve m - s e u s ar c am elo s -ge l ado s, ao s q uai s os h abit ant es s e li g am at r avé s d os r ab os (os p ilh oe te ns e s tê m r abo ). E m Pi lho et o, r e spi r a - se g ás m et an o, ao i nv és do tr ad ic io n al O 2 . I st o po rq ue ap en as s e c r i am b oi s e v ac as (qu e so lt am m uit o m et ano ). O s h ab it an te s n ão en xe rg am um a cid ade m el ho r o u m ais co nf or t áv el qu e P il ho et o, onde s e pr at ic a mu it o a r eli gi ão Re c ar rö p an é. P il ho et o é c on sid er a u ma c id ade hi stó ri c a p ar a Re c arr öp an é. A ss im, mui to s vi aj an te s vão a Pi lho et o p ar a c onh e ce r os te mpl os hi st ór ic os Rec ar rö p ano s. A cid ad e tr ans mi te u m a id ei a de di sc ipl in a e o rg a niz aç ão. Po r es t a r az ão , os vi aj an tes ad mi r am t ant o Pil ho et o.
Po r Gu i l h e rme d e A n d r a d e T el l e s e Lu c as Gi m en ez Cr i st o v ão
P O L L Y A N A : P o l l y an a n ã o f o i u m a g r av i d e z p l an e j ad a. P o l l y an a n ão e r a p r a s e r . D i z e m q u e c ar r e g a o u t r a s c i d ad e s n a s c o s t as . A t l a s . P o d e - s e c i r c u l a r h o r a s e h o r as s e m q u e a p ai s ag e m s e a l t e r e . E m P o l l y an a, as p l ac as d e t r ân s i t o s ã o p r o p o s i t ad a m e n t e e n g an o s a s p ar a as s e g u r ar ao v i s i t an t e a p o s s i b i l i d ad e ap e n a s l o t é r i c a d e e n c o n t r a r o c a m i n h o . P o l l y an a é m o n o c r o m át i c a, p o r é m , p o d e e n g a n ar a r e t i n a i n g ê n u a q u e t e n t a l h e ad i v i n h ar u m a p al h e t a m ai s g e n e r o s a t an t o s s ã o o s c a r r o s e o s c o m é r c i o s . B as t a u m d i a e m P o l l y an a e a c o n j u n t i v a d o v i aj an t e ar d e e l ac r i m e j a. D u as v e z e s ao d i a, r e l i g i o s am e n t e , o s h ab i t an t e s s a e m às r u as e m h o r d a s m o t o r i z ad as . N o s o l o , v a s t as l ac e r aç õ e s d e l a m a f é t i d a o r i e n t am s e u d e s l o c am e n t o . A f o i t o s , q u e r e m r e n d e r h o m e n ag e n s àq u e l a q u e l h e s a c e n a c o m c o n q u i s t as m a t e r i a i s . F a l a m ao c e l u l a r . A l c o o l i z ad o s , m u i t o s at r o p e l am p e d e s t r e s . F al a - s e e m b l a s f e m o s : c i c l i s t a s q u e c i r c u l a m l i v r e m e n t e d u r an t e o c u l t o . P ag a m c o m a v i d a . À s v e z e s , P o l l y a n a c h o r a . S u as l ág r i m a s p r o v o c a m d e s d e p a n e s n o s s e m áf o r o s a m o r t e s p o r af o g a m e n t o . N e s t e s d i as , o r i t u al é m a i s l o n g o . H á d o i s a n o s , a c i d a d e p a r i u u m b l e c au t e . M as i n f e l i z m e n t e o g a r o t o n ã o q u i s m o r a r c o m a m ãe . P e r g u n t ad o s s e g o s t ar i a m d e d e i x ar P o l l y an a, s e u s h ab i t an t e s s ão c a t e g ó r i c o s : “S i m ”. M as j am ai s o f az e m . O i m p l an t e c ap i l a r p r e c i s a s e r m o n i t o r ad o . O t e m p o l i v r e d a s c r i an ç a s p r e c i s a s e r p r e e n c h i d o c o m at i v i d ad e s e x t r ac u r r i c u l ar e s . A f i n a l , é p r e c i s o ac o t o v e l ar - s e n o b u ff et d e s al ad as à v o n t ad e . O c u p ad o s d e m ai s e m e x p r e s s a r c o n s i d e r aç õ e s d e ap r e ç o ao s e n h o r d i r e t o r , o s h ab i t an t e s , e n t r e d e n t e s , c o n f e s s a m ao v i aj an t e q u e q u e r e m f u g i r d e P o l l y an a. M a s n ão o f az e m . E s t ão c o n t e n t e s .
