Rio de Janeiro, 2014 1ª edição
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Copyright c 2014 by Rica Perrone
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Direitos da edição da obra em língua portuguesa adquiridos por ACCESS Editora.
Projeto gráfico e diagramação: Antonio Bertoldo Capa: Origem Comunicação - ESPM Foto: Dirceu Jrs Revisão: Estante do Autor
2 Rua Pinheiro Guimarães, 87 - Botafogo - RJ CEP 22281-080 - Tel.: (21) 2535-1724 e-mail: info@estantedoautor.com.br
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Agradecimentos
Dedico este livro à minha esposa, Laura, que por 30 dias foi trocada por Drogba, Neymar e cia fingindo que estava entendendo tudo isso numa boa.
Ao meu cachorro, Schummy, que é a paixão da minha vida. Ao Dirceu, que não é a paixão da minha vida, mas, dividiu bons momentos comigo nessa Copa. Ao meu pai, que me fez gostar de futebol. À minha mãe, que não me deixou desistir dele. E à minha tia, que vai achar o livro do caralho mesmo que esteja uma merda. Ao Julio Cesar pelos pênaltis contra o Chile. E especialmente aos deuses do futebol, que evitaram uma tragédia no Maracanã, transformando um final melancólico em, no mínimo, divertido.
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Introdução
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Afinal, que porra é essa? Vou resumir. Eu juntei algumas crônicas de jogo que foram para o blog durante a Copa e junto delas escrevi outras diversas só para o livro. Coisa curta, pois falo de apenas 30 dias. São bastidores, ideias, um pouco do que senti estando tão envolvido nessa Copa e uma vontade incontrolável de querer contar para o mundo como foram os melhores 30 dias da minha vida. Se você comprou, é porque gosta de futebol. E, se gosta, sabe do que estou falando. Da alegria de estar na Copa ao pior dia de uma vida no Mineirão, terminando na deliciosa derrota da Argentina no Maracanã. Tem de tudo! Divirta-se!
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#TôDentro
Segunda-feira, 9 de junho de 2014 - 17h31 - Senhor Ricardo Perrone! Sou eu. Caminho até o voluntário e ele me entrega a credencial seguido de um “Bem-vindo à Copa do Mundo”. Mais do que uma credencial. Era o meu único e maior prêmio em 17 anos de carreira. Talvez um dos raros profissionais, senão o único, independente a ser credenciado pela Fifa.
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E como quem carrega um troféu, saí do Maracanã com semblante de inevitável felicidade. Até o carro foram 300 metros. Neste intervalo mandei 10 mensagens com a foto da credencial para algumas pessoas que mereciam saber dela. Levei comigo aonde fui naquela noite. Não por ostentação, ao contrário, por medo de alguém roubar o carro com ela dentro. Foda-se o carro. Eu nunca recebi sequer indicação a prêmio algum do jornalismo, até por não fazer parte da panela que os elege. Mas nunca me importei com isso, nem fazia questão de levar algo comigo que representasse uma conquista. Até esse dia. Pela primeira vez eu quis cuidar de um documento de trabalho. Joguei todos fora, desde o crachá da Band em 1997 até a última carteirinha da ACEESP que fiz. Tenho apego material quase zero a esse tipo de coisa. Mas aquela, por diversos motivos, havia se tornado o objeto mais importante que já tive na vida. E do carro, no trânsito ainda em volta do Maracanã, liguei para o meu pai, que mesmo apaixonado por futebol e um puta sujeito, não faz muita ideia de como é o meu meio de trabalho. - Pai! Peguei a credencial! - Ah que bom filho! Você vem que dia? - Quinta... - Legal. Me liga pra combinarmos.
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Meio murcho, né? Mas acho que percebi ali que ninguém poderia entender o que significava para mim. Só eu mesmo. Por isso, nem sequer dividi via rede social, como fizeram os demais colegas. Seria só “mais uma credencial”. E ela não merecia ser tratada dessa forma.
