Trabal h o Fi n al de G raduação ap res en t ado co mo p art e das ex i g ê n ci as p ara o bt en ção do t í t ul o de A rqui t et o e U rban i s t a do curs o de A rqui t et ura e Urban i sm o da Facul dade de A rt es Pl ást i cas da Fun dação A rm an do Á l vares Pen t eado .
C am i l a I t ap em a A l ves C ast an ho
Ori en t ado r: Fran ci sco Barros
São Paul o, 2013
Trabal h o Fi n al de G raduação ap res en t ado co mo p art e das ex i g ê n ci as p ara o bt en ção do t í t ul o de A rqui t et o e U rban i s t a do curs o de A rqui t etura e Urban i sm o da Facul dade de A rt es Pl ást i cas da Fun dação A rm an do Á l vares Pen t eado .
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Ban ca ex ami n ado ra:
____________________________________________________ Ori en t ado r: Fran ci sco Barro s
____________________________________________________ C o n vidado (a): ____________________________________________________ C o n vidado (a):
Dedico este trabalho aos meus familiares e mestres que me apoiaram e incentivaram durante toda a realização deste projeto.
A G R A D ECIMEN T O S
Gostaria de agradecer a todos os professores da Fundação Armando Alvares Penteado, que fizeram parte desta jornada e foram imprescindíveis na minha formação, tanto acadêmica quanto pessoal, durante todo o curso de Arquitetura e Urbanismo. Um agradecimento especial ao meu orientador, professor e mestre Francisco Barros, pela paciência, dedicação, comprometimento e preocupação durante toda a realização deste trabalho. Agradeço também a todos os meu amigos e colegas, que fizeram parte e acompanharam este projeto desde o início, pela compreensão e carinho. Um agradecimento especial aos meus pais e minha irmã, que sempre estiveram ao meu lado, me apoiando e incentivando durante todas as etapas da minha vida.
resumo
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ste projeto consiste em repensar um quarteirão, no coração do bairro Itaim Bibi na cidade de São Paulo, onde atualmente existem uma escola, uma creche, um teatro, uma biblioteca, um posto de saúde, APAE, dois buffets e um edifício residencial em construção - Ed. Vitra, do arquiteto Daniel Libeskind. Incorporadoras tentam, incessantemente, comprar lotes para erguer edifícios comerciais e residenciais. Lançando um olhar crítico sobre a situação atual da quadra, enxergamos resquícios de um ambiente completamente público e que um dia fora dedicado ao lazer e cultura da população, sendo consumido por novas construções de caráter privado – resultado da especulação imobiliária – evidenciando a irresponsabilidade dos órgãos públicos e a não mobilização e/ou impotência da população perante a verticalização e privatização da cidade e seus espaços públicos. Os equipamentos atualmente disponíveis no quarteirão em questão, não podem ser desfrutados em sua plenitude pela população pois os edifícios que os abrigam, além de não possuírem valor arquitetônico, encontram-se degradados e com seus programas totalmente segmentados - resultado dos fa-
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mosos “puxadinhos”. Assim, ao analisar o funcionamento do bairro, as necessidades da população local e os próprios equipamentos, assim como a briga constante das incorporadoras com as associações de moradores do bairro, conclui que a melhor proposta para a área seria um projeto que eliminasse os muros, facilitasse a integração e a circulação entre os diferentes equipamentos e buscasse, por meio do esporte, da cultura, da saúde e da educação, incentivar a convivência das diferentes classes sociais que ali frequentam e eliminar todo e qualquer lote de uso particular – sendo tudo dedicado em sua totalidade à população. A criação de um eixo por meio da implementação de uma cobertura, possibilitará essa integração e flexibilidade entre os edifícios e seus diferentes programas, além de incitar e valorizar uma conexão com o já existente Parque do Povo – influenciando assim, toda a implantação do projeto.
sumário INTRODUÇÃO 14 1 O TEMA 16 1.1 O Processo 16 1.2 Premissas 18 2 HISTÓRIA DO BAIRRO ITAIM BIBI 20 2.1 Características sociais, culturais e econômicas 20 2.2 Levantamento do entorno e dados da área 22 3 ESPAÇO PÚBLICO DE LAZER NO AMBIENTE URBANO 34 3.1 Introdução 34 3.2 Os valores através do lazer 37 3.3 Espaço público no ambiente urbano 39 3.4 Considerações finais 48 4 O PROJETO 50 4.1 Referências arquitetônicas e projetos análogos 51 4.2 Programa 58 4.3 Memorial descritivo 70 4.4 Perspectivas 74 BIBLIOGRAFIA 80
lista de figuras Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
Panorama de São Paulo 14 Itaim Bibi - São Paulo 17 Parque do Povo. 18 Itaim 21 mapa subprefeitura de pinheiros – distrito itaim bibi 22 Tabela 42 / 1991 23 Tabela 43 / 2000 23 Tabela Comparativa 23 Tabela 1 24 Tabela 13 24 Quadro 5 24 Tabela 2 25 Tabela 3 25 Tabela 4 26 Tabela 4 (1) 26 Manifestações dos moradores no gradil do posto de saúde existente 27 Área externa do posto de saúde 27 Estacionamento funcionários Posto de Saúde 27 Rua Salvador Cardoso 28 Rua Salvador Cardoso 28 Rua Napoleão Michel – conexão com Parque do Povo 28 Rua Salvador Cardoso – prédios residenciais verticalizados 28 Escola Municipal EMEI Tide Setubal – estacionamento funcionários 29 “Puxadinhos” entre escola e creche – miolo de quadra 29 Infraestrutura escola 29 Rua Horácio Lafer 29 Edificações comerciais não verticalizadas na Rua Horácio Lafer 30 Edificações comerciais Rua Horácio Lafer 30 Construção Edifício Vitra – Daniel Libeskind na Rua Horácio Lafer 30 Posto de gasolina Rua Horácio Lafer 30 Rua Cojuba – antigas edificações residenciais utilizadas como restaurantes 31 Rua Cojuba – Creche Santa Teresa de Jesus 31 Construção Edifício Av. Faria Lima 32 Calçadas e canteiros da Rua Cojuba 33 Biblioteca Anne Frank 33
Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig.
36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63
Vista frontal Biblioteca Anne Frank 33 Itaim 35 Itaim 36 Itaim 47 Itaim 50 Andrade Morettin 51 Andrade Morettin 51 Andrade Morettin 51 Andrade Morettin 51 Santa Paula Iate Clube 52 Santa Paula Iate Clube 52 Fiera Milano 53 Fiera Milano 53 Fiera Milano 53 Museu Louvre, Galeria de Arte Islâmica 54 Museu Louvre, Galeria de Arte Islâmica 54 Marquise do Ibirapuera 55 Marquise do Ibirapuera 55 Parque Bicentenário 56 Parque Bicentenário 56 Parque Bicentenário 56 Parque Bicentenário 56 Highline Park 57 Highline Park 57 Highline Park 57 Highline Park 57 Highline Park 57 Rua Salvador Cardoso 70
intro dução Fig. 1
14.
Panorama de São Paulo Fonte : http://www.skyscrapercity.com/showthread. php?t=311111&page=2
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introdução
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma nova proposta de edifícios, usos e circulações para um quarteirão no bairro do Itaim Bibi, na cidade de São Paulo, além de criticar. O projeto foi proposto em um quarteirão circundado pelas ruas Salvador Cardoso, Horácio Lafer, Lopes Neto e Cojuba, onde atualmente já existem onze equipamentos públicos, que terão seus usos mantidos. O projeto nasceu de uma vontade pessoal, já que sou moradora do bairro há mais de dez anos e vivencio as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que moram, estudam ou trabalham ou na região e que dependem desses equipamentos - que são extremamente escassos na cidade, especialmente numa região com alto poder aquisitivo e demasiada exploração imobiliária.