Po r Ph aed ra d e A t h ayd e
RUBI: Ao se aproximar da cidade de Rubi, você já começa a sentir -se em um novo mundo, como numa viagem ao passado. Entrando na cidade, você já sente uma grande diferença : pouco barulho. Parece que está abandonada. Ao invés de barulhos de carro, trânsito e cheiro de poluição, escutamos barulhos de pássaros e sinos das igrejas. Podemos sentir o cheirinho da comida a lenha, o ventinho batendo e trazendo o cheirinho de café. O sol da manhã ilumina mais ainda as igrejas e as casas de Rubi. Andando pelas ruas de pedras, observamos diversas casas em estilo colonial. Cada uma com sua própria cor e detalhes, com grandes janelas e portas que acabam nas calçadas. Em Rubi, há várias p raças arborizadas. Nelas, conseguimos ver diversos sujeitos sociais como: amigos conversando, pessoas trabalhando, turistas observando o movimento, moradores descansando. As praças de Rubi são consideradas um ponto de encontro dos moradores para diversas atividades. Uma delas são os eventos da cidade. A cidade possui diversos comércios: desde artesanatos até restaurantes com comidas típicas da região. Por ser uma cidade entre montanhas, Rubi possui várias paisagens para observação. Apesar da evolução da cid ade, vestígios do passado ainda permanecem como, por exemplo, a arquitetura. Também restaram benzedeiras, musicas típicas, rituais antigos e até mesmo o sotaque da região. Mesmo com as mudanças, Rubi continua sendo uma cidade histórica muito conhecida, que desperta nos seus visitantes uma emoção única e que os leva ao passado.
Por Maya Hemsi e Rafaela Latache Ribeiro de Vasconcelos
SAMARA: A cidade de Samara é localizada na China, debaixo da terra, há 45 mil metros de profundidade . O acesso é feito através de um poço estreito, escuro e grudento, onde muitas pessoas já foram assassinadas. Os habitantes das cidades vizinhas procuram sempre passar o mais longe possível de Samara, pois se assustam com todos os corpos, esqueletos e órg ãos espalhados à beira do poço. É relevante o fato de que quem quiser morar lá precisa ter participado de algum filme de terror ou ser alguma das assombrações, como por exemplo: Samara (“O Chamado”), Esther (“A Órfã”), Sarah Michelle (“O Grito”), entre out ros personagens. Todas as segundas e quartas feiras, os moradores reúnem -se para discutir e resolver quais serão as vítimas da semana. Então cada um, às 3h00 da manhã, escala o poço sem a mínima dificuldade e com o objetivo de trazer de volta o corpo de q uem matar. A cada semana, um modo de assassinar é estabelecido. Por exemplo: esquartejar, trucidar, enforcar, envenenar, atropelar, afogar, queimar, entre outros. Quem cumpre o desafio, ganha 03 litros de sangue. Porém, isto só é válido se se conseguir ass ombrar a vítima antes. Não basta matá -la num instante. A entrada de turistas é proibida, devido ao susto que pode causar. Só é permitida a visitação de quem morrer. Ou seja, se o cidadão tiver uma vontade incontrolável de visitar Samara, terá de morrer antes ou na beira do poço, pedindo sempre a morte para algum monstro disponível no momento. Os moradores de Samara dizem que os sons emitidos por lá (vozes, sinos, passos) são muito parecidos com os de Ouro Preto, em Minas Gerais, Brasil. Em Samara, percebe mos um grande número de praças, onde sempre acontecem reuniões e onde grupos se formam e permanecem nas “horas livres”. O cheiro é de sangue “fresco”.
