Um Roteiro Visual e Histórico: projeto de sinalização para área central de Jundiaí

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Priscila Machado Meireles

UM ROTEIRO VISUAL E HISTÓRICO: projeto de sinalização para área central de Jundiaí

SENAC | Campinas 2014



Priscila Machado Meireles

UM ROTEIRO VISUAL E HISTÓRICO: projeto de sinalização para área central de Jundiaí

Monografia apresentada no Curso de Pós-Graduação – Lato Sensu em Design Gráfico do SENAC Campinas, como requisito para a obtenção do título de Especialista em Design Gráfico.

Orientadora: Profa. Ms. Érika do Amaral Pozzeti Judice

SENAC | Campinas 2014


Autorizo a reprodução total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

E-mail: arq.meireles@gmail.com

M514r

Meireles, Priscila Machado Um roteiro visual e histórico: projeto de sinalização para área central de Jundiaí / Priscila Machado Meireles – Campinas, 2014.

128 p. : il.. color ; 27 cm

Orientador: Profa. Erika do Amaral Pozzeti Judice

Trabalho de Conclusão de Curso – SENAC – Campinas, 2014. 1. Design gráfico 2. Sinalização 3. Wayfinding 4. Mapa 5. Roteiro a pé 6. Patrimônio histórico 7. Jundiaí. I. Meireles, Priscila Machado II. Judice, Erika do Amaral Pozzeti. III. Título CDD741.6


Priscila Machado Meireles

UM ROTEIRO VISUAL E HISTÓRICO: projeto de sinalização para área central de Jundiaí Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do grau de Pós-Graduação – Lato Sensu, Especialista em Design Gráfico pelo programa de Design Gráfico do SENAC Campinas. Orientadora: Profa. Ms. Érika do Amaral Pozzeti Judice

A Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão, em sessão pública realizada em ____/____/________, considerou a candidata: _______________________. 1) Examinador(a): _________________________ 2) Examinador(a): _________________________ 3) Examinador(a): _________________________ 4) Presidente: ____________________________.

SENAC | Campinas 2014



Para

&

Maria Lúcia e Vinicius, as fontes vivas da minha história.

A Delamar Soares

(in memorian), um mestre para a vida toda.



Agradecimentos Sou imensamente grata a todos professores que, um dia, me inspiraram a gostar de aprender. Neste percurso, em especial, à Érika Pozzeti Judice, Gabriela Coppola, Jeancarlo Cerasoli, Maria Beatriz Ardingui e Vania Bittencour, pelos exemplos generosos. Agradeço ao professor Adilson Freitas, pela paciência em compartilhar tantos conhecimentos tecnológicos. Ao meu irmão Vinicius, meus agradecimento pela companhia bem-humorada em vários passeios fotográficos pelo centro. Expresso ainda, minha gratidão aos amigos que fiz neste período, sobretudo pela troca valiosa de informações e experiências ao longo de tantos sábados; especialmente à Priscila Godoy, Marília Varoni, Maria Helena Resnitzky, Adriana Grella e Neto Torin, pelas conversas, abraços e acolhidas. Ao amigo Fernando Atique, declaro meu profundo apreço pela amizade e agradeço por ter sido o grande incentivador desta trajetória. A Marcus Vinicius Massak, professor e companheiro de jornada acadêmica, agradeço por ter me estendido a mão tantas vezes e acreditar em mim. E aos meus familiares sou profundamente grata por vivenciarem paralelamente comigo todo o percurso desta história. Jundiaí, primavera de 2014.



“Dê-me um mapa: então saberei quanto me falta para conquistar o mundo...”. Christopher Marlow

“Creativity takes courage”. [Criatividade exige coragem]

Henri Matisse

“Si el diseño no sirve para que la gente viva mejor, entonces no sirve para nada”. [Se o design não serve para as pessoas viverem melhor, então não serve para nada]

Ronald Shakespear


RESUMO


T

rata-se, além de um trabalho acadêmico, de um convite para andar a pé, passear e conhecer um pouco a história do município de Jundiaí, localizado no interior do estado de São Paulo. Através de um projeto de sinalização urbana, propõe desvendar e divulgar parte da história da cidade, de pouco mais de quatro séculos, entre caminhos e trajetos cotidianos, mapeando visualmente imóveis de relevância histórica e arquitetônica da região central. Através de elementos gráficos distribuídos ao longo de um percurso, estabelece novas formas de percepção, exploração e experimentações visuais do espaço público urbano, visando estreitar as relações entre a memória coletiva e o patrimônio histórico municipal, como um conjunto legível e acessível à população. O percurso, direcionado principalmente aos jovens estudantes, através de um roteiro a pé com histórico valor arquitetônico, permite, sobretudo, um novo modo de olhar e conhecer a cidade.

Palavras-chave: design gráfico; sinalização; wayfinding; mapa; roteiro a pé; patrimônio histórico; Jundiaí.


ABSTRACT


T

his is, in addition to an academic paper, an invitation to walk the walk, stroll and learn the history of the city of Jundiaí, located within the state of São Paulo. Through a project of urban signaling proposes unravel and promotion of the history of the city, just over four centuries, between paths and daily commutes, visually mapping properties of historical and architectural significance of the central region. Through graphic elements distributed along a route, establishing new forms of perception, and visual exploration of urban public space experiments, aimed at strengthening the relationship between collective memory and the municipal heritage as a readable and accessible to the whole population. The route, aimed mainly at younger students, through a script of walk with historic architectural value, allows, above all, a new way of looking and seeing the city.

Keywords: graphic design; signage; wayfinding; map; script of walk; heritage; Jundiaí.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – As 4 Ruas Principais Figura 2 - Limite do Município e Localização do Centro Figura 3 – Dados da população jovem Figura 4 - Localização dos 47 bens imóveis no município Figura 5 – Localização dos bens imóveis concentrados na área central Figura 6 – Roteiro proposto Figura 7 – Teste cromático 1, baixa acuidade visual Figura 8 – Teste cromático 2, baixa acuidade visual Figura 9 – Logotipo desenvolvido enquanto identidade do percurso Figura 10 - Placas direcionais para postes Figura 11 - Placas direcionais distribuídas ao longo do percurso Figura 12 – Sinalização direcional para o piso Figura 13 – Sinalização direcional para o piso entre os imóveis Figura 14 – Placa inicial do roteiro de visita Figura 15 – Silhuetas das edificações Figura 16 – Modelo de placa interpretativa dos imóveis Figura 17 – Placas interpretativas de cada edificação Figura 18 – Estudo de pré-implantação 1 Figura 19 – Estudo de pré-implantação 2 Figura 20 – Especificações técnicas (recomendações) Figura 21 – Telas iniciais do aplicativo móvel Figura 22 - Telas intermediárias do aplicativo móvel Figura 23 - Telas intermediárias do aplicativo móvel Figura 24 – Telas intermediárias do aplicativo móvel Figura 25 – Telas finais do aplicativo móvel


LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dados do município de Jundiaí (SP) Tabela 2 – Relação de bens do IPPAC Tabela 3 – Exemplares do patrimônio histórico jundiaiense que compõem o roteiro de visitação Tabela 4 – Resumo dos conceitos relativos aos termos empregados em projeto de sinalização.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas COMPAC – Conselho Municipal de Patrimônio Cultural CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPPAC – Inventário de Proteção do Patrimônio Artístico e Cultural de Jundiaí PMJ – Prefeitura do Município de Jundiaí PNE - Portadores de Necessidades Especiais SEGD - Society for Environmental Graphic Design QR codes – O termo QR deriva de Quick Response, que em inglês significa resposta rápida (ver nota de rodapé 2).


SUMÁRIO


Introdução CAPÍTULO 1

27

Contexto, memória e identidade

27

1.1. O município de Jundiaí e a região central

32

1.2. A composição do percurso

36

1.3. Proposta do roteiro de visitação

39

1.4. Dados técnicos das edificações

CAPÍTULO 2

45

Contribuição do Design

48

2.1. Design de sinalização urbana

49

2.2. Design de informação e wayfinding

51

2.3. Elementos do design gráfico

CAPÍTULO 3

57

O projeto

57

3.1. Desenvolvimento do projeto

60

3.2. Contextos visuais referenciais

67

3.3. Elementos gráficos propostos

21

71

3.3.1. Projeto de sinalização

82

3.3.2. Mapa

83

3.4. Estudos de implantação

93

Considerações Finais

97

Referências

103

Anexos


INTRODUÇÃO

“O design gráfico, como muitas outras esferas de atividade, está passando por mudanças profundas.


Introdução

“O envolvimento com projetos para mídias interativas, design de sistemas e computação gráfica está entre as reações à nova era dos circuitos. As ferramentas – como já aconteceu tantas vezes – estão se transformando com o avanço inexorável da tecnologia, mas a essência do design gráfico permanece inalterada. Essa essência consiste em dar ordem às informações, forma às ideias e expressão e comoção aos artefatos que documentam a experiência humana” (MEGGS, 2009. p.676).

D

esvendar uma cidade com mais de quatro séculos e meio de história, com seus muitos recortes históricos e temáticas particulares, pode ser uma descoberta surpreendente. Esta ideia inusitada surgiu entre muitos percursos arquitetônicos enriquecedores realizados ainda durante minha trajetória estudantil enquanto aluna de graduação em Arquitetura, que me permitiram conhecer muitas cidades, transitando por seus espaços. Normalmente grande parte dos edifícios remanescentes históricos concentram-se na região central de qualquer cidade, muito em função das primeiras ocupações coloniais de nosso país. Contudo, esse patrimônio nem sempre é preservado e a história não é difundida entre a população e, consequentemente, esse desconhecimento da própria história local perpassa às futuras gerações. Seja por meio de fotografias, exposições, livros ou simplesmente histórias particulares contadas pelos próprios moradores é imprescindível manter viva a história de uma Um roteiro visual e histórico

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cidade, divulgando-a entre gerações vindouras, permitindo (re)criar laços de identidade com o meio em que se vive. A organização de uma cidade, no âmbito prático, pode ser reconhecida pelas quatro funções básicas identificadas pela Carta de Atenas1 - habitação, trabalho, re-

Introdução

creação e circulação. Atualmente, para desempenhar estas funções urbanas, os indivíduos percorrem distâncias cada vez maiores, e que são, em sua maioria, realizados por veículos motorizados. Em uma sociedade na qual cada vez mais a vida diária acontece na esfera privada, existem sinais claros que a cidade e os espaços urbanos possuem um novo e influente papel. Ao constatar que, dia após dia, a população deixa de transitar à pé e percorre cada vez menos trajetos no próprio bairro, diminui-se consideravelmente a possibilidade de se estabelecer vínculos visuais significativos, causando implicações no uso e expressividades cotidianas. Para Lucrécia Ferrara (2002, p.120), a causa está na multiplicidade ambígua da cidade que não se apresenta imediatamente, ou seja,

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“os olhos que se extasiam ante a cidade perdem paulatinamente sua avidez na medida em que se embaçam pelo hábito de ver-a-cidade na repetição do cotidiano que oscila entre a ação automática e a experiência existencial”.

Em contraste, a oportunidade das pessoas em usar seus sentidos e interagir diretamente com seu encontro vem tornando-se extremamente atrativa. A sociedade da 1 A Carta de Atenas foi elaborada por um grupo internacional de arquitetos depois de uma série de congressos nos quais se discutiu como o paradigma da arquitetura moderna poderia responder aos problemas causados pelo rápido crescimento das cidades, causado, entre outros fatores, pela mecanização na produção e as mudanças no transporte. No IV Congresso do CIAM, este grupo de profissionais e visionários finalizou a Carta de Atenas, depois de haver analisado 33 cidades das mais diversas latitudes e climas no planeta. Portanto, suas observações e recomendações tinham um sentido bastante universal. (IRAZÁBAL, Clara. “Da Carta de Atenas à Carta do Novo Urbanismo”. Arquitextos, São Paulo, ano 02, n. 019.03, Vitruvius, dez. 2001. Acessado em 26.jul.2014. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.019/821.) Priscila Machado Meireles


Este resgate da memória visual urbana, proporcionado em pequenos trajetos, deve ser estimulado à sociedade, sobretudo ao público jovem, resgatando conhecimentos sobre a história do lugar, dos imóveis relevantes e da importância de manter vínculos com o espaço em que reside. Estes olhares atentos sobre o trecho percorrido, seja cotidiano ou não, podem ser significativos e amplamente melhorados com auxílio do design gráfico informacional, tornando dados acessíveis e de fácil compreensão à população, o que segundo Roney Cytrynowicz (2007), “torna a cidade cada vez mais uma experiência objetiva e subjetiva de nossa identidade pessoal e história coletiva”. Que o design gráfico, por meio de um sistema de sinalização, também possa proporcionar, entre tantos ruídos (poluição visual), o despertar desse olhar enriquecedor, contribuindo ao permitir destacar, entre muitos imóveis, os patrimônios históricos mais significativos de uma cidade, seja através de elementos direcionais ou simplesmente por meio da linguagem visual.

Justificativa Eleger um conjunto de bens imóveis de valor histórico, capazes de apresentar parte da história de um município e, ao mesmo tempo, estimular a memória coletiva não é tarefa fácil, mas, sobretudo, é papel do design comunicar e difundir conhecimentos de maneira legível e acessível. A ideia inicial para elaboração deste trabalho surgiu como tentativa de compartilhar e perpetuar parte da hisUm roteiro visual e histórico

Introdução

informação está fornecendo novos sentidos e significados à cidade como lugar de encontro, ou seja, as pessoas podem experimentar um contato direto entre elas e a sociedade da qual faz parte. Assim, podem ver coisas por elas mesmas, experimentar, participar e possuir um sentido de comunidade (GEHL; GEMZOE, 2002).

23


Introdução

tória de um município, divulgando-o às novas gerações, de maneira a reforçar a identidade local entre seus atuais e futuros moradores. Através do design de sinalização, este trabalho pretende despertar o interesse pelo conhecimento histórico e cultural da cidade, difundindo-o entre o público jovem, e consequentemente à população que circula pela região central do município de Jundiaí. “Entre todas as manifestações do espírito humano que acabam por se transformar no cerne das nacionalidades, o conjunto de monumentos construídos através da história de um determinado povo é sem dúvida dos mais importantes. Se a literatura, a música, as artes plásticas, o pensamento, a interpretação histórica mantêm indubitavelmente uma relevância absoluta, uma única e insubstituível característica destaca o patrimônio edificado em relação a eles: a sua ligação física, inadiável, monumental, com a paisagem, com a terra, com o homem em sua cotidiana materialidade. (BUENO; TELLES; CAVALCANTI, 2002).

Portanto, cabe enfatizar a dimensão social do design, uma vez que os usuários são influenciados pela linguagem visual que se faz presente no cotidiano e na identidade das cidades.

24

Ainda, “orientar e incentivar o uso adequado do patrimônio histórico municipal”; e “promover a formação de uma cultura de preservação na cidade, por meio de ações que gerem informação, mobilização e participação da população”, estão entre as principais diretrizes de proteção ao patrimônio histórico do município de Jundiaí, estabelecido por meio do COMPAC - Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, que é composto por membros da administração pública e da sociedade civil desde 2007.

Priscila Machado Meireles


Objetivos

A possibilidade deste contato in loco permitirão abordar e despertar o interesse por conhecimentos diversos de disciplinas como História, Geografia e Sociologia, além de aprofundar os estudos relacionados à paisagem e arquitetura, com o intuito de ampliar a vivência cultural. Por meio de um conjunto gráfico, contemplará: um mapa do percurso de visitação e o projeto parcial de sinalização urbana – que, por sua vez, compreende informações quanto à orientação, localização e temáticas particulares de cada edifício. Além disso, como proposta de implantação, serão distribuídos elementos indicativos entre pisos, placas e totens, restringindo-se aos ambientes externos. Além do design de sinalização, este trabalho pretende, ainda, possibilitar a interação com o usuário após a visita, pois, paralelamente à implantação do sistema, pretende-se incorporar a conexão digital à interface usuário-objeto, a partir da inclusão de código de barras (QR codes2) que possibilitarão ao usuário acessar posteriormente o conteúdo multimídia através de dispositivos móveis (smartphones e/ou tablets). 2 O termo QR deriva de Quick Response, que a partir do inglês pode ser traduzido como resposta rápida. Trata-se deum código de barras bidimensional que pode ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares. Esse tipo de codificação permite que possam ser armazenados uma quantidade significativa de caracteres. Inicialmente criado pela empresa japonesa Denso-Wave em 1994 para identificar peças na indústria automobilística, desde 2003 é usado para adicionar dados a telefones celulares através da câmera fotográfica. Um roteiro visual e histórico

Introdução

Este trabalho tem por objetivo ampliar o conhecimento histórico do município de Jundiaí, difundindo informações didáticas a um público de jovens estudantes do Ensino Médio deste município, por meio do projeto de sinalização urbana. Com o intuito de incentivar a realização de visitas externas, além do ambiente das salas de aula, propõe um roteiro visual, guiado por um mapa, que envolve a seleção de alguns imóveis remanescentes do patrimônio histórico arquitetônico, localizados especificamente no trecho central da cidade.

25


CAPÍTULO Contexto, memória e identidade

1


Contexto, memória e identidade

“Em seu processo de evolução, como todo organismo vivo assim alguns a tratam, a cidade cresce e se transforma, altera sua fisionomia que passa a refletir suas mudanças socioeconômicas, tecnológicas e urbanísticas” (PASSO; EMÍDO, 2009, p.23).

