Bispoda Torre
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Kayc Tisdale Homem-Aranha Oi Qué Tc?
Conheça a trajetória do Dj que viu de perto o crescimento da cena Bear no Brasil
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bernardo MAGZ Conselho editorial Adriano Santos, Andresa Lane, Danilo Barroso e Thiago Frotscher Editor-chefe Danilo Barroso danilo@bernardomagz.com.br Coeditor Adriano Santos adriano@bernardomagz.com.br Diretor de arte Thiago Frotscher thiago@bernardomagz.com.br Diretora da redação Andresa Lane andresa@bernardomagz.com.br Versão digital www.bernardomagz.com.br Publicidade Comercial comercial@bernardomagz.com.br (11) 9123-6570 - tratar com Danilo Permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo publicado desde que citada a fonte. Os artigos assinados não são de responsabilidade da publicação.
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Ilustração: Denilson Medeiros
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Enfim, chegou a terceira edição! Ajustamos aqui e ali e estamos prontos para ficar! O Dj Alexandre Bispo estampa nossa matéria de capa nos contando sobre a sua participação no início da cena Bear em São Paulo, mostra mais sobre o seu trabalho que vai além das pistas de dança, fala das particularidades do movimento ursino no exterior, seu envolvimento com o mundo musical e projetos futuros. Ainda nesta edição, temos a matéria de Adriano Santos sobre os Queer Goups do Facebook e uma série de dicas de cuidados com a Barba, para que nosso leitores mantenham o visual Bear em dia.
É claro que contamos com os as ilustrações dos sempre queridos Ber the Bear Denilson Medeiros e Hokin the Bear. Spice Girls, Bear Pride e Homem-aranha também estão entre os assuntos abordados nessa terceira edição. E fechando com chave de ouro, Moa Sipriano brinda os nossos leitores com um ótimo texto sobre autoaceitação. Sobre as mudanças, começamos nos despedindo dos colaboradores Markinhos Font, que assinava a coluna Grite!, e Rafael Saparelli, que escreveu a matéria “O que é ser urso?” em nossa segunda edição. Também a coluna Bom Apetit não vem assinada pelo Rodrigo Veiga como nas duas edições passadas. Nos despedimos mas mantemos um imenso carinho. A vocês o nosso muito obrigado pela colaboração e apoio. Temos o prazer de anunciar os novos integrantes da Equipe Bernardo: Well Woof em sua coluna “OiQuéTc?” escreve sobre namoro no meio gay e dá dicas de como ter um “namoro em conserva”, e Joel Rosa, que nos agracia com seus microcontos bears ilustrados por Nerone Prandi. Que sejam muito bem-vindos! Também demos uma reformulada na coluna Bon Apetit, que, nessa edição, é assinada por Andresa Lane, o nosso desastre culinário da redação, que conta como conseguiu errar um doce de pia, que é mais fácil de fazer do que brigadeiro. (Risos) Esperamos que vocês apreciem esta nova edição. Criticas e sugestões serão muito bem vindas pelo e-mail opiniao@bernardomagz.com.br Abraço de urso!
Danilo Barroso
Editor-chefe e fundador do projeto
Adriano Santos
Coeditor
fotfootoss
Fotos: Andres Costas e Daniel Lime
leitleoitorr
A Bernardo Magz agradece a todos! Esperamos trazer algo cada vez melhor. =) Para críticas e sugestões, envie um e-mail para opiniao@bernardomagz.com.br ou mande inbox pelo Facebook.
Bruno Beltran: QUE LEGAL!!!!!!!!!!!! ADOR EI D E M AISDACO NTA S Ô ! ! ! ! PA R A B É N S "BEARNARDOSSSS"!!! Leandro Correia: Meu ADOREI a edição nova. Ficou um máximo! parabéns!!! cada vez eu acredito que pode ser feito coisas boas e de super bom gosto como vocês fazem. To vendo isso ir para banca logo logo! É de e ótimo bom gosto e muita classe. E o conteúdo e muito bom. Th i a g o B a t t i c e l l i : Adriano Da Silva Santos, parabéns, visível está que vocês estão procurando melhorar a revista, gostei dessa edição, parabéns!! Ah agora sim a revista tá com mais cara de bear, gostei... é o q eu sempre digo, tem que fugir da viadagem tradicional e focar no mundo bear...só achei que o editorial de moda podia ser mais
criativo, pegar roupas fora da C&a... Dado Minas: Quero parabenizar Danilo Barroso e Adriano Santos por este belo projeto, que esta nascendo com um material fantástico, agradável, eclético, com uma linguagem clara, objetiva, sem afetaçães ou tendenciosas a enaltecer algo e depreciar outras coisas. Quem disse que uma boa revista masculina voltada ao público gay tem que ter homens nus, ou com pouca roupa, para se ter um bom conteúdo? Pois vc's estao provando isso. Parabéns. Gostaria de poder contribuir para este projeto que ao meu ver, tem tudo para se firmar no mundo gay. Um abraço aos responsáveis pelo projeto. Raphael Ernesto: Aeeeeeeee!!!! Finalmente!!!!
Correndo pra ler. Certeza que esta edição vem ainda melhor que a edição anterior. Junior L Vicente: adorei a revista, que só agora li, parabéns!!!! Elsioux Creepers: thank you!!! great article :) (Philippe BEAROCK) Denilson Medeiros: Bem legal Anderson Lobo: Parabéns pela revista e pela excelente matéria com o Nerone. Parabéns Mr. Prandi! Alberto Vargas: Essa edição ficou EXCELENTE! Moa Sipriano: Divina!!! Simplesmente uma publicação de conteúdo, muito bem diagramada, antenada, fofa e deliciosa... Nerone Prandi... caralho...
ARRAZÔ!!! Amei, amei, amei, ameigozeixonei!!! Cauê Xopô: Parabéns à vocês, meninos! O trabalho no geral tá excelente, fico feliz por ter participado! Beijo grande :) Edde Cavalcanti: Isso sim, é uma revista bem feita, bem diagramada, estão de parabéns! Vitor Philomeno: Pra essa até eu dava entrevista Julio Marinho @NossosTons: Gente, encantado com a qualidade da revista Bernardomagz. Nossa, a revista tem um visual incrível e é bem diversificada, muito bom mesmo. É isso querido, gostei mesmo, depois continuo lendo. Tem muito coisa boa. Amei a divulgação do link da revista e pode continuar mandando coisinhas desse tipo que “nós gosta” rsrsrsrsrsr
sumsuámá c ririoo O Bispo da Torre
Conheça a trajetória do Dj que viu de perto o crescimento da cena Bear no Brasil
foto: Andresa Lane / Danilo Barroso
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38 Queer 2.0 56 Estética e Saúde Barba: dicas e cuidados
08 Dicas culturais O que ler, assistir e onde ir...
54 Bon apetit Doce de Pia
60 Perfil Bear Kayc Tisdale
12 Woof Brasil Bear Pride
14 Great stuff Viva Forever
16 Moda
Pele que te cobre
42 Bearnerd Era Necessário um Reboot?
48 OiQuéTc?! Namoro em conserva
50 MsRaw Polêmicas da MDNA tour
20 Hokin, the bear 44 Breves Contos Microcontos no facebook (for bears)
52 Ber The Bear Boatos
63 Contos ursinos Eu sou um... urso?
cocloa labb o
oraesd
rador
Conheça as pessoas que colaboraram para esta edição da Bernardo
Adriano Santos 21 anos. Jornalista, analista de social midia, assessor de imprensa nas horas vagas. Amante de cultura pop, ficcção científica, nerdices e viciado em memes. Escreve semanalmente no blog My Sugar is Raw.
Alberto Vargas 22 anos. Formando de Publicidade, analista social de mídias. Tem como vício estudar cultura digital. É o blogueiro e podcaster do Woof Brasil.
Alexx Rodrigues 38 anos. Publicitário. Project management por profissão. Fashion Lover, amante de Música POP, Brit Pop, Rock, Gossips, Arte em Geral e Cinema.
Andresa Lane 20 anos, de São Paulo, cursa design digital e adora escrever. Veio compartilhar suas aventuras na cozinha nessa edição.
Denilson Medeiros “TOLLTROLL” Criador de projetos visuais focado na area de criação vetorial e ilustrações com estilos e traços variados.
Hokin the Bear 30 anos. Desenhista, escritor e tem a fotografia como hobby. Ama games, filmes, animações, artes, e alguns esportes. Ficou conhecido no meio através de seu blog, onde compartilha suas artes e experiências.
James Figueiredo 35 anos. Designer gráfico, ilustrador e nerd desde antes dessa palavra entrar no uso corrente. É coeditor do site Bear Nerd e ostenta as duas bandeiras (nerd e urso) com muito orgulho.
Joel Rosa Professor universitário, mestre em Letras pela USP, escritor e ator amador de curtas no mundo bear paulistano atual. Atuou como protagonista de PISTOLEIROS, de Rodrigo Averna, selecionado para 19º Festival Mix Brasil/2011.
Marco ByM 35 anos. Ilustrador, designer gráfico e quadrinista nas horas vagas. Fã de tudo que se refera a cultura nerd. Editor de site Bear Nerd. Quando sobra tempo, escreve para o seu próprio blog, Don’t Worry, ByM Happy!
Moa Sipriano 43 anos. Escritor e “machoterapeuta”. Seus contos e romances abordam a realidade do universo homo masculino. É o primeiro artista a publicar e disponibilizar livremente dezenas de títulos de literatura gay.
Nerone Prandi É ilustrador, pornógrafo e arquiteto atormentado, nascido 1m 1970 no Brasil. Já expôs seus trabalhos eróticos em São Paulo, São Francisco (EUA) e Bruxelas.
Rafael Lopes 30 anos. Um jovem velho historiador que também é desenhista e escritor ocasional. Ama música, cinema, livros, quadrinhos e animes. Criou a personagem Ber the bear em 2007.
Thiago Tafuri 26 anos. Também conhecido como Panda, Pandeco. Formando de Letras/Inglês. Ama música e adora falar sobre isso. Kpopper. Gosta de Britpop e prefere músicas com vozes femininas e curte games.
Well “Wof, galera! Eu sou Well Woof, editor do Oi, qué tc? Sou do meio urso de Curitiba E agora também faço parte da revista Bernardo Magz com muito prazer.”
dicas culturais
filmes | mú
paraassistir por Andresa Lane
Batman O Cavaleiro das Trevas Ressurge Dificilmente uma trilogia consegue se superar a cada filme. Mas isso, para alegria dos fãs de super-heróis, aconteceu com a série do Cavaleiro das Trevas. Saí do cinema reclamona. Sim, não acredito que acaba agora. Aahh, eu quero maaais. Dessa vez, não cometeram o crime de trocar os atores e, se comparado a outras adaptações, até que foi bem fiel aos quadrinhos.
Pontos negativos: o Coringa não é mencionado, os romances do Bruce são resumidos demais e a história do Bane foi bem alterada. Mas os pontos positivos são tantos que os negativos foram facilmente superados. As sequencias de ação, por exemplo, são maravilhosas. A história num geral, assim como no primeiro filme, é muito bem contada. E o quê que é aquela batnave??? Esse último pode ser facilmente comparado ao nível de Os Vingadores. Duas horas e meia muito bem gastas.
imagem: divulgação
É verdade que esperava um pouco mais da Mulhergato. Não que a atriz Anne Hathaway não tenha feito o dever de casa e desempenhado o papel muito bem. Mas foi no roteiro que a vilã mais sexy dos quadrinhos foi deixada de lado. O nome ‘Mulher-gato”, por exemplo, se quer é citado no filme. Há apenas algumas referências à gatos. Além disso, a personagem é apenas
um ladra/espiã secundária, sem a apelação sexual exacerbada, que no fim das contas é mais altruísta (e confusa) que vilã.