P o r Ga b r i e l l a Ro s s M o r e t t i e L ar y s s a P i tu b a F r e i t as
S A N T A V I T Ó R I A : S a n t a Vi t ó r i a é u m a v i l a p e q u e n a c o m r u as d e p a r al e l e p í p e d o . A s c a s as s ã o f e i t o s d e t i j o l o s . A i l u m i n aç ã o é f r ac a, s ó h á c as a s p e q u e n as d e , n o m áx i m o , d o i s an d ar e s . E x c e t o p e l a c a s a p r i n c i p al d a f a m í l i a r e al . A v i l a é c o m p o s t a p o r u m a c ap e l a, a n t i g o s ar m a z é n s , l o j as d e m e t ai s , e s t áb u l o s , al g u m a s p r a ç a s e u m p o ç o n o c e n t r o d e u m a d as p r aç as . T u d o i s s o e s t á c e r c ad o p o r u m a m u r al h a d e m é d i o p o r t e f e i t a d e p e d r a. N o s é c u l o X V, a v i l a n ã o t i n h a m u r al h a o u u m n o m e e e r a m u i t o p o b r e . D e v e z e m q u an d o , p as s av am h o m e n s c o m ar m ad u r as e f i n g i a m s e r d a c o r t e r e a l . P e d i a m i m p o s t o s n a v i l a. O s h ab i t an t e s q u e l h e s n e g a s s e m , p ag av a m c o m s u a s v i d as . Até que um dia uma m e n i n a c h a m ad a Vi t ó r i a o s s e g u i u , d e s c o b r i n d o a f a r s a. E l a c o r r e u p ar a a v i l a e d e n u n c i o u t u d o p a r a s e u p a i , q u e l o g o t o m o u u m a at i t u d e : f o i at é a c o r t e e e x p l i c o u a h i s t ó r i a a o r e i . N a c o r t e , t r aç ar a m u m p l an o p ar a d e s m as c ar ar o s i m p o s t o r e s : n o m e a r i am al g u n s d o s s o l d ad o s s ó p a r a a p r o t e ç ã o d a v i l a. C h e g an d o l á, V i t ó r i a e s t av a s e n d o c r e m ad a e m p r a ç a p ú b l i c a p e l o s i m p o s t o r e s . O s s o l d ad o s d a c o r t e m at ar am o s l ad r õ e s . A v i l a f o i b at i z ad a c o m o n o m e d e S an t a V i t o r i a p o r q u e a m e n i n a s a l v ar a a v i d a d e m u i t o s q u e n ão t i n h am d i n h e i r o p ar a c o m e r .
Po r A d ri an o Fer ri an i M a d u rei ra Po n t es e Lu cc a P erez S al o mo n e
SANT’ANNA: Sant’Anna não é um grande destino turístico ou um lugar muito povoado. Isso porque a cidade, que se localiza nos arredores de Chernobyl, tem sua superfície tomada pela radiação do acidente nuclear. Fugindo da radiação, os m oradores da cidade migraram para o metrô, ali se isolando por várias décadas. Logo começaram a surgir de pequenas vilas a grandes aglomerações nas antes desertas galerias do metrô. Os moradores fizeram suas casas a partir dos materiais que há tempos foram abandonados junto ao metrô. Assim, criaram edificações coladas umas às outras com diferentes formas e tamanhos. Isto torna a entrada na cidade tão difícil quanto sobreviver nela. A cidade tem uma atmosfera triste e perturbada, onde se podem ouvir pessoas c horando e gritando em muitas áreas. O que vale em Sant’Anna é a lei do mais forte. O povo se dividiu em quatros facções: GOVSANT’, vestígios do governo da antiga cidade; Partido Comunista; Quarto Reich, pessoas que se organizaram para fazer um novo partido nazista e os Neutros – não pertencentes a nenhuma facção. Cada uma tem um lugar delimitado nas linhas do metrô. Além disso, o governo baseia -se em milícias e traficantes, que aterrorizam os moradores. Em minha visita à cidade, fiquei em um bairro neutro c om uma família que pratica o Candomblé. Muito receptivos, além de me cederem um cômodo de seu pequeno barraco, também me ensinaram muito sobre sua cultura, seus deuses e origem. A família, de origem brasileira, estava visitando a cidade quando o acidente aconteceu. Desde então, tentam juntar dinheiro para sair do metrô e voltar para sua cidade natal. Fiquei maravilhado com a religião, da qual nunca tinha ouvido falar antes. Sant’Anna mostrou-se muito contraditória para mim: enquanto moradores falam mal da c idade, reclamam da falta de saneamento (que dá origem a várias doenças e epidemias) e dos frequentes tiroteios entre facções, eu achei a cidade cheia de cultura e de pessoas que querem fazer o bem. É uma sociedade que, mesmo com tantas dificuldades, conseg uiu desenvolver-se no espaço apertado das galerias do metrô. Daqui a alguns anos, no futuro, espero que a superfície fique livre da radiação e que o povo possa sair e voltar a ter a vida normal que merece.
