NEWSLETTER ACES Espinho/Gaia Edição nº 6
Newsletter - O Plano Nacional de Saúde e o ciclo temático Em 2015, o Plano Nacional de Saúde (PNS) sofreu revisão e extensão até 2020, tendo como principais objetivos: 1.
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Reduzir a mortalidade prematura (≤70 anos) para um valo inferior a 20%; Aumentar a esperança de vida saudável aos 65 anos de idade em 30%; Reduzir a prevalência do consumo de tabaco na população com ≥15 anos e eliminar a exposição ao fumo ambiental; Controlar a incidência e a prevalência de excesso de peso e obesidade na população infantil e escolar, limitando o crescimento até 2020.
Doenças Crónicas Outubro–Dezembro 2019 Dias comemorativos 01/10: Dia Internacional das Pessoas Idosas e Dia Internacional da Depressão 08/10: Dia Mundial da Visão 10/10: Dia Mundial da Saúde Mental 11/10 Dia Mundial do Combate à Obesidade 16/10: Dia Mundial da Alimentação e Dia Nacional da Luta contra a Dor 29/10: Dia Mundial do AVC 30/10: Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama 12/11: Dia Mundial da Pneumonia 14/11: Dia Mundial da Diabetes
Na dependência do PNS estão integrados os Programas Prioritários de Saúde que concorrem para o atingimento das Metas de Saúde 2020. De acordo com o Despacho nº 4429/2018, de 05 de julho de 2018, que estabelece o modelo de governação aplicável ao PNS e aos Programas Prioritários, estes são distribuídos em três plataformas, de acordo com a sua área de especialidade, com o objetivo de harmonizar e potenciar as estratégias das diferentes intervenções em saúde. Iniciámos um novo ciclo temático, dedicado ao Plano Nacional de Saúde e aos Programas Prioritários de Saúde, dedicando as próximas três edições às Plataformas do Modelo de Governação do PNS a 2020. No página da Ficha Técnica pode encontrar o tema da próxima edição, bem como as instruções e data limite para submissão do seu artigo.
Não deixe de colaborar! Núcleo da Newsletter
15/11: Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada 17/11: Dia Mundial da Prematuridade e Dia Mundial do Não Fumador 18/11: Dia Europeu do Antibiótico, Dia Mundial da DPOC e Dia Europeu para a Proteção de Crianças contra a Exploração Sexual e abusos sexuais 25/11: Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres
01/12: Dia Mundial da SIDA 03/12: Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 04/12: Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla 10/12: Dia Internacional dos Direitos Humanos
Índice
Newsletter - O Plano Nacional de Saúde e o ciclo temático ................1 Índice ................................................................................................................2 Hospitalização Domiciliária – experiência na USF Além D’Ouro .........3 Diabetes em Movimento................................................................................4 A Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACeS Espinho-Gaia ...................................................................................................5 21st International Balint Congress – Porto, 11 a 15 de Setembro de 2019 .................................................................................................................8 Impacto da intervenção do Enfermeiro Especialista na ECCI – Estudo de Caso ......................................................................................................... 10 Núcleo de Investigação e Inovação ......................................................... 14 Ficha Técnica ................................................................................................ 15
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Hospitalização Domiciliária – experiência na USF Além D’Ouro A Hospitalização Domiciliária (HD) é definida como um modelo de prestação de cuidados hospitalares em casa, proporcionando assistência contínua aos cidadãos que, requerendo admissão para internamento, cumpram um conjunto de critérios clínicos, sociais e geográficos que permitem a sua hospitalização no domicílio, sob a responsabilidade dos profissionais de saúde de uma Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD). A UHD do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E), iniciou a sua atividade em março de 2018 e articula com as Unidades Funcionais do ACeS Espinho/Gaia desde a admissão até à alta. Disponibiliza um folheto