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bernardo MAGZ
sica | teatro | livros foto: reprodução
noIpod
Born to Die Lana Del Rey
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por Thiago Tafuri
O álbum abre com a música
título (Born to Die) e você já tem a impressão que algo de muito alternativo vai rolar. Lana consegue fazer um trabalho mais que alternativo que gerou grande expectativa no público em geral. Falar sobre Born To Die é tão complicado quanto entender Lana Del Rey, que na realidade é a Liza Grant, daí surgem os comentários que ela teria sido “Fabricada”. Ela testou com seu primeiro material e não deu muito certo, em consequência veio muito trabalho e organização pra transformação em Lana Del Rey. A faixa mais indicada para conhecer o ápice de Born To Die é Dark Paradise, a letra fala de um relacionamento que terminou em morte. Na letra encontramos “mas eu gostaria de estar morta”. Essa música vale a aquisição do cd. Um álbum pra quem gosta de relaxar (até mesmo dormir), curtir um romance, tomar um vinho, fazer uma viagem... É um álbum de sucesso sim, e merece todo seu reconhecimento conquistado até agora!
cena do Videoclipe Don’t leave me (ne me quitte pas)
What We Saw from the Cheap Seats Regina Spektor por Danilo Barroso
Após três longos anos de espera, Regina retorna com seu
novo trabalho “What We Saw from the Cheap Seats”. Esse é o sexto álbum de estúdio da cantora, que se tornou conhecida no Brasil após seu grande sucesso, Fidelity, do disco Begin to Hope, tornar-se trilha da novela global “A Favorita”. A primeira sensação que se tem ouvindo o álbum é o notável retorno às canções melodiosas de “Begin to Hope”. Mas devemos parar as comparações por aí, pois, passando essa sensação, percebemos o quão novo esse projeto é, assim como tudo que Regina faz. Vale a nota que, como tradição, todas as músicas são compostas por Regina, tendo parcerias apenas na faixa “Oh Marcello” Os grandes destaques são os dois primeiros singles. All The Rowboats traz um som mais dramático e o segundo vem em contraste com o divertido “Don’t leave me (ne me quitte pas)”, gravado originalmente para seu segundo álbum Songs de 2002. A versão deluxe tem, ainda, a música Call Them Brothers com participação da banda Only Son, em que seu marido, Jack Dishel, é vocalista. Também traz duas regravações do poeta russo Bulat Okudzhava – o que é uma boa pedida para quem, assim como eu, é apaixonado pela faixa Après Moi, de Begin to Hope. bernardo MAGZ
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dicas culturais
filmes | mú
paraler
Garotas de Vidro
A Verdade nem Sempre é o que Enxergamos por Andresa Lane
Garotas de Vidro é sobre um tema antigo, que só tem sido tratado com
Autora: Laurie Halse Anderson Tradução: Ana Paula Corradini Ano: 2012 Edição: 1 Páginas: 272 Literatura Estrangeira / Ficção Cientifica Editora: Novo Conceito
a devida importância muito recentemente. Estamos falando de anorexia. Lia, personagem principal do romance, possui essa doença triste e séria. O livro começa no momento em que recebe a notícia de que sua melhor amiga Cassie foi encontrada morta. Apesar de as duas não se falarem a seis meses, na noite de sua morte, Cassie liga para Lia 33 vezes. A partir de então, Lia, que já tem um relacionamento complicado com a família e consigo mesma, e está com a saúde mental muito fragilizada, precisa lidar, também, com os fantasmas que rondam a morte da amiga. A história é contada através dos pensamentos da personagem principal, e a autora é tão bem sucedida nesse método, que chega ao ponto de precisarmos nos lembrar que é Lia quem está vendo tudo distorcido. Ao longo do livro, percebemos que são os pequenos detalhes, os pequenos acontecimentos, uma rotina de falta de atenção e superficialidade não notada se não olharmos bem de perto, que levam pessoas a terem esse problema e se obriguem a passar fome e se machuquem ao invés de escolher ter uma vida normal. Havia muito tempo um livro não mexia tanto comigo. Sério, bem contado, triste e assustadoramente real.
House of Night por Thiago Tafuri
A série House of Night conta a história de Zoey Redbird, adolescente que tem
sua vida completamente mudada após ter sido marcada por um rastreador num dia normal na escola. Abrir mão da família e salvar o mundo são algumas das pequenas e, novas decisões que Zoey terá de enfrentar na sequência de 10 livros (a série não acabou, provavelmente teremos um 11º livro) em que as autoras exploram um novo mundo. Esqueça vampiro que bebe sangue pra sobreviver e pense num lado mais positivo em contato com a natureza. Uma mistura de Charmed + Harry potter + o detalhe de serem vampiros faz com que House Of Night seja a válvula de escape e se torne uma nova visão ao já saturado mercado dos vampiros.
Uma nova visão (e melhorada) ao já saturado mercado dos vampiros!
Os grandes atrativos dessa coleção são como de fato esse mundo alternativo em harmonia com o dos humanos existe, personagens bem detalhados e um enredo que faz você querer ler todos os livros carregado de embates entre forças obscuras do bem e também do mal. A meninas Cast fizeram um grande experimento que deu certo e é perceptível isso ao longo da saga. Cada livro tem como subtítulo o que é o assunto principal de cada edição, ficando nessa sequência: Marcada, Tentada, Caçada, Indomada, Escolhida, Traída, Queimada, Despertada, Destinada e Escondida (esse último em tradução livre, pois não foi lançado no Brasil ainda). Filmes? Talvez. Por enquanto podemos acompanhar tudo isso nas formas de livros, comic books e motion comic. Seja marcado você também! Quer saber mais? Acesse www.houseofnightseries.com
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bernardo MAGZ
Autores: Kristin e P.C. Cast Literatura Estrangeira-Romances Editora: Novo Século
por Val Groppo
Priscilla, o Musical Recomendação importante para quem vai assistir Priscilla: levar lenço de papel. Impossível não se emocionar com essa divertida, terna e encantadora história.
por Danilo Barroso
emcena
puraarte
sica | teatro | livros Caravaggio e seus seguidores
O musical conta as aventuras de três Drag Queens que atravessam o deserto da Austrália em um velho ônibus. O motivo da viagem é o reencontro de Mitzi com seu filho Benji. Ela se atormenta a viagem toda com essa situação, ainda mais porque suas companheiras de estrada pensam que apenas foram contratadas para uma série de shows.
No início do ano tive a opor-
tunidade de conhecer o National Gallery, em Londres/UK. Como um amante de arte, dedicar três dias da minha viagem para ver quadro a quadro daquele museu. Caravaggio foi um dos artistas que mais me impressionou. O pintor traz em seu traço um contraste e uma dramaticidade barroca que é bonita de se ver.
Duas mudanças significativas em relação ao filme foram a troca do Abba pela Madonna para atrair o público mais jovem, o que caiu como uma luva para nossa espevitada Felicia, que vive às turras com Bernadette, a Drag “das antigas” que acredita na dublagem em sua arte. A outra mudança é a ausência do duelo de bebidas entre Shirley e Bernadette. Fez falta. Durante a viagem encontramos surpresas como Bob – o mecânico que está muito mais para urso (u-hum!) do que para canguru e é responsável por um dos momentos que gasta lencinho –, a pompoarista maluquinha que dá muita bola pra plateia, Marion – mãe do pequeno Benji – e o próprio, que é um doce. E, claro, as Divas! São elas que cantam o que as Drags encantam (principalmente Bernadette).
Além dos nossos excelentes atores há também toda a tecnologia importada. O ônibus que muda de cor, os milhares de figurinos, o palco móvel... Por causa do palco não recomendo a primeira fila: a altura dificulta a visão de quem está na frente. Perdi muitas cenas por conta disso. Impossível em poucas linhas falar sobre tudo oque há para ser dito a respeito de Priscilla. Então vá e tire suas conclusões. Asseguro que vale a pena! Extensão da temporada: de 16 de agosto até 9 de dezembro Site oficial: musicalpriscilla.com.br
foto: divulgação
Com preços que variam de 40 a 250 reais o investimento vale a pena. Troque sua sobremesa por um porquinho de louça e junte suas moedinhas.
As obras dele vêm para o Brasil pela primeira vez na exposição “Caravaggio e seus seguidores”, que já passou por Belo Horizonte e agora está em amostra no MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubriand). A exposição traz consigo sete obrasprimas do autor, incluindo a famosa Medusa Murtola, que foi recentemente identificada como a “Medusa Original”. A mostra ainda traz obras de quatorze artistas conhecidos como caravaggescos. A curadoria, idealizada por Rossella Vodret, fica por conta de Fábio Magalhães.
LOCAL MASP Avenida Paulista, 1578 - São Paulo (SP) Metro Trianon-MASP Exposição: 07/02 a 21/04 Terça a domingo das 10h às 18h Quinta-feira: das 10h às 20h Entrada: R$15 ou R$7 (meia). Entrada gratuita às terças TEL: (11) 3251-5644 bernardo MAGZ
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woof Brasil woof Brasil
por Alberto Vargas
Bear Pride
imagem: reprodução
© Gandolfo Cannatella | Dreamstime.com
Um festival de atrações para celebrar o Orgulho Bear
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bernardo MAGZ
E
Eventos como
a parada gay possuem forte importância porque a representação dessas festas vai além de celebrar o orgulho de sermos homossexuais. Os propósitos abrangem desde questões políticas, a fim de que o Estado nos proteja, até campanhas que contribuem para conquistarmos respeito perante à sociedade. Para a comunidade bear, o significado é ainda maior já que, no nosso caso, temos que “sair do armário duas vezes”: a primeira por assumirmos nossa homossexualidade e a segunda por revelarmos para uma população, que cultua corpos malhados, a nossa preferência por gordos e peludos a.k.a. URSOS. A partir deste parágrafo vou substituir o termo “orgulho gay” por “orgulho bear” e apresentar para você, caro leitor da Bernardo, uma demonstração que aconteceu em Chicago (EUA) com o objetivo de enriquecer a cultura ursina, através de uma versão peluda da famosa Gay Pride chamada de Bear Pride. Assim como são promovidos encontros culturais e baladas durante a semana da parada gay de São Paulo, a Bear Pride de Chicago também conta com uma programação para agregar os ursos do respectivo estado americano. O evento ocorreu entre os dias 25 e 28 de maio, chegando à sua 18ª edição, e foi patrocinado pelo Great Lakes Bears Chicago (www.glbears.com) – ativo desde 1989, ele é considerado como uma dos mais antigos clubes de ursos nos Estados Unidos –. Anualmente a Bear Pride Chicago recebe um tema diferente. O título de 2012 chamou-se BearPawCalypse. Expressão criada para simbolizar um tsunami de patas de ursos que tomou toda a cidade, isto é, um verdadeiro apocalipse com a invasão de vários homens peludos.
Destaco três dos diversos circuitos que houve na BearPawCalypse: Debate sobre bareback: o encontro inaugurou as atividades da Bear Pride com um papo cabeça sobre a prática de sexo sem o uso de preservativos. O debate teve apoio da Howard Brown Health Center (www.howardbrown.org), uma entidade criada pelo ativista gay Howard Brown para orientar a população LGBT sobre os riscos quanto à transmissão do vírus da Aids. Boxer Party (Flash Mob): festa em que os ursos foram aos poucos se despindo até ficarem apenas de cueca boxer. O Flash Mob aconteceu quando todos os convidados estiveram somente com a roupa de baixo. Trolley Tour of Chicago: um urso guia turístico levou os participantes da BearPawCalypse para visitar as atrações culturais da cidade como museus, teatros e parques. O site oficial da Bear Pride (www.bearpride.org) ofereceu um pacote no valor de US$ 285 para desfrutar de todos os eventos, incluindo reserva em hotel. A cultura ursina vai além das baladas que estamos acostumados a frequentar aqui no Brasil. O papel dos inúmeros blogs focados nos ursos e dos veículos de comunicação, como a própria “Bernardo”, é enriquecer o intelecto da comunidade bear brasileira, a fim de atrair vida inteligente e mostrar para a sociedade que o público gay não concentra a atenção somente na vaidade ou na estética. Por isso é importante pesquisarmos sobre as edições da Bear Pride, para termos referências de como é possível melhorar a nossa visão sobre a cultura bear.
* “Sair do armário duas vezes” é uma frase dita pelo personagem Tyler, no filme BearCity, no momento em que ele revela para o seu melhor amigo que sente atração por ursos.
bernardo MAGZ
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great stuff great stuff
por Thiago Tafuri
Vi v a Forever!
M
Mais uma tentativa de reviver um dos maiores fenômenos musicais mundial! As Spice Girls, em si, dispensam apresentações. Dentre rumores sobre mais um possível retorno, ou uma apresentação nas Olimpíadas de Londres, uma coisa é certa: Viva Forever! Um Novo Musical inspirado pelas músicas das Spice Girls realmente vai acontecer! No dia 26 de Junho desse ano, as mais apimentadas do mundo se reuniram para uma coletiva no mesmo hotel em que foi filmado o clipe de um de seus maiores sucessos – Wannabe (1996). Junto com Judy Craymer (criadora do musical MAMMA MIA!) e Jennifer Saunders (escritora) noticiaram (finalmente!) o lançamento de “Viva Forever!” para ainda esse ano!
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bernardo MAGZ
O espetáculo tem estreia prevista para 11 de Dezembro no Teatro Piccadilly em Londres, com prévias em 27 de Novembro. Contando a história de Viva (protagonista), interpretada por Hannah John-Kamen, que tem por objetivo alcançar o sucesso como cantora que participa de um programa (no formato do X-Factor, The Voice, etc) e acaba conhecendo as dificuldades entre show business e vida pessoal. E onde entram as Spice Girls? Nas músicas é claro! Só pra lembrar, as Spice são ainda um ícone sobre o Girl Power, Amizade e Pimenta! É nessa mistura de coisas boas e musicalidade em que o eterno grupo britânico de meninas, que agitaram os anos 90 e ainda continuam dando esperanças aos seus fãs de um novo agito ainda esse ano, fazem parte do ponto chave do enredo desse musical.
