REVISTA UMA AULA DE SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE | ED. 10, Nº 10- 2018
João Pessoa
O VERDE QUE NOS ENCANTA HÁ 433 ANOS
Instituto Alpargatas Braço social da Alpargatas, há 15 anos Porto do Capim Luta pela requalificação do berço da capital Valério Vasconcelos Fala sobre a Sindrome do Coração Partido
EDITORIAL
A edição de agosto da Revista Espaço EcológiJá a entrevista dessa edição é com o secretário de co é alusiva aos 433 Anos da cidade de João Pessoa, Meio Ambiente de João Pessoa, Abelardo Jurema com destaque para uma matéria especial sobre o Neto. Fernando Nazareno do Nascimento, engeverde que encanta a todos que vivem ou visitam a nheiro eletricista e especialista em Gestão EmpreCapital da Paraíba, que apresenta um certo equisarial, escreve sobre Gestão de Qualidade aplicada líbrio entre a cidade moderna, a cidade antiga e a a área de Saúde. Outro assunto desta edição versa paisagem natural. sobre a sustentabilidade ambiental do Instituto AlAinda sobre João Pessoa, a revista traz uma pargatas. belíssima crônica do jornalista e engenheiro CarA revista aborda, entre outros assuntos, o selos Pereira, intitulada “Ode à minha cidade”, onde guinte: Síndrome do Coração Partido - artigo do sugere, de forma poética, um passeio pelos mais médico cardiologista e pesquisador do Instituto belos recantos da “Cidade das Acácias”. Ele recodo Coração da USP, Valério Vasconcelos; As difimenda o seguinte: “Na Lagoa, contemple o céu de culdades de preservação do patrimônio cultural um azul inigualável bordejado por nuvens brancas no âmbito do licenciamento ambiental - artigo e emoldure sua visão com de Luciano de Souza e Silva, as folhas das palmeiras mestre em Preservação do PaExpediente imperiais que se abrem em trimônio Cultural e Técnico do os An 14 leque, compondo um conico Iphan na Paraíba; Agricultura lóg Eco Revista Espaço junto difícil de esquecer”. Periurbana - artigo de Edson Direção Executiva Tem, ainda, uma matéFirmino da Silva Filho. Gualberto Freire ria sobre a luta pela requaliA Revista Espaço Ecolóficação do berço da Capital, gico não se responsabiliza ou Jornalista Responsável o Porto do Capim, e uma endossa as opiniões emitidas Alexandre Nunes 7 outra sobre a revitalização 543 B pelos autores dos textos nela DRT-P das praças de João Pessoa, o publicados, salientando que áfic Gr jeto Pro Diagramação e que se transformam em loas opiniões são de exclusiva ESTAMPAPB cais de convivência e lazer. responsabilidade do autor. ampapb@gmail.com est Foto capa: Antonio Davi ernet Fotos: arquivo pessoal, int e assessorias
Capa
JOÃO PESS
4 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
O verde que nos encanta há 433 anos
SOA
Fotos: Antonio David
Por Alexandre Nunes A tradição Egípcia de criar áreas verdes e áreas com vegetação, dentro de conglomerados humanos, foi difundida pelas antigas civilizações asiáticas e europeias, a exemplo dos persas, romanos, gregos, imperadores orientais, entre outros, como lembra o pesquisador Carlos Roberto Loboda. E a cidade de João Pessoa, na Paraíba, não foge a essa tradição de reservar espaços públicos vegetados, na organização de seus aglomerados urbanos, possibilitando a seus habitantes e visitantes, tal qual as antigas civilizações, manterem um contato mais aproximado com a natureza. Com duas reservas de Mata Atlântica, o Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica) e o Jardim Botânico de João Pessoa, além de avenidas e praças bem arborizadas em plena zona urbana, João Pessoa ainda preserva nos seus 433 anos de fundação, em alguns recantos, os encantos paisagísticos de outrora. As duas reservas funcionam como verdadeiros pulmões e ajudam a mitigar o avanço da poluição. O Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), por exemplo, é um verdadeiro paraíso verde que ocupa uma área de 26,8 hectares, no bairro do Roger, com suas árvores nativas e servindo de abrigo para mais de 500 animais, entre macacos, jacarés, papagaios, araras, gaviões, leão e onças. Já o Jardim Botânico de João Pessoa, com a rica flora da Mata do Buraquinho, ocupa uma área de 343 hectares de mata virgem, cortada por riachos e fontes naturais, oferecendo ar puro aos seus visitantes, em trilhas abertas em meio à sua rica vegetação. O local também serve para pesquisa por parte de biólogos, botânicos e estudiosos que se preocupam com a preservação do meio ambiente. É preciso ressaltar que o verde de João Pessoa não seria o mesmo, se não existisse o Parque Solon de Lucena, conhecido como a Lagoa, o mais belo traçado paisagístico da Capital da Paraíba com suas palmeiras imperiais, que junta os recortes da natureza com a engenhosidade criativa do engenheiro Saturnino de Brito, que nos idos de 1913 deu os primeiros passos para transformar a “lagoa dos Irerês”, num dos mais belos espaços de lazer e contemplação da natureza de nosso país, seguido depois pelo paisagista Roberto Burle Marx, em 1940, que reurbanizou a Lagoa com elementos de vegetação nativa. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
5
Capa
Cidade Verde Completando esse elenco de recantos destinados à contemplação e exercício da liberdade de sonhar acordado, temos a Praça da Independência, localizada no bairro de Tambiá e próxima à Avenida Epitácio Pessoa, onde impera o verde de árvores raras, como pau-brasil, ipê e abricó-de-macaco, além de exemplares herbáceos e arbustivos. As principais ruas e avenidas de João Pessoa tem canteiros com espécies nativas da Mata Atlântica e, em alguns locais, verifica-se também a presença de árvores frutíferas, como mangueiras e jambeiros. As árvores contribuem para o embelezamento da paisagem, melhoria da qualidade do meio ambiente e oferece sombra para quem passa pelo local, ajudando os pedestres, principalmente nos
6 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
dias de sol, atenuando as temperaturas elevadas do passeio público. Mesmo quando o termo cidade verde têm referência com o moderno conceito de cidade resiliente, autossuficiente e sustentável, e não propriamente de uma cidade com seus parques, praças, jardins públicos, ruas e avenidas arborizadas, João Pessoa parece está se ajustando a essa nova ordem, com alguns elementos dessa nova conceituação, porque apresenta um certo equilíbrio entre a cidade moderna, a cidade antiga e a paisagem natural. Os excelentes arquitetos contemporâneos que atuam em João Pessoa utilizam como alternativa elementos da jardinagem urbana e design urbano para criar novos espaços verdes na cidade, repen-
sando seus projetos urbanísticos. O eco-design e a arquitetura são ferramentas importantes para a construção de edifícios verdes que promovam a sustentabilidade. E isso já acontece em João Pessoa. João Pessoa, que tem o ponto mais oriental das Américas, na Ponta do Seixas, é mais conhecida por seu verde exuberante, que às vezes reflete até nas águas do mar com suas piscinas naturais transparentes, mesmo que a predominância seja de águas azul-claríssimo do mar da praia do Cabo Branco e suas falésias coloridas, Tambaú com seus coqueiros e gameleiras, Manaíra com seu mar tranquilo e indicada para caminhadas e passeios e o Bessa com sua vegetação de restinga e coqueiros que emolduram a bela praia.
Centro Histórico O centro histórico da cidade, um lugar maravilhoso, preservado e que conta a história de João Pessoa, fundada em 1585, fica no extremo contrário ao da praia. De um lado, casarões dos séculos XVII e XVIII que misturam os estilos clássico, neogótico e barroco; do outro, um imenso manguezal com o rio Sanhauá completando o cenário que ilustra uma verdadeira viagem no tempo rumo à cidade antiga. Considerado o maior monumento em estilo barroco da América Latina, o conjunto arquitetônico denominado Centro Cultural São Francisco, composto pelo convento de Santo Antônio e pela Igreja de São Francisco, é um dos mais importantes pontos turísticos da cidade e começou a ser construído em 1589 e só foi concluído em 1788. O acabamento da Igreja de
São Francisco inclui talhas em madeira recobertas de ouro e cantarias em pedra com motivos portugueses e orientais, influência da colonização portuguesa na China. Na saída, azulejos que retratam a paixão de Cristo. Um belo pôr-do-sol com vista para o Rio Sanhauá. É o que se pode vislumbrar da parte externa do Hotel Globo, construído em 1929. Nas proximidades, também encontramos a Igreja de Frei São Pedro Gonçalves e a Casa da Pólvora. Daí até as imediações da Praça Antenor Navarro, o que se vê é um conjunto de casarões coloridos e bem conservados, alguns desses compondo o Residencial Villa Sanhauá, no Varadouro. O Centro Histórico de João Pessoa ainda é composto pelo tradicional Ponto de Cem Réis, Praça
1817, Praça João Pessoa, Pavilhão do Chá e Praça Pedro Américo. Um dos destaques em termos de edificações na área de abrangência desses locais históricos é o Palácio da Redenção, um antigo convento dos Jesuítas construído em 1586. Hoje, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, é a sede do governo estadual e guarda as cinzas de João Pessoa. Outro destaque é o Teatro Santa Roza, edificado a partir de 1852 e inaugurado em 3 de novembro de 1889. Dotado de excelente acústica, o edifício tem o estilo neoclássico, com influência greco-romana. No interior, apresenta um salão todo em pinho de riga, impressionante por causa da extrema beleza do trabalho em madeira. É o quinto teatro mais antigo do Brasil em atividade.
REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
7
Capa
Pavilhão do Chá
A Praça Venâncio Neiva, conhecida como Pavilhão do Chá e construída pelo governador Francisco Camilo de Holanda em 1917, fica ao lado do Palácio da Redenção, sede do Governo do Estado. Originalmente foi destinada à prática da patinação, e era lá que um grande número de pessoas dedicava as tardes dos domingos e feriados a correr sobre os patins. Foi quando o presidente João Pessoa demoliu depois o rinque de patinação, mandando erguer o pavilhão central, para o serviço dos chás das cinco, no estilo britânico. A partir daí, passou a chamar-se “Pavilhão do Chá”, embora a praça — uma das mais expressivas da capital paraibana — tenha o nome oficial de Venâncio Neiva, outro governante do Estado. A praça constitui-se ainda em ponto de reunião de intelectuais e jovens namorados. Seus canteiros de plantas datam de sua inauguração, embora já tenham passado por algumas modificações importantes. Já a Praça Pedro Américo abriga o Teatro Santa Roza, uma edificação em estilo barroco com fachada greco-romana. A praça também tem em seu entorno os edifícios do 1° Batalhão e do Comando Geral da Policia Militar e o Paço Municipal de João Pessoa, antigo prédio dos Correios e Telégrafos. Com muitas árvores e alguns bancos, a área é frequentada por aposentados que desfrutam do cantar dos pássaros. A Praça Pedro Américo antigamente também abrigava os fotógrafos” Lambe-lambe” que ofereciam fotos instantâneas a preços baixos.
8 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
Ponto de Cem Réis
A Praça André Vidal de Negreiros, conhecida como Ponto de Cem Réis, caracteriza-se pela forte presença de empreendimentos comerciais e edificações antigas: o casario que pertenceu à família Ávila Lins; o Paraíba Palace Hotel, construído nos anos 1920; Edifícios Régis e Duarte da Silveira, ambos símbolos do movimento moderno no Estado; e pelas ruas Visconde de Pelotas e Duque de Caxias.
Praça 1817
A Praça 1817, de um grande valor histórico, ocupa o espaço onde ficava o antigo pátio da Igreja das Mercês. O local foi rebatizado em 1917, para marcar o centenário da Revolução de 1817, conhecida como Revolução Pernambucana, que contou com participação de paraibanos. A revolução resultou na destituição do governo partidário português e na Proclamação da República.
Praça João Pessoa
Construída em homenagem ao ex-presidente da Província, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, a Praça João Pessoa é também chamada de “Praça dos Três Poderes” por abrigar o Palácio do Governo (Palácio da Redenção), a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça do Estado.
ODE À MINHA CIDADE Depois de uma boa noite de sono, alegre o seu despertar. Vá a Tambaú e veja o amanhecer dessa linda cidade. Não se contente em ficar de pé na pista ou no calçadão. De calção, de bermuda, de calça ou sem ela, seja você homem ou mulher, sente-se e fique à espera do sol. Antes das seis, com certeza, ele porá a cabeça de fora e, entre nuvens, ainda meio preguiçoso, vai dar o último bocejo e, devagarzinho, começará a espargir seus raios dourados sobre o azul-verde das águas plácidas deste Atlântico, que é mais bonito por aqui. Quando ele, o Sol, ensaiar sua subida diária, ore aos céus por estar nesse paraíso e, sem medo, mergulhe de corpo inteiro, de cabeça, e quebre as primeiras ondas deste mar tranquilo que nos envaidece tanto. Ao longo do dia, esqueça os compromissos com horário de trabalho, deixe para lá o pagamento de títulos dos bancos, desligue a televisão, ignore as futricas da política, e vá passear nesse burgo saudável e acolhedor. Dê uma volta na Praça da Independência, compre um buquê de rosas vermelhas para sua amada, mesmo que não seja uma data especial, e demande à Lagoa do Parque Solon de Lucena. Não pense em pegar um ônibus, apanhar um táxi ou ir de
carro, eleja os pés como a melhor forma de se deslocar nessa cidade dita das acácias. E nem pergunte como chegar à Lagoa, basta buscar a sombra das mangueiras centenárias da Maximiliano Figueiredo e se embevecer com as floradas amarelas dos ipês da Getúlio Vargas. Na Lagoa, contemple o céu de um azul inigualável bordejado por nuvens brancas e emoldure sua visão com as folhas das palmeiras imperiais que se abrem em leque, compondo um conjunto difícil de esquecer. Repouse, sentado de preferência no tosco banco de cimento, e deixe os minutos correrem no relógio que ficou em casa. Observe o vai e vem das pessoas, cidadãos pobres, simples criaturas que fazem a história desta cidade. Tente construir uma história para cada uma delas. Por exemplo, aquele velhinho, que já beira os oitenta, conversa animadamente com uma moça de 30 anos e só Deus sabe o que rola naquele papo descontraído. Por que será que ela ri tanto? Adivinhe! Passe ao largo do Ponto de Cem Réis e desça a Guedes Pereira, em direção ao rio. Lembre-se que você viu o mais belo amanhecer, diante do mar da Ponta do Cabo Branco. E, agora, se prepare para terminar o seu dia boquiaberto, se beliscando para ter
certeza que está vivo, no inolvidável espetáculo do pôr-do-sol do Sanhauá. Não se preocupe em soletrar direito o nome do rio. Aliás, muita gente até hoje não conseguiu fazê-lo. O que importa é que depois das cinco da tarde e antes que os sinos da Catedral anunciem a Hora do Angelus, você, de preferência bem acompanhado, esteja na varanda do Hotel Globo e descortine o astro rei descendo bem devagar à sua morada noturna, sem cansaço, depois de mais um dia de sublime intensidade. E, se tiver como, peça a Jurandir do Sax que toque em audição reservada o Bolero de Ravel, ainda que não seja na Praia do Jacaré. Se abrace à pessoa amada, beije-a carinhosamente e deixe que esse gesto de amor seja testemunhado a distância pelo último encontro, desse dia especial, entre o sol e as águas mansas do rio, que certamente haverão de murmurar algo parecido como: sejam felizes para sempre, como nós. E, se ainda lhe restar tempo, se você é católico daqueles que acreditam em Deus, reze, mesmo baixinho, um Pai Nosso. De quebra, emende uma Ave-Maria em louvor a Nossa Senhora da Neves, a Mãe Nossa de cada dia, e agradeça por viver nessa encantadora cidade, que está completando 433 anos. No final, eu tenho que dizer, sempre, que amo muito a minha querida João Pessoa, ontem, hoje e sempre. Aqui nasci, aqui vivi, e como já disse o poeta: os meus restos hão de ficar aqui.
Por Carlos Pereira Jornalista e engenheiro
REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
9
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA PRAÇAS DE JOÃO PESSOA SÃO REVITALIZADAS E SE TRANSFORMAM EM LOCAIS DE CONVIVÊNCIA E LAZER
O
município de João Pessoa apresenta uma área de 211,474 km² (IBGE, 2010). Assim como toda região costeira do estado da Paraíba, a cidade encontra-se inserida numa área de Mata Atlântica, mais especificamente num espaço formado por um tipo florestal denominado Mata dos Tabuleiros. Em muitas dessas áreas verdes estão localizadas as praças da cidade, que hoje estão se tornando espaços reincorporados ao cotidiano da poPraça da Independência | Foto: Dayse Euzébio
10 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
pulação, a partir dos projetos de reforma e revitalização. A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) já entregou 42 praças recuperadas e algumas totalmente construídas, desde 2013. Entre as praças estão a Francisco de Assis Carvalho, no Altiplano, a Praça da Independência, o próprio Parque da Lagoa, a Praça da Juventude, no Bairro das Indústrias, bem como a Praça da Família, em Mangabeira VII. A Praça da Família integra uma série de outros equipamentos
públicos que estão promovendo mais qualidade de vida, com espaços para a prática de atividades físicas e para a convivência entre as pessoas. O terreno, antes abandonado, fica ao lado da Unidade de Saúde da Família Quatro Estações e agora conta com uma grande praça, com playground, calçadão, academia para a terceira idade, quadra de esportes, jardinagem e iluminação ornamental. O investimento total foi de R$500mil. João Pessoa possui 3.439,58 hectares de áreas de remanescentes
Parque da Lagoa | Foto: Gilberto Firmino
Parque da Lagoa | Foto: Dayse Eusébio
vegetais, totalizando 86 áreas verdes, segundo a Secretaria de Meio Ambiente (Semam). O município possui uma cobertura vegetal de 30,67% de sua área, considerada uma cobertura satisfatória para a qualidade de vida da população de uma capital, perPavilhão do Chá | Foto: Kleide Teixeira
fazendo uma média de 47,11 m² de área verde por habitante. Todas essas áreas vêm sendo preservadas e recuperadas pelas equipes da Semam, da Divisão de Arborização e Reflorestamento. Este ano, a Semam está plantando e distribuindo 40 mil mu-
das de árvores nativas. No período 2013-2016 foram plantadas 123.427 mil mudas em áreas de mata ciliar (perto dos rios), parques, áreas de proteção permanente e também em áreas públicas como praças e canteiros de ruas e avenidas.