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O objetivo principal deste projeto é além de integrar e otimizar os equipamentos e usos existentes, criar espaços de convívio e integração para todas as pessoas que ali moram, trabalham ou trafegam. A metodologia aplicada neste trabalho consistiu na pesquisa e análise da área urbana, estudo da legislação vigente, estudo das edificações existentes, do entorno, e seus usos, pesquisa de referências arquitetônicas e edifícios/projetos análogos, leitura de textos complementares específicos - para reelaboração do programa, volumetrias e dimensionamento do projeto.
histórico do bairro e levantamentos necessários da área de intervenção, o terceiro trata da conceituação e análise dos equipamentos públicos e sua utilização pela população e a relação com a cidadania, a cidade, o lazer e a cultura, e o quarto e último capítulo trata do projeto em si – referências, projetos análogos, programa e memorial descritivo e analítico do projeto.
O trabalho subdivide-se em quatro capítulos. O primeiro consiste no processo e nas premissas que embasaram e originaram o projeto, o segundo capítulo traz um breve
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capítulo 1
o tema 1.1 O processo
O processo de escolha do tema deste trabalho final de graduação se deu ao longo de alguns anos, nos quais pude observar, não só no bairro em que vivo – Itaim Bibi – como em toda a cidade de São Paulo, a escassez de equipamentos públicos disponíveis para a população, assim como a escassez de espaços públicos de qualidade, onde os cidadãos possam frequentar, interagir e ter contato com a natureza. Essa escassez pode ser evidenciada ainda mais em áreas onde a especulação imobiliária desponta como agente precursora de toda e qualquer edificação, visando apenas o maior aproveitamento possível dos terrenos e o lucro dos empreendedores imobiliários, e muitas vezes esquecendo do entorno, da cidade numa visão mais ampla e geral e o próprio bem-estar da população. A escolha deste quarteirão se deu, entre outros motivos, por evidenciar a importância da mobilização da população contra a irresponsabilidade dos órgãos públicos e a ganância das grandes construtoras. A existência de espa-
16.
ços de convivência nas grandes cidades é de extrema importância pois são como “respiros” para a população, criando ambientes agradáveis e atraindo os cidadãos para fora de suas casas - incentivando o convívio e a integração das diferentes classes sociais e criando uma idéia de união, de comunidade na região – o quê é extremamente positivo de maneira geral já que numa cidade como a nossa, o individualismo acaba reinando cada vez mais. Tem-se evidenciado, na contemporaneidade, que o agravamento de complexos problemas e fenômenos sociais tem contribuído para a deterioração da qualidade de vida urbana. Nesse cenário, que põe em voga a possibilidade de construir valores de vida e de resgatar a dignidade humana, a carência, fragilidade e/ou inexistência de espaços públicos de lazer inviabiliza o acesso de toda a população, especialmente daquela com precárias condições socioeconômicas, tidas comumente como em situação de risco e vulnerabilidade social, às condições
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Em observância a essas questões e apontamentos é que esse Trabalho Final de Graduação objetiva realizar uma análise teórico-empírica sobre as finalidades e utilização dos espaços públicos de lazer, ampliação e revitalização desses equipamentos, suas edificações e espaços públicos, que são oportunos para fortalecer laços de solidariedade, convivência e socialização entre os indivíduos.
A idéia de coletividade, de em um mesmo espaço conter diversos equipamentos públicos, além de um espaço de convivência articulados entre sí surgiu a partir da observação do quarteirão em questão - que encontra-se completamente segmentado, o quê dificulta a integração entre os diferentes equipamentos e impossibilita toda e qualquer área de circulação e convivência entre os mesmos – que deve ser evidenciada e valorizada para alcançarmos os objetivos citados acima.
Acredita-se ainda que, ao potencializar a articulação e interação entre o lazer e os demais direitos sociais que podem atender às diversas necessidades humanas, vislumbram-se propostas, estratégias e experiências inusitadas que apontam para a utilização qualificada desses espaços urbanos e para a mudança de contextos e cenários até então considerados como violentos. Sinaliza-se, então, uma importante e consistente relação entre o lazer, as condições de vida das pessoas e as possibilidades de redução da violência.
Apesar desse fator, foi possível observar durante todo esse tempo de pesquisa o quão utilizados esses equipamentos são e o quão carente a população é em relação a estes espaços e usos – essas observações embasaram a decisão de “re-pensar” este quarteirão, mantendo seus usos e re-articulando suas edificações para optmizar essa área e valorizar ainda mais a região, pensando na integração e articulação do lazer, cultura e convivência dos cidadãos e ainda evidenciando e expondo a importância da mobilização e união da população contra
necessárias para se viver bem.
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a irresposabilidade da prefeitura e do Estado para a preservação dessas áreas contra a especulação imobiliária desenfreada que permeia nossa cidade.
Fig. 2
Itaim Bibi - São Paulo Fonte : folha.uol.com.br
.17
capítulo 1
1.2 As premissas No ano de 2008 foi criado na região o Parque do Povo – em uma área antes utilizada ilegalmente como um clube de futebol e uma escola-circo –, viabilizado graças a investimentos da prefeitura de valor superior a seis milhões de reais. Aos domingos e feriados o Parque do Povo chega a receber dez mil pessoas – evidenciando ainda mais a necessidade dos cidadãos por espaços abertos dedicados a convivência e lazer e o sucesso da implantação de um parque nessa região de alto poder aquisitivo onde domina a especulação imobiliária e intensa verticalização. Esses especuladores, observando o esgotamente de terrenos vagos para novos lançamentos nesta região que se valoriza e desenvolve como o novo centro econômico da cidade de São Paulo, fizeram uma proposta para o então prefeito Gilberto Kassab. Nesta era proposto que o quarteirão em questão fosse vendido à encorporadora JHSF, que em troca construiría 200 creches na periferia da ci-
par que do po vo Fig. 3
Parque do Povo.
Fonte : São Paulo Guide.
18.
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dade – mantendo assim uma “imagem” de bem-feitoria à população, quando nitidamente era possível observar mais uma vez o poder econômico das empreeiteiras se sobrepondo às necessidades da população e bem-estar dos cidadãos (reportagens referentes ao tema no fim do capítulo).1
novo olhar sobre este quarteirão e como ele poderia ser melhor aproveitado por todos. A partir dessas observações, a idéia de conexão com o já existente Parque do Povo pareceu algo natural, criando assim um núcleo no coração de um dos bairros mais edificados, verticalizados e populacionados da cidade de São Paulo, de convivência das diferentes classes sociais, lazer, educação e cultura.
Com essa venda, seriam construídas duas torres de uso misto – comercial e residêncial – no terreno, dando fim aos usos coletivos da área e tornando-a uma área particular e vendendo-a com o metro quadrado mais caro da cidade. Devido à manifestações da população, da organização “amigos do bairro Itaim Bibi” e um abaixoassinado, essa venda foi impedida e o quarteirão entrou em processo de tombamento, sendo assim protegido pelo Condephaat.
1 // Prefeito sancionou lei que permite desapropriação no coração de um dos bairros mais valorizados de são paulo; construtora de josé auriemo já estuda aproveitamento comercial da área. Disponível em: <http://brasilmobilizado.blogspot.com. br/2011/07/kassab-age-para-entregar-quarteirao-do.html>.
