estúdio tietê - vol. jardim helena

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estúdio tietê projetos de infraestrutura e habitação vol. jardim helena publicação das disciplinas AUP0156 e AUP0160 primeiro semestre de 2017

universidade de são paulo faculdade de arquitetura e urbanismo (FAUUSP) são paulo

organizadores: Oliver De Luccia Marina Panzoldo Canhadas Luísa Gonçalves Gustavo Massimino Adriana Rodrigues Lima Valério Pietraroia Gabriel Hirata Felipe Suzuki Ursini Laura Castellari Affonso Luiza Fujiara Guerino

FAUUSP, 2017


agradecimentos

À Universidade de São Paulo e à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, por propiciar a continuidade dos Programas PAE e de Monitoria de graduação, onde foi possível o desenvolvimento desta publicação. Que este instrumento de divulgação do trabalho dos alunos possa ser ampliado e melhorado como forma de valorização das atividades desenvolvidas dentro da Universidade. Aos Professores das disciplinas AUP0156 e AUP0160, pelo apoio e incentivo durante o programa de monitoria. Aos Estudantes das disciplinas AUP0156 e AUP0160 pelo interesse e participação das oficinas e discussões com os monitores. Aos funcionários da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, pelo apoio e orientação nas questões técnicas do programa. Ao Sr. José Tadeu de Azevedo Maia e funcionários da seção técnica do LPG-FAUUSP pelas orientações na elaboração e impressão deste volume. À equipe de monitores do estúdio Tietê pelo suporte do material desenvolvido previamente e que serviu de base para elaboração destes volumes.

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Estúdio Tietê: projetos de infraestrutura e habitação - vol. Jardim Helena Organização: Oliver De Luccia et al. São Paulo: FAU-USP, 2017 ISBN: 978-85-8089-111-9 Trabalhos de Disciplina (AUP0156 e AUP0160) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo 1. Projeto de Arquitetura (Estudo e Ensino) 2. Infraestrutura Urbana 3. Edifícios Residenciais I. De Luccia, Oliver, org. Serviço Técnico de Biblioteca - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo


4. Ficha técnica

índice

8. Localização geral 9. Introdução 14. Integração disciplinas AUP + AUT 16. Monitoria Graduação 18. Estágio PAE 20. Oficina de habitação 22. Seminário intermediário 26. Área de intervenção - Jardim Helena 28. AUP0156 - Infraestrutura - tema, justificativa, objeto 30. AUP0156 - Infraestrutura - programa

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33. AUP0156 - Infraestrutura - projetos 46. AUP0160 - Habitação - tema, justificativa, objeto 48. AUP0160 - Habitação - programa

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50. AUP0160 - Habitação - projetos


aup0156

professores Prof. Dr. Alexandre Delijaicov Prof. Dra. Anália Amorim Prof. Dr. Antonio Carlos Barossi Prof. Dra. Marina Grinover Prof. Dr. Milton Braga estagiários PAE Luísa Gonçalves Oliver De Luccia Valério Pietraroia monitores de graduação

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Cássio Yugo Abuno Felipe Suzuki Ursini Leila de Lacerda Pankoski Luiza Fujiara Guerino Victor Eduardo Moreira de Oliveira


professores

aup0160

Prof. Dr. Álvaro Puntoni Prof. Dr. Dr. César Shundi Prof. Dra. Helena Ayoub Prof. Dra. Marta Bogéa

estagiários PAE Adriana Rodrigues Lima Gustavo Massimino Marina Panzoldo Canhadas

monitores de graduação

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Gabriel Hirata Laura Castellari Affonso Luiz Filipe Rampazio Priscila Anderson Oliveira


números aup0156

005 professores 003 estagiários PAE 005 monitores graduação 161 estudantes 000 intercambistas 000 poli-fau 015 semanas de aula 002 exposições gerais de trabalho

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004 professores

números aup0160

003 estagiários PAE 004 monitores graduação 186 estudantes 024 intercambistas 013 poli-fau 015 semanas de aula 002 exposições gerais de trabalho

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Projeto do Hidroanel Metropolitano de São Paulo (www.metropolefluvial.fau.usp.br), com inserção do perímetro do Arco Tietê (linha pontilhada preta), e localização das duas áreas de estudo: (1) freguesia do ó; (2) jardim helena

5km Legenda: Triporto

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Transporto Ecoporto


O estúdio vertical 2017: Praça estação na Freguesia do Ó e Porto Fluvial urbano no Jardim Helena Vivemos no Brasil tempos difíceis. As notícias, como poucas vezes, são estarrecedoras e os ânimos estão acirrados. Mas, diante de tanta desordem, a boa notícia é que o país vem necessariamente promovendo uma revisão de seus valores e há a expectativa de que de tudo isso resulte um Brasil melhor, que supere a perversa cultura patrimonialista que viceja entre nós e domina nossa política. Outra boa notícia é que a cidade entrou na pauta. Proliferam as colunas, os blogs e as notícias tratando dos assuntos urbanos. Não é para menos: a cidade é naturalmente onde tanto as associações como os confrontos se materializam. E o mundo é cada vez mais urbano. O Brasil tem atualmente mais de 85 % da sua população vivendo nas cidades e seu PIB é majoritariamente produzido nelas. Cidades mais belas, mais equilibradas e mais eficientes são, portanto, estratégicas para o nosso futuro. Considerando que uma das mais importantes transformações infra estruturais é a atualização das mentalidades, da cultura, esse interesse renovado pelas cidades abre aqui entre nós uma grande oportunidade para a construção de uma cultura mais urbana e de consensos mínimos que pautem os grandes projetos que temos ainda que desenvolver.

introdução estúdio tietê

No caso de São Paulo, a FAUUSP, como faculdade de arquitetura e urbanismo pública e também por seu tradicional compromisso com a construção de cidades mais justas, tem um papel de destaque na condução desse debate. Cada professor e cada estudante (e futuro arquiteto) é um interlocutor privilegiado na proposição e na informação das nossas pautas urbanas e metropolitanas. É por isso que o estúdio vertical composto pelas disciplinas obrigatórias do Grupo de Disciplinas de Projeto de Arquitetura (GDPr) tem proposto que sua área de estudo se constitua como um recorte exemplar de problemas centrais dessa agenda pública. No primeiro semestre de 2017, as disciplinas AUP 0156 e AUP 0160 elegeram duas áreas que estão inseridas em dois grandes projetos para São Paulo, cujo futuro está agora sendo determinado pelo debate geral1:

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(i) uma futura praça estação intermodal de transportes e um conjunto de habitações coletivas em lotes lindeiros a essa praça, dentro do Arco Tietê; (ii) um porto fluvial urbano e um conjunto de habitações coletivas em lotes lindeiros a esse porto, como parte do Hidroanel Metropolitano de São Paulo.

O Arco Tietê é um recorte urbano e principal trecho da Macroárea de Estruturação Metropolitana (MEM), recentemente definida no Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo e composta, basicamente, pelos eixos e respectivas várzeas dos rios Tamanduateí, Tietê e Pinheiros, que estruturaram e continuam a estruturar a cidade. É a área central da Macrometróple Paulista e, a despeito do desastre que até o momento tem sido sua urbanização, apresenta-se como o logradouro público com maior potencial para constituir o lugar mais emblemático de São Paulo, em todas as suas escalas. Para que isso aconteça, no entanto, é preciso desenvolver um grande projeto urbano capaz de transformar esse quadro, iniciando-se pela sedimentação de um consenso mínimo do que ali fazer. 1 A publicação das disciplinas AUP0156 e AUP1060 foi feita em dois volumes, separando os trabalhos dos alunos de acordo com a área de estudo escolhida pelas equipes: vol. Freguesia do Ó e vol. Jardim Helena.

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Arco Tietê


O PDE estabeleceu que os setores e recortes da MEM sejam objeto de estudos específicos para terem seu planejamento final estabelecido e, em linha com essa determinação, ao final da última administração, a Prefeitura de São Paulo (PSMSP) enviou para a Câmara dos Vereadores um Projeto de Intervenção Urbana (PIU) para o Arco Tietê, o qual foi, recentemente, suspenso pela atual administração. O PIU Arco Tietê resultou de um rico processo de participação pública, iniciado por um chamamento público municipal para um Processo de Manifestação de Interesse (PMI) em 2013, que permitiu a diversos agentes da cidade apresentarem suas ideias para a área. Ao final desse processo, aproveitando muitas das ideias resultantes, a própria PMSP desenvolveu o PIU, que foi colocado em discussão em uma sequência de audiências públicas e cujas propostas marcaram o contexto e ponto de partida para as discussões e exercícios de projeto do estúdio vertical 2017 do GDPr. O fato da atual gestão dar ou não prosseguimento imediato ao projeto do Arco Tietê parece ser pouco relevante em uma perspectiva histórica mais ampla, uma vez que o processo de sua definição tende a ser inexorável, dada a importância da área para São Paulo. Mas qualquer atraso nesse processo tornará ainda mais custosa e difícil a transformação urbana radical que esse território demanda, para que a esperada transformação do eixo do Tietê – o Arco Tietê – venha a promover2:

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- no plano urbanístico, um adensamento e uma verticalização da ocupação na frente d’água, a fim de que se construa uma cidade com alma e vibrante, marcada por uma vigorosa paisagem, simbólica e representativa da cidade, da metrópole e da macrometrópole de São Paulo; - no plano da produção, o desenvolvimento de um espaço privilegiado para o florescimento de uma economia renovada e inteligente, que, a exemplo de outras cidades bem-sucedidas, transforme os antigos territórios de produção industrial em novos espaços de produção e consumo de conhecimento e inovação; - no plano habitacional, a mitigação de disparidades que prevalecem entre as ofertas de moradia, emprego, comércio e serviços, mediante a estruturação de novas centralidades e de tecidos urbanos de uso misto; - no plano da mobilidade, o apoio irrestrito ao desenvolvimento da rede intermodal de transportes, públicos e privados, de passageiros e de cargas; e - no plano da cidadania, a reconquista das margens do Tietê, com vistas ao restabelecimento de uma relação orgânica com o rio. Hidroanel Metropolitano de São Paulo

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O Hidroanel Metropolitano de São Paulo3 é uma rede de vias navegáveis composta pelos rios Tietê e Pinheiros, represas Billings e Taiaçupeba, além de um canal artificial ligando essas represas, totalizando 170km de hidrovias urbanas. O projeto desenvolvido pelo Grupo Metrópole Fluvial na FAU USP a partir de 2012 se baseia no conceito do uso múltiplo das águas, estabelecido na Política Nacional de Recursos Hídricos, que considera as águas um bem público e um recurso natural limitado, cujo uso deve ser racionalizado e diversificado de maneira a permitir seu acesso a todos. Esta Política prevê o transporte hidroviário na utilização integrada dos recursos hídricos, visando um desenvolvimento urbano sustentável. 2 As ideias abaixo relacionadas constituíram os princípios da proposta apresentada pelo URBEM –Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole em resposta ao chamamento público municipal de 2013, cuja equipe contou com a participação dos professores da FAUUSP Luis Antonio Jorge e Milton Braga. 3 Ver < http://www.metropolefluvial.fau.usp.br/hidroanel.php>, acesso 03/07/2017


