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DIA DO PAI SEM PAI

Feliz dia de todos os pais: dos que estão presentes e dos que não estão. Dos que não sabem quando vão voltar, dos que não sabem se vão voltar e dos que nunca mais vão voltar. Afinal… feliz dia do pai ou triste dia do pai?

Há dias pelos quais esperamos o ano inteiro! E depois há dias dos quais pode apetecer fugir a sete pés, dos quais às vezes seria mais fácil fingir que não existem.

Sabemos que os pais e as mães não vivem para sempre (embora às vezes ache que alguém devia inventar essa regra) mas ainda assim, por sabê-lo, não ficamos automaticamente preparados para aguentar esse dia. Ou todos os dias em que há gatilhos de memórias em toda a parte.

E em todos os ecrãs: televisões, telemóveis, computadores, todos teimam em lembrar. Como me sinto quando olho manifestações de amor em forma de tweet, post ou story no meu feed? Façamos scroll no nosso corpo: está a ser muito desconfortável? Não quero pensar nas memórias que isso me traz neste momento?

Ou por outro lado quero também relembrar o pai desta forma? Surgem lembretes de momentos partilhados, de presentes, de brincadeiras, de conversas, de alegria, culpa e saudade. Lembretes constantes de que ele não está aqui, que não o deixam esquecer. E ainda bem.

Como é este dia para ti? Lembras-te do pai com todos os sentimentos e pensamentos que isso traz? Ou fazes muita força para não pensar? Ou os dois em loop de montanha russa?

Por um lado, a criança pode precisar de: falar sobre o pai, ouvir histórias dele, ir a um sítio que a faça lembrar o pai, ouvir a sua música favorita, cozinhar a sua comida favorita, escrever-lhe um poema ou uma carta, ser escutada nas suas necessidades.

Neste caso, a criança pode precisar de se proteger para que os seus sentimentos e pensamentos não sejam avassaladores, ou seja: não ouvir falar sobre o pai, brincar com amigos, jogar playstation ou computador, ir ao cinema, ser escutada nas suas necessidades.

Essencialmente, reforço, que escutem as suas necessidades, mesmo que venham em loops de montanha russa. Porque, no fundo, é em loops de lembranças e distrações (que parecem muitas vezes contraditórios) que nos regulamos emocionalmente e caminhamos na integração do luto.

Nota para a escola: sempre e quando possível, questionar a criança se quer construir o presente do Dia do Pai e colocá-lo num sítio à sua escolha, entregar a uma pessoa à sua escolha, ou por outro lado optar por uma atividade diferente.

Mas não é preciso ser criança para este ser um dia de saudade. Um pai faz falta aos 5 anos, aos 50, a vida toda. Por isso, se é adulto, todas as necessidades neste dia são igualmente para ser escutadas, validadas e acolhidas.

Oxalá houvesse uma escada direta para o céu e subiríamos degraus dois a dois. Soubesse eu o código postal e escreveria as saudades de quem vive o Dia do Pai sem pai. Lanço-te o desafio: envia para a Consulta do Luto do PIN a tua história, o teu desenho, a tua carta do Dia do Pai através do e-mail susana.esteves@pin.com.pt.

Feliz dia de todos os pais: dos que estão presentes e dos que estão “só” no coração.

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