Com os oito equipamentos públicos e seus usos protegidos, surgiu a oportunidade de criticar o modelo vigente, re-pensando o mesmo e propondo novos edifícios e um
Desistência frustra planos da construtora JHSF, empresa que apresentou projeto imobiliário para o local ao Kassab e já iniciava obra no terreno vizinho. Disponível em: < http://revistaforum. com.br/spressosp/2012/02/quarteirao-no-itaim-prefeitura-recua-e-desiste-da-venda/>.
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capítulo 2
história do bairro Itaim Bibi 20.
2.1 Características sociais, culturais e econômicas As terras pantanosas que deram origem ao bairro estão ligadas à história da família Couto de Magalhães. Em 1896, o general José Vieira Couto de Magalhães comprou uma fazenda de 120 alqueires na região que os índios chamavam de “Itahy”. O militar morreu dois anos depois e deixou tudo para o filho José. Em 1907, Leopoldo Couto de Magalhães, tio de José, arrematou a propriedade, mas quem começou a lotear a área foi um de seus filhos, Leopoldo Couto de Magalhães Júnior. A propriedade permaneceu sob controle dos Couto de Magalhães até 1916, sendo dividida entre os herdeiros depois da morte de Leopoldo. Por causa da distância do centro e das particularidades do terreno — que alagava e tinha difícil acesso —, o lugar não era valorizado. Os baixos preços fizeram com que o Itaim Bibi se tornasse um bairro popular, morada de imigrantes italianos, espanhóis, portugueses e negros alforriados. Foi somente a partir da década de 70, com
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a canalização dos córregos e a abertura de grandes avenidas, como a Juscelino Kubitschek e a Faria Lima, que ele começou a ganhar a cara que tem hoje: cosmopolita e altamente verticalizado. O loteamento das chácaras foi realizado pelo Dr. Arnaldo Couto de Magalhães. As terras foram compradas principalmente por pequenos comerciantes, homens de ofício e empregados do comércio, que produziam verduras e legumes para o abastecimento da região. Oficialmente, o subdistrito do Itaim nasceu em 1934, ao ser aprovada a Lei nº 6.731 de 4 de outubro de 1934, deixando de pertencer a Pinheiros. Em 1935 foi transferido para o Jardim Paulista. Itaim em tupi-guarani significa “pedra pequena”, e Bibi se refere ao apelido de Leopoldo Couto de Magalhães. As pessoas chamavam o bairro de “Itaim do Bibi” para diferenciá-lo de Itaim Paulista.
residências, quitandas, açougues, padarias e farmácias se modificou progressivamente. O comércio ampliou-se, deixou de servir somente à região e passou a atender também outras áreas, perdendo sua característica de bairro popular. A casa da fazenda que deu origem ao bairro, localizada no número 9 da Rua Iguatemi, é uma propriedade protegida pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado. Trata-se de uma construção típica do século XVIII, feita de taipa de pilão. Ao longo de sua história, funcionou como abrigo e sanatório, desativado em 1980. Dois anos depois, foi tombada. Mas isso não impediu que ficasse abandonada por muito tempo, até a estrutura virar uma ruína. A construtora Brookfield, que adquiriu o terreno em 2008 para erguer por ali um conjunto de prédios, restaurou e preservou a sede com suas características originais.
Localizado próximo aos bairros dos Jardins e Morumbi, o Itaim Bibi é hoje um bairro nobre. O seu núcleo inicial de Fig. 4
Itaim
Fonte : Acervo pessoal.
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capítulo 2
2.2 Levantamento do entorno e dados da área AV .R EP
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Fonte : http://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/subprefeituras/upload/ pinheiros/arquivos/mapa_4_distrito_itaim_ bibi.pdf Q U A R T E I R Ã O
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capítulo 2
DENSIDADE DEMOGRÁFICA
Podemos analisar a partir destas tabelas o quão populacionado e a densidade demográfica do bairro do Itaim Bibi.
Fig. 6
Tabela 42 / 1991
Fig. 7
Tabela 43 / 2000
Fig. 8
Tabela Comparativa
Fonte : http://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/subprefeituras/ pinheiros
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capítulo 2
ESPAÇOS CULTURAIS
Ao analisarmos estas tabelas identificamos a escassez de espaços culturais e auditórios na região.
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Fig. 9
Tabela 1
Fig. 10 Tabela 13 Fig. 11 Quadro 5
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capítulo 2
ESPAÇOS ESPORTIVOS E PARQUES
Aqui analisamos a escassez de espaços esportivos e parques no bairro.
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Fig. 12 Tabela 2 Fig. 13 Tabela 3
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capítulo 2
EDUCAÇÃO
Fig. 14 Tabela 4 Fig. 15 Tabela 4 (1)
A partir dessas tabelas analisamos a escassez e a necessidade da população de mais espaços dedicados à educação na região.
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capítulo 2
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
Fig. 16 Manifestações dos moradores no gradil do posto de saúde existente – Rua Salvador Cardoso
Fig. 17 Área externa do posto de saúde
Fig. 18 Estacionamento funcionários Posto de Saúde
Fonte : Acervo pessoal.
Fonte : Acervo pessoal.
Fonte : Acervo pessoal.
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capítulo 2
Fig. 21 Rua Salvador Cardoso Fonte : Acervo pessoal.
Fig. 22 Rua Salvador Cardoso Fonte : Acervo pessoal.
Fig. 19 Rua Napoleão Michel – conexão com Parque do Povo Fonte : Acervo pessoal.
Fig. 20 Rua Salvador Cardoso – prédios residenciais verticalizados Fonte : Acervo pessoal.
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capítulo 2
Fig. 23 Escola Municipal EMEI Tide Setubal – estacionamento funcionários
Fig. 24 Infraestrutura escola
Fig. 26 Rua Horácio Lafer
Fonte : Acervo pessoal.
Fonte : Acervo pessoal.
Fonte : Acervo pessoal.
Fig. 25 “Puxadinhos” entre escola e creche – miolo de quadra Fonte : Acervo pessoal.
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capítulo 2
Fig. 27 Edificações comerciais não verticalizadas na Rua Horácio Lafer
Fig. 29 Construção Edifício Vitra – Daniel Libeskind na Rua Horácio Lafer
Fonte : Acervo pessoal.
Fonte : Acervo pessoal.
Fig. 28 Edificações comerciais Rua Horácio Lafer – antigas residências unifamiliares hoje utilizadas para o comércio e restaurantes
Fig. 30 Posto de gasolina Rua Horácio Lafer Fonte : Acervo pessoal.
Fonte : Acervo pessoal.
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Fig. 31 Rua Cojuba – antigas edificações residenciais utilizadas como restaurantes Fonte : Acervo pessoal.
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Fig. 32 Rua Cojuba – Creche Santa Teresa de Jesus Fonte : Acervo pessoal.
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Fig. 33 Construção Edifício Av. Faria Lima Fonte : Acervo pessoal.
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capítulo 2
Fig. 35 Calçadas e canteiros da Rua Cojuba
Fig. 34 Biblioteca Anne Frank
Fonte : Acervo pessoal.
Fonte : Acervo pessoal.
Fig. 36 Vista frontal Biblioteca Anne Frank Fonte : Acervo pessoal.