Por Enrico Tosi Pinto Caldeira e Rafael Lauand Gonçalves
S h e s h a l a : A c i d ad e d e S h e s h al a c h a m a a a t e n ç ão d e t o d o s p e l a s u a e s t r u t u r a, l o c al i z ad a n o v al e d o Y e t i , n o c e n t r o d o H i m a l ai a. C ar ac t e r i z ad a p o r s u a g r an d e l ag o a n o c e n t r o , a c i d ad e e s t á e s c o n d i d a n o m e i o d a s m o n t an h a s , d e m o d o q u e é m u i t o d i f í c i l s e u ac e s s o . G r a n d e s v i g as d e o u r o s u s t e n t am u m t e m p l o d e t r ê s a n d a r e s e r g u i d o s o b r e u m a c o n s t r u ç ão d e p e d r a s n o c e n t r o d a l ag o a. A s s i m , as c a s as d o s 8 0 0 h a b i t an t e s d e S h e s h al a, f e i t a s d e b a m b u e c o b e r t a s p o r p e l e s d e an i m ai s , f o r m a m u m a p e r i f e r i a e m v o l t a d o r i o . O s p o u c o s h ab i t a n t e s d e S h e s h al a s ão o r i g i n á r i o s d e u m a an t i g a t r i b o au t o s s u f i c i e n t e . P l an t am a r r o z , e x t r a e m o u r o , c a ç am e c o l h e m b am b u . A s at i v i d ad e s s ã o d i v i d i d a s e n t r e a s m u l h e r e s e o s h o m e n s . E n q u an t o as m u l h e r e s t o m a m c o n t a d a p l an t aç ã o , d a c a s a e d o s f i l h o s , o s h o m e n s f i c am c o m a m ai o r p ar t e d o t r ab a l h o , c aç a n d o , c o r t an d o b a m b u e t r ab al h an d o d a m i n e r a ç ão . C o n h e c i d o p o r t e r a m e l h o r ág u a d o m u n d o O r i e n t al , r e t i r ad a d as m o n t an h a s d u r a n t e o i n v e r n o , o p o v o d e S h e s h al a ac r e d i t a q u e a ág u a é s ag r ad a, q u e é u m l i q u i d o m ág i c o q u e p u r i f i c a a al m a e t e m p r o p r i e d ad e s m e d i c i n ai s . N o p a s s ad o , h av i a u m a c r e n ç a d e q u e a l ag o a e r a a e n t r ad a p ar a o c é u , d e m o d o q u e t o d o s o s m o r t o s e r am j o g ad o s n a ág u a. P a r a o v i s i t an t e q u e v i s i t a a c i d ad e , f i c a m ar c ad o n a m e m ó r i a o r e f l e x o d as m o n t an h as n o l ag o o u , e n t ã o , o g r an d e t e m p l o m i s t e r i o s o , q u e n ão r e c e b e u m a v i s i t a h á m ai s d e 2 0 0 an o s .
