Medicina Quilombola
Vilson Caetano
©2013 Brasil com Artes Todos os direitos reservados Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte
Medicina Quilombola
Organização: Vilson Caetano de Sousa Jr. Fotografia: Rodrigo Siqueira Revisão: Maria Verônica Projeto Gráfico: Ton Friche Pesquisa: Fábio Velame Magnair Barbosa Marina Bonfim Crédito de capa: Mãe Maria Preta (Quilombo Baixão do Guaí) S729
Sousa Júnior, Vilson Caetano de. Medicina Quilombola/ Vilson Caetano de Sousa Júnior. -- Salvador: Brasil com Artes, 2013. 42p.: il. ISBN: 978-85-66694-08-6
1. Medicina. 2. Saúde 3. Quilombo. 4. Medicina familiar. I. Título.
2
CDD: 616
MEDICINA
QUILOMBOLA
3
Quando ia se aproximando os dias para o parto, ia se chamar Mamãe Piani. O nome dela mesmo era Crispiniana, mas todo mundo lhe chamava de Mamãe Piani. Ela ficava dias na casa da pessoa. Ela ia pra casa da mulher e ficava ali. Enquanto a mulher sentisse dor ela ficava todos os dias ali, tomando conta da mulher, fazendo chá, fazendo banhos pra banhar a barriga, pra mulher tomar. Quando a mulher dava a dor, ela ficava dentro do quarto, acendia incenso dentro de casa e começava a cantar uma música de Nanã. Eu lembro que ela cantava uma música de Nanã. Aí ela ficava naquele, tipo mantra, eu não entendo direito, mas ela ficava repetindo aquelas palavras, Nanã, Nanã... ela sempre falava de Nanã e ela cantava uma música. Pode ter até outro nome, mas eu me lembro dessa palavra. E aí ela ficava indo na cozinha e na sala, rodando a casa, incensando e cantando aquela música e entrava no quarto. Aí de repente, você via o bebê chorar, né. Aí o bebê chorava, ela dava banho e aí ela liberava a casa e a gente sentava pra vê o irmão. Eliete Calheiros
É da natureza que os quilombolas retiram seus remédios. Ao longo do tempo estas comunidades acumularam saberes e fazeres e foram capazes de reelaborar noções e conceitos sobre saúde e doença. Na maioria das vezes, os chamados remédios do mato, administrados juntamente com orações e fórmulas mágicas constituem a única alternativa em locais afastados dos centros urbanos e de difícil acesso. Embora este sistema de classificação seja bastante definido, ele não se coloca como impeditivo do saber médico. Se uma interação entre estes dois tipos de saberes não acontece é mais por falta de oportunidade. Fato é que, desde cedo estas comunidades detentoras de saberes milenares indígenas e africanas, acrescentaram a estes conteúdos trechos em latim de orações tidas como
6
João Brandi fortes do catolicismo trazido então pelos colonos, algumas delas balbuciadas incompletas ainda hoje à frente do doente. O tratamento mágico religioso continua funcionando em algumas comunidades como a única maneira de acesso à saúde frente a um modelo médico que desde cedo se mostrou excludente e fechado às populações indígenas, negras e mestiças. É um pouco deste saber que o leitor irá encontrar aqui ditado pelos quilombolas do Baixão do Guaí, Guerém, Sítio Dendê, Enseada Paraguaçu, Salamina Putumuju, Porto da Pedra, Buri, Tabatinga I, Tabatinga II, Guaruçu, Quizanga de Cima, Quizanga de Baixo, Topá de Cima, Zumbi e Terreiro do Pinho.