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capítulo 3
espaço público de lazer no ambiente urbano A cidade para a população
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3.1 Introdução Nas recentes abordagens sobre bem-estar tem-se fomentado a importância de um completo bem-estar físico, mental e social do ser humano, viabilizado e garantido por meio de políticas públicas e sociais que visem à promoção e a proteção social, ampliação de liberdades e oportunidades, além do respeito à dignidade da pessoa humana como pressupostos essenciais aos direitos humanos. Nesse cenário, o lazer, o esporte, a cultura e a educação inserem-se na dimensão dos direitos humanos, interagindo com as demais necessidades e garantias para a promoção da melhoria da qualidade de vida da população. Por meio dos mesmos, o indivíduo terá acesso a diversão, recreação, entretenimento, educação e ao mesmo tempo aumentar a sua participação social e a sua capacidade de criação e produção. Outro ponto a ser citado é que, o lazer enquanto direito social, pode atuar como alavanca de transformação social justamente por-
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que dele emergem tanto a construção como a dispersão de valores questionadores da sociedade. Além disso, a inserção de um espaço multiusos para a convivência das diferentes classes sociais na cidade moderna vislumbra e evidencia a sua importância para a construção e vivência de valores que contribuam para as mudanças de ordem moral e cultural, imprescindíveis à construção de uma outra realidade social, mais justa e humanizada – sendo esse um dos pilares conceituais mais importantes desse projeto. Apesar da sua importância, é cada vez mais visível nas cidades a falta de espaços públicos e o predomínio da oferta de espaços e equipamentos para o lazer mercadoria. Se o lazer é colocado pela sociedade capitalista enquanto um momento de consumo, o espaço para o lazer também é visto como um espaço para o consumo, seguindo uma tendência que leva à privatização de seus valores, equipamentos, espaços de convívio e áreas verdes e valorizando e incentivando a ação das empreiteiras que visam somente seu lucro.
É comum observarmos a falta, a precariedade ou a má apropriação dos espaços públicos, suas edificações e equipamentos sociais de lazer, que prejudicam especialmente aquelas pessoas identificadas em situação de vulnerabilidade social, privando-as de práticas de cultura e educação, além do esporte e lazer - que estimulem a sociabilidade, a criação, a liberdade e o desenvolvimento integral do ser humano. Numa área de alto poder aquisitivo, a população carente encontra ainda maior dificuldade em achar algum equipamento de uso público, como creches, postos de saúde, escolas públicas e espaços culturais – que se concentram em sua maioria nas periferias. Busca-se evidenciar como a construção, ampliação e melhor utilização desses espaços urbanos podem contribuir para a internalização de novos significados sociais e para o convívio das diferentes classes sociais, para a construção de novos valores e de uma cultura de paz como instrumento e ferramenta importante para reverter e mudar cenários até então considerados como de exclusão e depreciativos da pessoa humana. Fig. 37 Itaim Fonte : Acervo pessoal.
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Diante do exposto, evidencia-se a importância dessa discussão. Esses espaços são oportunos para a prática da diversidade, de manifestações culturais, de interesses físico-esportivos, além de potencializar a transformação social e o respeito aos valores humanos, buscando promover uma dimensão afirmativa dos valores construídos a partir de significados e experiências socialmente vivenciadas, que estão interligados às escolhas pessoais. A melhor utilização e apropriação desses espaços podem contribuir para mudar e transformar cenários violentos e de privação social, assim como complementar espaços onde o interesse privado sobrepunha-se ao público. Desse modo, não há como deixar de reconhecer na sociedade que os espaços públicos de convivência e incentivo a educação, cultura e esporte podem se constituir como instrumento importante de combate à concentração de oportunidades, elitização da educação e da cultura, depreciação da qualidade da população em geral e a exclusão social nas grandes cidades.
Fig. 38 Itaim Fonte : Acervo pessoal.
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3.2 Os valores através do lazer: educação, cultura, convivência e socialização – o espaço público e a população Atualmente, tem-se discutido muito, sobre a importância dos espaços públicos como fator indispensável para se pensar a qualidade de vida e o bem – estar do ser humano. A intensificação da discussão sobre a criação desses espaços dedicados ao esporte, lazer, cultura e educação, levou ao reconhecimento da necessidade dos mesmos e sua importância no exercício da cidadania e na busca de uma vida com mais sentido e qualidade para toda a população, fazendo-se presente em importantes documentos, dentre eles na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Embora os direitos ao lazer, esporte, educação e cultura dos cidadãos estejam previsto na Constituição Federal, na maioria das constituições estaduais e leis orgânicas municipais, e em diversos documentos, sendo considerado um instrumento para desenvolver valores e alcançar cidadania, na realidade, ele enfrenta muitas dificuldades para ser considerado de fato um direito social presente e legitimado dentro da cidade - que cresceu desenfrea-
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damente, embasada no crescimento de cunho capitalista que visa apenas o lucro das empreiteiras, antes mesmo de pensar no bem-estar da população em geral e no funcionamento da cidade como um todo. A atuação direta do Estado nas questões referentes ao lazer são direcionadas pelas finalidades e ações do Ministério do Esporte, órgão responsável pela construção de uma Política Nacional de Esporte e Lazer, trabalhando com o desenvolvimento do lazer através de ações que busquem a inclusão social, tendo como missão “formular e implementar políticas públicas inclusivas e de afirmação do esporte e do lazer como direitos sociais dos cidadãos, colaborando para o desenvolvimento nacional e humano”, além de buscar articulações entre os diversos níveis da administração pública e, também, com a iniciativa privada e organizações da sociedade civil no desenvolvimento de seus projetos, priorizando comunidades com populações em situação de vulnerabilidade ou exclusão social.
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Apesar de o Brasil possuir diretrizes concretas direcionadas ao lazer, esporte e cultura e às suas práticas, valorizando sua dimensão social e seu caráter transformador, preocupadas com a inserção desse direito na realidade, na maioria das cidades, quem gesta as políticas de esporte e lazer é a Secretaria de Esporte e Lazer, que enfrenta muitos problemas para a sua implementação, principalmente com relação ao orçamento público e sua legitimação no âmbito político. Sem dúvida esse é um dos maiores desafios das gestões municipais no planejamento e execução de suas políticas para essa área. A falta de legitimidade, conforme já colocada anteriormente, aliada a uma constante escassez de recursos orçamentários, bem como pela falta de um planejamento bem definido e de metas claras de ação, formam a atual situação da maioria das gestões municipais no país. A falta de comprometimento do Estado para com a cidade e seus cidadãos se evidencia cada vez mais, em ações claras como a que estudamos neste trabalho da incorporadora JHSF e o ex-prefeito Gilberto Kassab.
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A população deve se unir e exigir que os órgãos públicos atuem em prol da cidade como um todo, preservando áreas não verticalizadas, com cobertura vegetal e de uso público. Essas áreas, não só devem ser preservadas, como devem ter seus usos optimizados e integrados, formando assim espaços onde a população de todas as classes sociais podem interagir e ter acesso a manifestações culturais, lazer, esporte e educação. Núcleos como estes deveriam se espalhar e ser usados como modelo por toda a cidade, servindo à todos os cidadãos, sem exclusão.