informativo com a informação necessária a esta articulação de cuidados. A equipa da USF Além D’Ouro colabora ativamente com esta unidade desde o início da sua atividade, visando cumprir os pressupostos da NOC nº020/2018. Seguidamente é relatado um exemplo do procedimento que os elementos da USF seguem perante um caso de HD. Utente com 85 anos, género feminino, admitida no serviço de HD. Essa informação foi transmitida via e-mail tendo o mesmo sido entregue à equipa de saúde (Enfermeiro de Família (EF), Médico de Família (MF) e Secretário Clínico) da utente. Na fase final foi novamente enviado um e-mail informando a data prevista da alta. Através dos contactos fornecidos no folheto informativo, a equipa de saúde contactou a UHD, e foi informada da necessidade de continuidade de cuidados pela EF, e de uma visita domiciliária pela MF num prazo de 15 dias. Assim, foi agendada visita domiciliária pela EF para o dia previsto para a alta, de acordo com a disponibilidade da equipa, que foi realizada em conjunto com a UHD. Foi entregue a nota de alta e transferida a responsabilidade para a equipa de saúde da USF. A MF realizou reconciliação terapêutica com a cuidadora nas primeiras 24h e agendou visita domiciliária no prazo previsto. A articulação final dos cuidados deve ser realizada caso a caso, contudo, é sempre imprescindivel este contacto entre as duas equipas para uma efetiva continuidade de cuidados e reconciliação terapêutica, sendo, uma mais valia para o utente, evitando novas agudizações e melhorando a qualidade dos cuidados prestados.
Dinora Bárrios USF Além D’Ouro dbarrios@arsnorte.minsaude.pt
Assunção Dias USF Além D’Ouro madias@arsnorte.minsaude.pt
Mariana Fonseca USF Além D’Ouro mfonseca@arsnorte.minsaude.pt
Bibliografia 1. Direção-Geral da Saúde. Hospitalização Domiciliária em idade adulta. Norma nº 020/2018 de 20/12/2018. 2. www.sns.gov.pt. Hospitalização Domiciliária. Acedido em 15/10/2019.
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Diabetes em Movimento O Diabetes em Movimento é um programa comunitário de exercício físico para pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2, alinhado com o Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física e o Programa Nacional para a Diabetes da Direção-Geral da Saúde (DGS). O programa é implementado em comunidades/pólos, que adotam o nome do respetivo município. No passado dia 1 de outubro arrancou o Diabetes em Movimento Vila Nova de Gaia, numa parceria entre o ACES Grande Porto VIII – EspinhoGaia, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia (CMVNG) e a DGS. O programa consiste em sessões de exercício físico de 90 minutos de duração, com uma frequência semanal de três vezes intercaladas, às segundas, quartas e sextas, no Pavilhão Desportivo Municipal de Gulpilhares. A implementação é realizada de forma cíclica, entre os meses de outubro e junho. As sessões são realizadas em grupos de 20-30 indivíduos, lideradas e supervisionadas por fisiologistas do exercício da CMVNG e monitorizadas por enfermeiros da Unidade de Saúde Pública e da Unidade de Cuidados na Comunidade Tempus. As atividades são gratuitas para os participantes. Os participantes são recrutados por médicos (com o apoio de enfermeiros) e de acordo com os critérios de inclusão definidos para cada época de implementação pela Direção Nacional do Programa. As unidades que estão envolvidas no recrutamento este ano são a USF Aguda, USF Boa Nova, USF Caminho Novo, USF Nova Via e USF S. Miguel.
Joana Vidal Castro Unidade de Saúde Pública jvcastro@arsnorte.minsaude.pt
Além das sessões de exercício, durante cada época de implementação são organizadas para os participantes ações de sensibilização e educação para a saúde em áreas críticas para o controlo da Diabetes Mellitus. O recrutamento de utentes para o programa pode ocorrer até 31 de dezembro, condicionado pela existência de vagas na turma. Para mais informações sobre o programa a nível do ACES: jvcastro@arsnorte.min-saude.pt; e consulta das atividades do programa a nível nacional: http://www.diabetesemmovimento.com O programa foi incluído na contratualização externa do ACES com a ARS Norte na área da governação de saúde. O sucesso deste programa depende todos os intervenientes, pelo que agradece-se desde já a colaboração de todos os profissionais envolvidos na implementação do programa no ACES Espinho/Gaia.