Ao transformar os principais rios da cidade em hidrovias, e considerando também suas margens como espaço público principal da metrópole, o caráter público das águas de São Paulo é reforçado. Dessa forma, os rios urbanos se colocam como vias para transporte de cargas e passageiros, uso turístico e de lazer, além de contribuir para a regularização da macrodrenagem urbana. Criam-se, assim, áreas funcionais e lúdicas para a população. São múltiplas as razões para a implantação do Hidroanel Metropolitano. A mais importante delas é que os lugares que construirá e o rico programa que desenvolverá ensejarão as transformações urbanas mais contundentes que São Paulo poderá promover, constituindo-se, inclusive, como a grande obra para a realização das aspirações que começam a se condensar na proposta do Arco Tietê. Praça estação na Freguesia do Ó A praça estação e arredores proposta como uma das áreas de projeto do estúdio vertical se localiza num dos pontos mais emblemáticos do Arco Tietê, ponto de tangência entre dois dos focos dos estudos apresentados pela PMSP: a Área de Intervenção Urbana (AIU) Lapa e a AIU Apoio Norte. Na encosta que delimita a várzea do tietê ao norte, junto da Igreja da Nossa Senhora do Ó, um dos pontos mais conhecidos da zona norte de São Paulo, e junto de um linhão de transmissão de energia elétrica, a área atualmente faz parte de uma das muitas fraturas do tecido urbano de São Paulo, justamente originada pelo movimento topográfico e pela infraestrutura mal planejada. Nessa encosta é preciso então promover uma transposição da diferença de cotas existente e, sobretudo, promover a cidade compacta que São Paulo, como em qualquer lado, necessita aí ser: densa, mista e plural e feita de lugares marcantes capazes de constituírem referências que identifiquem os bairros e modulem a paisagem. O lugar da praça estação articula-se ao principal eixo da AIU Lapa previsto no PIU Arco Tietê. Transversal ao rio, esse eixo deverá se estender, na margem esquerda, dos arredores da Prefeitura Regional da Lapa, junto aos trilhos da CPTM, até a Igreja N.Sra. do Ó, já nos morros da margem direita, desenvolvendo-se no sul ao longo do Córrego do Curtume, transformado em parque fluvial linear, estendendo-se para o norte do Tietê através de uma nova ponte urbana e prosseguindo pela atual Rua Léo Ribeiro de Morães até atingir a encosta, onde a praça estação deverá promover a transposição de nível entre a várzea e o morro.

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Em relação a estrutura urbana local, encontra-se como cenário, na parte baixa junto à várzea do Tietê, um parcelamento e arruamento de origem industrial, justapondo grandes glebas, como o lote da Editora Abril, e vilas residenciais com viário estreito e lotes pequenos. Na porção alta do bairro está a praça da Igreja N.Sra. da Freguesia do Ó que estabelece uma centralidade no bairro e é um importante marco na paisagem. Ao longo da rua Antonieta Leitão, na frente de cima da praça estação, encontram-se empreendimentos imobiliários de mercado com tipologia de alta verticalização em lotes isolados e murados.

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Praça estação porque na sua frente voltada para a várzea, o PIU Arco Tietê prevê a construção do Apoio Norte, uma nova avenida paralela ao Tietê (a ser implantada no eixo do atual linhão) onde um feixe importante de modais de transporte circularão: corredor de ônibus, ciclovias e as pistas do tráfego viário geral. Assim, além de promover a transposição de cotas, a praça estação deverá integrar os modais locais das cotas altas da Freguesia do Ó com a oferta de transporte estrutural do Apoio Norte.


A proposta de abertura do eixo Freguesia-Lapa ofereceu assim uma oportunidade de desenho urbano não somente de infraestrutura de mobilidade e drenagem, mas também da mudança de usos e morfologia urbana que visa transformar antigas áreas industriais em bairros densos, mistos e plurais. Projetar uma das pontas deste novo eixo urbano, que articula infraestrutura e moradia, ofereceu também uma oportunidade de exercitar uma intervenção pontual articulada a uma reflexão e a estratégias de transformação mais ampla do tecido urbano da várzea do Tietê. Porto fluvial urbano no Jardim Helena O Departamento Hidroviário (DH), da Secretaria Estadual de Logística e Transporte, do Governo do Estado de São Paulo, está concluindo a construção da Eclusa da Penha (elevador de barcos), ao lado da Barragem Móvel da Penha, localizada à montante da foz do Córrego Cabuçu de Cima (córrego que divide os municípios de São Paulo e Guarulhos). Está será a segunda Eclusa Urbana do Brasil e a segunda eclusa da Hidrovia Urbana do Rio Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos do Governo do Estado de São Paulo, está construindo o Parque Várzeas do Tietê, a montante do Parque Ecológico do Rio Tietê. O DAEE contratará as obras de dragagem para desassoreamento do Rio Tietê e reabertura do canal de navegação, a montante da Barragem Móvel e Eclusa da Penha, até a foz do Rio Taiaçupeba, na divisa dos municípios de Suzano e Mogi das Cruzes.

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A primeira fase de extensão da Hidrovia Urbana do Rio Tietê será a abertura do canal de navegação no trecho entre a Eclusa da Penha e a foz do Córrego Três Pontes, na divisa dos municípios de São Paulo, Itaquaquecetuba e Guarulhos. A construção da Eclusa da Penha e a reabertura do canal de navegação do Rio Tietê até Mogi das Cruzes fazem parte das obras do Sistema Hidroviário Metropolitano de São Paulo (Hidrovia Metropolitana ou Hidroanel), coordenadas pelo Departamento Hidroviário. O Porto Fluvial Urbano de Passageiros Jardim Helena - Parque Biacica estará localizado na margem esquerda do Rio Tietê, a jusante da foz dos córregos Lajeado e Itaim, entre a Estação Itaim Paulista da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Vila Any, bairro do Município de Guarulhos que está localizado na margem direita do Rio Tietê, dentro da várzea, isolado de Guarulhos pelo dique da Rodovia Airton Senna (antiga Rodovia dos Trabalhadores).

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O Porto Biacica estará localizado entre o canal do Rio Tietê (que neste trecho está com seu eixo na posição norte-sul, e tem largura aproximada de 20 metros) e a Rua Tietê, paralela ao canal (eixo nortesul), em faixa da orla fluvial urbana onde o DAEE construirá um trecho do Parque Várzeas do Tietê. Em relação ao Rio Tietê, o porto estará localizado na margem esquerda do Rio Tietê, a montante da foz do Córrego Lajeado, próximo do Parque da Fazenda Biacica (casarão do século 18, patrimônio histórico). Em relação a estrutura urbana dos bairros do distrito Jardim Helena, em São Miguel Paulista, o porto fluvial estará localizado em frente a um largo (praça) previsto na da extensão do eixo das ruas Erva do Sereno e Oliveira Freire (eixo leste-oeste, de aproximadamente 2,5 km, paralelo aos eixos da avenida Marechal Tito - antiga estrada São Paulo - Rio de Janeiro; da linha férrea da CPTM e do Rio Tietê), que atualmente não chega na Rua Tietê.


O largo da Rua Erva do Sereno é uma proposta de interligação do eixo leste oeste, formado pelas ruas Erva do Sereno e Oliveira Freire, com o eixo norte-sul da Rua Tietê. O largo Erva do Sereno estará voltado para o leste com a perspectiva da várzea (leito maior) e, com vista para o amanhecer refletido nas águas do Tietê. Entre o Rio e a Rua Tietê, em frente ao largo da Rua Erva do Sereno, estará localizado o Porto. A proposta de abertura da extensão da rua e abertura do largo abre uma frente para o antigo Espaço Cultural Pantanal - atual Instituto Alana. Portanto o novo largo poderá ser a praça do Espaço Cultural Pantanal e a praça do mercado do cais do Porto, com atividades similares, por exemplo, como a Praça Benedito Calixto, no bairro de Pinheiros, a praça do centro histórico da cidade de Embu das Artes, ou a praça da igreja de São Miguel Paulista (a praça do forró). A abertura da extensão da Rua Erva do Sereno e do Largo até a Rua Tietê, considera a reconstrução das moradias existentes no eixo, que serão localizadas ao longo do alinhamento (de frente) para o novo logradouro público. A reconstrução das moradias existentes e a construção de novas moradias, em renques de casas urbanas, com lojas no pavimento térreo e casas nos pavimentos superiores, podem contribuir, para a qualidade do espaço social e urbano da nova praçaporto do rio. O lado oeste do eixo formado pelas ruas Erva do Sereno e Oliveira freire começa na ponte sobre o Córrego Itaquera, em frente ao pavilhão industrial (desativado) da metalúrgica Votorantim Metais. O Grupo de Pesquisa Metrópole Fluvial (do LabProj da FAU-USP) propõe que este pavilhão seja reutilizado para implementação do “Estaleiro-Escola” (construção naval em metal, similar ao Senai construção naval). O grupo de pesquisa também propõe que o antigo clube dos trabalhadores da indústria Nitroquímica, localizado na margem esquerda da foz do Córrego Itaquera no Rio Tietê, seja transformado em Parque Fluvial Urbano da Foz do Itaquera.

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QUADRO DE DISCIPLINAS DE PROJETO

1º semestre

2 º ano

3 º ano

4 º ano

Introdução ao projeto Infraestrutura

Habitação

Estúdio único

Individual

Habitação

Equipamentos

Estúdio único

Individual

Optativas

Optativas

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1 º ano

2º semestre


Não é preciso ocupar espaço numa publicação de arquitetura para falar sobre a importância de integrar a prática de projeto com um raciocínio construtivo. Vale mais a pena tentar explicar porque é tão difícil esta integração acontecer quando a arquitetura é exercitada dentro de um curso universitário. Minha hipótese, para ser breve, tem a ver com a especialização que está na base da produção acadêmica. Um professor universitário produz mais quando pesquisa objetos cada vez mais específicos (ou, no caso de uma faculdade privada, quando faz cada vez mais o que está especificado no contrato de trabalho). Nesta situação, ele precisa contar com uma esperança racional (mas um tanto autoindulgente) de que “o aluno vai saber integrar o conteúdo desta aula, e de todas as aulas, por si mesmo”. Talvez, mas não na FAU.

integração disciplinas AUT + AUP Prof. José Baravelli

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Acontece aqui algo parecido com o que Galileu Galilei chamava de “fraqueza dos gigantes”: num corpo humano que se agiganta, a massa cresce em três dimensões, mas as seções dos ossos, em duas. A estrutura deixa de suportar o peso de um corpo enorme da mesma forma que a capacidade dos alunos da FAU em lidar com liberdade com os conteúdos de ensino é comprometida pela carga horária e, paradoxalmente, pela profundidade cada vez maior das aulas em que estes conteúdos são ensinados. Quando eu estudava no Estúdio 1, sentava ao lado de uma pichação que dizia: “ao invés de arquitetura, faço entregas”. Era um recado certeiro. A integração de conteúdos precisa ser uma responsabilidade de professores e esta consciência esteve por trás da iniciativa que ocorreu neste semestre entre “Projeto 1” e “Construção 3” (AUT0186). A ênfase desta última disciplina são processos construtivos tal como são regulados por normas e realizados pelo mercado (então não são processos coincidentes). Seu objeto de estudo é um canteiro de obras real, livremente escolhido por alunos organizados em grupo, mas o produto final não se estendia a uma prática de projeto, estava limitado a um seminário e um relatório. Ao mesmo tempo, a quase totalidade de seus alunos cursa no mesmo semestre (e no mesmo dia, já que as aulas acontecem segunda-feira de manhã) a primeira disciplina da sequência obrigatória de projeto, onde também se organizam em grupos. Já se vê que a mera organização destes grupos, de forma que tivessem os mesmos integrantes nas duas disciplinas, teria um efeito pedagógico relevante, sem que mais nada precisasse ser feito pelos professores. É bom que se diga que esta organização nunca aconteceu antes porque demanda o esforço de alterar a distribuição de matrículas entre turmas de diferentes docentes, disciplinas e departamentos. Neste semestre, quem quebrou esta inércia institucional foi Antonio Carlos Barossi.