Hannah JohnKamen dará vida a Viva, personagemtítulo do musical
foto: Divulgação
Agora é torcer pra que tudo dê certo (que Judy Craymer consiga o mesmo estouro que foi MAMMA MIA!) para que assim os fãs brasileiros possam, talvez, ter alguma coisa relacionada com as Spice Girls no Brasil oficialmente!! Hi, C Ya, Hold Tight!
foto: Divulgação
Viva ainda passará por complicações triviais, como as crueldades mais parecidas com Miranda Priestly em O Diabo Veste Prada na sua busca de fama. Amizade é o tema principal do musical que ainda conta com o “Coach” de Viva tentando fazer um encontro entre a protagonista e sua verdadeira mãe ao vivo no programa de calouros.
As ex-integrantes da girl band na coletiva do musical
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moda moda
por Alexx Rodrigues
Pele
que te
cobre
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Inverno. Tem
coisa mais deliciosa que um casaco legal, daquele que serve em várias ocasiões? Aquele que é guerreiro fiel contra o frio que acompanha esta época do ano? Que serve com tudo, e acaba se tornando uma marca registrada sua? Sim, pode até existir. Mas a sensação de frio sendo afastada por tal peça, nos faz mostrar à vocês, nossos queridos leitores, várias opções e com certeza uma que pode se encaixar com seu estilo e personalidade. Diretamente das passarelas francesas e italianas, vimos alguns modelos, cortes, materiais e cores se sobressaírem entre as propostas apresentadas pelas grifes, que adiantaram nas semanas de moda aquilo que já atualizam os looks masculinos do inverno 2012. Entre os pontos altos temos, então, os casacos construídos em mix de tecidos e texturas, como aqueles de estética rústica e comportada, trabalhados em couro e revestidos com lã, tão frequentes nas coleções italianas, sempre referência em moda e elegância masculina.
ares elegantes. Várias grifes investiram na estética refinada de veludos e cetins para compor casacos em suas novas coleções. Outro item bem revisitado em algumas coleções eram as jaquetas esportivas estilo “Rugby” ou “Varsity Jacket”. Isso mesmo, aquelas jaquetas de jogadores colegiais americanos, estilo Finn Hudson ou David Karoksky (o gordinho homofóbico), da série Glee. Estas, combinadas com uma boa boina ou boné também esportivo, com calças jeans conferem um look moderno e despojado para os mais jovens, de alma e atitude. Assim, confeccionados em lã, couro, cetim, camurça, veludo ou naylon; os casacos masculinos do outono inverno 2012 chegam em opções para não só agradar à todos, mas para serem ainda usados nas mais variadas ocasiões. Combinando estilo, conforto e funcionalidade. Para atualizar o guarda-roupa, basta eleger o modelo preferido para que seus looks sejam bastante elogiados!
© Alxyago | Dreamstime.com
Comprimentos alongados se destacam em sobretudos masculinos, os quais, por vezes têm na versatilidade de composições dupla-face seu principal atributo nessas novas coleções que investem em modelos os quais são bem vindos tanto para o dia-a-dia urbano, quanto para um passeio no campo, por exemplo. E, para quem se encaixa em um perfil mais ousado, as apostas de toques vitorianos mesclam um romantismo gótico com
foto: divulgação
Uma peça igualmente atemporal, e constante nas coleções desfiladas na Europa, foi o trench coat, sendo umas das peças mais desejada e apontada como “it” da temporada. Dotado de uma casualidade sofisticada, para o outono inverno 2012, o comprimento sugerido varia entre tornozelos e joelho, sendo as versões lisas em tons neutros, bem como àquelas atualizadas por padronagens como o xadrez e o tartan da grife, aquelas que, aliadas à faixa amarrada na cintura, prometem conferir um toque charmoso às produções masculinas das próximas temporadas.
Cory Monteith com sua Varsity Jacket em Glee
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Cardigan: Ele está entre os mais estilosos e são
Jaqueta de couro: Virilidade é o sinônimo deste
feitos de vários tipos de tecido. Os mais finos são mais modernos, sua característica principal está nos botões. Além de que os finos, você consegue mesclar de melhor forma aos looks e com camisa, ou camiseta de manga cumprida, para poder colocar um casaco por cima, ou mesmo sem...
tipo de peça. O primeiro item na lista de “clássicos” do guarda-roupa masculino. É outra opção segura, sem chances de erro. Confere um look “despojado” com muito estilo e nunca sai de moda. Têm homens que não abrem mão do couro de forma alguma, seja motociclista, metaleiro, punk ou simples cidadão. Nem deixem de usar, como sempre “falamos” a moda é você quem faz, claro seguindo seu corpo, seu estilo e seu jeito. Respeitando esse fatores e o que temos disponíveis, dificilmente você errará.
Dá uma grande oportunidade de montar um look moderno, e não de “vovô”, como se pensa:
Jaqueta Militar: A moda militar em alta é boa alternativa de casaco para seguir a tendência da moda desse ano. Vira e mexe, retorna ao guarda-roupa masculino, mas, nesse inverno, as coleções vêm com vertentes mais semelhantes às jaquetas no início do século XX, criadas na época da 1ª guerra, mais retas, golas estruturadas ou com estampas militares bem discretas
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Jaqueta Jeans: O jeans nunca sairá de moda, não seria diferente se tratando do casaco jeans masculino. Sempre remete ao look “Country”, e você pode modernizá-lo. Vale a pena dar uma “customizada” no look, misturando peças como camisas xadrezes, cardigans, sweateres de lã coloridos, calças chino ou color, até mesmo uma calça de couro, se você tem estilo e coragem... rs!!!
Sobretudo: Peça tradicionalíssima, até meio
Há quem prefira resgatar o passado com esse modelo de casaco, misturando simplesmente com camisa de manga cumprida e calça. Mas conseguimos, com várias dicas abaixo, modernizar esse look, transformando a peça em um item “geek”.
descartada em virtude de não termos um frio tão rigoroso. Veio em várias coleções Internacionais e nacionais, também com opções de comprimento, ás vezes se diferenciando dos trench-coats apenas pelo fechamento. Confere um estilo clássico e sobriedade.
Trench Coat: O centenário casaco criado para uso militar na Primeira Guerra Mundial é uma ótima opção para dias chuvosos podendo ser usado com peças sociais ou até mesmo jeans e camisa criando um visual mais clássico-despojado.
Moleton: Aquece bastante, mas, se busca um visual moderno, não é a melhor opção. Nunca cometa o erro de misturar o conjunto completo, a não ser que seja um estilo “Adidas” original para não ficar com cara de “papai no fim de semana”. Coordene a blusa com calça jeans, ou de outro tecido mais casual desde que as cores combinem entre si.
Blazer: Com estilo casual, ele voltou ao guardaroupa masculino deixando a formalidade de lado. Fica estilosíssimo e vale a pena investir para looks mais sóbrios, para o trabalho durante a semana, e atente-se bastante ao tamanho deles. Eles devem ser um pouco maiores que o tamanho de sua camisa, e dar espaço para um sweater pensando nos dias mais frios.Várias grifes estão também com v ers õ e s mais casuais, para as sextas (se for livre em seu local de trabalho), ou o final de semana.
fotos da página: divulgação
Pulôver: É o nosso amigo de infância, o colete.
Pode ser um coringa para o final de semana, ou até mesmo para o trabalho, mas bem coordenado. Sem estilo, pode dar um ar completamente desleixado a você, trazendo uma imagem não “low-profile” e sim, desarrumada.
Varsity Jacket
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O Bispo da
Torre A trajet贸ria do Dj que viu de perto o crescimento da cena Bear no Brasil por Adriano Santos fotos: Danilo Barroso e Andresa Lane
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lexandre Bispo já é nome conhecido na noite ursina brasileira, o Dj de 39 anos é residente da principal festa Bear de São Paulo, a Ursound, participou de uma das primeiras baladas direcionadas a este público, a Woof e viu o crescimento dessa cena diretamente das pickups. Antes de trabalhar na noite como Dj, atuou na primeira agência de Djs do país, a DMC, colaborou por diversas vezes como crítico musical da revista Bizz e divulgou casas noturnas da extinta gravadora Top Tape. O Debut de Bispo como Dj aconteceu no final dos anos 90, no lendário bar Torre do Dj Zero, na Vila Madalena e aconteceu despretensiosamente, quando recebeu o convite para ser promoter de uma festa. Por conta dos conhecimentos musicais, adquiridos na época em que trabalhou em uma loja de discos, a Mo-Better Cds e por não encontrar, juntamente com o dono da Torre, alguém que tivesse o mesmo gosto sonoro que eles, acabou se tornando o responsável pelo som que agitou as noites de quinta-feira dos frequentadores da casa. “Eu só toquei porque como a gente tinha os discos e os discos estavam lá parados, a gente não conseguia achar um Dj que tinha um gosto parecido com o nosso, que soubesse misturar as músicas de uma forma que a gente conseguia. Então a gente falou: quer saber? Vamos tocar a gente mesmo. Mas eu não tinha pretensão de ser Dj na época, demorou pra eu aprender a mixar e tal, demorou
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bastante, ainda hoje eu estou aprendendo, tem muita coisa pra aprender ainda” relembra Bispo. A partir daí, passou a se envolver com pessoas que movimentavam a moda, a arte e a música, que era o público frequentador da Torre. Foi nesse bar que pode acompanhar de perto a descoberta de novos talentos, que futuramente explodiram no exterior, como o Dj Marky, que dispensa comentários. “Teve uma época, por exemplo, que o Dj Marky, não estava passando por uma fase muito legal, eu chamei ele para tocar em uma festa que fazia em um bar chamado Glitter, junto com a Torre e foi o primeiro lugar que ele tocou nos Jardins. E a partir daí ele deslanchou, já foi pra Londres, e a cena Drum and Bass cresceu na época. Então esse bar foi importante na época pra algumas cenas musicais e comportamentais aqui na cidade.” O Dj acredita que é por conta desse bar que atualmente existe a mistura de tribos na cidade de São Paulo, principalmente na Rua Augusta: “A Augusta é como se fosse uma grande Torre hoje em dia, e eu acho bacana isso, porque a gente viu o nascimento de tudo isso, a gente acompanhou o nascimento dessa nova geração e eles são filhos disso que a gente propôs naquela época, na Torre.” O seu primeiro contato com o universo Bear aconteceu por conta da revista Honcho, que chamou a sua atenção por exibir na capa um modelo com mais “recheio”. Logo em seguida, Bispo tomou conhecimento da existência de festas ursinas no exterior e de encontros de Ursos no Brasil através de seu grande amigo, Luiz Careca, que ao voltar de uma viagem aos Estados Unidos comentou sobre as festas que agitavam o público gay de São Francisco. Durante uma noite em que estava tocando no Grind da Lôca, Bispo conheceu Marcus Babu e Catatau, que estavam organizando um encontro ursino na casa noturna e comentaram com ele sobre a existência de uma comunidade no extinto Mirc voltada aos Ursos. Foi aí que ele, junto com Careca, teve a ideia de criar uma festa para esse público. Nascia assim a Woof, uma das primeiras festas ursinas de São Paulo que acontecia na Torre do Dr Zero e que contou também com a participação dos Djs e amigos: Luis Depeche e o já citado Catatau.