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3.3 Espaço público no ambiente urbano: em busca de legitimação O lazer, a cultura, a educação e o esporte para acontecerem precisam de um espaço. Mas que espaço é esse? Por ser um tema bastante amplo e que envolve diversos conteúdos culturais, o espaço para sua manifestação dependerá do tipo de atividade desenvolvida no mesmo. Dentre os espaços disponíveis na sociedade moderna enquadram-se uma pluralidade de locais tanto públicos como privados: bibliotecas, centros culturais, teatros, cinemas, museus, shoppings, clubes, quadras, ginásios, parques, praças dentre outros. Para uma maior compreensão da relação com o espaço, é interessante inserir na perspectiva dos interesses culturais, que acompanha a classificação das atividades de lazer feita pelo sociólogo francês Joffre Dumazedier. Na sua tipologia, Dumazedier, procurou classificar as atividades baseando-se no interesse central desencadeador da busca de determinada atividade pelo indivíduo, ou seja, daquilo que o motivaria para procurar esta ou aquela atividade.
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Em sua classificação, esses interesses centrais seriam de cinco tipos: interesses físicos (relacionados às atividades físico-esportivas em geral), interesses artísticos (envolvendo a arte em suas mais diversas formas de apresentação), interesses manuais (derivados da manipulação de objetos e produtos, estando entre suas práticas: a jardinagem, a costura, a culinária, os hobbies em geral etc.), interesses intelectuais (ligados ao exercício do ato de raciocinar, como jogos de xadrez, dama, gamão, bridge ou palestras e cursos desvinculados do trabalho) e interesses sociais (relacionados aos encontros entre indivíduos em espaços de convivência, festas, bares e restaurantes). Dessa forma, podemos identificar que dependendo do interesse central que desencadeia a escolha da atividade de lazer pelo indivíduo, também um espaço determinado será requerido para tal manifestação. Durante a pesquisa, dá-se ênfase à estrutura do espaço de lazer urbano destinada aos interesses físico-esportivos e cul-
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turais integrados aos interesses sociais, na perspectiva de que tais atividades possuem uma estreita relação com as políticas setoriais de esporte e lazer, com o uso dos espaços públicos disponíveis e com a busca de maior qualidade de vida para a população, principalmente do segmento jovem.
favorecendo sua permanência no ambiente privado. No mesmo sentido, observamos como consequências das questões políticas e econômicas que envolvem o espaço, dentre eles a violência e a falta de segurança que impedem a escolha do lazer das pessoas, a casa hoje figura como principal equipamento de lazer.
Quando analisamos o espaço de lazer nas cidades hoje é interessante destacarmos o espaço doméstico, que definitivamente é o espaço majoritário das práticas de lazer, independentemente da renda ou classe social e, justamente por isso, passa a constituir-se como um espaço aglutinador de contrastes e diferenças marcantes.
Entretanto, o espaço doméstico tem deixado de ser um local qualificado de proteção e de construção de valores humanos, justamente porque, dada à chamada crise das principais instituições sociais, potencializou-se sob forte influência e inferência da mídia a construção de valores privados, que estimulam o esfriamento das relações e o individualismo entre os membros familiares. Nesse contexto, resgatar os espaços públicos de lazer no ambiente urbano é imprescindível para que se recupere valores coletivos, que estimulem a convivência e a socialização.
Como possíveis causas para que a casa se torne, em muitos casos, o lugar onde as pessoas mais vivenciam o lazer, é possível pontuar dois extremos: de um lado têm-se as pessoas que possuem uma dificuldade grande de acesso aos equipamentos específicos, tendo seu lazer restrito à televisão; de outro lado, encontram-se aquelas pessoas que possuem uma rede própria de equipamentos de lazer no interior de suas casas ou em condomínios fechados de alto padrão (horizontais ou verticais),
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Com relação a esses equipamentos específicos de lazer, a maioria das cidades possui um número insuficiente de locais públicos para o lazer no atendimento à população, principalmente de equipamentos culturais e esportivos. Além da evidente falta de espaços públicos específicos
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para o lazer, esses espaços, quando existentes, sofrem outros grandes problemas no âmbito urbano tais como sua má distribuição pelas diferentes regiões da cidade; problemas com sua utilização, manutenção e conservação; a concorrência com os empreendimentos da iniciativa privada e o predomínio do lazer como mercadoria a ser consumida, movido pela lógica do neoliberalismo e por um consumismo desenfreado.
Porém, observamos algumas áreas caracterizadas como polo econômico, que atrai pessoas de diferentes classes sociais, e que mesmo sendo uma área de alto poder aquisitivo, possui uma população transeunte que necessita dos equipamentos públicos. Além disso, a concorrência desigual que o espaço privado de lazer impõe sobre o espaço público, acaba por levar esse último a um processo de deterioração e abandono cada vez maiores.
Com relação à má distribuição desses equipamentos específicos na cidade, evidenciamos que a tensão entre público e privado interfere, necessariamente, no trato com o espaço urbano e, consequentemente, no trato com o espaço de lazer.
Desse modo, atualmente o que é valorizado no lazer cotidiano não são atividades populares que fomentam o encontro, o convívio, a discussão, a participação, etc., mas aquelas que possibilitam o consumo de diversas mercadorias, dentre elas, as manifestações culturais e esportivas, desenvolvidas naqueles espaços em que o direito ao lazer é substituído pelo ato de consumir.
Assim, se analisarmos o espaço público na cidade, vemos que as possibilidades de acesso ao mesmo muitas vezes é hierarquizada e privatizada, sendo recorrente no meio urbano, a existência de espaços públicos de lazer privilegiados, destinados a uma minoria ligada às elites, localizados em bairros nobres pelas cidades. Por outro lado, é evidente a escassez de espaços e equipamentos públicos de lazer de qualidade nas periferias.
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Nessa perspectiva, é cada vez mais visível nas cidades a falta de espaços vazios urbanizados para o lazer e o predomínio da oferta de espaços e equipamentos para o lazer mercadoria. A sobrevivência de espaços públicos destinados ao lazer irá depender então, diretamente da ação do poder municipal em reconhecer sua impor-
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tância e promover sua ocupação pelas comunidades, principalmente das classes menos favorecidas, para que uma apropriação do espaço diferente e possível possa acontecer e também, depende da própria relação que a comunidade já estabelece com os mesmos. Deixá-los para que grandes empresas da indústria do divertimento os transformem em atividades lucrativas – restrita àquelas pessoas que possuem as condições necessárias para sua apropriação – ou, abandoná-los para que se transformem em locais propícios para a violência é desistir de promover uma cidade mais justa e humana. Se a atual configuração das cidades constitui obstáculo à construção de direitos, eis que pautada numa organização que contribui para a exclusão, nos moldes da globalização, e influenciada pelo fato de a pessoa ser ou não consumidora de bens e serviços, principalmente dos produtos que são fabricados pela indústria do divertimento, como então é possível falar de lazer, esporte e cultura enquanto um bem social, um direito do cidadão e um instrumento essencial à apropriação da cidade por toda a sociedade, se a grande maioria dos cidadãos está excluída desse processo?
42.