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A Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACeS Espinho-Gaia Os Cuidados Paliativos são “uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos doentes e suas famílias que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos, como a dor, mas também dos psicossociais e espirituais”. (Organização Mundial de Saúde) Apesar da relevância e premência na sua instituição, o início da história dos Cuidados Paliativos em Portugal remonta, apenas, há cerca de 27 anos com a inauguração do Serviço de Medicina Paliativa do Hospital do Fundão. Somente quatro anos depois foi criada a primeira Equipa de Cuidados Paliativos Domiciliários, no Centro de Saúde de Odivelas.(1) Desde então houve um desenvolvimento progressivo dos mesmos, sendo que com a nomeação da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos, em 2016, foi possível a elaboração de um Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos(2), tornando possível a implementação e operacionalização da Rede Nacional de Cuidados Paliativos. Esta última integra os três níveis de cuidados do Serviço Nacional de Saúde: Cuidados de Saúde Primários, os Cuidados de Saúde Hospitalares e Cuidados Continuados Integrados. O Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos para o biénio 2017-2018 permitiu uma expansão territorial dos Cuidados Paliativos com uma cobertura geográfica de 100%, isto é, todos os distritos de Portugal continental ficaram abrangidos com pelo menos um recurso específico de Cuidados Paliativos.(2) Apesar desta realidade, ainda existe um longo caminho para a universalização dos Cuidados Paliativos para toda a população portuguesa. Desta forma, o Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos para o biénio 2019-2020 mantém a linha de pensamento do anterior, pretendendo colmatar os défices ainda existentes, sendo que uma das medidas fulcrais passa por particular atenção e estímulo ao desenvolvimento de Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos.(3) Apesar da maioria dos doentes morrer num hospital ou num lar, a bibliografia indica que pelo menos 70% dos doentes preferia morrer em casa.(4) No que respeita à população portuguesa, houve um estudo realizado em 2010 que mostrou que 51% dos participantes, numa situação de doença grave com menos de um ano de vida e se as circunstâncias o permitissem, prefeririam morrer em casa própria ou de familiar ou amigo, variando a proporção de preferência pela própria casa de 43% em Lisboa a 66% nos Açores. Esta proporção variou também significativamente com a idade, sendo que 65% dos participantes com mais de 75 anos mostraram preferência por morrer na própria casa.(5) Um outro estudo em Portugal, em
Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos ACES Espinho/Gaia
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2009, mostrou uma redução das idas à urgência hospitalar, do número e dos dias de internamento, por doentes oncológicos no último mês de vida, quando seguidos pela Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACeS Sotavento.(6) Face a uma necessidade premente, foi possível reunir as condições necessárias para a abertura da Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACeS Espinho-Gaia, em novembro de 2019. Tratase de uma equipa multidisciplinar constituída a tempo integral por duas médicas (Dra. Marta Guedes e Dra. Teresa Velosa) e duas enfermeiras (Enf.ª Dália Santos e Enf. Selena Rocha) e a tempo parcial por dois assistentes sociais (Dr. Júlio Nunes e Dra. Carmen Moreira), uma psicóloga (Dra. Sandra Prata) e uma assistente técnica (Tânia Coutinho). A prestação de cuidados será realizada através de duas vertentes. A primeira diz respeito à integração de doentes com dificuldades de mobilização/dependentes de complexidade persistente na Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos, para a qual é condição essencial a existência de um cuidador capaz (ou seja, aquele que, tendo ou não laços de parentesco com o doente, se responsabiliza e assegura a prestação de cuidados básicos regulares e não especializados, ditos informais (7) [tais como, gestão terapêutica]). A outra possibilidade será a realização de Consultadoria. Esta refere-se à prestação de cuidados diretos a doentes com complexidade intermitente seguidos pelo Médico de Família ou na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, à articulação com colegas dos Cuidados de Saúde Hospitalares que lidam com a doença de base para melhor gestão clinica, à colaboração com Colegas dos CSP no estabelecimento do plano avançado de cuidados e a atividades formativas, se solicitado. Nesta fase de implementação da Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos serão admitidos somente doentes oncológicos e, progressivamente, de forma faseada, doentes não oncológicos. A referenciação pelos Colegas dos CSP e dos Cuidados de Saúde Hospitalares, nesta fase inicial, será realizada via email: ecscp.espinhogaia@arsnorte.min-saude.pt. Posteriormente, será expectável que a referenciação seja feita através do SClínico® - “Referenciação Interna”. Os objetivos da Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos são o controlo sintomático (dor, dispneia, delirium, vómitos de difícil controlo e náuseas, obstipação, entre outros), comunicação adequada, apoio à família, apoio no luto e trabalho em equipa. O acompanhamento será presencial e também telefónico. O horário de funcionamento, nesta fase de implementação, será das 8:30 às 16:30, sendo a sede da Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos no Centro de Saúde de Arcozelo/Boa Nova – Unidade Arcozelo. Estamos à disposição para qualquer esclarecimento que seja sentido como necessário por parte dos Colegas.
Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos ACES Espinho/Gaia
ecscp.espinhogaia@arsno rte.min-saude.pt
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Referências bibliográficas: 1. Capelas M., Silva, S, et at. (2014). Desenvolvimento histórico dos Cuidados Paliativos: visão nacional e internacional. Cuidados Paliativos. 1. 7-13. 2. Comissão Nacional de Cuidados Paliativos. Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos CP Biénio 2017-2018. 3. Comissão Nacional de Cuidados Paliativos. Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos CP Biénio 2019-2020. 4. Bruera E., Higginson I, et al. Textbook of palliative medicine and supportive care. 2.ª Edição. Taylor & Francis Group (2015). p.276 5. Gomes B., Sarmento VP, et al. Relatório sobre “Preferências e Locais de Morte em regiões de Portugal em 2010”. 2013. Disponível em: https://www.apcp.com.pt/uploads/portuguesereport2013v6.pdf 6. Teixeira, F. Cuidados Paliativos no Domicílio: poupança ou desperdício? Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 2012. 7. Lei n.º52/2012 de 5 de Setembro. Diário da República 1ª Série. 172, 2012.
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21st International Balint Congress – Porto, 11 a 15 de Setembro de 2019 Foi em Setembro de 2017, em Oxford, que Portugal representado pela Associação Portuguesa de Grupos Balint (APGB), anunciou aceitar o convite da International Balint Federation para realizar o 21st International Balint Congress, na cidade do Porto em Setembro de 2019. Em Outubro desse ano, a notícia foi transmitida à assembleia do Encontro Nacional de Grupos Balint, Porto 2017. Foi escolhido como tema: “Seeing medicine through other eyes”. Foram 2 anos de intenso trabalho de uma Comissão Organizadora constituída por cinco membros, dos quais Paula Sofia Silva, Cátia Matos e Manuel M. Sousa pertencem aos quadros do ACeS Espinho/Gaia. A definição do tema, da data e localização do congresso internacional foi o que se revelou mais desafiante, dadas as características peculiares deste tipo de congressos, que exigem uma logística diferente, com inúmeras salas para desenvolvimento de trabalhos de grupo e workshops. Apesar de ser um evento que reúne pessoas de todo o mundo que se debruçam sobre o desenvolvimento da relação médico-doente e da implicação desta sobre o médico e as suas emoções, o tema interessa apenas a um nicho destes profissionais. Ainda assim, participaram no congresso mais de 160 pessoas que se deslocaram de países tão longínquos como a China, a Austrália ou a Nova Zelândia. Dado tratar-se de um evento internacional e como os elementos da Comissão Organizadora, todos médicos de família, tinham pouca experiência na organização de algo tão absorvente, contaram com a valiosa colaboração de uma empresa especializada. Chegamos ansiosos ao dia 10/09/2019. Fizemos a última reunião précongresso, já no auditório da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto, que recebeu do dia 11 ao dia 15 de Setembro o 21st International Balint Congress. A sessão inaugural abriu com a mensagem presidencial de Donald Nease, presidente da IBF (“Reflections on the theme: seeing medicine through other eyes”), ao que se seguiu o discurso de Manuel Mário Sousa, Presidente da Associação Portuguesa de Grupos Balint, organizadora do Congresso (“Balint work – the way of patience). O Dr. Andrew Elder, médico de família inglês, ínsigne referência a nível mundial e a última pessoa ainda viva que teve o privilégio de participar em grupos liderados pela Dra. Enid