P

rimeiramente, apresenta-se aqui um breve panorama histórico do município de Jundiaí, localizado no interior do estado de São Paulo, apenas com o intuito de orientar minimamente o contexto urbano no qual a proposta se insere – especificamente na região central da cidade.

1.1. O município de Jundiaí e a região central De acordo com alguns historiadores locais, citados pela própria prefeitura munipal, “o nome Jundiaí tem origem tupi e vem da palavra ‘jundiá’, que significa ‘bagre’ e ‘y’ significa ‘rio’”. Alguns estudiosos também consideram o termo “yundiaí” como “alagadiços de muita folhagem e galhos secos”. Os primeiros colonizadores chegaram à região em 1615. A origem do município está diretamente ligada ao movimento bandeirante. Entre os séculos XVII e XIX, a economia da cidade se limitava a pequenas lavouras de Um roteiro visual e histórico

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subsistência, que abasteciam moradores da vila, tropeiros e bandeirantes. Naquela época, a cidade possuía apenas quatro ruas centrais, paralelas umas às outras, chamadas de Rua Direita (atualmente Barão de Jundiaí), Rua do Meio (Rua do Rosário), Rua Nova (Senador Fonseca) e Rua Boa Vista (Zacarias de Góes) - Figura 1. As melhores casas eram construídas de taipa e terra, enquanto as edificações mais humildes usavam o pau a pique e coberturas de sapé. O abastecimento de água era feito por meio de bicas públicas e, a iluminação, com candeeiros de querosene suspensos nas paredes das casas. Figura 1 – As 4 Ruas Principais

Capítulo 1

4 RUAS PRINCIPAIS

N

Rua do Meio

Rua Eng. Monlevad e

roeira

Rua Direita

Rua da Pa d

Rua São B

ento

Rua Sique ira de Mora

es

Primeiras ocupações do centro

1

Rua Nova

2

Rua do Rosário

3 Rua Bernard ino de Campos

1

Catedral Rua Barão de Jundiaí

Rua Boa V ista Rua Barão do Triunfo

Rua Cel. Lem e da Fonseca

28

2

4

3 Rua Senador Fonseca 4 Rua Zacarías de Góes

Fonte: Autora

“O desenho de uma cidade é a materialização de sua identidade e expressão cultural, política e socioeconômica. Também, como representação gráfica, o desenho da cidade corresponde aos registros Priscila Machado Meireles


Atrelada ao ciclo do café, a chegada da ferrovia impulsionou o desenvolvimento industrial e a urbanização. A Estação Ferroviária foi inaugurada em 1867, denominada de São Paulo Railway, e conectava a cidade portuária de Santos a Jundiaí. As indústrias se concentravam nas regiões próximas à ferrovia e às margens do Rio Guapeva, acompanhando o desenvolvimento viário. Entre as décadas de 30 e 40, ocorreu novo impulso industrial e após a inauguração da Rodovia Anhanguera, em 1948, mais empresas se instalaram na cidade. A história do bairro central se confunde com as próprias origens da cidade. Ainda hoje, o centro da cidade traz as marcas desse passado em algumas de suas construções e no traçado das ruas. Lá está parte significativa dos bens que compõem o patrimônio histórico cultural do município, o que significa que passear por suas ruas é conhecer parte desta história. Segundo Jurema Machado e Silvia Braga (2010, p.120): “Patrimônio é repositório de conhecimentos e valores construídos ao longo do tempo e transmitidos entre gerações. A formação de mentalidades comprometidas com sua preservação deve ser, portanto, um dos principais pilares das políticas de patrimônio. Aí reside a oportunidade de um diálogo rico e criativo entre diferentes segmentos da comunidade, de forma que o patrimônio faça sentido na vida presente e no cotidiano das pessoas”. Um roteiro visual e histórico

Contexto, memória e identidade

da forma urbana que, confeccionados ao longo dos anos, os levam a ser considerados importantes fontes de pesquisa para compreender as transformações do traçado. Como projeto urbano, o desenho corresponde às intervenções no espaço esteja ele ocupado ou não, as quais refletem distintos momentos da história” (PASSO; EMÍDO, 2009: 23).

29


Figura 2 – Limite do Município e Localização do Centro ITATIBA

LOUVEIRA

ITUPEVA JARINÚ

CENTRO

VÁRZEA PAULISTA

Capítulo 1

SERRA DO JAPI

CABREÚVA

LIMITE DO MUNICÍPIO DE JUNDIAÍ CENTRO SERRA DO JAPI Fonte: Autora – a partir das bases da Prefeitura Municipal de Jundiaí

Tabela 1 - Dados do Município de Jundiaí (SP)

30

População estimada 2013:

393.920

População 2010:

370.126 pessoas

Área da unidade territorial (km²):

431,173 km²

Densidade demográfica (hab/km²):

858,42 hab/km²

Matrícula – Ensino Fundamental (2012):

48.238 matrículas

Matrícula – Ensino Médio (2012):

17.118 matrículas

Homens de 10-14 anos idade:

13.328 homens

Homens de 15-19 anos idade:

13.582 homens

Mulheres de 10-14 anos idade:

12.549 mulheres

Mulheres de 15-19 anos idade:

13.240 mulheres

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010

Atualmente, o município de Jundiaí possui quase 400 mil habitantes, segundo dados do IBGE (2010), sendo Priscila Machado Meireles


que a população jovem corresponde a cerca de 26% dos habitantes. Destes, a maioria encontra-se matriculados no Ensino Médio, conforme dados da Tabela 1 e Figura 3. Figura 3 – Dados da população jovem

26,06% 370.126 habitantes

Do total da população do município, 26.822 são jovens entre 15 e 19 anos | Dados do IBGE - 2010

63,82%

Contexto, memória e identidade

jovens

matriculados no Ensino Médio

Em relação ao total da população jovem do município, 17.118 estão matriculados no Ensino Médio | Dados do IBGE - 2012

31 Na região central 60% das escolas são de Ensino Médio ou técnico

Na região central, das 26 escolas existentes 8 são do Ensino Médio e outras 7 são técnicas | Dados do IBGE - 2010

Fonte: Autora – a partir dos dados do IBGE

Um roteiro visual e histórico


1.2. A composição do percurso Para definir a proposta do roteiro a ser percorrido, inicialmente tomou-se partido da cartografia base do município para localizar os principais exemplares do patrimônio histórico arquitetônico remanescentes em Jundiaí.

Capítulo 1

Contudo, adotou-se como referência inicial os dados do IPPAC - Inventário de Proteção do Patrimônio Artístico e Cultural de Jundiaí, disponível para consultas on line, como parte de pesquisas recém desenvolvidas pela Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente da Prefeitura do Município de Jundiaí, anterior à criação do COMPAC - Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, e que serviu como importante referencial para elencar quais edificações comporiam o percurso proposto como visitação. Todos estes imóveis, no total de quarenta e sete exemplares, considerados de importância histórica, tombados ou em processo de tombamento3 no município, conforme listados na Tabela 2, foram transpostos, um a um, ao mapa [Figura 4] para possibilitar uma primeira leitura espacial do conjunto existente.

Tabela 2 – Relação de bens do IPPAC, aprovada pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, nos termos da Lei Municipal nº. 443/2007.

32

Bens imóveis

Endereço

1. Mercado Municipal antigo

Rua Barão de Jundiaí, 1093

2. Caixa Econômica Estadual

Rua Barão de Jundiaí, em frente às lojas Marisa

3. Estação de Energia da Empresa Luz e Força

Rua Barão de Jundiaí, 202

4. Argos Industrial

Av. Dr. Cavalcanti, 396

5. Fábrica Japi

Rua Lacerda Franco

6. Fazenda Ermida

Avenida Antonio Pincinato

3 Tombamento é o instrumento jurídico do Poder Público de proteção legal de um bem cultural. O objetivo é preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo a destruição e/ou descaracterização de tais bens.

Priscila Machado Meireles


Rodovia Eng. Constâncio Cintra Km 72,50

8. Casa de Giovanni Nalini

Bairro do Caxambu

9. Casa da família Bonfiglioli (Cica)

Rua Cica, ao lado da loja Telha Norte

10. Solar do Barão de Jundiaí

Rua Barão de Jundiaí, 762

11. Casa da família Prado (Pernambucanas)

Rua Barão de Jundiaí

12. Casa da família Queiroz Telles

Rua do Rosário 189

13. Casa Paroquial

Rua do Rosário - ao lado da Cúria

14. Edifício Carderelli

Rua Barão de Jundiaí

15. Vila Argos

Rua Pompeu Tomasini

16. Vila Fepasa

Rua França, Conde de Mauá e Antônio Furegatti Guim

17. Grupo Escolar Conde do Parnaíba

Rua Barão de Jundiaí, em frente ao Centro das Artes

18. Grupo Escolar Siqueira Moraes

Rua Barão de Jundiaí, 109

19. Gabinete de Leitura Ruy

Rua Cândido Rodrigues, 301

Contexto, memória e identidade

7. Fazenda Nossa Senhora Conceição

Barbosa 20. Teatro Polytheama

Rua Barão de Jundiaí, 178

21. Cine República

Agência Banespa V. Arens Rua Barão do Rio Branco

22. Câmara Municipal

Rua Barão de Jundiaí - Ao lado do escadão

23. Casa da Criança Nossa Senhora do Desterro

Rua Prof. Ulysses Jorge Martinho

24. Companhia Paulista de Estradas de Ferro

Av. União dos Ferroviários, 1760

25. Estação Ferroviária

Avenida União dos Ferroviários

26. Ponte Torta

Av. Dr Odil Campos Sales

27. Viaduto São João Batista

Rua Torres Neves, Avenida São João

28. Praça D. Pedro II, ou Praça das Rosas

Em frente ao Hospital São Vicente de Paulo

29. Praça dos Andradas e Prédio da Semis

Entre as ruas Anchieta e Senador Fonseca (SEMIS)

30. Praça Governador Pedro de Praça da Catedral, centro Toledo

Um roteiro visual e histórico

33


31. Praça Sebastião Pontes

Vila Arens

32. Bebedouro

Av. União dos Ferroviários

33. Casa de Saúde Dr. Domingos Anastácio

Praça D. Pedro II

34. Hospital de Caridade São Vicente de Paulo

Praça D. Pedro II

35. Ginásio de Esportes Nicolino de Lucca - Bolão

Rua Rodrigo Soares de Oliveira s/nº

36. Mosteiro de São Bento e Igreja Sant’Ana

Largo São Bento

37. Mosteiro do Carmelo

Rua Dom Pedro I Anhangabaú

38. Catedral Nossa Senhora do

Praça Governador Pedro de

Capítulo 1

Desterro

Toledo

39. Igreja Nossa Senhora da Conceição

Vila Arens

40. Igreja Nossa Senhora do Rosário

Praça da Bandeira, Rua Petronilha Antunes

41. Igreja do Traviú - atual Grêmio

Av. Comendador Antonio Carbonari - Traviú

42. Igreja Islâmica

Rua José do Patrocínio

43. Loja Maçônica Amor e Concórdia

Rua Barão de Jundiaí - em frente ao Polytheama

44. Cemitério Nossa Senhora do Av. Henrique Andrés s/nº. Desterro

34

45. Acervo do Museu da Companhia Paulista

Museu da Companhia Paulista

46. Acervo do Museu Solar do Barão

Museu Histórico Artístico e Cultural de Jundiaí

47. Acervo do Museu da Energia Museu da Energia Fonte: Prefeitura do Município de Jundiaí

Após uma análise criteriosa visando definir o escopo passível como área de visitação, permitiu efetuar um primeiro recorte para criação do roteiro de visitação, eliminando edificações mais distantes e restringindo o percurso apenas à área central [Figura 5], que por sua vez concentra a maior quantidade de exemplares capazes de divulgar parte da história do município.

Priscila Machado Meireles


Fonte: Autora, a partir de dados do IPPAC - PMJ

Contexto, memória e identidade

Figura 4 – Localização dos 47 bens imóveis no município

Figura 5 – Localização dos bens imóveis concentrados na área central

35

Fonte: Autora, a partir de dados do IPPAC - PMJ

A partir da grande quantidade de imóveis concentrados na região central, efetuou-se ainda uma nova seleção, visando definir o percurso de visitação. Um roteiro visual e histórico


1.3. Proposta do roteiro de visitação Posteriormente à delimitação da área central do município como o expoente para elaboração do roteiro de visitas, realizou-se uma nova seleção das edificações, pautada na escolha de um percurso compacto, que contemplasse entre dez e quinze imóveis, considerando a dinâmica da proposta direcionada aos pedestres. “Dentre as formas de deslocamento, os percursos a pé são cada vez mais importantes e, em se tratando de cidades turísticas, esse modo de locomoção tem ainda mais destaque. Calçadas, ruas e praças devem ser lugares dedicados a percursos francos, seguros e, tanto quanto possível, agradá-

Capítulo 1

veis” (MACHADO; BRAGA, 2010, p.67).

Para esta nova delimitação do percurso, algumas características dos imóveis foram priorizadas, entre as quais: • os períodos de construção das edificações e seus

respectivos estados de manutenção, • a diversificação dos usos, • a similaridade de horários de visitação, • e acessibilidade – item imprescindível.

36

Como todas as edificações selecionadas pelo IPPAC possuem relevância histórica, levou-se em consideração, ainda, a possibilidade da inclusão na rota de bens que possam contribuir para familiarização de histórias e dados locais não tão difundidos entre a população, somados aos imóveis que já possuem posição de destaque atualmente. Neste momento, mantendo o recorte da área central da cidade, optou-se pela escolha de 12 exemplares para composição do roteiro de visitação a pé, totalizando um percurso de aproximadamente 2.80 Km, que pode ser percorrido em aproximadamente 41 minutos, conforme apresentado a seguir. Priscila Machado Meireles


Optou-se pelo início do percurso centrado no Mosteiro de São Bento, um dos primeiros exemplares da história jundiaiense e, neste caso, considerado como marco referencial capaz de orientar os pedestres em direção aos demais exemplares concentrados no eixo central da cidade, em direção à Estação Ferroviária. [Figura 6]

IMÓVEL USO ATUAL (2014) 1. Mosteiro de São Bento

Mosteiro

2. Grupo Escolar Conde de Parnaíba

Escola

3. Solar do Barão

Museu

4. Casa da família Prado

Comércio

5. Casa da família Queiroz Telles

Sala Paroquial

6. Gabinete de Leitura Ruy Barbosa

Biblioteca

7. Museu da Energia

Museu

8. Teatro Polytheama

Teatro

9. Grupo Escolar Siqueira de Moraes

Pinacoteca

10. Ponte Torta

sem uso

11. Argos Industrial

Complexo/Secretaria

12. Estação Ferroviária

Estação CPTM

Fonte: Autora

“Que os passeios suscitados por este roteiro tornem o espaço público da cidade cada vez mais uma experiência e um lugar onde as pessoas se reconheçam coletivamente e criem vínculos com o espaço onde vivemos”. (CYTRYNOWICZ, 2007, p.07).

Um roteiro visual e histórico

Contexto, memória e identidade

Tabela 3 – Exemplares do patrimônio histórico jundiaiense que compõem o roteiro de visitação

37


Figura 6 – Roteiro proposto

1

INÍCIO Grupo Escolar Conde de Parnaíba

N

Mosteiro São Bento

2

ROTEIRO DE VISITA

Capítulo 1

Imóveis que compõem o percurso (aproximadamente 2,8 km)

Casa da Família Queiroz Telles Gabinete de Leitura

5

3

Solar do Barão

4

Casa da Família Prado

6 7

Museu da Energia

8 Grupo Escolar Siqueira de Moraes

38 Rio Guapeva

Teatro Polytheama

9

10

11

Ponte Torta

Argos Industrial

Estação Ferroviária

Fonte: Autora Priscila Machado Meireles

12


1.4. Dados técnicos das edificações

Dessa maneira, serão sucintamente apresentados, em forma de ficha técnica individual, algumas descrições gerais sobre a história, a técnica construtiva e as principais alterações de cada imóvel, incluindo sua localização, com o único objetivo de orientar o olhar dos pedestres durante o percurso. Neste momento, apresenta-se uma única ficha técnica, enquanto exemplo das características contempladas, porém todos os imóveis que compõem o roteiro de visita terão suas respectivas fichas técnicas disponíveis para consulta ao final deste trabalho – ver Anexo A. Cabe aqui salientar que estas informações são transcritas a partir do Inventariamento Preliminar do Patrimônio Histórico e Cultural de Jundiaí desenvolvido através de levantamentos realizados por membros da equipe técnica do IPPAC e, portanto, são de inteira responsabilidade da Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente da Prefeitura deste município.

Um roteiro visual e histórico

Contexto, memória e identidade

Uma vez elencados os bens imóveis que compõe o roteiro proposto por este trabalho, torna-se primordial ressaltar as principais características e dados históricos de cada edifício, enquanto informações complementares importantes na tentativa de ampliar e divulgar a história do município de Jundiaí, a que se propõe esta pesquisa.