Praça da Paz | Foto: Rafael Queiroz
REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
11
João Pessoa e as ações ambientais comemorativas aos 433 anos. Esse é o tema da entrevista com o secretário de Meio Ambiente de João Pessoa, Abelardo Jurema Neto. Ele fala sobre o Programa João Pessoa Carbono Zero que traçou a política ambiental da cidade, explica o projeto Tenda Verde, que distribui mudas de árvores nativas e material educativo à população. Detalha o projeto de revitalização do Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, entre outros assuntos.
Entrevista com secretário de Meio Ambiente, Abelardo Jurema Neto
Espaço Ecológico - João Pessoa é uma das cidades mais verdes do País. De que forma a Semam trabalha visando alcançar o Carbono Zero? Abelardo Jurema Neto - Lançado em abril de 2017, o Programa João Pessoa Carbono Zero traçou a política ambiental da cidade de João Pessoa, para o período 2017-2020.O programa contém o detalhamento das ações de preservação e recuperação ambiental da cidade e tem como foco principal contribuir para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) produzidas em João Pessoa. As ações do Programa têm um caráter prático, como atividades de recuperação ambiental das nascentes de rios e áreas degradadas, plantio e distribuição de mudas de árvores nativas e reordenamento de estabelecimentos comerciais da orla da cidade.
12 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
Espaço Ecológico - Tenda Verde. O que vem a ser esse projeto? Abelardo Jurema Neto - A Tenda Verde é um instrumento de Educação Ambiental, utilizado pelos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente (Semam) em diversos momentos. É mantida pela equipe do Viveiro Municipal de Plantas Nativas e tem a vantagem de ser um instrumento que se desloca para vários pontos da cidade. É utilizada em eventos específicos, como Dia do Meio Ambiente, Aniversário de João Pessoa, Dia da Árvore, entre outros. A Tenda é montada e junto com ela são levadas mudas de árvores nativas e material educativo, que são distribuídos com a população, que também é orientada pelos técnicos em Educação Ambiental da Semam. Espaço Ecológico - Existem muitos casos de curto circuito entre os galhos de árvores e a fiação elétrica. De que forma o cidadão pode solicitar podas de árvores? (podas programadas) Abelardo Jurema Neto - A Divisão de Arbori-
zação e Reflorestamento da Semam disponibiliza o telefone 3264-1680 para a solicitação de podas de árvores em áreas públicas (praças e canteiros de avenidas e ruas), entre 8h e 12h e 13h e 17h. A poda é solicitada, as equipes fazem um laudo sobre as condições da árvore e em seguida encaminham o pedido da poda, que pode ser feito pela Semam ou pelas equipes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), que também realizam a poda em árvores em áreas públicas. Espaço Ecológico - Observa-se no prédio da Semam ações de sustentabilidade com bancos feitos de madeiras. Como é feito esse processo implantado no órgão (madeiras oriundas da poda). Abelardo Jurema Neto - Os bancos e mesa que estão no jardim da Semam foram feitos aproveitando o resto de madeira da Poda Programada. Treze profissionais, entre podadores, motoristas e trituradores realizam a poda, utilizando dois caminhões muck tipo sky, que têm um cesto que eleva o podador até a copa das plantas. Em seguida os galhos são colocados no caminhão caçamba, que faz a trituração do resto da poda. Esse material triturado é encaminhado para o Viveiro Municipal de Plantas Nativas, para ser utilizado na adubação. A poda está sendo acompanhada pelo engenheiro agrônomo Martinho Queiroga, da Divisão de Arborização da Semam. Espaço Ecológico - Qual o atual estágio do projeto de revitalização da Bica? Abelardo Jurema Neto - Com obras orçadas em R$ 8,5 milhões, em investimento da Prefeitura Municipal
de João Pessoa (PMJP), o Parque Zoobotânico Arruda Câmara, Bica, está em obras, sem deixar de ficar aberto à visitação. A reforma deverá proporcionar bem-estar para os animais e um ambiente mais seguro e confortável para a população. As obras da Bica estão inseridas num projeto amplo de transformações no Centro Histórico, que começou com o resgate de espaços como as praças da Independência, João Pessoa e 1817, da Galeria Augusto dos Anjos, do Hotel Globo, da Casa da Pólvora e do Centro Cultural Pavilhão do Chá. Paralelo às obras no Parque, a PMJP executou, ao mesmo tempo, obras do Conventinho e a Villa Sanhauá. Entre as obras na Bica estão sendo executadas a reforma da pavimentação da entrada, instalação de um pórtico de acesso, calçadas externas com acessibilidade, restauração do muro, bilheteria e estacionamento. Também estão sendo realizadas a limpeza do Lago das Cinco Fontes, a construção de um novo recinto para os grandes felinos e a criação do Museu Arruda Câmara, onde será possível conhecer a história do Parque, da flora local, além dos animais que ali vivem sob os cuidados de biólogos e especialistas mantidos pela Prefeitura. Espaço Ecológico - Ecodrenagem – Fala-se muito em aproveitamento de água de chuva. A Semam possui um projeto de aproveitamento dessa água? (aproveitamento da água de ar condicionados) Abelardo Jurema Neto - Na Semam foi instalado o sistema de ecodrenagem, que reutiliza a água de todos os aparelhos de ar condicionado para irrigação do jardim. Este mesmo sistema foi instalado em outros espaços da PMJP, a exemplo do Ga-
binete do Prefeito. No Gabinete, o sistema capta a água expelida pelos drenos de 14 aparelhos de ar condicionado, entre 8h e 17h. Em 22 dias de expediente são armazenados, em média, 1.892 litros de água que são reutilizados na irrigação do jardim. Espaço Ecológico - CB27 – O senhor faz parte desse grupo (conselho). Qual o objetivo dele? Abelardo Jurema Neto - O CB 27 é um Fórum de Secretários de Meio Ambiente das Capitais Brasileiras, que reúne os dirigentes responsáveis pelo meio ambiente nas prefeituras das 26 capitais brasileiras e no governo do Distrito Federal. O Fórum tem o objetivo de fortalecer as Secretarias de Meio Ambiente, promovendo o intercâmbio de experiências em sustentabilidade urbana e contribuir para ampliar as agendas ambientais. O CB27 foi criado durante o processo de preparação das cidades brasileiras para a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em maio de 2012. Desde sua fundação, o CB27 conta com apoio institucional e financeiro da Fundação Konrad Adenauer Brasil. Em 2017, o ICLEI, que já vinha acompanhando o desenvolvimento do Fórum desde o início, oficializou a parceria com a Fundação Konrad para contribuir com a curadoria de conteúdo e o fortalecimento institucional do grupo. O ICLEI é uma associação mundial de governos locais, dedicados ao desenvolvimento sustentável e funciona como uma rede global, atualmente conectando mais de 1.500 governos de estados e cidades de diversos portes, em mais de cem países, oferecendo apoio para que as cidades desenvolvam suas políticas e ações pela sustentabilidade. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
13
Resíduos da fabricação de móveis João Pessoa tornam sustentáveis
EDUCAÇÃO PROFIS
E
mpresários do setor moveleiro da grande João Pessoa, participantes do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (PROCOMPI), na Paraíba, contratam jovens da comunidade, formados no Curso de Iniciação à Marcenaria, pelo Centro de Formação Educativo Comunitário (CEFEC), uma entidade sem fins lucrativos e localizada no bairro de Marcos Moura, na cidade de Santa Rita. O CEFEC é o local para onde este setor produtivo destina os resíduos sólidos de matéria prima, para utilização no desenvolvimento
14 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
do conteúdo programático nas aulas práticas e na fabricação de móveis que possam ser vendidos para sustentabilidade da Instituição, no atendimento a 250 crianças e adolescentes de 7 a 13 anos, no Programa de Aprendizagem, e mais 250 jovens entre 14 e 29 anos, nos diversos cursos profissionalizantes, no contraturno escolar do ensino básico. O CEFEC foi fundado por missionárias da Congregação Religiosa Católica Irmãs da Providência, da Itália, tendo como gestora a irmã Antonietta Defrancesco, como coordenadora de Qualificação Profissional, Rejania Paiva, e como coordenadora pedagógica, Liliane Inácio.