“Esse pessoal falava assim: Nossa você tem que ingressar no canal do Mirc que tem uma sala de ursos nesse canal. E logo em seguida a gente falou assim, eu e o Careca: Vamos fazer uma festa. Porque só tem um encontro (de ursos), vamos fazer uma festa? Aí a gente fez uma festa que se chamava Woof, isso em 2000 eu acho, foi em 2000 ou 2001 eu não me recordo agora, inclusive essa primeira festa foi na Torre, até nisso a Torre teve um significado importante na cena de Urso.” Outra iniciativa de Bispo na noite foi a Bearland festa que tinha uma pegada mais Hard, e que também contou com a participação de Luiz Careca. Bispo acredita que as principais influências para a criação dessas festas vieram das experiências de seu amigo com a cena Bear do exterior. “O Luiz Careca sempre viajou pra fora e sempre esteve por dentro do que estava acontecendo dentro desse movimento, as principais ideias foram dele. Mas a gente não se inspirou em nenhuma festa, foi tudo da nossa cabeça. Foi mais as experiências que o Luiz Careca teve fora do Brasil”. Falando em cena Bear no exterior, o Dj comenta sobre o que pôde acompanhar durante os anos em que viajou para a Europa. Para ele a maior diferença que pode ser vista entre as cenas Bears aqui no Brasil e no exterior é musical, pois fora do país pode-se facilmente encontrar uma maior quantidade de bares e casas noturnas ursinas com diferentes estilos sonoros e públicos bem definidos. Existem festas bears de Rock, Tecno, Pop, Fetichista, Leather, Hard Core... “Talvez falte isso, falte dentro desse segmento que eu sinto mais falta, mais opções, para se explorar outros lados. Você pode ir a uma festa Bear Rock, Bear Leather... Tem essas opções. Eu fui a uma festa em Londres que só rolava Soul dos anos 60. Tinha pouca gente, mas enfim. Era uma festinha num barzinho, só tocava Soul em Vinil, daqueles vinis compactos de sete polegadas e dois Ursões tocando. É bacana isso, imagina uma festa só de Northern Soul, só de Bear.” Segundo Bispo, os produtores de festas ursinas internacionais se arriscam mais e criam festas que fogem do padrão e que falta um pouco disso no Brasil. “O que eu
sinto falta aqui, não só na cena de Bear, mas na cena gay mesmo, eu acho que falta um pouco mais de atitude, de tocar coisas diferentes, não atitude de pessoa, mas de tocar outros estilos musicais, sair um pouco do padrão” e ainda completa dizendo que se diverte muito tocando Pop nas festas de Urso, mas que sente falta de ir a um lugar que seja gay e que toque outro som que não somente o eletrônico. Outra particularidade que Bispo acompanhou no movimento Bear internacional é a existência de festas focadas nos chamados Pigs, um grupo de Ursos inseridos na cena Leather e que levam ao extremo o lance da masculinidade ao ponto de abdicarem do uso de desodorantes durante esses encontros. “Na cena do exterior tem a cena dos Pigs que sãos os ursos que gostam de levar ao extremo essa coisa de masculinidade ao ponto de nas festas irem ao natural. De repente não passar um desodorante, não passar um perfume, deixar o suor rolar. Geralmente essa cena Pig rola dentro da cena leather” ele ainda acrescenta que esse movimento é muito específico e que não são todos os ursos que são adeptos a esse fetiche. bernardo MAGZ
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Indagado sobre a polêmica envolvendo a discussão a respeito de Ursos poderem ou não ser afeminados, Bispo questiona: “Gente, mas porque Urso não pode ser afeminado? Eu acho que talvez isso servisse há anos atrás, mas eu acho que hoje já passou do tempo de quebrar esse tabu. O urso hoje pode ser o que ele quiser” ele ainda reforça que isso é uma questão de gosto pessoal e que independente da preferência por pessoas mais másculas ou mais afeminadas o que deve prevalecer é o respeito “cada um escolhe o que quer, se a pessoa gosta de uma pessoa que é afeminada, ela gosta, é gosto. Se ela gosta de uma pessoa que é mais máscula, também. Essas coisas acontecem também no segmento dos ursos. Cada um no seu quadrado, eu acho isso” conclui.
eu comecei a ouvir música eletrônica, aí eu comecei a gostar de house music” comenta Bispo exibindo as suas tatuagens, 30 no total, enquanto fala sobre como transparece visualmente a sua essência rocker na pista de dança “eu acho que talvez musicalmente não passe, mas visualmente sim. O meu visual sempre foi Rock e não tem como fugir disso, a não ser que eu coloque uma camisa com manga comprida” finaliza rindo.
“Acho que o grupo dos ursos é o mais democrático que existe, ele abrange vários tipos físicos de pessoas”
Além de ser Dj e promover festas, Alexandre Bispo também tem outros projetos profissionais. Ele vem trabalhando atualmente com produção musical e em breve começará a ministrar um curso de Dj na Beatmasters, que além de ensinar as técnicas também irá mostrar aos futuros Djs mais da história da música e auxiliá-los no processo de criação de uma identidade que os diferencie: “eu vou dar as ferramentas para essas pessoas tentarem fazer algo diferente. É algo mais de aconselhamento, desde visual, até musicalmente falando, como se fosse um coaching de Dj” completa.
Falando sobre identidade, Bispo carrega em seu DNA as referências do Rock, suas grandes influências musicais são Beatles, Rolling Stones, Velvet Underground, Stooges, passando pelo Punk Rock em geral e o eletrônico do Kraftwerk. Alexandre passou a frequentar lugares que tocavam dance music apenas no final dos anos 80, quando houve a fusão do rock com bandas eletrônicas na cena de Rave: “Uma coisa que me influenciou muito foi a cena de house do começo dos anos 90. O que me fez gostar de dance music foi quando as bandas de Manchester como Stone Roses, Happy Mondays, se fundiram com música eletrônica, faziam remixes eletrônicos. Foi quando
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Com uma pesquisa musical ampla que abrange diversos gêneros como rock, black music, mpb, passando por tendências eletrônicas e tendo em seu som clássicos dos anos 80 e 90, house music, electro-house e disco house, Alexandre Bispo mostra sua importância na noite de São Paulo e vai além, pois seus trabalhos extrapolam os limites das pistas de dança fazendo com que seja muito mais do que simplesmente mais um Dj da cena ursina. Ele é, na verdade, um dos nomes de referência, que viu de perto o crescimento da comunidade Bear em São Paulo, e contribui (e muito) com esse movimento. Acompanhe a seguir a entrevista exclusiva que Alexandre Bispo concedeu à nossa equipe:
Bernardo Magz: O movimento ursino está ganhando destaque tanto na mídia quanto na noite, com a criação de novas festas na cidade como a BIG, que reúne Djs das principais casas de São Paulo. Qual seria, em sua opinião, o motivo dessa maior importância dada aos ursos nos tempos atuais? Alexandre Bispo: Eu acredito porque era um nicho de pessoas que sempre estiveram aqui, mas não existia um espaço pra eles e algumas pessoas mal sabiam que eram Bears. Eu acho que conforme a mídia e as festas foram crescendo essas pessoas falaram: Poxa eu faço parte da sociedade e eu sou isso. Hoje em dia tudo você tem que ser algo, ou você é Nerd, ou você é Indie Rock... E pra uma pessoa que não necessariamente goste de música.. Ou existiam as Barbies, porque você pode ser Barbie e você
pode gostar de rock, pode gostar do que for e surgiram os Ursos em contrapartida as Barbies. São essas pessoas que não tem essa encanação de estar sempre em forma, e dentro do segmento de Urso existem muitos subsegmentos. Você pode participar do movimento urso e ser musculoso, você pode participar do movimento urso e ser magro, ou então não ter pelo ou ser mais novo. Então eu acredito que esse segmento cresce e é interessante para a mídia por conta do quanto ele é democrático, o quanto que ele engloba as pessoas, ele engloba todo tipo de pessoas, sem preconceitos, sem nada... E assim, é engraçada essa coisa da barba, você deixar a barba. Eu lembro que na época quando a gente começou a fazer a Woof, na Torre, nossa ninguém usava barba, pouquíssimas pessoas, era esse povo que fazia os encontros.. Eu deixava a barba e as pessoas achavam estranhíssimo, minha mãe falava: Que horror, nossa que feio, corta essa
barba pelo amor de Deus! E é engraçado isso de hoje em dia a barba ser comum novamente, ser uma coisa normal você ter barba. As pessoas não te olharem com outros olhos. Hoje em dia eu acho legal que você pode ser do jeito que você quiser. Você pode ter o cabelo comprido, pode usar barba, pode ser travesti, pode ser o que quiser. E ninguém vai estar preocupado contigo e antigamente era diferente. Se você tem um bigode você era: Oh bigode! Oh Cabeludo! Oh Japonês. E eu acho que justamente o bacana do movimento urso é ser democrático. BM: Dentro do universo Bear existem algumas classificações: chub, chaser, cub, daddie, musclebear...Você se considera parte de qual subtipo ursino? AB: Eu acho que atualmente eu estou mais pra urso porque eu não estou malhando, eu não estou preocupado com dieta.
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BM: Você teve uma fase musclebear? AB: Eu tive uma fase musclebear, mas acho que depende da época. Quando a gente começou a festa eu era um chaser total assim. Depois eu encanei com essa coisa de engordar, aí eu engordei. Depois encanei com aquela coisa de malhar, aí malhei. E agora eu tô assim (risos). Eu sou o que sou e procuro não me colocar um rótulo. BM: O que acha dessas classificações? AB: Eu acho que cada dia vai surgir mais né? (risos). Eu acho legal ter essas subdivisões, só não acho bacana de repente haver dentro disso o preconceito. Eu creio que não aconteça esse tipo de coisa de você não se enquadrar dentro de um grupo porque você não é gordo ou então você é magro demais ou então
você é forte demais. Não acho legal isso e espero que nunca aconteça. Acho que o grupo dos ursos é o mais democrático que existe, ele abrange vários tipos físicos de pessoas. BM: Todos dizem que Bear é aquele cara barbudo, peludo e que se aceita com seu corpo. Para você este conceito é válido? O que é ser Urso em sua opinião? AB: Pelo o que eu vejo tem muitas pessoas que estão felizes com o corpo que tem, mas é óbvio que tem pessoas que, para se enquadrarem dentro de um grupo, ou vai engordar, ou vai ficar mais forte ou vai emagrecer. Eu acredito que dentro do grupo dos ursos a maioria está feliz com o corpo que tem, porque se você é magro você é chaser, se você é gordo você é chub, a não ser que a pessoa tenha algum problema de saúde e tenha que tratar, mas eu acredito que no geral as pessoas estão menos encanadas com essa coisa de corpo, pensando um pouco mais no indivíduo. Sabe, eu sou assim e tem quem goste, eu acho legal isso, eu sou assim, goste de mim como eu sou. BM: Qual a sua opinião a respeito das mudanças que você tem acompanhado na comunidade Bear nos últimos anos, aqui no Brasil? AB: A partir do momento que a coisa cresce, ela se torna menos impessoal, antigamente a gente conhecia todo mundo que saía. Eram poucos ursos. Atualmente tem mais gente, tem muito mais gente, a cena Bear cresceu no Brasil inteiro, existe cena bear em tudo quanto é lugar. Por um lado perdeu essa coisa do pessoal, de você conhecer as pessoas, de serem todos os amigos e ter esse grupo. Por outro lado surgiu a oportunidade de você conhecer pessoas novas, porque se você fica naquele gueto, aquela coisa, um guetinho, vai chegar uma hora que não tem pra onde ir, você já ficou com todo mundo, já conhece todo mundo. Hoje não, você pode conhecer pessoas do Brasil inteiro, do mundo inteiro que são ursos. E se essa pessoa faz o seu tipo você pode conhecer ela. Eu acho que é legal isso, também dá vazão pra começar uma coisa nova, que é legal, pode ser que daqui pra frente surja algo diferente, algo novo. Quando algo se populariza dá vazão pra surgir um novo movimento, algo diferente.
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BM: Quais as semelhanças e diferenças que você observou ao longo dos anos entre o movimento Bear no Brasil e no exterior? AB: Eu viajei dois anos seguidos e acompanhei a cena lá fora, na Europa. Talvez a diferença aqui é que o brasileiro é muito mais caliente, claro né, isso é bacana, você vai em uma festa as pessoas são super bem receptivas, elas paqueram e tal, lá fora também tem isso mas não é tão assim fervoroso. Mas por outro lado tem um lado mais tímido, aqui as pessoas tem esse lado extrovertido mas também tem esse lado tímido, que já fora não tem, porque se a pessoa vai pra uma festa lá, ela vai vestida como quer, vai de cueca, vai de leather. Aqui essa parte de leather ainda não tem essa, ainda não chegou.. quer dizer, não é que não chegou, não existe né. Talvez porque a gente mora aqui (no Brasil) e faz calor né (risos), não tem como a gente usar couro. Mas eu acho que a diferença seja musical mesmo. Porque lá existem bar bear em tudo quanto é lugar. Aí tem bar bear de Rock, de tecno, de fetiche, de música pop. E aqui não, ainda falta explorar um pouco mais os outros segmentos musicais. Essa é a grande diferença que eu sinto, porque se aqui você vai em um lugar Urso vai estar tocando um certo tipo de som, mas fora isso eu acho que aqui se bobear são as melhores festas. Acho que a Ursound se não for a melhor festa do mundo é uma das melhores, pela quantidade de pessoas, todo mundo se surpreende com a Ursound porque é muita gente e é uma festa divertida que rola todo tipo de som. Na parte de cima rola um som que agrada Gregos e Troianos. Então pra mim a Ursound é uma festa que é muito bacana, tanto é que quando eu toco fora do Brasil muitos Djs me falam: poxa você toca na Ursound, puxa nossa é muito legal, eu quero tocar lá, fala pro pessoal de lá pra eu tocar. É uma festa conhecida internacionalmente. Talvez falte isso, falte dentro desse segmento que eu sinto mais falta, mais opções, para se explorar outros lados. Que lá.. Você pode ir em uma festa Bear Rock, Bear Leather.... Tem essas opções. Eu fui em uma festa em Londres que só rolava Soul dos anos 60.. Tinha pouca gente, mas enfim.. Era uma festinha num barzinho, só tocava Soul em Vinil, daqueles vinis compactos de sete polegadas e
dois Ursões tocando. É bacana isso. Imagina uma festa só de Northern Soul, só de Bear. Lá eles se arriscam mais, eles ligam o foda-se, e falam: vamos fazer uma festa só de Hard Core Bear. Eu fui em um lugar em Berlin que agregava todo mundo, não ia só urso mas só tocava Rockabbily e era um lugar gay, só tocava música dos anos 50, um pouco de Garagem dos anos 60 era um lugar gay, e ia todo tipo de gente, ia Urso, ia não Urso. O que eu sinto falta aqui, não só na cena de Bear, mas na cena gay mesmo eu acho que falta um pouco mais de atitude, de tocar coisas diferente, não atitude de pessoa, mas de tocar outros estilos musicais, sair um pouco do padrão. Não que eu esteja reclamando, eu mesmo toco Pop nas festas de Urso e me divirto muito, mas às vezes eu sinto falta de ir em um lugar que seja gay e que esteja tocando um outro tipo de som. Que não seja só eletrônico. Na cena do exterior tem também a cena dos Pigs, que sãos os ursos que gostam de levar ao extremo essa coisa de masculinidade ao ponto de nas festas irem ao “natural”. De repente não passar um desodorante, não passar um perfume, deixar o suor rolar. Geralmente essa cena Pig rola dentro da cena leather. Existe uma cena de pessoas que realmente frequentam festas e quando vão a essas festas elas vão ao natural, mas é uma coisa específica. Não são todos os ursos.