O compartilhamento de grupos que ele realizou permitiu até mesmo um exercício comum entre Projeto 1 e Construção 3: um memorial que tratasse de forma equivalente construção e projeto. Acabei de corrigir estes memoriais e, na conclusão de um deles, li o seguinte: “Após o questionamento feito pelos docentes da disciplina AUT0186, percebemos a importância de refletir cuidadosamente acerca dos materiais e escolher de acordo com a finalidade e programa do projeto (...) Assim, chegamos em edifícios muito mais coerentes com a realidade (na questão de logística e operação de canteiro e construção) e mais bem definidos para a execução precisa que a obra exige. Este memorial descritivo de projeto do porto fluvial de passageiros é um ótimo exercício de entendimento dos processos que cada material exige e de suas vantagens e desvantagens. Ao mesmo tempo que utiliza os ensinamentos absorvidos em sala, foge do ordinário de “aula-prova”, e traz um aprendizado que, na visão do grupo, não seria atingido com simples leituras. A necessidade de executar o memorial veio à nossa mente durante os momentos de projeto em estúdio e impedia decisões precipitadas e desleixadas, tornando o projeto mais conciso e bem definido. Como grupo, recomendamos a realização desse exercício conjunto entre as disciplinas de Projeto I e Construção do Edifício III para as turmas seguintes”. Eu sempre acho que é preciso levar em consideração o que os alunos dizem das aulas que assistem.

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A monitoria das disciplinas AUP0156 e AUP0160 contou com a participação de nove estudantes da graduação. Cinco deles no projeto referente à infraestrutura e quatro monitores no projeto de habitação. Estar no processo de graduação e, ao mesmo tempo, acompanhar as atividades de disciplinas que já realizamos, nos ajuda a olhar para a prática projetual de forma diferente, além de aprender com as questões colocadas pelos estudantes e com as orientações dos professores. Orientações

Entregas A avaliação se deu em duas entregas, quando os estudantes, professores e monitores ( PAE e de graduação ) se reuniram nos estúdios para realizar as exposições e para comentar os projetos apresentados. Percebemos a importância de promover estas discussões conjuntas, aproveitando o espaço dos estúdios: as pranchas dispostas nas empenas convidam o estudante a olhar tanto para o seu próprio trabalho quanto para o de seus colegas, avaliando as idiossincrasias de cada um. Organização da publicação A publicação das disciplinas de projeto foi pensada de modo a ser uma compilação de elementos-chave dos processos projetuais de cada estudante e dos acontecimentos do início do semestre. A escolha de um modelo de página por estudante teve como intenção mostrar esquemática e sinteticamente cada projeto, o que resultou num produto final que serve de registro contextual do Estúdio Tietê.

monitoria graduação aup0156 Cássio Yugo Abuno Felipe Suzuki Ursini Leila de Lacerda Pankoski Luiza Fujiara Guerino Victor Eduardo Moreira de Oliveira aup0160 Gabriel Hirata Laura Castellari Affonso Luiz Filipe Rampazio Priscila Anderson Oliveira 17

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As orientações junto aos professores das disciplinas foram muito produtivas, servindo também de aprendizado para nós. Conversas, trocas de referências e, além disso, o acompanhamento do processo de cada estudante nos ajudaram a desenvolver um posicionamento crítico. Assim, gradualmente o diálogo se tornou mais fácil e acessível. Seguindo os parâmetros traçados pelo Estúdio Pestana em 2016, a atividade de monitoria estabelece um intermédio entre estudantes e professores e propõe, ao longo do semestre, atividades cuja intenção é fortalecer o debate entre os atores.


Inserido dentro do Programa de Pós-graduação da FAU-USP, o PAE, Programa de aperfeiçoamento de Ensino, é um recurso disponível aos alunos de Mestrado e Doutorado o qual auxilia na formação acadêmica e subsidia seus participantes a tomar contato e aprimorar seus conhecimentos sobre o ensino do projeto de arquitetura de forma rica e diversa. É uma oportunidade para os alunos da pós-graduação de conhecerem a prática pedagógica no contexto do ensino das disciplinas do curso.

estágio PAE aup0156 Luísa Gonçalves Oliver De Luccia Valério Pietraroia

aup0160 Adriana Rodrigues Lima Gustavo Massimino Marina Panzoldo Canhadas 18

Nas disciplinas de projeto de arquitetura, o estágio possibilita o acompanhamento das aulas nos estúdios da FAU. O estúdio de projeto torna-se um espaço de convivência dos diversos grupos e de seus projetos em andamento, os monitores PAE acompanham os professores supervisores nos atendimentos aos grupos de projeto dos alunos, sendo então uma experiência única de aprender com o professor, vivenciando o seu conhecimento e experiência projetual, através da discussão das ideias de projeto com os alunos. Aprender também com os alunos, por meio de suas ideias, dúvidas, e objetivos a serem alcançados. O estúdio permite acompanhar o desenvolvimento simultâneo dos diferentes projetos, acompanhados pelos professores com os respectivos grupos de alunos, dando ao estagiário a oportunidade de perceber a diversidade de ´caminhos` pedagógicos e posturas dentro da lógica projetual, que permeiam o ensino da arquitetura. Há muito a FAU assumiu que ensinar e aprender Projeto deve estar muito mais próximo da prática do que das disciplinas estruturadas por aulas expositivas e teóricas. Nesse sentido, o Estúdio Tietê teve o mérito de apresentar aos alunos o processo de trabalho como responsável pelo Projeto. A organização do calendário de atendimentos e de entregas intermediárias trouxe clareza na compreensão do aprofundamento do projeto durante o processo. A experiência de como fazer, de como buscar as informações, de como avaliar as respostas, de como buscar soluções e de como apresentar as propostas foram tão importantes quanto o produto de cada entrega. Assim, pode-se considerar que as equipes puderam compreender o Projeto enquanto processo, sempre dentro de uma perspectiva da troca de opiniões entre os professores, estagiários, monitores e as próprias equipes. As aulas de Projeto de Arquitetura são um espaço para discussão das ideias entre alunos e professores com a liberdade que só a Universidade propicia.

estúdio tietê aup0156 + aup0160

A disciplina AUP0156 tem como tema Infraestrutura / Arquitetura do Lugar / Transposições, e nesse semestre apresentou o programa da estação de parada (terrestre e fluvial) e transposição. O terreno no Jardim Helena era mais plano e demandou dos alunos um aprofundamento a respeito do sistema de transporte fluvial, além da conexão a uma transformação maior proposta para terrenos adjacentes. Já terreno na Freguesia do Ó apresentava o desafio da transposição, com soluções diversas e muito ricas através de diversos dispositivos que atendessem à proposta, fossem mecânicos, como elevadores, escadas rolantes e furniculares, ou físicos, como escadarias e rampas. É importante ressaltar que a arquitetura da infraestrutura se trata da primeira disciplina de projeto do curso de Arquitetura e Urbanismo, e, por ter sua ênfase no desenho do solo e na organização espacial de fluxos urbanos, desenvolve no aluno de forma intensa essa percepção, antes de entrar no projeto da edificação especificamente. É uma abordagem central na proposta da FAUUSP, minimizando no projeto o aspecto de objeto arquitetônico isolado do entorno e costurando as disciplinas do desenho urbano e arquitetônico. O Projeto de Arquitetura segue em duas disciplinas de habitação e uma última obrigatória de equipamentos públicos.


No caso da disciplina AUP0160, onde o tema é a Habitação, a experiência sobre o desenvolvimento do Projeto de Arquitetura se dá em dois momentos. Primeiro no entendimento da relação que o objeto, edifício, estabelece com seu entorno e a cidade e em um segundo momento no aprofundamento das questões relativas a estrutura, instalações e os detalhamentos pertinentes, que por fim tem reflexos na composição de sua expressão arquitetônica. A experiência como estagiário PAE propicia o contato com Professores, os quais tem larga experiência na abordagem não somente das questões relativas ao conteúdo projeto, mas também da forma com que esse conteúdo é discutido. Nesse sentido foi possível vivenciar de maneira muito prazerosa algumas experiências onde a abordagem feita pelos professores pôde conduzir os alunos à um processo de pesquisa sobre o projeto de arquitetura, através de suas diversas interfaces; seja a materialidade, os sistemas construtivos, a intenção plástica, criando a oportunidade da consolidação do conhecimento sobre o fazer arquitetura o qual é feito por um continuo processo de pesquisa, que não em encerra com a conclusão de um projeto. Este processo continua por toda sua vida profissional, onde cada trabalho irá colaborar com o próximo, como camadas que se sobrepõe em um desenho para a construção de um todo, nesse caso o saber projetar arquitetura.

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Exercício de projeto l AUP0160 “O desenho é uma forma de comunicar-se consigo mesmo ou com os outros. Para o arquiteto, entre outras coisas, também é uma ferramenta de trabalho, um modo de aprender, compreender, comunicar, transformar; uma forma de projetar”. Álvaro Siza (FRENCH, 2009: p.9) A Oficina de projeto investiga projetos atentos as premissas e valores que lhe motivam e ao modo como delineia as paisagens através da materialidade arquitetônica. Em 2017 selecionamos 10 projetos segundo dois critérios fundamentais: realizado para território brasileiro, a partir de 2010. Dentre eles incluem-se projetos para concurso, de modo a compartilhar em nosso debate também modos de apresentação das propostas e permitir usufruir de diferentes propostas para uma mesma situação.

oficina de habitação Prof. Dr. Álvaro Puntoni Prof. Dr. César Shundi Prof. Dra. Helena Ayoub Prof. Dra. Marta Bogéa

Os projetos estudados foram: Concurso CODHAB Sol Nascente (Hector Viglieca, Menção, 2017); Concurso CODHAB Sobradinho (SIAA, Menção, 2016) e (Republica e Marcozero, Menção, 2016); Concurso UNIFESP Osasco ( H+F, primeiro colocado 2015), (Grupo Sp e Sergio Matera, segundo colocado, 2015); (AR arquitetos, terceiro colocado, 2015); Concurso UNIFESP SJ dos Campos (Arquitetos Associados, primeiro colocado, 2015); Projeto em desenvolvimento Urbanização de Santo Onofre (Barossi Nakamura, Taboão da Serra 2010); Projeto parcialmente construído Urbanização da Favela do Sapé (Base Urbana e Jorge Pessoa, São Paulo 2014); Projeto construído COHAB Pedro Fracchini (BACCO, São Paulo 2012). O exercício propõe identificar, através de diagramas e desenhos, os ítens que seguem em atenção aos aspectos que serão abordados durante o desenvolvimento dos projetos dos estudantes: A. Edifício _ Cidade: implantação e acessos; áreas livres/áreas pavimentadas; equipamentos (reservatórios, máquinas, medidores); Identificar programa no térreo; Fechamento e aberturas, sistemas de caixilhos e proteções.

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B. Conjunto edificado _ Usos coletivos: Identificar volumetria(s) geral do(s) edifício(s), cheios e vazios, varandas e sua materialidade; Circulação coletiva vertical e horizontal e articulação das unidades; equipamentos comuns (programático e técnicos) ; estrutura e modulação estrutural (em planta e corte, colunas, pilares, apoios, lajes, vigas, e suas dimensões); verificar fechamento do edifício, vedos, caixilhos, brises, venezianas, etc.

estúdio tietê aup0156 + aup0160

C. Unidade (s): tipologia(s) – identificar modulação ; acesso e articulação entre os cômodos, circulação interna; mobiliário: layout e equipamentos nas áreas molhadas; identificar. prumadas (instalações) e estrutura nas unidades; reconhecer vedos, aberturas, sistemas de caixilhos e proteção e suas modulações.