As questões relativas à superação da exclusão e da pobreza no meio urbano estão diretamente relacionadas à preocupação com uma melhor qualidade de vida nas cidades. Na busca pela consolidação dos direitos, a cidade deve ser pensada dentro de uma dimensão ampla e humana, que, para além de sua materialidade física, se corporifica em seus próprios cidadãos e nas relações que ocorrem em seu espaço, buscando fazer com que a cidadania de fato faça parte do cotidiano dos moradores urbanos. Ao analisarmos essas questões, entendemos o pilar utópico base desse projeto, que visa a integração, a criação de um espaço onde as diferentes classes sociais possam conviver e ter acesso à cultura e educação, criando assim um espaço livre de preconceitos e discriminação de qualquer tipo, seja ela racial ou social – onde a população se una como um todo em prol da cidade e do sentimento de comunidade, união. Ao inserir essa dimensão, a temática da qualidade de vida aliada à concepção do desenvolvimento humano livre de preconceitos, deve ser considerada uma impor-
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tante medida na busca por soluções dos problemas da cidade, pois envolve uma mudança de percepções, pensamentos e valores, tanto para o sentido e significado de nossas ações no cotidiano quanto para as ações dos governantes, no momento presente e para as gerações futuras. Além disso, o nível de qualidade de vida urbana não é mensurado apenas por indicadores, mas é diretamente condicionado pelas oportunidades que as pessoas têm em usufruir de seus direitos na cidade. O crescimento significativo da temática da qualidade de vida relacionada às pesquisas em torno da realidade urbana envolve diversos aspectos que influenciam as condições de vida dos cidadãos e se manifestam em diversas esferas, o que amplia as possibilidades de análise e de intervenção das políticas públicas. Assim, pensar os espaços públicos como lugar de encontro e convívio é essencial para que o cidadão possa usufruir desses direitos sociais e, nessa direção, as políticas devem se preocupar não só com a criação e manutenção desses espaços, mas também, em viabilizar atividades que possam envolver a comunidade e facilitar o seu
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acesso. Inclusive, devem conseguir fazer com que esses espaços sejam descentralizados e ampliados, utilizandose de espaços já existentes também. Um espaço é determinado pelas características da população que o utiliza, pelo modo de vida dos diferentes meios sociais que o frequentam. Deverá ao mesmo tempo respeitar, desenvolver as diversidades culturais destes indivíduos para escapar à uniformização, à padronização, ao tédio social. Deverá também reduzir as diferenças, as disparidades, os desequilíbrios culturais que privam algumas esferas sociais de tudo o que a cultura urbana poderia lhes proporcionar. Desse modo, para se buscar a democratização dos espaços públicos na cidade, é fundamental que se envolvam o poder municipal e a comunidade. É possível, por meio de ações e inserções mais comprometidas com a construção de uma nova sociedade, mais justa, solidária e humana, buscar “humanizar” a cidade, que em vez de ser orientada apenas pelo desempenho do trabalho, necessita expandir as possibilidades para que o lazer possa ser usufruído por todos os seus habitantes, com
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dignidade e criticidade, valorizando o ser humano que a constitui ao mesmo tempo em que é constituído - o lazer, cultura, educação e esporte podem deixar de serem restritos a um consumo alienado, para se transformar de fato em uma prática social que representa uma das dimensões da vida em sociedade. Com isso, devemos buscar instrumentos que nos auxiliem na democratização do lazer no espaço urbano com a ampliação dos espaços disponíveis e, também, de instrumentos que possibilitem sua ocupação e aumento de atividades que ocorram de forma consciente e participativa, potencializando as experiências no âmbito do esporte e lazer na cidade. É preciso, ainda, considerar as experiências de lazer como oportunidades de reconquista de valores perdidos na extenuante situação de exploração, tais como a iniciativa, a responsabilidade, a criatividade e a realização, bem como possibilidades que favorecem a convivência e a solidariedade. O essencial dessa discussão é compreender que democratizar o lazer implica democratizar o espaço, de modo que ao tempo disponível corresponda um espaço dispo-
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nível. E se a questão for colocada em termos da vida diária da maioria da população, não há como fugir do fato: o espaço para o lazer é o espaço urbano. As cidades são os grandes espaços e equipamentos de lazer. O tema do espaço de lazer tem merecido cada vez mais destaque no âmbito das políticas urbanas, realçando a necessidade de uma política de investimento dirigida para superar a falta desses espaços e de políticas para sua ocupação. Tal importância é legitimada principalmente quando o espaço público de lazer se caracteriza como espaço de encontro, convívio, do encontro com o ‘novo’ e com o diferente, lugar de práticas culturais, de criação, de transformação e de vivências diversas, no que diz respeito a valores, conhecimentos e experiências. Quando a existência de espaços públicos de qualidade passa a ser compreendida em uma dimensão ampla, ela se integra a questões ligadas ao emprego, à educação, à saúde, à habitação, à infra-estrutura urbana, ao transporte, à violência, entre outras, e a política que a ele se destina extrapola a mera execução de atividades. Es-
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pecificamente com relação aos seus espaços, a política de cultura e educação passa a buscar um diálogo direto com outras áreas, estando diretamente relacionada à questão urbana do uso do solo, à construção e otimização dos equipamentos destinados à sua prática e ao uso desses espaços enquanto locais de interesse coletivo. Percebe-se então a necessidade de se pensar o espaço urbano das cidades de forma associada com a garantia de outros direitos sociais, como estratégia para se enfrentar e reverter cenários e contextos até então considerados como violentos ou de exclusão. Com isso, defende-se a ideia de que não é possível construir valores humanos, laços de solidariedade e melhorar a qualidade de vida das pessoas, sem a interlocução e interação dessas questões com uma qualidade de vida ambiental. É preciso perceber que os indivíduos precisam ter acesso às condições necessárias para se viver bem, tais como condições sócio-estruturais como emprego, habitação, escola, lazer e soma-se a essas necessidades, um quadro minimamente equilibrado, área verde, córregos e atmosfera não poluídos.
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Sobre essas questões observamos que é necessário evitar e refletir sobre o discurso de que a simples oferta de espaços urbanos virá melhorar a qualidade de vida das pessoas e potencializar nesse processo, a construção de valores de solidariedade, reciprocidade, respeito e a convivência humana. É preciso disponibilizar o “pão e o circo”, ou seja, tanto às condições necessárias para a sobrevivência quanto os atrativos, atividades, eventos e oportunidades de recreação, lazer e de promoção ao bem-estar dos indivíduos. Nesse contexto, enfatizamos que é preciso defender a importância, ainda que não a suficiência, dos investimentos em ética, estética, equipamentos culturais, abertura de espaços de sociabilidade e lazer e chamar atenção para o valor contra violências de tais políticas, o que, insisto se não conjugado a políticas de emprego e de boa educação, podem se perder ou ter efeitos apenas paliativos, temporários. Dessa forma, priorizando não só a infraestrutura desses equipamentos e espaços, mas também o respeito às múltiplas necessidades das comunidades, a política de lazer,
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através de programas específicos que buscam despertar na população o interesse e a relevância de tais práticas para uma melhor qualidade de vida no meio urbano, traz uma nova forma de pensar a cidade em interface com seus espaços públicos de lazer. A partir do momento que o espaço público de qualidade passa a ser incorporado na experiência cotidiana do indivíduo e adquire um significado, a apropriação desse patrimônio público passa a não ser mais tarefa exclusiva do poder público, mas se expande para toda a comunidade, que se sente também responsável por ocupar e cuidar desse espaço. Mas para que esse espaço ou equipamento de lazer possa ser de fato incorporado pela comunidade, ele deve ser, desde o seu processo de planejamento, discutido com a população a que pretende atender, para que suas aspirações e necessidades sejam respeitadas e essa apropriação possa de fato acontecer. Além disso, quando esses espaços destinados às experiências no âmbito do lazer não são acompanhados por programas específicos que promovam uma mudança de valores e hábitos na população com relação à sua im-
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portância e aos seus benefícios, principalmente voltados para a promoção de uma maior qualidade de vida, tal empreendimento pode simplesmente caracterizar-se apenas como mais um espaço construído no meio de tantos outros que formam a cidade, porém vazio de significado – que é observado atualmente no quarteirão em questão. Como as cidades são aglomerações sociais determinadas pelo tempo e espaço, que envolve a modificação do meio ambiente e a produção de cultura, o espaço natural é transformado em espaço construído a partir da representação social. A representação do espaço físico como uma construção social leva a existência de diversas abordagens do espaço de acordo com a forma como ele é representado pelos grupos sociais, assumindo diversas funções e significações. Analisar os modos de apropriação do espaço público de lazer a partir dessa dimensão social suscita importantes pontos de discussão, principalmente no que se refere às estratégias de apropriação desses espaços por diferentes grupos sociais, que envolve diretamente a repro-
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dução de relações de poder de grupos dominantes e de interesses privados e, em contraposição, a intervenção estatal na defesa de grupos excluídos e de interesses públicos. A associação entre desenvolvimento humano e espaço é construída num plano pelo qual se busca reconstruir o espaço social como predominante e produzir formas diferenciadas de apropriação, que priorizam a melhoria das condições de vida da população, no qual as desigualdades são desnaturalizadas e há a preocupação em promover, prioritariamente, a inclusão social. Assim, apropriar-se do espaço urbano para que nele sejam desenvolvidas políticas públicas de lazer e esporte é compreender fundamentalmente que esses espaços são produzidos a partir de uma dimensão humana, contemplando os significados para quem neles vive e deles usufruem, e que podem constituir-se em instrumentos importantes que favoreçam a convivência, a solidariedade e o combate à violência.