7
8
Cláudio - Salamina Putumujú
UMA MEDICINA PREVENTIVA A medicina quilombola é o conjunto de práticas que buscam manter o equilíbrio entre as pessoas e a natureza. Ela é preventiva. Isso reúne um conjunto de medidas que visam cuidar do corpo. Um corpo cuidado é o mesmo que protegido, ou ainda, como sugere a expressão: é um corpo fechado. O corpo está fechado quando é possível manter uma relação entre ele, a natureza e o trabalho. Desta maneira, fechar o corpo é uma preocupação diária. Assim, hábitos como tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos, cortar as unhas, pentear os cabelos, manter a casa e tudo que faz parte dela sempre limpos somam-se a outros cuidados como não cortar certas árvores, não poluir as fontes, não pronunciar palavrões, respeitar os ensinamentos dos mais velhos e fortalecer as relações de compadrio. Quando se passa o dia inteiro na casa de farinha, recomenda-se tomar um banho rápido com água morna. Deve-se observar ou respeitar, como se fala, algumas comidas. O caranguejo, por exemplo, não se come misturado a nada. Em outras palavras, se ele for ingerido pela manhã, o recomendado é que só vá se comer outra coisa à tarde. Das frutas, o abacaxi é a que inspira maior cuidado. Ele é considerado muito perigoso. Outra prática que integra essa medicina preventiva é o evitar pronunciar o nome de certas doenças. O não chamar é a primeira medida para a doença ser evitada. Assim,
9
doenças frequentes como a erisipela, recebem apelidos como: vermelha, mal da praia, quei mosa, abiúda enquanto o acidente vascular cerebral (AVC) é conhecido como ar de fora ou ar do vento. Uma vez a doença instaurada, o cuidado passa a ser para que ela não se alastre pelo corpo ou pela casa que é uma espécie de continuação do corpo. A medida agora passa a ser não comentar sobre a enfermidade. Os quilombolas acreditam que algumas pessoas sejam sanguenolentas. A pessoa sanguenolenta ou com o sangue ruim faz com que a enfermidade se alastre. Uma ferida, por exemplo, custa cicatrizar ou abre e cicatriza várias vezes. Os recém nascidos assim como as paridas recebem tratamento especial. Estes vão desde banhos que visam facilitar o parto, a cuidados com o cordão umbilical. Dentre as comunidades quilombolas ao lado das parteiras é bastante conhecida a figura da mãe de umbigo, chamada carinhosamente de mamãe de imbigo. Dentre estas mulheres na comunidade do Girau Grande, destacou-se a figura de mamãe Piani. Mamãe Piani percorria a região dos quilombos da Anastácia, Tabatinga, Guaruçu, acompanhando por vários meses as paridas e os recém-nascidos. Para os quilombolas o umbigo possui significado especial. Cuidar do umbigo é mais uma atividade que faz parte dessa medicina preventiva. Significa cuidar da saúde para a vida toda. Como nos conta Eliete Calheiros. A roupa da criança era toda enfeitada pra vestir ele. Hoje se tem alfazema de perfume, é líquido né? Antes ela tinha alfazema em semente. Aí ela pegava a roupinha do bebê, dava banho, tal, ajeitava, pegava o incenso colocava na brasa e aí aquela fumaça ia subindo e aí ela botava a roupa do bebê em cima. Aí você pegava o bebê, era um cheiro de incenso danado. Mamãe Piani não somente fazia o parto, mas todos os dias ela vinha dar banho no menino uma vez no dia. Ela ia a outros lugares. Ela ia a qualquer lugar. Nunca cobrou um centavo a ninguém. Nunca cobrou mesmo um centavo.
10
Ela tomava conta da mãe. Era chá que a mãe tomava! Ela dizia tudo que a mãe podia comer e o que não podia. A mãe não podia comer peixe. Na verdade a mulher só comia galinha, galinha do quintal. Então ela
vinha, matava a galinha, cozinhava e fazia o pirão. Porque enquanto a mulher tava de resguardo, que era quarenta dias, mais ou menos, ela não saía. Quinze dias a mulher ficava na cama mesmo. Como você não tinha nenhuma outra fonte de assistência, você só tinha a parteira, então você seguia a risca tudo que ela dizia, respeitava. Então ela vinha fazia chá pra mulher não ter cólica. Não era pra ninguém sentar na cama. Você não podia sentar na cama da mulher. Então tinha aquele banco, a visita chegava... Hoje a gente sabe que não pode sentar por causa das bactérias, que você traz da rua. Então você não senta. Mas antes ela não sabia de bactéria, mas ela sabia que não podia, porque o bebê era novo, porque a cólica que você tivesse podia passar para o bebê e pra mulher. Então ela não permitia. Chegava no quarto, ‘menino você vai sujar´, pra não sujar nada do bebê. Então isso já era uma ciência dela em manter a criança longe da sujeira da rua. Marido não dormia na cama também. O marido se mudava da cama porque a mulher dormia sozinha, ela e o bebê dela na cama. Previne-se também através de orações. A maioria, originadas do catolicismo português. Há doenças em que estas constituem o único tratamento. Há aquelas, no caso de dores de dente, em que as orações são administradas