A oficina de habitação aconteceu durante duas aulas após a entrega do estudo preliminar. Os alunos foram divididos em equipes para analisarem projetos específicos através de alguns critérios estabelecidos pelos professores. No primeiro dia da atividade, os alunos trabalharam em equipes elaborando diagramas de análise dos projetos e no segundo, apresentaram coletivamente, seguido de comentários dos professores.

oficina habitação DIA 1

oficina habitação DIA 2

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O seminário teve como objetivo a discussão dos projetos dos alunos, em estágio intermediário, pelos professores da disciplina, convidados, alunos e monitores. Foi realizado no meio do semestre, a partir dos projetos já com algumas definições de partido, mas ainda em processo de desenvolvimento, antes da entrega final. Isso permitiu avaliar seu desenvolvimento e apontar para novas direções ou apenas consolidar a visão dos alunos sobre o projeto de arquitetura. Segundo o arquiteto convidado Daniel Corsi: “é um momento de diálogo, não conclusivo, um momento de reflexão....de exposição das ideias, da diversidade de interpretações sobre a questão. O que é pensar a arquitetura em um trabalho em grupo, da troca de ideias... os impasses, as dúvidas, a liberdade, fazendo escolhas e elegendo o que é importante para nós [...] você precisa reconhecer naquilo que você propõe, o que é primordial, saber hierarquizar.”

seminário intermediário

Para as discussões em sala, as turmas das disciplinas AUP0156 (Infraestrutura) foram distribuídas de acordo com o terreno do projeto, Jardim Helena ou Freguesia do Ó. No caso da AUP0160 (Habitação) as equipes não foram distribuídas por área, essa distribuição foi feita apenas na exposição. Nas salas os convidados debateram tanto sobre o Jardim Helena, quanto a Freguesia do Ó. Esse registro do seminário acompanha algumas das falas e discussões a respeito tanto dos trabalhos dos alunos quanto do tema em geral da disciplina. Diferentes aspectos da disciplina de projeto foram abordados de diferentes pontos de vista. Multiplicidade de opiniões, que objetivaram contribuir com a forma/modos de conhecer, mais que confirmar um conhecimento já afirmado e estabelecido. A citação de Flavio Motta pelo professor e arquiteto Álvaro Puntoni define o enfoque do seminário: ´Arquitetura não é forma de conhecimento, é uma forma de conhecer`.

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A questão colocada, também por Puntoni: ´De que forma podemos levar adiante essas questões (do seminário) nos projetos?`. Define a importância, do seminário ser intermediário no período de desenvolvimento dos projetos pelos alunos. Estabelece também, a importância da relação entre a discussão teórica, não apenas acadêmica, mas também de ideias, e experiências de vida, no desenvolvimento de um projeto arquitetônico. Muitas foram as contribuições que vieram à tona no encadeamento de pensamentos e palavras, visando ao objetivo de contribuir com a ´forma de conhecer` arquitetural. Uma vivência de muita importância no ´tempo de nossas vidas`, como Puntoni ressaltou: ´Qual o tempo do trabalho do arquiteto? É o tempo de uma vida`.

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O entendimento do projeto de arquitetura dá-se através das escolhas feitas pelo arquiteto e a partir destas, que se configura o objeto, seja ele um edifício ou a cidade em última instância. As premissas podem ser respeitadas ou rompidas e as maquetes executadas são a expressão destas ideias, onde as diferenças e semelhanças entre as equipes constituem esses olhares diversos sobre mesmo território, conferindo riqueza ao conjunto dos trabalhos. Participante da discussão nesta sala o Prof. Ângelo Bucci pondera sobre essa questão da diversidade e os olhares sobre o projeto de arquitetura: “Quero falar duas coisas, uma é que eu estava numa escola que no semestre tem 10 alunos [...] às vezes com dois professores, como é bacana ter tempo pra conversar. Mas ao mesmo tempo ter 300 alunos numa exposição, é um privilégio, um luxo, ter uma produção com uma riqueza enorme, vocês poderem serem tantos. A escola não é a relação de aluno professor, mas é a relação de todo mundo junto.” A condição das disciplinas AUP0156 e AUP0160 através de seus objetos, Infraestrutura e Habitação, respectivamente, tiveram a oportunidade de trabalhar em consonância, fosse na escolha do site a ser desenvolvido, Jardim Helena ou Freguesia do Ó, fosse na complementariedade das proposições, onde o intercâmbio entre os alunos das diferentes salas


poderiam auxiliar no desenvolvimento de seus trabalhos. Em última análise ambas as disciplinas terminam por desenhar a cidade. No âmbito do Projeto de Arquitetura da Infraestrutura, os projetos foram comentados sob os aspectos da apresentação, das soluções adotadas e do tema. O arquiteto e professor convidado Martin Curullon sugere que a prancha seja organizada como uma narrativa, e ressaltou a importância de tornar claras as intenções do projeto, explicitando o que é proposto como projeto. Em relação à maquete, em todos os casos surgiu a demanda de incluir parte do entorno no modelo, afinal o tema da disciplina compreende a compreensão do projeto para além dos limites do lote, relacionando-se ao entorno. Como ressaltou o professor Barossi, “a arquitetura precisa de um lugar, e esse é o tema do projeto de infraestrutura”, ou seja, é necessário “sair do lote para incluir a área de influência que o olhar demanda para resolver o projeto”. Esse entendimento sobre o projeto de arquitetura, a riqueza na interpretação através dos olhares de cada arquiteto é o que gera o valor e qualifica a diversidade das propostas apresentadas. Mas a representação destas propostas é fundamental para que suas ideias sejam coerentes e entendidas de forma clara. Também convidado para os seminários, o Prof. Baravelli, enfatiza dois aspectos que devem ser valorizados pelos alunos no desenvolvimento do projeto de arquitetura. Um trata da questão do entendimento sobre o local; “O Barossi insistia muito que a representação tem que ir até o vizinho, é uma questão de recorte.” E o outro aspectos e da confluência das disciplinas, o qual dá sentido e potencializa o processo de aprendizado fazendo com que os conhecimentos possam se comunicar nas diversas disciplinas que constroem a arquitetura e que devem ser valorizados; “[...] esse esforço enorme que é a congruência com a disciplina de projeto. É um absurdo as disciplinas estarem separadas, a única possibilidade de uma disciplina de tecnologia da construção fazer sentido é dela ser confluente com a disciplina de projeto. O esforço de integração da disciplina foi pelo memorial construtivo [...] vocês entregam um memorial de construção da tecnologia como subsidio de projeto.” A professora de construção Fabiana Lopes de Oliveira destacou a importância de considerar projeto e estrutura em conjunto, pensando um “projeto da construção”, que incorpora problemas de projeto mas também de obra: “Um dos meus ídolos, que acredito que seja de muitos de vocês também, é o Lelé. Tive a honra de conhecê-lo e ele falou uma vez uma frase que eu vou simplificar aqui: ‘ninguém pode desenhar aquilo que não sabe como se faz’. Acho que isso vai muito de encontro com a parceria que estamos tentando fazer junto com Projeto”.

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Para Martin Curullon, nesse projeto, arquitetura e infraestrutura podem ser pensados em conjunto, podendo irrigar o espaço da cidade. As disciplinas podem ser contaminas entre si, agregando usos às infraestruturas que não suas demandas originais: “Os projetos de infraestrutura normalmente são estruturas que tem uma forma e uma intervenção física no espaço, mas são desenhados para uma função específica. Uma infraestrutura é bonita quando ela é muito eficiente. Já a arquitetura tem outras lógicas, que não necessariamente a da eficiência. A gente trabalha com programas múltiplos, quando, em geral, a infraestrutura tende a ser mais específica. Temos mais liberdade na manipulação formal e as vezes nem é tão eficiente aquilo que estamos projetando como arquitetos[...]. A ideia de misturar essas duas práticas é contaminar a infraestrutura dessa possibilidade de anexar programas que não são específicos daquela infraestrutura [...] ter mais liberdade, mais generosidade, coisas que normalmente a infraestrutura não tem,

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A professora de construção Sheila Watanabe levantou a questão dos elementos construtivos, telhados, coberturas divisórias, e no geral, também foi citada a questão do escoamento das águas, pela relação intrínseca dos projetos com o terreno. Essa relação é uma questão chave para a disciplina e permeia o tema da concepção e construção do terreno, mas também sua dimensão simbólica.


e que poderiam acrescentar possibilidades de encontro, de fricção, de conflito. Do mesmo modo a arquitetura pode usar, como muitos de vocês usaram, elementos próprios da eficiência da infraestrutura para construir um edifício que tenha uma função que não seja só a de transpor”. A Prof. Marina Grinover, cita seus professores ao ressaltar os aspectos que o projeto de arquitetura engloba em suas várias escalas. “Eu me lembro dos professores dizendo; A infraestrutura é o primeiro elemento que constitui cidade, fazer a calha da rua, que num espaço que pertence a todos, é o primeiro raciocínio pra pensar a cidade. Colocar os alunos na barca da infraestrutura, que é um grande monstro tecnológico, é ao mesmo tempo pra dizer que é preciso grande responsabilidade técnica, mas ao mesmo tempo pensar em coisas simples, para qualificar um local auto construído. [...] colocar vocês alunos para pensar o problema da cidade, porque pensar em qualquer elemento construído é pensar a cidade.”

exposição entrega intermediária

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A reflexão sobre a cidade, sua constituição, a formação da paisagem urbana, são aspectos que nesse momento do trabalho são preocupações que os alunos precisam estar atentos, pois é através da sua leitura do lugar, que as condicionantes físicas, as demandas e as premissas do projeto definirão seu resultado, suas intenções. Estas as quais Daniel Corsi entende que; “...vão além das necessidades, das respostas pragmáticas, há outras que superam a premissa. Isso pode ser a base para que outras coisas aconteçam [...] será a condição onde a cidade irá acontecer, nos outros espaços, vazios, visuais, programas extras. O que é mais interessante é aquilo que não é programado, se apresenta como um lugar que será apropriado [...] dando sentido mais coerente para cada um.” Esse é o desafio do Projeto de Infraestrutura, sobretudo na realidade brasileira em que as infraestruturas são muitas vezes precárias. Mas entende-las como parte do espaço urbano e público é fundamental para pensar esse tipo de projeto, como explicou o professor Milton Braga: “a cidade brasileira e a cidade latino-americana não fez ainda a infraestrutura, não é nem que a gente precise ressignificar, a gente precisa fazer. Na periferia de São Paulo só tem casa, não tem sarjeta, não tem calçada, asfalto, iluminação pública. E uma coisa que logo de cara a gente tem que perceber é que todo espaço público é construído de infraestruturas [...]. A sarjeta é parte da rede de drenagem, [...] a calçada é parte da rede intermodal de transportes. O problema é que muitas vezes as infraestruturas são feitas sem serem consideradas espaços públicos. [...] O Rem Koolhaas destaca que o que mais permanece na cidade são os traçados: as ruas dificilmente desaparecem. E o que nós estamos fazendo agora é um traçado. Se a escada sobre assim ou assado, ela provavelmente ficará lá muito tempo. O nosso real é um real de quinhentos anos no caso de uma praça. Talvez quinhentos anos seja um exagero, mas cem anos. Mas não será de cem anos a duração de uma praça se ela for mal pensada. [...] Às vezes me preocupa quando vejo uma praça tratada muito como edifício, uma construção mais frágil, menos duradoura, que talvez não resista a esses anos todos”. Questionado por um aluno sobre a escolha do tema da Infraestrutura Urbana para a primeira disciplina de projeto, o professor Alexandre Delijaicov ressalta que, “infelizmente, devido à nossa fragilidade institucional, 2/3 de todos os tecidos urbanos de todas as cidades do brasil são autoconstrução, ou estão em áreas sujeitas à inundação, ou estão em áreas sujeitas à deslizamentos. 2/3 das cidades são autoconstruídas com o esforço descomunal das pessoas que trabalham o dia inteiro, ficam no mínimo 5 horas no transporte público, para depois ir dormir a 1h30 da manhã, para no final de semana junto com seus vizinhos construir sua casa. [...] É necessária uma perspectiva de formação do caráter do ser humano. Por que infraestrutura? Porque está no âmbito das infraestruturas das mentalidades e infraestruturas do imaginário. Temos que conversar claramente sobre o que de fato é importante como alicerce ético da dimensão humanista, social,