Fig. 39 Itaim Fonte : Acervo pessoal.
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3.4 Considerações finais Apesar da consubstancial importância da garantia efetiva e qualitativa do direito ao lazer, cultura, educação e esporte, é imprescindível que o seu acesso esteja sustentado e inter-relacionado à segurança de outros direitos essenciais à sobrevivência humana, tais como a saúde, a assistência social, a habitação, o trabalho/emprego, dentre outros. Acredita-se que é essa articulação que poderá potencializar uma melhor e maior apropriação dos espaços públicos urbanos, oportunos para reverter os cenários e contextos, até então considerados violentos e de exclusão, legitimando valores que ampliem a solidariedade, a convivência e a cidadania na cidade como um todo. A ociosidade e o excesso de tempo livre evidenciado nos aglomerados urbanos têm sido destacados como fatores atrativos para a ocupação do crime organizado e exclusão social. Por outro lado, discute-se que os valores hoje disseminados como positivos pelo lazer e esporte acabam colaborando para a privatização de suas práticas,
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espaços e para a legitimação do individualismo. Diante desse impasse, pensar a articulação entre políticas públicas de esporte e lazer, política urbana, política de combate a violência, de cultura e educação é essencial para buscar promover uma melhor qualidade de vida urbana, contemplando atividades que envolvam não só a instituição familiar, mas também os diversos segmentos populacionais, principalmente as crianças e os jovens vitimados pela segregação econômica, social e espacial a que são submetidos em suas experiências cotidianas. A partir das experiências obtidas por Organizações Internacionais e Nacionais por meio da implementação e execução de projetos importantes, têm-se verificado que ao potencializar a melhor utilização dos espaços públicos urbanos pode-se alcançar bons resultados que, de forma integrada e participativa, tem contribuído para a mudança de cenários e realidades violentas e para a propagação de valores essenciais ao desenvolvimento humano, principalmente promovendo uma maior inte-
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gração social das diferentes classes sociais e práticas saudáveis de convivência entre os cidadãos. O lazer, o esporte e a educação, nesses cenários, a partir de suas potencialidades educacionais, sociais e humanas, acabam sendo vistos como um importante instrumento de promoção e melhoria da qualidade de vida para todos os indivíduos da sociedade. Assim fica evidenciada a importância desses espaços públicos, não só para a população carente, como também para a sociedade como um todo. Conforme ressaltado nas experiências discutidas, um dos principais espaços públicos no ambiente urbano, embora pertencente à categoria de equipamento não-específico, capaz de minimizar a lógica excludente e a violência é o espaço das escolas, que podem ser utilizadas como centros de cultura e educação, e espaços para desenvolver o lazer em potencial, através do uso de suas quadras, salas e pátios, pois encontram-se, na maioria dos municípios, em grande número e bem distribuídas no espaço. Tomando-as como ponto de partida, visamos expandir esse conceito multi-uso, de integração para o espaço em sua totalidade e não só concentrado dentro de uma só edificação.
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Dessa forma, projetar qualidade de vida no ambiente urbano é necessariamente assegurar espaços públicos de qualidade e integrados, o que significa implementar uma política de valorização de suas potencialidades, possibilitando a efetivação e democratização. Nesse contexto, o lazer, a cultura, o esporte e a educação nas cidades brasileiras, especialmente vivenciado no espaço público, embora esbarre em dificuldades colocadas pela conformação do espaço urbano e pelo poder privado das construtoras, pode, quando inserido ao lado de uma nova forma de pensar e planejar a cidade, constituir um instrumento de ampliação da liberdade humana no espaço urbano, possibilitando um maior desenvolvimento social para seus habitantes, uma maior qualidade de vida e uma outra forma de ver e viver nas cidades - possibilitando e incentivando a convivência das diferentes classes sociais e melhorando as condições para toda a sociedade.
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o projeto Fig. 40 Itaim Fonte : Acervo pessoal.
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4.1 Referências arquitetônicas e projetos análogos Projeto do Escritório Andrade Morettin, projeto para a Petrobrás – Utilizado como referência de implantação e organização em um eixo principal.
Fig. 41 Andrade Morettin
Fig. 43 Andrade Morettin
Fig. 42 Andrade Morettin
Fig. 44 Andrade Morettin Fonte : http://www.andrademorettin.com. br/projetos/centro-de-informacoes-docomperj/
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Arquiteto João Vilanova Artigas, projeto Santa Paula Iate Clube – Utilizado referência de eixo organizacional e circulações.
Fig. 45 Santa Paula Iate Clube Fig. 46 Santa Paula Iate Clube Fonte : http://www.archdaily.com. br/23367/
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Massimiliano Fuksas projeto Fiera Milano – referência da cobertura como eixo de implantação e organizacional das edificações adjacentes; referência de sistema construtivo “pilares em árvore” e cobertura em estrutura metálica e fechamento em vidro.
Fig. 47 Fiera Milano Fig. 48 Fiera Milano Fig. 49 Fiera Milano Fonte : http://www.fuksas.it/
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Arquiteto Mario Bellini, projeto para o Museu Louvre, Galeria de Arte Islâmica – Referência plástica da forma orgânica da cobertura, e referência de sistema construtivo.
Fig. 50 Museu Louvre, Galeria de Arte Islâmica Fig. 51 Museu Louvre, Galeria de Arte Islâmica Fonte : http://www.bellini.it/architecture/ Louvre.html
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Arquiteto Oscar Niemeyer projeto Marquise do Ibirapuera – referência de eixo de circulação e diferentes usos sob a cobertura.
Fig. 52 Marquise do Ibirapuera Fig. 53 Marquise do Ibirapuera Fonte : http://www.arcoweb.com.br/ arquitetura/oscar-niemeyer-auditoriosao-14-12-2005.html
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capítulo 4 Fig. 54 Parque Bicentenário Fig. 55 Parque Bicentenário
Arquiteto Raul Torrealba, projeto Parque Bicentenário; Santiago, Chile – refência de usos e organização dos espaços e referência de materiaise equipamentos urbanos.
