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CONSULTÓRIO COMPORTAMENTO

A recusa às tarefas escolares Como estão as famílias que, em tempo de telescola, têm crianças que se recusam a trabalhar?

TERESA MARQUES Psicóloga Clínica no PIN teresa.marques@pin.com.pt

Para muitas famílias as tarefas escolares já o eram e são, ainda mais agora, uma das maiores fontes de conflito e stress. Neste momento, em que os pais se sentem mais responsáveis pelo desempenho escolar dos filhos, será especialmente desafiador ter de gerir e lidar com uma criança que recusa fazer as tarefas escolares. Às famílias que se deparam com estas dificuldades proponho uma reflexão sobre premissas, que frequentemente levam os pais a agir de forma desajustada:

Ele é preguiçoso, não quer saber nem se preocupa. Independentemente do motivo que leva a criança a recusar trabalhar, a primeira coisa a fazer é reconhecer que a criança está com dificuldade em adaptar-se às novas exigências. Seria mais fácil para a criança cumprir com o que lhe está a ser pedido, mas isso pode ser extremamente difícil, se num determinado momento lhe faltam as competências e estratégias necessárias para o fazer.

Eu (sozinho) tenho de encontrar uma solução para este problema. Una forças com o seu filho para que juntos possam encontrar soluções. Procure usar um estilo de comunicação claro, calmo e empático, que incentive a criança a envolver-se nesta busca de causas e soluções. Lembre-se que estratégias diferentes resultarão de forma diferente, conforme a família que as aplica e que encontrar o que resulta para ambos, adulto e criança, será sempre um trabalho de tentativa erro.

Se ele não faz, o melhor será fazer com ele e dizer-lhe como fazer. Estar disponível para ajudar e apoiar não deve significar que a criança não tenha de realizar o seu trabalho de forma autónoma. Contudo, lidar com os sentimentos de ambos, relativamente à possibilidade de incumprimento das tarefas da escola, pode ser extremamente angustiante. Assim, procure normalizar, seja empático e gentil. Mantenha presente e relembre a criança que muitos estarão a passar pelas mesmas dificuldades. Lembre-se que a si cabe-lhe ser pai e não professor. Incentive a criança a expor ao professor a sua dificuldade e de que forma impediu que conseguisse realizar a tarefa com sucesso. Nesse sentido, ajude a criança a identificar o professor como um recurso de ajuda e suporte. Não temos todos de caminhar à mesma velocidade, nem pelos mesmos caminhos e o seu filho deve sentir confiança de que o professor, os colegas e os pais estão disponíveis para o ajudar.