pública e coletiva, entender a importância da conquista coletiva do bem-estar social, individual, dentro de uma estrutura ambiental urbana com qualidade. E para termos estrutura ambiental urbana com qualidade, ou seja, uma natureza construída, é necessário um estado de consciência da nossa própria existência. Temos que montar uma ligação entre alicerce ético, estrutura técnica e um abrigo poético da existência coletiva, entendendo a importância da água. [...] Trabalhar com uma tríade temática: infraestrutura urbana, lugar e transposições, é apenas um pretexto para a gente conversar a respeito de coisas que são importantes para nós. [...] É uma felicidade que a FAU conseguiu organizar os três estúdios básicos, que são disciplinas obrigatórias, como três programas de arquitetura pública, começando com infraestrutura urbana, depois equipamentos públicos e habitação de interesse social.” No âmbito do Projeto de Arquitetura de Habitação, os projetos foram comentados sob os aspectos dos sistemas construtivos, do programa e das especificidades de cada área. O professor convidado José Lira afirma, depois de elogiar o diálogo pedagógico entre as disciplinas, sobre o tema da Habitação de interesse social no Brasil: “Habitação social é um dilema universal: quantidade e qualidade. Existe um contraste entre a produção do BNH e a produção dos IAPs entre 1930 e 1964. Há muito a ser conquistado neste momento de síntese de propostas para a cidade real. Propor e imaginar usos comuns capazes de responder às demandas reais, no caso do Jardim Helena, subúrbios orientais como menciona Aroldo de Azevedo. É preciso avançar na relação entre o comércio e habitação. Incorporar nas tipologias – dinâmicas residenciais familiares – a reconstrução, adaptação, expansão como parte do cotidiano. Usufruir dos térreos na otimização das circulações verticais – os chãos da cidade. Que lugar é esse entre a vida lá fora e aqui dentro?”. Participante da mesma sala, a arquiteta convidada Lua Nitsche afirmou que é preciso subverter essa ordem das cidades construídas através dos incorporadores: “Tenham cuidado com o sistema construtivo. Alvenaria estrutural em projeto de habitação social é triste. Para qualificar as unidades habitacionais é necessário criar espaços mais amplos, flexíveis, com a possibilidade de vários usos em um único ambiente. Viver de uma forma mais aberta.”

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Quanto ao programa, a professora Marta Bogéa refletiu sobre o possível e o verossímil, alertando os alunos para avançarem com liberdade rigorosa e se perguntando “o que é o mínimo desejável?”. O professor César Shundi comentou sobre a relação do edifício com a cidade e a construção do espaço urbano. O exercício de projeto como experimentação, e propôs às equipes uma maquete por semana.

Finalizando com as palavras de Daniel Corsi: “[...] não existe uma resposta só. Procurem a postura de vocês.” Os trabalhos dos alunos ficaram em exposição do lado de fora dos estúdios (no corredor) durante a semana do seminário intermediário, entre os dias 22 e 26 de maio de 2017, promovendo a integração entre alunos e professores das disciplinas específicas (AUP0156 e AUP0160) e os demais alunos e professores da FAU.

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As possibilidades dadas no desenvolvimento dos trabalhos tais como a escolha dos terrenos, da confluência das disciplinas, da variedade e diversidade de olhares dos alunos para com a construção da paisagem só reforça e reafirma a qualidade do processo de desenvolvimento do trabalho até então, na busca de respostas as questões da precariedade, habitacional ou de infraestrutura, no jardim Helena ou na Freguesia do Ó, onde o projeto de arquitetura não é uma atividade que se encerra esse processo, mas sim uma atividade meio para as demandas da sociedade.


jardim helena

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inserção do bairro jd. helena (em destaque) no contexto metropolitano: (1) rio tietê; (2) rio pinheiros; (3) barragem da penha

5km

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500m

inserção do local de projeto (1), no bairro jd. helena: (2) rio tietê; (3)rua erva do sereno; (4) linha 12 CPTM; (5) rua tietê; (6) parque fazenda biaccica

local de projeto: (1) rio tietê; (2) terreno para porto fluvial (AUP0156); (3) terrenos para habitação (AUP0160); (4) largo proposto; (5) instituto alana; (6) rua tietê

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1

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6 estúdio tietê aup0156 + aup0160

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50m


TEMA DA DISCIPLINA A ênfase é INFRAESTRUTURA / ARQUITETURA DO LUGAR / TRANSPOSIÇÕES a partir do tema que tem sido adotado a esse propósito no ESTÚDIO 1: INFRAESTRUTURA URBANA JUSTIFICATIVA AMBITO DO GRUPO DE DISCIPLINAS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES: O ensino de projeto de edificações na FAUUSP que se tem praticado nos últimos anos nos estúdios traz uma estrutura subjacente com ênfases específicas, a saber: ESTÚDIO INFRAESTRUTURA / ARQUITETURA DO LUGAR / TRANSPOSIÇÕES

AUP0156 infraestrutura

ESTÚDIO HABITAÇÃO / ARQUITETURA DA CONSTRUÇÃO / MODULAÇÕES

tema, justificativa, objeto e objetivos

A proposta do Estúdio de Infraestrutura_2017 está inserida nesse contexto.

ESTÚDIO EQUIPAMENTOS PROGRAMA / TRANSIÇÕES

PÚBLICOS

/

ARQUITETURA

DO

AMBITO ESPECÍFICO: 01. Organizar junto aos alunos uma reflexão em torno do tema da Infraestrutura e do lugar. 02. Apresentar um repertório de projetos e obras que alimentem a discussão em torno do objeto de estudo. 03. Promover o estudo de obras existentes na cidade de São Paulo, por meio de aulas e visitas programadas, quando possível.

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04. Promover a prática do projeto com a elaboração de exercícios ligados à questão do lugar e sua inserção na cidade, em diversas escalas.

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05. Aprofundar o exercício do projeto com ênfase nas questões de implantação, terraplenagem, estrutura, vedações, cobertura, ambiente, economia e organização do tempo do projeto. (Negrito: conteúdos de AUT0186)


OBJETO DE ESTUDO Porto Fluvial Urbano de Passageiros da Hidrovia Urbana do Rio Tietê, localizado entre o Rio Tietê e a Rua Tietê, na faixa da orla fluvial urbana onde será construído o Parque Várzeas do Rio Tietê, a jusante da foz do Córrego Lajeado, junto ao Parque da Fazenda Biacica, no distrito do Jardim Helena, Subprefeitura de São Miguel Paulista, Cidade de São Paulo. OBJETIVO Elaborar a concepção e o estudo preliminar de arquitetura das edificações do “Porto Fluvial Urbano de Passageiros do Jardim Helena - Parque Biacica”. MOTIVO O Departamento Hidroviário (DH), da Secretaria Estadual de Logística e Transporte, do Governo do Estado de São Paulo está concluindo a construção da Eclusa da Penha (elevador de barcos), ao lado da Barragem Móvel da Penha, localizada à montante da foz do Córrego Cabuçu de Cima (córrego que divide os municípios de São Paulo e Guarulhos). Está será a segunda Eclusa Urbana do Brasil e a segunda eclusa da Hidrovia Urbana do Rio Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos do Governo do Estado de São Paulo está construindo o Parque Várzeas do Tietê, a montante do Parque Ecológico do Rio Tietê. O DAEE contratará as obras de dragagem para desassoreamento do Rio Tietê e reabertura do canal de navegação, a montante da Barragem Móvel e Eclusa da Penha, até a foz do Rio Taiaçupeba, na divisa dos municípios de Suzano e Mogi das Cruzes. A primeira fase de extensão da Hidrovia Urbana do Rio Tietê será a abertura do canal de navegação no trecho entre a Eclusa da Penha e a foz do Córrego Três Pontes, da divisa dos municípios de São Paulo, Itaquaquecetuba e Guarulhos. A construção da Eclusa da Penha e a reabertura do canal de navegação do Rio Tietê até Mogi das Cruzes fazem parte das obras do Sistema Hidroviário Metropolitano de São Paulo (Hidrovia Metropolitana ou Hidroanel), coordenadas pelo Departamento Hidroviário.

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O Porto Fluvial Urbano de Passageiros Jardim Helena - Parque Biacica, estará localizado na margem esquerda do Rio Tietê, a jusante da foz dos córregos Lajeado e Itaim, entre a Estação Itaim Paulista da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Vila Any, bairro do Município de Guarulhos que está localizado na margem direita do Rio Tietê, dentro da várzea, isolado de Guarulhos pelo dique da Rodovia Airton Senna (antiga Rodovia dos Trabalhadores).


PRESSUPOSTOS DE PROJETOS PARA O LUGAR O Porto Biacica estará localizado entre o canal do Rio Tietê (que neste trecho está com seu eixo na posição nortesul, e tem largura aproximada de 20 metros) e a Rua Tietê, paralela ao canal (eixo norte-sul), em faixa da orla fluvial urbana onde o DAEE construirá um trecho do Parque Várzeas do Tietê. Em relação ao Rio Tietê, o porto estará localizado na margem esquerda do Rio Tietê, a montante da foz do Córrego Lajeado, próximo do Parque da Fazenda Biacica (casarão do século 18, patrimônio histórico).

AUP0156 infraestrutura programa

Em relação a estrutura urbana dos bairros do distrito Jardim Helena, em São Miguel Paulista, o “Porto Fluvial Urbano de Passageiros Jardim Helena - Parque Biacica” estará localizado em frente ao largo (praça) da extensão do eixo das ruas Erva do Sereno e Oliveira Freire (eixo lesteoeste, de aproximadamente 2,5 km, paralelo aos eixos da avenida Marechal Tito - antiga estrada São Paulo - Rio de Janeiro; da linha férrea da CPTM e do Rio Tietê), que atualmente não chega na Rua Tietê. O largo da Rua Erva do Sereno é uma proposta de interligação do eixo leste oeste, formado pelas ruas Erva do Sereno e Oliveira Freire, com o eixo norte-sul da Rua Tietê. O largo Erva do Sereno estará voltado para o leste com a perspectiva da várzea (leito maior) e, com vista para o amanhecer refletido nas águas do Tietê. Entre o Rio e a Rua Tietê, em frente ao largo da Rua Erva do Sereno, estará localizado o Porto. A proposta de abertura da extensão da rua e abertura do largo abre uma frente para o antigo Espaço Cultural Pantanal - atual Instituto Alana. Portanto o novo largo poderá ser a praça do Espaço Cultural Pantanal e a praça do mercado do cais do Porto, com atividades similares, por exemplo, como a Praça Benedito Calixto, no bairro de Pinheiros, a praça do centro histórico da cidade de Embu das Artes, ou a praça da igreja de São Miguel Paulista (a praça do forró).

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A abertura da extensão da Rua Erva do Sereno e do Largo até a Rua Tietê, considera a reconstrução das moradias existentes no eixo, que serão localizadas ao longo do alinhamento (de frente) para o novo logradouro público. A reconstrução das moradias existentes e a construção de novas moradias, em renques de casas urbanas, com lojas no pavimento térreo e casas nos pavimentos superiores, podem contribuir, para a qualidade do espaço social e urbano da nova praçaporto do rio (ver programa da AUP 0160).