39



FICHA TÉCNICA Modelo


1. Mosteiro São Bento Imóvel isolado / Grau de Proteção: 1

Descrição Propriedade: Ordem Beneditina Uso Atual: Mosteiro Uso Original: Mosteiro Período da Construção: 1667

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciços; conjunto ao fundo de concreto armado Cobertura: telhas cerâmicas do tipo francesa sobre estrutura de madeira e

Capítulo 1

telhas tipo francesa, encerrada por platibanda Vedação: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias: caixilhos de ferro e vidros coloridos com arcos em formato de leque Revestimentos Externos: argamassa e pintura, cimalha principal abaixo da platibanda Revestimentos Internos: argamassa e pintura Outras características: na praça Tibúrcio Estevan Siqueira, construção de sala de atendimento e sanitários públicos, junto ao muro de divisa, que impede a visibilidade do conjunto; construções mais recentes apostas sem qualquer qualidade arquitetônica

42

Principais Alterações Estrutura: construção de anexos e ampliações Cobertura: entelhamento recente Vedação: empena dos fundos alterada Vãos, Esquadrias Externas: dos fundos alterados, fechamento do vão lateral Revestimentos Externos: pintura

Localização e Contatos Endereço: Praça Tibúrcio Estevan Siqueira / Rua São Bento, 40, CEP: 13.201-035 Telefone: (11) 4521.9295 Site: www.mosteiro.org.br Priscila Machado Meireles


História O Mosteiro de São Bento e a Igreja de Sant’Anna são um de nossos mais antigos templos religiosos. Sua fundação no século XVII, em 1667, foi resultado da ação de Estácio Ferreira, sua mulher Violante Ferreira, e de um religioso da Ordem de São Bento, Frei João do Espírito Santo. Naquele tempo tão distante, o mosteiro era chamado de Hospício do Patriarca São Bento. A palavra “hospício”, entretanto, tinha um significado hoje praticamente ignorado: tratava-se de uma hospedaria para religiosos.

Contexto, memória e identidade

Um dos destaques da Igreja de Sant’Anna, mãe de Maria, é seu altar entalhado à mão, em pinho de riga e cedro, numa peça única. Os clérigos responsáveis pela igreja gostam de frisar que a porta da entrada só abre por dentro, como acontece com o coração do homem. O retábulo existente no interior da igreja esteve por muitos anos na igreja dos Índios de São Paulo, e em 1911 veio para Jundiaí e foi colocado na igreja de Sant’Anna. Consta que seu local de origem é Olinda, e foi trazido para São Paulo em 1738. O retábulo é todo esculpido em pinho de riga e cedro, folheado a ouro. O complexo do mosteiro de São Bento é um conjunto arquitetônico formado por várias edificações anexadas ao núcleo original, restrito à igreja de Sant’Anna e às praças envoltórias. Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí

Foto: Autora, julho 2014

43

Um roteiro visual e histórico


CAPÍTULO Contribuição do Design

2


Contribuição do Design

“As peças introduzidas nos lugares públicos devem servir à orientação e ampliar a sua atratividade, estimulando novos percursos e tornando mais fluida e agradável a alternativa entre o uso de espaços internos e externos” (MACHADO; BRAGA, 2010, p.68).

E

ste capítulo se debruça na tentativa de esclarecer alguns conceitos e métodos do Design Gráfico que se aplicam à linguagem visual em espaços urbanos. Para VILLAS-BOAS (2007, p.27), a definição de Design Gráfico “(...) se refere à área de conhecimento e à prática profissional específicas relativas ao ordenamento estético-formal de elementos textuais e não-textuais que compõem peças gráficas destinadas à reprodução com objetivo expressamente comunicativo”.

De acordo com Olívia Pezzin (2013, p.21) o campo do design gráfico enquanto estudo de sinalização é interdisciplinar, possui ricas interfaces com a arquitetura e pouca bibliografia publicada no Brasil. De modo geral, a bibliografia técnica da área aborda dois grandes temas, que contemplam os aspectos de criação (codificação) e recepção (decodificação) do design de sinalização nos ambientes construídos: Um roteiro visual e histórico

45


Capítulo 2

1. Estudos sobre a criação: manuais de como fazer um projeto-modelo de sinalização, com descrição do passo-a-passo praticado no mercado (métodos de criação e processo em design), definições sobre aspectos técnicos que podem ser utilizados (cores, tipografia, materiais, iluminação) e por fim, apresentações de casos diferenciados, com apresentação de exemplos comentados e tabelas com modelos de pictogramas e famílias tipográficas. (SMITSHUIJZEN, 2007; UEBELE, 2006; MOLLERUP, 2005; BERGER, 2009; CALORI, 2007; apud PEZZIN, 2013, p.22). 2. Estudos sobre a recepção: são textos mais teóricos, sobre como os seres humanos (portanto, ‘usuários-padrão’) se orientam, na tentativa de melhorar a eficiência dos projetos de sinalização. Incluem-se nessa parte, os estudos que criam novas definições e termos para o processo de orientação espacial, com foco nos mapas mentais, como wayfinding. (ARTHUR & PASSINI, 1992; GIBSON, 2009; MOLLERUP, 2005; apud PEZZIN, 2013, p.22).

46

Além destas duas abordagens, a busca de substratos teóricos na área do design de informação se apresenta como uma “terceira via”, importante alternativa para o design de sinalização, uma vez que se mostra promissor para qualificar os estudos de design de sinalização, ao permitir analisar e questionar os sistemas visuais vigentes (PEZZIN, 2013). Assim, “as questões da práxis do designer e suas implicações político-sociais são reiteradamente apontadas nos estudos de design de informação” (FRASCARA, 2011; REDIG, 2004; apud PEZZIN, 2013). Para facilitar o entendimento dos principais conceitos que constituem a temática do design de sinalização, a Tabela 4, desenvolvida por meio da pesquisa de diversos autores e elaborada por CARDOSO; SCHERER; TEIXEIRA; SILVA e KOLTERMANN SILVA, em 2011, sintetiza e esclarece muitas das definições adotadas pela área. Priscila Machado Meireles


Tabela 4: Resumo dos conceitos relativos aos termos empregados em projeto de sinalização.

Sinalização - Processo de veiculação de informações. É o princípio de marcar ou sinalizar algo. Transmite informação mediante uma disposição adequada de sinais, regulamentando o fluxo de pessoas e veículos, preferencialmente antecipando a demanda. Produto de design utilizado para orientar, informar e guiar os usuários. Señalética - Sua finalidade é a informação imediata e inequívoca, direcionada a reação à mensagem. Não impõe a atenção, não provoca impacto e nem recorre a atenção estética.

dos recursos da sinalização para orientar e auxiliar os usuários a chegarem em determinado destino com segurança, tornando a experiência dos mesmos agradável. Design Gráfico Ambiental - Campo multidisciplinar que inclui o design gráfico, design de produto, arquitetura e paisagismo. Abrange questões de identidade, sinalização e wayfinding em um determinado

Contribuição do Design

Wayfinding - Voltado ao movimento orientado, utiliza-se da aplicação

ambiente. Fonte: CARDOSO; SCHERER; TEIXEIRA; SILVA e KOLTERMANN DA SILVA, 2011.

Como afirma Olívia Pezzin (2013, p.23) o design de sinalização pode ser situado “como uma subárea interdisciplinar do design de informação, que por sua vez está inserido no contexto do design gráfico e do campo do design como um todo”. E dentro do campo do design, talvez a sinalização seja “a disciplina que melhor apresenta vocação social, por estar, em sua essência, focada na missão de transmitir, ou antes, assegurar, estabilidade e tranquilidade de percurso, deslocamento e controle do ambiente pelo usuário, ou seja, (...) a sinalização se destina a um serviço direto junto ao usuário do espaço” (SALGADO, 2013, p.50, grifo nosso).

Um roteiro visual e histórico

47


Portanto, a principal contribuição do design gráfico, no tocante ao que se pretende desenvolver na área central de Jundiaí, abrange temáticas que envolvem o design de sinalização, atrelado ao design da informação e wayfinding, aqui considerados itens complementares, além de referências capazes de orientar o desenvolvimento do projeto.

Capítulo 2

2.1. Design de sinalização urbana

48

Em inglês, o termo sinalização é traduzido como signage, compreendido normalmente como sinalização viária (indicação ou advertência para orientar motoristas), ou como suporte físico sobre o qual se aplicam informações de qualquer natureza (VELHO, 2007 apud SCHERER, 2012). Porém, como o enfoque deste trabalho abrange um projeto de orientação aos pedestres, vale adotar a definição de CHAMMA (2014, p.150) que pontua “projetos de sinalização como uma associação de formas escultóricas informativas distribuídas num determinado espaço físico, aberto ou fechado. Suas características mais importantes são a legibilidade e a veiculação de informações compreensíveis e fidedignas que antecipem as necessidades de esclarecimento dos usuários”.

Como já mencionado anteriormente, um projeto de sinalização pode ser caracterizado pelo resultado da combinação de vários subsistemas: “sistema de informações, sistema gráfico, sistema físico/formal, sistema construtivo, sistema ambiental (wayfinding), sistema de acessibilidade e segurança, sistema normativo” (VELHO, 2007 apud CARDOSO; SCHERER; TEIXEIRA; SILVA e KOLTERMANN DA SILVA, 2011). Segundo a SEGD - Society for Environmental Graphic Design, as principais funções da sinalização, são:

Priscila Machado Meireles


• ajudar os usuários a entender o espaço, identifi-

cando, orientando e informando; • realçar visualmente o ambiente; • e proporcionar segurança às pessoas.

Numa perspectiva histórica, Follis e Hammer (1979 apud SCHERER, 2012), dentro dos preceitos de um design funcionalista, colocam as funções da sinalização basicamente como

direcionar e advertir. Atualmente, uma das principais preocupações do design de sinalização em espaços públicos, de acordo com Pezzin (2013), tem sido “prevenir o sentimento de frustração, insegurança, perigo, e em especial, de estar perdido em um ambiente construído”. Porém, esse efeito pode ser minimizado em ambientes externos (ou paisagem), pois normalmente em locais públicos nos orientamos facilmente pelos marcos referenciais, como árvores, praças e monumentos. Conclui-se, portanto, que os projetos de sinalização são geralmente concebidos por meio do design informacional. Isso significa que, na teoria, as placas de sinalização são implantadas ao longo dos trajetos de acordo com a adaptação correta de informações e um pensamento focado na necessidade dos usuários que receberão as mensagens.

2.2. Design de informação e wayfinding Ao invés do termo sinalização, algumas bibliografias preferem usar apenas o termo wayfinding, que pode ser livremente traduzido como “orientação espacial, ao procurar ampliar a compreensão dos esforços e da problemática Um roteiro visual e histórico

Contribuição do Design

identificar,

49


envolvida no deslocamento dos usuários” (PEZZIN, 2013, p.27). Segundo Baumann (apud PEZZIN, 2013), o wayfinding tem a função de “informar as pessoas sobre o que os rodeia em um ambiente construído não familiar, além de ser importante para mostrar informações em pontos estratégicos e guiar as pessoas na direção correta”.

Capítulo 2

“Wayfinding é o processo de determinar e seguir um caminho ou rota entre uma origem e um destino. É uma atividade intencional dirigida e motivada” (GOLLEDGE, 1999 apud SALGADO, 2013, p. 47).

50

De acordo com Velho (2007 apud SCHERER, 2012) os conceitos base mais importantes do wayfinding são o planejamento espacial e a comunicação. O planejamento espacial consiste na ordenação das informações para a tomada de decisão dos usuários, um relacionamento dinâmico com o espaço; e a comunicação, sendo a percepção do espaço, circulação, fluxos, referências, os marcos e o mais importante: a informação. Para Arthur e Passini (1992 apud SCHERER, 2012), a informação é concebida segundo critérios de legibilidade, visibilidade, compreensibilidade, estética, cor e forma. As informações por sua vez, podem ser classificadas em três grupos: para tomada de decisão (opções de caminhos), execução da decisão (direção do caminho) e conclusão (identificação do destino). Dentro da esfera abrangente do design gráfico, o Design de Informação corresponde a área que busca a satisfação informacional de indivíduos ao utilizar produtos e serviços. Este processo envolve análise, planejamento, apresentação e compreensão de mensagens através do seu conteúdo, linguagem e forma. Através do design da informação é possível proporcionar todos os dados necessários para que o usuário realize uma tarefa na qual não está apto a realizar, compreendendo e captando mensagens para o processo de tomada de decisão (PETERSSON, 2007 apud MAIA, 2013). Priscila Machado Meireles


“Assim, somando o design de sinalização aos seus estudos, o design de informação vai além do bidimensional e contempla a terceira e quarta dimensão: o espaço e o tempo, ampliando seu poder de impacto sobre o cotidiano das pessoas, com maior complexidade, responsabilidade e consequência social em seus projetos. Devido a esse caráter social, os teóricos em design de sinalização e informação enfatizam a importância fundamental do usuário, para quem o projeto se destina, na esperança de melhorar sua qualidade de vida” (PEZZIN, 2013, p. 23, grifo nosso).

Como aponta Joan Costa (apud PEZZIN, 2013), “a eficácia gráfica consiste, sobretudo, em entender o destinatário da mensagem: sua capacidade de esforço [cognitivo], sua disponibilidade de tempo, sua cultura de base (códigos, linguagens visuais). Em suma, “o processo cognitivo do usuário é prestar atenção, perceber, compreender, memorizar e aceitar a mensagem para, então agir” (MORAES, 2002 apud PEZZIN, 2013, p, 30, grifo nosso).

2.3. Elementos do Design Com base nos conceitos até aqui apresentados, podemos então definir que o projeto de comunicação visual a ser desenvolvido para a área central de Jundiaí engloba duas vertentes, aliando o design de sinalização ao wayfinding. O primeiro, no que diz respeito às placas interpretativas; o segundo com enfoque às orientações direcionais. Este conjunto, faz o uso do design informacional para criar um projeto de sinalização urbana. Um roteiro visual e histórico

Contribuição do Design

A principal premissa do wayfinding é que este processo utiliza-se dos recursos da sinalização para auxiliar na orientação dos usuários em ambientes. O objetivo é tornar o trajeto mais seguro e agradável à quem o percorre de forma que o indivíduo não se perca ao longo do caminho (MAIA, 2013).

51


“A utilização de um sistema de sinalização, principalmente em áreas externas – de grande trânsito de público – pode ser considerada a forma mais democrática, e muitas vezes a mais eficiente, para transmitir as informações interpretadas” (IPHAN, 2001).

Capítulo 2

Os principais elementos que compõe um objeto capaz de transmitir informações visuais, segundo MACHADO; BRAGA (2010) podem ser compostos por:

• • • • • •

símbolos, signos, pictogramas, setas, tipografias, cores.

Entretanto, nem todo objeto que possui a aplicação destes itens pode ser considerado comunicável. De acordo com MACHADO; BRAGA (2010, p.66) “uma boa solução [de design] será aquela capaz de associar qualidades visuais e estéticas à legibilidade, funcionalidade, facilidade de manutenção e reprodutibilidade”. Para STRUNK (2007, p.137), as sinalizações são compostas, basicamente, por quatro itens:

52

• alfabeto: escolhido em função de sua legibilidade

e qualidades de leitura a distância. Não tem que ser, necessariamente, o padrão. • esquema cromático: que se integre ou se desta-

que no ambiente, permita contrastes para uma boa leitura e a hierarquização das informações. • pictogramas: sinais gráficos, abstratos ou figura-

tivos, usados para informar sem o auxílio de palavras. • suportes: as bases (placas, totens, quadros etc.)

onde a sinalização será aplicada. Priscila Machado Meireles


“em algum momento, torna-se premente a indicação da melhor direção a seguir; em outros, a informação sobre a distância a ser percorrida até determinado destino ou a confirmação de ter chegado a ele. Outras situações requerem, ainda, tipo e quantidade de informações diferenciadas, que propiciem fluidez e segurança de trânsito ou que transmitam detalhes sobre a região e seus atrativos. Sucedem-se assim diferentes demandas, às quais estão associadas placas de Sinalização, agrupadas pelo tipo de solução requerida: • Placa de Identificação de Atrativo Turístico • Placa Indicativa de Direção

Contribuição do Design

Já o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em seu Guia Brasileiro de Sinalização Turística (2001, grifo nosso) pontua, quanto aos tipos de placas, que

• Placa Indicativa de Distância • Placa Interpretativa”.

Contudo, antes de qualquer desenvolvimento propositivo, é preciso compreender alguns elementos básicos que compôe a comunicação visual, considerando que qualquer substância visual, ou seja, tudo que vemos, é composto por elementos representativos. De acordo com Donis Dondis (2007, p. 51) estes elementos se apresentam em número reduzido, proporcionando opções e combinações seletivas de toda informação visual, a saber:

“o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento”.

Um roteiro visual e histórico

53


A partir das combinações destes elementos é possível criar inúmeras composições visuais, que propiciam interações e efeitos da percepção humana sobre o conjunto visual, também conhecido como psicologia da Gestalt. Esta base teórica é importantíssima, uma vez que propicia uma abordagem e compreensão de que é possível reconhecer em qualquer sistema visual que, o todo é formado por “partes interatuantes, que podem ser isoladas e vistas como inteiramente independentes, e depois reunidas no todo” (DONDIS, 2007, p.51).

Capítulo 2

Dondis (2007, p.52, grifo nosso) assinala, ainda, que

54

“a escolha dos elementos visuais que serão enfatizados e a manipulação desses elementos, tendo em vista o efeito pretendido, está nas mãos do artista, do artesão e do designer; ele é o visualizador. O que ele decide fazer com eles é sua arte e seu ofício, e as opções são infinitas.”