“Eu não posso tirar a barba, se eu tirar a barba eu perco o emprego”
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um pouco da história da música, fazer com que o dj crie uma identidade diferente, que ele crie um personagem e que ele faça algo de diferente. Então eu pretendo dar um curso que forme pessoas com uma identidade, que ela crie uma identidade própria dela, não seja só um Dj que vai tocar a mesma coisa. Não você vai chegar e falar assim: esse tipo de música vários Djs já tocam, se você for tocar você vai ser mais um, procura se destacar, ache algo de diferente. Então assim, eu vou dar as ferramentas para essas pessoas tentarem fazer algo diferente. É algo mais de aconselhamento, desde visual, até musicalmente falando, como se fosse um coaching de Dj. Vai ser mais ou menos isso o meu curso. BM: Onde vai dar esse curso? AB: Na Beatmasters.
BM: Qual a sua história com a Ursound? AB: O Daniel frequentava as minhas festas e gostava do tipo de som que eu fazia e me chamou pra tocar em algumas edições da Ursound, quando a Ursound era menor, era só na parte de cima. Primeiro foi o Careca que foi tocar e depois o Daniel me chamou pra fazer e quando eu comecei na Ursound eu tocava um som completamente diferente do que eu toco hoje. Eu comecei assim tocando um som pra menos gente e hoje em dia eu toco pra massa e eu acho bem bacana isso, de estar tocando na pista grande, estar mexendo com várias pessoas. Estar fazendo as pessoas se divertirem. Eu comecei tocando um tipo de som e hoje eu estou tocando outro, mas me agrada porque eu estou tocando.. de um jeito ou de outro eu acabo colocando uma música que tem a minha identidade, acaba saindo de um jeito que a pessoa sabe que sou eu quem está tocando. BM: Além de trabalhar como Dj e promover festas quais são os seus outros projetos paralelos? Conte mais sobre eles. AB: Atualmente eu tenho trabalhado com produção musical fazendo alguns remixes. Daqui pra frente eu começar a dar cursos de Dj, mas não assim um curso tão de técnica, claro que também vai ter a parte técnica, mas também pra ensinar o Dj a como pesquisar, aonde pesquisar, contar
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BM: O que você acha de Djs que focam seus sets somente nos sucessos mais recentes das rádios, como GaGa, Rihanna ou Katy Perry e não se aprofundam nas pesquisas da questão histórica da música eletrônica? AB: Eu não tenho nada contra, eu acho que vai muito do que as pessoas querem ouvir. Eu acho que o Dj tem que fazer as pessoas se divertirem. Então ele tem que tocar de acordo com o público pra quem ele está tocando. Então, se ele está tocando pra um público que quer ouvir o óbvio, o de sempre, ele tem que tocar aquilo porque se ele for contra ele vai espantar toda a pista. Uma vez me falaram assim: O Dj tem que estar de olho na pista, no bar e no caixa. Porque se a pista está esvaziando, o bar não está consumindo e tem fila no caixa pra ir embora então troque de música, Coloca o que as pessoas querem ouvir, então o importante é o ambiente pra onde ele está tocando, se o ambiente que vai tocar esse tipo de som, não há problema algum, agora eu acho que a pessoa tem que também ter um certo diferencial e dentro disso eu acho que ela pode colocar alguma coisa da personalidade dela. Mas na hora que ela vê que está esvaziando a pista pega a sua Katy Perry e jogue, é o meu conselho. Antigamente era Madonna, Madonna era carta na manga. Qualquer festa, até festa de Rock, a pista está esvaziando joga uma Madonna, joga um Borderline pra ser um pouco mais vintage que a pista enche, aí você joga uma outra que não é tão normal, aí se esvaziar de novo joga uma Cindy Lauper.
BM: Em quais festas você toca atualmente? AB: Sou residente da Ursound, da BIG, da Le Rock e vou começar a fazer um projeto novo no Hotel Cambridge que se chama Sub-Culture, que vai ser música e arte, vai juntar as duas coisas.
ambiente que é uma sauna você pode paquerar, curtir música, beber e não necessariamente ter que ficar de toalha. Tem gente que não se sente à vontade de tirar a roupa, mas de repente está lá e aí vê um monte de gente sem roupa aí tira a roupa.
BM: Quer falar mais sobre esse projeto? AB: Esse projeto vai resgatar um pouquinho do que eu fazia antigamente na Torre que era um berçário de novidades, então a gente vai estar sempre a procura de novas músicas, de novos talentos, novos projetos, novas figuras noturnas. Na Torre a gente sempre estava de olho nas pessoas, sempre de olho no que era novo, eu sinto falta disso atualmente. De estar assim buscando Vanguarda. Eu sempre gostei de trabalhar com a Vanguarda, apesar de que hoje em dia o mundo está muito mais POP, no mundo inteiro, mas se você não tiver as pessoas que trabalham com Vanguarda o Pop não vai pra frente, porque quem faz as músicas Pop são as pessoas que trabalham com a Vanguarda. Quem faz o Pop é a Vanguarda. Então tem que haver, nem que seja você trabalhando pra 20 pessoas, mas você sabe que essas 20 pessoas vão estar ali curtindo o seu trabalho a sua pesquisa e eu acho que tudo o que é novo começa com poucas pessoas. Então esse projeto Sub-Culture a gente quer manter esse espírito de pouco mas com qualidade.
Bernardo Magz: Que conselho você dá para quem deseja entrar nesse ramo e tocar na noite? Qual o melhor caminho para começar carreira como DJ? AB: Primeiro a pessoa tem que ter paixão por música, depois ela tem que criar uma identidade dela, e em terceiro, se não te chamam pra tocar então faça uma festa. Porque se você for simplesmente lá, fizer um curso de Dj e esperar que alguém te chame, a não ser que você seja o Alan Deloun ou o Jesus Luz, não vai cair do Céu. Então se você não tem um movimento crie o seu movimento.
BM: Além desse projeto você algum outro? AB: Estou fazendo uma festa na Sauna, junto com meu namorado, o Tony e também acho que vai ser uma coisa bacana porque vai ser uma festa na Sauna que você não precisa tirar a roupa. Você não precisa ficar de roupa na festa, então isso eu acho bacana, você está em um
“O meu sangue é Rock total, a minha identidade é rock” bernardo MAGZ
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Queer 2.0 O crescimento do Facebook propiciou aos internautas um maior nível de interação, permitindo que os usuários da rede social mantenham-se atualizados sobre temas de sua preferência e troquem informações com pessoas que tenham afinidades. Conheça agora grupos que são dedicados aos integrantes da comunidade Gay, os também conhecidos como Queer Groups. por Adriano Santos
(com informações de Assessoria de Imprensa)
A internet
é um local onde pessoas se encontram diariamente para discutir assuntos em comum, fazer novos contatos, trocar experiências profissionais e também se divertir. Dentro do cenário gay não é diferente, e com o aumento da popularidade das redes sociais no Brasil, foi crescendo o número de grupos específicos para essa turma animada. Como a cultura gay é conhecida pela sua diversidade, sendo possível a existência de inúmeros subgrupos, foi natural o surgimento de comunidades e páginas específicas para os membros das culturas: geek, rocker, bear, esportiva, fashionista e POP. No Facebook, dentre centenas de grupos espalhados pelo site, encontrei dois que me chamaram a atenção por sua peculiaridade, eles tratam de assuntos absolutamente triviais, se levando em conta o meio heterossexual, mas possuem um Q de ativistas da causa das minorias na web.
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Queer Nerd 2.0 O grupo Queer Nerd nasceu no Orkut em uma comunidade homônima que ganhou o apelido de QN pelos seus participantes. O grupo tinha como ideal, agrupar gays que tinham interesse em: RPG, colecionáveis, cinema, miniatura, card games, fanfictions, videogames, anime, computadores, gadgets, HQ, literatura de fantasia, ficção cientifica e demais “nerdices”. O crescimento na rede social colaborou para a criação do grupo Queer Nerd 2.0, comunidade onde seus membros ativos conseguem se manter atualizados e informados sobre as últimas notícias do meio nerd. A migração do grupo para o Facebook foi feita por Marcus Ribeiro (ou Dj Bizarra), que junto a uma equipe de administradores mantém a ordem entre os membros do QN. “Não sou exatamente o criador, mas trouxe para o face antes do resto. Ah sim, de certa forma aqui no FB acabo sendo o responsável, mesmo deixando questões administrativas na mão dos outros moderadores.” informa Marcus.
foto: Carol Luz
Ribeiro completa dizendo que por ser um dos membros mais velhos do grupo, consegue manter a organização e controlar os debates mais acalorados, claro que sem agir de forma impositiva:
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“Acho que por ser mais velho, e sempre descer a boca em quem merece, o povo acaba me ouvindo (risos)... Aquela coisa né, respeite os vovôs! (risos). Tentamos conviver numa boa, sem muitas imposições. Mas sempre que algo precisa ser ponderado, acabo me metendo.” Como todo nerd que se preze, os integrantes do QN2.0 adoram ficar conectados por horas na internet, porém sempre se encontram pessoalmente em eventos organizados pelos administradores do grupo. São eles: PicQUEERnic’s - encontro com direito a tudo o que curtem: jogos de tabuleiro, card games e claro muita conversa sobre temas geeks. QueerBar – festa que acontece no Dex Bar e que é caracterizada pelos papos regados a bebidas e música nerd além de partidas de Nintendo Wii. “A questão da interação é um ponto muito importante para a comunidade, hoje existe a QNRJ (Rio), QN Recife, QNMG (Minas), são comunidades menores dentro da QN onde os Administradores organizam os encontros, eventos. A QN é um clássico grupo de Nerds com o diferencial Queer, que dá pontos importantes e ainda possui um toque de ativismo.” finaliza Fulvio Basalobre, um dos membros do Queer Nerd.
Encontro PicQueerNic, no Parque do Ibirapuera (SP).
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foto: divulgação
SP Gay Bikers Pedalar por uma sociedade mais justa, tolerante e mais preparada para a convivência com a diversidade. Esse é a filosofia do SP Gay Bikers, grupo de esportistas que se reúne semanalmente para percorrer as ruas de São Paulo de bicicleta. Fundado em 2007, o SPGB, como é conhecido, está fortemente engajado em prol de um objetivo: promover de forma apartidária a inclusão social de minorias e a preservação do meio ambiente por meio de uma alternativa de mobilidade urbana totalmente ecológica. De acordo com Cesar Salvador, coordenador e organizador do grupo, o SPGB tem uma característica muito peculiar que o diferencia dos tradicionais movimentos de defesa da causa homossexual. “Optamos por assumir um posicionamento de militância apartidária e, mais do que isso, não defendemos a causa gay propriamente (ou exclusivamente), defendemos, sim, a inclusão de todas as minorias: o negro, o gay, o portador de deficiência, o obeso, o idoso, etc. Não somos segregadores, queremos a participação ativa de todos e acreditamos, sobretudo, no diálogo como forma de atingirmos esse nível de entendimento e coexistência”, ressalta. Esse posicionamento, segundo os integrantes, foi consolidado com o tempo e o amadurecimento dos ideais do grupo. “Temos uma visão muito mais humanista e plural atualmente. Acreditamos que o gay, assim como outras minorias, precisa reivindicar sua valorização por meio do diálogo e do respeito à diversidade. Andamos de bike, mas poderíamos fazer qualquer outra coisa desde que pudéssemos discutir essa que é uma busca de melhoramento social”, destaca o biker Nando Rodrigues. Entre os eventos regulares que o SPGB participa estão o passeio anual no “Dia da Diversidade Sexual”, organizado pela Prefeitura de São Paulo e o passeio no “Dia Mundial de Prevenção à AIDS”. “Estamos organizando para 2012 um calendário com mais atividades e eventos, que chamem a atenção da mídia e dos poderes públicos”, finaliza César.