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O lado oeste do eixo formado pelas ruas Erva do Sereno e Oliveira freire, começa na ponte sobre o Córrego Itaquera, em frente ao pavilhão industrial (desativado) da metalúrgica Votorantim Metais. O Grupo de Pesquisa Metrópole Fluvial (do LabProj da FAU-USP) propõe que este pavilhão seja reutilizado para implementação do “Estaleiro-Escola” (construção naval em metal, similar ao Senai construção naval). O grupo de pesquisa também propõe que o antigo clube dos trabalhadores da indústria Nitroquímica, localizado na margem esquerda


PROGRAMA Porto Canal / ponte / torre O “Porto Fluvial Urbano de Passageiros Jardim Helena - Parque Biacica” será constituído pelas seguintes construções: Linhas: água-terra ao longo da orla do canal Rio Tietê navegável em função da construção da eclusa da Penha; a plataforma na estação e o muro do cais no porto; rampas, escadas e equipamentos de acesso do nível do passeio público das ruas do bairro até o nível do cais de embarque e desembarque (cais baixo) no Porto com o pontão flutuante, para atracagem das embarcações - ônibus aquáticos (Barcos Urbanos de Passageiros - BUP) no Porto. Pequenos pavilhões: formados por marquises voltadas para o rio Tietê e rua Tietê, com esperas em baixo e em cima e transposição do desnível, com saguão de espera no Porto. As marquises correspondem, primordialmente, aos abrigos dos pontos de ônibus – incluindo o ônibus aquático – e as esperas e transposições são para uso nos dias mais frios e chuvosos e durante a noite. O ambiente de espera é também área de acesso aos sanitários públicos, bilheteria, cafeteria e a administração. Além do espaço destinado para a parada dos ônibus, a marquise deve ser desenhada para abrigar o embarque e desembarque de passageiros de veículos que transportam cadeirantes ou pessoas com necessidades especiais (PNE), por exemplo, o sistema ATENDE.

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AUP0156 infraestrutura projetos

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Aline Santos Silva Larissa Kaori Yoshikawa Louise Trevisan Aguiar Mariana Ramos Matos

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Prof. Alexandre Delijaicov No projeto teve-se como prioridade fazer a ligação água-terra a partir da calçada coberta que fornece sombra e abrigo ao transeunte desde o ponto de ônibus até o embarque no porto. O percurso é ortogonal, transparente e permeável. Sua cota de implantação é 731m, mas permite a passagem norte-sul por meio de planos inclinados, visando a integração com os parques fluviais. Foram abordadas as temporalidades de um projeto de infraestrutura, pensando no acesso ao rio em dois níveis e aplicou-se a coordenação modular para mais racionalização da produção. A rampa que atravessa o terreno abre perspectiva para o rio e a longo prazo será um grande espelho d’água que invade o parque. Como arquitetura do lugar, enfatizase a continuidade aos cheios e vazios do entorno, pareando a marquise com as habitações e deixando o restante do terreno livre de obstruções, prosseguindo o Largo Erva do Sereno.


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Daniella Caetano Alves da Motta Martim Ferraz Costa Furtado Marina Rigolleto Sofia Due Domschke Tomic

A implantação do projeto do porto fluvial tem por objetivo melhorar as condições de estruturação e permanência dentro do perímetro da orla do Tietê. O relevo é suave; a terra mole e arenosa; o que necessitaria um projeto de requalificação química e física. Optamos por não fazer incisões agressivas no relevo em prol de um projeto topográfico que amenize as inundações frequentes na região. Adota-se uma estrutura de cais alto ao nível 731m que funciona como um dique de prevenção de enchentes e calamidade na região. Estamos lidando com dois eixos de estruturação importantes - o NorteSul, em que o porto aparece como ligação terra/terra do parque várzeas do tietê e o eixo Leste-Oeste, que conecta o largo erva do sereno ao rio, sendo esta a ligação água/terra. Entendemos que a viabilização do porto é íntegra de estruturar as diversas escalas da cidade.

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Prof. Alexandre Delijaicov


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Amanda Lima Soares da Cunha Vanessa de Faria Braga Vitória Mendonça Gaio

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Prof. Alexandre Delijaicov O projeto do porto fluvial está inserido no bairro Jardim Helena, local determinante para o partido. A harmonia entre marquise e entorno foi essencial, determinouse para isso um gabarito de 3m. Entre as diretrizes adotadas, estão a criação de uma larga calçada, com ampla arborização e de uma marquise única, com função de cobertura tanto para os ambientes internos quanto para a espera do ônibus, que tenha interferência mínima na paisagem, adotando-se um vão livre de 30m. Por meio da ponte para pedestres que conecta o bairro à Guarulhos, criou-se um eixo visual proveniente do largo central; tal ponte será cobertura para o acesso ao cais baixo e embarque, sendo este adaptável às mudanças de nível d’água, realizado futuramente através da própria marquise. O terreno foi alterado através de taludes de acesso ao cais baixo definindo-se um espaço “mirante” integrado ao parque.


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Ana Carolina Falcão Ishida Beatriz Ferreira Sacagni João Generoso Gonzales Thiago Mattoso Mitushima

O lugar é definidor do partido, há a vidraça do instituto Alana, os edifícios de habitação, o largo de pedestres e em continuidade: O porto, chegando ao rio Tietê. O eixo é também demarcado pela implantação de árvores, compondo o espaço arquitetônico. O aspecto construtivo surge na preocupação de uma obra racionalizada, com uso de estruturas metálicas para rápida execução e baixo custo de manutenção de canteiro. O uso do concreto e vidro é recorrente. Ao abordarmos o projeto, fizemos o trajeto do ônibus ao barco coberto, iluminado e seguro, mas também definimos que o nosso porto não seria um lugar para, mas um lugar de. Dessa forma ressaltamos conceitos como uso do espaço público, uso democrático e sentimento de comunidade, priorizamos o espaço vazio e assim há autoria dos próprios usuários. Vemos o porto como uma praia urbana, buscamos a apreciação do rio e uma grande área livre.

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Prof. Alexandre Delijaicov


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Isabela Ferreira Billi Beatriz Moraes de Andrade Isabela Rister Portinari Maranca

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Profa. Anália Amorim O projeto aqui apresentado entende que o edifício arquitetônico com função infraestrutural na cidade deve funcionar de maneira eficiente sem deixar de lado a agradabilidade. O volume do edifício guia o usuário até a sua próxima parada - seja entrar em um ônibus ou em um barco - ao mesmo tempo em que o convida para o parque. Com águas captadas da chuva, cria-se um espelho d’água para aproximar as pessoas da água de uma maneira mais convidativa. A grande rampa e a marquise central oferecem duas possibilidades para quem vem do largo: a de subir ao segundo andar, com um café e um terraço e a de seguir diretamente ao cais alto. Além disso, o térreo do edifício é praticamente todo livre, com exceção de um bloco com sanitários, depósito e a bilheteria, o que integra o edifício público também ao contexto do parque ecológico e a esse trânsito livre de pessoas.


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Adriana Afonso Sandre Juliana Yukie Shiraishi Michelle Karine Pacheco

O projeto propõe um Porto Fluvial Urbano no distrito de Jardim Helena, São Miguel Paulista. São três patamares, interligados por plataforma elevatória central e escadas, que trazem o rio para o passageiro, sob uma cobertura curva sustentada por quatro apoios. O projeto pretende criar um espaço de permanência e transição para os passageiros do ônibus e dos barcos. Optou-se por aproximar os meandros do rio Tietê ao transeunte, com a diminuição da cota do Parque nas proximidades da calçada e a abertura didática do córrego para auxiliar na drenagem com o controle de inundação. As cotas do cais baixo, do cais alto e do 1° andar diferem-se em meio nível. No 1° andar, o espaço destinado ao café permite a visualização plena do Rio Tietê. A curvatura da cobertura convida o passageiro a descer ao cais baixo e permite a entrada de luz.

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Prof. Antonio Carlos Barossi


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Douglas Nascimento dos Santos Marcelo Hsu de Oliveira Vitor Berge Sato

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Prof. Antonio Carlos Barossi A intenção inicial do projeto foi estabelecer uma forte relação visual, de usos e de significação espacial com o Largo da Rua Erva do Sereno. Por isso os ambientes fechados foram implantados mais a norte no terreno, como a administração e banheiros, protegidos por uma única marquise, e foi criada uma praça alinhada ao largo, que serviria de transposição entre esses espaços previamente mencionados e o cais do porto. Além dessa ligação também foi importante estabelecer uma relação com o parque linear em que o porto estaria inserido, pensando na permeabilidade dos espaços, mas que ainda sim seriam convidativos para a permanência. No aspecto do transporte, uso pragmático e efêmero do porto, criou-se uma comunicação entre ônibus e barco/balsa através da interação visual rua-cais, de modo a tornar rápida e intuitiva a transferência entre os meios de transporte.


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Anna Luiza Zanata Xavier Guilherme Françoso Santos Isabel Santos de Melo Juliana Guelfi de Almeida

Com o intuito de não criar grandes discrepâncias visuais com o entorno, nosso projeto foi pensado de modo a se integrar à paisagem urbana do Jardim Helena, preservando principalmente o eixo visual, dado pela implantação do edifício, e o gabarito médio da região. o projeto se baseou na proposta do porto como um mirante, os caminho e percursos determinados e incitados promovem uma vista para o rio, bem como o próprio edifício. Para tanto, concebemos a marquise como um elemento integrador dos espaços internos e externos à edificação, assim como, é estruturadora dos lugares de permanência e de passagem. E tendo em vista a variação do nível d’água atual e a proposta pelo Projeto Metrópole Fluvial, elaborou-se um projeto que se adequa às duas situações, sem comprometer o funcionamento do porto.

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Profa. Marina Grinover


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Aline Dias Giovanna Peres Leonardo Franco Wesley Vieira Profa. Marina Grinover

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O projeto manteve desde os primeiros croquis a definição de dois eixos, vertical e horizontal, formado pelo edifício e pela marquise respectivamente, sendo o eixo horizontal uma continuidade da praça pela marquise, seguindo até cais. As fachadas leste e oeste são revestidas em vidro mantendo a permeabilidade visual entre o interior e o exterior, definindo os espaços de sombra (interior) e luz (exterior). Para proteger o ambiente interno, mantendo a permeabilidade visual, estudou-se um brise com elementos verticais e horizontais de madeira com um desenho que diminui a entrada de sol sem afetar a visualidade, concentrando-se acima da linha de visão. O espelho d’agua no terraço é, além de um elemento formal, uma estratégia de captação de água da chuva para reúso.


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Eduardo Tita Mariana Lensoni Vivian Pancheri Sarah Rezek

O projeto Porto Fluvial – Jardim Helena consiste em uma grande cobertura de concreto armado sob a qual o programa se organiza. A forma dessa marquise é obtida através de seis círculos tangentes entre si, sendo seus raios 5, 8 ou 13 metros (respeitando a sequência Fibonacci) como na imagem acima. A escolha pela laje nervurada executada em “cubetas” tem o intuito de facilitar a implantação dos pilares, posicionamento do programa e seus espaços internos e a execução desse formato “orgânico” definido pela regra dos círculos Fibonacci.O programa interno se subdivide em dois espaços circunscritos em vidro: a administração e o saguão de espera. Cada um deles está posicionado nas extremidades, norte (administração) e sul (saguão), da marquise, de modo a garantir a permeabilidade visual do eixo central leste-oeste que conecta a esplanada da Rua Tietê ao rio.

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Profa. Marina Grinover


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Alessanda Fudoli Roberta Saldanha Berardo Veridiana Benguela Tersi

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Prof. Milton Braga O projeto teve como norte a ideia de continuação do largo, buscando fazer uma integração com o seu contexto e ao mesmo tempo um incentivo para a apropriação e uso desse elemento, o qual une o terminal de passageiros terrestres e fluviais a um polo de cultura e também à habitação social. Para isso, o grupo buscou criar uma linguagem que transpassasse tal integração, feita a partir de um desenho de piso que se estende desde o largo até o fim do edifício. Também, para evidenciar a proposta, o grupo se apropriou da largura do largo, utilizando-a no edifício. Então, para resolver a estreita largura decorrente do partido, foi enquadrado e concentrado a maior parte do programa na região central do edifício, utilizandose também da rampa central como estrutura principal deste - e tornando-a a entrada principal a quem busca acessar a parte interna a partir do caminho de continuidade proposto.