No contexto do projeto ora proposto, as tomadas de decisões compositivas levaram em consideração os critérios de percepção visual na criação de todos os elementos gráficos que compõem o conjunto de sinalização, acrescido o controle visual estabelecido também pela dinâmica do contraste. De acordo com Dondis (2007, p.108), o contraste pode ser definido como “uma força vital para a criação de um todo coerente”, que em todas as artes pode ser considerado um instrumento de expressão poderoso, enquanto meio para intensificar o significado, e assim, portanto, simplifica a comunicação. Portanto, os elementos gráficos que, em conjunto, são abordados no capítulo seguinte, foram desenvolvidos com base nessa premissa complexa e dinâmica que envolve design de sinalização, aliados aos conceitos de design Priscila Machado Meireles


“Assim, a semiótica visual da cidade constitui uma experiência pedagógica do olhar na cidade: ensina-se a ver-a-cidade através da leitura das suas marcas. Da cidade antiga à pós-moderna, essas marcas escrevem uma história visual que vai do ritual à reprodutibilidade, da orgânica funcionalidade à sinestesia tático-visual, da cidade física à possível interação virtual. Porém essa visualidade não acumula, mas cria outros significados” (FERRARA, 2002, p.124).

Contribuição do Design

informacional - que por sua vez também se apropria do wayfinding - incluindo, por último, porém não menos relevante para composição, os diversos elementos representativos da linguagem visual destacados por diversos autores até aqui. Vale ressaltar, que esse conjunto de fatores só é possível de ser aplicado graças ao extenso - e constante - processo criativo do design gráfico: as infinitas experimentações do desenho.

55

Um roteiro visual e histórico


CAPÍTULO O projeto

3


“É preciso humildade e sabedoria para produzir objetos de design para os espaços urbanos dos sítios históricos. Humildade para não introduzir nada que pretenda ‘roubar a cena’, sabedoria para compreender que os valores já estão dados, mostrá-los e criar condições para usufruir deles será a grande obra do arquiteto e do designer” (MACHA-

O projeto

DO; BRAGA, 2010, p.69).

C

omunicar aos transeuntes as múltiplas camadas históricas dessa cidade foi um dos desafios levantados por este trabalho. Objetivando criar um novo sistema de sinalização urbana interpretativa para alguns exemplares do patrimônio histórico, vislumbrou-se o potencial informativo a se explorar. A tarefa, então, se pautou nessa premissa: consolidar e ampliar o leque de percepção e informação desse rico eixo central, histórico e cultural do interior paulista. Trabalho de fôlego e ao mesmo tempo delicado, posto que, permeando tudo, estamos diante de alguns remanescentes tombados ou em processo de tombamento pelo CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico.

3.1. Desenvolvimento da proposta Tomando partido dos conceitos que envolvem o design de sinalização ora apresentados, este trabalho se debruçou especificamente no desenvolvimento de dois Um roteiro visual e histórico

57


objetos, aqui considerados complementares:

• Um MAPA geral do roteiro de visitação;

Capítulo 3

• A SINALIZAÇÃO de orientação do percurso dos respectivos bens imóveis.

58

A sinalização de orientação “é a comunicação efetuada por meio de um conjunto de placas de sinalização, implantadas sucessivamente ao longo de um trajeto estabelecido, com mensagens escritas ordenadas, pictogramas e setas direcionais. Esse conjunto é utilizado para informar os usuários sobre a existência de atrativos turísticos e de outros referenciais, sobre os melhores percursos de acesso e, ao longo destes, a distância a ser percorrida para se chegar ao local pretendido” (IPHAN, 2001). Ainda segundo o Guia Brasileiro de Sinalização Turística do IPHAN (2001, grifo nosso), na elaboração dos projetos de sinalização de orientação devem ser observados diversos aspectos no sentido de atender aos deslocamentos; “garantir a padronização, a legibilidade, a visualização, entre outros, é fundamental para a eficácia da sinalização”. Quanto às modalidades de acesso, o Guia do IPHAN (2001, grifo nosso), orienta que, para os pedestres “a sinalização também deve promover os melhores percursos, integrando e conectando os atrativos entre si e às demais atividades, sendo, contudo, resultante de uma estratégia diferenciada e específica, (...) observando as necessidades, potencialidades e limitações próprias dos deslocamentos a pé.

Priscila Machado Meireles


Por se tratar de uma localização central, houve desde o início da elaboração da proposta, a preocupação de minimizar o impacto visual já existente. Para Olívia C. Pezzin (2013) a poluição do ar, visual e sonora, torna estressante o deslocamento pela cidade, e acaba por depreciar a qualidade de vida dos moradores. Nesse contexto, há em uma demanda social para reduzir os níveis de poluição em Jundiaí, inclusive a visual, como a Lei Municipal nº 3.566 (de 18 de junho de 1990) que restringe a publicidade em locais públicos. Quem transita pelo centro pôde perceber nos últimos anos uma mudança comportamental em relação aos excessos de irregularidades imagéticas no espaço público. Cabe ressaltar, ainda, que, considerando a existência no centro da cidade de imóveis de elevada relevância histórica e arquitetônica, que motivaram a criação do Polígono de Proteção do Patrimônio Histórico de Jundiaí, (Lei Complementar nº 416, de 29 de dezembro de 2004); e ainda preocupados com a preservação da memória urbana na área do Polígono, o projeto de sinalização foi desenvolvido respeitando o Decreto nº 20.923 (de 20 de setembro de 2007) e suas respectivas regulamentações no que diz respeito à comunicação visual e, principalmente, cuidadoso quanto à impossibilidade de afixar qualquer placa junto às fachadas de imóveis tombados.

Um roteiro visual e histórico

O projeto

É necessário que o conjunto da sinalização para pedestres, além de oferecer informações úteis aos deslocamentos por meio de placas direcionais, seja composto, sempre que possível e oportuno, por placas interpretativas, contendo informações históricas e visuais, como mapas e desenhos. Essas informações possibilitam transmitir noções abrangentes sobre o local e noções específicas de seus atrativos, como características relevantes, distâncias e localização dos principais pontos de interesse”.

59


A partir destas informações iniciais, elaborou-se o conjunto de elementos gráficos capazes de orientar o trajeto dos pedestres. Um a um, detalhadamente, estes elementos serão apresentados neste capítulo.

Capítulo 3

3.2. Contextos visuais referenciais

60

Inicialmente, visando criar uma identidade ao conjunto de elementos que comporão a sinalização do roteiro nesta região central, levou-se em consideração a importância de realizar estudos da paisagem local, através de um levantamento fotográfico realizado nos locais elencados pelo roteiro de visitação. A partir deste primeiro registro, foi possível identificar e analisar a paleta de cores e disposições dos elementos existentes, nas imediações do entorno dos imóveis. Somente após esta primeira análise cromática, foi possível estabelecer uma nova gama de possibilidades de contraste de cores, e que, consequentemente, oferecessem legibilidade ao conjunto de elementos do design de sinalização.

“A informação que estimula a permanência deve ser eficiente com o menor número possível de elementos. Isso será tanto mais fácil se buscada uma unidade de linguagem entre as peças de mobiliário, as placas indicativas e até mesmo a folheteria” (MACHADO; BRAGA, 2010. p68).

Priscila Machado Meireles


ANÁLISE CROMÁTICA Paleta de cores existentes no entorno







3.3. Elementos gráficos propostos Nesta etapa inicial, optou-se também pela elaboração de um logotipo - junção de símbolo e tipografia capaz de identificar o roteiro de visitas, tornando fácil e rápida a busca de informações pelos transeuntes.

A partir destes testes, que envolveram apenas três problemáticas visuais - Deuteranopia3, Protanopia4 e Tritanopia5 - foi possível identificar que a COR AZUL sofreu minimamente alterações cromáticas [Figuras 7 e 8] e, portanto, foi escolhida para aplicação aos elementos de sinalização propostos.

O projeto

E, sequencialmente à primeira análise cromática do entorno, efetuou-se uma análise de legibilidade cromática, quanto à baixa acuidade visual, que neste momento aplicou-se especificamente para o logotipo, objetivando definir qual cor poderia ser adotada inclusive aos demais elementos de sinalização.

O conjunto de elementos gráficos que compõem o design de sinalização proposto por este trabalho, envolve os seguintes itens:

• logotipo; • sinalização direcional do percurso;

67

- placas de poste

- sinalização de piso

- placa inicial do roteiro

• sinalização interpretativa dos imóveis; • mapa do roteiro de visita; • aplicativo para telefonia móvel. 3 4 5

Anomalia da visão que interfere com a percepção da cor verde. Anomalia da visão que interfere com a percepção da cor vermelha. Anomalia da visão que interfere com a percepção da cor azul. Fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa Um roteiro visual e histórico


Capítulo 3

Figura 7 - Teste Cromático 1, baixa acuidade visual

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68

1 - Deuteranopia

Priscila Machado Meireles

2- Protanopia

3 - Tritanopia


Figura 8 - Teste Cromático 2, baixa acuidade visual

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O projeto

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69

1 - Deuteranopia

2- Protanopia

3 - Tritanopia

Um roteiro visual e histórico


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Figura 9 - Logotipo desenvolvido enquanto identidade do percurso

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Tipografia Código Cromático

Capítulo 3

70

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AR DARLING

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CMYK 100:90:10:0

Para a criação do logotipo, houve a preocupação com o emprego das cores, enquanto contraste visual, visando a legibilidade, mas também objetivando transmitir unidade ao conjunto proposto. O uso do símbolo geométrico em formato circular, que DONDIS (2007, p. 58) atribui percepções de “infinitude, calidez e proteção”, de certa forma abrange o olhar, o que segundo FRUTIGER (2007, p.25) são formas apreciadas mais com os sentidos do que com a mente, pois o observador encontra a linha como o retorno eterno, não tem começo nem fim. Neste caso, a linha que arremata a circunferência [Figura 9], ao mesmo tempo transforma-se numa borda mais espessa, com espaçamentos constantes, que dão movimento e fazem uma alusão à faixa de pedestres, com o intuito de reforçar a ideia da circulação à pé. Quanto à escolha da tipografia, aliada ao símbolo, optou-se por uma fonte que atendesse à demanda do público jovem e, que, associasse movimento à identidade, uma vez que essa é uma premissa básica que envolve o percurso a ser realizado pelos estudantes e pedestres.

Priscila Machado Meireles


A escolha do naming, Visit Trail, surgiu como possbilidade de associar a marca em diversos outros percursos, localizados em qualquer município, como futura expansão deste projeto-piloto. Ou seja, a ideia de identificar um percurso temático poderá, eventualmente, se ampliar e adaptar para atender à demandas de outras cidades. O uso da língua inglesa, portanto, não se restringe à localização da região central de Jundiaí, tampouco se limita ao tema envolvendo patrimônio histórico arquitetônico, mas pode vir a identificar qualquer tema capaz de promover um roteiro de passeio cultural pelos municípios do país.

3.3.1. Projeto de Sinalização Como já descrito anteriormente, o projeto de sinalização desenvolvido neste trabalho é composto por um conjunto de elementos gráficos, distribuídos entre placas e indicativos de percurso (conceitos de wayfinding). Segundo o IPHAN (2001, gripo nosso) para um projeto de sinalização direcionado aos pedestres, os detalhamentos das placas devem considerar o uso de placas direcionais e placas interpretativas, com os respectivos critérios de posicionamento. Portanto, paralelamente à escolha dos 12 imóveis que compunham o roteiro de visitas, optou-se por identificar alguns pontos do percurso, principalmente os que envolvem mudanças de trajeto, que porventura necessitassem de idenficações direcionais. Para estes trechos específicos, houve a preocupação de incluir no projeto o design de placas indicativas de direção, que seriam dispostas nos próprios postes já existentes no local, como em esquinas por exemplo. Um roteiro visual e histórico

O projeto

“O campo visual é limitado, o mundo visual não é. Quanto mais tempo, experiência, conhecimento se tenha do espaço vivenciado, maior é a abrangência do mundo visual” (TINOCO, 2003).

71


PLACAS DIRECIONAIS - POSTES Distribuídas ao longo do percurso

Capítulo 3

visit trail

46

visit trail

72

Figura 10 - Placas direcionais para postes

Somente alguns trechos do percurso receberão esta placa sinalizando mudanças de direção no trajeto. O logotipo, que facilita a identificação do percurso, foi utilizado com maior contraste, sobre fundo azul. Priscila Machado Meireles


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1 2

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34

56 78 visit trail

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9 10 11 12 visit trail

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O projeto

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Figura 11 - Placas direcionais distribuídas ao longo do percurso

Para estas placas direcionais dos postes, a inclusão da informação se pautou apenas na indicação numérica do imóvel a ser localizado e no elemento indicação de direção - a seta [Figura 11]. “Quanto à linguagem verbal ou signos nominativos, isto é, os textos que comporão sua sinalização, a recomendação é uma só: seja claro e direto. (...) Não cabem dubiedades em placas de sinalização. O usuário não pode parar para pensar. Deve obedecer instintivamente” (CHAMMA; PARTORELO, 2014, p.151). Um roteiro visual e histórico

73


A eficiência das placas, de acordo com SET-SP (1998, p.05) depende principalmente dos seguintes fatores:

“- colocação correta no campo visual; - propriedade e clareza da mensagem; - legibilidade e - entendimento por parte do usuário. - têm por finalidade identificar os destinos e os locais de interesse, bem como indicar as direções e

Capítulo 3

as distâncias”.

Ainda em se tratando de sinalização direcional para o percurso, além das placas de poste já apresentadas, criou-se também a sinalização direcional para o piso. Esta orientação é compreendida através de símbolos circulares contínuos distribuídos entre os imóveis do roteiro de visita, sob o conceito de wayfinding, ou seja, para guiar o trajeto dos usuários na busca entre os exemplares históricos no centro do município de Jundiaí. Foram realizados vários estudos preliminares na tentativa de orientar o trajeto entre os imóveis, levando-se em consideração os diferentes pisos existentes no total do percurso, que variam de mosaico português, bloquetes ecológicos e concreto.

74

Visando a facilidade de leitura e rápida identificação pelos usuários, buscou-se a possibilidade de implementar símbolos similares aos dispostos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2001, p.33), no tocante à acessibilidade quanto ao uso de pisos táteis. A ABNT recomenda que sinalização tátil direcional deve: a) ter textura com seção trapezoidal, qualquer que seja o piso adjacente; b) ser instalada no sentido do deslocamento; c) ter largura entre 20 cm e 60 cm; d) ser cromodiferenciada em relação ao piso adjacente. Priscila Machado Meireles


SINALIZAÇÃO DIRECIONAL - PISO Orientação de piso (entre os imóveis)

1

O projeto

2

3

4

5 Figura 12 - Sinalização direcional para o piso

Os estudos 1, 2, 3 e 4, foram considerados descartados. Adotou-se o número 5 [Figura 12]. Um roteiro visual e histórico

75


5

Capítulo 3

5

5 Figura 13 - Sinalização direcional para o piso entre os imóveis

76

A partir da escolha do piso número 5 como possibilidade de implementação, foi possível desenvolver outros estudos de sinalização para o piso que pudessem, além da linha formada pela sucessão de pequenos círculos, incluir uma seta orientativa da direção do percurso, para trechos considerados muito extensos, conforme o último desenho apresentado na Figura 13. Para finalizar os elementos gráficos direcionais, restava ainda sinalizar o início do percurso, destacando o próprio roteiro de visitas em sua totalidade, de maneira a pontuar informações dos 12 imóveis, incluindo dados importantes do percurso, como: distância aproximada e tempo estimado. Desenvolveu-se, portanto, a placa direcional inicial [Figura 14], somente para sinalizar aos usuários, o ponto de partida de circulação a ser percorrido. Priscila Machado Meireles


PLACA DIRECIONAL INICIAL Localizada apenas no início do percurso

visit ROTEIRO DE VISITA trail Início: Mosteiro de São Bento

VISIT TRAIL trata-se de um convite para andar a pé, passear e conhecer um pouco a história de Jundiaí.

Término: Estação Ferroviária

Através de um projeto de sinalização urbana, propõe desvendar e divulgar parte da história da cidade, de pouco mais de quatro séculos, entre caminhos e trajetos cotidianos, mapeando visualmente imóveis de relevância histórica e arquitetônica da região central.

Temática: Edifícios históricos Distância: 2,80 Km à pé

O percurso, direcionado principalmente aos jovens estudantes, através de um roteiro a pé com histórico valor arquitetônico, permite, sobretudo, um novo modo de olhar e conhecer a cidade.

Tempo aproximado: 41 minutos

1

12 INÍCIO Grupo Escolar Conde de Parnaíba

10

Casa da Família Queiroz Telles

Mosteiro São Bento

3

Solar do Barão

2

4

3

Casa da Família Prado

6 7

Museu da Energia

8

9

N

2

5

Gabinete de Leitura

1

O projeto

11

Grupo Escolar Siqueira de Moraes

Teatro Polytheama

11 Argos Industrial

8

4

9

10 Ponte Torta

Rio Guapeva

Estação Ferroviária

7

12

5

6

+

informações

INÍCIO Figura 14 - Placa inicial do roteiro de visita

Neste momento, procurou-se identificar os imóveis através de elementos simbólicos representativos das respectivas silhuetas dos edifícios históricos [Figura 15].