11
até se poder chegar até o médico. Estas orações fortes geralmente são feitas na presença do doente ou em alguns casos na direção da casa da pessoa. Em linhas gerais, reza-se contra tudo, utilizando vassourinha mufina, pião roxo, dentre outras. No dia a dia previne-se com o alho levado no bolso ou preso junto a qualquer parte do corpo. Alho serve para benzer e evitar que certas doenças se alastrem. Alho é também comido ou mastigado e soprado nos olhos das crianças a fim de evitar que doenças como a catapora estourem no globo ocular. O fumo de corda também é utilizado como proteção. Fumo levado pelas marisqueiras para o mangue pendurado nos cofos, bem como pelos caçadores ou aqueles que vão cortar lenha. Fumo oferecido para os encantados que vigiam as matas a fim de evitar ficar perdido nelas, azonado. A aroeira, (Shinus molle L) ocupa lugar de destaque na medicina quilombola. Afirma-se que esta planta serve para tudo. Embora as plantas revistam-se de particularidades, há aquelas consideradas especiais como a conhecida joão barandi, ou joão brandi (Piper callosum). João barandi é considerada a folha dos encantados. É interessante observar que ao contrário do que acontece, onde as pessoas têm nomes de peixes e plantas, essa planta tem nome de gente a exemplo de outra como Maria Preta. João barandi, segundo alguns quilombolas é a folha que some na estrada se alguém sair de casa dizendo que irá colhê-la. Essa idéia garante a eficácia de alguns remédios de folhas bem como a preservação da maneira de prepará-los que observa desde a fase da lua à hora exata de colher a planta.
12
Na medicina quilombola vamos encontrar os chás das folhas que podem ser cozidas e administradas separadamente ou combinadas. Também vamos encontrar os banhos, que consistem no cozimento de algumas plantas ou partes delas como entrecasco chamado cavaco, caules, folhas, raízes, flores e sementes, administradas em forma de banho sobre a parte do corpo afetada ou no corpo inteiro. Vamos encontrar também a utilização de óleos vegetais como o xoxó, (óleo extraído do côco do dendezeiro) utilizado para ajudar na cicatrização de algumas feridas; gordura animal, como a enxunda de galinha, utilizada como expectorante e também para tratar furúnculos e folhas torradas, reduzidas a pó ou simplesmente maceradas. Se junta a tudo isso o chamado escalda pé, espécie de suadouros que os
doentes são submetidos e os defumadores. Tomar um defumador é receber uma fumaça com combinações que vão desde folhas a partes de alguns animais. Embora estejam presentes, as chamadas garrafadas ou mesinhas não possuem uso muito difundido entre estas comunidades. Trata-se de infusões de folhas, raízes e sementes, espécie de combinações orientadas pela milenar medicina destes grupos. A utilização destes “remédios de beber” se dão de forma discreta tanto para quem os consome quanto para quem os preparam. Não podemos esquecer que foi por conta destes que recaíram sobre as populações negras, indígenas e pobres a acusação de falsa medicina.
Sr. João - Buri
Lugar de destaque ocupa os mingaus, especialmente o chamado mingau de cachorro, mingau de Santo Antônio ou simplesmente mingau das almas. Alho amassado e cozido em água, engrossado com farinha de mandioca,
13
outro elemento que se destaca na vida das comunidades quilombolas, em especial na medicina. Visto como algo muito forte, o mingau é administrado em jejum, ainda quente, servido para fechar o corpo. Mingau protege o corpo e auxilia o tratamento mágico religioso. Farinha é também utilizada para facilitar o tratamento de furúnculos. Existem, por fim, remédios que são inalados pelos doentes em forma de pó como o rapé, também chamado binga ou simplesmente pó que “o doente toma uma pitada.” O pó tem como base a folha do fumo torrada juntamente com outras sementes como a de umburana, chamada de imburana de cheiro, noz moscada, cravo, canela, alecrim, arruda e outras folhas. Este remédio é utilizado para o tratamento de rinite alérgica e limpeza das vias respiratórias.