Po r A n d ré Go me s Kl i me s e P au l o Pi n t o A l v e s C a m p o s Vi ei r a
SOLARA – A CIDADE INFERNO: A trinta quilômetros do solo, um sol intenso brilha em S o l ar a. O s h ab i t an t e s , j á a c o s t u m ad o s , p r o t e g e m - s e e m s u a s m o r ad i a s s u b t e r r ân e as . S o l a r a, n a v e r d ad e , l o c a l i z a - s e n o s d o i s l ad o s d i v i d i d o s p e l a s u p e r f í c i e s o l ar : a i n f e r i o r , o n d e v i v e m , e a s u p e r i o r , o n d e n ã o h á n i n g u é m . U m a v e z a c i m a d a s u p e r f í c i e , o v i a j a n t e e s t ar á n o c am i n h o p ar a a m o r t e . O s r ai o s s o l a r e s p e n e t r am n o c o r p o h u m an o a u m a d i s t ân c i a t ão c u r t a q u e n ão h á c o m o r e s i s t i r . N ã o h á s e r v i v o q u e s e a t r e v a a at r a v e s s ar a d i v i s a d e S o l ar a, a c i d ad e inferno. N a c i d ad e d a l u z , a s i m u n d a s p e s s o a s v i v e m d e n t r o d as ár v o r e s s o l a r e n s e s , q u e n a s c e m d e c i m a p a r a b ai x o n a t e r r a d o s u b t e r r â n e o . A c i d ad e d e t r ê s q u i l ô m e t r o s d e p r o f u n d i d ad e t e m c o m o f i m a f o n t e d e ág u a d a j u v e n t u d e q u e s u s t e n t a a v i d a e a n u t r i ç ão d a c o m u n i d ad e . A s s i m , o s m o r ad o r e s t ê m v i d a e t e r n a g a r an t i d a e al i m e n t a ç ão s u f i c i e n t e . J á v i s t a a c i d ad e , o v i aj a n t e c o n c l u i q u e S o l ar a é u m a c i d ad e p e r i g o s a, p o r é m , d i f e r e n t e e c u r i o s a, m e s m o n ão t e n d o m o t i v o p a r a a c i d ad e e x i s t i r e s e r al i . A o s ai r d e l á, e l e r e a l i z a q u e ac ab o u d e s ai r d a c i d ad e m ai s s ag r ad a d e D e u s : S o l ar a.
Po r A n d ré H ad i H au a ch e e Ped r o P ao l i el l o d e M e d ei ro s
S T A N E S L A U G A : A b r u m a d a n o i t e c o b r e o n e v o e i r o d o am an h e c e r p as s a n d o p o r S t a n e s l a u g a. V o c ê p e r c e b e a n e v a s c a c a i n d o s o b r e o t e l h ad o d e c h o c o l at e . A c i d ad e p e r m an e c e i n t e i r am e n t e c o b e r t a p o r u m a n e v a s c a q u e i m p o s s i b i l i t a a v i s ão at é u m p e r í o d o n o f i m d a t ar d e . D e p o i s , p o d e - s e t e r a v i s ão d a b e l a p ai s ag e m d o s o l s e p o n d o . A p ó s o p ô r d o s o l , f i g u r as s o m b r i as s u r g e m p e l a c i d ad e , c o m o a s o m b r a q u e p r o s s e g u e c r e s c e n d o e d i m i n u i ao l o n g o d e al g u n s m i n u t o s . E m s e g u i d a, u m a c r i an ç a c o m o r o s t o d e f o r m ad o c a r r e g a t r ê s m o e d as c o l o r i d as e c o m p r i m e - as e n t r e t r ê s d e d o s d a m ão d i r e i t a. E m s e g u i d a, d e s ap a r e c e . U m p ás s ar o ap ar e c e v o an d o ao m e n o s a 1 0 0 k m / h c o m u m a as a m ai o r q u e a o u t r a e u m a v o z ab s u r d am e n t e e s t r i d e n t e q u e ab a l a o s o u v i d o s . S u a v o z m a i s p ar e c e u m g r i t o d e socorro. S t a n e s l a u g a é u m a c i d ad e f r i a e av a s s al ad o r am e n t e d e s l u m b r an t e , n ão s ó p e l a ap ar ê n c i a e s c r av i z ad o r a , m a s s i m p e l o s s e g u n d o s e m q u e p e r m an e c e i n t a c t a e s p e r a n d o b r u s c a m e n t e a p e r n o i t e d e u m p e r e g r i n o av e n t u r e i r o , at r aí d o p e l a i n v e j áv e l b e l e z a d e s t e s u p r e m o m i s t é r i o t o r r e n c i a l a o c ai r d o c r e p ú s c u l o . N as c as a s , ao i n v é s d e m ad e i r a h á b ar r as d e o u r o d e e s t i l o m ar r o q u i n o . N o i n t e r i o r , s ã o f o r m ad a s d e ar t e b a r r o c a.