Um roteiro visual e histórico

77


SILHUETAS Símbolo de cada imóvel

1

12 11 10

1

INÍCIO Grupo Escolar Conde de Parnaíba

Casa da Família Queiroz Telles

5

Gabinete de Leitura

3

Solar do Barão

4

Casa da Família Prado

2 3

6 7

Museu da Energia

8

9

N

Mosteiro São Bento

2

Grupo Escolar Siqueira de Moraes

Teatro Polytheama

10

11

Ponte Torta

Argos Industrial

Rio Guapeva

4

9

8

Estação Ferroviária

5

6

Capítulo 3

7

12

1 - Mosteiro São Bento

2 - Grupo Escolar Conde de Parnaíba

4 - Casa da Família Prado

3 - Solar do Barão

5 - Casa da Família Queiroz Telles

6 - Gabinete de Leitura

78 7 - Museu da Energia

8 - Teatro Polytheama

10 - Ponte Torta

11 - Argos Industrial

9 - Grupo Escolar Siqueira de Moraes

12 - Estação Ferroviária

Figura 15 - Silhuetas das edificações

Priscila Machado Meireles


Buscando a unidade dos elementos de sinalização, utilizou-se a mesma linguagem visual para criação das placas interpretativas. Estas serão distribuídas, uma a uma, em frente à cada imóvel que compõe o roteiro de visitação, iniciando-se pelo Mosteiro de São Bento.

PLACAS INTERPRETATIVAS Localizadas em frente à cada imóvel

Uso Atual: Museu Uso Original: Residência Solar do Barão de Jundiaí Período da Construção: 1862

A data precisa da construção do casarão é ainda desconhecida. Seu estilo arquitetônico inclui elementos típicos das antigas moradas bandeiristas e, ao mesmo tempo, características marcantes do padrão de moradia da elite cafeeira entre os finais do século XIX e início do XX. Isto leva a crer que ser trate de uma construção de meados do século XVIII. O método construtivo utilizado foi a taipa de pilão nas paredes externas, com cerca de 70cm de espessura. Quanto às paredes internas, são de taipa de mão, também conhecida como “pau-a-pique”.

O projeto

visit trail

SOLAR DO BARÃO

Solar do Barão

2 Conde de Parnaíba

VOCÊ está aqui!

2 4

6 minutos

4 Casa da Família Prado

+

informações

3

Grupo Escolar Conde de Parnaíba

1 minuto

Casa da Família Prado

Figura 16 - Modelo de placa interpretativa dos imóveis

Um roteiro visual e histórico

79


MOSTEIRO SÃO BENTO Uso Atual: Mosteiro Uso Original: Mosteiro Período da Construção: 1667

ESCOLA CONDE DE PARNAÍBA

visit trail

Uso Atual: Escola de 1 e 2 Graus

O Mosteiro de São Bento e a Igreja de Sant’Anna são um de nossos mais antigos templos religiosos. Sua fundação no século XVII, em 1667, foi resultado da ação de Estácio Ferreira, sua mulher Violante Ferreira, e de um religioso da Ordem de São Bento, Frei João do Espírito Santo..

Uso Original: Escola Período da Construção: Início do século XX

Os clérigos responsáveis pela igreja gostam de frisar que a porta da entrada só abre por dentro, como acontece com o coração do homem.

visit trail

A edificação foi projetada por Mauro Álvaro de Souza Camargo, entre os anos de 1919 e 1920, e tombada pelo CONDEPHAAT tem agosto de 2002. Em estilo Thompson, sua tipologia foi utilizada como modelo para vários outros edifícios na cidade e na região, nas cidades de Penápolis, Ribeirão Preto, Itu e Rio Claro.

O complexo do mosteiro é um conjunto arquitetônico formado por várias edificações anexadas ao núcleo original.

+

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A data precisa da construção do casarão é ainda desconhecida. Seu estilo arquitetônico inclui elementos típicos das antigas moradas bandeiristas e, ao mesmo tempo, características marcantes do padrão de moradia da elite cafeeira entre os finais do século XIX e início do XX. Isto leva a crer que ser trate de uma construção de meados do século XVIII.

Período da Construção: 1862

Grupo Escolar Conde de Parnaíba

3

Solar do Barão

8 minutos

Uso Atual: Comercial Uso Original: Hotel Petroni Período da Construção: final do século XIX

O método construtivo utilizado foi a taipa de pilão nas paredes externas, com cerca de 70cm de espessura. Quanto às paredes internas, são de taipa de mão, também conhecida como “pau-a-pique”.

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2

+

informações

3

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1 minuto

Casa da Família Prado

GABINETE DE LEITURA Uso Atual: Biblioteca

Período da Construção: 1922

VOCÊ está aqui! 3 minutos

+

informações

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6

Casa da Família Queiroz Telles Museu da Energia

80

Período da Construção: início do século XX

O centro literário forma um conjunto arquitetônico com a praça Ruy Barbosa, localizada à frente da edificação.

7

4 minutos

Uso Atual: Museu

ESCOLA SIQUEIRA DE MORAES

visit trail

Gabinete de Leitura

8

Teatro Polytheama

Tombado pelo CONDEPHAAT em 2002, foi o primeiro prédio escolar do interior do estado de São Paulo.

Uso Atual: sem uso

Uso Original: Grupo Escolar Siqueira de Moraes

O edifício apresenta volumetria e estilo art-noveau, com tratamento da argamassa com frisos, barrados nas janelas e colunas, típico da arquitetura eclética. Recuperado, foi reinaugurado em 1998, como sede da Biblioteca Municipal Prof. Nelson Foot.

Uso Original: Ponte de passagem de bondes da Companhia Ferro Carril Jundiaiana

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8 10

1 minuto

Teatro Polytheama

5 minutos

Ponte Torta

Período da Construção: final do século XIX

+

1 minuto

informações

Período da Construção: final do século XIX

visit trail

Fundada em 1914, a Escola Paroquial Francisco Telles foi um verdadeiro marco na educação da nossa cidade. Com sede na Rua do Rosário, 189, a escola nasceu da iniciativa particular de Dona Anna de Queiroz Telles, filha do Barão de Jundiaí, Tenente-Coronel Francisco Antonio de Queiroz Telles, com Dona Gertrudes Angélica Pereira de Queiroz Telles. Antiga casa da família, é um exemplar de residência do final do século XIX.

+

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informações

4

6

2 minutos

informações

Casa da Família Prado

3 minutos

Gabinete de Leitura

TEATRO POLYTHEAMA

visit trail

Uso Atual: Teatro

O prédio que hoje abriga o Museu da Energia – Núcleo Jundiaí, pertencente à Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo, foi construído no início do século XX. A compra do terreno foi efetuada em 1905, ano em que também ocorreu a inauguração do sistema de iluminação pública em Jundiaí.

Uso Original: Cine teatro Período da Construção: 1911

O Museu da Energia – Núcleo Jundiaí foi inaugurado em março de 2001. A edificação tem características e tipologia das construções fabris do século XX.

visit trail

Estudos foram realizados, mas apenas 12 anos depois a arquiteta Lina Bo Bardi fez o primeiro projeto para restauração e reforma da edificação. A obra só foi iniciada em 1995, com a reforma da imponente fachada e a total remodelação do interior. Após a morte de Lina, a obra foi terminada pelo escritório Brasil Arquitetura SC Ltda, composto pelos arquitetos Marcelo Carvalho Ferraz, Marcelo Suzuki e Francisco Fanucci como colaborador. Atualmente, sua capacidade é para 1216 lugares.

+

informações

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7 ARGOS INDUSTRIAL Uso Atual: Complexo Argos – Secretaria da Educação

Para conter as enchentes foram feitas uma série de obras na região e a margem esquerda do rio foi alargada.

Período da Construção: década de 10

As obras e a retirada da terra, comprometeram a estabilidade da ponte. Para evitar que ela caísse, foi construído um bloco de concreto em sua fundação.

+

informações

6 minutos

Uso Atual: Sala Paroquial

A ponte em arco sobre o Rio Guapeva, popularmente conhecida como Ponte Torta, guarda um pouco da história das origens do transporte coletivo em Jundiaí. Entre finais do século XIX e início do XX, bondes movidos por tração animal passavam por ali, transportando pessoas entre o centro da cidade e a estação ferroviária, no bairro da Vila Arens.

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Solar do Barão

4 5

visit trail

PONTE TORTA

Uso Atual: Pinacoteca

Período da Construção: 1896

4 minutos

6

Mosteiro São Bento

Uso Original: Residencial

No dia 14 de janeiro de 1972, o prédio foi vendido para as Casas Pernambucanas, empresa que tem preservado sua fachada e algumas de suas principais características.

+

2 minutos

1

3

CASA DA FAMÍLIA QUEIROZ TELLES

visit trail

Por volta de 1700, o prédio que hoje abriga as Casas Pernambucanas era a residência da antiga e tradicional família Prado. Posteriormente, o imóvel foi herdado pela igreja, que instalou a fábrica Matriz Nossa Senhora do Desterro, pertencente à Mitra Diocesana de Jundiaí e à Associação Beneficente das Irmãs de São Vicente de Paulo de Geyzegem.

Casa da Família Queiroz Telles

Uso Original: Subestação transformadora de energia

+

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1 2

MUSEU DA ENERGIA

visit trail

5

Solar do Barão

2 minutos

5

A ideia da criação de um centro literário na cidade foi iniciativa de um grupo de ferroviários da Companhia Paulista, em 1907. No ano seguinte, em 1908, era inaugurado o Gabinete de Leitura Ruy Barbosa, uma entidade civil, sem fins lucrativos, até hoje mantida por seus associados. O acervo foi adquirido mediante doações de verbas e de livros por particulares.

Uso Original: Gabinete de Leitura de Jundiahy, até 1923

1 minuto

3

Grupo Escolar Conde de Parnaíba

Capítulo 3

4

6 minutos

informações

CASA DA FAMÍLIA PRADO

visit trail

SOLAR DO BARÃO Uso Atual: Museu Uso Original: Residência Solar do Barão de Jundiaí

2 minutos

2

Uso Original: Indústria

informações

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1 minuto

Museu da Energia

Grupo Escolar Siqueira de Moraes

1 minuto

visit trail Localizada na Avenida Dr. Cavalcanti, a Argos Industrial foi fundada no dia 27 de fevereiro de 1913, sob a denominação de Sociedade Industrial Jundiaiense. No mesmo ano, o nome foi alterado para Sociedade Argos Industrial. O maior destaque da empresa eram os benefícios sociais para seus funcionários. Além da associação, a empresa mantinha cooperativa, loja, grupo escolar, escola de fiação e tecelagem, curso pré-vocacional para os filhos dos funcionários, refeitório, cinema, parque infantil, capela e uma pequena biblioteca.

+

+

informações

8

7 9

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA Uso Atual: Estação Ferroviária (CPTM – linha 07 Rubi) Uso Original: Estação Ferroviária da São Paulo Railway Período da Construção: 1895 a 1902

informações

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visit trail A estrada de ferro da São Paulo Railway Company, que liga Santos a Jundiaí, foi a primeira do Estado. Construída entre 1862 e 1867, tinha como um de seus maiores acionistas o Barão de Mauá. A primeira estação foi inaugurada em 17 de fevereiro de 1867. Mais tarde, entre 1895 e 1902, a estação original foi substituída por uma grande e bela edificação, construída no estilo vitoriano do final do século, com ornamentos em ferro fundido que representam a chamada “arquitetura ferroviária”.

+

informações

9 10 11 12 5 minutos

9

Grupo Escolar Siqueira de Moraes

11

Argos Industrial

5 minutos

5 minutos

10

Ponte Torta

12

Estação Ferroviária

11 minutos

16 minutos

10

Ponte Torta

11

Argos Industrial

11 minutos

Figura 17 - Placas interpretativas de cada edificação Priscila Machado Meireles


As placas interpretativas foram compostas pelas mesmas tonalidades de azul, respeitando o contraste de cor e legibilidade, de acordo com a norma de acessibilidade da ABNT (2001, p.22), que indica que “Informações visuais devem seguir premissas de textura, dimensionamento e contraste de cor dos textos e das figuras para que sejam perceptíveis por pessoas com baixa visão. As informações visuais podem estar associadas aos caracteres em relevo.

iluminação do ambiente, do contraste e da pureza da cor. Deve haver contraste entre a sinalização visual (texto ou figura e fundo) e a superfície sobre a qual ela está afixada, cuidando para que a iluminação do entorno - natural ou artificial - não prejudique a compreensão da informação”.

Os nomes de identificação dos imóveis foram dispostos na borda superior das placas, sempre em letras maiúsculas e sem serifa, de fácil leitura para pessoas com baixa acuidade visual. Os numerais, indicativos de cada imóvel do percurso, foram concentrados na face inferior, em tamanho visível mesmo à distância [Figura 17]. Houve inclusão de informações básicas para descrição rápida de cada edificação, mas adotou o código QR em cada placa interpretativa, que possibilita buscar mais informações, mesmo que posteriores à visita.

Alfabeto Padrão: NEUTRAFACE CONDENSED ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqqrstuvwxyz / 0123456789!@#$%¨&*()_+=[]/? Alfabeto Secundário:

GILL SANS MT Um roteiro visual e histórico

O projeto

A legibilidade da informação visual depende da

81


“Naturalmente, a instalação do signo deverá ter como pré-requisito básico de implantação sua fácil visualização pelo público receptor da informação, ou seja, deverá estar localizado em lugar livre de obstáculos visuais, e eventualmente, se destacar mesmo em ambientes visualmente poluídos, de maneira a cumprir sua finalidade” (GOMES FILHO, 2003, p.149).

Capítulo 3

3.3.2. Mapa

82

Quanto ao objeto correspondente ao mapa, capaz de sinalizar o percurso proposto e orientar a busca pelas próximas edificações, foi atribuído a prerrogativa de uma ilustração, sem tantas restrições fidedignas à escala das ruas de acesso, embora estas sejam legíveis enquanto proporções e distâncias da área central. Além de apontar a distância total do percurso, de aproximadamente 2,80 quilômetros percorridos a pé, num tempo estimado de 41 minutos, o mapa é um elemento fundamental para entendimento do trajeto total, que compreende os 12 imóveis, passíveis de visitas ou apenas um vislumbre externo de sua arquitetura. Exerce, contudo, o papel de convite para uma visita mais serena para contemplar cada um destes remanescentes repletos de história e memória. “[...] identidade do ambiente urbano é palavra-chave quando se busca o entendimento do desenho de uma cidade. A leitura feita através da cartografia muito contribui para atingir esse fim, e por isso não resta dúvida que essa fonte de pesquisa desempenha papel indispensável na preservação da memória cultural” (PASSO; EMÍDO, 2009, p.24).

As imagens do mapa não se encontram apresentadas no miolo deste trabalho, mas optou-se pela inserção, em maior escala, enquanto uma “capa” que envolve todo o volume aqui produzido. Dessa maneira, o mapa segue imPriscila Machado Meireles


presso em grande formato, como uma espécie de “guia de visitas” - um objeto possível de ser dobrado e transportado durante este roteiro arquitetônico. “Os mapas dão autonomia ao visitante para que ele programe seus roteiros na cidade, caminha pelas ruas, dê o ritmo que lhe agrade à sua permanência, faça contato com o cotidiano do lugar, enfim, estabeleça uma relação de maior intimidade com a cidade” (MACHADO; BRAGA, 2010. p100).

Atrelado a este projeto de sinalização urbana para a região central do município de Jundiaí, tornou-se constante a preocupação com sua possível implantação durante todas as etapas do processo de criação. Para tanto, durante o desenvolvimento de cada elemento proposto, previu-se quais seriam os pressupostos envolvendo cada uma das etapas de uma futura implantação. Quanto às etapas, primeiramente seriam implementadas as placas interpretativas localizadas à frente de cada imóvel, tomando o cuidado quanto à preservação do patrimônio, especificamente às fachadas, como já citado no início deste capítulo. Sequencialmente, seriam incluídas as placas de sinalização direcional, correspondentes à placa inicial do percurso e as placas dispostas junto aos postes de iluminação. Posteriormente, os demais elementos de sinalizações orientativos nos pisos, seriam implementadas de acordo com cada material existente no percurso, sempre respeitando as normas vigentes. “Importam a funcionalidade, os critérios estéticos que expressam o sentido funcional, a racionalização não se faz apenas com um alfabeto e uma escolha de cores. Seus suportes, a tinta adequada, a previsão do desgaste, não são detalhes deixados à produção, mas preocupações do designer” (LEON, 2009, p.36). Um roteiro visual e histórico

O projeto

3.4. Estudos de implantação

83


Capítulo 3

Figura 18 - Estudo de pré-implantação 1 (simulação)

84

Figura 19 - Estudo de pré-implantação 2 (simulação) Priscila Machado Meireles


No que diz respeito aos materiais [Figura 20], o que se apresenta são apenas recomendações, sem maiores pretensões de limitar o assunto. Buscou-se priorizar os materiais acrílicos ou metálicos com corte a laser, por uma questão durabilidade em função da exposição constante à intempéries (sol, chuva, ventos, etc) e resistentes ao vandalismo. Porém, indica-se ainda a possibilidade de utilização de acabamentos foscos ou materiais antirreflexivos (ABNT, 2001, p.22), e/ou pinturas eletrostáticas. Para manter legibilidade, as principais letras de identificação deverão ser aplicadas em relevo (caixa alta) sensíveis ao tato, conforme aponta CHAMMA (2014, p.180).

Acrílico com pintura eletrostática antirreflexiva

R0.