14
D. Nega - Buri
A eficácia desse tratamento mágico religioso é garantida graças ao resguardo. Seguir o resguardo, como se fala, consiste em observar interdições que englobam desde atividades diárias a certas comidas, o chamado resguardo de boca. Há interdições que acompanham as pessoas por toda a vida. O oficio de curador ou curandeira, rezador ou rezadeira mantido ao longo de gerações por algumas famílias não é cobrado. Mamãe Piani, do Girau Grande, Dona Nega do Quilombo Buri, Seu Sumido do Quilombo Baixão do Guaí, Dona Jair do Quilombo Dendê, Sr. João do Quilombo Porto da Pedra, Maria de Safino de Salamina Putumuju são alguns que se tornaram conhecidos pela arte da cura, ciência do benzimento e do saber cuidar.
15
Alguns nomes de doenças são utilizados para batizar sintomas que aparecem conjuntamente, a exemplo da diarréia com fezes esverdeadas acompanhadas de vômitos, enfermidade chamada de vento caído nas crianças. Isso vale também para o “olhado”, ou melhor, mau olhado, que vem atravessando tempos. Contra tais doenças são dedicadas orações feitas em locais específicos da casa, respeitando dias e horas para serem pronunciadas. Tratamento semelhante recebem as pessoas acometidas pelo ar de morto e pelo ar do vento ou ar de fora. O ar de morto acomete geralmente as crianças que perdem a tranquilidade e se assustam com frequência, choram, ficam inquietas. Isso pode ser acompanhado de outros sinais como febre, corpo mole, falta de apetite, etc. Um falecido geralmente próximo pode também chegar perto de um adulto causando uma série de desconforto, sobretudo indisposição para sair da cama e cuidar dos afazeres. Quando aparece essa “falta de vontade” de comer, levantar-se, trabalhar, conversar, desinteresse pela vida, por tudo e todos, diz-se que a pessoa está com ar de morto. Em outras palavras, está com ar de outro mundo. Essa doença é tratada com benzimentos sucessivos e banhos.
16
O ar de fora também conhecido como ar do vento é outra doença que recebe tratamento especial. Ele é responsável pelo acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente pelo nome de derrame, palavra que nem se pronuncia. As comunidades quilombolas desenvolveram um ritual complexo para o tratamento de tal doença que inclui elementos do mundo animal, mineral e vegetal. Segundo Sr. João do Quilombo Porto da Pedra, o ar do vento é uma camada de ar que fica acima da que nós respiramos. Ele explica que ele está em toda parte, entra e sai dos lugares, mas se o ar de fora passar numa pessoa, quando ele não mata, aleja. Ele anda aqui nos espaços. Não desce não. Se ele descesse, acabava com tudo. Desta maneira, a melhor forma é prevenir, evitando choques bruscos de temperatura como após atividades que aqueçam o corpo, tomando banhos frios, fazem caretas, etc. Uma vez pressentido a presença do mesmo, beber noz-moscada ralada na água, comumente chamada de manuscada. Pode-se queimar a noz moscada também, misturar a um pouco de água e beber. O ar de fora se trata com benzimentos e defumadores.
Depois da abiúda, a infeção de pele mais frequente é o cobreiro. Trata-se de um tipo de herpes. Acredita-se que ele seja causado na maioria das vezes por insetos e répteis. O tratamento para o cobreiro é o benzimento realizado em três dias, após término do tratamento, a doença seca.
O homem deu uma crise, morreu. O povo chorando, foi grito naquela Marianga. A mulher do homem caída de ataque, foi coisa... Aí pronto, o homem apagou. Vieram me chamar. Quando eu cheguei lá, o cara tava todo espichado todo. Quando eu acabei de rezar que joguei o ramo fora, o homem levantou! Que foi isso, o que foi, o que foi? Pronto, até eu voltei a ficar nervosa. Ficou bom. (Dona Jair)
D. Jair - Quilombo Dendê
Embora não seja tão comum, o uso da urina de forma medicinal, já praticada pelas civilizações mais antigas a mais de cinco mil anos é conhecido pelos quilombolas. Em alguns momentos se administra folhas de fumo maceradas na urina no tratamento de algumas doenças causadas por fungos como a frieira.