O empresário João Paulo Rosa, da Real Marcenaria, considera e acredita que o projeto é uma excelente oportunidade para contribuir com o desenvolvimento da comunidade onde está localizada sua fábrica. “Ao apoiarmos e investirmos no CEFEC, temos certeza de um bom resultado para a comunidade e para os empresários envolvidos. Hoje, cerca de 60% de nossos colaboradores da fábrica são oriundos do CEFEC”, ressalta. Nesta perspectiva, o PROCOMPI, que é uma parceria entre a Confederação Nacional da Indústria CNI e o SEBRAE Nacional, estimulou a iniciativa e resolveu aplicar
na Grande s ações de
SSIONAL como estratégia no setor, visando aumentar a percepção de valor da indústria moveleira na Paraíba, nessa primeira fase, em João Pessoa. Já a S.S. Indústria de Móveis iniciou uma parceria com o CEFEC no ano de 2011. De lá para cá, várias ações já foram desenvolvidas conjuntamente. Entre elas, é possível destacar a criação do Curso de Marcenaria que, hoje, recebe parte do resíduo gerado na produção dos móveis e fornece mão de obra qualificada às empresas do segmento. Para o empresário Adeilton Pereira, da S.S. Indústria de Móveis, esse é o verdadeiro sentido
da sustentabilidade. Uma atitude empresarial onde todos ganham, a empresa, a comunidade no entorno da fábrica, o meio ambiente, seus clientes e fornecedores. “Além disso, nos sentimos muito bem, como seres humanos, ao contribuir com o desenvolvimento de pessoas com grande potencial e poucas oportunidades”, reforça Adeilton Pereira, com a visão humanizada de negócios sustentáveis. A coordenação do projeto tomou por base o resultado da pesquisa junto ao cidadão realizada pela Rede de Monitoramento Cidadão (VeraCidade João Pessoa), presidida pela Federação das Indústrias do
Estado da Paraíba (FIEP), realizada em 2017, com 1.032 pessoas, de todos os bairros da Capital. Entre as diversas variáveis pesquisadas, o foco era buscar o percentual de pessoas envolvidas em trabalhos voluntários e neste universo, apenas 15% da população tinha alguma estória para contar de voluntariado, o que despertou a atenção da consultora de marketing do projeto, Denise Gadelha. Ela entende que destacar as ações já realizadas pela empresa poderá resultar numa grande inspiração para outros atores do setor produtivo e firmar o bom conceito das empresas.
REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
15
DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS E FOME
n ilso :W Foto
16 16 ||REVISTA REVISTA ESPAÇO ESPAÇO ECOLÓGICO ECOLÓGICO
Dia
cia gên s-A
sil Bra
Uma conta que não fecha
O
desperdício de alimentos é uma das grandes preocupações contemporâneas, em um mundo no qual a fome ainda é um dos principais problemas. Entretanto, aos poucos, o tema vem ganhando notoriedade no Brasil e, recentemente, foi criado um comitê permanente coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) para tratar da questão. Um terço da superfície terrestre é usada para produzir alimentos. E um terço desses alimentos é perdido em algumas das etapas da cadeia produtiva. Segundo dados Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), os alimentos que são desperdiçados no mundo, para serem produzidos precisam de uma área de 1,4 bilhão de hectares. Então, reduzir o desperdício de alimentos, significa necessitar produzir menos alimentos e significa também reduzir a emissão de gases com efeito estufa. Jogar comida fora é pecado, diz o ditado. E apesar da maioria das pessoas se sentir culpada quando desperdiça, um terço da comida produzida no mundo vai para o lixo. O consumidor tem grande responsabilidade nisso, mas não vê o desperdício que ocorre em seu modo de vida. É o que revela uma pesquisa que mapeia hábitos alimentares no Brasil, nos Estados Unidos e na Argentina. O estudo revela que o Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam comida no mundo, enquanto 14 milhões de pessoas passam fome no país. Segundo a pesquisa, entre os brasileiros, 61% dizem descartar alimentos em perfeito estado para serem consumidos. Os mais desperdiçados são saladas (74%), vegetais (73%) e frutas (73%). E 49% dos brasileiros jogam comida fora diariamente, enquanto 46% cozinham comida em excesso. O estudo, encomendado pela multinacional de alimentos, bebidas e produtos de limpeza Unilever e conduzido pela Edelman, faz um mapa do desperdício doméstico. Os estudos sobre segurança alimentar costumam apontar que o desperdício de alimentos se manifesta conforme o grau de desenvolvimento e se concentra em pontos di-
ferentes do percurso que vai da produção ao consumo. Em países de baixa renda, as perdas geralmente estão na infraestrutura, com problemas em formas de colheita, estradas, armazenamento, embalagem e refrigeração. Nos locais de mais alta renda, predomina o chamado desperdício deliberado: consumidores rejeitam alimentos feios, superdimensionam suas compras, jogam fora alimentos que perderam a validade segundo embalagens, sem verificar se isto está certo, e esquecem o que têm na geladeira. Segundo a ONU, as perdas – que acontecem principalmente nas fases de produção, armazenamento e transporte – representam 54% do que é jogado no lixo e o desperdício corresponde a 46% do total.
CINCO PASSOS PARA REDUZIR O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
1. PLANEJAMENTO - Antes de sair às compras, é importante verificar nos armários e despensa o que é necessário adquirir. Faça uma lista e planeje com antecedência o que vai no carrinho. 2. CONSERVAÇÃO - Cuidado para não deixar os alimentos estragarem: conserve-os em locais limpos e temperaturas adequadas; prepare apenas a quantidade de comida necessária; acompanhe as datas de validade dos produtos; congele os alimentos em embalagens apropriadas, como plástico ou vidro. 3. APROVEITAMENTO - Aproveite ao máximo todas as partes e propriedades dos alimentos. Cascas, sementes, arroz, feijão, etc, podem ser utilizados em novas receitas. 4. FESTA CONSCIENTE - Na hora de pensar em churrascos de família, festa de criança ou reunião de amigos, também é necessário ter cuidado com a quantidade de comida servida. Aqui, a máxima de que “é melhor sobrar do que faltar” não vale. Para evitar o desperdício, leve em conta cardápio, número de convidados, duração do evento e idade dos convidados, por exemplo. 5. GESTÃO SUSTENTÁVEL - Pequenas iniciativas também podem ajudar a reduzir o desperdício no local de trabalho, em especial as que partem dos gestores. Alguns exemplos são: newsletters, informativos ou vídeos enviados por e-mail; promoção de concursos que promovam o engajamento dos colaboradores na luta contra o desperdício, etc.
REVISTA REVISTA ESPAÇO ESPAÇO ECOLÓGICO ECOLÓGICO | |
17
Social
Instituto Alpargatas Sustentabilidade Ambiental
O
Instituto Alpargatas - IA, braço social da Alpargatas, há 15 anos desenvolve ações que traduzem a forte preocupação social que está circunscrita no DNA da empresa, promovendo, por meio dos programas de Educação pelo Esporte, Educação pela Cultura e Voluntariado Empresarial o fortalecimento da educação pública, a contribuição para o desenvolvimento comunitário e a formação cidadã.
18 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
Para tanto inclui em suas práticas, projetos que promovem a sustentabilidade do planeta, tendo como base os objetivos de desenvolvimento sustentável - ODS, por meio da agenda 2030. O IA assinou memorando de entendimento com o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento - PNUD e incluiu práticas que empreendem ações inovadoras e criativas na rotina de 406 escolas públicas em consonância com os 17 objetivos de desenvolvimento sus-
tentável. Nesses 15 anos de atuação promove ações para melhoria da educação pública e já atendeu mais de 1,2 milhões de alunos de escolas públicas de ensino fundamental, em 11 municípios brasileiros, nos estados da Paraíba, Pernambuco e Minas Gerais. Uma das ações importante, em nível nacional, foi incluir esse tema no Prêmio Nacional de Educação, criado pelo IA, para reconhecer talentos em três categorias (aluno, professor e gestão NOTA 10).