MOSTEIRO SÃO BENTO Uso Original: Mosteiro Período da Construção: 1667

Os clérigos responsáveis pela igreja gostam de frisar que a porta da entrada só abre por dentro, como acontece com o coração do homem.

Mapa em relevo (cortado a laser)

+

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2 3

2 minutos

Grupo Escolar Conde de Parnaíba

8 minutos

Solar do Barão

0.70

0.85 39

O Mosteiro de São Bento e a Igreja de Sant’Anna são um de nossos mais antigos templos religiosos. Sua fundação no século XVII, em 1667, foi resultado da ação de Estácio Ferreira, sua mulher Violante Ferreira, e de um religioso da Ordem de São Bento, Frei João do Espírito Santo..

O complexo do mosteiro é um conjunto arquitetônico formado por várias edificações anexadas ao núcleo original.

0.15

R1.

visit trail

Uso Atual: Mosteiro

1.80

0.15

26

0.52

0.75

0.16

MOSTEIRO SÃO BENTO

0.10

Letras caixa e logotipo em relevo (corte a laser)

0.05

0.16 0.20

0.70

Fixação no piso com parafusos chumbadores

0.40

Acrílico com pintura eletrostática antirreflexiva

informações

1

QR Code (corte a laser)

Número em relevo (corte a laser)

Logotipo e seta direcional em relevo (corte a laser)

0.10

visit trail 1.13

R0.20

0.73

0.40

0.12

.14

R1

0.10

Acrílico ou Lona

O projeto

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

1

Fixação no poste com parafusos chumbadores

Número em relevo (corte a laser)

0.15 0.05

Figura 20 - Especificações técnicas (recomendações) Um roteiro visual e histórico

85


“Cabe aqui ressaltar que não basta apenas a qualidade da sinalização dos atrativos turísticos, sendo imprescindível que a administração pública exerça seu papel, no sentido de promover a articulação entre os diversos segmentos envolvidos, para que tais atrativos sejam preservados, reconhecidos e visitados, respeitando-se o turista e sua relação com a comunidade local. Para tanto, com base nos planejamentos regional, urbano e turístico, assim como na política de preservação, devem ser formuladas diretrizes que resguardem seus valores, incentivem o turismo

Capítulo 3

responsável e contemplem as atrações existentes” (IPHAN, 2001).

86

Neste ínterim, como os códigos digitais - QR codes estariam disponíveis para consulta na primeira etapa de implantação das placas interpretativas, é de fundamental importância que todo o conteúdo digital atrelado ao roteiro de visitas esteja também passível de ser disponibilizado para consultas, conforme se apresenta as figuras 21 a 25. Vale ressaltar que a proposta de aplicativo móvel apresentada é apenas um estudo preliminar, desenvolvido inicialmente como elemento de divulgação do roteiro para seu público-alvo - estudantes e professores do Ensino Médio - e, portanto, deverá ser adaptado para inclusão de informações mais detalhadas aos Portadores de Necessidades Especiais - PNE, principalmente no que diz respeito ao sistema de áudio e respectivos conteúdos narrativos. Assim como, neste momento, não houve adaptação do conteúdo responsivo, disposto apenas na posição vertical. Salienta-se, ainda, que este trabalho não pretende esgotar o assunto quanto aos recursos digitais móveis, mas apenas o aborda com um importante elemento de design capaz de ampliar o leque de informações e interações entre os usuários, a cidade e sua história. Priscila Machado Meireles


visit trail [o quê?]

[onde?]

PROPOSTA

LOCALIZAÇÃO

...

visit trail ?

visit trail

DÚVIDAS

[com quem?]

[por quê?]

O projeto

COMPARTILHE

visit trail

...

? LOCALIZAÇÃO

COMPARTILHE

PROPOSTA

DÚVIDAS

visit trail

HOME

...

? LOCALIZAÇÃO

COMPARTILHE

DÚVIDAS

PROPOSTA > Olhar com outros olhos

Olhar com outros olhos

Aula externa

87 Olhar com outros olhos

Este trabalho tem como objetivo divulgar a história do município de Jundiaí, localizado no interior do estado de São Paulo, através de um roteiro de visitação à pé pela área central. O percurso é construído a partir de um projeto de sinalização urbana, além de mapear visualmente elementos de relevância histórica da cidade, direcionando informações didáticas aos pedestres. Propõe, através do design gráfico informacional, estabelecer novas formas de percepção, exploração e experimentações visuais do espaço público urbano, além de estreitar as relações entre a memória coletiva e o patrimônio histórico municipal, como um conjunto legível e acessível à população.

Passeio a pé

A ideia inicial para elaboração deste trabalho surgiu como tentativa de compartilhar e perpetuar a história de um município, divulgando-o às novas gerações, de maneira a recriar a identidade local entre seus atuais e futuros moradores.

Figura 21 - Telas inicias do aplicativo móvel (simulação) Um roteiro visual e histórico


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PROPOSTA > Passeio a pé Para construção da proposta de design gráfico, tomou-se partido do patrimônio histórico arquitetônico como base sólida implementada no município, e sobre a cartografia existente, pré-seleciona edificações relevantes como proposições de intervenções urbanas pontuais. Estes edifícios, um a um, criam o conjunto de imóveis que comporão o percurso à pé, compreendendo apenas a área central do município, e se lança como uma temática de visitação aos estudantes – um mapa guiado - capaz de divulgar e instigar a busca por conhecimentos e experimentações espaciais.

Olhar com outros olhos

Aula externa

“Dentre as formas de deslocamento, os percursos a pé são cada vez mais importantes e, em se tratando de cidades turísticas, esse modo de locomoção tem ainda mais destaque. Calçadas, ruas e praças devem ser lugares dedicados a percursos francos, seguros e, tanto quanto possível, agradáveis”.

Com o objetivo de ampliar o conhecimento histórico do município de Jundiaí, difundindo informações didáticas a jovens estudantes, tanto do Ensino Fundamental, quanto do Ensino Médio, através da possibilidade de efetuar visitas externas especificamente em um trecho que compreende a área central, com um roteiro proposto envolvendo imóveis remanescentes do patrimônio histórico arquitetônico. A possibilidade deste contato direto com a cidade permite abordar conhecimentos específicos de História, Geografia, Sociologia e estudos da paisagem.

Capítulo 3

Passeio a pé

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História

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10 Rio Guapeva

PERCURSO 2,8 km

Figura 22 - Telas intermediárias do aplicativo móvel (simulação) Priscila Machado Meireles


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LOCALIZAÇÃO > Prédios

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O projeto

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LOCALIZAÇÃO > História > 4

LOCALIZAÇÃO > Prédios x TEATRO POLYTHEAMA Rua Barão de Jundiaí, 176 CEP. 13201-010 Fone/Fax: (11) 4586.2472 culturapmj@jundiai.sp.gov.br

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1. Mosteiro São Bento 2. Conde do Parnaíba 3. Solar do Barão 4. Casa da Família Prado 5. Casa da Família Queiroz 6. Gabinete de Leitura 7. Museu da Energia

8. Teatro Polytheama 9. Pinacoteca 10. Ponte Torta 11. Argos Industrial 12. Estação Ferroviária

TEATRO POLYTHEAMA O cine-teatro Polytheama foi inaugurado em 1911. Sua origem, contudo, remonta ao final do século passado quando Albano Pereira apresentou a então Intendência Municipal um projeto para construir, sob concessão um "polytheama", ou seja, uma casa que abrigasse espetáculos vários tais como circo, teatro, dança e cinema. A própria palavra "polytheama" expressa essa intenção: "poly", de origem latina, quer dizer "vários"; "theama", de origem grega, significa "espetáculo". A construção de casas de espetáculos foi uma das características do processo de modernização das médias e grandes cidades entre o final do século XIX e o início do XX, processo este impulsionado pela aceleração dos movimentos de industrialização e urbanização. Os cines-teatro, juntamente com os cafés, se constituíram então como novos lugares da sociabilidade urbana.

História

Figura 23 - Telas intermediárias do aplicativo móvel (simulação) Um roteiro visual e histórico

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DÚVIDAS > Perguntas frequentes

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Perguntas frequentes

Perguntas frequentes

1. É possível alterar a ordem do percurso? 2. Qual é o tempo médio da visitação?

Enviar sugestões

3. Qual a distância do percurso? 4. Quais são os horários de visitação dos edifícios? 5. Onde encontro mais informações sobre cada imóvel?

O projeto

6. Não consigo enviar minhas fotos. Por quê?

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PESQUISA > Resultados Xxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

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Figura 25 - Telas finais do aplicativo móvel (simulação) Um roteiro visual e histórico

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CONSIDERAÇÕES FINAIS


Considerações Finais

“A necessidade de comunicação visual clara e inventiva para relacionar as pessoas a sua vida cultural, econômica e social nunca foi tão grande. Como formadores de mensagens e imagens, os designers gráficos têm obrigação de contribuir ativamente para que o público entenda as questões ambientais e sociais. Eles têm responsabilidade de adaptar a nova tecnologia e de traduzir o espírito de seu tempo mediante a invenção de formas e modos de expressas ideias. (...) os designers gráficos ajudarão a definir e aperfeiçoar cada nova geração de mídias eletrônicas” (MEGGS, 2009, p.676).

E

ste trabalho, se propôs a criar, sem maiores pretensões, um projeto de sinalização urbana para o centro do município de Jundiaí. Enquanto proposta, desenvolveu um conjunto de placas direcionais e interpretativas, de maneira a apresentar ao público visitante e, consequentemente, aos respectivos moradores, os principais atributos históricos e urbanísticos de alguns imóveis públicos remanescentes. Obviamente, não se pretendeu esgotar o assunto no tocante à sinalização, que, no campo do design gráfico, trata-se de uma temática bastante complexa, pois envolve uma série de particularidades locais, culturais, de escala e até mesmo estudos mais detalhados quanto aos materiais, acabamentos e cuidados posteriores com a manutenção. Neste projeto em questão, o enfrentamento de sinalizar um ambiente público externo, acresceu questões ainda mais abrangentes, debruçando-se sobre uma área repleta de edificações históricas emblemáticas, tombadas Um roteiro visual e histórico

93


Considerações Finais

pelo patrimônio histórico. Foi um desafio efetuar os primeiros recortes ainda na etapa inicial quando da seleção dos imóveis, porém, levou-se em consideração a importância de limitar o tempo e o percurso a ser percorrido à pé, sem desconsiderar a possibilidade de uma futura ampliação da rota de visitas, que poderá vir a abranger as demais edificações como parte de novos roteiros culturais e históricos pelo município.

94

Convém apontar que as etapas de criação foram muito mais extensas do que as imagens ora apresentadas neste trabalho, envolvendo ajustes constantes desde o primeiro rabisco para o logotipo, até os elementos tridimensionais finais. Isso apenas reforça a necessidade e relevância da produção da grande quantidade de desenhos, como parte fundamental do processo criativo, para que se possa alcançar o, que agora se visualiza como, simples. Há que se salientar que projetos de sinalização, em qualquer escala, necessitam estar adequados às normas vigentes de acessibilidade, de maneira a garantir, através do conceito de design universal, acesso a qualquer usuário. Ou seja, a responsabilidade do designer vai além da produção de um simples design a ser reproduzido, mas deve, desde o início, ser pensado em sua totalidade, sem descuido dos pormenores. Justamente neste sentido, é que buscou-se complementar o projeto junto à atual gama de recursos que envolvem as mídias digitais, permitindo conectar e estabelecer novas relações entre lugares físicos, criando outras formas de percepção, exploração e experimentação, além de despertar interesse aos usuários. Como estes meios de comunicação já são parte da vida cotidiana contemporânea, possibilitam novas articulações culturais entre pessoas, lugares, eventos e objetos, sobretudo no que diz respeito à inclusão social, por meio de recursos visuais e sonoros.

Priscila Machado Meireles


“Proporcionar informações por meio da sinalização, contribui de forma fundamental para a difusão do conhecimento dos atrativos e para o desenvolvimento da atividade turística (...), além de permitir a democratização do acesso ao bem cultural e sua consequente valorização pela comunidade à qual pertence” (IPHAN, 2001).

“Por fim, já se disse que a informação abre caminhos para a fruição! Nada mais oportuno em tempos de tão escassa educação patrimonial (...) oferecer aos visitantes novos canais de percepção e conhecimento deste patrimônio cultural, despertando assim, corações e mentes para o cuidado e para a preservação” (ANDRADE, 2013).

Considerações Finais

Em conclusão, através do design de sinalização, buscou-se a possibilidade de inserção de novas informações na cidade, costuradas através de um passeio à pé, quase como uma espécie de gentileza urbana, um convite aos transeuntes a (re)descobrir por si só, parte da história da própria cidade.

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Um roteiro visual e histórico


REFERÊNCIAS


Referências

Livros BUENO, Alexei; TELLES, Augusto da Silva; CAVALCANTI, Lauro. Patrimônio construído: as 100 mais belas edificações do Brasil. Fotografias de Cristiano Mascaro; tradução de Julio Bandeira, Beatriz Caldas, Sybil Bittencourt. São Paulo: Capivara, 2002. CHAMMA, Norberto; PARTORELO, Pedro D. Marcas & sinalização: práticas em design corporativo. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007. __________. Marcas & sinalização: práticas em design corporativo. 2a. edição revista e atualizada. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014. COSTA, Joan. Señalética: de la señalización al diseño de programas. 2 ed. Barcelona, 1989. CYTRYNOWICZ, Roney (org). Dez roteiros históricos a pé em São Paulo. São Paulo: Narrativa Um, 2007. Um roteiro visual e histórico

97


DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. Tradução Jefferson Luiz Camargo. 3a. edição. São Paulo: Martins Fontes, 2007. FERRARA, Lucrécia D’Alessio. Design em espaços. São Paulo: Annablume, 2002. FRUTIGER, Adrian; JANINI, Karina. Sinais e Símbolos: desenho, projeto e significado. 2a. edição. São Paulo: Martins Fontes, 2007. GEHL, Jan; GEMZOE, Lars. Novos espaços urbanos. Editorial Gustavo Gilli: Barcelona, 2002.

Referências

GOMES FILHO, João. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica. Editora Escrituras, 2003. LEON, Ethen. Memórias do Design Brasileiro. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2009. LONGO, Celso. Design total - Cauduro Martino. São Paulo: Cosac Naify, 2014. MACHADO, Jurema; BRAGA, Silvia. Comunicação e Cidades Patrimônio Mundial no Brasil. Brasília: UNESCO, IPHAN, 2010. MEGGS, Philip B. História do Design Gráfico. 4ª. Edição. Tradução Cid Knipel. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

98

Organização Mundial do Turismo. Sinais e símbolos turísticos: guia ilustrado e descritivo. São Paulo: Roca, 2003. PASSOS, Maria Lúcia Perrone; EMÍDIO, Teresa. Desenhando São Paulo: mapas e literatura: 1877-1954. São Paulo: Editora Senac São Paulo: Imprensa Oficial, 2009. PEON, Maria Luisa. Sistema de Identidade visual. 4ª edição. Rio de Janeiro: 2AB, 2009. SET-SP. Manual de sinalização turística: sinalização turística para o Estado de São Paulo. São Paulo, 1998. STRUNK, Gilberto Luiz Teixeira Leite. Como criar identidades visuais para marcas de sucesso: um guia sobre o Priscila Machado Meireles


marketing das marcas e como representar graficamente seus valores. Rio de Janeiro: Rio Books, 3ª. Edição revista e atualizada, 2007. VILLAS-BOAS, André. O que é [e o que nunca foi] design gráfico. 6ª ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2007.

Teses e Dissertações

SALGADO, Renato. Projeto de sinalização em parques urbanos: sistematização de elementos estruturadores a partir de exemplos no município de São Paulo. Dissertação de Mestrado – FAU.USP – Design e Arquitetura. São Paulo, 2013. TINOCO, Ágata. Um olhar pedestre sobre o mobiliário urbano paulistano: Itaim Bibi de 1995 a 2001. Tese de Doutorado - FAU.USP – Estruturas ambientais urbanas. São Paulo, 2003.

Referências

PEZZIN, Olívia Chiavareto. Design de sinalização do Metrô de São Paulo: estudo de caso de sua manutenção. Dissertação de Mestrado – FAU.USP – Design e Arquitetura. São Paulo, 2013.