Balint, esposa de Michael Balint, deu-nos a honra da sua presença e da sua ilustre Orationis Sapientia “Hearing secret harmonies: Balint groups and the re-imagining of medicine”. Seguiram-se mais quatro dias intensos. Não só de trabalho em sessões de grupos Balint, em workshops e em apresentações orais (tudo coligido no livro do congresso), como também de socialização. O trabalho passou pela apresentação da experiência do uso da metodologia Balint, que em alguns países está mais organizada a nível hospitalar, passando pela diversificação da metodologia Balint e como não poderia deixar de ser, o trabalho em grupo. Este último ponto revelou-se bastante desafiante, tendo em conta que a maioria dos grupos se desenrolou na 2ª língua para a maioria dos participantes: o inglês. Ainda assim, a experiência e partilha foram bastante
Paula Sofia Silva USF Espinho
pssilva@arsnorte.minsaude.pt
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enriquecedoras. Mas houve ainda uma exposição sobre a vida e obra de Michael Balint, da autoria de Raluca Soreanu, médica húngara a trabalhar em Londres, realçando o seu trabalho com os médicos de família ingleses no período pós-guerra. A socialização passou não apenas pelo interessante convívio com pessoas de todo o mundo nos intervalos de almoço e merendas, mas também por um cruzeiro no Rio Douro com paragem obrigatória numa das caves de Vinho Porto para saborear um dos ex-libris da cidade. E terminou com o jantar oficial do congresso e a já tradicional cantoria com grupos organizados com os conterrâneos de cada país participante. No dia 15 de Setembro, domingo, derradeiro dia do congresso, e após a passagem de testemunho à Bélgica, organizadora do próximo congresso (Bruxelas 2021) a Comissão Organizadora foi presenteada com uma merecida ovação de pé: Dr. Manuel Mário Sousa, Assistente Graduado Sénior de Medicina Geral e Familiar (MGF) e Presidente do Conselho Clínico do ACES Grande Porto VIII – Espinho/Gaia, Dr. Alcino Sousa Santos, Assistente de MGF e Coordenador da USF Alpha (ACES Baixo Vouga), Dra. Suzie Leandro, Assistente de MGF da USF Famílias (ACES Entre Douro e Vouga I – Feira-Arouca), Dra. Cátia Matos e Dra. Paula Sofia Silva, Assistentes de MGF da USF Espinho (ACES Espinho/Gaia).
Paula Sofia Silva USF Espinho
pssilva@arsnorte.minsaude.pt
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Impacto da intervenção do Enfermeiro Especialista na ECCI – Estudo de Caso As ECCI integram as Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) de cada ACES, constituidas por uma equipa multidisciplinar, da responsabilidade dos CSP e das entidades de apoio social, para a prestação de serviços domiciliários, decorrentes da avaliação integral, de cuidados médicos, de enfermagem, de reabilitação e de apoio social, ou outros, a pessoas em situação de dependência funcional, doença terminal, ou em processo de convalescença, com rede de suporte social, cuja situação não requer internamento mas que não podem deslocar-se de forma autónoma. (cf. Artº27 do DL 101/2006, de 6 de junho). São critérios de referenciação para as ECCI:
Frequência de prestação de cuidados de saúde superior a 1 vez por dia, ou, prestação de cuidados de saúde superior a 1 hora e 30 minutos por dia, no mínimo de 3 dias por semana; Cuidados além do horário normal de funcionamento da equipa de saúde familiar, incluindo fins-de semana e feriados; Complexidade de cuidados que requeira um grau de diferenciação ao nível da reabilitação; Necessidades de suporte e capacitação ao cuidador informal.