Berivaldo Araújo Doutor em psicanálise da educação e saúde Diretor executivo do Instituto Alpargatas
Lançada a versão 2018, dentre as finalidades do prêmio destaca-se também a formação de um banco de boas práticas para disseminação, mobilização dos diversos segmentos da sociedade e do poder público, por meio das políticas públicas para o fortalecimento da educação, assim como o fomento de práticas que contribuam para o empoderamento e o desenvolvimento sustentável, por meio da territorialização dos ODS. O IA fomenta suas práticas
com aderência aos ODS. Fortalece essa disseminação, trabalhando juntamente com um grupo de outras instituições que também firmaram memorando de entendimento com o PNUD, para alavancar a agenda 2030 no país. São elas: Fundação Roberto Marinho, Instituto C&A, Fundação Itaú Social, Fundação Banco do Brasil e Instituto Sabin e as redes: GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), WINGS e Comunitas.
O Instituto é autor e disponibiliza tecnologia social através de programas interdisciplinares e multiculturais totalmente sistematizados e aptos a disseminação e replicação de suas práticas, reconhecidas nacional e internacionalmente, por sua viabilidade pedagógica, efetividade, métricas e impactos relevantes em prol da melhoria da educação e contribuição às políticas públicas educacionais. A Formação Continuada é um dos mais importantes pilares dos Programas de Educação pelo Esporte e Educação pela Cultura do IA e fortalece nossa intenção de desenvolver competências docentes que possibilitem a melhoria da aprendizagem. Por meio da formação continuada contemplamos um currículo dinâmico, suscetível de inovação e criatividade que permite a professores e gestores públicos o acesso a possibilidades e saberes para fomentar aulas mais atrativas e planejadas, a partir de metodologias e ferramentas que viabilizem uma aprendizagem transformadora. Instituto Alpargatas, 15 anos contribuindo para uma educação pública de qualidade. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
19
Comunidade do
Porto do Capim luta pela requalificação do berço da capital
Fotos: Lisy Silva
L
Por Elizabeth Souza e Laianna Janu Ascom MPF/PB
ocalizado às margens do rio Sanhauá, em João Pessoa, o Porto do Capim é, notoriamente, um símbolo de resistência na capital. Não é necessário muito para comprovar tal afirmação, basta uma simples prosa com os moradores da comunidade para ter a certeza. A perseverança, aliada à resistência que os mantêm ali, é assunto que surpreende qualquer ouvinte, além de ser motivo de orgulho, tanto para
20 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
os que residem, quanto para os que visitam o local. O rio, o mangue e a terra fazem parte dessa luta diária encabeçada pelos moradores que são, assim como o sertanejo retratado por Euclides da Cunha em Os Sertões, antes de tudo, “um forte”. Em uma cidade onde as selvas de concreto avançam freneticamente, comunidades como o Porto do Capim são ameaçadas. Por isso, a cooperação entre os moradores, tanto os mais jovens, como os mais velhos, é fundamental. O verbo resistir termina não sendo uma opção mas uma necessidade. Morador da comunidade desde a infância, Pedro Paulo, hoje com 83 anos, conhecido
como ‘Seu Pedro’, também soma na luta pela preservação do Porto do Capim, berço da capital paraibana. Apesar das várias décadas, Seu Pedro lembra detalhadamente a época em que chegou à comunidade. “Naquele tempo, a área era toda livre daqui até o rio Sanhauá. A primeira moradia aqui foi a minha. Com o tempo, as pessoas foram chegando, a comunidade foi se expandindo devagarinho, enchendo de casas e famílias”, conta. Assim como muitos moradores do local, Seu Pedro não esconde o amor pela comunidade que viu crescer e criar vida. “Todos esses anos que moro aqui, vi muita gente
chegar e sair, mas eu não, eu vim pra ficar. Gosto daqui, é o meu lugar”, afirma convicto. Criado pelos avós na Ilha do Eixo, em Bayeux (PB), Pedro Paulo migrou para o Porto do Capim contra a vontade da família, mas não se arrependeu da decisão. Logo cedo, aos 14 anos, começou a trabalhar carregando carga, logo depois aprendeu a arte da pescaria, atividade típica do local e aos poucos foi construindo sua história no Porto do Capim. “Construí minha vida aqui, minha família mora aqui. Eu mesmo tenho um monte de bisnetos, é quase uma fazenda”, revela entre um riso e outro. Outra vocação que seu Pedro não esconde é o gosto pela poesia. Além de ser conhecido como um dos moradores mais antigos do Porto do Capim, também se destaca pelos versos que recita. “Eu não sou poeta não, mas sempre trago umas alembranças (sic). Eu, desde criança, comecei com um violão batendo os dedos, tocando meu baião e assim eu tenho que dizer o passado e o presente, que é muita emoção para o coração”, afirma com orgulho. E é dessa forma que também demonstra seu carinho e admiração por moradores como as irmãs Rossana e Rayssa Holanda, integrantes da Associação de Mulheres do Porto do Capim. “São minhas netas do coração, elas me adoram e eu amo elas de perfeição”, complementa Seu Pedro que, olhando uma foto em que aparece segurando sua bengala, expressa uma firmeza que já lhe falta no andar, mas sobressai inquebrantável nas palavras. A admiração pelas meninas
Em uma cidade onde as selvas de concreto avançam freneticamente, comunidades como o Porto do Capim são ameaçadas. Por isso, a cooperação entre os moradores, tanto os mais jovens, como os mais velhos, é fundamental. não é à toa. Elas se destacam no Porto do Capim pelo trabalho que desenvolvem em prol da preservação da área e bem-estar da comunidade. “A luta delas é muito importante. Nasceram aqui, plantaram uma raiz que foi crescendo e valorizando o barro que forma nossa comunidade que é patrimônio histórico. A cidade começou aqui”, o octogenário faz questão de frisar. Entre sorrisos e acenos para quem passava em frente ao Ponto de Cultura do Porto, Rossana Holanda também conversou conosco relembrando sua trajetória mais curta, mas não menos relevante, na comunidade. A estudante de Serviço Social lidera, em parceria com a irmã e mais duas jovens, a atuação política do Porto do Capim. “Hoje, eu tenho 26 anos e encabeço essa luta pela defesa da moradia, mas sei
que queriam nos tirar daqui desde antes de eu nascer”, relata. Mas se, atualmente, a permanência é uma realidade, é porque houve muito diálogo entre a comunidade e o poder público, como afirma o membro do Ministério Público Federal e procurador regional dos Direitos do Cidadão, José Godoy Bezerra de Souza: “Se pensarmos, antes a prefeitura queria retirar várias famílias do Porto do Capim para colocar equipamentos públicos de turismo e hoje, ela já nos apresenta novos projetos contemplando a parte turística em áreas onde não há famílias. Há ainda a posição da própria comunidade que também já compreende que algumas pessoas não poderão ficar exatamente onde estão por risco de vida”, observa o procurador regional. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
21
Esse avanço da conversa também veio com o desenvolvimento das lideranças. “Eu vi as lideranças crescerem. Pessoas que até três anos atrás eram bem mais jovens, hoje estão muito mais maduras e com uma discussão mais responsável”, completou José Godoy. Rossana Holanda lembra o quanto sofreu no início da caminhada. Mulher, negra, de periferia e jovem, muitas vezes ouviu que não seria levada a sério por ser “apenas uma menininha”. Mas se agora ela está dando orgulho a Seu Pedro e a toda comunidade, é porque trabalhou pelo seu lugar de fala e pertencimento, sensação ainda forte nas suas lembranças e para a maioria da população local. Com o pouco envolvimento da comunidade na antiga associação de moradores, a nova forma coletiva de trabalhar deu início à Associação de Mulheres. “Nossa associação não surgiu com o objetivo de ser associação de mulheres, mas foi o material humano que se construiu para nossa luta e a gente resolveu fortalecer isso: o ser feminino e liderar politicamente essa comunidade”, enfatiza a jovem que, a partir de uma das primeiras ações da Associação, ganhou prêmios e atraiu mais gente para a causa. “A Associação de Mulheres resolveu atrair a atenção da cidade
22 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
para o Porto porque toda vez que a gente falava daqui era visto como ‘os coitadinhos’. Assim, criamos uma página no Facebook, da qual eu sou a administradora, e apresentamos a comunidade de uma maneira diferenciada”, explica. Foi assim que surgiu o movimento de jovens Garças do Sanhauá, através do desejo de Rossana de ter mais gente jovem no trabalho de comunicação e a relação com a Universidade Federal da Paraíba. Através da UFPB, a associação do Porto teve o suporte técnico de agentes das mais diversas áreas para construir o relatório com o Centro de Referências dos Direitos Humanos, documento que iniciou todo o processo de diálogo entre o Porto do Capim e o Ministério Público Federal. “Nós queremos nossos direitos básicos, queremos permanecer com qualidade de vida, e em 2015, a gente pode materializar no papel os nossos anseios”, relembra a jovem. Outros projetos da UFPB também fizeram e fazem parte da comunidade, trabalhando principalmente a historicidade desse povo ribeirinho. Rossana ressalta que a relação com o rio não é mais a mesma. “Eu lembro que, quando criança, ia muito ao rio. O costume que hoje muitas pessoas têm de no fim de semana ir à praia, aqui era ir para