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Lucas Cazula Mariana Vitti Mirella Marques

O projeto partiu do objetivo de criar no Jardim Helena um espaço que, além de cumprir sua função no sistema intermodal de transportes, promove uma qualidade urbana da qual a região hoje é carente. Desta forma, escolhemos priorizar a generosidade dos espaços livres públicos e a menor intervenção direta possível no terreno, viabilizada pelos pilotis que elevam a construção do solo; o edifício não ocupa, mas cobre, cria espaço. Um canal aberto para condução de um córrego próximo até o despejo no rio Tietê foi pensado para atrair, através da valorização da paisagem no ambiente urbano e da relação do bairro com a água, uma centralidade local capaz de incentivar dinâmicas sociais inerentes ao espaço urbano. A geometria complexa sem deixar de ser harmoniosa dos caminhos, pisos e fachada completa o sentido paisagístico da obra na intenção de se colocar como um marco espacial no Jardim Helena.

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Prof. Milton Braga


TEMA DA DISCIPLINA A ênfase é HABITAÇÃO / ARQUITETURA DA CONSTRUÇÃO / MODULAÇÕES a partir do tema que tem sido adotado a esse propósito no ESTÚDIO 3: HABITAÇÃO SOCIAL URBANA JUSTIFICATIVA AMBITO DO GRUPO DE DISCIPLINAS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES O ensino de projeto de edificações na FAUUSP que se tem praticado nos últimos anos nos estúdios traz uma estrutura subjacente com ênfases específicas, a saber: ESTÚDIO INFRAESTRUTURA / ARQUITETURA DO LUGAR / TRANSPOSIÇÕES

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ESTÚDIO HABITAÇÃO / ARQUITETURA DA CONSTRUÇÃO / MODULAÇÕES ESTÚDIO EQUIPAMENTOS PÚBLICOS / ARQUITETURA DO PROGRAMA / TRANSIÇÕES A proposta do Estúdio Habitação_2017 está inserida nesse contexto.

tema, justificativa, objeto e objetivos

AMBITO ESPECÍFICO. 01. Organizar junto aos alunos uma reflexão em torno do tema da Habitação. 02. Apresentar um repertório de projetos e obras que alimentem a discussão em torno do objeto de estudo. 03. Promover o estudo de obras existentes na cidade de São Paulo, por meio de aula e visitas programadas, quando possível.

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04. Promover a prática do projeto com a elaboração de exercícios ligados à questão da habitação e sua inserção na cidade, em diversas escalas.

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05. Aprofundar o exercício do projeto com ênfase nas questões de estrutura, instalações, ambiente, economia e detalhamento dos elementos construtivos, e orientar a organização do tempo do projeto.


OBJETO DE ESTUDO HABITAÇÃO SOCIAL NA ORLA FLUVIAL DO JARDIM HELENA. Os projetos deverão definir um complexo edificado de uso misto dedicado à vida habitual – espaços de moradia, trabalho, pequeno equipamento e comércio local – em uma quadra urbana do projeto urbano proposto para área escolhida pela equipe. Os projetos deverão ser desenvolvidos considerando o projeto urbano definido (base de projeto) que poderá sofrer ajustes ou intervenções, caso seja necessário. OBJETIVOS DO EXERCÍCIO O exercício de projeto da AUP 0160 – Arquitetura Projeto 3 tem dois objetivos fundamentais: Investigar e versar sobre os aspectos essenciais da condição urbana dos lugares de habitação e trabalho habitual, por meio da pesquisa configurada em um exercício de projeto de arquitetura de espaços que dão suporte a esta escala da vida nas cidades. E tornar clara a relevância do domínio das técnicas construtivas para a prática de projetos de arquitetura, através da pesquisa configurada em um exercício de projeto de arquitetura desenvolvido até o nível de definição de estudo preliminar. Entende-se por estudo preliminar a representação gráfica (plantas, cortes, elevações e detalhamentos relevantes) do conjunto de soluções arquitetônicas que definem consistentemente os principais sistemas de uma edificação, em um nível de resolução e detalhamento que garantam a viabilidade programática, espacial e construtiva do projeto. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO O aluno deverá adotar os parâmetros urbanísticos da atual lei de Zoneamento (Lei 16.402/16). Mas estão livres para considerar o projeto também a partir de outros critérios como, por exemplo, aspectos volumétricos e formais em relação à pré-existências, desde que justifiquem ao longo do processo de orientação, a não observância das diretrizes urbanísticas vigentes.

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Cabe destacar que a área construída total é composta pela área construída computável e a área construída não computável e, dependendo do programa projetado e das suas soluções adotadas, pode ser superior a área computável máxima.


PROGRAMA O programa a ser projetado é misto, composto de habitação combinada com serviços e/ou comércio. UNIDADES HABITACIONAIS Os projetos obrigatoriamente deverão propor unidades habitacionais proporcionais as áreas escolhidas, considerando uma diversidade tipológica (dois tipos mínimos) com áreas compatíveis. A titulo de ilustração temos as seguintes relações que podem ser adotadas:

AUP0160 habitação programa

- unidades de 1 quarto com 60 m2 de área varrida (área descontadas as espessuras de paredes, pilares, shafts e armários), ou aproximadamente 68 m2 de área construída total - unidades de 2 quartos com 75 m2 de área varrida, ou aproximadamente 85 m2 de área construída total. - unidades de 3 quartos com 90 m2 de área varrida, ou aproximadamente 102 m2 de área construída total. - 5% das unidades de habitação devem considerar acessibilidade universal em todos os cômodos. O pé direito (altura livre entre piso e teto) deverá ter no mínimo 2,50 metros [tolerância 5%] nos ambientes de permanência prolongada (sala, quartos e cozinha), podendo ter no mínimo 2,30 metros nos ambientes de permanência transitória (banheiros e área de serviço). Todas as unidades deverão contar com iluminação e ventilação naturais nas áreas de permanência prolongada (estar e dormitórios) e na área de serviço. Recomendado também nos banheiros caso seja possível. Além das unidades habitacionais devem ser previstas áreas comuns aos moradores como espaços de estar ao ar livre, espaços cobertos para festas e reuniões, áreas de lazer, etc...

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USO MISTO - UNIDADES COMERCIAIS As unidades comerciais deverão ter área mínima de 50 m2, frente mínima de 5 metros e pé direito de 5 metros (para instalação de um segundo pavimento de apoio). Deverão contar com no mínimo um sanitário de uso universal, adequado às pessoas portadoras de necessidades especiais, e uma pequena copa. Nas unidades maiores, recomenda-se a previsão de dois sanitários adequados às pessoas portadoras de necessidades especiais, um masculino e um feminino, e que seu projeto seja desenvolvido de modo a permitir que suas áreas molhadas sejam ampliadas com facilidade, para acomodar estabelecimentos comerciais que necessitem de vestiários, como restaurantes, por exemplo.

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USO MISTO - UNIDADES DE SERVIÇO As unidades de serviço deverão ter área mínima de 50 m2 e pé direito de 2,50 metros nos ambientes de permanência prolongada (áreas de trabalho) e 2,30 metros nos ambientes de permanência transitória (sanitários e copa) Deverão contar com no mínimo um sanitário de uso universal, adequado às pessoas portadoras de necessidades especiais, e uma pequena copa. Nas unidades maiores, recomenda-se a previsão de


dois sanitários adequados às pessoas portadoras de necessidades especiais, um masculino e um feminino. USO MISTO - UNIDADE PÚBLICA As equipes que trabalharem na quara lindeira a transposição na Freguesia do Ó devem considerar a creche existente (mantendo-a) ou incorporando-a como programa em seu projeto. PROGRAMAS COMPLEMENTARES Deverão ainda ser incorporadas ao desenho do edifício ÁREAS TÉCNICAS [a serem mais pormenorizadas pelos professores durantes as orientações e conforme o andamento dos trabalho] que deverão ser consideradas oportunamente na elaboração do projeto. >Hidráulica Reservas Técnicas de Agua potável– Considerar consumo diário médio de 100 litros por habitante. Centro de medição remota ou medição individual nas unidades Reserva Agua não potável (reuso) Reserva de Incêndio >Eletricidade Centro de medição Cabine Primaria >Gás Entrada Centro de medição >Depósitos Comuns (Material Limpeza, equipamentos , estoque, material de construção) >Lixo (Orgânico, Reciclável e Escombros) – Considerar 10 litros por dia por habitante e acumulo de 3 dias, considerando 40% como reciclável.

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>Serviços comuns Copa e vestiários de funcionários


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projetos

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Andre Enrico Zanolla Francesca Calvelli Luca Luini James Liao

Edificar sem agredir. Tendo em vista a baixa densidade habitacional na área analisada, e considerando os efeitos demográficos resultantes da futura construção do porto fluvial, o processo foi pensado de forma que a edificação se componha ao longo do tempo, acompanhando o aumento populacional da região. O sistema construtivo é modular e consiste em unidades de 18m2 em concreto leve nervurado, autoportantes e independentes; as quais podem ser incorporadas e agrupadas entre si ao longo do tempo, permitindo com isso a flexibilização da forma do conjunto edificado como um todo. Suas dimensões reduzidas possibilitarão o transporte de módulos pela hidrovia garantindo a facilidade de acesso e maior agilidade na construção. O produto final contará também com uma estrutura independente de circulação vertical e horizontal que garantirá o acesso a todos os níveis ocupados.

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Prof. Álvaro Puntoni


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Americo Fajardo Felipe Ferraz Guilherme Gaspar

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Prof. César Shundi O bairro do Jardim Helena está situado no extremo Leste do município de São Paulo, junto ao Rio Tietê em seu único trecho com sentido Norte-Sul. Tendo em vista o contexto, o projeto da enfoque a duas questões: a água e a moradia. A primeira está ligada diretamente com o lugar, uma planíce de inundução afetada anulamente por enchentes catastróficas. Com isso o térreo da habitação com interesse social se dá por um meio nível elevado a 80 cm do chão que articula espaços livres e equipamentos comerciais ou públicos de modo a assegurar que tais áreas tenham alguma segurança contra a água. A segunda questão é abordada com uma modulação estrutural de paredes de concreto de 3,45 m de comprimento e 20 cm de espessura que marca com clareza a planta tipo que consiste em uma faixa de área molhada e outra de área seca, de modo que ao usar um módulo mínimo de 2,8 m entre eixos, sejam estruturados 3 tipos diferentes que são articulados em combinações diferentes, que mantêm o ritmo do projeto ao mesmo tempo que o tira da monotoneidade.


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Karen Santos Jonathan Arredondo Vitor Costa Val

O projeto propõe a construção de 104 unidades habitacionais, que, além das questões de conforto térmico e acústico, atentam para a provisão de um espaço interno confortável, amplo e flexível a intervenções futuras. Cada apartamento possui uma vaga de garagem para carro, localizada no subsolo do lote maior. Para atingir tal demanda habitacional, o projeto conta com um coeficiente de aproveitamento (CA) total de 2,12, sendo que o prédio do lote maior possui 12 andares e os outros dois prédios possuem 6 andares cada. O térreo é destinado ao comércio. Ele eleva-se a 1 metro do nível das ruas, para que não seja prejudicado por possíveis enchentes do Rio Tietê. É no térreo também que se localizam as áreas técnicas e o bicicletário de cada edifício. O primeiro andar (vão) é a área condominial do prédio, pois é onde se localizam mesas, espreguiçadeiras, pebolim, bilhar e outros jogos, que sugerem o uso comum e esporádico.