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Fig. 56 Parque Bicentenário Fig. 57 Parque Bicentenário Fonte : http://www.chile.com/secciones/ ver_seccion.php?id=102691
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Escritórios James Corner Field Operations e Diller Scofidio + Renfro, projeto Highline Park, Nova Iorque – referência de eixo organizacional dos espaços, materiais, circulações e equipamentos urbanos.
Fig. 58 Highline Park Fig. 59 Highline Park Fig. 60 Highline Park Fig. 61 Highline Park Fig. 62 Highline Park Fonte : http://www. archdaily.com/2 4362/ the-new-york-high -line-officially-open/708494975_dsrhighline-09-06-5038/
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4.2 Programa O programa do projeto em questão constitui-se de uma escola municipal, uma creche, um posto de saúde, um estacionamento subterrâneo, um teatro e uma galeria com espaços para exposições e workshops - além da área ao ar livre disponível para a prática de esportes e pequenas áreas dedicadas a exposições e manifestações culturais. Todo o programa se desenvolve a partir da implantação da cobertura, que articula e integra os diferentes usos e edificações.
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Escola Municipal: 06 salas de aula, 02 laboratórios, banheiros feminino e masculino, banheiros de funcionários, 02 depósitos, refeitório, cozinha, cantina, biblioteca, diretoria, ambulatório, almoxarifado, copa de funcionários, vestiário de funcionários, recepção, secretaria, sala de professores e pátios cobertos e descobertos. Creche: Recepção, área de espera, pátio coberto, pátio descoberto, secretaria, 03 salas de três a cinco anos, brinquedoteca, copa de funcionários, vestiário de fun-
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cionários, banheiro de funcionários, depósito de lixo orgânico e seco, banheiros feminino e masculino, refeitório, cozinha, dispensa, secretaria/ administração, lactário, sala de higienização de bebês, 02 salas de zero a dois anos, almoxarifado, bebeteca, lavanderia e oficina. Teatro: Foyer, serviços, coxias, camarins, área técnica, plateia, banheiros masculino e feminino, palco, sala de som e depósito. Galeria de Arte: Jardim de esculturas, 04 salas, banheiros masculino e feminino, área expositiva, administração geral e administração da galeria. Posto de Saúde: 03 salas de atendimento, depósito, recepção, espera, sala de funcionários e banheiro feminino e masculino. Esporte: 04 quadras poliesportivas e pista de cooper. Estacionamento Subterrâneo: 194 vagas, casa de máquinas, almoxarifado e depósito.
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4.3 Memorial Descritivo – análise do projeto O partido arquitetônico adotado, caracterizado pelo desmembramento dos usos em basicamente quatro edificações inter-relacionadas por uma cobertura única, pretende incorporar referências espaciais urbanas, como as escalas da praça, do quarteirão, do parque e da rua. Todas essas edificações – Posto de Saúde e Galeria, Escola Municipal, Teatro e Creche - são articuladas e integradas por uma cobertura de formas orgânicas única que atravessa o lote no sentido da Rua Lopes Neto à Rua Salvador Cardoso – por serem as ruas mais movimentadas e por criarem um eixo com o já existente Parque do Povo. Essa cobertura é estruturada por pilares em “árvore”, que sustentam uma estrutura metálica com fechamento em policarbonato, permitindo assim certa transparência e permeabilidade da luz e da ventilação natural, criando um ambiente agradável sob a mesma. Fig. 63 Rua Salvador Cardoso Fonte : Acervo pessoal.
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Indo no sentido da Rua Salvador Cardoso para a Rua Lopes Neto, encontramos primeiramente o acesso térreo do posto de saúde e da galeria de arte, assim como o acesso de pedestres à garagem subterrânea, que encontram-se no nível inferior ao térreo. Estes podem ser acessados por duas escadas ou um elevador, que dão para um jardim de esculturas que serve de articulador do fluxo de pessoas entre a galeria e o posto de saúde, assim como a garagem subterrânea. Voltando para o nível térreo, encontramos a escola municipal e o acesso às quadras poliesportivas. A escola desenvolve-se em dois níveis. No nível térreo encontramos a área administrativa da mesma, assim como a biblioteca, refeitório, cantina e ambulatório. Esse programa se desenvolve em blocos interdependentes que se disseminam sob a cobertura do andar superior, criando diferentes volumetrias e pátios cobertos e descobertos. A articulação dos dois pavimentos da escola se dá prin-
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cipalmente por uma rampa, e secundariamente por uma escada e um elevador que encontram-se no vazio central da edificação. No segundo pavimento encontramos as salas de aula e os laboratórios – entre os mesmo encontramos painéis deslizantes que possibilitam a completa integração e modificação do layout das salas. A ventilação e iluminação se dão por meio de um dômus central. As janelas das salas de aula são protegidas por um muxarabi, que serve para barrar os ruídos da escola para o parque, e vice-versa, além de ser uma barreira visual, concedendo maior privacidade aos alunos. Porém este anteparo não tem função de barreira e proteção solar, já que encontra-se nas fachadas norte e sul da edificação. Após a escola, encontramos o teatro, que também se desenvolve em dois níveis – devido à inclinação necessária para a curva de visão dos telespectadores, o palco encontra-se semienterrado.
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O teatro desenvolve-se em duas dimensões, a caixa acústica onde acontecem os espetáculos, e uma “pele” exterior que proporciona a circulação, assim como os serviços de apoio ao teatro e seus espectadores. A entrada do público se dá pelo nível térreo, assim como a entrada de serviços. A articulação entre os dois níveis se dá por duas escadas centrais, e um elevador que permite total acessibilidade. No segundo pavimento
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encontra-se a entrada para a plateia e os banheiros. Em seguida, encontramos a creche, que também se desenvolve em dois pavimentos. No primeiro pavimento, térreo, encontramos o refeitório, as salas dos alunos de três a cinco anos, a cozinha, a área de serviços e funcionários, o pátio interno, a secretaria e a recepção com a área de espera. A articulação entre os dois níveis se dá principal-
mente por uma rampa, e secundariamente por uma escada. No segundo pavimento encontramos as salas dos alunos de zero a dois anos, o lactário, a sala de higienização de bebês, a oficina, assim como a parte administrativa da creche. O desenvolvimento do programa da creche se dá em torno de um pátio interno com árvores já existentes que foram conservadas, que tem função recreacional para as crian-
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ças e também serve como organizadora dos espaços. Enquanto as salas do pavimento térreo se abrem para esse pátio, as salas do andar superior se abrem para um muxarabi que segue o desenho desse pátio e serve como fornecedor de iluminação natural, assim como de ventilação, criando conforto térmico para o interior da edificação. A cobertura que faz a conexão entre todos esses edifícios possui uma forma orgânica que
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se contrapõe às formas rígidas das edificações adjacentes. A estrutura dessas edificações é basicamente a mesma, composta de lajes nervuradas moldada em loco, sustentadas por pilotis. A única exceção é o teatro, que possui estrutura metálica, com perfis em “I” e treliças conectando-os para que o grande vão seja devidamente sustentado. A praça em sí desenvolve-se em torno das edi-
ficações, coordenada também pela cobertura que a cruza. As árvores existentes foram conservadas, e foram criados canteiros de formas rígidas com diferentes vegetações, assim como espelhos d’água com diferentes alturas, que conversam com a linguagem dos edifícios e se contrapõe à forma orgânica da cobertura, com suas curvas que chegam a tocar o chão. Bancos e bicicletários encontram-se espalhados por toda a praça, e os caminhos são delimitados por dois tipos diferentes de pisos.
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