as croinhas. A croinha é um banco de areia que se forma no meio do rio e só quem conhece o rio é que conhece os locais de croinhas”, explica a moça. “De repente”, Rossana relembra, “mainha parava no meio do rio e falava ‘aqui tem uma croinha’. Eu esperava ela descer primeiro e só então pulava do barco. E sempre estava realmente lá o banco de areia e isso só vem do conhecimento de um povo tradicional, ribeirinho”, aponta. “A gente ia levando comida e voltava trazendo ainda mais porque catava caranguejo e marisco enquanto estava lá”, conta. Essa relação com o rio não era à toa. Antes, a prática da pesca era para a sobrevivência. Entretanto, ainda há a pesca para o consumo familiar. Segundo Rossana, antes dos empresários abandonarem o Porto do Capim e se mudarem para o Porto de Cabedelo, era na rua em frente ao Ponto de Cultura que acontecia a grande feira da cidade e isso fazia com que muitos moradores também fossem feirantes, incluindo Seu Pedro. “Com o abandono, muitos moradores da ilha, assim como ele, viram no chão desocupado a oportunidade de morar em terra firme. No velho píer de madeira que já começava a ser inundado pela cheia da maré de fim de tarde, Rayssa Holanda apontou para o mangue exuberante e explicou que antes dos
empresários se mudarem para o Porto de Cabedelo, o manguezal não tinha mata devido a atividade empresarial. “A mata hoje está recuperada por causa do cuidado e o respeito que a comunidade tem com o mangue”, diz com orgulho. Segundo o procurador José Godoy, o trabalho do MPF com o Porto do Capim é um exemplo da grande importância do processo. “Nós temos a impressão que o processo é uma coisa ruim, que é ruim processar alguém. Mas o processo é o caminhar, então a gente trabalha para diversas requalificações de estrutura, de turismo, de moradia naquela área. Mas até que isto ocorra, é importante que as pessoas que moram lá se sintam participantes dessa discussão. É um direito fundamental fazer parte de um processo que vai mudar tanto a sua vida e esse tem sido o nosso papel: fazer com que as pessoas - mais do que ter direito ao resultado de uma regularização fundiária e a uma requalificação do espaço de moradia - participem da discussão, sendo informadas do que está acontecendo e sendo ouvidas”, explica o procurador. “Isso não quer dizer que o que a comunidade diz é determinante, mas o que ela fala vai ser levado em consideração e a gente vai buscar soluções criativas para os problemas que surgirem. O processo tem que ser constitucional, contraditório e informado. Alguns podem chamar isso de caminhada, mas, como jurista, eu vou chamar de processo”, justifica Godoy.
Segundo o procurador José Godoy, o trabalho do MPF com o Porto do Capim é um exemplo da grande importância do processo. “Nós temos a impressão que o processo é uma coisa ruim, que é ruim processar alguém. Mas o processo é o caminhar, então a gente trabalha para diversas requalificações de estrutura, de turismo, de moradia naquela área”. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
23
VITAMINAS E SUPLEMENTOS
trazem bem-estar e fortalecem seu cão
24 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
P
Por Anézia Nunes
ara garantir uma boa saúde para o seu cão, a primeira medida é consultar um veterinário. E quando se trata da nutrição do animal para deixá-lo com mais qualidade de vida e fortalecido, o caminho é recorrer à vitamina, um micronutriente necessário no dia-a-dia do seu pet. Para sanar a carência nutricional, principalmente para os pets filhotes, idosos e cadelas prenhas, é recomendado a complementação alimentar que, além das vitaminas, precisa dos suplementos adicionais diretamente na ração do cachorro. Existem inúmeras vitaminas que seu cão precisa armazenar no organismo na quantidade ideal em nome de um melhor bem-estar. Na verdade, o cão precisa de diversos tipos de vitaminas, que são fundamentais à sua saúde e ajudam a combater doenças graves, além de contribuírem para o funcionamento correto do organismo. O importante é lembrar que o ideal é o equilíbrio. O excesso de vitaminas também pode prejudicar. Podemos pegar o exemplo da Vitamina A que, em demasia, pode causar náuseas, vômitos, diarreias e alguns problemas intestinais. O excesso da Vitamina D, por exemplo, pode causar calcificação dos músculos, bem como o aumento da frequência urinária, náuseas ou até vômito. O suplemento possui a função de repor todas as vitaminas, aminoácidos e proteínas que uma dieta com ração simples não supre diariamente no corpo do animal. Além disso, há algumas situações específicas da vida de um cachorro que exigem a presença de suplementos, são eles: gestação, lactação, fase de crescimento, anemias, cães idosos e em tratamentos da pele e dos pelos. Entretanto, não é possível oferecer esses produtos de forma alea-
CONFIRA A SEGUIR AS FUNÇÕES DE ALGUMAS DELAS:
Vitamina A
auxilia seu cachorro a crescer saudavelmente, além de melhorar a visão e atuar no combate a algumas doenças; Vitamina B1 é uma aliada importante do metabolismo energético e do pleno funcionamento do sistema nervoso; Vitamina B2 colabora para o metabolismo de aminoácidos e gorduras; Vitamina B6 é responsável por um melhor metabolismo de gorduras, proteínas, ferro e glicídios; Vitamina B12 auxilia no metabolismo das proteínas e na síntese da hemoglobina; Vitamina D ajuda na absorção do cálcio e no processo de metabolismo do fosfocálcio; Vitamina E atua como importante antioxidante e previne a patologia muscular; Vitamina K ajuda na coagulação sanguínea; e Vitamina PP melhora a qualidade dos tecidos. tória. Assim como qualquer tipo de medicamento, o suplemento precisa de orientação e receita veterinárias para ser introduzido na dieta do animalzinho.
Dieta caseira
Cães que se alimentam de comida caseira podem apresentar uma deficiência de algumas vitaminas por não terem uma alimentação muito equilibrada. Nestes casos, é recomendável complementar a dieta do animal com complemento vitamínico para o organismo de seu amiguinho peludo funcionar corretamente, já que as vitaminas são encarregadas dessa função. No entanto, especialistas afirmam que o mais recomendável é que o animal tenha uma dieta composta por ração, já que esse alimento contém todos os minerais e substâncias que o organismo necessita. Isso é ainda mais importante no caso de cadelas que acabaram de dar à luz, pois estão com as defesas imunológicas mais baixas. As vitaminas e os suplementos retardam o envelhecimento
e melhoram a imunidade do bichinho. Para uso a longo prazo, a indicação é ministrar vitaminas naturais para os cães, já que a ingestão de vitamina sintética tem efeito menos satisfatório. Todavia, para um efeito mais imediato, sugere-se a vitamina sintética, pois ela age mais rápido. Se o cachorro tiver uma crise causada por baixa quantidade cálcio no sangue, por exemplo, ele corre risco de vida caso a vitamina não seja imediatamente reposta. Além disso, as sintéticas podem ajudar em casos de alergia e epilepsia. Como em todas as coisas da vida, o equilíbrio deve vir em primeiro lugar e no cuidado com a saúde do seu pet não é diferente. Para quem tem um animal de estimação, é essencial a compreensão de que ele precisa de cuidados especiais. De acordo com o estilo de vida, raça, porte e personalidade, cada animal necessita de uma alimentação e formas especiais de brincadeiras, garantindo que ele fique mais ativo e seguro e tenha uma vida mais saudável. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
25
Agricultura Geração de emprego e renda nas unidades prisionais da Paraíba
S
Por Edson Firmino
egundo o sítio do Conselho Nacional de Justiça, o Brasil possui atualmente um total de 686.018 pessoas privadas de liberdade, em diferentes regimes. Apenas no regime fechado são um total de 312.988 presos. Ainda segundo esse mesmo levantamento, o Estado da Paraíba possui um total de 13.137 presos nos seguintes regimes: regime fechado, semiaberto, aberto, presos provisórios, prisão domiciliar e internos em cumprimento de medida de segurança. Hoje, desse total de pessoas privadas de liberdade no Estado da Paraíba, apenas 6% participam de alguma atividade ligada ao trabalho. De olho nesse problema de oferta e de procura de trabalho,
26 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
Apenados reviram a leira de resíduos que em alguns dias será o adubo vegetal que servirá de base para
foi desenvolvido o projeto de agricultura periurbana. O projeto foi desenvolvido para diminuir o ócio da grande massa carcerária e com os seguintes direcionamentos: os presos teriam de ser voluntários ao trabalho, nunca indisciplinados, seriam qualificados, receberiam orientação psicossocial e religiosa
de acordo com suas crenças, consumiriam o que fosse produzido na agricultura e o excedente seria comercializado para manter o projeto, e remunerar a mão de obra, para que também servisse como fonte de renda aos familiares dos presos, os quais receberiam como uma cooperativa.