Integrantes do Sp Gay Bikers se reúnem durante pedalada.
Ficou interessado nestas comunidades Queer?? Deseja participar delas?? Então clique nos links a seguir e faça parta destas comunidades que tomaram conta do Facebook: Queer Nerd 2.0 http://www.facebook.com/groups/qnerds2.0 SP GAY BIKERS https://www.facebook.com/groups/spgaybikes
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bearnerd bearnerd
por Marco ByM e James Figueiredo
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necessário um
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reprod imagens:
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Woof, nerds de plantão. Aqui falam o ByM e o James com mais um coluna do Bear Nerd na Bernardo Magz. Hoje nós vamos falar sobre “O Espetacular Homem-Aranha”, um reinício da franquia do nosso amigão da vizinhança, com novo elenco, nova direção criativa, novo tudo. Mas a questão que ficava em nossas mentes era se havia justificativas para um reboot. E é sobre isso que falaremos nesta coluna. (E fiquem tranquilos que não haverá spoilers, o que dará tempo de você, leitor, ainda correr atrás e arrumar a desculpa perfeita pra levar aquele ursinho pra assistir contigo.)
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Recapitulando, então: Dez anos atrás, Sam Raimi lançou o primeiro filme de sua trilogia que adaptava para o cinema o herói dos quadrinhos, Homem-Aranha. A franquia estrelava, no papel do herói, Tobey Maguire e, como sua namorada Mary Jane Watson, a atriz Kirtens Dunst. De modo geral, os filmes foram bem recebidos pelo público, com alguma choradeira (esperada) dos fãs mais ardorosos dos quadrinhos. E, em julho de 2012, aportava nos cinemas do mundo todo o primeiro filme da nova versão do herói, reformulado para a segunda década dos anos 2000.
foto: divulgação
Esse reinício se propôs a apresentar ao público um novo Peter Parker, contar sobre “a história nunca contada” do mistério sobre os pais do personagem e as repercussões que isso teria na sua transformação em herói. Na verdade tudo é conectado, como numa teia. Conectado até demais. Sabe aquele lance tipo “Pedro-que-ama-Carolina-que-ama-José-que-amaMaria-que-ama-Paula-que-ama-Luis-que-ama-Felipeque-ama-seu-PS3”? Pois bem, o filme todo se sustenta nesse tipo de narrativa.
Andrew Garfield, o Peter Parker de Marc Webb.
Por um lado, a química do casal Andrew Garfield e Emma Stone, nos papéis de Peter Parker e sua namorada, Gwen Stacy, é perfeita. Martin Sheen e Sally Field também estão muito à vontade como Ben e May Parker, tios do herói. Na verdade, o elenco, de maneira geral, está mais interessante que o dos filmes originais.
de Peter de “garoto com super-poderes” para “HERÓI” também sofre um duro golpe. O momento que define a jornada do nosso protagonista é diluído e enfraquecido ao se repetir, de forma quase idêntica ao final da história. No fim das contas, o filme não justifica um “ESPETACULAR Homem-Aranha”; mas ser um “Homem-Aranha LEGAL” é mais do que o bastante.
O filme também se sai muito bem na função de refletir os quadrinhos, como nas boas sequências de luta e ao retratar o Homem-Aranha como um piadista (uma das características mais marcantes do personagem). Os lançadores de teia, motivo da ira nerd na trilogia de Sam Raimi, também foram aprovados dessa vez, mas o filme tem vários pontos negativos.
E, no final das contas, era necessário um reboot?
foto: divulgação
Um deles é o vilão Lagarto. Se por um lado, o CGI é competente e rende boas sequencias, por outro a motivação do antagonista é fraca. O evento que, em todas as versões do herói, é o catalizador da transformação
Tobey Maguire, na primeira versão do Homem-aranha.
ByM: Comparando esse primeiro filme com o de 2002, esse último ganha pra mim apenas nos efeitos especiais, cenas de luta (porque dez anos de tecnologia fazem diferença, vide o Hulk), e os diálogos de Peter/ Gwen. Apesar das boas atuações de Martin Sheen e Sally Field, esta última, pra mim, faz uma Tia May apagada, quase nula. E o Lagarto, nem se fala. O vilão não é o bastante para sustentar um filme. Nesse ponto, eu vi que o Duende Verde de armadura não era tão ruim assim. Eu preferia ver um Homem-Aranha universo Raimi, com os protagonistas novos... No final das contas, valeu a pipoca. James: Continuo achando o reboot algo BEM desnecessário, visto que o último filme do Aranha saiu há pouco mais de cinco anos. Entretanto, em praticamente todos os pontos, o novo filme me parece superior aos originais, ESPECIALMENTE no quesito “elenco”. Claro que o fato de ter assistido com as expectativas mais baixas possíveis ajudou mas, pra mim, foi uma boa diversão. bernardo MAGZ
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por Joel Rosa
Microcontos
no Facebook (for bears)
BEAR Era tudo, nada. Era dia, noite. Era pai, filho. Entrei na floresta, folhas no chão, chafurdava no mato e pulava, pulava com quatro patas, as dianteiras viravam mãos, braços. Homem-urso. Os pelos molhados de lama e cheiro de verde. Selva, ramagem que nasce e morre, ao apodrecer vivifica a árvore. Ando lento na mata, guardo-a e, ao lado da árvore, abraço meu urso. Sinto pelos grossos do seu corpo. Abraço quebra-ossos.
Ilustração: Nerone Prandi
LOBO Não, nada, engano, angústia, caminhar pelo lodo, perdido na mata de terra molhada até o pescoço. Se falasse, mas o silêncio a uivar canção funesta. Vi ao longe sombras, lusco-fusco a anunciarem a noite. Ouvi o lobo sem fim. Meu homem-lobo, meu cão a arrastar-me à lua cheia. Mas me guiava pelos uivos em sua direção. Até acalmá-lo ao apertar seus pelos contra meu peito, senti-lo ofegante a lamber meu rosto. Amor puro. bernardo MAGZ
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bernardo MAGZ
LONDRES
AMSTERDÃ
Entrei num pub da Regent St. com Picadilly, homens no balcão e suas pints com o descompromisso do fim de expediente. Olhei alguns, mas me interessou o último homem: meia idade, barba e pelos ruivos, sereno, postura reta e olhar fixo nas prateleiras. Ao aproximar, cumprimentou-me beijando com fúria, beijo de cinema, beijo para silenciar o set, de tirar o fôlego e respirar vida. Eis a paixão.
O vento no rosto dificultava pedaladas numa das pontes que mostravam canais na Raardhuisstraat e distrai-me com o Royal Palace. Em Amsterdã, duas bicicletas se cruzam numa espécie de duelo medieval e dois cavaleiros caem nas ferragens. Ele, olhos azuis, barba clara e peitoral e eu, acompanhava-o. Fomos no braço como nas lutas gregas, mas já beijos e abraços nos enroscavam em tentáculos pelo pescoço.
PARIS
ZURIQUE
Vejo um parisiense num café na Champs-Élysées. Alimenta-se como operário de fábrica. Fumo e observoo: a fortaleza do seu corpo em horas de trabalho na reforma de um casarão. Mestre de obras, rústico ao lidar com os pares. Olha-me de relance, abaixo a cabeça e desvio o olhar. Aproxima-se, senta-se, acaricia minha mão e pergunta:”meu companheiro?” Respondo em silêncio, minha cabeça sobe aos céus e desce aos infernos.
O ônibus vazio atravessou da Beethovenstrasse ao lago de Zurique. O motorista respirava a brutalidade das costas, braços e pernas. As águas refletiam seu dorso em estorços. Sentado, esperava o ponto final, para saltar. Na chegada, veio em direção a mim e, no banco ao lado, dava palmadas na sua perna direita, para que sentasse no seu colo. Ah, como queria sempre quis retornar ao colo do daddy! Sentei e dali não saí mais.
BERLIM
FLORENÇA
Entro no vagão na Alexanderplatz. No metrô berlinense, seres cansados e agitados desejam o silêncio ou o grito da noite. Vejo o homem, barba grisalha, escultura de “Moisés”, de Michelangelo, refletida em “O pensador”, de Rodin. Olho o semblante sábio, mas passional em pensamentos livres. A porta do vagão abre-se de novo noutra estação, aproxima-se, segura meu ombro, saímos e por aí sei que caminharemos sempre juntos.
Sentei-me perto da fonte de Netuno, na Piazza della Signoria.Vi o italiano com uma roupa de astronauta a restaurar Hércules. Davi falso e Nero olhavam com desdém, Caco esperava sua vez. Aguardava a abertura da Ufizzi e não gostava de filas de japoneses madrugueiros e da praça decidi olhar a manhã bela e meu restaurador, que parou, olhou-me e sem mais decidiu acompanhar-me à sala de Botticelli, no museu da vida.
SIENA
RHODES
Os cavalos agitavam-se na Piazza del Campo. Olhei um italiano com vestes azuis e as flâmulas do Pálio, retribuiu-me o olhar e acedeu com a cabeça. Deu-se o tiro inicial e meu cavaleiro medieval percorreu dos tempos, dos espaços, da vida à vitória. Após as glórias, segurou-me com seu braço musculoso puxando-me na garupa do seu cavalo e saímos daquela fortaleza. Ao longe a Duomo sienense era um filme em pb.
O velho definhava e rasgava em chagas. Comia papas líquidas que recusava e evacuava horas e horas. Cuidava dele como monge budista e era convicto da cura. Forficava-se o mínimo dias e dias. Recaídas não me desanimavam e nem a visão da monstruosidade. Um dia, já recuperado, Rhodes mostrou sua fortaleza ao erguer-me acima de suas colunas gregas e, com gratidão e amor no olhar, levantou-me nos seus braços musculosos.
BUENOS AIRES
RIO
Atravessamos o rio da Plata e, desde Montevideo, tinha febre e diarreias. Da Recoleta, foi fácil o acesso ao Belas Artes. Fraco, não comera, não bebera e tomara uns comprimidos, pois a nuca doía. Diante de “Le Moulin de la Galette”, de Gogh, desmaiei. Ao meu lado o homem tirou a camisa do próprio corpo, indagou-me a diagnosticar-me como médico ou médium, acompanhou-me na ambulância e assim sempre me salvaria.
Saltei do bondinho Santa Teresa. Absorto, a realidade me interessava menos que ideias. Assalto e sobressalto com facas enferrujadas, guerra civil não declarada, anestesia. Mesmo cético, entrei no boteco e vi enturmado um negão belo e musculoso num batuque alucinante, samba do bom. Olhamo-nos de cara, logo pedi cervejas e a tarde roçava nossas pernas nos batuques da vida, até sairmos abraçados e felizes juntos.
MONTEVIDEO
CAMINHONEIRO
Do Sólis ao Salvo. Subi ao 27º e um negro pôs o braço musculoso no meu ombro, levou-me e me amou à noite toda com uma pica monumental. Ele foi a minha noite. De dia, passeei pela rambla, debrucei na mureta, de perfil e em pb o farol dialogava comigo pensativo a olhar o mar ao longe. Então vi, em Pocitos, em posição fetal, perdido na praia, meu homem. Deitei-me ao lado e de conchinha dormimos os dias intérminos.
Faminto, entrei no bar da V. Maria e pedi um pf no capricho. De cara vi o belo caminhoneiro a devorar outro pf montanhoso. No rádio, tocava Sula. Caminhões arrastavam-se nas ruas do bairro. Fui lavar o rosto e ele me agarrou no banheiro. Beijei-o segurando com as duas mãos pela barba grande que cobria o rosto todo. Disse que ia a POA e que a partir daí seria seu parceiro. Aceitei e desde então não o larguei mais.
bernardo MAGZ
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OiQuéTc?
OiQuéTc?
por Well Woof
Svetlana Shapiro | Dreamstime.com
Namoro emconserva
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bernardo MAGZ
N
Namorar no
O que caçadores, amantes, ursos, chasers, cubs, chubbys, muscles e quem mais tiver no meio dessa floresta não podem deixar de lembrar é que as dúvidas são eternas e quando se ama ou se está disposto a manter um relacionamento devemos passar por cima de muita coisa e crescer.
Mas não é só isso!
Não vale a pena começar um relacionamento pra terminar no primeiro acontecimento fora do roteiro. Quem inventou aquela coisa da “segunda chance” sabia o que estava fazendo. De qualquer maneira o relacionamento gay é o que mais deveria dar certo, pois nós temos mais liberdade em nossas relações sociais. Mas acontece ao contrário e somos falidos nesse quesito.
meio gay é um evento muito delicado. Começar a namorar, quando se é gay, exige renúncias, escolhas e paciência. Os começos são sempre maravilhosos, muito sexo, presentinhos, cineminhas, passeios, viagens, juras, elogios, beijos, beijos, beijos e mais sexo.