17
DOENÇAS MAIS FREQUENTES E TRATAMENTOS
18
Ajudar o dente a nascer – chá de cecé; Anemia – suco de jenipapo; Ar de morto – reza-se para o falecido. Banhos de folhas; Ar do vento ou ar de fora (Ver derrame)- reza-se na direção da casa da pessoa; Barriga inchada (gases) – café com uma pitada de sal; Calmante - chá de água de levante; Cansaço – enxunda de galinha; Catarro no peito – vassourinha mufina pisada com leite; Cobreiro – reza-se contra o cobreiro, chamando todos os bichos: lagartixa, aranha, cobra. Banha-se com folha de mãe boa, folha de caroba; VASSOURINHA Coceira – banho de aroeira; banho de rabujo. Quando a coceira é muito forte, utilizase folha de tingui pisado; Colesterol – chá de folha de murici; Cólica menstrual - chá de alfazema de pé, chá de arruda, chá de mentrasto, chá de folha de algodão, chá de lorna de homem; Coração – chá de sangue lavou; 19
Cuidados pós parto – para dar sorte/proteção a criança: após 7 dias de nascido mostrar o bebê à lua e repetir três vezes: “lua, luar, toma esse menino pra tu criar”; resguardo de boca: carne de porco, tatu, caranguejo, siri, carne de sertão (só após 3 semanas, sendo com pouco sal); no sétimo dia, parar de lavar a roupa da criança: risco de morte para a criança; após 3 semanas, banho na mulher com chá da cebola branca; 41 dias sem abrir o guarda-roupa e a mala: risco de morte para a mãe; após 8 dias parar de se olhar no espelho: risco de tontura; Derrame – trata-se com rezas, chás e com defumador. Defumação com espinho de ouriço, rabo de tatu torrado, pena de urubu, galinha arrepiada, pena de perdiz, cera de abelha cachorro e folhas. Ou ainda: espinho de ouriço cacheiro, CHIFRE DE BOI E RABO DE TATÚ
20
CECÉ
folha de alecrim, pó de café, palha de alho, pena de urubu, folha de velame. Trata-se também com umburana de cheiro torrada e ralada, colocada na água juntamente com a pedra que fica na colméia da abelha arapuá. Emprega-se também a folha do velame branco combinada com a folha da quiminha, juntamente com a noz moscada e umburana. Usa-se também chá do olho do tomate. Se junta a isso o resguardo: se o defumador for dado dentro de casa, a pessoa tem aguardar dois dias para retomar as suas atividades. Se o defumador for dado fora de casa, a pessoa não precisa guardar este período; Desmentido – reza-se e uma mulher que pariu mabaços, (gêmeos) pisa no desmentido; passa “leite de mangaba” para imobilizar o local; Diabetes – chá de folha de cortiça, chá da planta pata de vaca, chá de jubeba; Diarréia – chá de folha de guabiraba, chá de banana verde, chá do entrecasco do cajueiro, chá de folha de tapa buraco, chá de coco peco, chá das folhas novas do araçá mirim, chá de folha de asa peixe, chá de melissa; Dor de barriga – chá de alumã, chá de boldo, chá de folha de caroba, chá de coco peco, chá de quioiô, chá de folha
21
de coruja, chá da casca da cebola, chá de melissa, chá de terramicina; Dor de cabeça – reza-se a cabeça do doente. Chá de cecé; Dor de dente – reza contra a dor de dente, banha-se com folha de manga espada, folha de caroba, folha de benzetacil, folha de romã, folha de alfazema de pé, folha de alfazema de rama, folha de malva branca, folha de aroeira; Dor de estômago – chá de jeribabão; Enjôo – pingar uma gota de limão na água e beber. Chá de erva doce, chá de mastruz; Erisipela (queimosa, abiúda, mal da praia, vermelha) – rezase contra a erisipela. Banhar com salsa da praia. Resguardo; Espinhela caída – trata-se com rezas; Falta de ar – chá de água de levante; Febre – chá de folha de pitanga, chá de folha de sapé, chá de cecé; Ferimentos – passar xoxó. Entrecasco do babatimão torrado e pilado. Folha de vassourinha de relógio torrada e pilada, folha 22