Periurbana Leiras de Cebolinha
O projeto foi implantado no intuito de diminuir o ócio, fomentar a remissão de pena, aumentar a oferta para o trabalho e remunerar a mão de obra.
a produção orgânica
Dos direcionamentos aplicados ao projeto, um dos mais importantes é que na qualificação dos presos, fosse trabalhada a questão ambiental e que dentro desse quesito toda a produção deveria ser orgânica. Além disso, o projeto de agricultura periurbana deveria ter viabilidade econômica, pois, sem essa viabili-
dade, seria mais um projeto que não iria muito adiante. Ainda assim, vale a pena ressaltar que segundo o CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada ESALQ/USP, o agronegócio é responsável por mais de 20 milhões de empregos formais no Brasil. Dessa forma, o agronegócio ainda poderia ajudar em muito a situação do fomento da mão de obra prisional. Haja vista que na maioria das grandes penitenciárias do brasil, existem grandes áreas onde poderia existir
vários cultivares sem que comprometesse a segurança do local. O projeto foi iniciado em 3 de janeiro, na Penitenciária Padrão de Santa Rita. O projeto foi implantado no intuito de diminuir o ócio, fomentar a remissão de pena, aumentar a oferta para o trabalho e remunerar a mão de obra, melhorar a qualidade da alimentação dos servidores e dos apenados. O projeto deu tão certo, que Jader Filipe Valões, diretor do Instituto de Reeducação Penal Des. Sílvio Porto, solicitou que o projeto fosse REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
27
Leiras de Alface, Rúcula e Beterraba
implantado na unidade prisional. O projeto iniciou na referida unidade em 9 de julho deste ano. Conversas estão sendo feitas com o secretário de Administração Penitenciária, Coronel Sérgio Fonseca, para que esse projeto seja implantado em outras unidades do Estado, como no caso do Centro de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão. Em Santa Rita, além de cultivar hortaliças a penitenciária é a primeira no País a fazer uma parceria com a prefeitura a fim de reaproveitar os resíduos orgânicos da feira pública. Funciona assim: ao final da feira pública a prefeitura recolhe todos os resíduos de origem orgânica, entrega na penitenciária, e os apenados através da compostagem transformam o resíduo orgânico em um composto de excelente qualidade, ao qual conhecemos como terra vegetal. No final do processo metade do composto fica para a
28 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
produção de hortaliças na unidade prisional e a outra metade é devolvida para que a prefeitura distribua entre os agricultores que praticam agricultura orgânica no município. O meio ambiente agradece! Para que a compostagem desse certo, a EMPASA na pessoa de Silvana Alves, ministrou um curso de compostagem. Além disso, os apenados tiveram, com Edson Firmino, os cursos de produção de hortaliças orgânicas e preservação do meio ambiente. Na penitenciária Silvio Porto, a metade dos apenados que participam do projeto é o público LGBT. Todos os apenados têm aulas de produção de hortaliças orgânicas e preservação do meio ambiente, além do curso de compostagem que iniciará no próximo mês. Apenados do Silvio Porto em Aula Prática de Agricultura Orgânica.
Edson Firmino da Silva Filho, autor do projeto e agente de Segurança Penitenciária
ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL DE MAMANGUAPE
TRANSFORMA O CENÁRIO DO LITORAL NORTE SENDO PONTO DE COLETA DE
LIXO ELETRÔNICO
eletrônicos e seus componentes são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.
A campanha NÃO recolhe lixo hospitalar, pilhas e lâmpadas, cujo manuseio demanda cuidados especiais.
mento, encontra-se no diálogo com algumas instituições, porém entende-se que é um processo de mudança da cultura e de reeducação ambiental. Logo, estamos de braços abertos para você empresário e/ou diretor das instituições públicas e privadas do vale, venha conhecer nossa escola e nossos projetos.” – Fala o Prof. Kym Kanatto Com o objetivo de transformar a educação no Vale do Mamanguape e na Paraíba, a Gestão Escolar e a Coordenação da Base Técnica da ECIT – João da Matta enfatiza a importância da parceria com o setor produtivo, em meio a todos os benefícios que o sistema de educação profissional pode gerar para o processo de inovação – seja para o setor produtivo, seja para a sociedade como um todo – a formação de recursos humanos qualificados.
RISCO À SAÚDE
ONDE DESCARTAR?
O QUE DESCARTAR COMO LIXO ELETRÔNICO?
A
ECIT João da Matta realiza mais uma campanha de recolhimento de Lixo Eletrônico (E-Lixo). Tal projeto tem objetivo de dar uma destinação correta, sem agredir o meio ambiente, a todo resíduo proveniente de equipamentos eletroeletrônicos, bem como o uso do lixo eletrônico como instrumento educacional tecnológico e sustentável. Esta iniciativa teve apoio da ECOBRAS e é realizada em parceria com diversas instituições públicas e privadas. A campanha surgiu em 2017 para atender a demanda das empresas do setor produtivo, que são grandes geradoras de lixo eletrônico e, com o foco na adesão da população. No ano de 2018 outros objetivos foram adicionados, ações de educação ambiental e educação tecnológica para comunidades locais. Agora, com a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de eletro-
Kym Kanatto Melo Pesquisador da INCUBES e coordenador dos Cursos Técnicos da Escola Cidadã Integral e Técnica, em Mamanguape
Pode ser descartado todo material proveniente de equipamentos eletroeletrônicos: computadores; monitores; impressoras; rádios e equipamentos de som; aparelhos de telefone e celulares; aparelhos de fax; televisores; câmeras fotográficas, entre outros. O material coletado será entregue à Recicla Eletrônicos, que possui licença ambiental para fazer o processamento completo dos resíduos.
O QUE NÃO DESCARTAR?
Os eletroeletrônicos contêm produtos químicos altamente tóxicos, como chumbo, mercúrio, cádmio e berílio que em contato com o solo contaminam o lençol freático, e quando queimados poluem o ar, além de colocar em risco a saúde dos catadores de lixo.
PARCERIAS FUTURAS
“A Escola Cidadã Integral e Técnica de Mamanguape, no mo-
– Ponto de Coleta: localizado na Escola Técnica de Mamanguape, no Conjunto Nossa Senhora da Penha I, Av. Aluísio Alves Pereira, Mamanguape – PB, das 8 às 17h, de segunda a sexta-feira; – Agendamento através: pode ser feito pelo número (83) 981469001; – Agendamento via e-mail: kym.kanatto@dce.ufpb.br, no assunto: “coleta de lixo eletrônico”. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
29
A SÍNDROME DO CORAÇÃO PARTIDO
“Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer...”. (Camões) 30 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
Cientistas da Universidade da Califórnia descobriram que os batimentos cardíacos de casais entram em sincronia quando os dois se sentam um diante do outro e se olham nos olhos. O amor é um dos sentimentos mais bonitos e empolgantes do mundo. Quando nos lembramos da pessoa amada, sentimos o vigor do nosso coração bater forte dentro do peito. O amor é um tema muito presente em nossas vidas e a temática dos relacionamentos amorosos é uma de suas áreas mais importantes. E se o romance acaba? O que acontece com o coração? O fim de um romance pode fazer o coração sofrer, e debilitá-lo de tal forma, que pode ser confundido com um ataque cardíaco. Sério mesmo! Quem já se apaixonou sabe como é ruim a perda da pessoa amada. Trata-se da Síndrome do Coração Partido, (também conhecida como doença ou Síndrome de Takotsubo), que difere de um ataque cardíaco porque nela os pacientes em sua maioria se recuperaram plenamente. E, não sofreram danos duradouros no músculo cardíaco. Os sentimentos de ausência e tristeza prolongada após a perda da pessoa amada, além do estresse emocional em longo prazo, podem ter efeitos catastróficos no coração. O nome da síndrome é originária do vaso chamado “Tako-tsubo”, que é um vaso que os pescadores japoneses utilizam para pescar polvos, e que se as-
semelha com a morfologia do ventrículo acometido. A Síndrome do coração partido é uma metáfora bastante utilizada para ilustrar a sensação de uma decepção amorosa real, comum aos relacionamentos interpessoais amorosos muito infelizes. Contudo, este quadro não se restringe simplesmente aos relacionamentos amorosos que deixam nefastas consequências, na vida da pessoa. Há situações, como perder alguém depois de anos de doença e de internação hospitalar, perdas financeiras vultosas, situações vivenciadas de extrema angústia, perda de parentes ou amigos queridos em acidentes, ser assaltado a mão armada, discussões acaloradas e até mesmo o choque de uma festa surpresa, são também possíveis desencadeadores para a Síndrome do coração partido. Em Shakespeare, a dor do amor de Romeu e Julieta: ... Diga-me, Romeu, por que seu coração exala tanta tristeza? - Por conta das asperezas do amor. Romeu olhou em volta e viu tudo destruído. Ficou de coração partido... As mulheres na pós-menopausa são mais propensas do que os homens a apresentarem os sintomas dessa síndrome, quando vivenciada uma situação de exceção em que foi exposta o grande estresse físico ou emocional e que são semelhantes aos sintomas de um infarto (dor no peito forte e falta de ar). Os principais sintomas dessa doença são dor torácica, falta de ar ou colapso semelhante a um ataque cardíaco. Em alguns casos a pessoa pode sofrer palpitações, náuseas e vômitos. É causada por uma situação de forte estresse emocional, onde há
Valério Vasconcelos é cardiologisca e pesquisador do Instituto do Coração da USP, em São Paulo
liberação de uma grande quantidade de hormônios do estresse. Pode ser a morte de um ente querido ou mesmo um divórcio, separação, traição ou rejeição romântica. Pode acontecer depois de um choque como ganhar na loteria, por exemplo. Os sintomas são semelhantes aos de um infarto, sendo que quando realizado o cateterismo, não há
entupimento nas artérias do coração, mas ocorre deformação do ventrículo esquerdo, que fica praticamente paralisado e não consegue bombear sangue. Quando as circunstâncias de vida do paciente melhoram, em geral a condição desaparece. Fonte: O coração gosta de coisas boas/Coisas que fazem bem ao coração REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
31
AS DIFICULDADES DE PRESERVAÇÃO
DO PATRIMÔNIO CULTURAL
NO ÂMBITO DO LICENCIAMENTO
AMBIENTA Sítio Arqueológico Itacoatiara do Rio Ingá
E
ste artigo visa a fazer uma breve análise da preservação do patrimônio cultural no âmbito do licenciamento ambiental quando são realizados os estudos de impacto ao meio ambiente. Este é um assunto que está na ordem do dia e precisa ser pensado e discutido pelas instituições de preservação e, também, pela sociedade. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
32 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
Naturais Renováveis – Ibama, temos a seguinte definição para licenciamento ambiental: O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas características a participação social na tomada de decisão, por meio da realização de Audiências Públicas como parte do processo.