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Prof. César Shundi


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Greta Comolatti Lara Nakazone Maria Gabriela Santos

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Prof. César Shundi O processo se deu a partir das demandas identificadas nas visitas de campo. Devido às enchentes, a cota do projeto foi elevada em 80cm, onde se encontra os acessos à habitação, a garagem, o bicicletário, o comércio e uma calçada pública coberta. Para a manutenção desses espaços há distinção entre espaços condominiais - jardins elevados e circulações internas do edifício-, públicos - calçadas e comércios-, e privados - unidades habitacionais. Cada esquina se configura conforme seu fluxo: seja advindo do porto fluvial ou do bairro. A flexibilidade da habitação é garantida por um casco universal e pela estrutura de pilares e vigas que permite a reconfiguração da vedação. As áreas molhadas das unidades se voltam para as passarelas, de forma que os quartos e a sala se voltam para as fachadas norte e sul, tendo nesta última um chanfro de orientação leste e oeste para melhor insolação.


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Joana Teresa Pinheiro Rodrigues Lucas Mancini Rodrigues Rafael Letizio Sedeño Pinto

O projeto proposto para o Jd. Helena consiste em três prédios distintos que se relacionam com o seu entorno se adequando às especificidades do terreno. No prédio A e B identifica-se como essencial a conexão pelo eixo comercial da rua Erva do Sereno, assim, incentiva-se o uso comercial no térreo e propõe-se um grande largo a frente. Além disso, inclinam-se todas as fachadas em 20 graus para melhor aproveitamento da luz solar e para valorizar as visuais geradas. Já no Prédio C adotam-se soluções diferentes pois julgamos que as necessidades eram outras, aqui o térreo tem uso condominial. Usam-se blocos modulares que a partir de sobreposição e variação do tamanho das unidades geram vazios, ora com uso atribuído ora não. Os três prédios se articulam pelo sistema de circulações, as verticais são torres externas ao edifício que se conectam com o mesmo pelas circulações horizontais externas.

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Prof. César Shundi


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Amanda Victorio Bernacci Mariana Corrêa Hyppolito

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Profa. Helena Ayoub Dado o contexto em que o projeto se insere, a solução proposta para possibilitar o uso misto no térreo foi sua elevação a 1 metro do nível da rua, através de duas rampas e uma larga escada. Escolheu-se a alvenaria estrutural por sua execução simples e econômica, que julgamos ser o mais adequado para um projeto de HIS, além de se integrar com o entorno. A circulação horizontal do edifício é dada por um largo corredor na fachada sul, em balanço, deixando o terro livre de interferências e projetando-se como uma marquise sobre a fachada das lojas. À exceção das unidades das extremidades e as acessíveis, todas possuem uma varanda privativa que atua como um espaço de transição entre uma área pública e uma privada. Considerando a necessidade de uma planta flexível, propõe-se o fechamento entre a sala e a varanda por esquadrias, dando ao morador a liberdade de decidir que tipo de abertura e onde ela mais o convém.


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Bernard Tjabbes Letícia da Silva Tatiana Kuchar Janine Umiker

É proposto para os três lotes um conjunto edificado de habitações de interesse social com equipamentos públicos (uma creche, uma unidade básica de saúde e um restaurante de baixo custo) e lotes comerciais (nas esquinas) nos térreos conectados ao bulevar. No terreno menor, o térreo possui unidades habitacionais. A tipologia predominante na área atualmente e sua disposição, além das condições dos terrenos basearam a construção do raciocínio de implantação da volumetria. A cobertura dos edifícios é composta por terraços de uso coletivo com cobertura translúcida e painéis solares e terraços de captação de águas pluviais. Verticalmente as variações exaltam as visuais dos terraços e reforçam o caráter do conjunto. O sistema estrutural é misto de estrutura metálica: pilares de seção quadrada e vigas metálicas, lajes e vedação com placas pré-moldadas de microconcreto de alto desempenho.

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Profa. Helena Ayoub


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Alex Pinot Beatriz Kirzner Gabriel Lisboa Matheus Alves

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Profa. Helena Ayoub Localizado em região periférica da cidade de São Paulo e de ocupação bastante retalhada, o Jardim Helena enfrenta problemáticas complexas referentes à habitação e à vulnerável infraestrutura urbana. A proposta de habitação social tomou como partido o diálogo do pedestre com a cidade construída, estabelecendo um baixo gabarito e o desenho de pequenos edifícios articulados entre si, garantindo a rica experiência de cheios e vazios. A proposição de um sistema de drenagem e o descolamento dos edifícios do solo, são propostas que permitem a drenagem natural das águas pluviais e a formação de um pequeno córrego artificial intermitente no largo central. O projeto, portanto, busca articular as questões centrais ligadas ao déficit habitacional na cidade de São Paulo, à drenagem das águas em áreas de várzea e à precariedade dos espaços públicos nas periferias.


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Lidiane Midori kohatsu Ligia dos Santos Matias Raquel Battistini Corea

O projeto conta com dois edifícios habitacionais adjacentes a um grande largo que os integra. No total são 103 apartamentos, com dois ou três dormitórios e kitnets, todos eles com estrutura perimetral possibilitando novos usos e disposições a partir das necessidades dos moradores. A disposição da planta de todas as unidades teve como partido a centralização e integração dos ambientes de uso comum. A entrada dos apartamentos da maior quadra se da por meio de uma pequena varanda que proporciona maior privacidade e contato com o exterior. Nos apartamentos da quadra menor a varanda é interna ao apartamento e centralizada na planta. As janelas são do tipo ideal possibilitando iluminação e ventilação de cem por cento do vão. Para a convivência dos moradores, no largo e no espaço livre da quadra maior existem um parquinho infantil, uma horta comunitária e espaços de estar.

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Profa. Helena Ayoub


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Caroline Viana Janette Luna Calderon Letícia Mariano Crispim Yedda Magalhães

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Profa. Marta Bogéa O projeto parte da proposta de trabalhar os dois terrenos que criam uma frontalidade com o largo, articulando os usos térreos com equipamentos marcantes da região, por meio de uma EMEI e frentes de comércio. Trazendo para o projeto a relação presente no entorno entre espaço edificado e vazio da quadra, utiliza-se da variação de orientação e dimensões do bloco para criação de espaços livres que ora assumem um uso mais coletivo, ora mais restrito. Propõe-se um sistema de captação de águas pluviais através do uso de jardins de chuva e biovaletas que, concentradas nos espaços livres e articulados com a vegetação, criam pequenos “pulmões verdes”. A circulação vertical marcada destaca-se na paisagem e funciona como elemento articulador entre os blocos. Nas unidades habitacionais priorizam-se as tipologias de 2 e 3 quartos, com áreas articuladas entorno da área de estar, diminuindo a circulação.


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Arthur Henrique Alves de Paula Bárbara Fender Coelho Bücker Camila Pinto de Souza Sawaia

Durante o concebimento do projeto, tomamos como ideia norteadora a retirada de volumes de um grande bloco, criando assim ausências na fachada varandas ou vazios - que propõem maior dinâmica e diferenciação entre os apartamentos. A retirada desses volumes evoluiu de acordo com a consolidação da planta tipo. Durante o seu desenvolvimento, optamos por uma solução de fachada com brises de madeira de piso à teto, que garantissem maior flexibilidade no uso das varandas, mas que mantivessem a ideia do edifício como um volume cheio e homogêneo, do qual subtraem-se blocos volumétricos. Optou-se também, por um maior diálogo com o entorno, em manter um gabarito médio de até 3 andares e em utilizar o sistema de “trincheiras de infiltração” como solução para garantir a drenagem das águas nos períodos de cheia, recusando a elevação do edifício e garantindo maior integração com as ruas e o largo.

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Profa. Marta Bogéa


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Arturo de Armas Jayne de Andrade Marina Bottini Lara Cavalcante

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Profa. Marta Bogéa A proposta de um conjunto habitacional no Jardim Helena, Zona Leste de São Paulo, alia a habitação social ao uso comercial, que conecta o Instituto Alana ao Porto Fluvial. É proposto um conjunto habitacional formado por 3 edifìcios-lâmina que oferece no total 91 unidades habitacionais e uma galeria comercial no piso térreo, incentivando o uso pùblico no interior da quadra. Ao analisar o històrico de enchentes da região, por meio de reuniões com moradores do bairro e visitas a campo, verificou-se que é recorente a elevação da água a um nível de aproximadamente 60cm. Buscando amenizar o problema, o conjunto de edifícios é elevado 90cm em relação ao solo. É proposto para a circulação horizontal dos pavimentos das unidades habitacionais um piso de gradil e seu descolamento em relação ao edifício, a fim de proporcionar melhor circulação de ar e entrada de luz, além de dar maior privacidade às habitações pela distância criada por meio de vazios entre a área de circulaçao e a unidade.


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Laura Almeida Maria Isabel Magalhães Teresa Carvalho

Entender a dinâmica das águas da área do Jd. Helena mostrou-se uma ideia-força do projeto desde o início, bem como nosso maior desafio. Para lidar com os alagamentos da região, propusemos a criação de espaços molhados intencionais e dos “caminhos da chuva”. Trabalhamos com três tipos de unidade: de um, dois e três quartos – além das acessíveis. Nas esquinas propusemos um térreo ativo para comércio ou serviços e no bloco central, a área comum do conjunto. Para a estrutura, definimos eixos modulares erguidos em alvenaria armada, e circulação vertical e horizontal em estrutura metálica. Os prédios foram projetados de forma a serem independentes tanto visualmente como construtivamente, podendo ser ocupados conforme ficam prontos, algo que consideramos essencial numa área de remoções e habitação de risco.

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Profa. Marta Bogéa


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Barbara Menezes Márcio Sartorelli Murilo Bruza

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Profa. Marta Bogéa O projeto buscou incorporar o edifício à realidade de seu entorno, através da elevação do térreo e implementação de sistemas de drenagem naturais para procurar atenuar o problema das enchentes no Jardim Helena. Desses sistemas, foi escolhido os jardins de chuva para drenagem, aproveitando um espaço de sobra no fundo do terreno para colocar uma rua de pedestres alternativas com vegetação. Foi proposto ondulações acerca das alturas das torres que compõe o edifício, mantendo uma relação com a maré do rio com atenção aos parâmetros urbanísticos presentes, assim como a atenção com ventilação e insolação. Aproveita-se os edifícios de multiplas alturas para se fazer lajes acessíveis aos moradores com area vegetada. No térreo as unidades comerciais foram pensadas para atender necessidades dos moradores do edifício e entorno, mantando relação com os equipamentos ali presentes.


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Luis Henrique Scavassa Patrick Morais de Lima Taiane Augustinho Souza

O projeto busca envolver os diversos setores da vizinhança ao propor um conjunto de edifícios habitacionais integrado por meio de um sistema de espaços livres e um térreo ativo com comércio e uma unidade básica de saúde (UBS). Para tal, foram escolhidos os três terrenos propostos no programa, e acrescidos de alguns lotes perpendiculares a fim de estabelecer uma maior conexão com o bairro. Nos edifícios, buscou-se evitar a criação de imensos corredores enclausurados, bem como o aproveitamento da ventilação e iluminação naturais, da vista da paisagem de seu entorno e estímulo à vivência dos moradores. Para as unidades, foi realizado um estudo das formas de morar, que resultou em 5 tipos de unidades com áreas e formas de organização espacial distintas, considerando sobretudo os diferentes tipos de famílias e suas demandas, com kitnets e unidades de um, dois e três dormitórios.

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Profa. Marta Bogéa


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Estúdio Tietê: projetos de infraestrutura e habitação Vol. Jardim Helena Publicação das disciplinas AUP0156 e AUP0160 Primeiro semestre de 2017 Impressão: LPG FAU USP Tipologia: Helvética Neue Número de páginas: 66 Tiragem: 200 Formato: 22 x 27 cm Capa: papel branco alta alvura 120g Miolo: papel jornal 57g




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