Você também leva pra casa o outro e suas expectativas para juntar com as suas. Pequenos problemas e minitraumas com os quais os dois deverão conviver. Para muitos gays essa é a hora em que o relacionamento acaba. Quando se percebe que o cara mais gato da balada, o filé mignon do “Bate-Papo Uol”, o carinha das fotos fofas não é o príncipe encantado com o qual tanto se sonhou. E fim. Não há receita para se conservar o status de “relacionamento sério”. Mas existem pontos nas relações gays que precisam ser repensados. Começando pelo começo. Os dois tem que estar abertos a relacionamentos mais sólidos. Depois conhecer um ao outro e, por mais que as expectativas sejam muito grandes, não se deixar levar por elas. Tentar frear a emoção de se entregar por inteiro cegamente e ser mais racional. Analisar o que o outro tem de bom e de mal, ponderar e aí sim se jogar e alterar o status. Aqui começam os problemas. Ninguém planeja ter ataques de ciúmes, ninguém planeja ver mensagens de ex na caixa de entrada do celular do outro e, principalmente, ninguém planeja as dúvidas sobre a relação e muito menos traição.
O relacionamento sério gay é adaptável e negociável, se é que você, leitor esperto, me entende. As negociações podem ajudar a conservar o status, evitar dores, sustos e surpresas indesejáveis. Assim será possível ficar sempre junto, construir junto e acabar com sextas-feiras alone e sábados desperate. A validade de um namoro gay aventureiro costuma ter vida útil de 2 meses e meio e você pode sair dele arisco, machucado, traumatizado, desacreditado e com certeza vai começar a engordar rapidamente. Um namoro em conserva garante 6 meses de sexo, prazer, amor, se acontecer algo ainda terá a esperança de se abrir com alguém que pode te ajudar e se engordar não vai ser sozinho. Os requisitos essenciais para conservar um namoro são vontade, segurança e amor próprio acima de tudo. Vale dizer: Não é regra!!! Quem gosta de ser solteiro pode ter uma solidão saudável. Mas esse assunto fica pra uma próxima oportunidade. Obrigado. Woooof bernardo MAGZ
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msraw msraw
por Driko Hype
foto: divulgação
MDNA tour Olá Pessoal, tudo certo? Estamos de volta para falar sobre cultura POP. Nesta edição decidi fazer algo de diferente: estava curtindo um verão maravilhoso na Europa, tomando meus bons Drinks e optei por compartilhar os últimos acontecidos envolvendo o Pop. #Vem Gente Como todas sabem, Madonna está atualmente finalizando a parte européia da sua mais recente Turnê, a MDNA Tour. Como “polêmica” é quase que o sobrenome da Srta Ciccone, a sua passagem pelo velho continente rendeu muito para os tablóides sensacionalistas. Ultimamente, um dos assuntos mais comentados envolveu a projeção utilizada pela cantora durante a exibição da música Nobody Knows Me. No vídeo, uma montagem com temática política, várias imagens de lideranças mundiais aparecem em sobreposição ao rosto da cantora e, em determinado momento, é mostrada uma foto da líder da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, com uma suástica sobre o rosto, seguida pela imagem de Adolf Hitler. O partido de direita Frente Nacional, que Marine representa, já recebeu diversas acusações de promover o
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bernardo MAGZ
foto: divulgação
polêmicas da
racismo, sendo que o seu antigo líder, Jean-Marie Le Pen, foi condenado por racismo e antissemitismo na Justiça Francesa, e negou o acontecimento do Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial. Ao assumir o partido de seu pai, Le Pen assumiu ideias menos radicais, porém, ainda controversas, como defender frequentemente limitações à imigração de muçulmanos para diminuir a influência da cultura islâmica na França. Após a exibição do vídeo o partido de extremadireita entrou com uma ação contra a cantora por difamação. A Material Girl se pronunciou sobre o tema no show intimista realizado na famosa casa de show francesa, Olympia, em discurso que exaltou sua admiração e afinidade que sente pelo país, citou a crescente onda de intolerância na Europa e afirmou que sua intenção não é fazer inimigos, mas sim, promover a tolerância. E não para por aí, outro momento de tensão foi a apresentação que a cantora realizou em Moscou. Madonna defendeu a banda de punk feminista Pussy Riot, que faz letras abertamente contrárias ao atual presidente russo Vladimir Putin, ao realizar a performance de Like a Virgin com um capuz cobrindo o seu rosto e exibir o nome da banda “tatuado” em suas costas.
As líderes da banda Pussy Riot estão presas desde fevereiro por terem protestado contra o governo de Putin na frente de uma igreja Ortodoxa cantando uma música intitulada “Virgem Maria, libertai-nos de Putin”. O local do protesto tem um significado, a Igreja Ortodoxa Russa, que possui mais de 28 milhões de adeptos na região, são abertamente contra homossexuais, imigrantes e outras “minorias” e, segundo consta, tem como um de seus líderes Vladmir Putin. A situação foi tão delicada que até a embaixada norte-americana divulgou um comunicado onde alertava a cantora sobre os riscos de violência contra o público e artistas. Mesmo avisada pela própria embaixada norteamericana sobre os perigos que corria ao realizar este show, Madonna não voltou atrás e fez sua performance como de costume. Durante o seu discurso, defendeu novamente a liberdade de expressão, disse que as integrantes do Pussy Riot têm o direito de serem livres e finalizou afirmando que gosta de viver perigosamente. Atitude digna de Rainha, não é?
Links de referência: http://madonnaonline.mtv.uol.com.br/tag/marine-le-pen/ http://rollingstone.com.br/noticia/madonna-defende-o-uso-de-imagens-nazistas/ http://estrelando.com.br/celebridades/nota/-_nao_quero_fazer_inimigos_diz_madonna_sobre_marine_le_pen_-122803.html http://madonnaonline.mtv.uol.com.br/2012/08/08/entenda-porque-madonna-cantou-com-capuz-no-show-em-moscou-e-o-que-e-pussy-riot/
bernardo MAGZ
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bernardo MAGZ
em... Boatos
Ber the bearŠRafael Lopes
bernardo MAGZ
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bon apetit bon apetit
por Andresa Lane
Doce
pia
de
O
Olá meus ursos queridos. Gente, preciso contar a historinha triste antes de mostrar pra vocês os resultados das minhas aventuras na cozinha. Quando fui incumbida de dar as dicas de culinária desse mês quase desmaiei. Acontece que a pessoa aqui não cozinha nada. “– Nada mesmo Desa? Nem ovo frito?” “– Nem suco de pozinho”. Sério, sou péssima cozinheira, daquelas que conseguem errar até o miojo. Quase recusei. Mas ai pensei melhor. E o que me convenceu foi: Se eu conseguir, então todo mundo que tentar também vai conseguir. Juro. Claro que eu fui correr pra minha mãe. Nem vem rir da minha cara! Ué, ela me alimenta todos esses anos, quem melhor pra me ensinar? Peguei o livro de receitas dela e a segui pra um lado e pro outro, feito sombra: “Mãe, essa é fácil? E essa, tem os ingredientes aqui? Qual a diferença da farinha de rosca pra farinha de trigo? A Sra. me ajuda a ligar o liquidificador se eu tentar essa?” Até que meu pai, aquele lindo, veio com a seguinte sugestão: “Porque é que você não faz o Doce de Pia da minha avó?”. Ok. Ele pede esse doce há anos e eu sou puxa saco dele pra sempre gostei da idéia. Decidido o prato. Agora, e pra achar a receita? Sabe aquelas receitas que, há 200 anos atrás, uma
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bernardo MAGZ
linda mocinha prendada inventou/aperfeiçoou e começou a fazer como ninguém? Aí passou pra filha dela, que passou pra próxima filha, e assim por diante até chegar à última filha da linhagem da linda mocinha prendada que, por um acaso, sou eu. Só que eu sou uma vergonha pra todas as lindas mocinhas antecessoras a receita se perdeu com a minha bisavó. Ah filhinho, Google pra quê? Depois de caçar horrores, caí num site de receitas, basicamente controlado pelas leitoras, e achei uma bem parecida com as diretrizes que meu pai conseguiu se lembrar. Tentei a primeira vez seguindo a receita do site a risca e... tchan tchan tchan tchan... deu tudo errado. O negócio ficou mole, a pia ficou cheia de açúcar queimado grudado nos cantinhos e minha mãe me xingou durante uns dois dias. Mas eu sou brasileira, filha mais velha, geniosa e mimada. Não desisto nunca. Continuei procurando dicas no Google, ligando pras tias e infernizando minha mãe. Quando encontrei uma cozinheira anos luzes melhor do que eu que me deu as dicas certas reuni todas as correções necessárias, fui fazer o tal do doce de novo. Num é que o negócio funcionou? Ficou muito bom e é facinho. Mas tem que fazer direito.
foto: Andresa Lane
1 lata de leite condensado 2 latas de açúcar (use a lata vazia de leite condensado para medir) Margarina pra untar Deixe um espaço na pia (ou num balcão. Se tiver algum lugar de mármore é melhor) bem limpo e untado com a margarina. Mistura a lata de leite condensado com o açúcar numa panela (preferencialmente uma de ferro – as de vidro/inox costumam queimar o fundo um pouquinho). Mexe em fogo baixo até começar a desgrudar do fundo da panela. Despeje tudo no local untado e deixe esfriar bem. Ele vai endurecer um pouquinho e você pode cortar em cubinhos. Ai é só servir. Dica: Depois de cortado, deixe na geladeira por um tempinho. Fontes: www.tudogostoso.uol.com.br / www.revistaadega.uol.com.br / www.bbel.uol.com.br
foto: Divulgação
Ingredientes / Preparo
Chega de história triste, vamos à receita:
Como o doce de pia é BEM doce, recomendo servir com uma bebida um pouquinho amarga. Se você não é fã de bebidas alcoólicas, pode servir, por exemplo, com o bom e velho cafezinho ou com chá preto (gelado ou quente, tanto faz). Mas se você gosta de um bom drink, minha dica pra você é o Underberg: Bebida criada pelo alemão Hubert Underberg, conhecida por ajudar na digestão. Por volta de 1850, era fabricada no Brasil com base na receita alemã, vendida em garrafas de 1 litro. No entanto, hoje recebemos a bebida original, que é comercializada no mundo todo em garrafinhas de 20 mililitros (para uma dose). É chamada aqui como Brasilberg e, por tradição, servida numa taça de 24 cm de altura, criada especialmente para a bebida em 1867. Quem não tem as taças, pode servir num daqueles copos chamados “Old Fashioned”, que é perfeito para dinks. Não se esqueça do gelo e limão ou laranja. bernardo MAGZ
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Estética e Saúde
Barba: dicas e cuidados por Adriano Santos
U
Ursos adoram ela. Seja comprida, cheia, desenhada ou mais curta, a barba é parte fundamental do visual bear. O seu uso está tão em alta que ela ganhou até uma data na internet, o #barbaday realizado em 29 de Julho e que segundo a descrição no tumblr (http://barbaday.tumblr.com/) onde as imagens foram publicadas tem como objetivo: “reunir os barbudos mais legais, mais interessantes e mais gatos das redes sociais em um só lugar.”
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bernardo MAGZ
Para muitos, deixá-la simplesmente crescer pode parecer uma opção mais prática em relação ao hábito diário do barbear. Porém, muitos adeptos desse estilo precisam manter uma rotina de cuidados com a barba caso queiram evitar uma aparência exageradamente descuidada ou tenham necessidade de optar por um estilo de barba menos radical por conta de questões profissionais. Confira a seguir um apanhado de dicas que podem facilitar a sua rotina na hora em que for “cultivar” os seus pelos faciais.
bernardo MAGZ
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Š Curaphotography | Dreamstime.com
Estética e Saúde
A escolha da espuma de barbear deve ser feita de acordo com o tipo de pele. Facilmente se encontram a venda no mercado três tipos de espuma de barbear: mousse, gel e creme. Pessoas com a pele oleosa devem dar preferência ao primeiro tipo, enquanto os outros dois são ideais para homens com a pele normal ou seca.
O ato do barbear será melhor aproveitado se realizado após o banho, porque além da pele estar limpa, os poros estão mais abertos. Não opte pela espuma do sabonete pois ela pode causar irritações na pele. O estado da lâmina de barbear também deve ser checada, os modelos descartáveis tem uma duração ideal para três barbeares, após isso, pode estragar a pele e provocar ferimentos. Fazer a barba no sentido contrário dos pelos pode causar nas peles mais sensíveis a foliculite, tipo de inflamação muito comum.
Se a ideia é controlar o crescimento desordenado da barba é recomendado acertar os contornos no pescoço, laterais no rosto e uniformizar o comprimento geral dos fios. Esse tipo de procedimento deve ser repetido periodicamente. Se o seu estilo inclui o uso de bigode, deve-se também se atentar para a aparação dos fios ao longo da linha do lábio superior.
Quem deixa a barba crescer sabe que no começo rola uma coceira enquanto os pelos vão aparecendo. Isso nada mais é do que o estranhamento da pele que estaria se acostumando com os novos pelos. Para aliviar esta sensação pode-se lavar o rosto com água fria e assim eliminar o suor.