O licenciamento ambiental pode ser visto, também, como um momento de conflitos de interesses de empreendedores, do Estado, de comunidades tradicionais, de agentes diversos, em que vários órgãos e atores se manifestam sobre a instalação de determinado empreendimento que pode causar impactos ao meio ambiente, incluindo aí o meio ambiente cultural. Nesse conflito de interesses, é importante como diversos setores da sociedade civil podem participar dos processos
decisórios de planejamento e execução de políticas públicas, mais especificamente às relacionadas ao licenciamento ambiental e à preservação do patrimônio cultural. Ambientalistas, populações atingidas por empreendimentos, moradores de centros históricos, entre outros, passam a ter papel importante na definição dessas políticas, principalmente a partir da Constituição de 1988, que criou formas de participação social com mecanismos de atuação de interessados
Foto: Ilka Cristina
TAL
e atingidos pelas políticas públicas. Temos, também, com a Constituição de 1988, a ampliação da noção de patrimônio cultural. É possibilitado um modelo democrático de gestão do patrimônio cultural, que estava – e está – relacionado à efetivação de políticas participativas que reconheçam os direitos sociais e coletivos de populações tradicionais, à ampliação da noção de cultura e sua relação com as pressões por desenvolvimento, além da noção ampla de meio ambiente e sua contribuição para apreservação do patrimônio cultural brasileiro. As possibilidades e a ampliação dos direitos sociais e coletivos são relativizadas quando colocadas em conflito com uma perspectiva capitalista e de interesses econômicos como a que observamos no processo de licenciamento ambiental e os estudos de impacto ao meio ambiente que o compõe. Desde sua criação, em 1981, o licenciamento se coloca como uma arena importante para o embate de interesses de grandes empresas, governos e atingidos pelos empreendimentos, incluindo, entre outros aspectos, os impactos desses aos bens culturais das comunidades. No campo da preservação do patrimônio cultural, nos últimos dez anos, os processos de licenciamento ambiental passaram a ser uma grande demanda para os órgãos responsáveis pela gestão deste patrimônio, aumentando numa escala superior à sua capacidade de resposta. O desafio de responder a uma política desenvolvimentista acelerada do Governo Federal, nesse período, levou à flexibilização de leis ambientais e, como já falado anteriormente, à relativização de conquistas sociais e coletivas que se concretizaram com a Constitui-
ção Federal de 1988 e legislações com perspectivas socioambientais subsequentes. Percebeu-se, então, que a necessidade de viabilizar grandes empreendimentos, numa política baseada na acumulação de capital, no crescimento econômico constante e nos resultados de curto prazo, levou a mudanças e/ou desconsiderações de um arcabouço teórico e legal baseado numa visão socioambiental e democrática. Além do já explicitado acima, outros fatores dificultam a preservação do patrimônio cultural no âmbito do licenciamento ambiental: a falta de conhecimento da população sobre o tema; a falta de recurso dos órgãos de preservação do patrimônio cultural; a falta de entendimento, por parte dos órgãos ambientais, do meio ambiente cultural como componente do meio. As possibilidades de conhecermos ou de esquecermos as nossas referências culturais estão em jogo e, se não colocarmos em debate o assunto, poderemos deixar de conhecermos estas referências que constituíram a nossa trajetória histórica e cultural.
Por Luciano de Souza e Silva Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural e Técnico do Iphan na Paraíba
REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
33
GESTÃO DA QUALIDADE APLICADA A ÁREA DA SAÚDE
Q
ualidade como Ferramenta de Administração, começou a ser estudada nos anos 20 do século passado, nas indústrias americanas. Ao longo deste período houve uma grande evolução na adoção de práticas de Qualidade em todos os ramos da atividade econômica. O que inicialmente começou como um movimento fabril, passou a ser encarada de forma muito respeitosa a partir dos trabalhos de especialistas americanos que foram participar da reconstrução do Japão pós-Segunda Guerra, atraídos pelo Plano Marshall. Entre esses engenheiros especialistas, destacam-se William Edwards Demin, Joseph Moses Juran e o nativo Karou Ishikawa. Qualidade é definida pelo ISO 2010 (International Standard Organization) como sendo “A totalidade das características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer necessidades explícitas e implícitas dos clientes”. Como Ciência, utiliza um leque muito grande de ferramentas matemáticas e estatísticas, além de trabalhos nas áreas comportamentais e de competitividade empresarial. A JCI (Joint Comission International), Organização Americana presente em 80 países, inclusive no Brasil, principal responsável mundial pelos proces-
34 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO
sos de Acreditação de Serviços de Saúde, define “Qualidade como o nível em que Serviços de Saúde proporcionam o alcance das necessidades de saúde da população de forma consistente e fundamentada nos conhecimentos científicos atuais”. Quando se avalia “Qualidade em Serviços de Saúde”, duas práticas são fundamentais e carecem de definições. Acreditação e Certificação. Acreditação , segundo a Organização Nacional de Acreditação (ONA) tem um caráter eminentemente educativo, sem finalidades de fiscalização ou controle oficial. É um trabalho voluntário, periódico e reservado, feito por membros da Organização. Tem por finalidade preparar a Organização para as Avaliações de Certificações. É um processo interno na busca de diagnóstico do estágio evolutivo em que se encontra aquele Serviço de Saúde, entendendo-se como tal, hospitais, clínicas, laboratórios, postos de saúde, etc. Já Certificação é uma avaliação externa. Uma terceira parte dá garantias escritas de que determinados produtos, processos ou serviços, estão em conformidade com os requisitos especificados. As mais respeitadas e difundidas Certificações são da ISO, a qual no Brasil é representada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e que no campo da Saúde,
editou as normas ISSO 9000, 9001, 9004 e 19011. Como “Qualidade” é antes de tudo mensurável, de acordo com critérios previamente estabelecidos, entre os parâmetros que avaliam o grau de qualidade de determinado Serviço de Saúde estão números de óbitos, infecções hospitalares, novas internações por recidivas, índices de fugas de pacientes, qualidade de vida do paciente pós-alta, entre outros. Um aspecto extremamente importante nessas avaliações é que em Saúde, há também os critérios subjetivos de pacientes e seus familiares, que embora difíceis de mensuração, são extremamente importantes como critérios de avaliações.
Por Fernando Nazareno do Nascimento Engenheiro Eletricista e Especialista em Gestão Empresarial
! s n é b a r a P
A O S S E P JOÃO
s o n a 433
PROGRAMA ESPAÇO ECOLÓGICO | FM 105.5 | TODOS OS SÁBADOS DAS 8H ÀS 9H WWW.ESPACOECOLOGICONOAR.COM.BR 36 | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO | WWW.FACEBOOK.COM/ESPACOECOLOGICO | WWW.INSTAGRAM.COM/ESPACOECOLOGICONOAR