Artigos e Periódicos ANDRADE, Ulisses Morato de. Conjunto urbanístico e arquitetônico da Pampulha: sinalização turística para pedestres. Arquiteturismo, São Paulo, ano 07, n. 080.05, Vitruvius, out. 2013. Acessado em 10.nov.2013. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquiteturismo/07.080/4937>. ARAÚJO, Daniel Paz de; HILDEBRAND, Hermes Renato. Memórias coletivas cíbridas e multiculturais. CARDOSO, Eduardo; SCHERER, Fabiano de Vargas; TEIXEIRA, Fábio Gonçalves; SILVA, Régio Pierre da; KOLTERMANN DA SILVA, Tania Luisa. Contribuição metodológica em design de sinalização. InfoDesign. São Paulo, 2011. Um roteiro visual e histórico

99


MAIA, Amanda. Design da Informação em Sinalização e Wayfinding. Maio de 2013. Acessado em 04.março.2014. Disponível em: www.revistacliche.com.br/2013/05/design-da-informacao-em-sinalizacao-e-wayfinding SCHERER, Fabiano de Vargas. Conceitos em design gráfico ambiental. Núcleo de Design Gráfico Ambiental – NDGA. Setembro de 2012. Acessado em 30.jul.2014. Disponível em: http://ndga.wordpress.com/2012/09/10/ conceitos-em-design-grafico-ambiental/

Publicações de Associações e Órgãos Públicos

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. NBR 9050. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. ___________. Acessibilidade - Comunicação na prestação de serviços. NBR 15599. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. EMPLASA. Aglomeração Urbana de Jundiaí. Acessado em 30.jul.2014. Disponível em: http://www.emplasa.sp.gov. br/emplasa/jundiai/abertura.html IBGE. Diversos acessos. Disponível em: www.ibge.gov.br; www.cidades.ibge.gov.br

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IPHAN. Guia Brasileiro de Sinalização Turística. 2001 – acessado em 28.nov.2013. Disponível em: http://portal. iphan.gov.br/files/Guia_Embratur/conteudo/principal. html Ministério do Turismo. Guia Brasileiro de Sinalização Turística – acessado em 28.nov.2013. Disponível em: http:// www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/ cadernos_publicacoes/12manual_sinalizacao.html PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE JUNDIAÍ. Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente. Diversos acessos. Disponível em: www.jundiai.sp.gov.br.

Priscila Machado Meireles


SEGD - Society for Environmental Graphic Design. Acessos em 28.nov.2013 e 30.jul.2014. Disponível em: http:// www.segd.org/home.html#/home.html

Consultas em meio eletrônico Boston Trail. Acessado em 04.março.2014. Disponível em: www.thefreedomtrail.org Colour Blindness Simulator. Diversos acessos entre julho e agosto de 2014. Disponível em: http://www.etre.com/ tools/colourblindsimulator

Kaywa QR Code. Acessado em 27.agosto.2014. Disponível em: http://qrcode.kaywa.com Kuler Adobe. Diversos acessos. Disponível em: https:// kuler.adobe.com/pt/create/color-wheel

Referências

Color Scheme Design. Acessado em 30.julho.2014. Disponível em: http://colorschemedesigner.com

Roteiros Temáticos; Passeios Guiados; São Paulo a pé – acessado em 28.nov.2013. Disponível em: www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/o-que-visitar/roteiros/sao-paulo-a-pe Turismo em São Paulo – acessado em 28.nov.2013. Disponível em: www.spturis.com/v7/index.php# ; http:// catracalivre.com.br/sp/muito-mais-sao-paulo/indicacao/ centro-de-sao-paulo-vai-ganhar-sinalizacao-turistica-para-pedestres Wayfinding system for city of bath by pearsonlloyd – acessado em 04.mar.2014. Disponível em: www.designboom.com/technology/wayfinding-system-for-city-of-bath-by-pearsonlloyd-09-28-2013.

Um roteiro visual e histórico

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ANEXO

A

Fichas Técnicas dos Imóveis


Anexo A - Fichas Técnicas dos Imóveis

1. Mosteiro de São Bento 2. Grupo Escolar Conde de Parnaíba 3. Solar do Barão 4. Casa da família Prado 5. Casa da família Queiroz Telles 6. Gabinete de Leitura Ruy Barbosa 7. Museu da Energia 8. Teatro Polytheama 9. Grupo Escolar Siqueira de Moraes 10. Ponte Torta 11. Argos Industrial 12. Estação Ferroviária


1. Mosteiro São Bento Imóvel isolado / Grau de Proteção: 1

Descrição Propriedade: Ordem Beneditina Uso Atual: Mosteiro Uso Original: Mosteiro Período da Construção: 1667

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciços; conjunto ao fundo de concreto armado Cobertura: telhas cerâmicas do tipo francesa sobre estrutura de madeira e telhas tipo francesa, encerrada por platibanda Vedação: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias: caixilhos de ferro e vidros coloridos com arcos em formato de leque Revestimentos Externos: argamassa e pintura, cimalha principal abaixo da platibanda Revestimentos Internos: argamassa e pintura Outras características: na praça Tibúrcio Estevan Siqueira, construção de sala de atendimento e sanitários públicos, junto ao muro de divisa, que impede a visibilidade do conjunto; construções mais recentes apostas sem qualquer qualidade arquitetônica

Principais Alterações Estrutura: construção de anexos e ampliações Cobertura: entelhamento recente Vedação: empena dos fundos alterada Vãos, Esquadrias Externas: dos fundos alterados, fechamento do vão lateral Revestimentos Externos: pintura

Localização e Contatos Endereço: Praça Tibúrcio Estevan Siqueira / Rua São Bento, 40 CEP: 13.201-035 Telefone: (11) 4521.9295 Site: www.mosteiro.org.br


História O Mosteiro de São Bento e a Igreja de Sant’Anna são um de nossos mais antigos templos religiosos. Sua fundação no século XVII, em 1667, foi resultado da ação de Estácio Ferreira, sua mulher Violante Ferreira, e de um religioso da Ordem de São Bento, Frei João do Espírito Santo. Naquele tempo tão distante, o mosteiro era chamado de Hospício do Patriarca São Bento. A palavra “hospício”, entretanto, tinha um significado hoje praticamente ignorado: tratava-se de uma hospedaria para religiosos. Um dos destaques da Igreja de Sant’Anna, mãe de Maria, é seu altar entalhado à mão, em pinho de riga e cedro, numa peça única. Os clérigos responsáveis pela igreja gostam de frisar que a porta da entrada só abre por dentro, como acontece com o coração do homem. O retábulo existente no interior da igreja esteve por muitos anos na igreja dos Índios de São Paulo, e em 1911 veio para Jundiaí e foi colocado na igreja de Sant’Anna. Consta que seu local de origem é Olinda, e foi trazido para São Paulo em 1738. O retábulo é todo esculpido em pinho de riga e cedro, folheado a ouro. O complexo do mosteiro de São Bento é um conjunto arquitetônico formado por várias edificações anexadas ao núcleo original, restrito à igreja de Sant’Anna e às praças envoltórias.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


2. Grupo Escolar Conde de Parnaíba Imóvel isolado / Tombado pelo Condephaat

Descrição Propriedade: Governo do Estado Uso Atual: Escola de 1º e 2º graus Uso Original: Escola Período da Construção: início do século XX Nº. de Pavimentos: corpo central com 2 pavimentos e 2 corpos laterais com 1 pavimento cada, porão habitável

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciços Cobertura: telhas cerâmicas do tipo francesa, beirais com forro paulistinha Vedação: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias Externas: janelas basculantes de ferro e vidro com arco abatido, portas cegas de madeira almofadada com arco pleno ou de madeira e vidro Revestimentos Externos: argamassa e pintura com elementos ornamentais discretos de frisos, molduras, balaústres, pisos cimentados; escadas de granito Revestimentos Internos: argamassa e pintura Outras características: jardim frontal com muro, gradis e portões de ferro

Principais Alterações Vãos, Esquadrias Externas: substituição das janelas originais de madeira por basculantes Revestimentos Externos: pintura Outras características: grades de fechamento lateral do jardim frontal

Localização e Contatos Endereço: Rua Barão de Jundiaí, 1106 Telefone: (11) 4521.7050 E-mail: conde@netwave.com.br

CEP: 13.201-012


História A edificação foi projetada por Mauro Álvaro de Souza Camargo, entre os anos de 1919 e 1920, e tombada pelo CONDEPHAAT tem agosto de 2002. A escola já existia desde 1906, funcionando no local onde hoje se encontra o prédio da “Telesp”. O lançamento da pedra fundamental para a construção do prédio ocorreu em 1920 e, três anos depois, a escola já estava instalada. Em estilo Thompson, sua tipologia foi utilizada como modelo para vários outros edifícios na cidade e na região, nas cidades de Penápolis, Ribeirão Preto, Itu e Rio Claro. As características marcantes na fachada do prédio foram descritas, segundo Geraldo Tomanik, como pintura em ocre claro, ferragens em preto, barrado cinza e madeira envernizada. Mantém até hoje o seu uso escolar, o que certamente é um fator importante para sua preservação.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


3. Solar do Barão Imóvel isolado / Edifício Tombado pelo Condephaat

Descrição Propriedade: Prefeitura Municipal de Jundiaí Uso Atual: Museu Uso Original: Residência Solar do Barão de Jundiaí Período da Construção: 1862 Nº. de Pavimentos: 1 pavimento e porão alto

Técnica Construtiva Estrutura: taipa de pilão Cobertura: telhas capa-e-canal em 2 águas sobre estrutura de madeira, com beiral Vedação: taipa de pilão e taipa de mão Vãos, Esquadrias Externas: na fachada frontal, 2 folhas de madeira e vidro, e bandeira com vidro lapidado, 2 folhas cegas internas Revestimentos Externos: execução de cimalha junto ao beiral e de molduras nas janelas e portas em estilo neoclássico Revestimentos Internos: piso ladrilho hidráulico colorido Outras características: edifício implantado no alinhamento, conserva pinturas murais, assoalhos de madeira, forros de madeira, escada de mármore

Principais Alterações Estrutura: acréscimos posteriores em alvenaria auto-portante de tijolos maciços Cobertura: telhas cerâmicas capa-e-canal do tipo paulista Vedação: acréscimos posteriores em alvenaria de tijolos maciços Vãos, Esquadrias Externas: junto aos acréscimos, janelas com 2 folhas de venezianas para o exterior e guilhotina de madeira e vidro no interior Revestimentos Externos: no soco do edifício com chapisco; na fachada frontal, introdução de frisos formando frontão nas janelas e pintura com cores incompatíveis Outras características: provavelmente o núcleo original da casa foi ampliado lateralmente e reformada a fachada com introdução de elementos neoclássicos


Localização e Contatos Endereço: Rua Barão de Jundiaí, 762

CEP: 13.201-011

Horário de Funcionamento: 3ª a 6ª: 10h às 17h / sáb: 09h às 13h Telefones: (11) 4521.6259 e 4586.8414 E-mail: museusolardobarao@jundiai.sp.br

História A data precisa da construção do casarão é ainda desconhecida. Seu estilo arquitetônico inclui elementos típicos das antigas moradas bandeiristas e, ao mesmo tempo, características marcantes do padrão de moradia da elite cafeeira entre os finais do século XIX e início do XX. Isto leva a crer que ser trate de uma construção de meados do século XVIII que, ao longo do tempo, sofreu sucessivas reformas, as mais importantes no século XIX. O método construtivo utilizado foi a taipa de pilão – barro socado em camadas a partir da utilização de uma forma de madeira – nas paredes externas, com cerca de 70cm de espessura. Quanto às paredes internas, são de taipa de mão, também conhecida como “pau-a-pique” – técnica na qual o barro é jogado em camadas numa armação feita de madeira ou bambu. Ainda hoje é possível ver detalhes da decoração nas pinturas das paredes, no teto e nos lustres. O método de construção e a divisão dos cômodos também revelam um pouco sobre os hábitos das elites: grandes janelas voltadas para a rua, jardins nos quintais, porões que provavelmente foram habitados por escravos domésticos, quartos sem janelas para abrigar as meninas, entre outros. Em 1982, a edificação foi recuperada, recebendo nova pintura. No jardim interno, existem canteiros que formam pequenos caminhos entre árvores e um jardim japonês. Atualmente, o Solar abriga o acervo do Museu Histórico e Cultural de Jundiaí, e sede de várias exposições realizadas na cidade.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


4. Casa da Família Prado (Pernambucanas) Imóvel isolado / Grau de Proteção: 2

Descrição Propriedade: Particular Uso Atual: Comercial Uso Original: Hotel Petroni Período da Construção: final do século XIX Nº. de Pavimentos: 2 pavimentos

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciços Cobertura: telhas cerâmicas capa-e-canal em 2 águas sobre estrutura de madeira, com beiral Vedação: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias Externas: portas do balcão superior com 2 folhas de madeira e vidro, externamente, e com 2 folhas cegas de madeira, internamente, umbrais e vergas de madeira Revestimentos Externos: argamassa e pintura, com molduras de argamassa nas vergas das portas do balcão superior Outras características: edifício implantado no alinhamento; balcão frontal no pavimento superior de ferro fundido projetado sobre o passeio.

Principais Alterações Estrutura: introdução de estrutura de concreto armado no térreo Cobertura: beiral estucado Vedação: perdas internas em todo o pavimento térreo Vãos, Esquadrias Externas: perda total dos vãos das esquadrias do térreo, portas de ferro de enrolar Revestimentos Externos: alterados e com pintura imprópria Outras características: fachada do térreo totalmente modificada.

Localização e Contatos Endereço: Rua Barão de Jundiaí, 736

CEP: 13.201-011

Horário de Funcionamento: 2ª-6ª: 09h às 18h/sáb: 08h30 às 14h Telefone: (11) 4523-3923 Site: www.pernambucanas.com.br


História Por volta de 1700, o prédio que hoje abriga as Casas Pernambucanas era a residência da antiga e tradicional família Prado. Posteriormente, o imóvel foi herdado pela igreja, que instalou a fábrica Matriz Nossa Senhora do Desterro, pertencente à Mitra Diocesana de Jundiaí e à Associação Beneficente das Irmãs de São Vicente de Paulo de Geyzegem. No dia 14 de janeiro de 1972, o prédio foi vendido para as Casas Pernambucanas, empresa que tem preservado sua fachada e algumas de suas principais características.

Foto: Autora, setembro 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


5. Casa da Família Queiroz Telles Conjunto Arquitetônico / Grau de Proteção: 2

Descrição Propriedade: Cúria Metropolitana Uso Atual: Sala Paroquial Uso Original: Residencial Período da Construção: final do século XIX Nº. de Pavimentos: térreo e porão habitável

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciços Cobertura: telhas cerâmicas capa-e-canal, com beiral forrado Vedação: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias: janelas frontais com bandeira fixa, de madeira e vidro, 2 folhas de abrir para o exterior (vidros com desenhos florais lapidados) e 2 folhas cegas de madeira de abrir para o interior; laterais e frontal recuada com 2 folhas de veneziana de abrir para o exterior Revestimentos Externos: argamassa e pintura Outras características: ornamentação na configuração dos vãos; frisos e barrados no soco do edifício. Construção com recuo frontal ajardinado e entrada lateral

Principais Alterações Cobertura: entelhamento recente com telha paulista, calhas e condutores Vedação: fechamento frontal com grade Vãos, Esquadrias Externas: pintura recente Revestimentos Externos: pintura recente Outras características: supressão do jardim

Localização e Contatos Endereço: Rua do Rosário, 173

CEP: 13.201-014

História Fundada em 1914, a Escola Paroquial Francisco Telles foi um verdadeiro marco na educação da nossa cidade. Com sede na Rua do Rosário, 189, a


escola nasceu da iniciativa particular de Dona Anna de Queiroz Telles, filha do Barão de Jundiaí, Tenente-Coronel Francisco Antonio de Queiroz Telles, com Dona Gertrudes Angélica Pereira de Queiroz Telles. Antiga casa da família, é um exemplar de residência do final do século XIX. Foi a primeira escola do gênero em Jundiaí, oficializada cinco anos depois de sua fundação, em 24 de junho de 1919. A escola foi criada por meio de doações. Criada numa época em que os registros não tinham muita importância, sua história é baseada em cartas e escritos de então. A escola enfrentou vários problemas. A edificação teve que ser modificada várias vezes, contando apenas com as contribuições da Câmara da Assistência Social e a ajuda da população. Em 26 de junho de 1927, a escola foi doada à Cúria Metropolitana, ficando sob a administração das religiosas. Localizado próximo à catedral, no centro da cidade, o casarão foi erguido na década de 50. A edificação possui salas de aula, banheiros, refeitório para merenda, salão de festa, sala de professores, secretaria, diretoria, sala para audiovisual, capela, arquivo morto e um terreno isolado destinado ao jardim para recreio das crianças. No ano de 1994, a escola contava com 650 alunos, que cursavam desde a pré-escola até a 8ª série. Hoje o curso se mantém, mas a escola foi transferida para os fundos do terreno, em um outro prédio, conservando a edificação intacta, utilizada em ocasiões especiais.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


6. Gabinete de Leitura Ruy Barbosa Imóvel isolado / Grau de Proteção: 1

Descrição Propriedade: Instituição Associativa Privada Uso Atual: Biblioteca Uso Original: Gabinete de Leitura de Jundiahy, até 1923 Período da Construção: 1922 Nº. de Pavimentos: 2 pavimentos e porão alto

Técnica Construtiva Estrutura: auto-portante de tijolos de barro maciços / vigamento de ferro ou concreto Cobertura: telhas cerâmicas do tipo francesa, 4 águas, encerradas por platibanda Vedação: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias Externas: de madeira e vidro, 2 folhas de abir e bandeira superior Revestimentos Externos: argamassa e pintura, cimalhas na platibanda e transição dos pavimentos, molduras nas vergas dos vãos Revestimentos Internos: argamassa e pintura Outras características: balcão no canto chanfrado da esquina. Amplo salão no térreo

Principais Alterações Vãos, Esquadrias Externas: substituição de caixilharia das janelas por guilhotinas; 2 janelas foram substituídas por uma porta com janelas laterais Revestimentos Externos: adaptação às alterações dos vãos, imitando os ornamentos originais, pintura cinza e azul

Localização e Contatos Endereço: Rua Cândido Rodrigues, 301 Telefone: (11) 4521.6204 Site: www.gabinete.org.br

CEP: 13.201-066


História A ideia da criação de um centro literário na cidade foi iniciativa de um grupo de ferroviários da Companhia Paulista, em 1907. No ano seguinte, em 1908, era inaugurado o Gabinete de Leitura Ruy Barbosa, uma entidade civil, sem fins lucrativos, até hoje mantida por seus associados. O acervo foi adquirido mediante doações de verbas e de livros por particulares. Antes de estar no local que hoje conhecemos, o Gabinete ocupou uma casa na rua Barão de Jundiaí, depois um local onde hoje se encontra o edifício Rosário e, posteriormente, o antigo prédio do Teatro São Luiz, também na rua Barão. Em 1922, foi lançada a pedra fundamental do atual prédio do Gabinete, inaugurado em 1924. A preservação do Gabinete de Leitura não se restringe apenas ao espaço físico que ele ocupa. Seu acervo e, principalmente, a iniciativa inédita na cidade que ele representa também merecem ser preservados. O centro literário forma um conjunto arquitetônico com a praça Ruy Barbosa, localizada à frente da edificação.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


7. Museu da Energia Conjunto Arquitetônico / Grau de Proteção: 1

Descrição Propriedade: Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo Uso Atual: Museu Uso Original: Subestação transformadora de energia Período da Construção: no início do século 20 Nº. de Pavimentos: Edifício junto à rua, com 1 pavimento.