Rui Carvalho UCC Carvalhos
rui.carvalho@arsnorte.mi n-saude.pt
Cleide Teles Descrição do caso: Utente do sexo masculino, 78 anos de idade, admitido na ECCI a 16/11/2018, referenciado pela USF para reabilitação e tratamento de úlcera por pressão no calcâneo esquerdo, de categoria não classificável. Esteve previamente hospitalizado durante um mês, por insuficiência respiratória e LRA com necessidade de técnica de substituição da função renal. Várias comorbilidades (FRCV), patologia ortopédica com tratamento cirúrgico (PTJ direita em 2015 e PTA esquerda em 2007). Dependente em todos os autocuidados.
UCC Carvalhos
cvteles@arsnorte.minsaude.pt
Plano Individual de Intervenção (tratamento ferida complexa): Foi definido um plano para tratamento da ferida tendo e conta as características e evolução ao longo do tempo, baseado no conceito TIME®.
João Meireles UCC Carvalhos
jmeireles@arsnorte.minsaude.pt
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Características
1ª Etapa
Necrose seca
Tratamento Desbridamento cortante / autolítico; Limpeza com Prontosan® solução; Prontosan®gel; Hidrocelular com adesivo de silicone; Em descarga.
2ª Etapa
Fibrina amarela e necrose húmida; Aumento de exsudado; Presença de biofilme; Hipergranulação.
Limpeza com Prontosan®solução; Prontosan®gel; Óxido de zinco nos bordos; Cadexómero de iodo; Corticóide tópico na hipergranulação.
3ª Etapa
Evolução cicatricial positiva; Sem exsudado; Hiperqueratose; Tecido epetilizado.
Limpeza com Prontosan®solução; Óxido de zinco nos bordos; Penso hidrocelular não adesivo.
Frequência
Observações
Diário
Após desbridamento cortante, alterado classicação a UP para categoria 4 (exposição óssea)
2/2 dias
Administração de ATB sistémica dirigida – resultado microbiológico de zaragatoa à ferida, isolado Acinetobacter baumannii e Staphylococcus aureus
3x/semana
Ferida cicatrizada; Preparação da alta.
Fig. 1 - Descrição das etapas do tratamento à Úlcera por Pressão
Plano de Reabilitação: Foi estabelecido um plano de reabilitação funcional (ver plano de exercícios) com os seguintes objetivos:
Promover independência funcional; Melhorar capacidade para o autocuidado; Melhorar amplitudes articulares e força muscular; Prevenir aparecimento de novas úlceras de pressão; Prevenir quedas.
1ª fase – Reeducação Funcional Respiratória (Restabelecer padrão respiratório e alivio de secreções) - Treino de equilíbrio sentado, Exercícios ativos/assistidos e ativos verticalização com ajuda. 2ªfase – Treino de força muscular (exercícios ativos resistidos). - Adaptação ao auxiliar de marcha (andarilho) e treino de marcha. - Treino autocuidados (vestir, higiene pessoal, utilização WC), transferências. 3ªfase – Treino de força muscular (continuação). | 11
- Progressão no treino de marcha – declives e escadas. - Ensino de técnicas ao utente e cuidadores.
Fig. 2 - Plano de exercícios da 3ª fase Considerações finais: O utente ficou ao cuidado da ECCI 164 dias, tendo sido possível recuperar a autonomia e reduzir as suas incapacidades. (ver tabela) Avaliação
Admissão
Alta
Escala Braden
11
17
Escala de Morse
40
50
8
2
Membros superiores – 3 Membros inferiores - 3
Membros superiores – 5 Membros inferiores - 5
Equilíbrio estático sentado
Equilíbrio ortostático dinâmico
Dor (EN) (Por ferida e imobilidade) Força muscular (EFMRC) Equilíbrio (descritores) Andar
Sem ortostatismo
Autocuidado 30 (Barthel) (5,0,5,10,0,5,5,0,0,0) (0-100) Tabela 1 – Resumo das avaliações efetuadas
- Capaz com Auxiliar de marcha prévio à intervenção(canadiana) - Plano, declives e escadas 80 (10,0,10,10,15,15,10,5,0,5) | 12
Estima-se que, só em Potugal, existe mais de 600.000 idosos com algum nível de dependência nas AVD, e as consequências profundas e duradouras do envelhecimento da população trarão grandes oportunidades e desafios a todas as sociedades. A proximidade que o enfermeiro de CSP tem junto da pessoa e família, permite-lhe atender de forma contínua e assídua às necessidades de saúde ao longo do ciclo vital. Assim, entendemos que a promoção de saúde por via da capacitação, é uma aposta necessária para a prevenção da doença, renovando o direito fundamental das pessoas ao mais alto padrão atingível de saúde e bem-estar.