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#TáTendoCopa
Na volta da rádio, segunda-feira, onde faço um programa no Rio de Janeiro, resolvi voltar da Glória à Barra da Tijuca pela orla. Ao virar em Copacabana tive a primeira noção do que era uma Copa do Mundo em nosso país. Mexicanos, holandeses, franceses, italianos, gente de todo lugar sorrindo, andando para lá e para cá entre nós, buscando uma camiseta, um souvenir qualquer. Encantados com a praia, o calor no inverno e, claro, as nossas belas mulheres. Mais do que isso. A cidade transformada mesmo que com muita maquiagem, mas claramente mais cuidada e monitorada. Polícia a cada esquina, uma sensação de segurança que raramente temos, mas que precisamos passar aos nossos convidados. E não, isso não me revolta. É parte do problema essa mania de vivermos com a sala arrumada para visita ver e o quarto caindo aos pedaços. Mas somos “mulher de malandro”. Apanhamos, gostamos, continuamos. Só quando tem vizinho perto é que gritamos alto para passar por vítima. Mas, na real, apanhamos porque escolhemos. A ideia estúpida de que “nada pode estar errado” para os gringos cai por terra no primeiro sorriso de um deles. Enquanto eles olham para o mar, nós olhamos para o buraco na calçada, para o bueiro não tão firme ou para o cara que o atende mal em meio a outros 300 que atendem superbem nas areias cariocas. Buscamos o problema. Quem vem de fora, não. Por isso talvez nós tenhamos sempre a ideia de que somos o pior país do mundo. Mas estamos tão longe disso quanto de sermos o paraíso que alguns gringos imaginam. O que importa, neste caso, é que eles vieram conhecer o Brasil, não a Inglaterra. E, se é Brasil que querem, é Brasil que devemos lhes dar.
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Com seus defeitos e qualidades. Sem vergonha de sermos o que somos, insatisfeitos com muita coisa, orgulhosos de outras; mas, como qualquer povo, cheio de características únicas que merecem ser expostas a quem quiser ver e de fato nos conhecer. Nada melhor que Copacabana, onde gays, negros, brancos, indianos, executivos, ladrões, freiras e motoboys se confundem. Não há perfil para Copacabana. Encantado, deixo a orla no Leblon rumo à distante Barra da Tijuca. E, no caminho, uma bandeira da Argentina me faz sorrir. Porque se há uma bandeira argentina exposta no Brasil é indiscutível: tá tendo Copa!
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#VaiterDiaDosNamorados
O site da Fifa para imprensa o determina credenciado ou não. Em seguida, você diz os jogos que quer cobrir e ela diz se você tem ou não o privilégio de usar a Tribuna de Imprensa, que é de frente para o campo. Os demais assistem ao jogo pela TV dentro da sala de imprensa. Logo cedo, na terça, entrei para ver como andavam meus pedidos e lá estava: “Aprovado!” Na abertura da Copa eu teria um lugar para me sentar e assistir ao jogo. Minutos depois meu telefone toca e é Dirceu, um amigo até que recente, mas já de considerável confiança. Ele me diz que tem um ingresso para abertura, e me passaria pelo mesmo valor pago sem acréscimos se eu quisesse levar alguém. Faltando algumas horas para o Dia dos Namorados, achei justo. E comuniquei à minha senhora que ela iria ver a abertura. Não comigo, mas no estádio. O que já transformou nossas próximas 48 horas numa torturante disputa com o relógio, que, teimoso, não conseguia fazer uma hora em menos de 60 minutos. Corro para ver passagens e são todas elas impagáveis na medida em que tenho que estar no Rio de volta na sexta para uma reunião. Vamos de ônibus, então. Entre as madrugadas do #NaoVaiTerCopa e do #TáTendoCopa, na classe executiva do expresso que passa pela Dutra nos levando do sonho à realidade. Ou o contrário, depende.
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Dia 1 Brasil 3 x 1 Croácia
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#Apostas
Vou fugir não! Este capítulo está sendo feito antes de a bola rolar. Estou ansioso, uma sensação sem igual de poder participar da Copa de alguma forma. Mas vamos às apostas. Sim, eu posso mudar e fingir que acertei tudo antes de o livro ser lançado. Mas confia em mim. Vai dar tudo certo. Grupo A - Passa Brasil em primeiro, México em segundo. Grupo B - Passa Holanda e Chile, nessa ordem. Grupo C - Costa do Marfim e Colômbia, nessa ordem. Grupo D - Itália e Uruguai, na ordem. Grupo E - França e Suíça, na ordem. Grupo F - Argentina e Nigéria, na ordem. Grupo G - Alemanha e EUA, na ordem.
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Grupo H - Bélgica e Rússia, na ordem. Aguardemos.
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#AtéBreve!
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