Use de preferência os aparelhos descartáveis de duas lâminas, que cortam os pelos sem necessidade de passar a lâmina pela mesma área várias vezes. O método, no entanto, é considerado o mais abrasivo e pode causar irritação. O alívio no atrito é obtido com o uso de cremes de barbear, conforme citado há pouco.
Os barbeadores do tipo elétrico são mais práticos, pois não precisam de cremes e são praticamente indolores. Por não cortar o pelo tão rente, reduzem a agressão em peles com foliculite, porém, a pele não fica tão lisa se comparar com os outros tipos de aparelho de barbear.
Terminado o barbear e com o visual renovado, é necessário aplicar a loção pós-barba, que além de fechar os poros, alivia as agressões provocadas pela lâmina. As mais encontradas no mercado são à base de álcool, porém não são as mais indicadas, pois podem irritar mais ainda a pele.
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bernardo MAGZ
Agora que o visual está completo é só mostrar para o seu urso e aproveitar. Aposto que ele vai adorar!
O site Uol Estilo publicou um guia com sugestões dos cuidados que os homens devem tomar com a barba. Confira as principais no Box abaixo:
2. Para determinar o limite inferior da barba, trace uma linha imaginária horizontal no pescoço um dedo acima do pomo-de-adão, o popular gogó, eliminando os fios que estiverem abaixo dela. Quem possui papada pode disfarçá-la traçando uma linha reta que sai abaixo do maxilar, cobrindo o início da papada (sem cobrir o gogó). 3. O comprimento dos fios deve ser aparado semanalmente com a máquina. Para manter as linhas dos contornos, o acerto precisa ser feito em dias alternados.
4. Para manter uma proporção harmônica entre barba e cabelo, a primeira não pode ser mais cheia do que o segundo. Para os calvos, o ideal é usar uma barba bem mais curta, de apenas alguns dias. 5. Coceira é uma reclamação recorrente de quem resolve deixar a barba crescer. Segundo o cabeleireiro, o problema acontece porque a região fica mais quente e transpira mais. Até a pele se acostumar com os fios, ele recomenda lavar o rosto apenas com água para tirar o suor nos momentos de irritação. 6. Quem tem barba grisalha, ruiva ou loiro muito claro, pode até fazer um tingimento discreto para escurecêla. No entanto, o recomendável é que o cabelo se mantenha em um tom mais escuro que a barba, para não pesar o visual.
© Sebastian Czapnik | Dreamstime.com
1. Para disfarçar falhas na barba, passe a máquina no sentido contrário ao crescimento dos pelos onde ela estiver maior. Nas áreas onde há falhas, use a máquina no sentido do crescimento dos pelos. Dessa forma, você irá nivelar melhor os fios, tirando um comprimento menor onde há falhas.
Links de referência: http://dudesmodernos.com/2011/11/28/como-manter-uma-barba-de-10-dias/ http://www.details.com/style-advice/grooming/201111/how-to-pull-off-ten-day-beard#slide=1 http://estilo.uol.com.br/ultnot/2008/10/20/ult3617u7121.jhtm http://www.mundodastribos.com/melhores-produtos-para-barba.html
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perfil bear por Adriano Santos
foto: divulgação
perfil bear
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bernardo MAGZ
Kayc
dj
O
Tisdale
O Dj brasiliense Kayc Tisdale é o destaque da nossa terceira edição. O jovem de 25 anos teve seu primeiro contato com a música por acaso, durante a adolescência, mais precisamente com 15 anos, ao ter que ajudar a equipe de som do pai que tocava Funk e Axé. A partir daí se apaixonou pelo mundo da discotecagem e passou a pesquisar mais sobre música eletrônica e suas vertentes, com destaque ao ritmo Tribal House, seu estilo musical favorito. O grande mentor de Kayc neste início de carreira foi o Dj Paulo Freitas que o ensinou as técnicas necessárias para trabalhar a música e levar todos ao delírio na pista de dança. Kayc participou das principais festas de Brasília e também agitou as pistas da White Party de Salvador. O Dj já tocou com inúmeros nomes de peso da cena brasiliense como Tiago Vibe, Gilmar Golucho (Blue Space-BSB), Rozy Acioli e Paula Almeida. E não para por aí. Ele ainda se apresentou ao lado de renomados djs da noite brasileira. Entre eles os dj´s Alexandre Bispo (Ursound, BIG e Sonique), Gustavo Vianna (Ursound e Cantho), Brunno Pachecco, Jay-C (Pacha NY) e com o DJ e produtor Tommy Love. A sua participação na cena Bear deu-se por conta do convite do produtor Thiago Batticelli, que o chamou para ser residente da festa Bears Celebration e assim agitar a ursarada do cerrado com seu som animado e contagiante. De acordo com Kayc, sua história com a festa Bears Celebration foi engraçada. Ele conta que já
havia frequentado uma festa Bear anos atrás e que conheceu Batticelli enquanto tocava em um after. O produtor se interessou pelo seu som e disse que queria que ele tocasse na Bears Celebration, porém não informou a data em que aconteceria a festa. Eles apenas trocaram o contato telefônico e Kayc ficou de receber uma ligação de Batticelli com mais informações. Essa ligação foi realizada apenas um ano depois deste encontro e, a partir daí, Tisdale passou a fazer parte da equipe da Bears Celebration, atuando como residente da noite dedicada aos ursos.
“Há mais de um ano eu tava num after e escutei o Kayc tocando e vi que o som dele se diferenciava pelo vocal de qualidade, ele tem um gosto bem refinado pra house, aí acabei pegando o contato dele, já pensando numa futura festa que eu tinha em mente... E o mais engraçado é que depois descobri que ele estudava onde eu trabalho! Aí expliquei pra ele do projeto da Bears Celebration, fiz a proposta, ele aceitou, e agora estamos aí chegando a um ano de festas e ele sempre como residente e realmente os ursos adoram o som dele.” complementa Thiago Batticelli. Kayc é apaixonado pelos agitos da noite de Brasília e a considera fantástica. Segundo ele, a festa Bears Celebration atende a todos os gostos, contemplando desde os ursos mais velhos até os mais jovens e o fato de serem responsáveis pela única festa voltada ao público peludo atrai um alto número de curiosos para a pista de dança que se divertem ao som de sucessos Pop e também hits mais bernardo MAGZ
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perfil bear
perfil bear
por Adriano Santos
agitados como o remix de Alex Dubbing para a música Sober de Pink e também Scream to the Music, parceria do Dj Tommy Love com a cantora Twiggy. Sua pegada sonora vem de influências europeias, ele ainda diz que admira os timbres dos Djs Latinos Luiz Erre, Gustavo Scorpion e Beatallfusion. Tisdale não deixa de elogiar o trabalho de Tommy Love, se diz apaixonado pelo trabalho deste Dj e considera mágica a energia que Love transmite aos amantes de música eletrônica. Falando em preferências musicais, Tisdale sempre dá prioridade aos hits favoritos de quem está prestigiando suas festas. O sucesso da festa segundo ele é a musicalidade, obviamente, e também a hospitalidade e o compromisso da equipe responsável pela Bears Celebration com o público para que sempre sejam apresentadas novidades e assim todos possam se divertir. A festa começou na extinta casa Glow Lounge, passou para a Star Night com o aumento no número de frequentadores. Além disso Kayc esteve envolvido na primeira Pool Party ursina do Distrito Federal, iniciativa que rendeu, inclusive, cobertura da mídia local. E é nesta Pool Party que o Dj presenciou duas cenas inusitadas. Pois durante a folia, ele recebeu amigos de São Paulo que causaram muito, dançaram, agitaram, ferveram tanto, que deixaram Kayc boquiaberto com toda a performance. Na mesma festa encontrou um professor que era sonho de consumo de todas as meninas da escola, e, para a sua surpresa, depois de conversarem descobriu que o professor era gay. Claro que isso para ele não diferencia as pessoas, ele se diz meio desligado em relação ao tema e acredita que todos são heterossexuais até que veja alguém nas festas LGBTs em que trabalha. Além de participar das festas mais agitadas da noite de Brasília, o Dj ainda estuda enfermagem e planeja ingressar no curso de Educação Física. Tisdale também atua durante as semanas como auxiliar administrativo. Quando questionado como faz para manter essa
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jornada dupla, diz que é algo simples, ele apenas fica mais tempo acordado do que o normal e finaliza rindo. O jovem afirma que é comum os Djs da cidade possuírem uma profissão paralela, pois é complicado obter uma estabilidade nesse ramo musical. Quando questionado sobre como um Dj faz para se manter na cena Bear, ao não preencher aquele estilo malhado e descamisado visto em determinadas casas noturnas, Kayc diz que o primordial nesta área é saber trabalhar tendo bom gosto musical e entrando em sintonia com as vontades de quem está na pista de dança. Kayc ainda reforça que os Ursos em geral são bem resolvidos com seu corpo, possuem orgulho de ser assim e que o fato de um Dj não fazer o tipo Bombado, depilado e descamisado não significa que o seu trabalho será melhor ou pior. A questão da aceitação, na sua opinião, permite que os Ursos vivam bem consigo mesmo. Kayc Tisdale tem como aposta musical na cena brasiliense os Djs Vanderley Andrade e Dandata Coelho que também tiveram o mesmo professor de música, o Dj Paulo Freitas. Segundo Kayc, esses profissionais conquistaram o público rapidamente e a vibe deles é algo que não se pode copiar. Na cena nacional as suas apostas vão para o já citado Dj Tommy Love, ainda destaca pela bela voz as cantoras Gisa Nunez, Paula Bencinni e Nicky Valentine como nomes que ainda vão dar muito o que falar na noite. Kayc finaliza a nossa entrevista dizendo que mixar músicas é uma arte e, como tal, precisa sempre de aprimoramento, que o Dj precisa se entregar à música e transformar a noite em um momento mágico, de alegria e êxtase. Contatos Kayc Tisdale: Email: djkayctisdale@hotmail.com Twitter: @Djkayctisdale Orkut: Dj kayc Tísdale Blog: www.djkayctisdale.blogspot.com Soundcloud: www.soundcloud.com/DJKAYCT-SDALE Face: www.facebook.com/djkayctisdale
contos ursinos contos ursinos
por Moa Sipriano
Eu sou um...
N
?
URSO
Nunca fui muito fã de rótulos e guetos e modinhas e roteiros impostos, seja na cama, seja na vida. Durante muitos anos, tive vergonha de ser “diferente”, não na homossexualidade escolhida desde doce idade, mas sim no lance de corpo, pelos e o conjunto da obra. Lutei contra mim-eu-mesmo, sempre me achando um cara feio, não desejável, aos olhos dos outros homens do meu convívio juvenil. Na adolescência e durante boa parte da juventude, pelos – para mim – era algo medonho, “sujo”, horrível. Apenas quando me descobri homem, adulto, reparei que o Sr. Diferente tinha o poder de atrair adoradores de ursos. Sim, “ursos”, expressão estranha que levou séculos chutando minha careca até eu descobrir e compreender o sentido de tudo. Não encarei como um rótulo e sim como fazer parte de uma realidade. E veio a Internet, e nas pesquisas googleanas. Vi que eu não era tão alienígena assim. Havia zilhões de outros caras com o mesmo perfil que o meu.
e desafios visucomportamentais. É por isso que acho uma besteira ficar colando coisas no nosso jeito de ser, já que temos o macete de viver tantas pluralidades! Aprendi a amar meus pelos. Descobri que posso ser amado por causa deles (um dos fatores da atração). Aprendi a me amar e a atual existência me ensinou a superar todos os percalços embotados na minha – hoje – eliminada ignorância. Como cresci, notei que havia um dom a ser explorado. Descobri que com palavras posso mudar o mundo, ao menos ajudar outros Pelúnicos a se aceitarem, a transpor barreiras que já ultrapassei, indicando assim caminhos a seguir, sem jamais – jamais mesmo! – impor regras ou verdades absolutas. Meu lema é: “EXPOR RESPEITO IMPÕE RESPEITO!” e é por isso que tenho conquistado bom sucesso de popularidade junto aos meus amigos ursos e admiradores. Aprendi a ser um gay feliz (trocadilho válido), um homem realizado, um urso pleno (risos) que sabe satisfazer por completo quem cruza o meu caminho.
Enfim, me achei. Mas mesmo assim, nunca concordei com as toscas divisões ursinas: daddys, chasers, bears, bambees... Tanto faz! Penso que é tão fácil mudar de “categoria”, modificando o corpo, aparando pelos, encarnando novos estilos
Satisfaço com palavras, atos, atitude, carinho e compreensão. Tudo exatamente nesta ordem! Hoje bato no centro do meu peito forte, farto, sedoso. Sim, eu sou um urso. Porém acima de tudo... sou COMPANHEIRO. bernardo MAGZ
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Ilustração: Denilson Medeiros