Bibliografia: 1.
2. 3. 4. 5.
6. 7. 8. 9.
Biscaia, A. & Heleno, L. (2017). A Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal: portuguesa, moderna e inovadora. Ciência & Saúde Coletiva, 22(3):701-711.DOI:10.1590/141381232017223.33152016. DECRETO-LEI nº 50/2017. Diário da República n.º 24/2017, Série I de 2017-02-02, p. 614-617. Direcção-Geral da Saúde. (2006). Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas. Lisboa. Ministério da Saúde. (2018). Retrato da Saúde, Portugal. Lisboa Disponível em : https://www.sns.gov.pt/wpcontent/uploads/2018/04/RETRATO-DA-SAÚDE_2018_compressed.pdf Ordem dos Enfermeiros. (2008). Servir a comunidade e garantir qualidade: os enfermeiros na vanguarda dos cuidados de saúde primários Conselho Internacional dos Enfermeiros, Genebra.https://www.ordemenfermeiros.pt/arquivo/publicacoes/Docume nts/Kit_DIE_2009.pdf. “Orientação para a Prevenção da Infeção na Ferida Crónica”, Orientação da DGS nº. 019/2013 Paiva, L, et all. Prevenção e Tratamento de Úlceras por Pressão: Guia de Consulta Rápida – EPUAP. ESEC, 2016 Pisco, L.(2011). A reforma dos cuidados de saúde primários. Ciência & Saúde Coletiva, 16(6):2841-2852. Rodrigues, J.P.. Enfermagem de Reabilitação na Comunidade: Contributos para a Autonomia da Pessoa com limitações. ISSS, Junho 2012.
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Núcleo de Investigação e Inovação Os profissionais de saúde do ACES E/G:
Que estejam a realizar estudos de investigação devem comunicar ao NII, por correio eletrónico, o estudo de investigação em curso (devendo enviar o protocolo do estudo e os resultados obtidos);
Que pretendam realizar estudos de investigação devem submeter ao NII, por correio eletrónico, um pedido de parecer sobre a proposta de estudo;
Podem solicitar ao NII consultoria em investigação.
O contacto com o NII deverá ocorrer através do seguinte endereço de correio eletrónico: nii.espinhogaia@arsnorte.min-saude.pt
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Ficha Técnica A Newsletter do ACES Espinho/Gaia pretende ser uma nova ferramenta de comunicação interna e externa do ACES, que pretende partilhar e divulgar os projetos e atividades realizadas nas várias unidades funcionais.
Submissão de artigos para a próxima edição: A próxima edição da Newsletter terá como tema central a Saúde Mental, não sendo, no entanto, excluídos artigos de outro âmbito. Todos os interessados deverão enviar os seus artigos para o e-mail diogo.silva@arsnorte.min-saude.pt até ao dia 1 de Fevereiro, de acordo com a seguinte estrutura: 1. Título 2. Nome do(s) autor(es) da notícia, local de trabalho e contacto de e-mail; 3. Fotografia; 4. Texto, com máximo de 350 palavras. Contamos com a vossa colaboração!
Grupo de trabalho para Newsletter ACES Espinho/Gaia:
• Maria João Paiva Teles, USF Boa Nova • Diogo Silva, USP • Sandra Santos, USP
Em caso de dúvida ou necessidade de contacto:
diogo.silva@arsnorte.min-saude.pt
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