Po r I s ab el l a Geb a ra S a i d e e Vi t o r Vi l el a C o el h o
S U M M E R : E m S u m m e r , n ão h á c al ç ad as n e m e s t r ad a s . O c h ã o é t o d o f e i t o d e a r e i a e d e ág u a. A i m p r e s s ã o c a u s ad a a o s o l h o s é d e u m a g r a n d e p r ai a (a l i ás , a m ai o r d o m u n d o ) c o m l o j as ao r e d o r f e i t as d e b am b u s e f o l h a s p e q u e n a s . H á g r a n d e q u an t i d ad e e d i v e r s i d ad e d e p r o d u t o s n e c e s s á r i o s p a r a at e n d e r a e s t aç ão m ai s e s p e c i a l e i n s p i r ad o r a d a c i d ad e : o v e r ão . A p e s ar d a t e m p e r at u r a m u i t o q u e n t e , a ág u a d o s m a r e s at e n d e às e x i g ê n c i a s d o t u r i s t a t o d o s o s d i as ! A s s i m c o m o e m M i n a s G e r ai s , as f l o r e s s ã o c o l o r i d a s e al e g r a m a c i d ad e e a s c a s a s s e g u e m u m p ad r ã o a r q u i t e t ô n i c o , v ar i a n d o a p e n as a s c o r e s d a s p o r t a s e j an e l as . O s h ab i t an t e s v i v e m e m c as as f e i t as d e b am b u s e f o l h a s , as s i m c o m o a s l o j a s . N ão h á n ad a c o m o a s e n s aç ã o d e ac o r d ar , l e v a n t ar d a c am a e p i s ar n a ar e i a f o f i n h a. O s h o t é i s , e m f o r m at o d e n av i o s , t am b é m f e i t o s d e b am b u s . O t e t o é d e f o l h a s , c l ar o . O s m e s m o s d i s p õ e m d e v á r i o s s e r v i ç o s p ar a a s at i s f a ç ão d o v i s i t an t e . É a c i d ad e i d e a l p a r a s e v i s i t ar n o s d i a s m u i t o q u e n t e s , c o m o o s d e v e r ã o . L á t u d o é r e f r e s c an t e , ag r ad á v e l e s ó f u n c i o n a n o v e r ão . A c o m i d a t í p i c a é o s o r v e t e , o s s ab o r e s s ão o s m ai s d i v e r s o s , as c al d a s e c o b e r t u r a s t am b é m . Vi s i t ar S u m m e r é t e r o p r az e r d e c o n h e c e r u m m u n d o o n d e a f an t a s i a é a p r ó p r i a n at u r e z a. A ág u a, o c a l o r , é t u d o m a r av i l h o s o . A s p e s s o a s s e d i v e r t e m e t ê m t u d o o q u e m ai s g o s t am a s e u r e d o r . É d e s l u m b r a n t e .
Po r Je ss i c a Pi n g eo t H er o u l t e Lu i z a M i o r an z z a B o rt o l at t o
TAEVAS: Cidade localizada a 10 mil pés da nuvem mais alta da cidade de Brighton, em Inglaterra, Taevas fica sobre um enorme platô de concreto, q ue pelas magias e mistérios da cidade flutua sobre o céu. Os habitantes guardam o segredo a sete chaves. Só quem nasce em Taevas sabe o mistério da levitação da cidade. No centro há uma praça grande onde os viventes se encontram para jogar, brincar, conver sar, escutar música etc. O resto da cidade, como edificações, casas e prédios, está em volta da praça. Nessa cidade, os habitantes são de uma espécie diferente, uma derivação da espécie humana, uma evolução. Os moradores de Taevas têm duas cabeças e, conse quentemente, dois cérebros, portanto pensam mais, e mais rápido. Os habitantes têm uma língua própria que ninguém sabe falar, só os que nascem lá. Pessoas humanas que já visitaram Taevas dizem que é uma mistura de todas as línguas do mundo, só que nenhum ser humano é capaz de traduzir. Os poucos relatos dos raros viajantes que passaram por Taevas dão a ideia de um lugar espetacular, como uma visão do paraíso, do céu, algo divino. Ao chegar a Taevas, seus problemas parecem que ficam embaixo, no solo, e que s eus pensamentos positivos são multiplicados por 100. Por mais que a comunicação com a população seja impossível, você se sente muito bem recebido. Taevas tem uma coisa curiosa, durante o dia ela é meio sombria, quadrada, preto no branco, mas quando o sol se põe e a noite chega, Taevas fica completamente diferente, fica alegre, colorida e com traços irregulares. A saída do viajante é um tanto quanto trágica. Ele sofre uma forte depressão quando volta para terra firme, porém, estar em Taevas é uma experiência indescritível. Mas tem que ser forte para aguentar a saída.