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciços Cobertura: telhas cerâmicas do tipo francesa sobre estrutura de madeira encerradas por platibandas; tesouras de madeira expostas sob o forro Vedação: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias Externas: caixilhos de ferro e vidro Revestimentos Externos: argamassa formando frisos, molduras nos peitoris e vergas dos vãos, e pintura Revestimentos Internos: argamassa e pintura Outras características: implantação em terreno em declive para os fundos

Principais Alterações Estrutura: introdução de estrutura metálica com cobertura de policarbonato no pátio de ligação entre os 2 blocos da edificação Cobertura: telha de fibrocimento Vedação: construção de anexo para guarda-volumes, recepção, depósitos, loja, sanitários e bilheteria Vão, Esquadrias Externas: portas de acesso, de correr, de ferro e vidro, dentro da tipologia das esquadrias originais; tela tipo arquitetônica de proteção junto à fachada; portão de acesso de ferro Revestimentos Externos: pintura; pisos cimentados

Localização e Contatos Endereço: Rua Barão de Jundiaí, 202

CEP: 13.201-010

Horário de Funcionamento: 3ª a 6ª: 10h às 17h Telefone: (11) 4521.4997 e 4586.8993 Site: www.energiaesaneamento.org.br


História O prédio que hoje abriga o Museu da Energia – Núcleo Jundiaí, pertencente à Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo, foi construído no início do século XX. A compra do terreno foi efetuada em 1905, ano em que também ocorreu a inauguração do sistema de iluminação pública em Jundiaí. Durante anos, ele abrigou a primeira estação transformadora da Empresa Luz e Força de Jundiaí, propriedade de Eloy Chaves. Em 1927, a empresa, juntamente com o prédio, foram incorporados pela São Paulo Tramway, Light and Power Company que, em 1981, foi incorporada pela Eletropaulo. Em 1998, o prédio passou a pertencer à Bandeirante Energia S.A., que o cedeu para a Fundação. O Museu da Energia – Núcleo Jundiaí foi inaugurado em março de 2001. A edificação tem características e tipologia das construções fabris do século XX.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


8. Teatro Polytheama Imóvel isolado / Grau de Proteção: 1

Descrição Propriedade: Prefeitura Municipal de Jundiaí Uso Atual: Teatro Uso Original: Cine teatro Período da Construção: 1911 Nº. de Pavimentos: 3 pavimentos junto à fachada

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciços Cobertura: encerrada por platibanda. Cobertura sobre passeio: de ferro (mãos francesas), fechamento perimetral de chapas de ferro e coberta de vidro Vedação: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias: pavimento inferior com portas de madeira e vidro, bandeira superiores fixas de madeira e vidro; vãos relativos ao 1º e 2º pavimentos, de ferro e vidro com folhas de abrir Revestimentos Externos: argamassa raspada, formando soco com friso, falsas colunas e arcos, bossagem à meia altura, platibanda com frontões circulares (principais e secundários), frisos superiores e molduras nos vãos Revestimentos Internos: argamassa e pintura

Principais Alterações Estrutura: introdução de estrutura de concreto armado na reforma feita em 1927 Cobertura: lajes de concreto nas intervenções de volume do edifício Vedação: introdução de paredes de concreto Vãos, Esquadrias Externas: portas novas, de madeiras e vidro com vão recuado; abertura de bilheteria lateral com guichê de madeira e vidro Revestimentos Externos: pintura branca e pisos de acessos Outras características: corpo original do edifício em contraste favorável aos volumes posteriores de concreto armado

Localização e Contatos Endereço: Rua Barão de Jundiaí, 176

CEP: 13.201-010

Horário de Funcionamento: 2ª a 6ª: 08h às 18h / sáb: 08h às 13h Telefone: (11) 4586.2472 E-mail: culturapmj@jundiai.sp.gov.br


História Foi naquela década que a Prefeitura Municipal comprou o prédio. Estudos foram realizados, mas apenas 12 anos depois a arquiteta Lina Bo Bardi fez o primeiro projeto para restauração e reforma da edificação. A obra só foi iniciada em 1995, com a reforma da imponente fachada e a total remodelação do interior. Após a morte de Lina, a obra foi terminada pelo escritório Brasil Arquitetura SC Ltda, composto pelos arquitetos Marcelo Carvalho Ferraz, Marcelo Suzuki e Francisco Fanucci como colaborador. Em 1995, a obra chega ao fim e o teatro equipado com uma excelente acústica para exibição dos mais variados espetáculos, e totalmente estruturado para proporcionar aos espectadores maior conforto. Atualmente, sua capacidade é para 1216 lugares assim distribuídos: 566 na plateia, 96 em poltronas, 116 em camarotes, 116 nas frisas, 16 nas barcaccias e 306 na arquibancada. O palco, do tipo italiano, mede 13,25m de profundidade por 25m de comprimento, estando a 1,10m mais alto que a plateia. Possui piso em tacão de pau marfim e forro em concreto aparente. O projeto da arquiteta Lina propõe a construção de um anexo ao teatro no terreno ao lado, local que hoje abrigada o Museu da Energia, onde funcionariam oficinas teatrais, salas de aula e, no fundo um restaurante, com vista para a cidade, por onde o acesso se daria por tubos coloridos. Esse anexo não foi construído.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


9. Grupo Escolar Siqueira de Moraes Imóvel isolado / Tombado pelo CONDEPHAAT

Descrição Propriedade: Prefeitura Municipal de Jundiaí Uso Atual: Pinacoteca – Centro Jundiaiense de Cultura Uso Original: Grupo Escolar Siqueira de Moraes Período da Construção: 1896 Nº. de Pavimentos: 2 pavimentos e porão alto

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciço Cobertua: telhas cerâmicas do tipo francesa, beiral forrado de madeira e apoiado em mãos francesas, caibros e cachorros de madeira com ornamentação Vedação: alvenaria de tijolos maciços Vãos, Esquadrias Externas: atualmente, de ferro e vidro, em vãos de arco pleno no térreo e abatido no superior Revestimentos Externos: argamassa e pintura com bossagens; cimalhas na altura do pavimento superior e molduras nos vãos Outras características: portas internas com 2 folhas de madeira almofadada e bandeira superior de vidro; vestíbulo com ladrilho hidráulico; demais ambientes de tabuado de madeira; escadaria e guarda-corpo de madeira de acesso ao pavimento superior; muro nas laterais e gradil com portão de ferro na fachada frontal; jardins laterais.

Principais Alterações Vãos, Esquadrias Externas: substituição das esquadrias de madeira das fachadas por janelas basculantes; tímpanos dos arcos das portas e janelas das fachadas encerrados por alvenaria, porta de acesso substituída Revestimentos Externos: cimentado na área externa, degraus de acesso de granito com pintura.

Localização e Contatos Endereço: Rua Barão de Jundiaí, 109

CEP: 13.207-060

Horário de Funcionamento: 3ª a 6ª: 10h às 17h / sáb: 09h às 13h Telefone: (11) 4586.2326


História Tombado pelo CONDEPHAAT em 2002, foi o primeiro prédio escolar do interior do estado de São Paulo. A inauguração do “Siqueira de Moraes” ocorreu em 1896, e já abrigou também a Biblioteca Municipal. Seu projeto arquitetônico mostra a separação dos espaços femininos e masculinos, obrigatória pelo regimento escolar que vigorava no estado de São Paulo, e tem sido creditado ao arquiteto Ramos de Azevedo em virtude das semelhanças que se encontram em outras escolas por ele projetadas. O edifício apresenta volumetria e estilo art-noveau, com tratamento da argamassa com frisos, barrados nas janelas e colunas, típico da arquitetura eclética. Recuperado, foi reinaugurado em 1998, como sede da Biblioteca Municipal Prof. Nelson Foot.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


10. Ponte Torta Imóvel isolado / Grau de Proteção: 1

Descrição Propriedade: Prefeitura Municipal de Jundiaí Uso Atual: Sem uso Uso Original: Ponte de passagem de bondes da Companhia Ferro Carril Jundiaiana Período da Construção: final do século XIX

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria de tijolos de barro maciços, desenvolvimento de arco central único em tijolos, embasamento de pedra Guarda-corpo: ferro e cabo de aço atirantado Revestimentos: argamassa Revestimentos Internos: argamassa e pintura

Principais Alterações Estrutura: reforço na estrutura por meio de bloco de concreto Guarda-corpo: proteção metálica parcial Revestimentos: perda de argamassa de revestimento Outras características: perda de sistema originais de trilhos; escadaria de acesso à passagem sobre o arco único com piso cimentado; enviesada em relação ao leito do rio Guapeva; desambientada em relação ao entorno.

Localização e Contatos Endereço: Avenida Dr. Odil Campos Sales, s/n CEP: 13.202-475


História A ponte em arco sobre o Rio Guapeva, popularmente conhecida como Ponte Torta, guarda um pouco da história das origens do transporte coletivo em Jundiaí. Entre finais do século XIX e início do XX, bondes movidos por tração animal passavam por ali, transportando pessoas entre o centro da cidade e a estação ferroviária, no bairro da Vila Arens. No passado, as enchentes do Guapeva castigavam muito aquela região, com alagamentos constantes. Para conter as enchentes foram feitas uma série de obras na região e a margem esquerda do rio foi alargada. As obras e a retirada da terra, embora necessárias, comprometeram a estabilidade da ponte. Para evitar que ela caísse, foi construído um bloco de concreto em sua fundação. A preservação deste patrimônio tão antigo - conhecida como a antiga “Ponte dos Bondes” na década de 1920 - está a pedir, com urgência, um projeto de remodelação da área, capaz de estabelecer uma maior harmonia e beleza para o seu entorno.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


11. Argos Industrial Conjunto Arquitetônico / Grau de Proteção: 1

Descrição Propriedade: Prefeitura Municipal de Jundiaí Uso Atual: Complexo Argos – Secretaria da Educação Uso Original: Indústria Período da Construção: Década de 10 Nº. de Pavimentos: único

Técnica Construtiva Estrutura: alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciços Cobertura: telhas francesas sobre estrutura de madeira Vedação Externa: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias Externas: ferro e vidro Revestimentos Externos: tijolos aparentes

Principais Alterações Revestimentos Externos: argamassa pintada

Localização e Contatos Endereço: Avenida Dr. Cavalcanti, 396

CEP:

Horário de Funcionamento: 2ª a 6ª feira: 08h às 19h Telefone: (11) 4587.3518 e 4526.6230 E-mail: smepmj@jundiai.sp.gov.br

História Localizada na Avenida Dr. Cavalcanti, a Argos Industrial foi fundada no dia 27 de fevereiro de 1913, sob a denominação de Sociedade Industrial Jundiaiense. No mesmo ano, o nome foi alterado para Sociedade Argos Industrial. Entre 1917 e 1927, foram realizadas novas alterações na razão social: 1917 – Manufatura Italiana de Tecidos S.A.; 1919 – Trevisoli Borin & Cia Ltda.; 1925 – Manufatura Italiana de Tecidos S.A.; 1927 – Argos Industrial S.A., denominação que permaneceu até 1984.


Durante muitos anos a tecelagem foi carro-chefe da produção, e mesmo com a modernização da confecção não deixou de se mostrar inovadora. A Argos produziu gabardines (tipo de tecido) de primeira linha e o famoso verde-oliva para vestir o Exército. Administrada por Estevão Kiss durante 17 anos, a Argos cresceu em direção ao futuro; além de usar produções próprias de algodão, a empresa ainda comprava das cidades vizinhas. A plantação de eucalipto, no antigo brejo ao lado da fábrica, tinha como objetivo secar o solo e, na idade adulta, alimentar as caldeiras. Contando com vendedores em todo Brasil, a Argos conquistou o mercado têxtil ano após ano. O maior destaque da empresa era o avanço em termos de benefícios sociais para seus funcionários. Além da associação de empregados, a empresa mantinha cooperativa, loja, grupo escolar, escola de fiação e tecelagem, curso pré-vocacional para os filhos dos funcionários, refeitório, cinema, parque infantil, capela e uma pequena biblioteca. No início da década de 80, a empresa foi decaindo em função das crises internas e má administração. Com a falência, a Argos fechou as portas e demitiu os funcionários, pondo fim num império industrial que marcou seus anos de glória. No entanto, em 1989 a Administração Municipal, ainda na gestão do prefeito Valmor Barbosa Martins, comprou o prédio com verba destinada à educação. Nesse mesmo período, foi decretado o tombamento provisório do imóvel pelo Condephaat.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


12. Estação Ferroviária Conjunto Arquitetônico / Grau de Proteção: 1

Descrição Propriedade: CPTU – Companhia Paulista de Transportes Urbanos Uso Atual: Estação Ferroviária (CPTM – linha 07 Rubi) Uso Original: Estação Ferroviária da São Paulo Railway Período da Construção: 1895 a 1902 Nº. de Pavimentos: térreo e área parcial assobradada

Técnica Construtiva Estrutura: mista, colunas de ferro fundido nas cobertas das plataformas e passagens elevadas; alvenaria auto-portante de tijolos de barro maciços nas áreas fechadas Cobertura: telhas metálicas e de cerâmica do tipo francesa, sobre estrutura mista de ferro e madeira Vedação Externa: tijolos de barro maciços Vãos, Esquadrias Externas: portas cegas de madeira pinho-de-riga e caixilhos de pinho-de-riga e vidro; venezianas de pinho-de-riga Revestimentos Externos: tijolos aparentes; socos de granito

Principais Alterações Cobertura: em alguns galpões entelhamento de telha de fibrocimento Vedação: mudanças diversificadas em alguns galpões

Localização e Contatos Endereço: Avenida União dos Ferroviários, 4005

CEP:

Horário de Funcionamento: 2ª a domingo: 04h às 23h30 Telefone: (11) 4816.5293 Site: www.cptm.sp.gov.br Twitter: @Linha7Rubi

História A estrada de ferro da São Paulo Railway Company, que liga Santos a Jundiaí, foi a primeira do Estado. Construída entre 1862 e 1867, tinha como um de seus maiores acionistas o Barão de Mauá. Com a ferrovia, teve início


uma nova fase do processo de urbanização. A cidade cresceu e se desenvolveu como centro de produção e distribuição, alavancada por sua posição estratégia. Conheceu vários ciclos econômicos após a expansão cafeeira, até sua consolidação como diversificado parque industrial e importante centro redistribuidor. Qualquer mercadoria passava pela estação; tudo chegava de trem, desde jornais, revistas, até o primeiro avião e o primeiro automóvel da cidade (trazido em um vagão de carga adaptado, de modo a assegurar que o veículo chegasse em segurança). A primeira estação foi inaugurada em 17 de fevereiro de 1867. Mais tarde, entre 1895 e 1902, a estação original foi substituída por uma grande e bela edificação, construída no estilo vitoriano do final do século, com ornamentos em ferro fundido que representam a chamada “arquitetura ferroviária”. Muitas peças que compõem sua estrutura foram trazidas da Europa e levadas de trem até o local de implantação da estação. O complexo possui duas edificações – uma em cada plataforma – sendo a principal a de maior interesse. Possuía amplas acomodações tanto para os passageiros e bagagens, como para o chefe da estação e sua família. Amplamente decorada, possuía também uma cobertura em ferro fundido que avançava sobre as linhas, protegendo não somente os passageiros como também a composição. A estação Jundiaí Paulista foi o marco zero da expansão da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e Vias Fluviais para o interior do estado. Dentro do edifício, ainda existem alguns móveis da época e uma placa no final da plataforma que indica a altitude da cidade: 706 metros.

Foto: Autora, julho 2014

Fonte: IPPAC - Prefeitura do Município de Jundiaí


Este trabalho foi composto com as famílias tipográficas: France [citações]; Gill Sans [análise cromática] - projetada por Eric Gill, em 1928. Foi descrita como a Helvetica britânica; Neutraface [títulos e subtítulos] - projetada por Christian Schwarts, em 2002, com base na sinalização criada pelo arquiteto Richard Neutra nos anos 1940 e 1950; e

Trebuchet MS [texto, legendas e rodapé] - 12/18. Miolo em papel couché fosco 115g/m2. Impresso em Campinas - setembro de 2014.


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