de mal me quer torrada e pilada sobre o ferimento. Banhar com o entrecasco do cajueiro, leite da mangaba; Fogo santo - (também chamado fogo selvagem) – trata-se com orações especificas; Frieira – banho coma folha da alfavaca grossa, banho com a folha da costa, sumo da folha da costa após esquentar, fumo com urina, banho de transagem; Impinge – reza-se em jejum com três folhas de vassourinha mufina; Inchaço – banha-se com folha de caroba, folha de tingui, cordão de São Francisco; Infecção urinária – chá de quebra pedra; Inflamação – banho de malva branca, chá de espinho cheiroso, chá de trançage; MASTRUZ
ÁGUA DE LEVANTE
23
Inflamação no útero – chá do entrecasco do babatenã. Este chá é contra indicado para mulheres grávidas, chá de pulga do campo; Labirintite – chá de sangue lavou; Limpar a barriga após o parto – chá de cebola com puejo, lorna e óleo de amêndoa; Mordida de cobra – reza-se. Tomar infusão. Caso consiga capturar a cobra, espremer o fel sobre a mordida. Utiliza-se também uma garrafada contendo o fígado de tatu verdadeiro caçado no dia de sexta feira da paixão; Pancada – banho de folha cura tombo. Aplicar sobre o local mastruz pisado; ALUMÃ
24
MELISSA
Para aumentar as contrações do parto - banho de folha de algodão, folha de mentrasto, folha de arruda; Peito aberto – reza-se contra a doença; Piolho – lavar com chá de pega pega ou chá de babosa; Pressão alta - chá de capim santo, suco de carambola, chá de água de levante, chá de alfazema de rama, chá de alfazema de pé, suco de chuchu; Prisão de ventre – chá da azedinha, chá de vassourinha de relógio; Rinite Alérgica – tratada com uma mistura torrada chamada pó feita à base de fumo, alecrim, arruda e noz moscada; Resfriado – lambedor com flor de algodão, cordão de são Francisco, manjericão, xica preta, pitanga, acerola, alho, cebola, limão verdadeiro, poejo, flor de mamão macho, cravo de defunto, capim estrela, capim de laje. Cozinha todas as
25
folhas, em seguida acrescenta 1 kg de açúcar e põe para ferver até ficar num ponto de xarope. Lambedor com alfavaca, lima, laranja, pitanga, cravo de defunto, folha da costa, maria preta, maricutinha, raiz e o fruto da jurubeba, cidreira, capim santo. Cozinha tudo junto e faz do jeito anterior. Chá de sabugueiro; chá de laranja da terra; Sarampo – banho de sabugueiro; Três sol – fazer casinha de brinquedo e queimá-la. Repetir três vezes: estou queimando a casinha de três sol; Vento caído – reza-se contra o mal; Verme – sumo do mastruz pilado com leite. Chá de folha de cecé, chá de mastruz; Vômito – chá de hortelã e folha de vick;
26
ANADOR
BRILHANTINA
Hortel達 27
TRANSAGEM
28
Poejo
BARBA DE BARATA
29
Capim Cidreira
BOLDO
30
TERRAMICINA
VOCABULÁRIO
31
ar de fora (exp.) - agente causador do acidente vascular cerebral (AVC). O mesmo que ar do vento azonado (exp.) - sem os sentidos binga (s.f.) - preparado a base de fumo torrado com outras folhas e algumas sementes, é reduzido a pó e inalado pelas pessoas cofo (s.m.) - tipo de cesto redondo levado para mariscar corpo fechado (exp.) - corpo protegido. Saudável enxunda de galinha (s.f.) - gordura retirada das vísceras da galinha, em especial da moela escalda pé (exp.) - o mesmo que suadouro. Consiste em expor o doente a elevadas temperaturas provocando o suor fogo santo (exp.) - o mesmo que fogo selvagem. Pênfigo, tipo de doença de pele 32
fumo de corda (s.m.) - folhas de fumo desidratadas
torcidas com mel jubeba (s.f.) - o mesmo que jurubeba ( Solanum paniculatum) mãe de imbigo (s.f.) - a mulher que cuida da parida e do recém -nascido durante quarenta dias manuscada (s.f.) - noz moscada remédios de mato (exp.) - diz-se de todos aqueles que não foram receitados pelo médico vento caído (exp.) - nome da doença que provoca diarréia e vômito vermelha (s.f.) - nome empregado para não se chamar a infecção da pele chamada erisipela. Ver outros nomes: queimosa, abiúda, mal da praia.
33
34
oriebiR
moc.rotcartarr et@or i eb ir
rb.moc.rotcartarret.www brasilcomartes@gmail.com 6651-7564 11 071 3287-0435 / 8724-5455 / 9221-3298 6009 4565 9 11
Brasil
COM ARTES