Po r A n d ré d e T o l ed o J ar d i m P amp l o n a d a Co st a e En r i co C arv al h o S al a
V I CT Ó RIA: U m a c id ad e? N ão pod e se r d e sc rit a de s te mo do. Um p arqu e? T ambé m n ão é o m el ho r te rm o p ar a de fin i- l a. O s ol r e fle te -s e n as ág u as t r an sl úc id as d e seu g r and e l ago. O su til m ov im ent o f luv i al f az c om que a i m ag em d as árvo r es re fl it a n o l ago, co mo um a p int ur a d e Van G o gh sub me rs a. A s e s cul tu r as l oc aliz ad as n o v as to c amp o agr egam - se à p ai s ag em re sult ando e m u m a n ov a obr a vi su al, tr aze ndo ao l ei to r u m no vo sig nif i c ado p ar a a art e. O c am inh ar p el as t ril h as é aco mp anh ad o pe lo can t ar d e p áss ar os e pe lo s o m do v en to m ov im ent ando as árv or es . O che ir o d e gr am a mo lh ad a é ab so rvi do p el as n arin as d os vi aj ant es r e cé m- ch eg ado s tr az endo ao o l f ato um a ide nti fi caç ão d o l oc al. O l oc al só es t á viv o dur ant e o p er íod o d iu rn o, qu ando se us h ab it an tes , o s v i sit ant es, e s t ão p re s ent e s e as sim as ob r as s ão ac or d ad as pel o s ol ho s d e qu em as v ê. E s t adu nid en se s, arg en tino s e b r asil ei r o s s ão algu m as d as n aci on al id ad es r eun id as co m u m ún ic o ob jet iv o: tr ansf o rm ar o es p aç o e c onh ec ê -lo. Algu ns e st ão l á pel a p ri me ir a v ez, out ro s s ão v et er ano s, p or ém , tod os s ão su rp re en dido s com um el em en to d if e ren te a c ad a vi si t a. Vi ct ór i a, m ais co nh eci da c o mo I ns tit ut o In ho ti m, é um ace rv o de o br as de arte c on te mp or âne a q ue ab rig a di ve rs as g al e ri as que e nv olv em t ant o art e s vi su ais q u ant o in te r at iv as. C ad a e sp aço te m su a arqu it etu r a e sp ec í fic a qu e co nv er s a co m a ob r a e xp os t a. C ad a g ale ri a tr az di f ere nt es s e n s açõ es, te xt uras , che ir o s, s en ti me ntos , son s... Ao c ami nh ar p el o m ar d e cac o s d e vid ro é fe it o u m s o m q ue in co mod a os ou vid os d e q ue m p as sa p or l á. T r aze ndo um a sen s aç ão d e de s co nf or to. Is s o o co r re em tod os o s es p aço s vi si t ado s.
Po r A n a Cl ar a T emi n W o o d e C ar o l i n a D i ck e r Ga r i n i
Bi bl i o g r afi a ANÔ NI M O . Livro das mil e uma no ite s , vo l u me I: r a mo sír io ; in tro d uç ão , n o t a s e ap ên dic e e t r a d u ç ão d o á r a be: M a m e de M u s taf a J a ro uch e. – 2. e d. – S ão P a ulo : Glo bo , 2005. CAL VI NO , It a lo . A s ci dades invi sív ei s ; tr a d uç ão Dio go M ain a r di. – S ão P a ulo : Co mp an h i a d a s L et r a s, 1 9 9 0 . MAN G U EL , Al b ert o . Di cion ário de lugare s i magin ário s / Al b erto M a n g u el, Gi an n i G u a d al up i; il u st r aç õ e s d e Gr ah a m G re en f i el d e Eri c B e d do w s; m ap a s e p l a n t a s d e Ja me s Co o k ; t r a d uç ão d e P e d ro M ai a So ar e s. – S ão P a ulo : Co mp an h ia d a s Le tr a s, 2 0 03.